Buscar

direito_tributário_matriz_ai_nova

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Atividade individual
	
	Matriz de análise
	Disciplina: Direito Tributário
	Módulo: 
	Aluno: carol
	Turma: 
	Tarefa: O Estado de Minas Gerais institui, como causa de extinção do crédito tributário relativo ao ICMS, a dação em pagamento de quentinhas, que serão utilizadas nas escolas públicas para preparação da merenda escolar.
Nesta atividade, você deverá analisar a possibilidade de extinção do crédito tributário por meio da dação em pagamento de bens móveis, considerando o disposto no CTN, frente à jurisprudência moderna do STF.
	Introdução
	Esta atividade tem como cerne principal explorar a possibilidade da aplicação do instituto da dação em pagamento de bem móvel na extinção do crédito tributário.
A aplicação do instituto da dação em pagamento como modalidade de extinção do crédito tributário sempre foi objeto de intenso debate na doutrina e na jurisprudência, suscitando diferentes pontos de vista. O esclarecimento dessa possibilidade ocorreu por meio da alteração do artigo 156 do Código Tributário Nacional (CTN) pela Lei Complementar 104/2001, que incluiu a Dação emPpagamento de Bens Imóveis como forma de quitação dívidas tributárias. No entanto, persistem divergências nas instâncias judiciais brasileiras no que se refere à utilização da dação em pagamento de bens móveis.
Considerando a falta de uma legislação clara e que permite a dação em pagamento de bens móveis como forma de quitar obrigações tributárias, o objetivo deste trabalho é analisar e apresentar, por meio de revisão da jurisprudência moderna, se há viabilidade de instituir a dação em pagamento de bens móveis por meio de uma lei específica em âmbito estadual, desde que em conformidade com os princípios e parâmetros tributários. 
	Desenvolvimento
	1) CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O tributo é fonte de receita derivada do Estado e tem o seu conceito previsto no art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN): “É toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Crédito Tributário é a prestação em moeda ou outro valor que nela se possa exprimir, que o sujeito ativo da obrigação tributária (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) tem o direito de exigir do sujeito passivo direto ou indireto (contribuinte, responsável ou terceiro). 
Assim, de acordo com o art. 142, CTN[endnoteRef:1], o crédito tributário nasce com o lançamento tributário e assim transcreve[footnoteRef:1][footnoteRef:2]: [1: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm] [1: ] [2: ] 
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
A obrigação tributária não é líquida. Para a sua liquidação, deve ser praticado o lançamento, que é o procedimento administrativo obrigatório, privativo da autoridade fiscal, cujo objetivo é a constituição do crédito tributário.
Segundo ensinamentos de Sabbag (2011, p. 757):
“o lançamento é o instrumento que confere exigibilidade à obrigação tributária, quantificando-a (aferição do quantum debeatur) e qualificando-a (identificação do na debeatur). Em outras palavras, esta, sendo ilíquida e inexigível, carece dos atributos de certeza e liquidez, que se dão pela autuação do Fisco, por meio do lançamento. Com a formalização deste, não há que se falar em ‘obrigação tributária’, mas em crédito tributário.”
Dessa maneira, observe-se que somente quando a existência e o valor do crédito tributário foram alcançados e determinados, por meio do lançamento, é que a Fazenda Pública tem o direito de exigir do contribuinte o pagamento desse montante. O lançamento tributário é o ato administrativo que formaliza a constituição do crédito tributário, conferindo-lhe a devida segurança jurídica, enão o fato gerador e só a partir desse momento, a Fazenda Pública está autorizada a requerer o contribuinte o cumprimento de sua obrigação tributária, visando à arrecadação dos recursos necessários para o financiamento das atividades estatais.
Importante ressaltar que lançamento é um procedimento administrativo vinculado que declara a obrigação tributária e constitui o crédito tributário, sendo dividida em três espécies, quais sejam: a) direito, de ofício ou ex officio (artigo 149, I, do CTN)[footnoteRef:3]; b) misto ou por declaração (artigo 147 do CTN)[footnoteRef:4]; e, c) por homologação ou autolançamento (artigo 150 do CTN)[footnoteRef:5]. [3:   Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine;] [4: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.] [5: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.] 
Por fim, conforme artigo 142 do CTN[footnoteRef:6], através do lançamento é possível verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, ou seja, o débito a pagar, identificar o sujeito passivo e propor a aplicação da penalidade cabível, quando for o caso. [6: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.] 
2) DAÇÃO EM PAGAMENTO NO CÓDIGO CIVIL 
A dação em pagamento foi disciplinada nos artigos 356 a 359[footnoteRef:7] do Código Civil[endnoteRef:2] e pode ser definida como o pagamento diferente do que foi combinado no momento em que o contrato foi celebrado. Essa prestação diversa é feita somente com a vontade das partes e tem como efeito o término da obrigação. [7: Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
] [2: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm] 
Cabe ressaltar que, para que ocorra a dação em pagamento, é necessária a manifestação de consentimento expressa do credor, o que faz de tal instituto um negócio jurídico bilateral (TARTUCE, 2012).
Nesse sentido é a jurisprudência do E. Superor Tribunal de Justiça:
DAÇÃO EM PAGAMENTO - ORIGEM - RECEBIMENTO DE COISA DISTINTA DA ANTERIORMENTE AVENÇADA - ACORDO ENTRE CREDOR E DEVEDOR - REQUISITOS - EXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO PRÉVIA - ACORDO POSTERIOR COM ANUÊNCIA DO CREDOR - ENTREGA EFETIVA DE COISA DIVERSA - EXIGÊNCIA DE ANUÊNCIA EXPRESSA DO CREDOR - SEGURANÇA JURÍDICA - AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO, NA ESPÉCIE - INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ (Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 2027935 DF 2022/0291753-8, Relator Ministro MARCO BUZZI, Publicação DJ 29/11/2022)
Ademais, segue na mesma linha o entendimentodo E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região:
TRIBUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DAÇÃO EM PAGAMENTO. IMÓVEL. ART. 156, XI, DO CTN. LEI Nº 13.259, DE 2016. ACEITAÇÃO DISCRICIONÁRIA DA FAZENDA PÚBLICA. 1. A dação em pagamento necessita da anuência do credor, ainda que sejam atendidas as condições estabelecidas no artigo 4º da Lei nº 13.259/16. 2. A aceitação ou não da dação em pagamento insere-se, pois, no âmbito de discricionariedade da administração, conforme a oportunidade e conveniência, não cabendo ao Poder Judiciário adentrar no exame da questão. (TRF-4 - AC: 50097370420174047208 SC 5009737-04.2017.4.04.7208, Relator: ALEXANDRE ROSSATO DA SILVA ÁVILA, Data de Julgamento: 10/02/2021, SEGUNDA TURMA)
Existem algumas modalidades de substituição, não necessariamente precisamos mencionar o dinheiro, ou seja, pode haver substituição de dinheiro por bem móvel ou imóvel, de dinheiro por título de crédito, prestação de serviço, entre outras, desde que seu conteúdo seja lícito, possível, determinado ou determinável. Ainda, pode ter como conteúdo fatos e abstenções (GONÇALVES, 2011; TARTUCE, 2012).
Segundo leciona Tartuce (2012, p. 366):
“No caso de haver a entrega de uma coisa por outra coisa (datio rem pro re), haverá similaridade entre a dação e a troca ou permuta. Mas como o contrato em questão é regulamentado apenas por um dispositivo do Código Civil, na maioria das vezes serão aplicadas as próprias regras da datio in solutum previstas na codificação e que estão sendo no momento estudadas.”
Assim, podemos observar que, embora exista uma semelhança entre a dação em pagamento e a troca ou permuta, onde ocorre a entrega de uma coisa por outra, as normas do Código Civil são geralmente aplicadas no que diz respeito à dação em pagamento.
Em linha com o artigo 357 do Código Civil, podemos observar que quando o pagamento em dinheiro é pactuado, serão aplicadas as disposições legais relativas ao contrato de compra e venda. Nesse caso, as partes assumem os papéis de vendedor (devedor) e comprador (credor), estabelecendo uma relação contratual na qual ocorre a transferência de propriedade mediante o pagamento em dinheiro.
Além disso, de acordo com o artigo 358 do Código Civil, no caso de a coisa oferecida em pagamento ser um título de crédito, sua transferência implica em cessão. No entanto, é importante ressaltar que os institutos da dação em pagamento e da cessão de crédito não devem ser confundidos. Na cessão de crédito, ocorre a transferência da obrigação em si, enquanto na dação em pagamento, há o pagamento indireto por meio da substituição da prestação prestada. Essas distinções são fundamentais para compreender a natureza e os efeitos de cada uma das modalidades, conforme apontado por Tartuce (2012).
Da mesma maneira, é importante ressaltar que a dação em pagamento não deve ser confundida com a novação. Na novação, ocorre apenas a substituição da obrigação original por uma nova obrigação, enquanto na dação em pagamento há o cumprimento da prestação devida.
Por fim, nos termos do artigo 359 do Código Civil, caso o credor seja evicto da coisa recebida, será restabelecida a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé.
3) DAÇÃO EM PAGAMENTO NO DIREITO TRIBUTÁRIO
O instituto da dação em pagamento foi incluído no Código Tributário Nacional como modalidade extintiva de crédito tributário através da Lei Complementar 104, de 10 de janeiro de 2001, sendo exclusivamente para bem imóveis.
Nesse sentido, passou a redação do artigo 156 do CTN a vigorar na seguinte forma:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
 I - o pagamento;
 II - a compensação;
 III - a transação;
 IV - remissão;
 V - a prescrição e a decadência;
 VI - a conversão de depósito em renda;
 VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
 VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
 IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
 X - a decisão judicial passada em julgado.
 XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) (Vide Lei nº 13.259, de 2016)
 Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149.
Observa-se que a última alternativa de extinção do crédito tributário elencada no inciso XI supracitado – a dação em pagamento – assegura expressamente sua ocorrência através de bens imóveis. O mencionado inciso foi incluído pela Lei Complementar n.º 104/2001 e sua análise pode ser integrada pela compreensão do artigo 4º, incisos I e II da Lei n.º 13.259/2016, os quais dispõem que:
 
“A dação seja precedida de avaliação do bem ou dos bens ofertados, que devem estar livres e desembaraçados de quaisquer ônus, nos termos de ato do Ministério da Fazenda; e a dação abranja a totalidade do crédito ou créditos que se pretende liquidar com atualização, juros, multa e encargos legais, sem desconto de qualquer natureza, assegurando-se ao devedor a possibilidade de complementação em dinheiro de eventual diferença entre os valores da totalidade da dívida e o valor do bem ou dos bens ofertados em dação”.
A dação em pagamento é considerada uma forma indireta de extinção do crédito tributário, uma vez que requer a existência de uma lei específica que estabeleça as formas e condições necessárias para que os débitos sejam quitados por meio da dação em pagamento de bens imóveis (SABBAG, 2011).
Por fim, cumpre ressaltar que a dação em pagamento encontra recosto no Direito Tributário como modalidade de extinção do crédito tributário no artigo 3º do Código Tributário Nacional, quando conceitua o tributo como sendo prestação pecuniária ou em cujo valor nela se possa exprimir.
4) A POSSIBILIDADE DE DAÇÃO EM PAGAMENTO DE BENS MÓVEIS COM O FIM DE EXTINGUIR CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Conforme exposto, a dação em pagamento como modalidade extintiva de crédito tributário prevista em codificação tributária, especificamente no artigo 156, inciso XI, do CTN, diz respeito apenas a entrega de bens imóveis, não se falando em bens móveis.
Diante da lacuna legal em relação à possibilidade de utilizar a dação em pagamento de bens móveis para liquidar dívidas tributárias, temos experimentado diferentes entendimentos jurisprudenciais sobre a viabilidade desse instituto. A ausência de um mandamento claro na legislação levou a uma variedade de entendimentos de comando a respeito da permissão ou restrição da aplicação da dação em pagamento nesse contexto específico.
Apesar de a norma do inciso XI do artigo 156 do CTN ser específica quanto à possibilidade de se efetuar apenas a dação de bens imóveis e os dispositivos abordados complementaram sua aplicação, o Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Estaduais já se manifestaram acerca da possibilidade de extinção do crédito tributário através da dação de bens móveis.
Explorando as decisões proferidas pelo STF e pelos tribunais estaduais em relação ao assunto em discussão, é possível observar que a questão foi examinada com cuidado e em algumas ocasiões foi autorizada a entrega de bens móveis para a quitação de débitos tributários. Tais casos serão brevemente mencionados abaixo.
Uma importante decisão foi proferida no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1917/DF, cujo Relator foi o Ministro Ricardo Lewandowski. A íntegra do acórdão foi publicada no Diário de Justiça em 24 de agosto de 2007. 
Explorando o acórdão, nota-se que inicialmente a Corte afiançou a impossibilidade da dação de bens móveis como meio de quitação de dívidas tributárias no Distrito Federal. Isso se deve ao congraçamento de que, caso a unidade da federação expedisselei autorizando a dação de bens móveis, tal ato desrespeitaria diretamente o princípio da licitação. A referida ação foi ementada da seguinte forma:
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA LICITAÇÃO (CF, ART. 37, XXI). I - Lei ordinária distrital – pagamento de débitos tributários por meio de dação em pagamento. II - Hipótese de criação de nova causa de extinção do crédito tributário. III – Ofensa ao princípio da licitação na aquisição de materiais pela administração pública. IV – Confirmação do julgamento cautelar em que se declarou a inconstitucionalidade da lei ordinária distrital 1.624/1997. (STF – ADI 1917 DF, Relator: Ministro Ricardo Lewandowski, Julgado em 26/04/2007)
Segundo o Ministro Relator no caso citado, ao analisar a Lei Distrital que abordava o pagamento de dívidas de microempresas, empresas de pequeno porte e médias empresas por meio da dação em pagamento de materiais destinados a programas do Governo do Distrito Federal, concluiu-se que tal lei apresentava uma nova forma de quitação de débito. Não obstante, entendeu-se que a norma violou o princípio da licitação de forma irreparável, uma vez que liberou da necessidade do processo licitatório notadamente exigido pelo artigo 37, inciso XXI[footnoteRef:8], da Constituição Federal, para a aquisição de materiais pela administração pública. [8: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. ] 
Alpem disso, no mesmo julgamento, os Ministros, além do relator, reiteraram que as causas de extinção do crédito tributário não estariam sujeitas à reserva de lei complementar, devendo sobrepujar a liberdade dos estados para o estabelecimento de diretrizes específicas para a baixa de seus tributos.
Sem embargos, em outra oportunidade, o STF dispor de maneira diferente no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 2405/RS, relatada pelo Ministro Alexandre de Moraes, cuja íntegra do acórdão foi veiculada no Diário de Justiça aos 02 de outubro de 2019.
Em síntese, definiu-se que cada unidade da federação deve determinar sobre as especificações de pagamento das dívidas tributárias em aberto em seu território, e por esse motivo, a dação de bens móveis não deve ser considerada inconstitucional.
À vista disso, referindo-se ao ilustre Luciano Amaro, o Relator mencionou que: “O rol do art. 156 não é exaustivo. Se a lei pode o mais (que vai até o perdão da dívida tributária) pode também o menos, que é regular outros modos de extinção do dever de pagar tributo. A dação em pagamento, por exemplo, não figurava naquele rol até ser acrescentada pela Lei Complementar n. 104/2001; como essa lei só se refere à dação de imóveis, a dação de outros bens continua não listada, mas nem por isso se deve considerar banida” (STF, ADI n. 2405/RS, Rel.: Min Alexandre de Moraes, j. 20.09.2019).
De acordo com o Min. Relator no julgado supratranscrito, “o rol de institutos causadores da extinção do crédito tributário não é taxativo, sendo que os Entes Federativos possuem total autonomia para estabelecer novas modalidades de extinção de dívida ativa, através de suas leis”.
Assim, conclui-se que é perfeitamente plausível a utilização do intituto da dação em pagamento de bens móveis desde que instituída por lei específica elaborada por unidade federativa no que diz respeito às hipóteses de bens que são acobertados pela dispensa ou inexigibilidade de licitação previstas na Lei n.º 8.666/93.
Nesse sentido é o entendimento do E. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios:
DIREITO TRIBUTÁRIO E CIVIL - AÇÃO DE DAÇÃO EM PAGAMENTO - APELAÇÃO - CRÉDITO TRIBUTÁRIO - EXTINÇÃO - DAÇÃO EM PAGAMENTO - BENS MÓVEIS - DEBÊNTURES DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE - INEXISTÊNCIA DE LEI ESPECÍFICA - RECUSA DA FAZENDA - LEGITIMIDADE - RECURSO DESPROVIDO. 1. A dação em pagamento de bens imóveis constitui modalidade de extinção dos créditos tributários (CTN, 156, XI). 2. A possibilidade de extinção da dívida fiscal mediante dação em pagamento de bens móveis pressupõe a existência de lei específica que a autorize. 3. Inexistente lei específica que autorize a extinção do crédito tributário mediante dação bens móveis, como o são as debêntures da Companhia Vale do Rio Doce, a Fazenda Pública não pode ser compelida a aceitá-las. 4. Em se tratando de execução fiscal, a indicação de bens penhoráveis obedece à ordem legal estatuída na Lei 6.830/80, legislação especial que prevalece sobre a disciplina do artigo 655 do CPC. 5. A recusa da Fazenda Pública em receber debêntures quando existentes outros bens penhoráveis mostram-se legítima mesmo quando se considera a norma inscrita no artigo 655 do Código de Processo Civil, segundo a qual os títulos e valores mobiliários ocupam o décimo lugar na ordem de preferência. 6. Recurso desprovido. (APC 20130111653285 DF. Relatora: Leila Arlanch. Data de Julgamento: 21/01/2015. 2ª Turma Cível. Data de Publicação: 29/01/2015).
Nessa mesma linha de raciocínio, é importante mencionar que, antes mesmo do julgamento do mérito das Ações Diretas de Inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF), alguns tribunais estaduais também se pronunciaram sobre essa questão controversa. Um exemplo disso é o caso do Tribunal de Justiça da Bahia, que no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 29481-9/2004, em 27 de setembro de 2006, entendeu por bem ratificar a Lei Estadual nº 9207/2004. O primeiro artigo dessa lei estabelece expressamente a possibilidade de extinguir o crédito tributário por meio da dação de bens móveis. Essa decisão protegeu a posição favorável à utilização da dação em pagamento como forma de quitar obrigações tributárias no âmbito estadual. 
Sustentando o exposto acima, é possível constatar que a jurisprudência, com base em análise aprofundada das decisões, tem aceitado à dação em pagamento de bens móveis como meio de extinguir débitos tributários. Nesse sentido, os tribunais têm reconhecido a possibilidade de os estados-membros legislarem autonomamente para permitir o uso desse instituto como forma de quitação de créditos tributários, desde que observados critérios que visam proteger o interesse público e não violar os princípios tributários. Portanto, nota-se que a jurisprudência tem se inclinado a aceitar a dação em pagamento de bens móveis como uma opção válida para a extinção de obrigações tributárias, desde que haja uma legislação específica que ampare essa modalidade de pagamento.
	Conclusão
	Após análise da evolução jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal no que diz respeito à aplicação da dação em pagamento de bens móveis, pode-se constatar que, mesmo não sendo expressamente previsto no artigo 156 do Código Tributário Nacional, esse pode ser regulado e aplicado em âmbito estadual como uma modalidade de extinção do crédito tributário.
De fato, a jurisprudência tem se posicionado, especialmente a partir do julgamento da Medida Cautelar da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2405/RS, no sentido de admitir a dação em pagamento de bens móveis como causa de extinção do crédito tributário, regulamentada por leis estaduais. Isso ocorre porque as formas de extinção do crédito tributário não estão sujeitas à reserva de lei complementar, permitindo assim que os entes federativos tenham liberdade para estabelecer regras específicas para a quitação de seus tributos.
Além disso, conforme evidenciado no julgamento definitivo de méritoda ADI 1.917-DF, o instituto em questão é admitido, uma vez que o rol de modalidades de exclusão do crédito tributário não é exaustivo. Os entes federativos possuem plena autonomia para estabelecer novas formas de extinção por meio de suas leis, desde que não violem os princípios tributários, principalmente o da Licitação.
Diante de todas essas considerações, somando-se ao entendimento expresso pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Medida Cautelar da ADI 2.405 e na decisão definitiva da ADI 1.917-DF, é plenamente viável a regulamentação específica em nível estadual da dação em pagamento de bens móveis como uma forma de extinção do crédito tributário.
	Referências bibliográficas
	
BRASIL. Código Tributário Nacional. Brasília: Senado Federal, 1966.
BRASIL. Código Civil. Brasília. Senado Federal, 2022.
Análise acerca da possibilidade de extinção de crédito tributário mediante dação em pagamento de bens móveis. Disponivel em: https://jus.com.br/artigos/74051/analise-acerca-da-possibilidade-de-extincao-de-credito-tributario-mediante-dacao-em-pagamento-de-bens-moveis#_ftn2. Acesso em 17/06/2023.
Superior Tribunal de Justiça STJ - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL: AgInt no AREsp 1095235 DF 2017/0100626-8 - https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/533898311/inteiro-teor-533898321. 
Tribunal Regional Federal da 4ª Região TRF-4 - APELAÇÃO CIVEL: AC 5009737-04.2017.4.04.7208 SC 5009737-04.2017.4.04.7208 - https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trf-4/1167775352.
Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 1917-5 - DF. Relator. Min Ricardo Lewandowski. Data de Julgamento: 26/04/2007. Tribunal Pleno. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/757451/acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi-1917-df. Acesso em: 16/06/2023.
Supremo Tribunal Federal. Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade 2405-1 - RS. Relator: Min. Carlos Britto. Data de Julgamento: 06/11/2002. Tribunal Pleno. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/772350/medida-cautelar-na-acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi-mc-2405-rs. Acesso em: 16/06/2023.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado. Volume 1. São Paulo: Saraiva, 2011.
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 3ª Edição – atualizada. São Paulo: Saraiva, 2011.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 2ª Edição – revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Método, 2012.
	
	1
	2

Continue navegando