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1 A)Quatro a seis TRANSTORNO MENTAL E AUTISMO 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de co- nhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publi- cações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, ex- celência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de quali- dade. 3 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 1. TRANSTORNO MENTAL ............................................................... 4 1.1 Como as doenças mentais são classificadas? ............................ 5 1.2 Quais as causas das doenças mentais? ........................................ 6 1.3 Tipos mais comuns de transtornos mentais ................................ 7 2. TRANSTORNO MENTAL E AUTISMO ........................................ 29 2.1 Transtorno do neurodesenvolvimento .......................................... 30 2.2 Autismo e suas origens ................................................................ 32 3. REFERÊNCIAS: ........................................................................... 35 4 1. TRANSTORNO MENTAL Transtornos mentais são alterações do funcionamento da mente que prejudicam o desempenho da pessoa na vida familiar, na vida social, na vida pessoal, no trabalho, nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na possibilidade de ter prazer na vida em geral. Alterações nas relações sociais, pessoais e profissionais são comuns nesses casos, o que afeta negativamente a qualidade de vida. Especialistas e definem como uma disfunção significativa no pensamento emocional e comportamento de alguém, o que muitas vezes compromete sua habilidade de se relacionar com outros e de administrar as várias atividades do dia a dia. Imagem: 1 Os transtornos mentais não têm nada a ver com fraqueza ou falha de personalidade. Profissionais da área têm tratado com sucesso vários tipos de transtornos mentais. Por isso, o primeiro passo é ter uma avaliação completa de um profissional de saúde com experiência em tratar distúbios mentais. 5 Mas as doenças mentais têm condições específicas que as caracterizam como patologias. Elas são definidas como alterações na química cerebral que geram particularidades intelectuais, emocionais e/ou comportamentais. A gravidade dos sintomas pode variar de duração e intensidade, dependendo da pessoa e das circustâncias. Os transtornos mentais podem afetar qualquer pessoa, independentemente de sexo, idade, cultura, raça religião, nível educacional ou renda, e não têm nada a ver com fraqueza ou falha de personalidade. Com os cuidados médicos apropriados, a pessoa pode levar uma vida produtiva e gratificante. É importante entender que todos nós temos pensamentos, percepções, emoções e comportamentos incômodos de vez em quando, mas isso não significa uma doença psiquiátrica. 1.1 Como as doenças mentais são classificadas? Imagem: 2 Segundo o DSM 5, existem mais de 300 tipos de transtornos mentais catalogados. 6 Eles são classificados em grupos, como: ► Transtornos neurocognitivos: Parkinson, Alzheimer ou outras demências ► Transtornos do neurodesenvolvimento: autismo, déficit de atenção (TDAH) ► Transtornos psicóticos: esquizofrenia, transtorno delirante ► Transtornos ansiosos: fobias, Síndrome do Pânico, ansiedade generalizada ► Transtornos depressivos: depressão maior, distimia ► Transtornos de personalidade: anti social, borderline, transtorno bipolar ► Transtornos relacionados ao uso de psicoativos: como álcool, cigarro e drogas ilícitas ► Transtornos do sono: insônia, hipersonolência, entre outros. 1.2 Quais as causas das doenças mentais? Entre os principais fatores de risco para transtornos mentais, estão: Fatores ambientais: estilo de vida estressante, condições de trabalho impróprias, hábitos alimentares inadequados Fatores sócio-culturais: contexto político e econômico, problemas financeiros, questões religiosas Fatores genéticos: histórico de doenças mentais na família Fatores químicos: desequilíbrios químicos no cérebro, como baixa concentração de serotonina. Muito importante também é a forma como cada pessoa reforça a sua capacidade de gerir pensamentos e emoções. 7 1.3 Tipos mais comuns de transtornos mentais Transtorno Depressivo Consiste em um transtorno de humor comum e de curso crônico, associada a altos níveis de incapacitação. Se caracteriza pela redução de comportamentos ocasionados por situações prazerosas e aumento da sensibilidade a estímulos adversos, sendo assim, um padrão de comportamento de indivíduos com depressão se apresenta pelo aumento de comportamentos de sofrimento estando este mais sensível a situações de adversidade e perda de sensibilidade a situações em que antes ocasionavam prazer (LOMBARDO, 2020). De acordo com o DSM-V, o diagnóstico da depressão é realizado a partir de cinco ou mais sinais e sintomas, descritos abaixo: 1) Um tom emocional constante de tristeza, vazio ou sofrimento; 2) Perda generalizada de interesse; 3) Perda de sensibilidade a estímulos; apetitivos (prazerosos); 4) Autoavaliação de inutilidade ou culpa, perda ou excesso de apetite, insônia ou hipersonia, inibição ou agitação psicomotora; 5) Fadiga constante; 6) Inibição cognitiva em termos de atenção, concentração, tomada de decisão e pensamento em geral; 7) Ideias de morte, ideação suicida ou mesmo planos ou tentativas de suicídio. O transtorno Depressivo maior ou Depressão, como é mais comumente conhecido, assim como qualquer outro tipo de transtorno de adoecimento emocional tem causas multifatoriais, diante disso, o modelo de etiológico se caracteriza por relações causais de ordem biológica, comportamental e cultural. Em relação a ordem biológica, o modelo mais amplamente utilizado, e que sustenta uso de várias drogas psicoativas, é a redução de neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer, bem-estar e disposição, que são: a serotonina, a dopamina e a noradrenalina.A redução desses neurotransmissores 8 pode gerar também um baixo nível de prazer, fadiga constante e alterações emocionais que caracterizam por sensação constante de tristeza, culpa, incapacidade e infelicidade (BELUJON; GRACE, 2017). O tratamento para depressão deve ser entendido de uma forma globalizada levando em consideração o ser humano como um todo incluindo dimensõesbiológicas, psicológicas e sociais. Portanto, a terapia deve abranger todos esses pontos e utilizar a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e a medicamentos, quando necessário. Deve-se mencionar que não se trata “depressão” de forma abstrata, mas sim pacientes deprimidos, contextualizados em seus meios sociais e culturais e compreendidos nas suas dimensões biológicas e psicológica. Segundo Souza (1999) o tratamento antidepressivo farmacológico deve ser realizado considerando os aspectos biológicos, psicológicos e sociais do paciente. Na média, não há diferenças significativas em termos de eficácia entre os diferentes antidepressivos, mas o perfil em termos de efeitos colaterais, preço, risco de suicídio, tolerabilidade varia bastante o que implica em diferenças na efetividade das drogas para cada paciente. A conduta, portanto, deve ser individualizada e avaliada por um médico psiquiatra competente que acompanhe o caso. A prescrição de antidepressivos irá depender da intensidade e frequência dos episódios depressivos. O risco de suicídio dever ser sempre avaliado e os efeitos colaterais da medicação em relação as condições de sofrimento do paciente. Não há antidepressivo ideal, entretanto, atualmente existe uma disponibilidade grande de drogas atuando através de diferentes mecanismos de ação o que permite que, mesmo em depressões consideradas resistentes, o tratamento possa obter êxito. É importante que o médico sinalize ao paciente os possíveis efeitos colaterais do uso de antidepressivos e realize junto com o paciente avaliação se o mesmo da conta de lidar com tais situações de desconforto, verificando assim uma conduta medicamento mais adequada pra cada caso, pois a principal variável relacionada à não adesão dos pacientes são os efeitos colaterais. Portanto, a redução dos efeitos colaterais é fundamental para o êxito do tratamento (Souza, 1999). 9 Transtorno de ansiedade Antes de falarmos de transtornos de ansiedade, devemos primeiramente compreender o que é a ansiedade em si, de forma sucinta podemos compreender a ansiedade como uma emoção. Para Brandão (2019), em sua manifestação mais simples a emoção é uma expressão de um ato motor, de natureza motivacional, desencadeado por sensações oriundas de estímulos sensoriais de onde o indivíduo esteja. Ainda pode incluir pensamentos e planos sobre o que já ocorreu, está ocorrendo ou ocorrerá e manifestações de expressões faciais, podendo ocorrer ainda outras alterações fisiológicas. A ansiedade tem importantes bases para proteção do indivíduo, evolutivamente tem função de resguardar o sujeito de perigos (BRAVIN; DE- FARIAS, 2010). Durante a evolução, esses mecanismos foram e são muito importantes para preservação e sobrevivência de várias espécies. Contudo, devido às condições da vida moderna, os processos fisiológicos relatados podem ser mais prolongados, uma vez que as situações de perigo nem sempre são remetidas à fuga ou luta, necessitando que seja preciso refletir sobre as possíveis situações de perigo (BRANDÃO, 2019). O DSM em sua primeira versão agrupava os transtornos de ansiedade em 7 classificações, atualmente o DSM-5 apresenta 11 Classificações para os quadros de ansiedade, sendo elas: 1) Transtorno de Ansiedade de Separação; 2) Mutismo Seletivo; 3) Fobia específica; 4) Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social); 5) Transtorno de Pânico; 6) Agorafobia; 7) Transtorno de Ansiedade Generalizada; 8)Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento; 9) transtorno de Ansiedade devido a Outra Condição Médica; 10) Outro Transtorno de Ansiedade Especificado e 11) Transtorno de Ansiedade Não Especificado. 10 Saiba mais! 1) Transtorno de Ansiedade de Separação: O transtorno de ansiedade de separação é caracterizado por medo ou ansiedades excessivas ou impróprios envolvendo a separação com alguém com a pessoal tenha apego. Não se trata apenas de apego a alguém, nessa condição a pessoa pode desenvolver preocupação e sofrimento constantes com a possibilidade de afastamento ou perda da figura de apego, insônias, queixas somáticas (cefaleia, náuseas ou vômitos) entre outros sintomas. Imagem: 3 2) Mutismo Seletivo: O Mutismo Seletivo é uma condição onde há uma dificuldade do indivíduo se comunicar verbalmente e em determinadas situações, as primeiras manifestações podem ser verificadas nas escolas com crianças de 3 a 6 anos, em casa elas podem se comunicar normalmente, cabe observar que não trata-se de timidez, nessa fobia a criança é incapaz de se comunicar, ocorrendo fracassos persistentes na tentativa de comunicação. 3) Fobia específica: Na fobia específica o medo ou ansiedade são direcionados para um objeto ou situação (agulhas, animais, alturas, etc.). A pessoa pode reconhecer que seu medo é irracional e/ou excessivo, mas tem 11 muita dificuldade enfrentar, por isso muitas vezes evita o objeto fóbico ou quando suporta é com muito sofrimento. 4) Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social): Na Fobia social a ansiedade e/ou medo são direcionadas os para interações sociais, nessa condição há um medo irracional e acentuado em uma ou mais condições da vida social. A possibilidade de avaliações por outras pessoas torna-se pavoroso. As interações sociais cotidianas são prejudicadas pelo medo excessivo e preocupação em ser julgado ou humilhado. Imagem: 4 5) Transtorno de Pânico: O transtorno do pânico é caracterizado por crises de ansiedade recorrentes e inesperadas. Nas crises ocorrem ataques de pânicos, os ataques de pânicos podem ser descritos como surto abrupto de medo ou desconforto intenso, ele ocorre alcança seu pico em alguns minutos, são comuns os seguintes sintomas: coração acelerado, sudorese, tremores, sensações de falta de ar ou sufocamento, sensações de asfixia, dor ou desconforto torácico, medo de perder o controle ou “enlouquecer”, medo de morrer, entre outros. 12 6) Agorafobia: A Agorafobia é um transtorno de ansiedade que está relacionado ao medo de lugares ou situações onde seja difícil escapar ou conseguir auxilio de alguém caso seja necessário diante de sintomas de pânico ou outros sintomas incapacitantes. 7) Transtorno de Ansiedade Generalizada: Nesse transtorno a ansiedade e preocupação excessivas, ocorrem na maioria dos dias e apresentam prejuízos em diversos eventos ou atividades do indivíduo, para eles são difíceis controlar a preocupação. São comuns nesses quadros os seguintes sintomas: Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, fatigabilidade, dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, tensão nos músculos e perturbação do sono. 8) Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento: Os transtornos de ansiedade podem ainda ter origem ou sendo resultado do uso/abuso de substância. Intoxicações por estimulantes do sistema nervoso central como cocaína, anfetaminas e cafeínas, podem alterar a fisiologia do corpo. Da mesma forma como Cannabis e abstinência de depressores como álcool podem levar provocar um ataque de pânico. Imagem: 5 13 Transtorno bipolar O DSM 5 traz algumas espécies de transtorno bipolar. No tipo 1, os sinais da mania são: ► humor elevado e tipicamente anormal; ► autoestima inflada; ► sentimentos de grandiosidade; ► diminuição drástica da necessidade de dormir; ► envolvimento em atividades impulsivas e arriscada (por exemplo, apostas milionárias mesmo sem ter dinheiro). Para uma melhor compreensãodo Transtorno Bipolar é necessário primeiramente entendermos que ele se refere a um dos tipos de transtorno de humor. A seguir será apresentado os conceitos e sintetizado a diferença entre Humor e Transtorno do Humor. Humor é o estado emocional de uma pessoa em determinado momento. Baseado nos sentimentos, o humor e suas alterações interferem diretamente nas relações pessoais, sociais, de trabalho e familiares. Há evidências de que episódios de tristeza gerados a partir de acontecimentos negativos, não permanecem por períodos longos, pois o cérebro humano trabalha para equilibrar as emoções que geram desconforto (KUTCHER et al, 2014). Para Bastos e Fleck (2016) alteração do humor, de modo geral faz referência a mudanças no estado afetivo percebidos como moderada, de fácil controle e menos nocivo então podemos afirmar que a alteração do humor se apresenta como alteração dentro de padrões considerados saudáveis diferente do transtorno do Humor é quando a oscilação de humor se apresenta de modo mais acentuado, marcado por mudanças extremamente profundas e que geram impacto nas relações sociais e pessoais tais como escola, trabalho, família e amizades. Segundo a OMS, entre os anos de 1996 e 2013 houve um aumento de quase 50% no número de pessoas comprometidas por algum transtorno do 14 humor, atualmente 10% da população mundial é afetada de alguma forma por essa patologia (PASSOS et al, 2019). Os transtornos do humor estão entre as doenças neuropsicológicas mais frequentes (BASTOS; FLECK, 2016). O Transtorno Bipolar é uma doença grave e que pode se tornar crônica. A pessoa apresenta oscilações entre estados patológicos do humor denominado mania, hipomania, depressão e estado de humor misto. Essas condições afetam além do humor, o pensamento, o comportamento e o ritmo biológico (sono, apetite, libido) da pessoa. (PASSOS et al, 2019). Estados patológicos do humor no TB para Kutcher et al ( 2014) • Mania • Humor: Eufórico, exaltado, irritado. • Pensamento: Acelerados com redução do juízo crítico • Comportamento agitado, tanto ao falar quanto inquietação física • Ritmo Biológico: Mudanças nos hábitos de sono, aumento ou diminuição do apetite, se tornando bastante sexualizado ou, diminuir. • Hipomania: • Estado menos intenso do quadro maníaco • Depressão: • Tristeza, pensamentos sobre a morte, indecisão excessivo • Misto: • Sintomas de mania (ex: muita energia) associado a sintomas depressivos (como tristeza, pensamentos sobre a morte, indecisão excessiva) • Oscilações de humor podem ser muito evidentes ou sutis, dificultando sua identificação. • Incidência do TB O TB acomete cerca de 2 a 4% da população mundial, acredita-se que a 15 prevalência entre homens e mulheres seja a mesma. Estudos apontam que pelo menos 40% da população com Tb necessitará de internação em algum momento da vida (PASSOS et al, 2019). Segundo Kutcher et al (2014) um estudo recentemente apontou que a frequência do Tb na infância e adolescência pareceu muito semelhante a encontrada em adultos, ficou evidente que entre os adolescentes a frequência é maior quando comparada as crianças. Causas ► Fatores Genéticos; ► biológico; ► psicológicos; ► ambientais e familiares tem se mostrado principais causas do TB. Os fatores genéticos tem sido considerados o de maior importância, sendo responsáveis por cerca de 70% das possibilidades de a pessoa desenvolver os sintomas de TB (KUTCHER et al, 2014). Esquizofrenia Esse transtorno é denominado pelo protocolo clínico de diretrizes terapêuticas (2013) como: um grupo de distúrbios mentais graves caracterizados por distorções do pensamento e da percepção, por inadequação e embotamento do afeto sem prejuízo da capacidade intelectual (embora ao longo do tempo possam aparecer prejuízos cognitivos). 16 Imagem: 6 Em muitos conceitos encontramos o termo psicose, que se denomina como perda do contato com a realidade, a título de curiosidade a esquizofrenia foi considerada por muito tempo como “única psicose”. De acordo com o DSM-V, mundialmente, a prevalência da esquizofrenia é de 1%, esta prevalência é equiparada entre homens e mulheres e relativamente constante entre culturas. Porém, alguns são os fatores de risco, entre eles temos: ► Vida Urbana ► Trauma na infância ► Negligência e infecções pré-natais ► Predisposição genética Diagnóstico O diagnóstico de esquizofrenia é clínico realizado por um médico psiquiatra e baseado nos critérios da CID-11. Existem alguns critérios que devem ser atendidos, estes combinam história, sinais e sintomas do paciente e o médico é responsável pela avaliação de tais critérios, devemos evitar autodiagnostico, assim como automedicação. 17 Principais sintomas: ► delírios; ► alucinações; ► discurso desorganizado; ► comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico; ► sintomas depressivos. Mas saiba que, apesar de a esquizofrenia ser, dentro dos transtornos psicóticos, o mais preocupante, ela também pode ter vários graus e tipos de prejuízos. Por exemplo, algumas pessoas podem ser impossibilitadas de trabalhar, por apresentar bastante dificuldade de convivência no trabalho e na família. No entanto, há muitos casos que, seguindo o tratamento direitinho, podem ter uma vida normal. Os sinais e sintomas dependem muito da fase do transtorno que o paciente se encontra, muitos demoram a procurar avaliação médica. O início do quadro de esquizofrenia (delírios e alucinações) pode ser repentino em questão de dias e semanas, ou lento que vai evoluindo de acordo com a fase no decorrer dos anos. Para Silva (2006), os aspectos mais característicos da esquizofrenia são alucinações e delírios, transtornos de pensamento e fala, perturbação das emoções e do afeto, déficits cognitivos e avaliação. Os delírios envolvem mudança de pensamento, comportamento e linguagem, esta mudança de pensamento é facilmente percebida pelo discurso do paciente. Segundo a autora os distúrbios do comportamento na esquizofrenia incluem comportamento grosseiramente desordenado e comportamento catatônico. Um ponto que queremos enfatizar quando falamos de esquizofrenia é a questão de comportamentos violentos apresentados por alguns pacientes, sim esse é um distúrbio de comportamento possível, porém no DSM-V encontramos que a esquizofrenia tem risco relativamente pequeno para comportamento violento. Ameaças de violência e acessos de agressividade são mais comuns do que comportamentos realmente perigosos. Segundo o manual, os esquizofrênicos costumam ser menos violentos do que pessoas sem esquizofrenia. 18 Tratamento O tratamento da esquizofrenia é medicamentoso e psicoterápico, os remédios são antipsicóticos e o acompanhamento médico é fundamental. A assistência psicoterapêutica auxilia o indivíduo nas relações sociais e pessoais, isto envolve, aceitação, tratamento e prognóstico. Enquanto a medicação pode reduzir os sintomas positivos e prevenir recaídas psicóticas, o apoio psicoterapêutico e o treinamento de estratégias de enfrentamento e manejo de situações de vida ajudam o paciente a adaptar-se ao ambiente e a enfrentar o estresse, sendo que as intervenções familiares e sócio-profissionais modificam fatores ambientais de acordo com a capacidade do paciente. (SILVA, 2006, p. 276, 277). Esse acompanhamento de uma equipe multiprofissional vai de acordo com a necessidade do paciente, este tem de forma singular e única suas necessidades e o profissional precisa reconhecê-las. Um acompanhamentoapós o tratamento também é necessário segundo o Protocolo clínico e diretrizes Terapêuticas, pois este tratamento não tem tempo determinado e o paciente precisa de reavaliações médicas periódicas de no máximo de 6 em 6 meses. Transtorno de estresse pós-traumático ( TEPT) O transtorno do estresse pós-traumático é uma síndrome psicológica no qual a pessoa "revive" algum acontecimento perturbador ou violento no passado. Constituise de lembranças recorrentes intrusivas de um evento traumático opressivo; as lembranças duram por mais de 1 mês e começam em até 6 meses depois do evento. Alguns exemplos podem ser: ter sido assaltado, ter sofrido violência doméstica, abuso sexual, ter participado de uma guerra, catástrofes naturais ou provocadas pelo homem são as causas comuns, entre outros. 19 Imagem: 7 Geralmente, eventos susceptíveis de provocar TEPT são aqueles que invocam sentimentos de medo, impotência ou horror. Esses eventos podem ser experimentados diretamente (exemplo: como uma lesão grave ou a ameaça de morte) ou indiretamente (exemplo: testemunhar outros sendo seriamente feridos, mortos ou ameaçados de morte; ter conhecimento dos eventos que ocorreram a membros familiares ou amigos íntimos). Vale lembrar que o medo é uma reação normal do organismo, durante e após essas situações, no entanto, o estresse pós-traumático pode causar um medo excessivo, constante e patológico para realizar as atividades do dia a dia, como ir ao supermercado ou outro lugar público ou então ficar sozinho em casa, mesmo quando não existe perigo aparente. Este transtorno pode trazer consequências para a vida da pessoa, incluindo problemas com a família, amigos, no trabalho ou na escola, além de haver uma maior possibilidade de abuso de substâncias psicoativas. Por isso, é importante que o psicólogo seja consultado quando os sintomas de estresse pós- traumático forem notados. 20 Principais sintomas do transtorno de estresse pós-traumático Os sintomas do TEPT podem ser subdivididos em categorias: intrusões, esquiva, alterações negativas da cognição e do humor e alterações da excitação e da reatividade. Mais comumente, os pacientes têm memórias indesejadas frequentes que reproduzem o evento desencadeante. Pesadelos com o evento são comuns. Estados dissociativos transitórios durante a vigília são menos comuns, nos quais os eventos são revividos como se estivessem acontecendo (lembranças vívidas), às vezes fazendo os pacientes reagirem como se estivessem na situação original (p. ex., ruídos altos como fogos de artifício podem desencadear uma lembrança vívida de estar em combate, que por sua vez pode levar o paciente a procurar abrigo ou se jogar no chão para buscar proteção). Pacientes evitam estímulos associados ao trauma e muitas vezes se sentem emocionalmente entorpecidos e desinteressados em relação a atividades diárias. Depressão, outros transtornos de ansiedade e abuso de substâncias são comuns entre pacientes com TEPT crônico. Além de ansiedade específica ao trauma, os pacientes podem sentir culpa por causa de suas ações durante o evento ou porque sobreviveram quando outros não. Em resumo, os sintomas podem ser: ► Recordações intensas ► Pensamentos assustadores ou pesadelos constantes ► Ansiedade frequente ► Dificuldade para dormir ► Ataques de raiva ►Evitar ir a lugares que recordem a situação traumática ► Evitar pensar sobre o ocorrido ► Sentir menor interesse por atividades agradáveis e prazerosas ► Sentir culpa ► Pensamentos negativos sobre si. Estes sintomas devem estar presentes por pelo menos 1 mês e não serem 21 causados por outra possível doença orgânica para que possa ser considerado o diagnóstico do estresse pós-traumático. Possíveis causas do transtorno de estresse pós-traumático ► Ter vivido um evento traumático ► Exposição repetida a detalhes de um evento traumático, como viver junto de um hospital e ver as ambulâncias com pessoas feridas, por exemplo ► Presenciar um evento traumático que aconteceu a outra pessoa (sequestro ou agressão, por exemplo); ► Saber sobre um evento traumático que aconteceu com alguém próximo. ► Quando o evento traumático está relacionado com lesões físicas como espancamentos, queimaduras e violência sexual, por exemplo. O transtorno do estresse pós-traumático pode surgir desde os 6 anos de idade até a vida adulta e são mais frequentes em mulheres sendo os principais fatores relacionados com o seu desenvolvimento. Diagnóstico do transtorno de estresse pós-traumático O principal fator para diagnosticar o transtorno de estresse pós-traumático é o antecedente de um evento traumático que tenha posto a vida do indivíduo em risco, o que deve ser avaliado por um psicólogo ou psiquiatra. O psiquiatra pode também solicitar outras avaliações para descartar doenças orgânicas como o abuso de álcool e de substâncias e outros transtornos psicológicos, como depressão ou síndrome do pânico, os quais podem ter sintomas similares ao do estresse pós-traumático. Para atender os critérios para o diagnóstico, os pacientes devem ter sido expostos direta ou indiretamente a um evento traumático e devem ter os sintomas de cada uma das seguintes categorias durante o período de mais ou igual a 1 mês. 22 Sintomas de intrusão ► Ter memórias recorrentes, involuntárias, intrusivas e/ou perturbadoras. ►Ter sonhos perturbadores recorrentes, por exemplo, pesadelos do evento. ► Agir ou sentir como se o evento estivesse acontecendo de novo, desde flashbacks até perda total de consciência do ambiente atual. ► Sentir sofrimento psicológico ou fisiológico intenso ao lembrar o evento (p. ex., aniversários do evento, sons semelhantes àqueles ouvidos durante o evento). Efeitos negativos sobre a cognição e o humor ► Perda de memória para partes significativas do evento (amnésia dissociativa); ► Convicções ou expectativas negativas persistentes e exageradas sobre si mesmo, outros ou o mundo; ► Pensamentos distorcidos persistentes sobre a causa ou consequências do trauma que levam a culpar a si mesmo ou outros; ► Estado emocional negativo persistente (exemplo: medo, horror, raiva, culpa vergonha); ► Diminuição acentuada do interesse ou participação em atividades significativas; ► Sensação de distanciamento ou estranhamento em relação a outras pessoas; ► Incapacidade persistente de experimentar emoções positivas (exemplo: felicidade, satisfação, sentimentos amorosos). Tratamento O tratamento do estresse pós-traumático sempre deve ser orientado e avaliado por um psicólogo ou psiquiatra, pois precisa ser adaptado a cada pessoa. Na maior parte dos casos, o tratamento é iniciado com sessões de psicoterapia, que deve começar o mais rápido possível. O psiquiatra também 23 pode recomendar o uso de medicamentos para ajudar a aliviar os sintomas do transtorno do sono e ataques de pânico, além de aliviar os sintomas de ansiedade. Além do paciente praticar o autocuidado. O transtorno do espectro autista (TEA) Imagem: 8 É um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. A etiologia do transtorno do espectro autista ainda permanece desconhecida. Evidências científicas apontam que não há uma causa única, mas sim a interação de fatores genéticos eambientais. A interação entre esses fatores parecem estar relacionadas ao TEA, porém é importante ressaltar que “risco aumentado” não é o mesmo que causa fatores de risco ambientais. Os fatores ambientais podem aumentar ou diminuir o risco de TEA em pessoas geneticamente predispostas. Embora nenhum destes fatores pareça ter forte correlação com aumento e/ou diminuição dos riscos, a exposição a agentes químicos, deficiência de vitamina D e ácido fólico, uso de substâncias (como 24 ácido valpróico) durante a gestação, prematuridade (com idade gestacional abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer (< 2.500 g), gestações múltiplas, infecção materna durante a gravidez e idade parental avançada são considerados fatores contribuintes para o desenvolvimento do TEA. A criança apresenta déficits na comunicação e na interação social, tendo, por exemplo: ► dificuldade em estabelecer conversas; ► falta de habilidade em reconhecer as emoções das outras pessoas; ► ausência de interesse por amizades; ► falta de certas habilidades comportamentais; ► movimentos motores repetitivos; ► interesses fixos que são anormais em intensidade. Cada indivíduo dentro do espectro vai desenvolver o seu conjunto de sintomas variados e características bastante particulares. Tudo isso vai influenciar como cada pessoa se relaciona, se expressa e se comporta. Imagem: 9 A confirmação costuma acontecer quando criança possui as características principais do autismo: deficiências sociais, dificuldades de 25 comunicação, interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos (também chamados de estereotipias). A condição pode se apresentar em distintos graus, o que faz com que os sinais também possam ter essas variações. Em casos de autismo leve, por exemplo, o transtorno pode demorar mais tempo para ser diagnosticado, pois costuma ser confundido com outros comportamentos, como timidez, excentricidade ou falta de atenção. O DSM-5 também reconhece que indivíduos afetados pelo TEA podem apresentar sintomas associados em diferentes graus, como uma habilidade cognitiva fora do normal (para mais ou para menos), atrasos de linguagem ou alta habilidade de linguagem expressiva, surtos nervosos e agressividade, padrões de início, além de outras condições associadas. O diagnóstico permite que a criança receba um tratamento personalizado de acordo com as particularidades do seu quadro. Com o acompanhamento médico multidisciplinar, os sintomas tendem a ser amenizados ao longo da vida, melhorando a qualidade de vida do indivíduo e da sua família. Tratamento O tratamento associa diferentes terapias para testar e melhorar as habilidades sociais, comunicativas, adaptativas e organizacionais. A rotina de cuidados pode incluir exercícios de comunicação funcional e espontânea; jogos para incentivar a interação com o outro; aprendizado e manutenção de novas habilidades; e o apoio a atitudes positivas para contrapor problemas de comportamento. É muito popular a adoção das abordagens terapêuticas Análise Aplicada do Comportamento (conhecido como método ABA) e Terapia Cognitivo-Comportamental. Frequentemente, as terapias são combinadas com remédios para tratar condições associadas, como insônia, hiperatividade, agressividade, falta de atenção, ansiedade, depressão e comportamentos repetitivos. As avaliações são realizadas a cada 3 ou 6 meses para entender a necessidade de mudanças na abordagem ou intensidade do tratamento. 26 Demência A demência é uma síndrome que consiste na deterioração da memória, do pensamento, do comportamento e da capacidade de realizar atividades cotidianas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). É um conjunto de sintomas que afetam diretamente a qualidade de vida da pessoa, levando a problemas cognitivos e afetando, também, a linguagem e o comportamento e alterando a personalidade do indivíduo. Causas Diversas doenças estão por trás das causas da demência. Veja exemplos: Demências irreversíveis (degenerativas) ► Doença de Alzheimer ► Demência com corpos de Lewy, cujos sintomas são similares aos do Alzheimer e cuja incidência é a segunda maior entre as demências (perdendo apenas para o próprio Alzheimer) ► Demência vascular, resultante de uma série de pequenos acidentes vasculares cerebrais (AVC) ► Demência frontotemporal, que é uma degeneração que ocorre no lóbulo frontal do cérebro e que pode se espalhar para o lóbulo temporal. Demências reversíveis ► Tumores cerebrais ► Demências de causa metabólica, em que há alterações nos níveis de açúcar, sódio e cálcio no sangue ► Baixos níveis de vitamina B12 ► Hidrocefalia normotensiva ► Uso de determinados medicamentos, principalmente alguns para tratar colesterol ► Abuso crônico do álcool. Outras demências ►Traumatismo craniano 27 ► Doença de Parkinson ► Esclerose múltipla ► Doença de Huntington ► Doença de Pick ► Paralisia supranuclear progressiva ► Infecções que podem afetar o cérebro, como HIV/AIDS e doença de Lyme ► Doença de Creutzfeldt-Jakob. Sinais Sintomas de demência variam, dependendo da causa, mas os mais comuns incluem: ► Perda de memória ► Dificuldade de planejar e executar tarefas ► Problemas com a fala e a escrita ►Alteração do humor ► Dificuldade em compreender informações ► Desorientação sobre o lugar e espaço ► Apatia ► Perda ou diminuição temporária de algumas habilidades cognitivas e motoras. O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Sintomas O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas 1) Desatenção 2) Hiperatividade-impulsividade 28 O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) As características são: ► pensamentos que surgem de repente e podem se manifestar por frases ou imagens; ► comportamentos podem ser atos repetitivos logo após o pensamento (lavar as mãos) ou, ainda, atos mentais (repetir orações). Eles são praticados pra ajudar a lidar com a ansiedade. Sintomas A pessoa com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) tem obsessões – pensamentos, imagens ou impulsos que ocorrem frequentemente, mesmo que ela não queira. Essas obsessões surgem mesmo quando a pessoa está pensando e fazendo outras coisas. Além disso, as obsessões normalmente causam grande angústia e ansiedade. As obsessões normalmente envolvem pensamentos de dano, risco ou perigo. As obsessões comuns incluem: ► Preocupação com contaminação (por exemplo, supor que tocar em maçanetas provocará alguma doença); ► Dúvidas (por exemplo, supor que a porta da frente não foi trancada); Preocupação com objetos que não estão perfeitamente alinhados ou uniformes; ► Uma vez que as obsessões não causam prazer à pessoa, frequentemente ela tenta ignorá-las e/ou controlá-las. Compulsões (também chamadas de rituais) são uma forma que a pessoa tem de responder às suas obsessões. Por exemplo, elas sentem vontade de fazer algo - repetitivo, propositado e intencional - para evitar ou aliviar a ansiedade causada pelas obsessões. 29 2. TRANSTORNO MENTAL E AUTISMO Deste que as pessoas se reconhecem enquanto pessoas, existe a percepção de comportamento normal, padrão ecomportamento desviante. Em diferentes momentos da história, esses comportamentos desviantes receberam vários nomes e classificações. Para os antigos, alguns desses comportamentos eram vistos como sinais de deuses, tanto positivos quanto negativos. Alguns casos de esquizofrenia, por exemplo eram vistos como sinais de profetas. Com a influência do cristianismo na cultura ocidental, esses mesmos comportamentos passaram a ser vistos como sendo negativos e influenciados por demônios. A depressão, por exemplo, dizia-se que era influenciada pelo demônio do meio-dia. Como a Igreja tinha bastante influência na sociedade, essas pessoas eram ou abandonadas por estarem possuídas ou eram levadas a igrejas para serem exorcizadas. No final da idade média e início do Renascimento, pessoas que apresentavam esses comportamentos eram deixados de lado pela sociedade. Eles eram chamados de loucos e muitas vezes eram trancados com criminosos para afastar suas influências das pessoas ditas normais. Sigmund Freud, por exemplo, com ajuda de Jean-Martin Charcot, utilizou inicialmente a hipnose para mostrar que a histeria, doença até então misteriosa que afetava principalmente mulheres e causava paralisias entre outros sintomas, era uma doença psicogênica, ou seja, de origem psicológica ou mental. Carl Jung, psiquiatra suíço que trabalhou no hospital psiquiátrico de Burgholzli na suíça, mostrou através de testes de associação de palavras a existência de complexos autônomos reprimidos e inconscientes, comprovando assim a tese de Freud. Ele também contribuiu no desenvolvimento do diagnóstico de esquizofrenia, elaborado por seu professor e mentor Eugene Bleuler, doença até então chamada de demência precoce. No século XX, houveram muitos avanços na psiquiatria e na psicopatologia, como ficou conhecida a área de estudos das doenças mentais. Durante a Primeira Guerra Mundial houveram importantes avanços na área da psicometria, ou de testes psicológicos. Eles eram utilizados inicialmente para selecionar os melhores soldados e depois para selecionar os melhores 30 empregados para as indústrias. Com os testes psicológicos começaram as classificações de inteligência. Com isso alguns casos de transtornos mentais passaram a ser classificados como retardos mentais ou déficits de inteligência. Pessoas com QI entre 80 e 120 eram consideradas normais, pois estavam na média. Pessoas com QI abaixo de 80 eram consideradas com atraso no desenvolvimento mental e taxadas como retardadas mentais. A 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS), que entrou em vigor neste ano, teve sua última atualização publicada dia 11 de fevereiro de 2022. A CID 11 reuniu todos os transtornos que fazem parte do espectro do autismo, como o autismo infantil, a Síndrome de Rett, a Síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância (F84.3) e o transtorno com hipercinesia, por exemplo, em apenas um único diagnóstico: o TEA (Transtorno do Espectro do Autismo). Hoje, a CID é considerada uma das principais ferramentas de trabalho para médicos do mundo todo. Além disso, ela também é capaz de monitorar a incidência e prevalência de enfermidades, apresentando um panorama completo da realidade de muitos países e das suas populações. 2.1 Transtorno do neurodesenvolvimento Segundo DSM-5 transtornos do neurodesenvolvimento são condições alteradas desde o início do período do desenvolvimento neurológico. Estes transtornos tipicamente se manifestam cedo, durante o crescimento e desenvolvimento, frequentemente, antes da criança ingressar na escola. Os transtornos do neurodesenvolvimento são caracterizados por déficits no desenvolvimento que trazem prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico/pedagógico e, posteriormente, profissional. Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle de funções executivas (p, ex. planejamento e execução de atividades, incluindo iniciação de tarefas, memória de trabalho, atenção sustentada) até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência. 31 A avaliação clínica utiliza critérios para realizar possíveis diagnósticos e inclui análise de sintomas tanto de excesso quanto de déficits e atrasos em atingir os marcos esperados para respectiva idade. Por exemplo, o transtorno do espectro autista somente é diagnosticado quando os déficits característicos de comunicação social são acompanhados por comportamentos excessivamente repetitivos, nteresses restritos e insistência em mesmas coisas. Não existe cura para Transtornos de Neurodesenvolvimento. O tratamento para transtornos do neurodesenvolvimento incluem abordagem para reduzir danos e melhorar a parte cognitivo-comportamental. Os Transtornos do Neurodesenvolvimento incluem as Deficiências Intelectuais, os Transtornos da Comunicação (Transtorno da Linguagem, Transtorno da Fala, Gagueira, Transtorno da Comunicação Social, Transtorno da Comunicação sem outras especificações), o Transtorno do Espectro Autista (TEA), O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH – Apresentação Combinada, Predominantemente Desatenta,, Predominantemente hiperativa/impulsiva ), o Transtorno Específico da Aprendizagem (com prejuízo na leitura, com prejuízo na escrita, com prejuízo na matemática), os Transtornos Motores (Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação e Transtorno do Movimento Estereotipado), os Transtornos de Tique (Transtorno de Tourette, Transtorno de Tique Motor ou Vocal Crônico e Transtorno de Tique Transitório) e Outros Transtornos do Neurodesenvolvimento, com e sem especificações. 32 2.2 Autismo e suas origens Imagem: 10 Uma das principais características do TGD é um pequeno grau de interação social, comportamento e comunicação, a complexidade dos sintomas e a diversidade das explicações perpetuam até hoje. Diferentes autores concordam em citar o autismo como uma questão que apresenta grandes controvérsias, uma vez que engloba, dentro dos seus conceitos, uma gama bastante variada de doenças com diferentes quadros clínicos que tem como fator comum o autismo. A primeira vez que a nomenclatura autista foi utilizada em 1906, por Plouller, identificando como a perda de contato com a realidade que por consequência acarreta uma dificuldade e até mesmo uma impossibilidade de comunicação e interação social. (GAUDERER, 1997, p. 6). Arrisca-se até em afirmar que é um mundo impenetrável, o relacionamento com uma pessoa com autismo é muito complexo e de difícil compreensão e explicação. Por isso tanto divergências a respeito do próprio conceito de autismo, vários pesquisadores entram em conflito quando visa à conceituação deste transtorno, de forma que o estudo do mesmo é comparado como se fosse uma pesquisa de antropológica em Marte. Sendo o autismo um 33 mundo desconhecido, sem um início e um fim, afirma também o autor que a incidência poderia ser cinco vezes mais comum que a própria síndrome de Down e três vezes mais comuns que os diabetes. (OLIVER, 1995, p. 09). A necessidade de imutabilidade é uma das características típicas entre as pessoas com autismo, que tem, diga–se de passagem, a fascinação por movimentos circulares, repetição de movimentos incansavelmente como ficar rolando caneta entre os dedos ascender e apagar a luz ou até mesmo ficar observando o movimento de um ventilador durante horas. Entretanto, os autistas têm uma ótima memória, gravando com muita facilidade datas, nomes, fatos que são repetidos com precisão após umdeterminado tempo semanas. Alguns dos movimentos dessas pessoas são considerados estereotipados como sacudir as mãos, autoninar, girar objetos compulsivamente. São ótimos também atividades como montagem de quebra- cabeças, mas apresentam dificuldade se nessa tarefa for requerido compreender o significado, como, por exemplo, compreender uma sequência de imagens que contenham uma história. (PEETERS, 1998, p.10). [...] eles sentem, ouvem e veem, mas seu cérebro administra estas informações de maneira peculiar (por este motivo a definição do autismo no Manual de Diagnostico e Estatística de Distúrbios Mentais - DSM IV é relacionada com desajustes qualitativos na comunicação e interação social (PEETERS, 1998, p.10). Imagem: 11 34 O autismo mesmo com os avanços tecnológicos não se pode chegar a um diagnostico preciso, uma série de condições tem sido descritas e estudada, visando assim uma maior compreensão do significado do ser autista. Conhecido desde a década de 40 quando foi descrita por Leo Kanner que publicou em 1943 nos Estados Unidos em sua obra “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”, que identificou entre os autistas uma grande diferença entre os demais pelo comportamento peculiar com dificuldade extrema de manter relações interpessoais consistindo esse conjunto de sinais a relação direta com o quadro de esquizofrenia. (GAUDERER, 1997, p.6). Autores, como Barack, reforçam a ideia do déficit cognitivo, frisando que o autismo tem sido, nos últimos anos, enfocado sob a ótica desenvolvimentista, sendo relacionado à deficiência mental uma vez que cerca de 70 a 80% das pessoas com autismo o são. No entanto, pela penetração e abrangência dos conceitos, somos obrigados a nos reter ao autismo a partir de sua constelação comportamental, para que possa ser explorado minuciosamente e para que possam ser estabelecidas conexões causais dentro das possibilidades atuais (BARACK, 1992, p 324). 35 3. REFERÊNCIAS: BELUJON, P.; E GRACE, A.A. (2017). Dopamine system dysregulation in major depressive disorders. Internacional Jornal of Neuropsychopharmacology. 2012. GAUDERER, E. C. (1997 - 2ª edição). Autismo. São Paulo: Revinter Ltda. LOMBARDO, M. A. A. Eficácia e efetividade da ativação comportamental para transtorno Depressivo maior: a resposta está dentro e no passado. Cap 2. OLIVER, S. (1995). Um Antropólogo em Marte: Sete histórias paradoxais. São Paulo: Companhia das letras. PEETERS, T. (Janeiro- abril - 2007). Autism: From Theoretical understanding to educational intervention. Whurr Publishers. Revista Científica Brasileira de Informática na Educação V. 15, nº 01. Publicação em Transtornos Psicológicos: Terapias Baseadas em Evidências/ editores Paulo R. Abreu, Juliana H.S.S. Abreu- 1 ed – Santana de Parnaíba [SP]: Manole, 2021. SILVA, R.C.B. Esquizofrenia: Uma Revisão. Psicologia USP. 2006. SOUZA, F. G. Tratamento da depressão. Braz. J. Psychiatry 21 (suppl 1). Maio 1999.
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