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Introdução à Psicopatologia

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1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA ........................................................ 4 
1.1 Fenômenos em Psicopatologia ............................................................ 5 
2 O normal e o patológico .............................................................................. 9 
3 O diagnóstico em saúde mental ................................................................ 11 
3.1 Avaliação Psicopatológica .................................................................. 13 
4 As funções mentais ................................................................................... 14 
4.1 Transtornos Mentais ........................................................................... 15 
4.2 Manifestação dos sintomas e transtornos mentais ............................. 16 
5 Síndromes Depressivas ............................................................................ 17 
6 Síndromes Maníacas e Transtorno Bipolar ............................................... 19 
7 Síndromes Ansiosas ................................................................................. 22 
7.1 Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG .................................. 22 
7.2 Crises de Pânico ................................................................................ 23 
7.3 Transtorno de Pânico ......................................................................... 23 
7.4 Transtorno Fóbico .............................................................................. 23 
7.5 Transtorno de Estresse Pós-Traumático ............................................ 24 
7.6 Transtorno Obsessivo Compulsivo ..................................................... 24 
7.7 Transtorno Hipocondríaco .................................................................. 24 
8 Síndromes Psicóticas ............................................................................... 25 
8.1 Esquizofrenia ...................................................................................... 25 
8.2 Transtorno Delirante ........................................................................... 26 
8.3 Transtorno Esquizoafetivo .................................................................. 27 
9 Síndrome Psicomotora.............................................................................. 27 
9.1 Síndrome de Agitação Psicomotora ................................................... 27 
9.2 Síndromes de Estupor ........................................................................ 28 
 
2 
 
9.3 Síndrome de Comportamento Disruptivos na Infância e Adolescência
 28 
9.4 Transtorno disruptivos da desregulação do humor ............................ 29 
9.5 Transtorno de Oposição Desafiante ................................................... 29 
9.6 Transtorno da Conduta....................................................................... 29 
9.7 Transtorno Explosivo Intermitente ...................................................... 30 
10 Transtornos Alimentares ........................................................................ 30 
10.1 Anorexia Nervosa ............................................................................ 31 
10.2 Bulimia Nervosa .............................................................................. 32 
11 Transtorno devido ao uso de substâncias e comportamentos aditivos .. 33 
11.1 Transtornos por uso de substâncias ............................................... 34 
11.2 Transtornos induzidos por substâncias ........................................... 35 
11.3 Transtornos por uso do álcool ......................................................... 35 
11.4 Transtornos por uso da maconha ................................................... 35 
11.5 Transtorno por cocaína e crack ....................................................... 36 
12 Transtornos associado ao sono ............................................................. 37 
12.1 Transtorno de insônia ..................................................................... 37 
12.2 Transtorno de hipersonolência ........................................................ 38 
12.3 Síndrome das pernas inquietas ....................................................... 38 
12.4 Transtornos do sono relacionados à respiração ............................. 39 
12.5 Transtornos do sono-vigília do ritmo circadiano .............................. 39 
12.6 Narcolepsia ..................................................................................... 40 
12.7 Parassonias .................................................................................... 40 
13 Sexualidade e Psicopatologia ................................................................ 40 
14 Transtornos ou disfunções sexuais ....................................................... 41 
14.1 Disfunções do desejo e da resposta sexual .................................... 41 
14.2 Transtornos parafílicos e parafilias ................................................. 42 
 
3 
 
14.3 Homofobia e Transfobia .................................................................. 42 
15 Transtornos Neurocognitivos ................................................................. 43 
16 Demências e outros transtornos neurocognitivos de longa duração ..... 43 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 46 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA 
Segundo o autor Campbell (1986), a psicopatologia é o ramo da ciência que 
cuida da natureza essencial da doença ou transtorno mental, quais são suas causas, 
as mudanças estruturais e funcionais a ela associadas e suas maneiras de 
manifestação. Numa compreensão mais ampla, a psicopatologia pode ser descrita 
como o conjunto de conhecimentos pertinentes ao adoecimento mental do ser 
humano. É um conhecimento que busca ser organizado, esclarecedor e 
desmistificante. 
 
 
Fonte: i.ytimg.com 
Estudo que propõe ser científico, a psicopatologia não abarca parâmetros de 
valor, tão pouco acolhe supostas verdades. No estudo e na prática da psicopatologia, 
não há preconceitos ao que se estuda; tem como objetivo a observação, identificação 
e compreensão dos diferentes componentes do transtorno mental. Na psicopatologia 
não se aceita suposições, verdades rígidas, inflexíveis, seja qual for sua natureza, 
filosófica, religiosa, biológica ou psicológica. Portanto o entendimento buscado está 
propício a reavaliações, considerações, reestruturações contínuas. 
O campo da psicopatologia inclui uma variedade de fenômenos humanos 
especiais, associados ao que se denominou historicamente de doença 
 
5 
 
mental. São vivências, estados mentais e padrões comportamentais que 
apresentam, por um lado, uma especificidade psicológica (as vivências das 
pessoas com doenças mentais apresentam dimensão própria, genuína, não 
sendo apenas “exageros” do normal) e, por outro, conexões complexas com 
a psicologia do normal (o mundo da doença mental não é totalmente estranho 
ao mundo das experiências psicológicas “normais”). (Dalgalarrondo, 2019) 
Para Dalgalarrondo (2019), apesar de se beneficiar das tradições neurológicas, 
psicológicas e filosóficas, a psicopatologia não se confunde com a neurologia das 
chamadas funções corticais superiores (não se resume, portanto, a uma ciência 
natural dos fenômenos relacionados às zonas associativas do cérebro lesado) nem 
com a hipotética psicologia das funções mentais desviadas. Assim, podemos defini-la 
como uma ciência autônoma, e não um prolongamento da neurologia, da 
neuropsicologia ou da psicologia (seja ela experimental, seja ela psicométrica ou 
social). Ela é ricamente nutrida por essas tradições, mas não se confunde com elas. 
“[...] quanto mais reconhece e caracteriza o típico, o que se acha de acordo 
com os princípios, tanto mais reconhece que, em todo indivíduo, se oculta 
algo que não pode conhecer” (Jaspers, 1979, p. 12).1.1 Fenômenos em Psicopatologia 
 
O conhecimento pela doença ou transtorno mental, se dá pela observação 
minuciosa de suas manifestações, assim como qualquer busca por conhecimentos. A 
observação propicia a exposição dos fenômenos e sua disposição. Que irá 
determinar, especificar, organizar o objeto de estudo em certa concepção, se 
direcionando com determinada coerência na observação e classificação. 
Dalgalarrondo (2019) classifica três distintos tipos de fenômenos humanos na 
psicopatologia, sendo eles: 
Fenômenos semelhantes em todas ou quase todas as pessoas. É o plano 
dos fenômenos psicológicos, fisiológicos, daquilo que é o normal. De modo geral, todo 
ou quase todo ser humano sente fome, sede ou sono. Aqui se inclui também o medo 
de um animal perigoso, a ansiedade perante desafios difíceis, o desejo por uma 
pessoa amada, etc. Embora haja uma qualidade pessoal própria para cada ser 
humano, certas experiências são basicamente semelhantes para todos. 
 
6 
 
Fenômenos em parte semelhantes e em parte diferentes. É o plano em que 
o psicológico e o psicopatológico se sobrepõem. São fenômenos que o ser humano 
comum experimenta, mas que apenas em parte são semelhantes aos vivenciados 
pela pessoa com transtorno mental. Assim, todo indivíduo comum pode sentir tristeza, 
mas a alteração profunda, avassaladora, que uma paciente com depressão psicótica 
experimenta é apenas parcialmente semelhante à tristeza normal. A depressão grave, 
por exemplo, com ideias de ruína, lentificação psicomotora, apatia, etc., introduz algo 
qualitativamente novo na experiência humana. 
Fenômenos qualitativamente novos, distintos das vivências normais. É o 
campo específico das ocorrências e vivências psicopatológicas. São praticamente 
próprios a apenas (ou quase apenas) certas doenças, transtornos e estados mentais. 
Aqui, incluem-se alguns fenômenos psicóticos, como alucinações e delírios, ou 
cognitivos, como turvação da consciência, alteração da memória nas demências, 
entre outros. 
De acordo com Dalgalarrondo (2019), a psicopatologia é, por natureza e 
destino histórico, um campo de conhecimento que requer debate constante e 
aprofundado, no qual não há e não pode haver uma teoria ou perspectiva amplamente 
hegemônica. Aqui, o conflito de ideias não é uma debilidade, mas uma necessidade. 
Não se avança em psicopatologia negando e anulando diferenças conceituais e 
teóricas; evolui-se, sim, pelo esforço de esclarecimento e aprofundamento de tais 
diferenças, em discussão aberta, desmistificante e honesta. 
Dentre as principais linhas de estudo da psicopatologia que se dispõe de modo 
aleatório, devido rigorosas razões didáticas, pode-se destacar: 
 
PSICOPATOLOGIA DESCRITIVA E PSICOPATOLOGIA DINÂMICA – a psiquiatria 
descritiva, refere-se especialmente a definição das maneiras que ocorrem as 
mudanças psíquicas, a organização dos sintomas, detalha e qualifica a manifestação 
doentia como sinais quase que específicos. 
A psiquiatria dinâmica se volta para a essência das experiências, as mudanças 
intrínsecas dos afetos, vontades e receios da pessoa. 
A prática em saúde mental requer a conciliação de ambas abordagens descritiva 
dinâmica. 
 
7 
 
Quando um médico se defronta com a grande tarefa de ajudar uma pessoa 
psiquicamente enferma, vê à sua frente dois caminhos: ele pode registrar o 
que é mórbido. Irá, então, a partir dos sintomas da doença, concluir pela 
existência de um dos quadros mórbidos impessoais que foram descritos. [...] 
ou pode trilhar outro caminho: pode escutar o doente como se fosse um amigo 
de confiança. Nesse caso, dirigirá a sua atenção menos para constatar o que 
é mórbido, para anotar sintomas psicopatológicos e, a partir disso, chegar a 
um diagnóstico impessoal, e mais para tentar compreender uma pessoa 
humana na sua singularidade e co-vivenciar suas aflições, seus temores, 
seus desejos e suas expectativas pessoais (Bleuler, 1985, p. 1). 
PSICOPATOLOGIA MÉDICA E PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL – Na concepção 
médica o estudo se volta para o corpo humano, na biologia do ser, como ser universal. 
Então o sofrimento mental é descrito como desajuste, transtorno, alteração no cérebro 
ou parte dele, o sistema biológico. 
Na concepção existencial, a percepção do paciente é em sua vivência individual, 
única, como um ser natural e biológico, na sua extensão fundamental, ser 
substancialmente histórico e humano. Nessa concepção a construção do ser se dá 
através de suas vivências sociais, singulares, que são determinantes para sua 
construção pessoal. Aqui o sofrimento mental tem sua causa tanto no desajuste 
psicológico quanto biológico, significando a singularidade de cada ser que se constrói 
em grande parte de maneira dolorosa. 
PSICOPATOLOGIA COMPORTAMENTAL/COGNITIVISTA E PSICOPATOLOGIA 
PSICANALÍTICA – Sob o olhar comportamental, o indivíduo é percebido como um 
complexo com comportamentos perceptíveis, passível de dimensionar, controlados 
por impulsos peculiares e comuns, como também pelas consequências inerentes aos 
comportamentos. O comportamento se fundamenta em determinados preceitos e 
motivadores do conhecimento. Não separada do olhar comportamental, a concepção 
cognitiva, focaliza nas abstrações cognitivas singular de cada pessoa. As abstrações 
são fundamentais para desenvolvimento mental, seja ele são ou doentio. As 
manifestações dos sinais procedem de comportamentos e abstrações 
desequilibrados, assimilados e ampliados a partir das vivências social e familiar. Já a 
concepção psicanalítica vê o indivíduo como um ser determinado por vários fatores, 
comandado por energias, vontades, confrontos internos, inconscientes. Nessa 
perspectiva os afetos têm relevância, pois seriam eles que controlam a psique. O 
autocontrole, a coerência, autonomia aqui é um devaneio para o ser humano. 
 
 
8 
 
PSICOPATOLOGIA CATEGORIAL E PSICOPATOLOGIA DIMENSIONAL – A linha 
de estudos categorial classifica as doenças mentais, descrições específicas, 
particularizadas, muito bem delimitados, com caráter biológico, da qual o 
reconhecimento rigoroso, estabelece um dos papéis da psicopatologia. Deste modo 
as patologias são identificadas em sua natureza básica, pois nessa perspectiva há a 
distinção clara das mesmas. 
Paralelo ao estudo categorial, tem a linha de estudo dimensional, que se aproxima 
mais à rotina da clínica. Nessa perspectiva as patologias são dimensionadas por 
exemplo a esquizofrenia tem formas mais ou menos deteriorantes, com 
sintomas/comprometimentos leves à graves. Nesse sentido podemos exemplificar as 
extremidades dimensionais em psicopatologia como: depressão moderada, bipolar ou 
grave, transtornos afetivos menores, esquizofrenia benigna ou deficitária. 
 
PSICOPATOLOGIA BIOLÓGICA E PSICOPATOLOGIA SOCIOCULTURAL – A 
perspectiva biológica se volta para os aspectos neurofisiológicos, cerebrais das 
doenças mentais. Nesse viés, o todo transtorno mental ocorre devido alterações nos 
mecanismos neurais e de áreas específicas, no funcionamento cerebral. O psiquiatra 
Griesinger (1997) sintetiza essa concepção “[...] doenças mentais devem ser vistas 
como afecções do cérebro”. Já na perspectiva sociocultural os transtornos mentais 
são entendidos como condutas divergentes, que se manifestam em resposta a 
condições socioculturais, tais como migração, pobreza, discriminação, estresse 
ocupacional entre outros. Analisados sob o olhar de seu cenário sociocultural, 
histórico e simbólico. Os transtornos e sintomas são significados de acordo com os 
valores e normas culturais eminentes, sendo passíveis de estudos, uma vez que a 
cultura é fator substancial na delimitação entre o normal e patológico, desde o 
estabelecer de um transtorno à terapêutica que trata destes. 
 
PSICOPATOLOGIA OPERACIONALPRAGMÁTICA E PSICOPATOLOGIA 
FUNDAMENTAL – A atuação operacional-pragmática, delineia os sintomas e 
transtornos de modo eventual, de acordo com seu aproveitamentoprático, direcionado 
à produção de estudos. Nesse olhar, a essência das doenças e sintomas e seu 
embasamento não são relevantes. Em contrapartida a concepção da psicopatologia 
 
9 
 
fundamental, concentra-se no embasamento teórico e histórico de toda definição 
patológica, que realça a ideia de doença mental como suplício, indiferença, paixão. 
Tais divisões denotadas expõe a diversidade conceitual assim como 
aplicabilidade prática das abordagens. Percepções que agregam de modo imparcial 
são mais interessantes, pois sobressaem às divisões dos aspectos ambientais e 
biológicos. 
 
2 O NORMAL E O PATOLÓGICO 
 
Fonte: encrypted-tbn2.gstatic.com 
Para Almeida Filho (2000), o conceito de saúde e de normalidade em 
psicopatologia é questão de grande controvérsia, sendo fundamental o 
questionamento permanente e aprofundado sobre o que seriam o normal e o 
patológico. 
Determinar o que é normal ou patológico não é tarefa fácil, pois tal definição se 
relaciona ao que é desejável ou não, aprazível ou não, e mesmo que de modo implícito 
tendo a rotular a pessoa como normal ou anormal. Ademais, a conduta e a condição 
mental dos indivíduos são aspectos relevantes, inerentes aos propósitos humanos, 
que não permanece inerte no cuidado para com os sentimentos, condição mental e 
comportamento alheio. 
 
10 
 
Como afirma Dalgalarrondo (2019), classificar de normal/anormal ou 
patológico/saudável alguém cuja orientação do desejo erótico é homossexual ou cuja 
identidade de gênero é de transgênero afeta marcadamente milhares de pessoas 
reais, para as quais essas definições interferem diretamente em suas vidas. Assim, o 
debate sobre normalidade em psicopatologia é um debate vivo, intenso, interessado, 
repleto de valores (explícitos ou não), com conotações políticas e filosóficas (explícitas 
ou não) e conceitos que implicam o modo como milhares de pessoas serão situadas 
em suas vidas na sociedade. 
Casos onde o comprometimento mental é grave, produzindo distúrbios 
intensos, bem como psicose grave, demência profunda, delimitar entre o saudável e 
patológico é menos complexo. Todavia, em casos onde os sintomas/sinais são mais 
leves, e casos onde a definição é complexa, a definição entre saudável e patológico 
se torna delicado. 
O conceito de normalidade em psicopatologia também implica a própria 
definição do que é saúde e doença/transtorno mental. Os próprios termos 
levantam discussão. No século XIX, usava-se o termo “alienação”, oriundo do 
direito; no século XX, passou-se a usar o termo “doença mental”; e, nas 
últimas décadas, com os sistemas diagnósticos Classificação internacional 
de doenças e problemas relacionados à saúde (CID) e Manual diagnóstico e 
estatístico de transtornos mentais (DSM) ganhando protagonismo, passou-se 
a usar o termo “transtorno mental”. (Dalgalarrondo, 2019) 
Sobre a normalidade, Canguilhem (1978) diz, há vários e distintos critérios de 
normalidade e anormalidade em medicina e psicopatologia. A adoção de um ou outro 
depende, entre outras coisas, de opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas do 
profissional ou da instituição em que ocorre a atenção à saúde. Entre os critérios 
basilares acerca da normalidade aplicados na psicopatologia, podemos destacar: 
normalidade como ausência de doença, onde a ausência de sinais e sintomas é 
sinônimo de saúde, sendo este um critério muito precário por se embasar na negativa 
dos sintomas para determinar a normalidade, conforme cita LERICHE (1936), “a 
saúde é a vida no silêncio dos órgãos”; normalidade ideal, cria-se hipoteticamente um 
ideal que se constitui na sociedade, que dependerá dos aspectos ideológicos, 
dogmáticos, socioculturais de cada sociedade; normalidade estatística, este quantifica 
os fenômenos, sua ocorrência e regularidade, delimita-os na população, sendo 
também um critério falho, pois a frequência não significa que é saudável; normalidade 
como bem-estar, critério disposto pela Organização Mundial da Saúde e, 1946, 
 
11 
 
caracterizando a normalidade como bem-estar físico, mental e social, por ser muito 
amplo poucas pessoas se adequariam; normalidade funcional, relaciona-se a 
questões funcionais, onde patológico é quando o fenômeno é disfuncional, 
desestruturado causando dor, sofrimento ao indivíduo ou para os que estão ao seu 
redor; normalidade como processo, ressalta-se questões dinâmicas da evolução 
psicossocial, suas alterações ao longo do tempo, sua concepção é de grande utilidade 
quando se refere à psicopatologia clínica de crianças, adolescentes e idosos; 
normalidade subjetiva, a concepção subjetiva do indivíduo tem maior relevância no 
tocante a sua condição de saúde, tal critério deixa lacunas o sentir-se feliz ou 
saudável, pode estar presentes em muitas pessoas, inclusive em situação de fase 
maníaca do transtorno bipolar; normalidade como liberdade, onde a ausência, perda 
da liberdade de viver, existir é caracterizado como doença mental, como afirma Henry 
Ey (2008),[...] as enfermidades físicas são ameaças à vida, as enfermidades mentais 
são ataques à liberdade. [...] no transtorno mental [...] o processo mórbido travando, 
bloqueando, dissolvendo a atividade psíquica, diminui a liberdade e responsabilidade 
do paciente mental; normalidade operacional, tal critério é parcial, com desígnios 
objetivos e claros, ao determinar o que é normal e patológico, empenha-se 
funcionalmente acerca do conceito. 
Diante do exposto, percebe-se a variabilidade dos critérios de normalidade bem 
como sua aplicabilidade, que dependerá da orientação teórica do profissional ou 
instituição, não descartando a possibilidade da aplicação de diversos critérios. 
Contudo uma conduta de análise, atenta do profissional é necessária. 
 
3 O DIAGNÓSTICO EM SAÚDE MENTAL 
Para o diagnóstico em saúde mental, faz-se necessário seguir alguns princípios 
das ciências médicas, que também apresentam questões singulares, como destaca 
Dalgalarrondo (2019): 
O diagnóstico de um transtorno psiquiátrico é quase sempre baseado 
preponderantemente nos dados clínicos. É importante ressaltar, entretanto, que os 
exames complementares (semiotécnica armada) não substituem o essencial do 
 
12 
 
diagnóstico psicopatológico: uma história clínica bem colhida e um exame do estado 
mental minucioso, ambos interpretados com habilidade; o diagnóstico 
psicopatológico, com exceção dos quadros psico-orgânicos (delirium, demências, 
síndromes focais, etc.), de modo geral, não é baseado em mecanismos etiológicos 
supostos pelo avaliador. Baseia-se principalmente no perfil de sinais e sintomas 
apresentados pelo paciente na história do transtorno, desde que surgiu até o momento 
atual da avaliação. De modo geral, não existem sinais ou sintomas psicopatológicos 
específicos de determinado transtorno mental; O diagnóstico psicopatológico é, em 
inúmeros casos, apenas possível com a observação do curso do transtorno. Dessa 
forma, o padrão evolutivo de determinado quadro clínico obriga o psicopatólogo a 
repensar e refazer continuamente seu diagnóstico. Uma das funções do diagnóstico 
em medicina é prever e prognosticar a evolução e o desfecho da doença (o 
diagnóstico deveria indicar o prognóstico). Ressaltou o psiquiatra brasileiro Leme 
Lopes (1954), o diagnóstico psiquiátrico deve ser sempre pluridimensional. Várias 
dimensões clínicas e psicossociais devem ser incluídas para uma formulação 
diagnóstica completa: identifica-se um transtorno mental como a esquizofrenia, a 
depressão, a dependência de álcool, etc., diagnosticam-se condições ou doenças ou 
condições físicas associadas (hipertensão, cirrose hepática, obesidade, etc.) e 
avaliam-se a personalidade e o nível intelectual desse paciente, sua rede de apoio 
social, além de fatores ambientais protetores ou desencadeantes; Confiabilidade e 
validade do diagnóstico em psicopatologia, a confiabilidade de um procedimento 
diagnóstico (técnica de entrevista padronizada,escala, teste, diferentes 
entrevistadores, etc.) diz respeito a sua capacidade de produzir, em relação a um 
mesmo indivíduo ou para pacientes de um mesmo grupo diagnóstico, em 
circunstâncias diversas, o mesmo diagnóstico. Ao mudar diferentes aspectos do 
processo de avaliação (avaliador ou momento de avaliação), o resultado final 
permanece o mesmo. Assim, quando a avaliação é feita por examinadores distintos 
ou em diferentes momentos, obtém-se o mesmo diagnóstico. Tem-se um indicador de 
reprodutibilidade do diagnóstico. 
 
13 
 
3.1 Avaliação Psicopatológica 
A avaliação dos pacientes em psicopatologia é realizada principalmente através 
de entrevistas. Esta não deve ser considerada superficial, apenas um questionar o 
paciente sobre determinados aspectos da vida. Na verdade, além da observação 
cuidadosa dos indivíduos, é também a principal ferramenta de conhecimento da 
psicopatologia. Por intermédio da entrevista feita com habilidades e estratégias, os 
profissionais podem obter valiosas informações clínicas diagnósticas, compreender a 
dinâmica emocional do paciente e, mais relevante, pragmaticamente, para as 
intervenções e planos de tratamento mais adequados. 
A prática profissional em saúde mental tem como pilares essenciais, atingir 
compreensão significativa do atendimento ao paciente, e nesse momento conduzir de 
maneira proficiente e produtiva. Os elementos centrais da avaliação na entrevista 
psicopatológica são a anamnese e exame psíquico. Inclui-se também a avaliação 
física, avaliação neurológica, avaliação psicológica (psicodiagnóstico), exames 
complementares. 
O método e a aptidão em desenvolver entrevistas são características 
essenciais e imprescindível do especialista da saúde mental em particular. Essa 
aptidão pode ser desenvolvida ou ser característica do perfil do especialista, de sua 
percepção das relações interpessoais, sendo neste caso instintiva. 
Em primeiro lugar, pode-se dizer que as habilidades do entrevistador são 
reveladas pelas perguntas que faz, pelas perguntas que evita e quando e como falar 
ou apenas pela decisão de calar-se. Uma particularidade essencial dos 
entrevistadores é a aptidão de estabelecer uma relação empática e tecnicamente útil 
com a prática clínica. O profissional deve ser capaz de acolher a dor do paciente, 
propiciar uma escuta qualificada, ouvindo suas dificuldades e características. Além de 
serenidade e respeito, os profissionais também precisam de certo temperamento e 
habilidade para instituir limites para os pacientes ofensivos ou severos, a fim de se 
proteger e garantir o contexto da entrevista. A entrevista bem desenvolvida dependerá 
do “felling” do profissional em discernir o momento em que se faz necessário ouvir o 
paciente com tranquilidade e atenção do momento em que sua intervenção e 
participação são mais significantes. 
 
14 
 
A primeira entrevista bem estruturada e elaborada é primordial para um bom 
desenvolver do tratamento, proporciona ao paciente segurança, alívio, confiança, do 
contrário onde a estruturação não existe, havendo desencontros, causando 
sentimentos de hostilidade no paciente, tende ao afastamento do tratamento. 
Dalgalarrondo (2019) destaca, logo no início, o olhar e, com ele, toda a comunicação 
não verbal já têm sua importância: é o centro da comunicação, que inclui toda a carga 
emocional do ver e ser visto, do gesto, da postura, das vestimentas, do modo de sorrir 
ou expressar sofrimento. 
“A primeira impressão tem o seu valor próprio e dificilmente poderá ser 
recapturada em ocasiões posteriores [...] com maior frequência, essa 
impressão é correta, mesmo que desapareça aos poucos ou passe a ser 
considerada como enganosa, quando a atenção estiver voltada para os 
detalhes, as ideias e as informações fornecidas pelo paciente”. Mayer-Gross, 
Slater e Roth (1976). 
 
 
4 AS FUNÇÕES MENTAIS 
 
Fonte: super.abril.com.br 
Embora se perceba basilar a análise minuciosa das funções mentais 
estremadas tal como suas variações, importante salientar que a disjunção da atividade 
mental e da vida em diversos planos ou funções psíquicas mostra-se um movimento 
 
15 
 
por demais ilusório. Tal disjunção refere-se somente ao procedimento de interpretação 
da vida mental, demonstrando-se prestadio por um lado propiciando análise minuciosa 
de certas questões da vida psíquica (normal e patológica), porém perigoso, por tender 
a equívocos e reducionismo indevido, fomentando a crença na autonomia de tais 
fenômenos. O exercício clínico leva a presumir que a afetividade, memória, a vontade, 
a consciência sejam esferas autônomas e naturais, independentes. 
Nesse sentido Dalgalarrondo (2019) pontua, deixa-se de lembrar o que elas 
realmente são, isto é, construtos aproximativos da psicologia e da psicopatologia que 
permitem uma comunicação mais fácil e um melhor entendimento dos fatos. Que fique 
claro: não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas 
compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa na sua totalidade 
que adoece. 
Na doença mental, discorre-se não somente sobre as séries dos sintomas que 
se manifestam com frequência expondo sua origem. Sendo tais sintomas, 
componentes da doença mental, conectados e dispostos entre si. A divisão de 
qualquer psicopatologia se torna perigoso para o diagnóstico. 
Em um ato psíquico, apenas pode ocorrer uma separação teórica, não uma 
separação real, entre as distintas qualidades psíquicas de que se trata. [...] 
na observação e descrição do mundo das manifestações psíquicas e 
psicopatológicas tendemos, de há muito, à fragmentação: descrevemos 
funções psíquicas singulares (como a sensação, a percepção, a atenção, a 
memória, o pensamento, o juízo). [...] se reunirmos estes fragmentos, ficamos 
com a impressão de que a vida psíquica pode ser compreendida como um 
mosaico, a partir de uma soma de manifestações isoladas. Esta impressão, 
não obstante, não corresponde à realidade. [...] cada função parcial na vida 
psíquica e cada aspecto da realidade psíquica só existem em vinculação 
estreita com toda a vida e com a realidade psíquica total. (Eugen Bleuler 
1985, p. 16) 
4.1 Transtornos Mentais 
De acordo com Ferreira (1999), transtorno tem por característica um 
comportamento que exprime contrariedade, decepção, marcadas por atitudes que 
revelam desarranjo ou desordem neurológica. Em alguns casos, o termo pode referir-
se também a qualquer perturbação da saúde. 
Transtornos mentais (ou doenças mentais, transtornos psiquiátricos ou 
psíquicos, entre outras nomenclaturas) são condições de anormalidade, sofrimento 
ou comprometimento de ordem psicológica, mental ou cognitiva. Em geral, um 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Decep%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Neurologia
 
16 
 
transtorno representa um significativo impacto na vida do paciente, provocando 
sintomas como desconforto emocional, distúrbio de conduta e enfraquecimento da 
memória. 
Dentre os fatores causadores, a genética, a química cerebral (problemas 
hormonais ou uso de substâncias tóxicas que afetam o cérebro) e o estilo de vida são 
tidos como os principais desencadeadores dos diversos transtornos existentes. 
Doenças em outras partes do corpo podem afetar a mente, e inversamente, 
transtornos ou doenças mentais podem também desencadear outras doenças pelo 
corpo, produzindo sintomas somáticos. 
Uma doença ou transtorno mental pode ser cuidado por meio de intervenção 
medicamentosa, ou diversas formas de psicoterapia. O diagnóstico envolve o exame 
do estado mental e seu histórico clínico, podendo também ser utilizados testes 
psicológicos, exames neurológicos, de imagem e exames físicos. 
4.2 Manifestação dos sintomas e transtornos mentais 
Importante destacar a particular ligação entre histórico de vida, eventos vitais e 
propósito de vida do indivíduo. Ademais, no que refere aos sintomasquanto às 
síndromes, interessante elucidar as prováveis condições que predispõe, tais como 
fatores genéticos, vivências emocionais tanto na infância como na adolescência, 
circunstâncias precedentes de vida e precipitantes como stress, rompimentos, causas 
atuais e o aparecimento dos desarranjos mentais. É indispensável atentar a forma que 
se manifesta no decorrer da vida, a junção das condições biológicas, psicológicas e 
sociais para a incidência de sintomas, síndromes ou transtornos mentais. 
Então em psicopatologia, acredita-se que junto às condições genéticas 
(gestacional e perinatal), que antecedem o começo da vida relacional do indivíduo, 
existem as razões predisponentes. No desenvolvimento gestacional, as pessoas 
trazem junto de si uma fragilidade própria, a hereditariedade, para os diversos 
transtornos. Tais razões predisponentes se constituem com a conexão da fragilidade 
própria e as vivências iniciais, que compõem a primeira e segunda infância. 
As síndromes são grupos de sinais e sintomas que se agregam de modo regular 
e são analisados na atuação clínica diária. Esses agrupamentos regulares dos 
sintomas, são desenvolvidos por diversas razões. De acordo com Lemes Lopes 
http://www.galenoalvarenga.com.br/testes-psicologicos
http://www.galenoalvarenga.com.br/testes-psicologicos
 
17 
 
(1980), identificar síndromes é o primeiro passo no sentido de ordenar a observação 
psicopatológica dos sinais e dos sintomas dos pacientes. 
O diagnóstico sindrômico é uma prática clínica simples, porém habilidosamente 
relevante no discernimento clínico. Segundo Van Den Berg (1970) é uma indicação 
preciosa para o diagnóstico. Desse modo, o discernimento clínico se desenvolve 
progressivamente no decorrer das avaliações iniciais, promovendo um entendimento 
mais intenso acerca do paciente e seu desarranjo mental. 
Para Dalgalarrondo (2019), é interessante e mais útil que os transtornos sejam 
definidos segundo sistemas internacionais de diagnóstico e classificação, 
estabelecidos por grupos de pesquisadores e profissionais experientes (como DSM-5 
e CID-11), com vocabulário e construtos compreendidos e utilizados de forma estável 
pelos profissionais e pesquisadores, visto que, dessa forma, o conhecimento pode 
progredir no mundo todo, de modo mais rápido e fecundo. 
Em muitas situações clínicas, por dispor-se de pouca informação sobre o 
paciente, pela dificuldade intrínseca do caso ou pela insuficiência de 
conhecimento científico, faz-se necessário utilizar e se contentar 
provisoriamente com o diagnóstico sindrômico (Eisenberg, 1993). 
 
5 SÍNDROMES DEPRESSIVAS 
Na perspectiva da psicopatologia, as síndromes depressivas apresentam como 
características relevantes o humor triste, o desânimo, relativamente acentuado. Na 
depressão, a tristeza e o desânimo são, desmedidamente profundos e prologados 
comparados às reações corriqueiras de tristeza que se manifestam no decurso da 
vida. Os quadros depressivos caracterizam-se por uma multiplicidade de sintomas 
afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à 
autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. (Dalgalarrondo,2019). 
Em quadros graves de depressão, é passível de se manifestarem sintomas 
psicóticos, como alucinação ou delírio, notável mudança psicomotora (lentidão), como 
também fatos biológicos associados. 
Dos sintomas característicos das síndromes depressivas podemos citar 
conforme Dalgalarrondo (2019): 
 
18 
 
Tristeza, sentimento de melancolia, na maior parte do dia, todos ou quase todos 
os dias; 
Choro fácil e/ou frequente Apatia (indiferença afetiva) na maior parte do dia, 
todos ou quase todos os dias; 
Sentimento de falta de sentimento 
Sentimento de tédio, de aborrecimento crônico Irritabilidade aumentada (a 
ruídos, pessoas, vozes, etc.), na maior parte do dia, todos ou quase todos os dias; 
Também se manifestam comumente a angústia, ansiedade, o desespero e a 
desesperança, entre outros agrupamentos de sinais e sintomas como alterações da 
volição e da psicomotricidade, alterações ideativas, alterações da esfera instintiva e 
neurovegetativa, alterações da autovaloração, alterações cognitivas, sintomas 
psicóticos. 
Sobres as síndromes depressivas, vale ressaltar que são distribuídas em 
subtipos, sendo eles – Episódio de depressão e transtorno depressivo maior 
recorrente; Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico; Depressão 
atípica; Depressão tipo melancólica ou endógena; Depressão psicótica; Estupor 
depressivo ou depressão catatônica; Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos 
proeminentes e transtorno misto de depressão e ansiedade; Depressão unipolar ou 
depressão bipolar Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual; Depressão 
mista; Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição médica 
(incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento). 
 
 
19 
 
6 SÍNDROMES MANÍACAS E TRANSTORNO BIPOLAR 
 
Fonte: www.minutopsicologia.com.br 
Belmaker, (2004) destaca que, a base da síndrome maníaca são sintomas de 
euforia, alegria exacerbada, elação (expansão do Eu), grandiosidade ou irritabilidade 
marcante, desproporcionais aos fatos da vida e distintos do estado comum de alegria 
ou entusiasmo que o indivíduo sadio apresenta em sua vida. 
Nos quadros maníacos, frequentemente se nota o taquipsiquismo (aceleração 
das funções psíquicas), ocasionando agitação psicomotora, loquacidade e pressão 
para falar, exaltação, bem como aceleração do pensamento e escape das ideias. Para 
o diagnóstico, o quadro deve permanecer por pelo menos uma semana, no entanto a 
média de permanência do episódio maníaco gira em torno de três meses. 
Geralmente o indivíduo em estado maníaco, demonstra-se eufórico, alegre, 
brincalhão, como também arrogante, irritado e por vezes agressivo. As alterações 
ocorrem também na área ideativa, com pensamentos de conteúdo de grandiosidade, 
imprecisão, alegria, sendo imprudente e aparente. De acordo com Binswanger (1973) 
na mania “o paciente fala mais do que pensa”. 
Dalgalarrondo (2019) pontua que, o manual diagnóstico e estatístico de 
transtornos mentais (DSM-5) exige, para o diagnóstico de episódio maníaco, que 
estejam presentes, na maior parte do dia, por pelo menos uma semana (geralmente 
duram bem mais que isso), além de humor elevado (euforia, elação), pelo menos mais 
três dos sintomas de mania (quatro, se o humor for apenas irritável). 
 
20 
 
Sobre os sintomas de mania podemos citar: aumento da autoestima, 
diminuição da necessidade de sono, loquacidade, logorreia, pressão para falar, 
alterações formais do pensamento, distraibilidade, aumento de atividade ou agitação 
psicomotora, envolvimento excessivo em atividades potencialmente perigosas ou 
danosas, labilidade afetiva, agitação psicomotora, arrogância, heteroagressividade., 
desinibição social e sexual, grandiosidade, ideias de grandeza não psicóticas, 
confusão, irritabilidade, euforia, expansibilidade (sensação do eu engrandecido, 
elação), redução da necessidade de sono, comportamentos de ataque ou 
comportamentos violentos, hiper-religiosidade (aumento de atividades religiosas, 
pregação, canto de hinos, etc.), catatonia, incontinência fecal e/ou sujidade 
(comportamento de urinar ou defecar em qualquer lugar). 
Dos sintomas psicóticos no episódio de mania podemos citar: delírio de 
grandeza, delírio de perseguição, delírio de passividade, alucinações auditivas, 
alucinações visuais, alucinações olfativas, história de sintomas psicóticos no passado, 
transtornos do pensamento. 
As síndromes maníacas são descritas nos subtipos – mania franca ou grave, 
mania irritada ou disfórica, mania com sintomas psicóticos, mania mista ou mania com 
características mistas, hipomania (ou episódio hipomaníaco), ciclotimia ou transtorno 
ciclotímico. 
O transtorno bipolar tem caráter fásico (episódios), possui vários tipos. Tantoos episódios de mania e depressão acontecem de forma um tanto quanto definida no 
tempo, com certa frequência, com períodos atenuados, onde o humor da pessoa fica 
normal, eutímico, com o regresso das modificações psicopatológicas intensas. 
Mesmo com a probabilidade de períodos de melhora quase completa, o 
transtorno bipolar é um transtorno mental grave, com consequências significativas no 
que tange a decadência na qualidade de vida, na performance e interação social dos 
indivíduos acometidos, como também dano neuropsicológico e propensão a doenças 
físicas e suicídio. A probabilidade de suicídio é intensificada em indivíduos que 
manifestam episódios mistos, aumento dos sintomas ansiosos e mudança súbita dos 
episódios, geralmente no início do transtorno bipolar, que não recebem tratamento 
adequado. Em casos de comorbidades com transtornos de personalidade ou uso de 
substâncias ilícitas (drogas) a probabilidade é ainda maior. 
 
21 
 
Então o transtorno bipolar é caracterizado como do tipo I e II e ciclagem rápida. 
Sendo que no tipo I, pode-se dizer mais leve, apresenta os episódios depressivos 
alternados com período normal e ao menos uma fase maníaca, já no tipo II apresenta 
episódios depressivos com fases hipomaníacas. No caso do transtorno bipolar I e II, 
os sintomas característicos da fase maníaca são: autoestima elevada ou 
grandiosidade muito falante, loquaz ou logorreico, fuga de ideias distraibilidade, queda 
da necessidade de sono, aceleração psicomotora, desinibição social e/ou sexual ou 
aumento do gasto de dinheiro, aumento envolvimento em atividades prazerosas de 
risco. Para o diagnóstico é preciso identificar humor anormal elevado, expansivo ou 
irritável e com ao mais três dos sintomas supracitados, com duração mínima de uma 
semana. 
De acordo com Dalgalarrondo (2019) o episódio hipomaníaco, deve se 
apresentar por pelo menos quatro dias, haver três ou mais sintomas bem demarcados 
de humor persistentemente elevado, irritado ou expansivo. Não pode haver sintomas 
psicóticos, assinala que os sintomas não perturbam claramente o funcionamento 
profissional ou social, e não há necessidade de hospitalização. 
No transtorno bipolar tipo ciclagem rápida, caracterizado pela alteração súbita 
de episódio, em seu diagnóstico é necessário que seja observado no período de dozes 
meses a manifestação ao menos quatro episódios bem definidos e distintos de 
transtorno do humor, mania (ou hipomania) e/ou depressão. 
Embora seja um tema polêmico e centro de muita discussão, o transtorno 
bipolar pode acometer crianças e adolescentes. Nesse caso para o diagnóstico de 
episódio de mania antes da adolescência, a identificação de sintomas como 
grandiosidade, fuga de ideias ou pensamento acelerado, hipersexualidade, euforia, 
diminuição da necessidade de sono é um requisito. Estudioso ampliam esses 
sintomas, defendendo que a irritabilidade, impulsividade, raiva e ataques de birra, 
concentração ruim, hiperatividade e dificuldades comportamentais são sintomas 
apresentados na infância que podem configurar o transtorno bipolar infantil, nesse 
sentido tal diagnóstico na infância se torna mais frequente. 
 
 
22 
 
7 SÍNDROMES ANSIOSAS 
 
Fonte: www.galenoalvarenga.com.br 
 
As síndromes ansiosas têm uma incidência significante na sociedade, grande 
parte da população sofreu ou já sofreu algum transtorno de ansiedade e/ou fobia. 
Pode-se dizer que as síndromes ansiosas num primeiro momento são referenciadas 
em dois ordens, sendo ansiedade generalizada, livre e flutuante que apresentam uma 
característica permanente e constante, e as crises de ansiedade abruptas 
relativamente intensas, também chamadas crises de pânico. Quando tais crises se 
manifestam de modo recorrente, caracteriza o transtorno de pânico. 
 
7.1 Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG 
É caracterizada pela manifestação de sintomas ansiosos descomedido, estão 
presentes em grande parte do dia e permanece por muito meses. Ocasionando 
irritabilidade, ansiedade e preocupação na pessoa. O diagnóstico deve ser feito 
através da análise dos sintomas, sua duração e interferência na vida pessoal, social 
 
23 
 
e no trabalho, se está causando sofrimento na vida da pessoa. Os sintomas 
característicos da TAG são: falta do sono, dificuldade em relaxar, angústia contínua, 
irritabilidade elevada e dificuldade em concentrar-se, dores de cabeça, dores 
musculares, dores ou queimação no estômago, taquicardia, tontura, formigamento e 
sudorese fria. 
7.2 Crises de Pânico 
Como descreve Dalgalarrondo (2019), as crises de pânico são crises 
marcantes de ansiedade, nas quais ocorre importante descarga do sistema nervoso 
autônomo. Nelas ocorrem sintomas como batedeira ou taquicardia, suor frio, tremores, 
desconforto respiratório ou sensação de asfixia, náuseas, formigamentos em 
membros, dedos e/ou lábios. Nas crises intensas, os pacientes podem experimentar 
diversos graus da chamada despersonalização, que se revela como sensação de a 
cabeça ficar leve, de o corpo ficar estranho, sensação de perda do controle, estranhar-
se a si mesmo. Pode ocorrer também a desrealização, ou seja, a sensação de que o 
ambiente, antes familiar, parece estranho, diferente, não familiar. 
 
7.3 Transtorno de Pânico 
De acordo com Dalgalarrondo (2019), o transtorno de pânico é denominado 
com a manifestação de crises recorrentes, com evolução do medo de ter novas crises, 
desconfortos com prováveis consequências da crise (perda do controle, ataque 
cardíaco ou sentimento de enlouquecer) e sofrimento intrínseco relevante. Tal 
transtorno pode ou não ser manifestado junto de agorafobia, causando desconforto 
expressivo e medo de lugares extensos e agrupamentos. 
7.4 Transtorno Fóbico 
Esse transtorno é descrito por medo agudo e incoerente, desmedidos, 
ocasionados por momentos, objetos ou animais que absolutamente não apresentam 
 
24 
 
à pessoa risco real e congruente à força de tal medo. Dentre os transtornos fóbicos 
podemos citar Agorafobia, fobia simples ou específica, ansiedade social e fobia social. 
 
7.5 Transtorno de Estresse Pós-Traumático 
Caracterizado pela elevada manifestação de ansiedade que surge após a 
vivência da pessoa a uma ou mais situações excessivamente ameaçadores, 
traumáticos e horríveis (como violência sexual, rapto, assalto, homicídio, 
desabamentos, incêndios, catástrofes naturais, entre outros). O indivíduo é pego por 
lembranças recorrentes da situação vivida no trauma, normalmente essas lembranças 
trazem consigo emoções fortes (ansiedade, medo, sensações físicas). 
 
7.6 Transtorno Obsessivo Compulsivo 
São caracterizados por pensamentos, imaginação e imagens obsessivas e por 
ação, ritos ou condutas compulsivas, agindo como uma imposição sobre o indivíduo, 
fazendo-o se submeter a tal situação, como se estivesse sendo obrigado a tal ato. 
 
7.7 Transtorno Hipocondríaco 
Nesse transtorno a pessoa busca continuamente por atendimento médico e 
serviços de saúde devido ao temor de adoecer, assim ele pode “se assegurar” de não 
ter doenças. Muito embora exista o anseio de adoecer, não caracteriza 
comportamento delirante, pois em algum momento a pessoa pode questionar o 
excesso de preocupação. Constantemente comorbidades de personalidade se 
manifestam junto a este transtorno. 
 
25 
 
8 SÍNDROMES PSICÓTICAS 
 
Fonte: gilsantosnoticias.com 
As síndromes psicóticas são caracterizadas por vivências como delírios e 
alucinações, desestrutura significativa do pensamento e do comportamento. 
Sensação de perseguição ou ameaça, mudanças na vida familiar, social e pessoal, 
são situações que se manifestam com frequência nesses quadros. 
Dalgalarrondo (2019) expõe que a orientação da psiquiatria clínica, enfatiza a 
noção de psicose como presença de sintomas psicóticos (delírios, alucinações, 
desorganizações marcantes de pensamento e comportamento). Esses elementos 
clínicos são os critériosde identificação e diagnóstico de psicoses propostos pela 
CID11 e DSM-5. 
 
8.1 Esquizofrenia 
A esquizofrenia é das síndromes psicóticas com mais incidência no mundo. Nos 
primeiros estudos, a esquizofrenia era classificada com subtipos, a paranoide, 
catatônica, hebefrênica, simples, no entanto tais classificações não foram mantidas 
pelos sistemas de classificação atuais por não se demonstrarem úteis. Assim os 
estudos buscaram identificar grupos de sintomas e comportamentos que manifestam 
nas diversas faces da esquizofrenia, estes grupos de sintomas em alguns casos se 
combinam de modo variado. Os grupos de sintomas foram delimitados da seguinte 
 
26 
 
forma: sintomas negativos; positivos; de desorganização; psicomotores/catatonia; 
humor; prejuízos cognitivos. 
8.2 Transtorno Delirante 
De acordo Dalgalarrondo (2019), o transtorno delirante é uma forma distinta de 
psicose próxima à esquizofrenia, que se caracteriza pelo surgimento e pelo 
desenvolvimento de um delírio ou sistema delirante (vários delírios de alguma forma 
interligados tematicamente) com considerável preservação da personalidade, da 
afetividade, da cognição e do resto do psiquismo do indivíduo acometido. Não deve 
haver pensamento e/ou comportamento francamente desorganizado ou sintomas 
negativos marcantes. 
O transtorno delirante, tal como descrito nos sistemas diagnósticos atuais 
(CID-11 e DSM-5), é um construto heterogêneo. Poucos casos são 
subagudos e transitórios, com remissão completa após alguns meses, e 
outros evoluem para quadros mais graves de esquizofrenia. Entre esses dois 
extremos, há pessoas com delírios persistentes, que expressam a ideia 
clássica de paranoia (Opjordsmoen, 2014). 
A ocorrência do transtorno delirante é mais comum em pessoas acima de 40 
ou 50 anos de idade e normalmente tem um percurso crônico e estável. A duração do 
delírio deve durar ao menos um mês (DSM-5) ou três meses (CID-11), podendo ser 
mais longa, durando anos. 
Há também o transtorno psicótico agudo que apresenta sintomas parecidos 
com a esquizofrenia, como o delírio e alucinação. Tem surgimento agudo bem como 
a remissão dos sintomas é também rápida. 
Dalgalarrondo (2019) alerta que, o transtorno psicótico agudo pode confundir-
se com transtorno de estresse pós-traumático ou com quadros graves e prolongados 
de transtorno dissociativo (frequentemente denominado na tradição psicopatológica 
de histeria). Transtornos ou traços de personalidade do grupo B (sobretudo 
transtornos da personalidade borderline e histriônica) e transtorno da personalidade 
esquizotípica, além de traços de personalidade do tipo “psicoticismo”, podem preceder 
ou predispor as pessoas a apresentar transtorno psicótico agudo/breve. 
 
27 
 
8.3 Transtorno Esquizoafetivo 
O transtorno esquizoafetivo é caracterizado pelo surgimento de sintomas 
requisitados para o diagnóstico de esquizofrenia em conjunto (no mesmo episódio, 
concomitantemente, ou com espaço de poucos dias entre eles) com sintomas próprios 
de um quadro de depressão maior, de mania ou de episódio misto (para a CID-11, 
concomitância com duração de pelo menos um mês). 
9 SÍNDROME PSICOMOTORA 
As síndromes psicomotoras são classificadas como de agitação psicomotora e 
as de estupor e lentificação psicomotora. Compreender essas síndromes é muito 
importante para a atuação clínica em psiquiatria e atendimentos à saúde mental. 
9.1 Síndrome de Agitação Psicomotora 
Nas síndromes de agitação psicomotoras, é percebida intensa aceleramento 
da esfera motora e elevação da excitabilidade; ademais, o paciente se apresenta 
desinquieto, andando de um lado para outro, gesticulando, expressando contínua 
inquietação. Podem estar relacionados à agitação psicomotora sintomas como 
loquacidade ou logorreia, insônia, irritabilidade, hostilidade e agressividade. 
A agitação psicomotora é classificada por subtipos como, agitação maníaca, 
paranoide, catatônica, psico-orgânica, nas demências, nos quadros de deficiência 
intelectual, explosiva associada a transtorno da personalidade, histriônica, ansiosa. 
Na agitação maníaca pode-se identificar agitação psicomotora intensa, 
logorreia, inquietude, ideia de grandeza, irritabilidade, arrogância, irritabilidade. 
Na agitação paranoide pode-se identificar ideias delirantes, desconfiança, 
estado de vigília, tensão. 
Na agitação catatônica identifica-se impulsividade, reações agressivas, 
presença de alucinação e delírio. 
Na agitação psico-orgânica identifica-se confusão mental, desorientação, 
dificuldade de compreensão das situações ao redor. Sua maior incidência é em 
situações de uso abusivo de drogas, síndromes de abstinência. 
 
28 
 
Na agitação nas demências, em pessoas acometidas por alzheimer, dentre 
outras, identifica-se muita desconfiança, medo, cognição comprometida. 
Na agitação nos quadros de deficiência intelectual, devido ao comprometimento 
cognitivo, e ter dificuldade em lidar com determinadas situações, pode manifestar 
choro, grito, birra, agressividade num momento de agitação. 
Na agitação explosiva associada a transtorno da personalidade, pessoas 
acometidas por tais transtornos tem propensão a reagir a frustrações, de maneira 
agressiva e explosiva. Essa agitação pode surgir subitamente e sumir quando a 
pessoa consegue o que deseja. 
Na agitação histriônica tem por característica um comportamento de chamar a 
atenção, teatral, a pessoa se demonstra escandalosa, buscando ser o centro das 
atenções. 
Na agitação ansiosa, pessoas com quadros elevados de ansiedade 
apresentam inquietude, tensão nas mãos, ato de roer unhas, profunda angústia. 
Devido a ansiedade intensa há o risco de suicídio. 
9.2 Síndromes de Estupor 
De acordo com Rasmussen et. al. (2016) as síndromes de estupor incluem 
quadros de diferentes etiologias, com retardo psicomotor em graus variáveis e 
ausência de reatividade com preservação de consciência. Definida pela inabilidade ou 
negativa das pessoas em responder, reagir ou conduzir-se conforme exigências do 
ambiente. Frequentemente a pessoa apresenta mutismo, se limitando à sua cama ou 
a uma cadeira, sem interação social, não se alimenta. Tal comportamento é 
involuntário, a pessoa não escolhe agir assim. 
Dalgalarrondo (2019) expõe que existem quatro subtipos de estupor, 
relacionados a quadros nosológicos específicos ou distintos mecanismos produtores: 
estupor depressivo, estupor na esquizofrenia, estupor psicogênico e estupor orgânico. 
9.3 Síndrome de Comportamento Disruptivos na Infância e Adolescência 
Tem maior presença na infância e adolescência, se associa ao autocontrole do 
comportamento e das emoções. A presença desse transtorno traz dificuldades com o 
 
29 
 
controle emocional, potencializa condutas agressivas que infringem direitos de outros, 
atos destrutivos consigo e como os outros, causando atritos com regras sociais. 
9.4 Transtorno disruptivos da desregulação do humor 
Tem por característica principal a irritabilidade crônica grave. Seu diagnóstico 
geralmente é realizado antes dos dez anos de idade, no entanto não pode ser feito 
em crianças menores de seis meses. Os sintomas manifestados neste transtorno são 
explosão de raiva, humor constante irritável e zangado, podem surgir em diferentes 
ambientes. 
9.5 Transtorno de Oposição Desafiante 
A respeito desse transtorno, Dalgalarrondo (2019) fala que nessa condição, 
observa-se, em crianças e adolescentes, humor de base irritável ou raivoso, assim 
como comportamento frequentemente desafiante ou questionador e índole vingativa. 
E complementa, o comportamento desafiante e/ou questionador revela frequente 
questionamento de figuras de autoridade (pais, professores, pessoas adultas com 
papel de educador ou disciplinar), recusa a obedecer a regras ou pedidos de tais 
figuras e atitude desafiadora dirigida a tais pessoas. Crianças com o transtorno com 
frequência culpam outros por seus erros ou mau comportamentoe incomodam 
deliberadamente as demais pessoas. 
Crianças com esse transtorno apresentam humor raivoso, se incomodam com 
facilidade e com frequência perdem a calma. 
9.6 Transtorno da Conduta 
Também chamado de transtorno dissocial de conduta, é definido por condutas 
violentas que violam normas (leis, regras, direitos alheios), de modo recorrente e 
resistente. Para seu diagnóstico é necessário a presença desses comportamentos 
num período mínimo de um ano. 
 
30 
 
9.7 Transtorno Explosivo Intermitente 
Caracterizado por explosões comportamentais regular, a criança ou 
adolescente não consegue conter os impulsos de agressividade, acarretando em 
verbalização agressiva com xingamentos, discussões violentas, agressividade física 
(com pessoas ou animais), podendo também quebrar objetos. 
A dimensão da agressividade expressa durante as explosões é claramente desproporcional em 
relação às provocações ou aos estressores psicossociais desencadeantes. Deve-se atentar aqui para 
o fato de as explosões de agressividade não poderem ser premeditadas, não terem objetivos de atingir 
a um fim predeterminado tangível (obter dinheiro, intimidar os outros ou obter mais poder). São 
explosões impulsivas, e não instrumentais para obter ganhos desejados. (Dalgalarrondo, 2019) 
10 TRANSTORNOS ALIMENTARES 
Gerbasi et al. (2014) enfatiza que a conduta alimentar é motivada pelas 
sensações básicas de fome, sede e saciedade. Estas são geradas, controladas e 
monitoradas por diversas áreas do organismo: o hipotálamo (centro da saciedade) e 
várias estruturas límbicas e corticais, mediadas por substâncias como a insulina, a 
leptina e a grelina. Além disso, mudanças sociais e culturais relacionadas ao padrão 
de beleza, sobretudo feminina (beleza magra), têm tido impacto internacional sobre a 
prevalência e o curso das síndromes de comportamento alimentar, que têm 
aumentado em muitas regiões do mundo. 
 
31 
 
10.1 Anorexia Nervosa 
 
Fonte: encrypted-tbn3.gstatic.com 
É definida pela presença de baixo peso relacionado ao peso ideal por 
consequência da redução de alimentação necessária, a pessoa não se alimenta, 
provoca vômitos, faz uso de laxantes, diuréticos e anorexígenos, levando a perda de 
peso autoinduzida. Existindo um empenho infindável de emagrecer por medo 
exagerado e doentio de ficar ou parecer gordo. 
Há busca implacável de magreza e medo intenso e mórbido de parecer ou ficar 
gorda, trazendo outras complicações para a saúde. Ela apresenta dois subtipos, o tipo 
restritivo e o tipo compulsão alimentar purgativa. 
 
32 
 
10.2 Bulimia Nervosa 
 
Fonte: www.infoescola.com 
 
A bulimia nervosa para Mehler (2003) é descrita por preocupação excessiva 
com controle do peso corporal, que leva o paciente a tomar medidas extremas, como 
vômitos autoinduzidos, purgação, enemas e diuréticos, a fim de mitigar os efeitos do 
aumento de peso decorrente da ingestão de alimentos. A pessoa acometida por esse 
transtorno apresenta medo resistente de comer e a vontade de se alimentar, 
propiciando episódio de hiperfagia, os constantes de “ataques à geladeira”. Pessoas 
acometidas por este transtorno normalmente é negam tal prática quando 
questionadas por profissional da saúde. É dividido em níveis de gravidade, sendo leve, 
moderada, grave e extrema. 
O transtorno de compulsão alimentar tem por característica, a pessoa 
manifesta o ato de comer compulsivamente, tem o sentimento que perdeu o controle 
em comer, sofre rejeita seus comportamentos, sente culpa, mas nesse caso não 
apresenta comportamentos purgativos. 
No transtorno de ruminação há a presença de conduta recorrente e proposital 
de regurgitar o alimento engolido. 
 
33 
 
11 TRANSTORNO DEVIDO AO USO DE SUBSTÂNCIAS E COMPORTAMENTOS 
ADITIVOS 
 
Fonte: www.adesg.net.br 
 
Substâncias como cafeína, tabaco, álcool, cocaína, maconha, crack, opioides, 
alucinógenos, anfetamínicos, sedativos, inalantes, hipnóticos e ansiolíticos agem 
sobre o cérebro, proporcionam sensação de prazer ou excitação (ativando o sistema 
de recompensa do cérebro). Gardner (2011) destaca que as principais estruturas 
desses circuitos são o nucleus accumbens (NAc), a área tegmental ventral e a 
amígdala, e o principal neurotransmissor envolvido é a dopamina. 
Há uma tendência maior das pessoas com transtornos mentais graves em 
desenvolver dependência à essas substâncias. 
Dalgalarrondo (2019) cita que segundo a Classificação internacional de 
doenças e problemas relacionados à saúde (CID-11), os transtornos devidos a 
substâncias são ordenados em categoria única, para cada tipo de substância (álcool, 
cocaína, maconha, etc.). Nessa categoria (p. ex., transtorno devido ao álcool), para 
cada tipo de problema, deve-se, quando necessário, acrescentar os especificadores 
 
34 
 
ou subtipos – por exemplo, transtorno devido ao álcool: intoxicação, dependência, 
abstinência e quadros psicopatológicos induzidos. 
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), classifica 
os transtornos associados a substâncias em dois grupos, sendo transtornos por uso 
de substâncias e transtornos induzidos por substâncias. 
Não há uma razão única que explique, para todas as pessoas, por que se 
passa a usar substâncias ou quando e por que tal uso se torna um transtorno 
destrutivo para o indivíduo e para a sociedade (Dawes et al., 2000). 
Observa-se que o começo do uso de substâncias, geralmente na adolescência, 
é associado a aspectos como a curiosidade, convivência (companheiros (as) que já 
fazem o uso), busca por aceitação pelo grupo, sentimento de pertença a uma 
subcultura, prazer em infringir normas (fazer algo ilegal), desejo de diminuição de 
sentimentos desagradáveis como ansiedade, solidão, impotência, tensão, tristeza, 
baixa autoestima. 
11.1 Transtornos por uso de substâncias 
Nessa situação, é identificado o uso constante e habitual de uma substância, 
mesmo diante dos prejuízos relevantes que o uso traz. A pessoa acometida por esse 
transtorno não consegue ter controle sobre o uso, é submetido a problemas 
psicossociais e sociais visíveis, prejuízos psicológicos e físicos, apresenta tolerância 
e abstinência. 
A pessoa apresenta sentimento de fracasso, devido às tentativas frustradas em 
cessar o uso, a fissura, que geralmente é incitada pelo ambiente de uso da substância. 
Apresenta comprometimento na responsabilidade em cumprir deveres como trabalho, 
estudos, assim como a deserção de atividades importantes da vida. Não conseguindo 
extinguir o uso mesmo com os s prejuízos em sua vida pessoal, o afastamento das 
pessoas, isolamento, bem como os prejuízos na saúde física. A tolerância à 
substância utilizada é cada vez maior, ou seja, a necessidade do aumento da 
quantidade utilizada, para obtenção do efeito esperado. Apresente também a 
abstinência, que ocorre quando o teor da substância no organismo diminui causando 
ansiedade, tremores, insônia, sudorese, os sintomas variam de acordo com a 
substância usada. 
 
35 
 
11.2 Transtornos induzidos por substâncias 
De acordo com Dalgalarrondo (2019), os transtornos induzidos são, devidos 
aos efeitos fisiológicos da substância no cérebro. Há uma relação específica entre o 
uso e a síndrome induzida. Trata-se de quadros geralmente reversíveis que podem 
durar horas ou dias, mas que não ultrapassam, de modo geral, um mês sem o uso da 
substância. Os transtornos induzidos podem ser a intoxicação, a síndrome de 
abstinência da substância, diversas psicopatologias como depressão, transtorno 
neurocognitivo, ansiedade, psicose, delirium. A intoxicação apresenta mudanças 
mentais e comportamentais, perda do grau de consciência, confusão da atenção, do 
pensamento, da percepção, do julgamento, da psicomotricidade, agressividade, 
provocados pelo consumo intenso de uma substância. 
 
11.3 Transtornos por uso do álcool 
De acordo com a CID-11, os transtornos oriundos do uso de álcoolrepresentam 
um modelo de consequências negativas subsequente ao uso da substância, até 
mesmo intoxicação, uso arriscado, dependência, síndrome de abstinência e 
transtornos mentais induzidos pelo álcool. 
Duffy (1995) cita que é comum que o indivíduo negue terminantemente ou 
minimize que o álcool seja um problema em sua vida, que usa bebidas alcoólicas de 
forma claramente perigosa e prejudicial, que não consegue parar de beber ou que 
perdeu o controle sobre seu padrão de ingesta. O uso abusivo de álcool pode causar 
delirium tremens, alucinose alcoólica (alucinações audioverbais), delírio de ciúmes, 
embriaguez patológica. 
11.4 Transtornos por uso da maconha 
O transtorno por uso da maconha tem como fatores de risco problemas nas 
relações familiares, dificuldades escolares, influência de familiares próximos, o fácil 
acesso à droga. O início do uso normalmente é antes dos quinze anos e seus efeitos 
pode variar entre sensação de prazer, relaxamento, riso sem motivo, muita fome, 
 
36 
 
confusão da percepção tempo-espacial, dispersão da atenção e concentração, boca 
seca, olhos vermelhos. 
11.5 Transtorno por cocaína e crack 
 A cocaína pode ser inalada, injetada ou fumada (no caso do crack). A ação da 
cocaína no organismo quando aspirada é rápida, durando até 45 minutos. No caso do 
crack, a ação é imediata, no entanto dura cerca de 10 minutos, causando enorme 
fissura para o uso, favorecendo a dependência, sendo esta uma das dependências 
mais graves. 
Dalgalarrondo (2019) destaca que os efeitos imediatos mais frequentes da 
cocaína (pó ou crack) são: “sensação subjetiva de bem-estar ou euforia”, de estar 
“mais ativo, mais alerta, autoconfiante ou forte”, com “mais energia” e pensamento 
acelerado, fisicamente, pode haver taquicardia, aumento da frequência respiratória, 
sudorese, dilatação das pupilas, tremores leves de mãos e pés, tiques e contrações 
musculares de língua e mandíbula, ansiedade e crises de pânico, sensação de 
desconfiança, perseguição, sua ação no coração está relacionada a risco aumentado 
de infarto do miocárdio, arritmias, dor torácica, acidentes vasculares cerebrais e morte 
súbita em jovens usuários. 
Outros transtornos como jogo e apostas, dependência da internet, compulsão 
por sexo e compras, trazem também grandes prejuízos às pessoas por ele acometido 
como a perda de controle e a intensidade crescente de prioridade de tal atividade, o 
que prejudica significativamente outros aspectos relevantes da vida. 
 
37 
 
12 TRANSTORNOS ASSOCIADO AO SONO 
 
Fonte: encrypted-tbn1.gstatic.com 
A necessidade do sono é uma questão individual, há pessoas com maior 
necessidade dele para sentir-se descansada e outras que com poucas horas de sono 
estão renovadas para realizar suas atividades diárias. Portanto para seu diagnóstico, 
é importante uma anamnese minuciosa, sobre os comportamentos ligados ao sono e 
à sonolência, de preferência acompanhado com alguém de seu convívio que trará 
observações quanto seu padrão de sono e vigília. Geralmente, dificuldades com o 
sono são seguidas de depressão, distúrbios cognitivos, ansiedade, agravando o 
transtorno. 
Entre os transtornos de sono mais relevantes podemos destacar o transtorno 
de insônia, transtorno de hipersonolência, síndrome das pernas inquietas, transtornos 
do sono relacionados à respiração (apneias do sono), transtornos do sono-vigília do 
ritmo circadiano (tipo fase do sono atrasada e fase do sono avançada), narcolepsia, 
parassonias (sonambulismo, terror noturno, bruxismo). Estes tem elevada frequência 
e grande impacto na sociedade. 
12.1 Transtorno de insônia 
Segundo especificações da APA (2014), a insônia é um dos sintomas mais 
comuns em saúde mental; calcula-se que cerca de um terço da população adulta 
 
38 
 
tenha pelo menos alguns dias de insônia clinicamente significativa durante um ano e 
que 6 a 10% da população adulta apresentem o transtorno de insônia. É caracterizado 
pela dificuldade em “pegar no sono” e permanecer dormindo, acordar pela madrugada 
e não conseguir mais dormir, que devem ser observadas ao menos três vezes na 
semana por um período mínimo de três meses. Além do cansaço, baixa produtividade, 
a insônia causa prejuízos na qualidade de vida, na saúde física e emocional. 
Entre os fatores que estão relacionados ao sono podemos citar a ingestão de 
café à tarde ou à noite e de bebidas alcoólicas à noite, alimentação copiosa à noite, 
trabalhos difíceis e estressantes no período noturno, atividade tensa no período 
noturno, televisão no quarto, hábito de despertar e levantar da cama a cada dia em 
horários muito diferentes, trabalho em turnos. Já os que facilitam o sono são o hábito 
de acordar todos os dias na mesma hora, não forçar o sono e retirar o despertador do 
lado da cama, atividades relaxantes no período noturno, quarto escuro, fresco e 
silencioso, peso corporal adequado, atividade física regular. 
12.2 Transtorno de hipersonolência 
Neste caso, mesmo dormindo, a pessoa relata excesso de sono ao longo do 
dia. Dalgalarrondo (2019) enfatiza que pessoas com esse transtorno conseguem 
dormir rapidamente, e há boa eficiência do sono (≥ 90%); entretanto, podem ter 
dificuldade para acordar pela manhã e, às vezes, parecem confusas ou atáxicas 
(desequilíbrio motor) ao acordar. Queda da habilidade motora, percas de memória, 
confusão no tempo e no espaço e sensação de atordoamento são alguns sintomas 
vivenciados por pessoas acometidas por esse transtorno quando acordadas no meio 
do sono. 
12.3 Síndrome das pernas inquietas 
Esta síndrome é caracterizada pela precisão de movimentar as pernas durante 
o sono, podem ter sensação de desconforto nas pernas, formigamentos. O 
desconforto é aumentado quando a pessoa está em repouso, aliviando com o 
movimento. É agravado devido a inatividade, prejudicando o sono. 
 
39 
 
Esse desconforto se intensifica com o repouso e melhora com o movimento. A 
sensação se agrava durante período de repouso ou inatividade e é pior no final da 
tarde ou à noite, prejudicando gravemente o sono. 
12.4 Transtornos do sono relacionados à respiração 
A apneia do sono caracteriza-se pela ocorrência de muitas pausas respiratórias 
curtas, de 10 a 50 segundos, durante o sono. Nos episódios de apneia, o indivíduo 
pode roncar, a saturação sanguínea de oxigênio cai, e, com frequência, ocorre breve 
despertar (Dalgalarrondo, 2019). 
Esse transtorno é subdividido em: 
Apneia e hipopneia obstrutivas do sono que é um tipo de apneia/hipopneia provocada 
pelo bloqueio das vias aéreas superiores, abalando-as. Comumente relacionado à 
obesidade, pescoço curto, mudanças estruturais da cavidade orofaríngea. Roncos são 
comuns nesse caso. 
Apneia central do sono é causada pela oscilação no empenho respiratório 
(involuntário), apresenta episódios repetidos de apneia e hipopneia durante o sono. 
Neste caso, com frequência, a pessoa acordo ao longo da noite, muitas vezes 
sentindo sufocamento, tendo sonolência, insônia, cansaço pela manhã. 
Hipoventilação relacionada ao sono, apresenta respiração no sono reduzida 
associada a níveis elevados de gás carbônico. Pessoas acometidas por esse 
transtorno sentem sonolência exagerada ao longo do dia, dores de cabeça ao 
amanhecer, insônia. 
12.5 Transtornos do sono-vigília do ritmo circadiano 
É caracterizado por um modelo insistente ou periódico de conturbação do sono 
causado pelas mudanças do sistema circadiano (regulação fisiológica do ritmo sono-
vigília durante 24 horas), onde há instabilidade entre o ritmo circadiano endógeno (o 
ritmo biológico do indivíduo, durante o dia) e os horários de sono e de vigília propostos 
pelo ambiente físico (como a luminosidade) e social, podendo ser as regras da família, 
ou requisitos do trabalho e/ou escola. 
 
40 
 
12.6 Narcolepsia 
Nesta situação, a pessoa tem uma necessidade incontrolável de dormir, 
cochilar durante o dia, com sonolência acentuadae repentina, Dalgalarrondo (2019) 
descreve que além da sonolência diurna, a narcolepsia manifesta-se clinicamente por 
ataques de cataplexia, que é uma crise breve (de segundos a minutos) de perda 
bilateral de tônus muscular, com manutenção da consciência, geralmente 
desencadeados por risos ou brincadeiras. A pessoa acometida por este transtorno, 
cai inesperadamente no chão. Para seu diagnóstico os ataques devem se manifestar 
ao menos três vezes por semana, pelo período mínimo de três meses. 
12.7 Parassonias 
São caracterizadas por fatos comportamentais ou fisiológicos diferentes 
relacionados a estágios característicos do sono ou da transição sono-vigília, 
mudanças do despertar ou despertar incompleto. O sonambulismo, o terror noturno, 
o sonilóquio, a paralisia do sono, bruxismo, enurese noturna, pesadelos, são situações 
presentes nesse transtorno. 
13 SEXUALIDADE E PSICOPATOLOGIA 
Basson (2006) descreve que a sexualidade, desejo fundamental do ser, ocupa 
um lugar central em nossa condição existencial. Ela compreende três dimensões 
básicas: biológicas, psicológicas e socioculturais. 
Na dimensão biológica temos os aspetos neuronais, hormonais e 
anatomofisiológicos genitais. Na dimensão psicológica destaca-se aos aspectos 
singulares e individuais da vontade erótica, das fantasias sexuais e da extensão 
subjetiva de prazer que a vida sexual pode produzir. Nas dimensões socioculturais 
estão referenciados padrões culturais, atos, produções e objeções expressa por cada 
sociedade relacionados à sexualidade. 
 
 
41 
 
14 TRANSTORNOS OU DISFUNÇÕES SEXUAIS 
Nas palavras de Dalgalarrondo (2019) as disfunções sexuais são síndromes 
que incluem as várias formas pelas quais indivíduos adultos apresentam dificuldades 
na experiência pessoal de atividade sexual não coercitiva. E de acordo com CID-11 a 
disfunção sexual para ser conceituada como tal, necessariamente tem que apresentar 
as condições abaixo: 
 Ocorrência frequente do transtorno ou disfunção, podendo estar ausente 
em algumas situações; 
 O transtorno deve estar presente por pelo menos alguns meses; 
 O transtorno deve estar associado a sofrimento ou disfunção 
clinicamente significativos. 
 
14.1 Disfunções do desejo e da resposta sexual 
Nesse transtorno, acontecem disfunções que prejudicam a satisfação/prazer 
do ato sexual. Dos distúrbios relacionados com esse transtorno podemos citar a 
inibição do desejo sexual que é caracterizada pela constante inibição de desejo de 
cunho sexual, que é influenciada aos valores culturais, idade e momento da vida da 
pessoa acometida. Se esta ausência do desejo sexual causa sofrimento na pessoa 
acometida ou em seu parceiro (a), identifica-se o transtorno. Dificuldades intrínsecas, 
proibição voltada para assuntos sexuais, ligação da sexualidade ao pecado devido 
normas culturais, sentimento de culpa, bem como disfunções fisiológicas são fatores 
que favorecem a inibição do desejo sexual. 
Vale citar também o transtorno da dor gênito-pélvica/penetração (ocorre na 
mulher), transtorno do orgasmo feminino (dificuldades ou ausência de excitação), 
transtorno erétil (falha parcial ou total em alcançar e/ou manter a ereção), transtornos 
da ejaculação (ejaculação precoce ou retardada). 
 
42 
 
14.2 Transtornos parafílicos e parafilias 
Esses transtornos se referem a formatos de fantasias, estímulos sexuais que 
envolvem sofrimento expressivo vivenciado pela pessoa acometida por este 
transtorno. Neste caso a realização do estímulo sexual acarreta prejuízo a outros, 
como quando o outro não consente a realização sexual, ou quando envolve pedofilia. 
Entre os transtornos parafílicos estão o transtorno exibicionista, o transtorno 
voyeurista, transtorno do sadismo sexual, transtorno do masoquismo sexual, 
transtorno pedofílico, transtorno fetichista, zoofilia, transtorno transvéstico, transtorno 
frotteurista. Para o diagnóstico é necessária a relação com elevado sofrimento ou 
prejuízo para si e/ou outros, com a duração mínima de seis meses. 
Na hipersexualidade ocorre estímulos e comportamentos sexuais exacerbados, que 
causa sofrimento significativo, sejam em homens ou mulheres. Há a tendência em 
tensões excessivas e recorrentes com fantasias sexuais, uma precisão excessiva de 
sexo. 
14.3 Homofobia e Transfobia 
São tipos de preconceitos repulsivos que agridem psicologicamente a pessoa 
homossexual ou transgênero. A homofobia e são relatos e convicções, condutas, atos 
e práticas de ódio, para com pessoas homossexuais somente pelo fato de serem 
homossexuais ou bissexuais. Na transfobia ocorre o mesmo para com a população 
transgênero, na maioria das vezes mais expressiva. São formas de preconceito e 
discriminação hediondas e inaceitáveis e que devem ser claramente combatidas. 
A homofobia internalizada e a transfobia internalizada retratam a autoimagem 
negativa construída, internalizada pela pessoa LGBT, que desencadeia sentimentos 
de vergonha, culpa, experiências negativas direcionada a si própria. Está relacionada 
a valores, mensagens e ideologias socioculturais e políticas negativas. 
 
 
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15 TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS 
Nesses transtornos se encaixam delirium, demências, transtorno amnéstico, 
Alzheimer, Parkinson, encefalite, insuficiências renal ou hepática, entre outros. Esses 
transtornos se subdividem em delirium e transtorno neurocognitivo de longa duração. 
O delirium é uma síndrome aguda onde acontece rebaixamento do nível da 
consciência e alteração da atenção, desorientação alopsíquica, pensamento ilógico, 
confuso e desorganização do discurso, alterações da sensopercepção, alteração do 
humor, labilidade afetiva, agitação psicomotora, sonolência, alucinações visuais, 
sonolenta, com pensamento muito confuso, desorientada, com alucinações visuais, 
perturbação do ciclo sono-vigília. 
16 DEMÊNCIAS E OUTROS TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS DE LONGA 
DURAÇÃO 
Dalgalarrondo (2019) expõe que na grande maioria das vezes, as demências 
são transtornos que surgem na senilidade (após os 65 anos), mas também ocorrem, 
embora bem menos frequentemente, na forma pré-senil (entre os 50-65 anos). As 
perdas cognitivas nas demências evoluem para déficits bem mais marcantes do que 
em transtornos como esquizofrenia e transtorno bipolar. O autor enfatiza que esses 
transtornos não são transtornos do desenvolvimento que surgem na infância, 
adolescência ou juventude e permanecem ao longo da vida. 
Nas demências, o curso das perdas cognitivas e da limitação da vida 
funcional é quase sempre progressivo (na esquizofrenia, por exemplo, as 
perdas tendem a ser precoces e mais estáveis). Os TNCs (demências) são 
causados por doenças neurodegenerativas e cerebrovasculares, ou seja, têm 
uma etiologia neuropatológica específica e bem estabelecida. 
(Dalgalarrondo, 2019) 
De acordo com CID-11 a demência é caracterizada como uma síndrome mental 
orgânica, e ela manifesta o declínio do funcionamento cognitivo prévio, afetando a 
memória, linguagem, funções executivas, julgamento, atenção, velocidade de 
processamento, cognição social, velocidade psicomotora e habilidades visuoespaciais 
ou visuoperceptivas. 
 
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A doença de alzheimer é derivada de uma condição neurodegenerativa que se 
apresenta por perdas cognitivas, especialmente da memória episódica e da 
aprendizagem. Sendo também prejudicadas, a linguagem, a capacidade 
visuoconstrutiva e perceptomotora. 
Doença cerebrovascular se refere ao conjunto de quadros de perdas cognitivas 
que configuram um TNC, maior ou leve, e nos quais a doença cerebrovascular, seja 
decorrente de acidentes vasculares em grandes vasos, seja de doença microvascular, 
é o principal fator, a patologia dominante ou exclusiva que determina o declínio 
cognitivo e a demência (Dalgalarrondo, 2019). Seu diagnóstico é mais assertivo 
através de exames que mostram se há lesão no cérebro relacionada à doença 
cerebrovascular. 
Na degeneração

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