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1 - Leia o caso a seguir. H. C. celebrou contrato de prestação de serviços de telefonia e internet com a “L. Companhia Telefônica”, para fornecimento de 300 mega de internet/mês e ligações livres para qualquer operadora, pelo valor mensal fixo de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais). Após cinco meses de contrato, H. C. estava muito insatisfeito com a internet fornecida, insuficiente para o desenvolvimento de suas atividades de “home office”. Decidiu, então, cancelar o contrato, o que foi feito em 01/10/2022. No entanto, mesmo após cancelar o contrato, continuou recebendo a cobrança mensal. Realizou várias reclamações perante a empresa, foi ao Procon, mas nada adiantou e, além de não encerrar a cobrança, a empresa inscreveu o nome de H. C. nos cadastros de proteção ao crédito. Diante da negativação de seu nome, decidiu ajuizar ação declaratória de inexistência de débito, requerendo liminarmente a abstenção de cobrança por parte da empresa, bem como a retirada imediata do seu nome das inscrições indevidas, além dos danos morais por todo transtorno sofrido. Ao tempo do ajuizamento da ação, a cobrança já estava no patamar de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais). Ao despachar a inicial, o juiz determinou à “L. Companhia Telefônica” a abstenção dos atos de cobrança e a retirada do nome de H. C. dos cadastros de proteção ao crédito no prazo de 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 100,00 (cem reais). A multa aplicada pelo juiz A) tem natureza punitiva, pela inscrição indevida do nome de H. C. nos cadastros de proteção ao crédito, não podendo ser majorada, nem reduzida. B) tem natureza coercitiva, com o objetivo de forçar a companhia telefônica ao cumprimento da obrigação de fazer constante na decisão, podendo ser majorada até o limite do valor da obrigação. C) exige, para a sua incidência, a intimação pessoal do devedor para cumprimento da obrigação. D) está sujeita ao cumprimento provisório, admitindo-se o levantamento dos valores eventualmente depositados antes do trânsito em julgado da sentença favorável. E) exige requerimento da parte interessada para ser fixada, em razão do potencial lesivo da multa, em caso de descumprimento da obrigação. RESPOSTA A – Não tem natureza punitiva e sim cautelar, visando à efetivação da tutela de urgência. No mais, pode ser majorada ou reduzida, a depender das circunstâncias. B –Trata-se de uma medida cautelar imposta com o objetivo de assegurar o cumprimento da obrigação, fundada no art. 297 do CPC, podendo ser majorada. No entanto, o STJ entende que o valor da multa não se limita ao valor da obrigação principal. C – Alternativa correta. Súmula 410, STJ. A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer e não fazer. D – A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo. No entanto, o levantamento apenas pode ocorrer após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. E – A multe independe de requerimento da parte e pode ser aplicada de ofício, em razão do poder geral de cautela de que detém o juiz. 2 - Leia o caso a seguir. Fernando. é estudante do 2º ano do ensino médio do Colégio Brasil e resolveu prestar vestibular em uma universidade privada de sua cidade. O resultado de sua prova foi suficiente para aprovação em 1º lugar para o curso de Direito. Fernando então, se dirigiu à universidade para realizar a matrícula, o que foi prontamente negado, diante da não conclusão do ensino médio. Fernando. sugeriu a realização do primeiro ano de faculdade concomitantemente ao 3º ano do ensino médio, mas a universidade não aceitou, mantendo a negativa de sua matrícula. Diante disso, contratou advogado, que ajuizou ação de obrigação de fazer, com pedido liminar, para determinação de realização da matrícula em 3 dias, prazo final estabelecido pela universidade, colacionando alguns julgados de câmaras cíveis do Tribunal de Justiça do Estado, em sentido favorável. A medida judicial pleiteada pelo estudante A) trata-se de tutela provisória de urgência cautelar, requerida em caráter incidental. B) trata-se de tutela provisória definitiva, pois caso deferida, resolverá o problema de Felipe, permitindo a sua matrícula na universidade. C) trata-se de tutela provisória de evidência, considerando a jurisprudência existente e colacionada sobre o caso. D) trata-se de tutela provisória de urgência antecipada, requerida em caráter antecedente. E) trata-se de tutela provisória de urgência antecipada, requerida em caráter incidente. RESPOSTA A) Errada. O que ele pretende não é a proteção de um direito, mas sim o direito em si, que seria a realização da matrícula na faculdade. Trata-se de um pedido de tutela provisória de urgência antecipada, requerida em caráter incidental. B) Trata-se de tutela provisória satisfativa, podendo ele, se deferida, realizar a matrícula. No entanto, por ser provisória, a decisão poderá ser modificada a qualquer tempo, de modo que não pode ser considerada definitiva. A decisão definitiva apenas existirá quando do proferimento da sentença. C) Não. Os precedentes apenas poderá servir de fundamento para a concessão da tutela de evidência quando forem consubstanciados por tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante, nos termos do art. 311 do CCP. In casu, não se trata desse tipo de jurisprudência, mas apenas de alguns julgados do tribunal local. Trata-se de pedido de tutela de urgência. D) O Requerente apresentou a ação de obrigação de fazer e, junto com ela, formulou o pedido de tutela de urgência. Logo, não se trata de tutela de caráter antecedente. E) Correta. Trata-se de tutela provisória de urgência antecipada, requerida em caráter incidente. OBSERVAÇÃO! O professor entende que não existe direito nestes casos. Uma hipótese que ele discutiu em sala foi a subida dos autos em razão do deferimento da liminar (interposição de agravo de instrumento) e, antes do julgamento deste, proferimento da sentença favorável ao Autor. Nestes casos, com o proferimento da sentença, o Autor alegava que ocorria a perda do objeto do agravo. O professor não concorda com essas estratégias. Ele, nestes casos, não dá perda do objeto do agravo, conhece do recurso e dá provimento a ele, derrubando a liminar concedida. Dessa forma, a matrícula realizada também cairia e o Autor perderia a vaga na faculdade. 3 – Um aluno do oitavo semestre do curso de enfermagem foi aprovado em concurso público para o cargo de enfermeiro do Hospital Universitário. Poucos meses depois da aprovação, o concurso foi homologado, e o estudante foi chamado para dar início aos trâmites para sua nomeação e posse. No entanto, por não ter ainda concluído o curso, o universitário ficou impedido de ser nomeado, por o edital do concurso exigia bacharelado em enfermagem como requisito de investidura no cargo. Com receio de perder a oportunidade, o rapaz procurou um advogado para obter medida liminar que lhe resguardasse o direito de manter sua vaga até a conclusão do curso superior. Nessa situação hipotética, segundo a legislação vigente, o advogado do estudante poderá requerer qual medida? Discorra sobre o assunto. RESPOSTA: O advogado do estudante poderá requerer a tutela antecipada de urgência, nos termos do art. 300 do CPC, estando presentes o perigo de dano (transcurso do prazo para realização da habilitação) e a probabilidade de direito (homologação do concurso no qual foi aprovado). Seria mais prudente a adoção do procedimento de tutela antecipada antecedente, uma vez que a urgência é contemporânea à propositura da ação no caso em comento. O estudante apenas quer que seja reservada sua vaga, não quer a posse em si, de modo que o pedido de tutela não poderia ser cautelar nesse caso, visto que ele pretende,com o processo final, a reserva da vaga. 4 – Margarida, ao propor ação, limitou-se, na exordial, ao requerimento da tutela antecipada em caráter antecedente, e à indicação do pedido de tutela com a exposição da lide, do direito que se busca e do perigo de dano ou do resultado útil do processo. a) O magistrado, entendendo que havia elementos suficientes para a concessão da medida antecipatória, concedeu a tutela antecipada. Diante disso, você como advogado de margarida, qual a medida judicial a ser tomada e em qual prazo? Qual a consequência jurídica da inércia da autora? b) O magistrado, entendendo que não havia elementos suficientes para a concessão da medida antecipatória, determinou a emenda da inicial no prazo de 5 dias. Nessa situação, caos margarida não emende a inicial, qual a consequência jurídica? c) Nos termos da situação hipotética descrita na questão “a”, há a possibilidade de estabilização da tutela concedida? Se sim, discorra sobre a referida estabilização. RESPOSTA a) Uma vez concedida a medida, deverão ser observadas as regras dispostas no art. 303 e parágrafos do CPC, em especial o inciso I do §1º do dispositivo. Dessa forma, deverá ser promovido o aditamento da petição inicial, no prazo de 15 dias. A partir do aditamento, deverá ser feita a complementação da argumentação já apresentada, deverão ser juntados novos documentos e deverá ser feito o pedido de confirmação da tutela final. Isso tudo deverá ocorrer nos mesmos autos em que foi feito o requerimento de tutela provisória, e independerá do recolhimento de novas custas. Caso esse procedimento não seja respeitado, a ação poderá ser extinta, nos termos do art. 303, §2º, do CPC, com a consequente queda da tutela provisória deferida. b) Neste caso, se Margarida não emendar a petição inicial, nos termos do art. 303, §6º, do CPC, a inicial será indeferida e o processo será extinto sem resolução do mérito. c) Sim. A estabilização ocorrerá caso o réu, citado, não apresente impugnação contra a decisão proferida (art. 304, CPC). Neste caso, o processo é extinto e a decisão apenas para de produzir efeitos caso, dentro do prazo de 2 anos, seja interposta ação que mude o status quo da decisão. No entanto, a estabilização não forma coisa julgada, mas apenas apresenta efeitos semelhantes. 5 – Silvério ajuizou ação de cobrança contra a empresa Factor, conseguindo demonstrar sua pretensão exclusivamente pela prova documental anexada com a inicial, cuja matéria é objeto de súmula vinculante editada pelo STF. O advogado de Silvério pleiteia a concessão de uma tutela provisória, levando em consideração as características do caso. a) Qual a tutela provisória pode ser pleiteada nestes caso? b) É possível Silvério obter a tutela provisória de forma liminar, considerando a hipótese apresentada? c) Poderia o Magistrado promover o julgamento antecipado da lide ao invés de conceder a tutela provisória invocada? RESPOSTA a) A tutela provisória a ser pleiteada é a tutela provisória fundada em evidência, a qual independe de comprovação de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, com fundamento no art. 311, inciso II, do CPC. b) A decisão liminar é aquela proferida antes de o réu se manifestar no processo. Nos termos do parágrafo único do art. 311 do CPC, é possível que, na hipótese em comento, seja proferida decisão liminar. c) Não. A tutela provisória é precária, de forma que pode ser modificada ou revogada a qualquer tempo, não justificando, mesmo que seja fundada em evidência, a supressão do contraditório e da ampla defesa para que seja feito o julgamento antecipado. No mais, o julgamento antecipado é técnica processual que se liga ao estágio probatório do processo, nos termos do art. 355 do CPC, de maneira que apenas nas hipóteses ali elencadas poderá a técnica ser aplicada. 6 – Sebastião, na qualidade de advogado, é procurado por Augusto, para que seja proposta uma demanda em face de Jacinto. A fim de embasar suas alegações de fato, Augusto entrega a Sebastião contundentes documentos, que efetivamente são juntados à petição inicial, pela qual, além da procedência dos pedidos, Sebastião requer a concessão de liminar em favor de seu cliente. Malgrado a existência de tese firmada em julgamento de recurso repetitivo favorável a Augusto, o juiz indefere a liminar, sob o fundamento de que não existe urgência capaz de justificar o requerimento. Está correto o fundamento que embasou a decisão do Magistrado? RESPOSTA: Não. A tutela pleiteada pelo autor é uma tutela da evidência, prevista pelo art. 311, inciso II, do CPC. Dessa forma, o deferimento da medida independeria da comprovação de risco ou de urgência, conforme indica o caput do dispositivo mencionado. 7 – Mariana, titular da marca ABC Floripa Summer, tomou conhecimento de que a empresa Eventos de Surf e Moda Praia Ltda. realizaria um evento de verão que começaria dali a poucas horas, na cidade de Florianópolis, contendo a marca de Mariana no material publicitário. Em vista disso, Mariana imediatamente procurou seu advogado para saber as medidas cabíveis contra essa violação. Discorra o que você, como advogado, recomendaria à Mariana, sabendo que sua pretensão é que o evento não ocorra ou ocorra sem a utilização de sua marca. RESPOSTA: Recomendaria o ajuizamento de pedido de tutela antecipada de urgência, com o objetivo de evitar que o evento ocorra e, subsidiariamente, requerer que o evento não ocorra utilizando-se da marca de Mariana. Neste caso, não se trata de pedido cautelar justamente em razão da pretensão de Mariana, que é apenas evitar que sua marca seja utilizada. O pedido seria formulado de forma antecedente, nos termos do art. 303 do CPC, porquanto a urgência ser contemporânea à propositura da ação. No mais, estão presentes o perigo de dano (utilização indevida da marca) e probabilidade de direito (direitos sobre a marca), de forma que estão presentes os requisitos necessários à concessão da tutela de urgência (art. 300 do CPC). 8 – Um advogado que aufere mensalmente o salário de trinta mil reais propôs ação ordinária pelo procedimento comum contra o plano de saúde Z, com pedido de tutela provisória de urgência, a fim de obrigá-lo a custear cirurgia no montante de duzentos mil reais. Na decisão, o juízo, embora reconhecesse a existência da probabilidade do direito suscitado, condicionou a concessão da tutela provisória de urgência à prestação de caução equivalente a sessenta mil reais, visando ressarcir eventuais prejuízos que o plano de saúde Z pudesse sofrer caso houvesse cessação da eficácia da medida. Nessa situação hipotética, agiu corretamente o juiz? Justifique. RESPOSTA: Sim. In casu, verifica-se que o Autor da ação possui solvência econômica e capacidade financeira de custear os danos que podem ser causados ao plano de saúde caso a medida tenha sua eficácia cessada. Dessa forma, se amparando no art. 300, §1º, do CPC, foi correta a decisão tomada.
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