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ASPECTOS ÉTICOS, LEGAIS E SOCIAIS DOS TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS INTER VIVOS E COM DOADOR MORTO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
BACHARELADO EM ODONTOLOGIA 
Disciplina: Bioética 
 
 
RAYANNE DE MESQUITA BARBOSA 
 
 
ASPECTOS ÉTICOS, LEGAIS E SOCIAIS DOS TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS 
INTER VIVOS E COM DOADOR MORTO 
 
Na literatura, têm-se o relato de realização do transplante de órgãos desde a 
antiguidade. A partir de então, tal procedimento passa a evoluir, acompanhando os 
avanços biomédicos e se deparando com conflito éticos, até alcançar êxito no século 
XX (LIMA; MAGALHÃES; NAKAMAE, 1997; MENESES et al., 2010 apud NETO, 
2016). 
O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um 
órgão ou tecido de uma pessoa enferma, por outro órgão ou tecido normal de um 
doador, o qual pode ser vivo ou morto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 
O doador vivo pode doar órgãos a familiares até o quarto grau de parentesco, 
em casos nos quais o doador não é aparentado do receptor se é exigida uma 
autorização judicial para a realização da doação. Ademais, o indivíduo que 
pretendente realizar a doação em vida, deve ser maior de idade e capaz juridicamente 
e, também, passar por uma avaliação médica, na qual são analisadas a história 
clínica, doenças prévias, compatibilidade sanguínea, além de outros testes que 
identificam as chances de sucesso do transplante (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 
Por outro lado, o doador não vivo é aquele cuja a morte fora atestada. Em 1960, 
no Brasil, a parada cardíaca era necessária para se comprovar a morte e se permitir 
a captação de órgãos para a doação. Entretanto, tal definição de morte diminuía as 
chances de sucesso no transplante, por conta do pouco tempo disponível para coleta 
e reimplantação dos órgãos, além de promover o desperdício de suporte à vida com 
pacientes de morte encefálica e, consequentemente, também o comprometimento de 
seus órgãos em bom estado para a doação (SILVEIRA et al., 2009). 
Em tal cenário, houve-se a necessidade de alteração da legislação, assim 
surgindo a Resolução 1.480 de 1997, do Conselho Federal de Medicina, a qual 
estabeleceu os critérios para o diagnóstico de morte encefálica (SILVEIRA et al., 
2009). Por isso, atualmente o potencial doador não vivo é o paciente assistido em UTI 
com o quadro de morte encefálica confirmado, sendo esse incompatível com a vida, 
irreversível e definitivo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 
Além disso, a Legislação brasileira de doação de órgãos sofreu muitas 
mudanças com o passar dos anos. Em 1992, a lei em vigor era a 8.489 a qual exigia 
a apresentação de um documento particular ou público com a permissão do indivíduo 
para a realização da doação. No caso de falta desse documento, o conjugue, filhos 
ou pais deveriam permitir a retirada e transplante dos tecidos e órgãos do parente sem 
vida. Além disso, para as doações entre pessoas viva havia a limitação para que 
ocorressem apenas entre netos, avós, filhos, irmãos e sobrinhos até segundo grau, 
incluindo os parceiros e cunhados; qualquer doação fora dessas relações 
necessitariam de autorização judicial (SILVEIRA et al., 2009). 
Entretanto, a lei supracitada fora revogada pela Lei 9.434 de 1997, a qual 
defendia que a doação de órgãos e tecidos após a morte poderia ser efetuada 
independentemente do desejo familiar, se na Carteira de Identidade Civil, ou Carteira 
de Motorista, constasse o desejo do indivíduo em ser doador. A promulgação de tal 
lei, a seguir de seu decreto regulamentador, Decreto-Lei 2.268 de 1997, provocaram 
grande polêmica pública ao transformar em obrigação aquilo que seria visto como uma 
ação de solidariedade pela população, uma vez que a partir de então todos poderiam 
ter seus órgãos e tecidos retirados para doação caso não apresentassem desejo 
contrário em seus documentos de identificação, o que muitos não faziam por 
negligencia, desinformação ou medo de ser julgado. A revogação desta lei se deu 
pouco tempo depois, a partir da Medida Provisória 1.718 de 1998, a qual 
acrescentava ao parágrafo 6º do artigo 4º da Lei 9.434 em vigor um dispositivo o qual 
afirmava que nos casos de ausência de manifestação da vontade do potencial doador, 
os parentes (pai, mãe, filhos ou conjugue) poderiam se declarar contrários à doação 
dos tecidos e este desejo seria acatado pela equipe médica (SILVEIRA et al., 2009). 
Ademais, foram ainda realizadas outras duas mudanças na Lei 9.434 por meio 
da Medida Provisória 1.959-27 de 2000 e posteriormente pela Lei 10.211, de 23 de 
março de 2001, as quais estabeleceram a autonomia do doador e de seus familiares 
na decisão de retirada dos órgãos (SILVEIRA et al., 2009). Assim sendo, atualmente 
a família é quem será responsável pela decisão final, não sendo mais levada em conta 
a informação de doador ou não doador de órgãos registrada no documento de 
identidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 
Além do mais, afim de se organizar a realização de transplantes fora criado o 
Sistema Nacional de Transplantes, o qual estabelece que os transplantes de órgãos 
ou tecidos devem ser realizados por estabelecimentos de saúde autorizados, 
previamente, pelo Gestor Nacional do Ministério da Saúde. Ademais, atualmente 
também existe Lista Única de Receptores, a qual apresenta vários cadastros 
separados por órgãos, tipos sanguíneos e outras especificações. Essa lista possui 
uma ordem seguida com total rigor e controlada pela Secretaria de Saúde 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 
Por outro lado, hoje também contamos com uma lista de órgãos específicos 
que podem ser doados em vida e também após a morte. Na doação pós morte, estão 
inclusos os órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino; e os tecidos: 
córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias. No entanto, em 
vida só podem ser doados um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos 
pulmões, esse critério é importante e foi estabelecido por lei para que os doadores 
não sofram deformações ou déficits ocasionados pela falta da estrutura doada 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Transplante de órgãos. BVS, [s. l.], p. 61-75, jan. 
2008. Disponível em: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/142transplante_de_orgaos.html. Acesso em: 
31 mar. 2022. 
NETO, J. B. S. Aspectos éticos e legais dos transplantes de órgãos e tecidos 
no Brasil - revisão sistemática. 2016. Monografia (Bacharelado em Medicina) - 
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016. Disponível em: 
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/22196/1/Jorge%20Barreneche%20dos%20San
tos%20Neto.pdf. Acesso em: 31 mar. 2022. 
SILVEIRA, P. V. P. et al. Aspectos éticos da legislação de transplante e doação de 
órgãos no Brasil. Revista Bioética, Brasília, v. 17, n. 01, p. 61-75, 2009. Disponível 
em: 
https://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewFile/80/84. 
Acesso em: 31 mar. 2022.

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