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Slides de Aula Unidade I (3)

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Prévia do material em texto

Prof. Vinícius Albuquerque
UNIDADE I
Formação Sócio-Histórica 
do Brasil
 Livro-texto: apresentação de um percurso sócio-histórico da formação do Brasil.
 Perspectiva histórico-crítica.
 Ir além das informações, buscando as interpretações.
 Debates de autores que influenciaram os discursos sobre a formação do Brasil.
 As diferentes obras e correntes de pensamento apresentadas devem contribuir 
para uma melhor compreensão de características sócio-históricas, tais como 
desigualdades econômicas, sociais e étnicas.
 Estudo da formação social, política e econômica do 
Brasil.
Apresentação: formação sócio-histórica do Brasil 
 Estudaremos os seguintes autores: 
 Unidade I: Gilberto Freyre, com a obra “Casa-Grande & Senzala”; Darcy Ribeiro, 
“O Povo Brasileiro”. 
 Unidade II: Raymundo Faoro e a ideologia do estamento; Celso Furtado e seu 
pensamento. 
 Unidade III: Otavio Ianni e Marilena Chaui, “Brasil: Mito Fundador e Sociedade 
Autoritária”.
 Destaque para as obras que trataram da construção 
da cultura e da identidade nacional.
Apresentação: formação sócio-histórica do Brasil 
 Principal obra: “Casa-Grande & Senzala”.
 Estudos relativos à vida nos engenhos de cana-de-açúcar do Brasil. 
 Discussão sobre a nossa formação social:
 Herança portuguesa;
 Herança indígena;
 Herança africana.
Visão antropológica da formação do Brasil: Gilberto Freyre
Visão antropológica da formação do Brasil: Gilberto Freyre
Fonte: Adaptada -
http://www.ufrgs.br/difusaocultural/adminmale
star/documentos/arquivo/casa%20grande%20
mapa.JPG
CASA – GRANDE DO 
ENG. NORUEGA
ANTIGO
ENG. DOS BOIS
PERNAMBUCO
 Gilberto Freyre estudou nos EUA, em Columbia, com aulas de Franz Boas.
 Abordagem de elementos inovadores na discussão, como cultura e raça, sob o 
aspecto antropológico, ou seja, cultura, herança cultural, costumes, hábitos e 
crenças. 
 Questão da mestiçagem: 
 Portugal mestiço e sua mestiçagem teriam diminuído preconceitos.
 Em seu pensamento, o problema não era ser o Brasil mestiço, mas sim a 
escravidão e a mentalidade que se desenvolveu com isso. 
 Questão fundamental da colonização e escravidão no 
Brasil.
Visão antropológica da formação do Brasil: Gilberto Freyre
 Segundo Gilberto Freyre:
 “Quando, em 1532, se organizou econômica e civilmente a sociedade 
brasileira, já foi depois de um século inteiro de contato dos portugueses com 
os trópicos; de demonstrada na Índia e na África sua aptidão para a vida 
tropical. Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, 
escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio, e mais 
tarde de negro, na composição” (FREYRE, 2003, p. 65).
 “Durante quase todo o século XVI, a colônia esteve 
escancarada a estrangeiros (...) essa solidariedade 
manteve-se entre nós (...) em nossa formação 
colonial” (FREYRE, 2003, p. 91).
Visão antropológica da formação do Brasil: Gilberto Freyre
 “Casa-Grande & Senzala” é de 1933 e revolucionou o entendimento do Brasil. 
 Antropologia e fontes pesquisadas.
 Vida dos senhores de engenho e nas plantações.
 Relações sexuais entre diversos grupos e cruzamento das três raças que 
formaram o Brasil: os índios, os africanos e os portugueses. 
“Casa-Grande & Senzala” está dividido em cinco capítulos que:
 descrevem a colonização portuguesa no Brasil, com a 
construção de uma sociedade agrária e escravocrata, 
e as formas de interação entre o índio, o negro e o 
português.
Visão antropológica da formação do Brasil: Gilberto Freyre
 A motivação original de Freyre teria sido a de descobrir suas próprias origens: 
 “Casa-Grande & Senzala” foi a resposta à seguinte indagação que eu fazia a 
mim próprio: o que é ser brasileiro? E a minha principal fonte de informação fui 
eu próprio, o que eu era como brasileiro, como eu respondia a certos 
estímulos (FREYRE,1983). 
 Na Bahia, pesquisou as coleções do Museu Afro-Brasileiro Nina Rodrigues.
 Observou que a culinária baiana derivava da cozinha das casas-grandes.
 Na África e em Portugal, examinou os documentos que 
serviram de base para “Casa-Grande & Senzala”.
 Nos EUA, viajou pelo Sul do país para comparar o que 
tinha sido a experiência escravocrata americana com 
a brasileira.
Visão antropológica da formação do Brasil: Gilberto Freyre
Nos EUA, percebeu que havia semelhanças:
 Eu venho procurando redescobrir o Brasil. Eu sou rival de Pedro Álvares Cabral. 
Pedro Álvares Cabral, a caminho das Índias, desviou-se dessa rota, parece já 
baseado em estudos portugueses, e identificou uma terra que ficou sendo 
conhecida como Brasil. Mas essa terra não foi imediatamente autoconhecida. 
Vinham sendo acumulados estudos sobre ela... mas faltava um estudo 
convergente, que além de ser histórico, geográfico, geológico, fosse... um estudo 
social, psicológico, uma interpretação. Creio que a primeira grande tentativa nesse 
sentido representou um serviço de minha parte ao Brasil (FREYRE, 2003).
 Além de “ser histórico, geográfico, geológico, fosse... 
um estudo social, psicológico, uma interpretação”. 
Visão antropológica da formação do Brasil: Gilberto Freyre
Quando estudamos a formação sócio-histórica do Brasil, a escolha de Gilberto 
Freyre e sua obra “Casa-Grande & Senzala” justifica-se por ser:
a) Um livro extenso e repleto de informações interessantes. 
b) Um livro recente.
c) Uma obra que muitos outros pensadores da formação brasileira utilizaram como 
referência em suas discussões. 
d) Uma obra que já foi completamente descartada como debate social.
e) Uma comprovação dos preconceitos de classe 
discriminatórios em relação às populações 
marginalizadas no Brasil. 
Interatividade 
Quando estudamos a formação sócio-histórica do Brasil, a escolha de Gilberto 
Freyre e sua obra “Casa-Grande & Senzala” justifica-se por ser:
a) Um livro extenso e repleto de informações interessantes. 
b) Um livro recente.
c) Uma obra que muitos outros pensadores da formação brasileira utilizaram como 
referência em suas discussões. 
d) Uma obra que já foi completamente descartada como debate social.
e) Uma comprovação dos preconceitos de classe 
discriminatórios em relação às populações 
marginalizadas no Brasil. 
Resposta
 Gilberto Freyre: 
 Perspectiva de homem branco e senhor. 
 Mesmo tendo enaltecido a presença do negro, sua nostalgia pela cultura 
patriarcal faz transparecer sua posição social.
 Sua tese propõe que a casa-grande foi o centro de coesão da sociedade: 
completada pela senzala, ela representava o centro do sistema econômico, social, 
político, religioso e sexual do país.
 A miscigenação que ocorria diminuiu a distância 
social entre negros e brancos no Brasil. 
Gilberto Freyre: pensador da miscigenação
 Freyre constrói um argumento que utiliza a ideia econômica como base da 
estrutura social. 
 Sua tese sugere que a estrutura social que se concretizou foi decorrência do 
sistema de produção da época.
 A monocultura da cana agregava o senhor a seus escravos, garantia a moradia e a 
alimentação de brancos e negros e impunha a ordem hierárquica. 
 Propõe Freyre que essa estrutura garantiu a unidade da sociedade brasileira de 
forma natural. 
 A tese central: “equilíbrio dos antagonismos”. A casa-
grande seria o símbolo da inexistência do conflito 
entre senhor e escravo.
Gilberto Freyre: pensador da miscigenação
 Força patriarcal fundada na riqueza trazida pelo açúcar e no trabalho escravo. A 
casa-grande parecia uma fortaleza, pois servia tanto de cofre como de cemitério. 
Lá viviam os filhos do senhor de engenho, o padre e as mulheres brancas, que 
representavam a colonização portuguesa no Brasil (FREYRE,2003).
 Segundo Freyre (2003), a Igreja incentivava o casamento dos portugueses 
brancos com as mulheres indígenas, mas não com as negras. 
 O ambiente em que começou a vida brasileira foi de 
grande intoxicação sexual. 
Gilberto Freyre: pensador da miscigenação
 Influências dos indígenas:
 “Da cunhã é que nos veio o melhor da cultura indígena. O asseio pessoal. A 
higiene do corpo. O milho. O caju. O mingau. O brasileiro de hoje, amante do 
banho e sempre de pente no bolso, o cabelo brilhante de loção ou de óleo de 
coco, reflete a influência de tão remotas avós. Ela nos deu, ainda, a rede em que 
se embalaria o sono ou a volúpia do brasileiro” (FREYRE, 2003, p. 163). 
 A união do português com a índia havia gerado os mamelucos. 
 A sociedade brasileira, até meados do século XX, fazia distinção entre 
mamelucos, cafuzos e mulatos (depois pardos).
Gilberto Freyre: pensador da miscigenação
 Nas palavras de Freyre, o português daquela época era uma: 
 “Figura vaga, falta-lhe o contorno ou a cor que a individualize entre os imperialistas 
modernos. Assemelha-se uns à do inglês; noutros, à do espanhol. Um espanhol 
sem a flama guerreira nem a ortodoxia dramática do conquistador do México e do 
Peru; um inglês sem as duras linhas puritanas. O tipo do contemporizador. Nem 
ideias absolutas, nem preconceitos inflexíveis. [...] Um rio que vai correndo muito 
calmo e de repente se precipita em quedas de água [...]” (FREYRE, 2003, p. 265).
Gilberto Freyre: pensador da miscigenação
 A visão de Gilberto Freyre é eminentemente machista. 
 Mesmo que sua pesquisa histórica identifique corretamente determinados 
comportamentos, uma obra original de 1933 revela a ideologia predominante 
de quando foi escrito.
 Violência na sociedade originada nas relações entre senhores e escravos. 
Gilberto Freyre: pensador da miscigenação
Fonte: http://museudalinguaportuguesa.org.br/memoria/exposicoes-
temporarias/gilberto-freyre-interprete-do-brasil/
Como narra Freyre (2003, p. 110):
 “Costuma dizer-se que a civilização e a sifilização andam juntas. O Brasil, 
entretanto, parece ter-se sifilizado antes. Assim, os filhos bastardos e os escravos 
mais próximos ao senhor conseguiam adotar o sobrenome dos brancos. O mais 
interessante é que muitos nomes ilustres de senhores brancos vinham dos 
apelidos indígenas e africanos das propriedades rurais. Portanto, a terra ajudou a 
abrasileirar os nomes dos proprietários portugueses.”
Gilberto Freyre: pensador da miscigenação
 A língua portuguesa também sofria modificações. 
 Mistura das falas da casa-grande, que era habitada pelas mulheres negras em 
suas funções de mães negras e mucamas, e foi adotado pelos filhos e pelas 
mulheres brancas do senhor de engenho. O modo nordestino apresenta também 
as formas diminutivas “benzinho”, “nézinho” ou “inhozinho”, que têm essa origem 
(FREYRE, 2003).
 Culinária: comidas portuguesas e indígenas foram modificadas pelas técnicas 
culinárias africanas. 
 As religiões do senhor e do escravo conviviam. 
Os padres sabiam que estavam concedendo aos 
negros o direito de manter suas tradições 
nas festas do terreiro. 
Gilberto Freyre: pensador da miscigenação
Gilberto Freyre propõe que a casa-grande foi o centro de coesão da sociedade: 
completada pela senzala, ela representava o centro do sistema econômico, social, 
político, religioso e sexual do país. Dessa maneira: 
a) Não haveria mais diferenças sociais no Brasil.
b) A miscigenação teria diminuído as distâncias sociais entre negros e brancos.
c) Constata-se que as diferenças sociais estão fixadas na sociedade. 
d) É uma obra simplista.
e) É uma obra datada e que não serve mais como fonte confiável. 
Interatividade
Gilberto Freyre propõe que a casa-grande foi o centro de coesão da sociedade: 
completada pela senzala, ela representava o centro do sistema econômico, social, 
político, religioso e sexual do país. Dessa maneira: 
a) Não haveria mais diferenças sociais no Brasil.
b) A miscigenação teria diminuído as distâncias sociais entre negros e brancos.
c) Constata-se que as diferenças sociais estão fixadas na sociedade. 
d) É uma obra simplista.
e) É uma obra datada e que não serve mais como fonte confiável. 
Resposta
 Darcy Ribeiro escreveu “O Povo Brasileiro”, apresentando para a intelectualidade 
os resultados de sua investigação a partir da pergunta:
 “Por que o Brasil não deu certo?”
 Desconstrução de mitos sobre a identidade brasileira e sobre a construção da 
História do Brasil, em especial, sobre a miscigenação. 
 Dificuldade de formular uma teoria sobre o Brasil, pois isso requeria uma 
nova abordagem além do entendimento de um processo histórico ou um 
braço da história ocidental.
O povo brasileiro segundo Darcy Ribeiro
 Pesquisa junto aos índios.
 Darcy também foi político atuante e propôs várias iniciativas sociais em suas 
passagens pelos diferentes governos dos quais participou. Sua visão da 
formação social do Brasil corrigiu em vários pontos aquilo que Gilberto Freyre 
tinha apenas vislumbrado. 
 Até porque Darcy Ribeiro pensa o povo brasileiro e não exclusivamente uma 
realidade localizada na região Nordeste do Brasil. 
 Visão excessivamente romântica ou “socialismo moreno”?
O povo brasileiro segundo Darcy Ribeiro
 O povo brasileiro passou a ser entendido como uma confluência da matriz 
portuguesa com a herança miscigenada dos índios e negros, em que cada qual 
trouxe suas peculiaridades para contribuir com a formação do brasileiro.
 Os modos de ser brasileiro como em cinco tipos: Brasil crioulo, Brasil sertanejo, 
Brasil caipira, Brasil gaúcho e Brasil caboclo. 
 Por trás dessa unificação étnica, existiam antagonismos, contradições e 
disparidades. 
 A colonização foi um processo violento de unificação 
política que suprimiu toda tentativa de rompimento ou 
subversão da ordem vigente. 
O povo brasileiro segundo Darcy Ribeiro
 Na sociedade brasileira, as barreiras sociais eram, de acordo com Ribeiro (1995), 
mais intransponíveis que as raciais, criando uma sociedade marcada por um 
classismo:
 Constante genocídio que tem início com a escravidão. 
 As lutas antiescravagistas e o medo de que o povo se rebelasse continuaram 
como fator presente no cotidiano da sociedade.
 O medo de uma rebelião das classes mais baixas era constante, o que 
resultou em um autoritarismo recorrente por parte da ordem vigente em 
garantir a sua manutenção (RIBEIRO, 1995). 
O povo brasileiro segundo Darcy Ribeiro
 O povo brasileiro nasce de um conjunto de matrizes.
 A matriz indígena, tupi, presente de forma plural, mas antagônica de forma unitária 
ao europeu, sofreu o primeiro ataque pelo contato biológico, o que resultou em um 
genocídio indireto – pragas e doenças assolaram os povos indígenas. 
 O europeu impôs uma política extremamente agressiva e, desde o começo, 
deu continuidade aos conflitos intraeuropeus no cenário intraindígena, 
desarmando a possibilidade de uma resistência.
O povo brasileiro segundo Darcy Ribeiro: as matrizes
 A miscigenação:
 “Os brasilíndios foram chamados de mamelucos pelos jesuítas (...) Nenhuma 
designação podia ser mais apropriada. O termo originalmente se referia a uma 
casta de escravos que os árabes tomavam de seus pais, para criar e adestrar 
em suas casas-criatórios, onde desenvolviam o talento que acaso tivessem” 
(RIBEIRO, 1995, p. 107).
 A miscigenação é o processo constante de unificação do país, pois dela 
advém uma unidade nacional biológica.
O povo brasileiro segundo Darcy Ribeiro: as matrizes
 Darcy Ribeiro (1995) indica que a construção do brasileiro vem de um espaço 
ambíguo, uma não identidade, deixada em aberto pela incapacidade dasetnias 
irredutíveis em se misturar, justamente pelos papeis sociais a serem 
desempenhados por cada uma. 
 Marginalizados pelas etnias, formaram uma nova por exclusão. 
 O abandono dos brasilíndios, ou mamelucos, que rejeitavam a origem 
indígena ou negra e eram desprezados pelos pais europeus, restou um não 
ser, que constituía a “ninguendade” desse povo em formação.
O povo brasileiro segundo Darcy Ribeiro: as matrizes
 O brasileiro começa a perceber a origem de uma identidade própria, não pelo 
autorreconhecimento, mas pelo estranhamento do português, que o via 
como algo diverso. 
 A identidade do povo brasileiro, enquanto algo original e inexistente até então, 
é construída pela não identificação, uma união pela rejeição. 
 O processo de construção dos novos povos da América Latina é um 
processo de desconstrução dos velhos; o índio se desindianiza, 
o negro se desafricaniza e o europeu se deseuropeiza. 
O povo brasileiro segundo Darcy Ribeiro: as matrizes
 “O processo de formação do povo brasileiro, que se fez pelo entrechoque de seus 
contingentes índios, negros e brancos, foi, por conseguinte, altamente conflitivo. 
Pode-se afirmar, mesmo, que vivemos praticamente em estado de guerra latente, 
que, por vezes, e com frequência, se torna cruento, sangrento” (RIBEIRO, 
1995, p. 168).
 O choque de culturas não foi apaziguado com a formação do Estado brasileiro. 
 Esse Estado foi consolidado pela cultura europeia branca, que buscava 
utilizá-lo como centro de opressão e manutenção de poder, legitimando o 
projeto.
O povo brasileiro segundo Darcy Ribeiro: as matrizes
Com o viés classista não foi apenas o Estado que funcionou em favor das elites 
locais; o próprio projeto de país como um mecanismo de manutenção das distâncias 
sociais impactou o funcionamento da economia interna, moldando o que o autor 
chama de “Empresa Brasil” (RIBEIRO, 1995). No âmbito produtivo, em quatro ordens 
diferentes: 
 A primeira foi o Brasil escravista, com mão de obra africana, suprindo a 
monocultura latifundiária, depois o ouro e o café.
 A segunda foi a jesuíta, com os índios. 
 A terceira, as atividades de subsistência.
 A quarta predominava sobre todas: banqueiros 
portuários.
Darcy Ribeiro: a Empresa Brasil
 Importância dos centros urbanos crescerem e os campos foram explorados e 
esvaziados durante todos os séculos. 
 Urbanização na década de 1960:
 Industrialização, que teve início nas zonas urbanas e foi ampliada por Getúlio 
Vargas, que a consolidou com seu projeto de estatais. 
 Empresas; capitalismo de Estado; nacional-desenvolvimentista, outros 
privatistas, mas seguindo a lógica do uso da máquina pública para 
sustentar o acúmulo de riqueza privada.
Darcy Ribeiro: a Empresa Brasil
 O Brasil continuou a trabalhar alienado de sua produção, mas agora numa 
paisagem urbana, com uma crise de desemprego e violência. 
 Ribeiro (1995) elaborou dois conceitos perversos que travestiram esse processo 
de industrialização, uma vez que desenvolveram o país para outros do chamado 
Primeiro Mundo. 
 A modernização reflexa e a atualização histórica opuseram-se à aceleração 
evolutiva, impedindo a real industrialização e garantindo nossa condição 
subalterna na economia mundial. 
 Os escravos deram lugar aos homens livres, 
marginalizados, negros e presos às suas carências. 
Darcy Ribeiro: a Empresa Brasil
 A interação entre as três camadas sociais exerceu uma dominação completa do 
homem branco sobre o negro, mas de modo algum existiu uma sincronia ou 
coordenação (RIBEIRO, 1995).
 Na prática, o sistema autoritário e opressivo da população beneficiava toda a 
camada alta da sociedade, independente de sua função. 
 O sistema articulava-se como um todo para gerar uma unidade e um controle 
classista, levando em conta os movimentos políticos contrários que 
habitavam dentro dele. A sociedade foi, portanto, o resultado da força, 
e não de uma grande articulação das elites.
Darcy Ribeiro: a Empresa Brasil
 As classes dominantes do país não eram constituídas por um único grupo, mas por 
muitos grupos que aspiravam ao poder sempre autoritário.
 Os movimentos que contrastam com o progresso representado pelo projeto oficial, 
que Darcy Ribeiro (1995) chama de anarquia, resultam em ilhas arcaicas e regiões 
modernizadas. As primeiras se formam pelo isolamento e pelas condições sociais, 
diferentemente da aparência conservadora que exprimem, e isso pode ser 
evidenciado quando o isolamento é rompido e o arcaico encontra o moderno – que 
somente é moderno porque sempre há quem defenda o atraso. 
 A modernização é também aparente porque está 
ligada exclusivamente à economia, não afetando os 
valores sociais do tradicionalismo (RIBEIRO, 1995).
Darcy Ribeiro: a Empresa Brasil
 O resultado pós-colonial direto é a nacionalização da classe dominante, que se 
transforma sem resistência, instaurando a mesma lógica colonizadora que 
continuaria a garantir o lucro. 
 A independência é concedida pela Inglaterra e imposta pelo monarca. Na prática, 
o sistema permaneceu o mesmo, pois o povo ainda não trabalhava para si.
 O Estado brasileiro, portanto, apresentou uma continuidade, e não uma ruptura, 
incumbindo-se da missão de sustentar seu aparelho repressivo para manter o 
regime antigo sob as formas do novo. 
Darcy Ribeiro: a Empresa Brasil
 Para Ribeiro (1995), os Brasis são quadros regionais que buscam decompor os 
distintos e apressados processos de formação étnica que povoaram as diferentes 
regiões, de diferentes maneiras.
 Diferentes cenários brasileiros, ao invés da tradicional historiografia una do país. 
 Ritmos diferentes e influenciando a indianidade circundante espalharam-se pelo 
território, como ilhas civilizatórias, para então estabelecer uma comunicação 
entre si. 
Três dimensões permeavam similarmente essas comunidades: 
 A identidade protobrasileira, a estrutura 
socioeconômica colonial e sua economia 
mercantil (RIBEIRO, 1995).
Darcy Ribeiro: os Brasis
 Processos separatistas no Brasil Colônia, que buscavam novas ordenações 
econômicas e uma fuga da tirania central e monopolizante, que era o Estado 
brasileiro, foram reprimidos.
 Todas as revoltas separatistas foram reprimidas militarmente, e a estabilidade 
política ao longo da história mitigou os movimentos separatistas; mas, o ponto 
que atravessa todos eles é a falta de um discurso identitário, pois não há o 
entendimento de que um povo diferente vive dentro do território 
brasileiro (RIBEIRO, 1995). 
Darcy Ribeiro: os Brasis
Darcy Ribeiro observou a colonização e suas consequências para a sociedade 
brasileira e percebeu que: 
a) A democracia racial evitou muitos conflitos. 
b) Houve grande violência na unificação política, suprimindo tentativas de 
rompimento ou subversão da ordem vigente.
c) Não havia espaço na sociedade para rebeldias. 
d) A índole do brasileiro é naturalmente pacífica. 
e) A cordialidade de nossas relações vêm do caráter tranquilo dos nativos. 
Interatividade 
Darcy Ribeiro observou a colonização e suas consequências para a sociedade 
brasileira e percebeu que: 
a) A democracia racial evitou muitos conflitos. 
b) Houve grande violência na unificação política, suprimindo tentativas de 
rompimento ou subversão da ordem vigente.
c) Não havia espaço na sociedade para rebeldias. 
d) A índole do brasileiro é naturalmente pacífica. 
e) A cordialidade de nossas relações vêm do caráter tranquilo dos nativos. 
Resposta 
 OS BRASIS
 Crioulo
 Caboclo
 Sertanejo
 Caipira
 Gaúcho
 Quadros regionais que buscam decompor os distintos 
e apressados processos de formação étnica que 
povoaram as diferentes regiões, de diferentesmaneiras. 
Darcy Ribeiro: os Brasis
 O Brasil crioulo: 
 O engenho foi a primeira agroindústria portuguesa. 
 A questão da mão de obra foi o grande impedimento de uma expansão mais 
acelerada dos engenhos e os senhores só perdem força com a Revolução 
Industrial. 
 “A senhorialidade do patronato açucareiro lembra, em muitos aspectos, 
a da aristocracia feudal, pelos poderes equivalentes que alcança sobre a 
população que vivia em seus domínios, pelo exercício da judicatura e pela 
centralização pessoal do mando” (RIBEIRO, 1995, p. 287).
Darcy Ribeiro: os Brasis
 O Brasil caboclo:
 Observação das populações a partir da Amazônia:
 Origens e mudança de territórios.
 Integração forçada e violência.
 Ao longo do tempo, a mudança foi drástica. 
 “Em nenhuma outra região brasileira a população 
enfrenta tão duras condições de miserabilidade 
quanto os núcleos caboclos dispersos pela floresta, 
devotados ao extrativismo vegetal e, agora, também 
ao extrativismo mineral do ouro e do estanho” 
(RIBEIRO, 1995, p. 307). 
Darcy Ribeiro: os Brasis
 A história da Amazônia revela três classes sociais: 
 A primeira consistia nos índios, que, isolados, defendiam-se de todas as 
tentativas de serem escravizados ou de atentados contra as mulheres e as 
crianças das tribos.
 A segunda era a população urbanizada e diversa, que tinha como língua principal 
o português e sustentava a colônia.
 A terceira classe social era composta de índios oriundos das missões jesuítas, 
considerados por Ribeiro (1995) como um povo novo e original.
Darcy Ribeiro: os Brasis
 O Brasil sertanejo se espalha entre a caatinga e o cerrado, que apresentam uma 
vegetação pobre e um clima hostil. 
 A economia das fazendas de gado desenvolveu-se associada ao ciclo do açúcar, 
mas não gerou riqueza capaz de tirar a região da pobreza. 
 A dependência do mercado interno nunca gerou grande acumulação. 
Segundo Ribeiro: 
 “O contraste dessa condição com a vida dos 
engenhos açucareiros devia fazer a criação de 
gado mais atrativa para os brancos pobres e 
para os mestiços dos núcleos litorâneos” 
(RIBEIRO, 1995, p. 342). 
Darcy Ribeiro: os Brasis
 O resultado dessa mistura entre pobreza e abundância populacional foi uma 
relação de grande deferência com o patrão, regida pela lealdade pessoal e política. 
 A disputa por manter boa reputação junto ao patrão criou o comportamento dos 
sertanejos e de suas famílias, já que viviam ilhados nas fazendas do patronato. 
Entendiam que sem a proteção de um patrão, seriam jogados ao arbítrio do 
Estado.
Darcy Ribeiro: os Brasis
 O Brasil caipira: 
 Sul do Brasil, seguindo a costa nas regiões abaixo de São Vicente, a população 
estava abandonada por Portugal. 
 Sem conexão marítima ou uma economia importante, essa população vivia em 
sítios e arraiais de casebres pobres. 
 A miséria da população da região e sua proximidade com os índios 
misturavam hábitos tribais com europeus, por exemplo, usar roupa, chinelas e 
uma culinária mais refinada. 
 Falavam a língua geral, a variação do tupi escrita pelos jesuítas. 
 Miséria do paulista tornava-o um aventureiro 
em potencial. Ele também sofreu um processo 
deculturativo, pois perdeu a vida comunitária 
e a disciplina patriarcal.
Darcy Ribeiro: os Brasis
 Ouro:
 A riqueza e a urbanidade constituíram também uma certa “classe média”, 
composta por mulatos, negros e brancos.
 Apesar da segregação racial, a música e a culinária se desenvolveram como 
cultura da região. 
 Com o esgotamento do ouro, também a região entrou em decadência. 
 Os empobrecidos buscaram satisfazer suas 
necessidades da maneira que podiam. A 
sedentarização finalmente diminuiu o fluxo das 
pessoas, prendendo-as à terra e criando hábitos. 
Nascia o Brasil caipira e sua cultura. 
Darcy Ribeiro: os Brasis
 O Brasil gaúcho:
 O Sul foi muito afetado pelo povoamento do Sudeste paulista, que engoliu o 
território que antes era espanhol e o incorporou ao Brasil. 
 A cultura espanhola não deixou de influenciar a região, e sua composição étnica e 
econômica não permite simplificá-la etnograficamente.
 Naquela região viviam lavradores de origem açoriana, os chamados gaúchos, e os 
gringos brasileiros, descendentes de imigrantes europeus.
Darcy Ribeiro: os Brasis
 Ribeiro explica o resultado dessa pluralidade:
 “A coexistência e a interação desses três complexos opera ativamente no sentido 
de homogeneizá-los, difundindo traços e costumes de um ao outro. A distância que 
medeia entre os respectivos patrimônios culturais e, sobretudo, entre seus 
sistemas de produção agrícola - a lavoura de modelo arcaico dos matutos, o 
pastoreio gaúcho e a pequena propriedade explorada intensivamente dos colonos 
gringos - funciona, porém, como fixadora de suas diferenças” (RIBEIRO, 1995, p. 
408). 
 Outro motivo apontado por Ribeiro para explicar o 
abrasileiramento dessa região é a imigração europeia.
Darcy Ribeiro: os Brasis
Nas palavras do autor:
 “Somam-se, assim, três fatores na formação da matriz gaúcha. Primeiro, a 
existência do rebanho de ninguém sobre terra de ninguém; segundo, a 
especialização mercantil na sua exploração; terceiro, o grau de europeização de 
uma parcela mestiça desse contingente que a fazia carente de artigos de 
importação e capaz de estabelecer um sistema de intercâmbio para trocar couros 
por manufaturas” (RIBEIRO, 1995, p. 414).
 O gado foi a principal atividade econômica.
 Os conflitos fronteiriços eram intensos.
Darcy Ribeiro: os Brasis
 O Sul se urbanizou com um processo semelhante ao nordestino. As propriedades 
rurais ofereciam condições de vida miseráveis, mas tornaram-se extremamente 
populosas, uma vez que eram a única alternativa de subsistência da maioria do 
povo. As gerações mais novas não se contentavam com isso e partiam para as 
cidades em busca de oportunidades. As aglomerações urbanas se multiplicaram, e 
a região se urbanizou em decorrência de sua miséria e desigualdade. 
(RIBEIRO, 1995). 
Darcy Ribeiro: os Brasis
 A rica obra de Darcy Ribeiro deve servir de base para problematizações e não ser 
lida como a comprovação de determinismos ou simples mecanicismos.
 Seu percurso intelectual amplo buscava questionar as visões que deixavam de ver 
as especificidades e influências mais complexas na sociedade.
 Darcy Ribeiro tem, em seus estudos, também um projeto político de um Brasil 
diferente das visões simplistas ou mesmo que nos pensavam como uma grande 
democracia racial.
 Foi o Relator da LDB de 1996.
 Recomendações finais – Darcy Ribeiro no Programa 
Roda Viva – 1995.
Darcy Ribeiro e os Brasis – cuidados nas leituras 
Darcy Ribeiro observou as relações da sociedade com os indígenas e separou os 
modos de ser brasileiro em cinco tipos: crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e gaúcho. 
Assim:
a) Construiu uma visão simplista da realidade brasileira. 
b) Tinha uma visão dogmática inferiorizante dos nativos.
c) Desqualificava os brasileiros miscigenados.
d) Exaltava a unificação étnica como capaz de superar todas as diferenças.
e) Apesar da unificação étnica, existiam antagonismos, contradições e disparidades.
Interatividade
Darcy Ribeiro observou as relações da sociedade com os indígenas e separou os 
modos de ser brasileiro em cinco tipos: crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e gaúcho. 
Assim: 
a) Construiu uma visão simplista da realidade brasileira. 
b) Tinha uma visão dogmática inferiorizante dos nativos.
c) Desqualificava os brasileiros miscigenados.
d) Exaltava a unificação étnica como capaz de superar todas as diferenças.
e) Apesar da unificação étnica, existiam antagonismos, contradições e disparidades. 
RespostaATÉ A PRÓXIMA!

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