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Potenciai� Evocad� Auditiv� d� Tronc� Encefálic� @polettojoan� NOMENCLATURA PEATE: Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico ABR: Auditory Brainstem Response - Respostas Auditivas de Tronco Encefálico; BAEP: Brainstem Auditory Evoked Potentials BERA (Brainstem Evoked Response Audiometry): Audiometria de Respostas Evocadas de Tronco Encefálico Audiometria de Tronco Encefálico DEFINIÇÃO É um exame que possibilita a avaliação e a identificação das respostas elétricas desencadeadas por estímulos sonoros que correspondem à atividade elétrica da cóclea, do nervo auditivo e de algumas partes do tronco encefálico. É classificado como um exame de resposta evocada, transiente e de curta latência. (PIZA, 2020) - Consiste de uma sequência de respostas neurais promediadas, geradas pelo nervo auditivo e pela via auditiva no tronco encefálico, que ocorre geralmente dentro dos primeiros 10ms após o início do estímulo. (MUSIEK; BARAN, 2020) - Permite a obtenção da atividade eletrofisiológica do sistemaauditivo, mapeando as sinapses das vias auditivas desde o nervo coclear, os núcleos cocleares, o complexo olivar superior na região da ponte e o núcleo do lemnisco lateral até o colículo inferior em nível do mesencéfalo. (SOUSA et al., 2008) CARACTERIZAÇÃO - Os PEATE humanos são potenciais evocados de campo distante originados pelo sistema nervoso auditivo, que ocorrem dentro dos primeiros 10ms após a apresentação de um som transiente, tal como um clique ou um tone burst (MOLLER, 2013). - O PEATE é usado tanto para avaliar a integridade da resposta neural, como para a estimar os limiares auditivos (HOOD, 2015). - Importante: A resposta a ser visualizada, os parâmetros de registro e os critérios usados para a análise da resposta dependem do objetivo para o qual o PEATE está sendo usado: PEATE Neurodiagnóstico Pesquisa do Limiar Eletrofisiológico - Quando registrado com o objetivo de neurodiagnóstico, o estímulo usado é o clique (MOLLER, 2013). O PEATE clássico “de livro” é evocado por um clique de 100ms, num nível de intensidade moderadamente alto, que induz o aparecimento de diversas ondas positivas a negativas dentro de 10 ms após o início do estímulo (ATCHERSON, 2012). ONDAS - CLIQUE - Os PEATE consistem de uma série de ondas positivas que ocorrem dentro de 15ms após o início da estimulação, quando o estímulo utilizado é o clique em indivíduos adultos. (BURKARD; DON, 2007) - O PEATE típico é caracterizado por 5 a 7 ondas positivas que são tradicionalmente rotuladas usando algarismos romanos (MOLLER, 2013). As ondas I, III e V são as ondas mais úteis para o propósito de Neurodiagnóstico (ATCHERSON, 2012). - A onda V é a mais importante quando o objetivo é estimar o limiar auditivo (ATCHERSON, 2012), tendo em vista que frequentemente ela é a única onda observável no limiar ou próximo ao limiar eletrofisiológico. A onda V pode ter diferentes morfologias, mesmo em sujeitos normais (HALL, 2007). - As ondas II e IV são muito variáveis quanto à amplitude e muitas vezes são difíceis de serem identificadas. (BURKARD; DON, 2007) - As ondas I, II e IV frequentemente difíceis de serem identificadas em níveis do clique moderados e abaixo, e em alguns casos a onda III pode também ser vista no e próxima ao limiar eletrofisiológico. (BURKARD; DON, 2015) - As latências dos picos de todas as ondas do PEATE aumentam, enquanto as amplitudes dos picos diminuem com a diminuição dos níveis de intensidade do clique. (BURKARD; DON, 2015) - Em fortes intensidades, sujeitos com audição normal e semproblemas neurológicos apresentam, no mínimo, as ondas I, III e V. No entanto, conforme a intensidade vai sendo diminuída, as ondas mais iniciais desaparecem, restando apenas a onda V. (GONDIM; BALEN; ROGGIA, 2010) - A onda V é a maior em amplitude e mais consistente à estimulação liminar. Isso significa que em condições normais, estímulos próximos ao limiar psicoacústico conseguem evocar a atividade elétrica de todas as estruturas, porém com amplitudes que permitem apenas o registro da onda V. Por isso a onda V é também denominada de onda limiar-dependente (SOUSA et al., 2008, p.60). - A sincronia das descargas das células ciliadas é essencial para o PEATE e os melhores resultados são alcançados pela estimulação da porção basal da cóclea. - Sabe-se bem que cliques e estímulos de frequência alta fornecemmelhores registros do PEATE do que estímulos de frequência baixa. (MUSIEK; BARAN, 2020) PEATE COM FREQUÊNCIA ESPECÍFICA - CARACTERIZAÇÃO - No caso do uso do tone burst como estímulo, nem sempre as ondas I e III irão aparecer, mesmo com intensidades elevadas. - Deste modo, apenas a onda V é analisada, tendo em vista a determinação do limiar eletrofisiológico. - Estímulos de frequência mais alta eliciam latências do PEATE mais curtas do que estímulos de frequência mais baixa. Hood (2015) PEATE POR VO -CARACTERIZAÇÃO - Na pesquisa do PEATE por via óssea (VO) as ondas I e III sãomenos frequentes devido ao fato da intensidade inicial ser de 50 dBNAn. - Deste modo, deve-se analisar somente a presença da onda V, bem como a sua morfologia, amplitude e replicabilidade para cada resposta obtida. (FERNANDES; AZEVEDO, 2018) PEATE - GERADORES NEURAIS -Onda I: porção distal (periférica) do nervo auditivo. - Onda II: porção proximal (central) do nervo auditivo -Onda III: núcleo coclear - Onda IV: provavelmente estruturas próximas à linha média (complexo olivar superior?) -OndaV: Pico positivo de vértice pontudo: terminação do lemnisco lateral no colículo inferior do lado contralateral. - Pico negativo lento – slow negative (SN10): Potenciais dendríticos do colículo inferior contralateral. - Onda I: representação do potencial de ação da porção distal do VIII par craniano, isto é, a atividade aferente das fibras desse nervo, quando deixam a cóclea e entram no canal auditivo interno. - Onda III: o maior gerador desta onda é o núcleo coclear. Origina-se dos neurônios de segunda ordem perto do núcleo coclear. - OndaV: sua voltagem positiva está relacionada com as terminações do lemnisco lateral, e a depressão após a voltagem positiva pode estar relacionada com o colículo inferior contralateral à orelha que foi estimulada. (GRIZ; PACÍFICO, 2018) - Segmento I-II: reflete pura condução neural do nervo coclear - Segmento II-III: reflete condução axonal e uma sinapse entre o nervo coclear e a emergência dos núcleos cocleares (SOUSA et al., 2008) - Segmento III-V: gerado no tronco encefálico, reflete a condução entre os núcleos cocleares e o lemnisco lateral alto, representa o maior feixe auditivo do tronco encefálico, liga, sem nenhuma sinapse intermediária, os núcleos cocleares (onda III) ao lemnisco lateral ipsilateral (onda IV) (SOUSA et al., 2008) - Segmento III-V: condução exclusivamente axonal, os axônios que, partindo dos núcleos cocleares, fazem sinapse nos núcleos olivares mediais, geram a onda V também no lemnisco alto, principalmente contralateral (SOUSA et al., 2008) APLICAÇÕES CLÍNICAS - O PEATE é, sem dúvida, o Potencial Evocado Auditivo mais útil clinicamente até o presente momento. - Ele pode ser usado para: estimar o limiar auditivo diagnóstico diferencial de anormalidades periféricas e centrais monitoramento intra-operatório (BURKARD; DON, 2015) - O PEATE é provavelmente o PEA mais amplamente usado, com aplicações clínicas: na estimativa dos limiares comportamentais em bebês (e pacientes difíceis de testar) na detecção de anormalidades neurológicas do VIII par craniano e tronco encefálico (ATCHERSON, 2012) - O PEATE também tem sido um dos PEA mais amplamente estudados em virtude de: sua facilidade de configuração boa confiabilidade teste/reteste geralmente rápida realização, especialmente com pacientes cooperantes. (ATCHERSON, 2012) PRINCIPAIS INDICAÇÕES (PIZA,2010) - Casos de suspeita de comprometimento do sistema auditivo que não puderam ser esclarecidos com os métodos convencionais: Perda auditiva sensório-neural assimétrica Discriminação vocal baixa Zumbido com ou sem perda auditiva, simétrico ou assimétricoAusência de reflexo estapediano, não esperado pela audiometria tonal Tontura não esclarecida por outros métodos Determinação do limiar em pacientes não colaborativos/simuladores Pré implante coclear Topodiagnóstico neurológico Monitoramento do uso de drogas ototóxicas Monitoramento de cirurgias otoneurológicas Avaliação ou monitoramento de coma RECOMENDAÇÕES PARAA REALIZAÇÃODO EXAME (PIZA,2010) - Sala de Exame: É aconselhável que o equipamento esteja ligado em rede elétrica com circuito elétrico exclusivo e com aterramento exclusivo. - Paciente: Durante a realização do exame o paciente deve permanecer relaxado e com os olhos fechados, deitado ou sentado em uma poltrona reclinável, que seja confortável e que tenha apoio para a cabeça. Se possível, solicitar que não use hidratante ou protetor solar no dia do exame. É fundamental uma avaliação audiométrica prévia e recente. A audiometria deve estar na frente do examinador para planejamento e realização do exame. O PEATE deve ser iniciado pela orelha comos melhores limiares ou a melhor discriminação Algumas drogas de ação central (ex. anticonvulsivantes) podem alterar as respostas (atraso na latência da onda V). Fundamental a realização da otoscopia e limpeza dos condutos antes do exame. COLOCAÇÃODOS ELETRODOS (PIZA,2020) - Sistema de 1 canal - Sistema de 2 canais ESTIMULAÇÃO (PIZA,2020) - Fones de inserção são preferenciais para a estimulação por via aérea: Evita o colabamento do conduto Diminui a ressonância Reduz a interferência elétrica - Vibrador ósseo quando há a necessidade da pesquisa do PEATE por VO. PARÂMETROS DE ANÁLISE (PIZA,2020) -Morfologia da resposta: individualização das ondas I, III e V amplitude da onda V deve ser maior do que da onda I - Observação de simetria no traçado obtido em ambas as orelhas, conforme a perda auditiva - Análise das latências absolutas das ondas I, III e V em ambas as orelhas - Intervalos interpicos I-V, I-III e III-V - Diferença interaural das latências e dos interpicos menor do que 0,3 ms INTERPRETAÇÃO (PIZA,2020) - Independentemente do tipo de PEATE a ser realizado, as ondas que serão analisadas devem ser replicadas com os mesmos parâmetros de estímulo. COMO IDENTIFICAR UM EXAME DE QUALIDADE (PIZA,2020) - 2 aquisições em 80 ou 90 dBNA em ambas as orelhas - Ondas nítidas e replicáveis, sem contaminação por artefatos - Cada aquisição com no mínimo 2000 estímulos - Marcação das ondas com latências adequadas - Se a diferença interaural na audiometria >30 dB, foi usado mascaramento - Respostas ausentes em 90 dBNA devem ser confirmadas com cliques rarefeitos e condensados (ao menos um traçado de cada) para afastar a possibilidade de dessincronia auditiva TIPOS DE APLICAÇÕES CLÍNICAS - Neurodiagnóstico, ou pesquisa da integridade da via auditiva - Pesquisa do Limiar Eletrofisiológico - “Tais procedimentos podem ser indicados, isoladamente ou de modo combinado, para diversas populações de acordo com o objetivo da avaliação audiológica…” (MATAS; MAGLIARO, 2011, p.186). PEATE NEURODIAGNÓSTICO - É feito com o objetivo de verificar a integridade do nervo auditivo e da via auditiva no tronco encefálico. (MUSIEK; SHINN; JIRSA, 2007) PEATE NEURODIAGNÓSTICO - INDICAÇÕES - O PEATE é o teste audiológico mais sensível para a detecção de tumores do oitavo par craniano e de disfunções da via auditiva no tronco encefálico (MUSIEK; SHINN; JIRSA, 2007). - O PEATE parece ser sensível a lesões específicas não prontamente identificáveis pela imagem da ressonância magnética, tais como: hiperbilirrubinemia, alguns processos de doenças degenerativas e privação auditiva (MUSIEK; SHINN; JIRSA, 2007). - O PEATE tem sido usado para uma ampla variedade de outras desordens retrococleares, tais como: problemas vasculares, neurotoxicidade e trauma (CHIAPPA, 1983 apud MUSIEK; SHINN; JIRSA, 2007) - O exame do PEATE tem se tornado extremamente útil em casos de comprometimentos do tronco encefálico nos quais os exames de imagem não auxiliammuito, tais como em casos de exposições tóxicas externas. (MUSIEK; GONZALEZ; BARAN, 2015) - O PEATE pode ser usado como umamedida não invasiva para explorar o processamento auditivo de nível baixo em humanos. (BURKARD; DON, 2012) - Quando a avaliação audiológica básica apresentar resultados sugestivos de algum comprometimento auditivo na parte da via auditiva em que o PEATE é gerado: IRFmuito rebaixado e/ou incompatível com o grau da perda auditiva diferencial do reflexo acústico aumentado, ou reflexos ausentes com limiares auditivos que podem desencadeá-los perdas auditivas neurossensoriais unilaterais e/ou assimétricas zumbido unilateral muita dificuldade para o entendimento da fala. (GONDIM; BALEN; ROGGIA, 2010) PEATE NEURODIAGNÓSTICO - APLICAÇÕES CLÍNICAS - Detecção de tumores do nervo auditivo; - Detecção de lesões no tronco encefálico; - Monitorização cirúrgica; - Avaliação do grau do coma e auxílio no diagnóstico de morte encefálica; - Identificação de neuropatia auditiva; - Avaliação da maturação do sistema auditivo central em neonatos; - Diagnóstico do tipo de perda auditiva. (MATAS; MAGLIARO, 2011) - O PEATE é altamente reconhecido e amplamente utilizado como um instrumento de triagem no diagnóstico diferencial de patologias cocleares x retrococleares. - Seu objetivo não é fornecer informações relativas à etiologia da doença, mas sim fornecer uma compreensão clara a respeito da integridade auditiva do nervo auditivo e do tronco encefálico. (MUSIEK; SHINN; JIRSA, 2007) PEATE NEURODIAGNÓSTICO - INDICAÇÕES - Pacientes atendidos na clínica fonoaudiológica que podem ter alguma disfunção no nervo auditivo e/ou na via auditiva no tronco encefálico. PEATE NEURODIAGNÓSTICO - REALIZAÇÃODO EXAME - “Para avaliar a integridade da via auditiva em tronco encefálico, o estímulo utilizado é o clique, em intensidade alta e não variável, geralmente em torno de 80 dBnNA (decibel nível de audição normal), a qual permite a visualização das ondas I, III e V, e o estudo das suas latências absolutas e interpicos. - Desta forma, é possível verificar a condução do estímulo acústico, desde o nervo coclear até a região do tronco encefálico, com o intuito de identificar possíveis lesões ou disfunções do SNAC”. (MATAS; MAGLIARO, 2015, p.120) PEATE NEURODIAGNÓSTICO - ANÁLISE - A análise mais usualmente realizada para o PEATE considera: Os valores de latência das ondas I, III e V Os interpicos I-III, III-V e I-V (tendo em vista que essas três ondas possuemmaior amplitude e estabilidade) A diferença interatural da latência da onda V, ou seja, a comparação das latências da onda V entre as orelhas também deve ser analisada com o objetivo de identificar patologias retrococleares unilaterais. (MATAS; MAGLIARO, 2015) - A diferença interaural deve ser de no máximo 0,3ms. - Critérios Neurodiagnósticos comumente usados para o PEATE (ATCHERSON, 2012): Latências absolutas das ondas I, III e V Intervalos interpicos I-III, III-V e I-V Relação de amplitude V/I - Latências absolutas das ondas I, III e V para utilidade clínica (ATCHERSON, 2012): Medida da latência no pico em relação ao início do estímulo Latência da onda V pode ser a mais útil 1.5, 3.5 e 5.5 ms respectivamente para as ondas I, III e V são comumente usadas, mas normas locais específicas por gênero são ideais Qualquer latência absoluta que exceda 2 desvios padrões é considerada significativa para o diagnóstico. Deve-se levar em consideração o atraso de tempo dos fones de inserção comparados com os fones TDH A onda I usualmente não é afetada por Schwannomas Vestibulares, mas pode ser diminuída ou ausente na presença de perda auditiva. Embora discutível, pode ser que seja necessário considerar prolongamentos da onda V causada por perda auditiva coclear. (ATCHERSON, 2012) - Intervalos interpicos I-III, III-V e I-V para utilidade clínica (ATCHERSON, 2012): calcular a diferença entre as ondas subsequentes 2 ms para I-III e III-V e 4 ms para I-V são comumente usados, mas normas locais específicas por gênero são ideais Qualquer intervalointerpico que exceda 2 desvios padrões é considerado significativo para o diagnóstico. Geralmente de melhor valor diagnóstico do que as latências absolutas. Depende da presença da onda I (que pode ser ausente em perda auditiva coclear). - Relação de amplitude V/I para utilidade clínica: Dividir a amplitude da onda V pela amplitude da onda I. Espera-se que seja ≥ 1.0 porque a onda V é normalmente maior (GELFAND, 2016) < 0,75 é considerado significativo para o diagnóstico (ATCHERSON, 2012) Uma baixa amplitude da onda V pode ser indicativa de comprometimento retrococlear (PIZA, 2020) Existe suspeita de desordem retrococlear quando a relação V:I é menor do que 1.0 (GELFAND, 2016) Amplitudes podem ser variáveis e não confiáveis o Complexos das ondas IV/V podem ser problemáticos (ATCHERSON, 2012). PEATE NEURODIAGNÓSTICO - INTERPRETAÇÃO - Itens a serem identificados: Replicação de onda, indicando sincronismo neural Ondas I, III e V - Análise das latências absolutas das ondas I, III e V - Análise dos intervalos interpicos I-III, III-V e I-V - Comparação interaural dos intervalos interpicos I-III, III-V e I-V - Quando não há presença da onda I não se pode calcular o interpico I-V, portanto deve-se comparar a latência absoluta da onda V entre as orelhas. - A amplitude da onda V deve ser maior do que da onda I em adultos e crianças > 2 anos de idade. (Quadro de Matas e Magliaro (2015) (Quadro de Andrade et al. (2018) CARACTERÍSTICAS DE UMPEATE NEURODIAGNÓSTICONORMAL - Presença das ondas I, III e V commorfologia, latências absolutas, intervalos interpicos e diferença interaural da onda V dentro dos padrões da normalidade, para cliques de forte intensidade (em geral, 80 dB). PESQUISA DO LIMIAR ELETROFISIOLÓGICO - Embora o PEATE não seja um teste auditivo por si só, a informação obtida pode ser útil na estimativa ou predição dos limiares auditivos. (HOOD, 2015) - Permite a identificação do grau da perda auditiva. - Deve-se, entretanto, considerar o tipo de estímulo utilizado, pois cada estímulo abrange uma faixa de frequência específica: Clique: O grau da perda auditiva se refere em geral à região das frequências médias/altas. Tone burst: o grau estará de acordo com as bandas de frequências testadas (500, 1000, 2000 e 4000 Hz). (MATAS; MAGLIARO, 2015) - Para caracterizar precisamente a sensibilidade do limiar, a informação deve ser obtida por regiões de frequência definidas, como é a prática padrão quando se testa a audição de modo comportamental, via audiometria do tom puro. (HOOD, 2015) - É indicada sempre que houver dúvidas quanto à fidedignidade dos limiares auditivos do paciente, ou quando não for possível a obtenção dos limiares auditivos na avaliação audiológica comportamental. (GONDIM; BALEN; ROGGIA, 2010) PESQUISA DO LIMIAR ELETROFISIOLÓGICO - APLICAÇÕES CLÍNICAS - Identificação do limiar eletrofisiológico em neonatos - Identificação do limiar eletrofisiológico em crianças difíceis de serem avaliadas mediante os procedimentos audiológicos de rotina (ex. Crianças muito pequenas, com transtornos psiquiátricos, com problemas neurológicos) - Na avaliação objetiva da audição de adultos para fins diagnósticos e legais (simulação/dissimulação) (MATAS; MAGLIARO, 2015) PESQUISA DO LIMIAR ELETROFISIOLÓGICO - REALIZAÇÃO - Para a obtenção do limiar eletrofisiológico pode-se iniciar o teste em uma intensidade alta, decrescendo-a progressivamente (em geral de 20 em 20 dBnNA) até o momento no qual a onda V não possa sermais visualizada. - Então, aumenta-se a intensidade do estímulo em 10 dB até que o limiar eletrofisiológico possa ser estabelecido. (MATAS; MAGLIARO, 2015) - Em bebês pode-se iniciar a testagem em intensidade baixa, para que não despertem do sono natural. - Neste caso, o limiar eletrofisiológico pode ser obtido pela técnica ascendente, no qual inicia-se a coleta numa intensidade baixa (em geral, 10 ou 20 dBnNA), marcando-se a onda V após a sua identificação e replicação, ou aumentando-se a intensidade de 10 em 10 dBnNA para que a onda V possa ser identificada. - “Determina-se o limiar eletrofisiológico pelo menor valor de intensidade de estímulo no qual se observa a presença da onda V ou do componente SN10, pois como a amplitude diminui de acordo com a redução da intensidade, por vezes esse componente negativo é mais visível que o componente positivo da onda V”. (SOUSA et al., 2008, p.66) PESQUISA DO LIMIAR ELETROFISIOLÓGICO - INTERPRETAÇÃO - Em pacientes com doenças retrococleares acometendo o nervo auditivo e/ou o tronco encefálico, frequentemente não se observa correlação entre o limiar eletrofisiológico e o limiar psicoacústico. - Essa característica é útil para o neurodiagnóstico, mas inviabiliza a estimativa do limiar psicoacústico pelos PEATE. (SOUSA et al., 2008) - A pesquisa do Microfonismo Coclear (MC) é fundamental para o diagnóstico do Espectro da Neuropatia Auditiva (ENA). MC, com ausência de resposta neural, indica alteração no sincronismo da resposta neural, inviabilizando o registro das respostas pelo PEATE. - Havendo alteração no sincronismo, não se recomenda a utilização do PEATE para a determinação dos limiares, tendo em vista que a resposta do PEATE depende do sincronismo adequado - Na presença do Espectro da Neuropatia Auditiva ou de desordens neurológicas nas quais a onda V é significativamente degradada (ou eliminada), ou quando somente as ondas mais iniciais estão presentes o PEATE não irá fornecer medidas acuradas dos limiares auditivos. (SMALL; STAPELLS, 2017) PROTOCOLO E SEQUÊNCIA DE TESTES (STAPELLS, 2010) - Sugeridos pela BCEHP - Como a maioria dos bebês falham na TAN por problemas de OM, sugere-se iniciar o teste por um intensidade baixa, ou seja, nos níveis considerados normais. - Se a resposta no PEATE com FE por VA não estiver presente nos valores considerados normais, é melhor já iniciar a pesquisa do PEATE por VO do que perder tempo estabelecendo o limiar por VA em cada uma das frequências. - Audição Normal (9,4 minutos): 1º: Pesquisar o PEATE com FE de 2000 Hz por VA, em ambas as orelhas, apenas no nível de intensidade considerado normal. 2º: PEATE com FE em 500 Hz por VA em AO... 3º: PEATE com FE em 4000 Hz por VA em AO... 4º: Se ainda der tempo, pesquisar PEATE com FE em 1000 Hz por VA em AO... (Figura de Small e Stapells (2017) - Perda auditiva condutiva ou sensório-neural: Se uma ou ambas as orelhas não tiverem resposta presente nos níveis considerados normais, pesquisar o PEATE por VO em 2000 e 500 Hz. Próximo passo: pesquisar o PEATE por VA com FE nas demais frequências. - Atualmente existem poucos dados a respeito do PEATE por VO em 1000 e 4000 Hz. Desse modo, essas frequências não devem ser rotineiramente testadas por VO (citado também em SMALL; STAPELLS, 2017). PADRÃODE NORMALIDADE PEATE TONE-BURST EM BEBÊS BCEHP (2012) - VA: 500 Hz: 35 dB nHL 1000 Hz: 30-35 dB nHL 2000 Hz: 30-35 dB nHL 4000 Hz: 25 dB nHL - VO: 500 Hz: 20 dB nHL 2000 Hz: 30 dB nHL PEATE EMNEONATOS E LACTENTES - PROTOCOLO SUGERIDO (RIBEIRO, 2014) - Garantir a integridade da via auditiva, identificando possíveis alterações retrococleares: PEATE por VA, com estímulo clique em 70 dBNA, com polaridade condensada e rarefeita - Determinação dos níveismínimos de respostas ou limiares em diferentes frequências: Iniciar exame nos níveis mínimos de resposta. Aumentar a intensidade para pesquisar o limiar eletrofisiológico se a resposta for ausente nos níveis mínimos esperados. - Se necessário, diferenciar o tipo de alteração: PEATE por VO nos níveis mínimos de resposta Limiar eletrofisiológico por VO se não tiver resposta nos níveis mínimos - Protocolo sugerido PEATE clique em crianças: (Figura de Lourençato, Grasel e Beck (2020) - Padrão de normalidade PEATE clique em bebês e crianças (Figura de Sousa et al. (2008) PESQUISA DOMICROFONISMOCOCLEAR - Quando houver suspeita de neuropatia auditiva, pesquisar microfonismo coclear (STAPELLS, 2010): PEATE com clique o Intensidade forte Polaridade Alternada Polaridade Rarefeita Clipagem do tubo do fonede inserção - Para a pesquisa o microfonismo coclear é necessário realizar o registro dos PEATE tanto com a polaridade rarefeita como com a polaridade condensada. - A presença do microfonismo coclear é confirmada quando existe uma inversão de polaridade das ondas conforme a inversão da polaridade do estímulo. (HOOD, 2007) - Ao contrário das ondas do PEATE, o microfonismo coclear não aumenta sua latência conforme a intensidade do estímulo for diminuída (HOOD, 2007). - Também não aparece em intensidades inferiores a 50 dB (SOUSA et al., 2008). - Necessidade da utilização de fones de inserção, considerando-se que esse tipo de fone permite a separação do artefato elétrico do potencial coclear (SOUSA et al., 2008). - Costuma-se também obstruir o tubo do fone de inserção para se descartar a presença de artefatos - Fazer o registro dos PEATE com clique de polaridade condensada e após com polaridade rarefeita. Observar se existe ou não a inversão dos picos conforme a inversão da polaridade. - Obstrução do tubo do fone de inserção e repetição da pesquisa dos PEATE com rarefação e condensação. - A manutenção do registro após a obstrução do tubo do fone de inserção demonstra a presença de artefato elétrico. - O cancelamento do registro com a obstrução do tubo indica que o microfonismo coclear está presente. PEATE - FATORES DE CORREÇÃO - Valores recomendados pelos programas de TAN e diagnóstico audiológico da British Columbia e de Ontario (BCEHP 2008; OIHP 2008; SININGER; HYDE; 2009 apud STAPELLS, 2010): –15, –10, –5 e 0 dB para estimar os limiares comportamentais para tom puro nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz (em dBNA) a partir dos limiares obtidos no PEATE com tone burst. - O limiar eletrofisiológico obtido para o clique em geral assemelha-se ao da audiometria tonal nas frequências de 2000 a 4000 Hz, nos pacientes com perda auditiva condutiva ou coclear. (SOUSA et al., 2008) PEATE XMATURAÇÃO (MATAS, MAGLIARO, 2011) - “Tendo em vista a maturação da via auditiva no tronco encefálico, deve-se ter cautela na interpretação dos traçados obtidos em neonatos e lactentes, considerando sempre o efeito dessa maturação sobre a latência e a morfologia das ondas”. (MATAS, MAGLIARO, 2011, p.186) - A literatura relata que é possível a visualização das ondas I, III e V a partir da 30ª ou 32ª semanas de idade gestacional. - A latência da onda I apresenta valores semelhantes aos do adulto próximo aos 3 meses de idade. - As latências das ondas III e V continuam a crescer durante o primeiro ano de vida. - Crianças nascidas a termo atingem valores de latência da onda V próximos aos dos adultos somente por volta dos 18 meses ou 2 anos de idade. - Em crianças nascidas pré-termo a maturação do SNAC não segue o mesmo padrão maturacional de crianças nascidas a termo. Deste modo, para a análise da latência das ondas do PEATE em bebês prematuros, deve-se considerar a idade corrigida. - Padrão de normalidade PEATE clique em bebês e crianças (inclui prematuros): (Figura de Sousa et al. (2008)
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