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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – CAMPUS I CURSO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA DE FONOAUDIOLOGIA MANUAL BÁSICO PARA OS ESTÁGIOS EM AUDIOLOGIA Professores: Caio Leônidas Oliveira de Andrade Conceição Silva Oliveira Mara Renata Rissatto Lago Marcos Roberto Banhara Maria Cecília Castello Silva Pereira Maria da Glória Canto de Sousa Maysa Bastos Rabelo Nadja Braite Salvador 2022 2 SUMÁRIO 1. OBRIGAÇÕES DO ESTAGIÁRIO DURANTE O PERÍODO DO ESTÁGIO 4 2. ANAMNESE 5 3. MEATOSCOPIA 5 4. ACUMETRIA 6 4.1 Teste de Weber 6 4.2 Teste de Rinne 7 4.3 Teste de Schwabach 7 4.4 Teste de Bing 7 5. MEDIDAS DE IMITÂNCIA ACÚSTICA OU IMITANCIOMETRIA 8 6. TIMPANOMETRIA 8 7. REFLEXO ACÚSTICO DO MÚSCULO ESTAPÉDIO 11 8. PROVA DA FUNÇÃO TUBÁRIA COM TÍMPANO PERFURADO 12 9. RECRUTAMENTO OBJETIVO DE METZ 13 10. PESQUISA DO DECLÍNIO DO REFLEXO ACÚSTICO (TONE DECAY IMITANCIOMÉTRICO) 13 11. AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR 14 12. COMO REALIZAR A AUDIOMETRIA TONAL PORVIA AÉREA 15 13. COMO REALIZAR A AUDIOMETRIA POR VIA ÓSSEA 18 14. AUDIOMETRIA VOCAL OU LOGOAUDIOMETRIA 22 15. MASCARAMENTO 29 16. LAUDOS AUDIOLÓGICOS 36 17. AUDIOLOGIA INFANTIL 38 17.1 Audiometria Comportamental – 0 a 2 anos 40 3 17.2 Audiometria Condicionada/Lúdica - 3 a 6 anos 43 17.3 Audiometria Convencional – a partir de 7 Anos 44 18. TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL - EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS 44 19. PASSOS PARA REALIZAÇÃO DO EXAME DA FUNÇÃO VESTIBULAR 49 20. POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE TRONCO ENCEFÁLICO – PEATE 59 21. AVALIAÇÃO DISCENTE 64 22. ASPECTOS DE BIOSSEGURANÇA 65 23. MEDIDAS DE PRECAUÇÕES-PADRÃO 68 SITES PARA CONSULTA E PESQUISA CIENTÍFICA 70 REFERÊNCIAS 71 4 PROCEDIMENTOS AUDIOLÓGICOS MAIS UTILIZADOS NA ROTINA CLÍNICA 1. OBRIGAÇÕES DO ESTAGIÁRIO DURANTE O PERÍODO DO ESTÁGIO Guardar mochilas e bolsas nos armários da clínica. Manter seu “Kit” de atendimento contendo: caneta azul e vermelha, lápis e borracha, e Manual de Audiologia. Usar jaleco e sapatos fechados, e no caso de cabelos compridos, manter os cabelos amarrados ou usar a touca descartável. Verificar as salas que serão utilizadas para os atendimentos: “Preparar” o ambiente: verificar limpeza, fones com touca higiênica, pilhas e luzes dos otoscópios, gaze, lista de IPRF, ligar os equipamentos eletrônicos (audiômetro, imitanciômetro e ar-condicionado), providenciar os protocolos a serem utilizados de acordo com os procedimentos: anamnese e folha de registro dos procedimentos (audiometria e imitanciometria, e/ou folha de registro de Triagem Auditiva Neonatal). Tratar o paciente com respeito. Solicitar sempre um documento com foto para preencher os dados na anamnese e identificar na foto a pessoa atendida. 5 2. ANAMNESE Antes de efetivamente começar o procedimento do teste é importante estabelecer um diálogo com o paciente, contextualizando os questionamentos a partir da queixa, a fim de que não pareça um simples preenchimento de questionário. Na anamnese pode-se determinar o nível de audição provável. Pode-se determinar a possível causa da perda auditiva. É importante ouvir as respostas e a forma como são dadas. Cuidado, se começar a pensar sobre a próxima questão, pode-se perder uma parte importante da resposta. 3. MEATOSCOPIA A inspeção do Meato Acústico Externo (MAE) é indispensável, sendo os seus principais propósitos: Verificar a presença de cerúmen no MAE (cerca de 25% livre) Determinar o tamanho do MAE a fim de selecionar a oliva e o espéculo adequados. A hélix do pavilhão auricular deve estar firmemente segura e ser puxada na direção póstero-superior para alargar o canal durante a visualização. Caso a inspeção do MAE revele a presença de impedimento do MAE (rolha de cerúmen ou corpo estranho), o paciente deverá ser encaminhado para o médico Otorrinolaringologista. O aluno deverá preencher o encaminhamento e o nome do paciente deverá ser inserido na lista de pendência para retorno. O exame só poderá ser realizado após a remoção do impedimento do MAE. 6 4. ACUMETRIA O método mais básico, rápido e de baixo custo que existe para a avaliação subjetiva da audição são as provas com diapasão. Devem fazer parte do exame físico do paciente com queixa auditiva ou vestibular, independentemente de outros exames, podendo fazer parte do exame clínico geral. Os diapasões mais utilizados são os de frequências de 512 e 1024Hz, por serem frequências médias do espectro humano e sofrerem menor interferência do som ambiente. Os diapasões de frequência grave são mais sensíveis para detectar perdas condutivas. Estes testes oferecem uma avaliação qualitativa da audição, podendo nortear na diferenciação das perdas condutivas e sensorioneurais, enquanto que a discriminação da perda mista já é mais difícil. Os principais objetivos dos testes com diapasão são: Comparar a audição entre via óssea e aérea; Nortear quanto ao tipo de perda auditiva, se sensorioneural ou condutiva/mista; Comparar a audição do examinador (considerada normal), com a audição do paciente. ✓ Teste de Weber O diapasão é colocado na linha média da fronte, da calota craniana ou dos dentes. Se o som for ouvido igualmente em ambos ouvidos a audição é normal ou a perda auditiva é similar bilateralmente. Se o som se lateralizar para a orelha de melhor audição, a perda é sensorioneural no lado afetado; se o som se lateralizar para a orelha mais comprometida, a perda é condutiva neste último. 7 Weber audiométrico: Deve-se realizar em caso de existência de perda auditiva condutiva e/ou mista. Coloca-se o vibrador ósseo na fronte do paciente com intensidade de 20dB maior que a pior óssea em cada frequência pesquisada, a fim de que essa via possa ouvir o tom. Pode-se também utilizar como critério a média das ósseas na frequência testada mais 10dB. ✓ Teste de Rinne O diapasão é colocado sobre a mastoide até que o paciente refira que não está mais escutando o som, momento este em que o diapasão é colocado próximo ao MAE, cerca de 2cm do mesmo. O Rinne é positivo quando o som é escutado por via aérea após não ser mais escutado por via óssea. Isto ocorre na audição normal e nas perdas sensoriouneurais. O Rinne é negativo quando o som não é escutado por via aérea, após não ser mais escutado por via óssea. Isto ocorre nas perdas condutivas, onde a audição por via óssea é mais prolongada, sendo necessário um gap aéreo - ósseo maior do que 20dB. ✓ Teste de Schwabach O diapasão é colocado alternadamente na mastoide do paciente e do examinador considerado normal. Se o paciente ouvir por mais tempo que o examinador, sugere perda condutiva. Se o paciente ouvir por menos tempo, sugere perda sensorineural. E se o paciente ouvir por tempo igual, sugere audição normal. ✓ Teste de Bing Coloca-se o diapasão na mastoide do paciente e pressiona-se o trago, obliterando o conduto auditivo externo. Se o paciente tiver perda sensorioneural ou 8 audição normal, sua audição deve piorar com o conduto auditivo externo obliterado. Se o paciente tiver perda condutiva, a obliteração não vai influir na audição. Podemos realizar o Bing audiométrico colocando o vibrador na mastoide, pressionando o trago a fim de ocluir o conduto auditivo externo, podendo ser realizado em uma ou mais frequências. 5. MEDIDAS DE IMITÂNCIA ACÚSTICA OU IMITANCIOMETRIA Exame de grande importância clínica, que avalia o sistema tímpano-ossicular e a via do reflexo do Estapédio de forma objetiva, rápida e com fácil aplicabilidade. ✓ Instruções: Mesmo que as medidas da imitância da orelha média sejam uma técnica objetiva de avaliação da função auditiva, sua aplicação requer algumasinstruções ao indivíduo sob teste, tais como: ✓ Ele deverá permanecer quieto, evitando movimentos bruscos de cabeça. ✓ Não precisará responder, mesmo ao ouvir os “apitos”, os quais poderão ser intensos. ✓ Deve evitar tossir ou deglutir durante a realização do teste. ✓ O paciente geralmente fica apreensivo antes do exame, pois a introdução da sonda é uma técnica invasiva. Neste caso, é sempre aconselhável que o examinador o tranquilize no sentido de avisá-lo de que o teste é rápido e indolor. 6. TIMPANOMETRIA É o procedimento pelo qual se pode determinar as mudanças que ocorrem na membrana do tímpano e na cadeia ossicular pela variação de pressão sonora 9 introduzida no MAE. Avalia-se a mobilidade da membrana timpânica e as condições de orelha média. Durante a variação pressórica é introduzido um tom puro de 226Hz na orelha e a quantidade de som refletido pela membrana timpânica é então medida. ✓ Instruções: ✓ Introduz-se uma sonda numa das orelhas e coloca-se pressão de +200daPa, nesse momento o conjunto tímpano-ossicular é deslocado medialmente e a membrana timpânica fica enrijecida (máxima reflexão). ✓ A pressão é reduzida gradualmente até que se alcance um ponto onde está a máxima transmissão do som da membrana timpânica e da cadeia ossicular, denominado de máxima compliância. ✓ A pressão do ar no MAE se aproxima da pressão na cavidade da orelha média, havendo um mínimo de reflexão. O conjunto tímpano-ossicular é deixado em sua posição habitual e a membrana timpânica atinge seu ponto de relaxamento máximo. ✓ O que se anota no timpanograma não é o ponto máximo de relaxamento, ou seja, o pico. O que se anota no timpanograma é o volume de orelha média, o que realmente tem valor clínico (a diferença entre o pico de máximo relaxamento e o volume de orelha externa). Foram definidos cinco tipos de curvas timpanométricas, conforme o volume da cavidade da orelha média. Tipos de Curvas Timpanométricas (Figura 1) ✓ Tipo “A”: seu pico de máxima complacência (0,30 a 2,0cm3 – adultos e 0,30 a 1,0 cm3 - crianças de até sete anos) é por volta de 0daPa, cuja variação está entre -100daPa e +50daPa e são encontrados em indivíduos com função de orelha média normal ou em portadores de Otosclerose. ✓ Tipo “Ar” ou “As”: denominada como curva de rigidez, seu pico encontra-se em torno de 0daPa (-100daPa e +50daPa) semelhante a curva tipo “A”, porém 10 com volume reduzido (<0,3cm3). Encontrada em indivíduos com otosclerose, timpanosclerose ou membranas espessas. ✓ Tipo “Ad”: denominada como curva de flacidez de membrana timpânica (MT) ou disjunção/ desarticulação de cadeia ossicular, seu pico ocorre por volta de 0daPa (- 100daPa e +50daPa), porém sua complacência ultrapassa o valor máximo de normalidade (>2,0cm3 - adultos; >1,0cm3 - crianças até sete anos). É encontrada em casos de disjunção/ desarticulação de cadeia ossicular ou com membrana timpânica flácida (neotímpano). ✓ Tipo “B”: ausência do ponto máximo de complacência. Apresenta curva achatada, sem pico, mesmo que as variações de pressão no MAE sejam grandes. ✓ Tipo “C”: seu pico de máxima complacência está deslocado para mais de - 100daPa e é encontrada em casos de disfunção tubária. Figura 1. Tabela de Classificação das Curvas Timpanométricas. Adaptado de Jerger (1970) e Jerger, Jerger e Mauldin (1972). Fonte: Guia de Orientações na Avaliação Audiológica Básica, 2020. Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Colaboração: Academia Brasileira de Audiologia e Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 11 7. REFLEXO ACÚSTICO DO MÚSCULO ESTAPÉDIO A medida do reflexo acústico do músculo estapediano é a constatação de sua contração induzida por uma estimulação sonora, que pode ser ipsilateral ou contralateral. É considerado reflexo quando a variação do volume ultrapassa o valor de 0,28. Na via ipsilateral o som apresentado na orelha testada percorre o seguinte caminho: cóclea, VIII nervo, núcleo coclear ventral, complexo olivar superior, núcleo motor do facial (VII nervo) e ramo motor do nervo facial, que inerva o músculo estapédio da mesma orelha, na qual é observado o reflexo. Na via contralateral o som apresentado estimula a cóclea, VIII nervo, núcleo coclear ventral, complexo olivar superior contralateral, núcleo motor do nervo facial (VII nervo) contralateral e ramo motor facial contralateral, responsável pela inervação e contração do músculo estapediano contralateral. A orelha com fone que recebe o estímulo acústico para desencadear o reflexo é tida como aferente e a orelha com a sonda, onde se observa o reflexo, é eferente (Figura 2). As medidas do reflexo contralateral referem-se à orelha na qual é fornecido o estímulo acústico. Por exemplo: se apresentar um estímulo acústico na orelha direita (fone) e observar o reflexo na orelha esquerda (sonda), tem-se um reflexo contralateral direito, ou seja, aferência na orelha direita (audição) e a eferência na orelha esquerda (contração do músculo estapediano). Portanto, se o reflexo é medido na própria orelha estimulada é ipsilateral, entretanto se medido na orelha oposta é contralateral. 12 Figura 2. Eliciação do reflexo acústico contralateral O limiar dos reflexos acústicos, tanto ipsilaterais quanto contralaterais, será registrado de acordo a EFERÊNCIA, isto é, de acordo com a cor da orelha que se encontra a sonda (Orelha Direita = Vermelho; Orelha Esquerda = Azul). A classificação do reflexo acústico estapediano contralateral encontra-se na Figura 3. Figura 3. Classificação do reflexo acústico estapediano contralateral (GELFAND, 1984; JERGER; JERGER, 1989). Fonte: Guia de Orientações na Avaliação Audiológica Básica, 2020. Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Colaboração: Academia Brasileira de Audiologia e Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 8. PROVA DA FUNÇÃO TUBÁRIA COM TÍMPANO PERFURADO Essa avaliação poderá ser utilizada em indivíduos com perfuração da membrana timpânica, para verificar se a tuba auditiva está ou não preservada. Abaixo os passos para realização desta prova: Após a vedação do meato acústico externo do paciente, introduz-se uma pressão positiva de +200daPa. Em seguida, orienta-se que degluta toda vez que for solicitado. Após cada deglutição, observa-se se houve escape de pressão pela tuba auditiva. Em indivíduos com tuba auditiva normal (permeável), a agulha do manômetro retorna à posição zero após três ou quatro deglutições. Em pacientes com tuba auditiva parcialmente permeável (semipermeável), encontra-se uma pressão residual, variando de 50 a 80daPa. 13 Entretanto, quando a tuba auditiva estiver totalmente obstruída, impermeável, a pressão permanecerá inalterável, independentemente do número de deglutições, ou seja, a agulha do manômetro continuará fixa em +200daPa. 9. RECRUTAMENTO OBJETIVO DE METZ A partir da pesquisa do reflexo estapediano, pode-se verificar se há ou não a presença de recrutamento em paciente com perdas auditivas sensorioneurais. Neste caso é calculada a diferença (DIF) entre os valores do limiar auditivo e do limiar do reflexo acústico. A comparação deverá ser realizada com base na unidade de medida (dBNA – dBNA). Para análise do recrutamento podemos analisar da seguinte forma: Se a diferença for igual ou menor que 60dB, é indicativo de recrutamento objetivo de Metz. Entretanto, se o valor da diferença for menor que 30dB, pode estar ocorrendo algum erro na avaliação audiológica, provavelmente na obtenção dos limares auditivos na audiometria tonal, sendo necessário retestá- los. Se a diferença for até 100dBNA está dentro dos padrões de normalidade. E se for maior que 100dBNA é indicativo de alteração do Processamento Auditivo Central (PAC).10. PESQUISA DO DECLÍNIO DO REFLEXO ACÚSTICO (Tone decay imitanciométrico) Para realização deste teste é apresentado um tom puro de 10dB acima do limiar obtido para o reflexo acústico contralateral, em 500 e 1000Hz durante 10 segundos. Se houver retorno na agulha do balanceômetro, em mais de 50%, nos primeiros 5 segundos, isto é sugestivo de lesão retrococlear ou predominantemente 14 neural. 11. AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR Abaixo encontram-se os procedimentos e cuidados antes da realização da audiometria tonal liminar: Conectar o audiômetro à rede elétrica. Ligar o audiômetro pelo menos 10 minutos antes de começar o exame. Isto permite o aquecimento adequado de todos os seus sistemas e melhor desempenho. Verificar as conexões dos fones, vibrador ósseo e microfone, bem como desenrolar os fios retorcidos para não causar danos aos mesmos. Verificar se o som emitido pelo audiômetro não apresenta distorções, chiados ou se sua intensidade não está sofrendo alterações. Entrevista (anamnese) – levantar alguns dados sobre o problema auditivo do paciente, para selecionar a frequência e intensidade inicial do exame e em qual orelha aplicar o teste primeiro. Antes de iniciar a audiometria deve-se proceder com a inspeção do MAE. Verificar se não existe presença de colabamento no MAE do paciente a ser testado, pois com a colocação dos fones e flacidez do pavilhão auricular, pode ocorrer esta oclusão. Se isto acontecer, utiliza-se de adaptadores anatômicos com orifício que impeçam a oclusão. O colabamento tem como consequência um quadro de perdasauditivas leve a moderada. Levar em conta o estado psicofísico do paciente no momento do teste, pois ele pode não estar se sentindo em boas condições para responder. Apresentar instruções claras e objetivas ao paciente, sobre o que deve fazer, o que vai sentir e como será o procedimento de teste. Esta pode ser considerada uma das etapas mais importantes da avaliação audiológica. Destaca-se, ainda, que a colocação dos fones e seu correto posicionamento é muito importante na avaliação audiométrica. É necessário que o paciente saiba exatamente o que se espera dele, o que 15 deve fazer e como deve responder. Diversas são as formas sugeridas de se responder ao teste, mas a que recebe maior ênfase é aquela em que o paciente apresenta sua resposta por meio de um ato motor. Utiliza-se ainda uma pêra para sinalização das respostas por parte do paciente. Entretanto, deve-se verificar com o examinador responsável e com o supervisor qual o melhor método a ser utilizado. Iniciando a audiometria tonal liminar: Iniciar o teste pela orelha melhor, a uma intensidade audível pelo paciente; se este não souber informar qual é esta orelha, testar uma frequência (1000 Hz), em uma e depois em outra orelha, estabelecendo, desse modo, a melhor. Se não houver diferença significativa, começar pela orelha direita. No caso do paciente com perda auditiva acentuada, iniciar por 250 ou 500Hz. ✓ Em pacientes com zumbido deve-se escolher o melhor tipo de estímulo para realizar o exame. ✓ Toda vez que tiver dúvidas das respostas, peça ao paciente para retornar em outro momento e refazer o exame. ATENÇÃO: deve-se tomar cuidado com a apresentação ritmada, por que o indivíduo pode levantar a mão ou apertar a pêra, condicionado pelo intervalo constante e rítmico da apresentação do sinal. Deve-se tomar cuidado também, com as pistas que o examinador possa dar: levantar e abaixar os olhos, movimentar ombros e braços, lentes de óculos que refletem o sinal da luz durante apresentação do sinal, etc. 12. COMO REALIZAR A AUDIOMETRIA TONAL POR VIA AÉREA Após a anamnese, a instrução ao paciente, a inspeção do meato acústico externo, a colocação dos fones, inicia-se o exame propriamente dito. Se o paciente perceber o estímulo, na intensidade inicial, reduz-se, progressivamente, a intensidade de 10 em 10dB, até que o paciente não mais 16 perceba o estímulo. Nesse momento, aumenta-se o som em 5dB e diminui-se em 5dB até que o paciente responda novamente. O limiar auditivo é a menor intensidade na qual o indivíduo detecta 50% dos estímulos apresentados. Após o teste da frequência inicial, o mesmo procedimento será usado para as frequências de 2000, 3000, 4000, 6000, 8000, 500 e 250Hz, nesta ordem. Caso os limiares obtidos nas diversas frequências apresentem muita discrepância, por exemplo, em 1000Hz, 70dB; e em 2000Hz, 40dB; é conveniente, retestar 1000Hz antes de passar para as frequências graves (500 e 250Hz). Se houver discrepância entre as frequências de 500, 1000 e 2000Hz igual ou maior que 20dB, é recomendado pesquisar as frequências de 750Hz e 1500Hz, respectivamente. Depois de testar a melhor orelha ou a direita, o mesmo procedimento deve ser utilizado para o lado oposto. Os resultados obtidos serão anotados em um gráfico próprio denominado de audiograma, no qual são registrados os limiares tonais sob forma de símbolos de acordo com normas internacionais, o que facilita a leitura e a interpretação dos achados, proporcionando uma visão geral do nível de audição do indivíduo. Os sinais caracterizam-se pela forma, cor e direção diferentes para cada lado. Cada sinal audiométrico deve ser exatamente representado para que seja possível o reconhecimento imediato da orelha examinada, do mecanismo de condução investigada, do tipo de teste realizado, etc. Orelha Direita em vermelho e Orelha Esquerda em azul (Quadro 1). 17 Orelha Direita Orelha Esquerda O Via aérea X Via aérea Via aérea mascarada Via aérea mascarada < Via óssea > Via óssea [ Via óssea mascarada ] Via óssea mascarada Não responde Não responde Linha contínua Linha tracejada Quadro 1. Notação gráfica para os resultados obtidos na avaliação audiológica – audiometria tonal (Russo e Santos, 2013). Cuidados na realização da audiometria tonal por via aérea Algumas situações especiais devem ser consideradas: ✓ Quando, durante o teste das vias aéreas, observa-se uma diferença igual ou maior que 40dB entre a orelha melhor e a pior em uma dada frequência, é necessário utilizar um ruído mascarante que impeça a orelha melhor de responder pela pior. ✓ Quanto ao aparecimento de alterações de limiares, mais frequentemente em agudos pode ocorrer um fenômeno denominado onda estacionária. Este evento produz uma perda na energia do som que está sendo apresentado à orelha e produz uma falsa perda auditiva. Portanto, ao encontrar perda auditiva nas frequências a partir de 3000Hz, é aconselhável refazer a pesquisa do limiar, reposicionando os fones supra aurais ou inserindo uma oliva no meato acústico externo para que não colabe. 18 13. COMO REALIZAR A AUDIOMETRIA POR VIA ÓSSEA O objetivo principal da audiometria por via óssea é auxiliar o diagnóstico clínico das alterações de orelha externa, média ou interna. Por intermédio da comparação dos resultados obtidos na via aérea e na via óssea, é possível determinar o grau de comprometimento condutivo. Diversos fatores devem ser avaliados quando respostas de via óssea são analisadas: A audição por via óssea é recebida na cóclea pelos mesmos receptores sensoriais que recebem o estímulo que vem da viaaérea; A audição óssea não é tão sensível quanto a aérea, isto porque a impedância do crânio é bem maior do que a do sistema tímpano-ossicular; Quando qualquer local do crânio é estimulado pelo vibrador ósseo, as duas cócleas são “ativadas/estimuladas” simultaneamente; ✓ O vibrador ósseo pode apresentar limitações mecânicas para a transmissão de frequências abaixo de 250Hz e acima de 4000Hz, e também para fortes intensidades. Assim, a via óssea é pesquisada apenas nas frequências de 500Hz a 4000Hz. Na frequência de 500Hz o limiar é pesquisado até a intensidade de 60dB e, nasdemais frequências até 70dB. ✓ A colocação preferencial do vibrador ósseo na mastoide se deve ao fato de que, nesta região, é possível aplicar ao vibrador a pressão necessária para que a sua transmissão ao crânio seja bastante eficaz; ✓ Outros aspectos que devem ser considerados são: a pressão do vibrador ósseo sobre a mastoide; a calibração do equipamento; a proximidade de estruturas que possam amortizar a vibração tais como: cabelo, pavilhão auricular, hastes de óculos, fivelas, tiaras, etc. ✓ Para pesquisar os limiares por via óssea o paciente deve ser novamente instruído. Ele deve receber a informação do que vai acontecer e como deve responder. ✓ Para que se obtenha o limiar por condução óssea, tal como foi descrito na via 19 aérea, deve-se começar por frequências e intensidade audíveis pelo paciente. O vibrador ósseo deve ser colocado sobre a mastoide da orelha a ser testada. ✓ Geralmente, não se testa a via óssea quando os limiares auditivos por via aérea estiverem em até 15dB (para crianças de até 7 anos) e 20dB (para crianças maiores). Para os adultos realiza-se a VO quando os limiares de VA estiverem iguais ou maiores que 25dB. ATENÇÃO: Caso a audição encontre-se dentro da normalidade e haja uma alteração de orelha média, com ausência dos reflexos estapedianos, deve-se realizar a VO a fim de encontrar um possível gap, o que justificaria tal realização, pois, provavelmente, existe um componente condutivo nesta situação. ✓ Um fato que pode acontecer na pesquisa da via óssea é o efeito de oclusão, que ocorre quando o MAE é coberto ou ocluído pelo fone supra aural, existe um aumento do nível de pressão sonora em direção à cóclea. Poderá, então, causar melhora na percepção do som por condução óssea, nas frequências de 500 a 1000Hz. Esse efeito poderá gerar um aumento na energia sonora apresentada de 15 a 20dB nessas frequências. Nos indivíduos com audição normal ou com perdas auditivas sensorioneurais, tal aumento resultará em um reforço da via óssea, o que não ocorrerá naqueles com alterações condutivas. ✓ Na via óssea, quando o crânio é estimulado, as duas cócleas são ativadas ao mesmo tempo. Isso significa que não ocorre atenuação interaural. O mascaramento deverá ser utilizado para eliminar a participação da orelha não testada no momento em que a outra está sendo estimulada. ✓ Para que a interpretação dos dados fornecidos pela audiometria sejam realizados, de modo padronizado, diversos órgãos internacionais recomendam o uso de critérios para a análise do grau, do tipo e da configuração audiométrica. 20 Tipos de perda auditiva e suas características As perdas auditivas podem ser classificadas quanto ao tipo em: condutiva, mista sensorioneural, a saber: ✓ Perdas Auditivas Condutivas: para adultos e crianças acima de 7 anos: limiares de via óssea menores ou iguais a 25dBNA e limiares de via aérea maiores do que 25dBNA, com gap (diferencial aéreo-ósseo) maior ou igual a 15dB. ✓ Perdas Auditivas Sensorioneurais: limiares das vias aérea e óssea maiores que 25dBNA e que estejam acoplados ou podendo apresentar um diferencial aéreo-ósseo de até 10 dB”. ✓ Perdas Auditivas Mistas: limiares de via óssea maiores do que 25dBNA e limiares de via aérea maiores do que 25dBNA com gap aéreo-ósseo maior ou igual a 15dB. Classificação das perdas auditivas quanto ao grau - Adulto (Figura 4) Figura 4. Classificação do grau da perda auditiva de acordo com Lloyd e Kaplan (1978). Fonte: Guia de Orientações na Avaliação Audiológica Básica, 2020. Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Colaboração: Academia Brasileira de Audiologia e Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 21 Classificação das perdas auditivas quanto ao grau – Criança (Figura 5) Figura 5. Classificação do grau da perda auditiva de acordo com Northern e Downs (2002). Fonte: Guia de Orientações na Avaliação Audiológica Básica, 2020. Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Colaboração: Academia Brasileira de Audiologia e Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 22 Classificação da perda auditiva quanto à configuração A classificação da configuração audiométrica leva em consideração o desenho dos limiares de via aérea para cada orelha (Figura 6). *Entalhe audiométrico - Coles et al, (2000) definem como entalhe audiométrico quando os limiares auditivos em 3 kHz ou 4 kHz ou 6 kHz são maiores que 10 dB quando comparados com os limiares de 1 kHz ou 2 kHz e 6 kHz ou 8 kHz. Figura 6. Classificação da configuração audiométrica de Silman e Silverman (1997) – adaptada de Carhart (1945) e Lloyd e Kaplan (1978). Fonte: Guia de Orientações na Avaliação Audiológica Básica, 2020. Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Colaboração: Academia Brasileira de Audiologia e Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 14. AUDIOMETRIA VOCAL OU LOGOAUDIOMETRIA Após a determinação dos limiares por via aérea e por via óssea, deverá ser avaliada a habilidade do indivíduo para detectar e reconhecer a fala. Os limiares logoaudiométricos mais empregados na rotina audiológica são: o Limiar de Detecção de Fala (LDF) ou Limiar de Detecção de Voz (LDV), o Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) e o Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF). 23 Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) Para realizar a pesquisa do LRF deverão ser utilizadas listas de palavras fáceis de serem entendidas e com inteligibilidade semelhante. As palavras utilizadas no Brasil são trissilábicas e polissilábicas, por exemplo: amarelo, boneca, chocolate, namorado, sabonete, acarajé, maracujá, professora, etc. O LRF pode ser pesquisado, também, por meio de perguntas simples para crianças, como por exemplo: Qual é o seu nome? Quantos anos você tem? Qual o nome da mamãe? etc. A pesquisa do LRF com crianças a partir de 2 anos quando é realizada a audiometria tonal condicionada, deve ser feita com figuras que representem palavras trissílabas ou ordens simples como identificar as cores de brinquedos e mostrar partes do corpo. A pesquisa do LRF com crianças de 2 a 6 anos de idade pode ser composta por figuras, objetos e uma lista de ordens simples, como por exemplo: “dê tchau”, “jogue beijo”, “aponte o nariz”, etc. Tabela dos níveis (Frasson) Controle da intensidade de voz (Volume Unit Meter) Para se obter resultados fidedignos e adequados na logoaudiometria, é necessário o controle do sinal de fala em volume correto. O vu meter é um importante monitor visual, indispensável nos testes logoaudiométricos realizados a viva voz. Ele deverá ser ajustado de modo a permitir o sensor atinja a marca zero, em todas as palavras proferidas ao microfone que, por sua vez, deverá estar situado defronte dos lábios do falante (Figura 7). Importante o examinador não ficar muito próximo ao microfone, a fim de evitar que o “puff” de ar e o sibilado, decorrentes da presença de deslocamento de ar próximo à cápsula do microfone, não atinja níveis próximos ao “0” e se perca o controle do vu meter. 24 Figura 7. VU Meter. Fonte: Disponível em: <www.gabzfm.com> Método para realizar o LRF A pesquisa do LRF deve ser realizada logo após a determinação dos limiares tonais, iniciando-se pela melhor orelha. Para tanto, deve-se iniciar o teste com intensidade audível para o paciente, aproximadamente, 30dB a 40dB acima da média dos limiares tonais por via aérea, nas frequências de 500, 1000 e 2000Hz para cada orelha. Para tanto o examinador realizará os seguintes passos: Instruir o paciente a repetir uma série de palavras, geralmente trissílabos e não devem ser apresentados de forma a fazerem parte de uma mesma categoria (frutas, mobília, legumes, entre outros), da maneira como as ouviu, avisando que elas serão apresentadas em intensidades cada vez menores. Utilizar um anteparo na frente da boca, de modo que o paciente não realize a leitura orofacial. O método mais utilizado no Brasil é o descendente, no qual diminui-se a intensidade de 10 em 10dB a cada palavra apresentada, até que o paciente não repita mais ou comece a errar. Em seguida, aumenta-se a intensidade em 5dB e passa-se a apresentar quatro palavras por nível de intensidade decrescente a fim de se pesquisar o LRF. O menor nível de intensidade no qual o paciente repetir corretamente 50% das quatro palavras apresentadas, ou seja, duas delas. Este será o nível de LRF para a orelha testada. O LRF poderá ainda ser realizado por meio de perguntas ou ordens simples. Nesse caso, devemos diminuir o nível de intensidade de apresentação, a cada pergunta respondida corretamente, do mesmo modo que se faz com as palavras. O LRF será a menor intensidade na qual o paciente respondeu corretamente à pergunta formulada. http://www.gabzfm.com/ 25 Aplicações clínicas do LRF A pesquisa do LRF auxilia na confirmação dos limiares tonais, devendo estar igual ou no máximo 10dB acima da média dos limiares tonais aéreos de 500, 1000 e 2000Hz. Quando há uma discrepância superior a 10dB entre o LRF e os limiares tonais, uma nova pesquisa audiométrica deverá ser realizada para a confirmação destes limiares. O LRF será compatível com a média tonal de 500, 1000, 2000Hz se estas estiverem próximas. Porém, será compatível com o melhor limiar tonal se houver diferença igual a 15dB entre as frequências da fala. O mesmo pode ocorrer em audiogramas com configurações descendentes abruptas que apresentam limiares melhores nas frequências baixas. A determinação do LRF é essencial para a delimitação do campo dinâmico da audição e imprescindível na seleção, indicação e adaptação de aparelho auditivo. Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF) É a medida da inteligibilidade da fala em uma intensidade fixa na qual o indivíduo consegue repetir corretamente o maior número de palavras. É composto por uma lista de 25 monossílabos e 25 dissílabos. Se o resultado for inferior a 88%, apresentam-se as dissílabas para a orelha direita e orelha esquerda, mas se forem utilizadas múltiplas condições de escuta, pode-se considerar 25 palavras para cada orelha. Em caso de resultados muito pobres em mono, pode-se fazer a lista de dissílabos e trissílabos. As listas devem ser preparadas seguindo-se alguns requisitos, tais como: i. Os vocábulos deverão ser familiares, ou seja, que pertençam ao vocabulário do paciente, pois esta é uma variável que pode interferir no resultado do exame. 26 ii. Os vocábulos deverão ter igual grau de dificuldades e as listas de monossílabos e dissílabos devem ser diferentes para cada orelha testada. iii. Deverão incluir os vocábulos comumente usados na língua. iv. Por exemplo: pá, tom, cor, bom, gás, chá, poste, toca, cola, cama, bola, etc. • Durante a realização do IPRF é preciso estar atento às modificações do material ou do procedimento do exame, quando são avaliados certos indivíduos, tais como: v. Portadores de distúrbios articulatórios. vi. Adultos com habilidades linguísticas reduzidas. vii. Indivíduos cujas habilidades de reconhecimento de fala estão severamente comprometidas. viii. Crianças pequenas que não podem responder verbalmente devido a fatores orgânicos ou emocionais. Método para realizar o IPRF Os procedimentos referentes ao controle de intensidade (vu meter), e a calibração para o LRF são os mesmos para o IPRF. O objetivo do IPRF é determinar a porcentagem de palavras repetidas corretamente em nível de intensidade mais confortável para os pacientes, é de suma importância determiná-lo com precisão, a fim que se atinja a máxima inteligibilidade. Não existe um nível de sensação que assegure máxima inteligibilidade. Alguns autores atingiam este nível, dependendo da lista de palavras empregada, entre 25 a 40 dBNS (decibel nível de sensação) mas a maioria desses ouvintes necessitou de 40dBNS. Deve-se ainda instruir o paciente para que ele repita as palavras apresentadas. É importante lembrar que para perdas auditivas, principalmente, sensorioneurais com recrutamento, 40dBNS poderão atingir o limiar de desconforto do paciente, reduzindo o índice de reconhecimento. Por esta razão, deve-se pesquisar o nível mais confortável para cada indivíduo. Em geral, está situado entre 27 25 e 30dBNS. Lembrar que uma vez realizando o IPRF em intensidades menores que 40dBNS, deve-se colocar uma observação informando que aquela foi a intensidade mais confortável referida pelo paciente em teste. Depois de obter o LRF ou a média tonal de 500, 1000 e 2000Hz, eleva-se a intensidade do sinal de fala para 40dBNS ou para o nível de maior conforto para o paciente. O teste do IPRF poderá ter início. Pode-se optar, também, por realizar o IPRF primeiro e o LRF posteriormente, já que o LRF exige maior atenção por parte do paciente. As listas devem ser balanceadas foneticamente, ou seja, que represente as palavras e os fonemas da língua portuguesa-brasileira. Atenção na realização do IPRF. A repetição das palavras deve ser evitada, caso necessário, repetir outras listas. As palavras devem ser bem articuladas e emitidas sempre na mesma intensidade. Resultados e interpretação dos resultados Para se obter a porcentagem de palavras repetidas corretamente no IPRF, basta multiplicar o número de acertos por 4. Por exemplo, se o paciente errou 3 palavras, sua porcentagem será obtida multiplicando-se os 22 acertos por 4, isto corresponderá a 88%. A relação entre o IPRF e a dificuldade de comunicação apresentada pelo paciente é apresentada na Figura 8. Figura 8. Classificação do IPRF (JERGER; SPEAKES; TRAMMELL, 1968). Fonte: Guia de Orientações na Avaliação Audiológica Básica, 2017. Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Colaboração: Academia Brasileira de Audiologia e Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 28 A predição da porcentagem de reconhecimento em função do tipo de perda auditiva apresentada é uma tarefa difícil. Entretanto, para as perdas auditivas condutivas espera-se uma porcentagem entre 92 a 100%, ou seja, tais perdas não comprometem o IPRF. As perdas sensorioneurais sofrem influência do grau da perda, configuração e etiologia. Em geral, pacientes com lesão neural, retrococlear, terão porcentagens inferiores àquelas encontradas em indivíduos com lesão predominantemente coclear. O IPRF diminui à medida que a perda auditiva sensorioneural aumenta. Nas lesões cocleares a porcentagem de reconhecimento pode variar de 60 a 88% e em lesões retrococleares, raramente ultrapassa os 60%. É importante lembrar que nas lesões cocleares, conforme se aumentam as pistas, o percentual tende a aumentar; nas lesões retrococleares as pistas não interferem no reconhecimento. Limiar de Detecção de Fala (LDF) Nem sempre é possível se obter o LRF. Se a dificuldade de comunicação do paciente for muito severa, nos casos de crianças que não adquiriram a linguagem oral e nos casos de perdas auditivas congênitas severas ou profundas, deve ser pesquisado o LDF. Embora o estímulo apresentado seja a fala, o paciente não precisa necessariamente reconhecê-la. O limiar de detecção de fala é utilizado para confirmar os limiares tonais e para auxiliar na seleção do aparelho de amplificação sonora, em sujeitos que não apresentam linguagem oral. O resultado do LDF coincidirá com o melhor limiar tonal (VA) do paciente. Convencionou-se utilizar a repetição da sílaba “pá” para pesquisar o LDF. Durante a apresentação da sílaba “pá, pá, pá” o paciente é instruído a levantar a mão assim que perceber o som. O LDF é obtido quando o paciente responde a apresentações e seu resultado é expresso em dB. 29 15. MASCARAMENTO Conceitos BásicosAtenuação interaural refere-se a qualquer redução de energia. Assim sendo, é a redução de energia sonora entre as duas orelhas. Isso significa que a atenuação interaural pode ser definida como o decréscimo em decibel na intensidade do sinal acústico apresentado a uma orelha que passa à cóclea da outra. Curva sombra é uma curva audiométrica obtida em uma orelha com a mesma configuração da melhor, mas com diferença de 40 a 80dB entre elas, em decorrência da lateralização do estímulo sonoro. Atenuação Interaural para a via aérea – foram pesquisados e registrados os valores de atenuação interaural para a via aérea para fones supra-aurais para várias frequências e verificaram que estes variavam de indivíduo para indivíduo e entre frequências, em uma faixa de 40 a 80dB. Em virtude da grande variação de atenuação interaural, foi recomendado que o menor valor, isto é, 40dB, fosse utilizado como parâmetro para decidir a necessidade ou não de usar o mascaramento, durante a obtenção dos limiares de via aérea. Atenuação Interaural por via óssea – quando o vibrador ósseo é colocado na mastoide, sua vibração estimulará ambas as cócleas, igual e simultaneamente, o que significa que a melhor cóclea responderá espontaneamente. Dessa forma, a atenuação interaural para a via óssea é igual a 0dB. Em razão desta ausência de atenuação interaural, recomenda-se que o mascaramento seja sempre utilizado ao se realizar a audiometria por via óssea. Contudo, há exceção, pois quando indivíduos nos quais os limiares aéreos e ósseos da orelha testada estão nos mesmos níveis de audição, não será necessário realizar mascaramento na via óssea, pois a via óssea não pode ser pior que a via aérea. A atenuação interaural para a fala será igual à diferença entre o nível de apresentação do sinal na orelha testada e a média tonal da via óssea da orelha não 30 testada. Deve-se considerar valores diferentes de atenuação interaural dependendo do procedimento a ser realizado: 40dB para a obtenção de LDF e 45dB, no que se refere à mensuração do LRF e do IPRF. Para verificar os valores de atenuação interaural, é recomendado o uso da média dos limiares de via óssea, para a orelha não testada em 500, 1000 e 2000Hz ou observar se a diferença de 45dB está presente entre o estímulo de apresentação da fala e o melhor limiar ósseo da orelha contralateral. Níveis de mascaramento O mascaramento mínimo é definido como a menor quantidade de ruído mascarante necessário para impedir a orelha não testada de responder ao sinal apresentado na orelha testada. Recomenda-se que o nível inicial de mascaramento deva ser igual ao limiar de via aérea da orelha não testada, acrescido de um fator de segurança de 10dB (no mínimo), em função da variabilidade existente entre pessoas com relação à efetividade dos níveis de mascaramento. O mascaramento máximo é o nível máximo de ruído mascarante que pode ser utilizado na orelha não testada, sem provocar mudanças nos limiares reais da orelha testada. O supermascaramento ocorre quando o nível de ruído apresentado à orelha não testada é aumentado em níveis que se igualam ou superam os valores de atenuação interaural, indo mascarar a cóclea da orelha testada. O ruído mascarador é apresentado por via aérea. O submascaramento pode ocorrer apenas na pesquisa do limiar ósseo, quando o máximo de intensidade, calculado para não provocar o supermascaramento, não é percebido pela orelha mascarada. O efeito de oclusão ocorre quando o MAE é coberto ou ocluído, existe um aumento do nível de pressão sonora em direção à cóclea. Poderá, então, causar melhora na percepção do som por condução óssea, nas frequências de 250 a 1000Hz. Esse efeito poderá gerar um aumento na energia sonora apresentada de 15 31 a 20dB nessas frequências. Nos indivíduos com audição normal ou com perdas auditivas sensorioneural, tal aumento resultará em um reforço da via óssea, o que não ocorrerá naqueles com alterações condutivas. Quando mascarar? De modo geral, são três os fatores que devem ser considerados quando se determina a necessidade de usar mascaramento: O nível de intensidade do sinal na orelha testada. Os valores de atenuação interaural. Os limiares auditivos na orelha não testada, tanto na via aérea quanto na via óssea. Audiometria tonal por via aérea Quando o limiar por via aérea, obtido na orelha testada, subtraído o valor de atenuação interaural, exceder o limiar de via óssea, na orelha não testada. É importante ressaltar que, na prática clínica, os limiares por condução óssea nas frequências de 250, 6000 e 8000Hz não são pesquisados. Porém, a audição por condução óssea nessas frequências deve ser considerada para que se verifique a necessidade do mascaramento contralateral na pesquisa dos limiares obtidos por condução aérea. Para isso, nas perdas auditivas condutivas, sugere-se considerar, para as frequências de 6000 e 8000Hz, o mesmo limiar ósseo que em 4000Hz, e para a de 250Hz, o mesmo limiar que em 500Hz. Para as perdas auditivas sensorioneurais, deve-se considerar o limiar ósseo não pesquisado igual ao limiar aéreo da determinada frequência. Audiometria tonal por via óssea Durante a avaliação audiológica, os limiares de via óssea, não mascarados, e comparados ao limiar de via aérea da orelha testada. Se existir a evidência de ocorrência de um diferencial aéreo-ósseo (gap) igual ou maior a 15 dB, é 32 necessário usar o mascaramento contralateral. Assim sendo, a regra para usar o mascaramento na obtenção dos limiares por via óssea é a seguinte: i. Quando os limiares aéreos e ósseos da orelha testada estão nos mesmos níveis de audição, o uso de mascaramento na orelha não testada não afetará os resultados obtidos, pois a via óssea não pode ser pior que a via aérea. Existem duas situações consideradas exceções para a não utilização do mascaramento por VO: ii. Quando os limiares por VO, testados sem mascaramento na orelha oposta, forem iguais aos obtidos por VA, ou seja, quando os limiares de VO estiverem acoplados aos de VA; iii. Quando os limiares ósseos da orelha não testada forem bem piores que os da orelha a ser testada. iv. Não mascarar as duas vias ósseas quando ao mascarar uma das vias ósseas, e esta piorar 20dBNA ou mais, não será necessário retestar a via óssea contralateral, pois esta não deverá piorar também. Logoaudiometria São quatro as considerações que devem ser feitas quando se tem que tomar decisões quanto ao uso do mascaramento nos testes que utilizam o estímulo de fala: v. O nível de apresentação do sinal de fala vi. A atenuação interaural vii. A sensibilidade de via óssea da orelha não testada viii. O tipo de mensuração a ser realizada O uso do mascaramento é indicado nas medidas de sensibilidade para a fala, sempre que o nível de apresentação do sinal na orelha testada for igual ou exceder a sensibilidade de via óssea, na orelha não testada, pelos valores de atenuação interaural. Uma vez que a fala é um sinal de banda larga, é necessário considerar os limiares de via óssea na faixa de frequências de 500 a 2000Hz. Os valores de atenuação interaural utilizados dependerão do tipo de mensuração a ser realizada. 33 • Para a obtenção do limiar de detecção de fala (LDF) O mascaramento é indicado quando o nível de apresentação do sinal de fala na orelha testada exceder o melhor limiar de via óssea (500 a 2000Hz) na orelha não testada pelo valor de atenuação interaural – 40dB ou mais. • Para a obtenção do liminar de reconhecimento de fala (LRF) O mascaramento é indicado quando o nível de apresentação do sinal de fala na orelha testada exceder o melhor limiar de via óssea (500 a 2000Hz) na orelha não testada pelo valor de atenuação interaural – 45dB ou mais. Existem situações nas quais a decisão de mascarar pode ser tomada, sem levar em consideraçãoos limiares de via óssea. Assim sendo se pode dizer que o mascaramento é necessário quando se testa a pior orelha, sempre que os limiares de reconhecimento de fala obtidos nas duas orelhas diferirem pela quantidade de atenuação interaural. • Para a obtenção do Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF) O mascaramento é indicado quando o nível de apresentação do sinal de fala na orelha testada, subtraído o valor de atenuação interaural (45dB ou mais), for igual ou exceder a média dos limiares de via óssea e/ou da via aérea (500 a 2000Hz) na orelha não testada. O mascaramento também é indicado quando o nível de apresentação do sinal de fala na orelha testada, subtraído o valor de atenuação interaural (45dB ou mais), for igual ou exceder o LRF da orelha não testada, caso já tenha obtido. Na Logoaudiometria deve-se acrescentar ao valor que está chegando na orelha não testada acrescido de 20dB (fator de segurança), e se tiver GAP, acrescentar o valor deste. Como mascarar? Antes de aplicar o mascaramento na melhor orelha, é importante que sejam 34 dadas instruções ao paciente. O examinador não dirá que tipo de som o paciente ouvirá em cada uma das orelhas, mas se limitará a estabelecer um sistema de sinais, como por exemplo: “O senhor deverá levantar a mão do lado em que ouvir o sinal (apito)”. Após esta instrução, o exame audiológico com aplicação do mascaramento na orelha melhor, poderá ser iniciado. Método psicoacústico Sempre que uma resposta suspeita desaparecer devido à presença do uso apropriado do mascaramento, o examinador deve procurar o verdadeiro limiar. Esta procura pode determinar a necessidade de aumentar o nível de mascaramento efetivo para assegurar a não participação da orelha não testada. À medida que o ruído mascarante é aumentado, maiores são as chances de ocorrer supermascaramento. Um procedimento que assegura o mascaramento suficiente, sem supermascarar, ao realizar a pesquisa do limiar, é a técnica descrita por Hood (1960). Essa técnica é conhecida como: método do platô, da mudança do limiar ou método do sombreamento. Nesse procedimento, um limiar auditivo questionável que foi obtido sem mascaramento, é confirmado, mascarando-se a orelha não testada com o nível mínimo de mascaramento efetivo. Se a resposta desaparecer, o nível de mascaramento efetivo é aumentado em passos de 10dB, pesquisando novamente o limiar a cada 10dB de aumento até que um platô de resposta liminar seja alcançado. Será considerado um platô, um nível de intensidade, no qual a reposta do indivíduo não muda, após alterações de pelo menos 15 a 20dB (10dB de mascaramento inicial mais dois incrementos de 10 em 10dB ou três incrementos de 5 em 5dB) no ruído mascarante. Na aplicação desta técnica alguns princípios deverão ser respeitados, tais como: ix. O mascaramento deverá ser utilizado na orelha não testada quando os limiares não mascarados demonstram um diferencial (GAP) via aérea-via 35 óssea. x. O limiar deverá ser restabelecido na presença de mascaramento na orelha não testada, e, se houver alguma alteração, novo limiar deverá ser obtido à medida que o mascaramento da orelha não testada é aumentado em incrementos de 10dB. xi. Será considerado verdadeiro o limiar que se mantém mesmo após incrementos de mascaramento, na orelha não testada, a partir do valor inicial em que a resposta do paciente permanecer inalterada. xii. Quando se aplica a técnica de platô, significa que foram utilizados diferentes níveis de mascaramento. Os limites, inferior e superior do platô representam os níveis mínimo e máximo de ruído mascarante. xiii. Nem sempre é necessário medir toda a extensão do platô. O objetivo deste procedimento é fazer com que os limiares tonais permaneçam inalterados, na medida em que se elevam os níveis de mascaramento. Hood não especificou o número de incrementos no mascaramento necessário para se medir o platô. Geralmente é aceito que o platô está estabelecido quando aumentos de 15 as 20dB de mascaramento não acarretam alterações nos limiares tonais obtidos. xiv. Como nível inicial de mascaramento na orelha não testada, recomenda- se usar como base o limiar de via aérea nesta orelha mais 10dB (no mínimo). xv. Vale destacar que nem sempre se pode seguir este raciocínio, a exemplo das perdas auditivas do tipo condutiva e mista bilaterais, pois o incremento mínimo (10dBNS) de ruído mascarante já é suficiente para supermascarar, entretanto deve-se avançar nos incrementos, pois a atenuação interaural pode não ser de 40dB e sim um valor maior. xvi. Caso haja mudança a cada incremento de ruído mascarante 36 pode ser devido ao supermascramento. Neste caso, anota-se o último valor de ruído que não provocou mudança de limiar. É importante colocar uma observação fazendo referência ao mascaramento insuficiente nas frequências “X” devido ao supermascaramento, anotando o último valor que não supermascarou. Registro dos Resultados (Figura 9). Figura 9. Símbolos recomendados pela ASHA (1990). 16. LAUDOS AUDIOLÓGICOS Ao elaborar o laudo conclusivo da avaliação é importante: ✓ Verificar inicialmente o tipo de perda observando a presença da via aérea e da via óssea; ✓ Perdas auditivas condutivas ou mistas: descrever somente o tipo de perda auditiva (não será necessário descrever o grau e a configuração da perda); ✓ Perdas auditivas sensorioneurais: A classificação do grau da perda auditiva será com base no resultado da média de 500, 1000 e 2000Hz (Lloyd e Kaplan). Será registrado o grau da perda auditiva e a 37 configuração, se necessário (quando a perda auditiva não tiver configuração plana/horizontal). Exemplo: perda auditiva cuja média tritonal seja 40dB e descendente. O resultado audiológico será: perda auditiva sensorioneural de grau leve e configuração descendente. Caso a média tritonal indique normalidade, descrever somente o tipo e configuração da perda auditiva. Casos que não se encaixam nos citados acima: i. Apenas 1 frequências abaixo do padrão de normalidade (e que não se faz via óssea (250Hz, 6 ou 8kHz): descrever perda auditiva isolada ou restrita (em 2 fs ) em tal e tal frequência ii. Apenas 1 ou 2 frequências abaixo do padrão de normalidade (e que há possibilidade de se identificar o tipo da perda em pelo menos uma destas frequências com a realização da VO): descrever perda auditiva isolada ou restrita em tal e tal frequência ATENÇÃO: O paciente deverá ser registrado no livro de registro/prontuário. Os resultados do exame, bem como dos dados do paciente deverão ser arquivados nas pastas especificas indicados pelo professor. O paciente deverá assinar o caderno de protocolos, após receber seu resultado por escrito. Pacientes já cadastrados na clínica devem utilizar o mesmo número de prontuário e os exames atuais devem ficar anexados aos exames antigos, para se observar o histórico audiológico. No livro de registro, colocar estes retornos no cabeçalho superior. 38 17. AUDIOLOGIA INFANTIL Procedimentos Objetivo Entrevista/anamnese Obtenção de informação sobre indicadores de risco, desenvolvimento da criança, assim como comportamento auditivo. Meatoscopia Garantir condições adequadas para a realização da avaliação audiológica. Timpanometria Funcionalidade do sistema tímpano- ossicular. Reflexo acústico do músculo estapédio Funcionalidade do arco reflexo, incluindo nervo auditivo e tronco encefálico. Auxiliar na predição dos limiares psicoacústicos. Emissões otoacústicas evocadas transientes (EOAT) ou Produto de distorção (EOAPD) Funcionalidade de células ciliadas externas. Geralmente utilizada EOAT para neonatos e EOAPD para bebês maiores ou quando Necessário Avaliação do comportamento auditivo Detecção dos sons do Ling (m, a, u, ch, s, i). Desenvolvimentoda função auditiva de localização e reflexo cócleo-palpebral. Audiometria com reforço visual ou audiometria infantil condicionada Determinação dos níveis mínimos de resposta nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000Hz (VRA)posteriormente 250 e 8000 Hz, se houver colaboração (AIC) Tabela 1. Protocolo de avaliação audiológica infantil (ALVARENGA, 2011). Entrevista com os pais/anamnese Uma avaliação completa da audição de uma criança deve incluir informações sobre outras pessoas que estão intimamente relacionadas com a criança. As informações sobre: a queixa atual, história pregressa da queixa, história gestacional e perinatal, antecedentes familiares para deficiência auditiva, fatores de risco para deficiência auditiva, desenvolvimento de fala, audição, linguagem e 39 desenvolvimento motor, assim como de comportamento da criança, contribuem para a escolha do método a ser empregado na avaliação e sugerem o grau da perda auditiva e o tipo de comprometimento auditivo. No momento da anamnese, é importante observar o comportamento da criança. Estabelecer um fácil e bom relacionamento com os pais e com a criança, principalmente contato com o olhar, com brincadeiras simples, para ficar mais próximo e tentar eliminar receios com o jaleco, com o ambiente estranho. Testes O teste audiológico comportamental infantil foi classificado em duas divisões principais: técnicas usadas sem reforço e os procedimentos baseados no reforço das respostas dos lactentes e crianças pequenas. Os testes que não incorporam os princípios do reforço são conhecidos como audiometria de observação comportamental ou Behaviour Observation Audiometry (BOA), pois são observadas respostas comportamentais não condicionadas Os procedimentos que usam reforço e consideram respostas comportamentais condicionadas - respostas repetíveis - são conhecidos como audiometria condicionada e podem também ser descritos pelo tipo de reforço usado, como a audiometria com reforço visual ou Visual Reinforcement Audiometry (VRA). O BOA é um procedimento subjetivo sem reforço usado na triagem auditiva de bebês e crianças pequenas entre a idade de. 0 a 6 meses, preferencialmente. Em termos gerais, o fonoaudiólogo apresenta algum tipo de estímulo auditivo e observa a resposta da criança à presença do som, sua reação ao estímulo. A abordagem de condicionamento para avaliar níveis auditivos em bebês e crianças pequenas usa um paradigma de estímulo-resposta-reforço para desencadear respostas repetíveis. Nesses procedimentos, a resposta é claramente definida e indicada pela apresentação do estímulo auditivo. A 40 resposta é reforçada por vários tipos de reforço, dependendo da faixa etária (reforço visual no VRA, reforço positivo social na AIC). O VRA é utilizado para bebês de seis meses a 2 anos de idade (por conta da maturação para localização lateral). Por volta de 3 anos, utiliza-se a audiometria infantil condicionada. 17.1 Audiometria Comportamental – 0 a 2 anos Audiometria de observação comportamental ou Behaviour Observation Audiometry (BOA) É um procedimento utilizado para avaliar crianças dessa faixa etária, através da qual se observam as mudanças de comportamento decorrentes da apresentação de um estímulo sonoro instrumental. Os bebês e crianças pequenas apresentam comportamentos reflexos e de atenção em respostas a estímulos sonoros instrumentais intensos. RCP – reflexo cócleo-palpebral é a contração do músculo orbital do olho, que pode ser observada por meio de movimentação palpebral. Será avaliada a partir da eliciação em forte intensidade do agogô. Para crianças com audição normal ou pequenas perdas auditivas/recrutantes espera-se presença de RCP. Se obtiver RCP para agogô e resposta para guizo em fraca intensidade a Audiometria em Campo poderá ser iniciada a 50/60dBNPS. Etapa do processamento auditivo ✓ Atenção ao som – Respostas indicativas de atenção ao som, tais como parada de atividade ou de sucção, abertura da rima palpebral, movimentos faciais como franzir a testa ou elevar as sobrancelhas. ✓ Localização lateral – A criança volta a cabeça ou o olhar imediatamente em direção à fonte sonora. ✓ Localização de sons para baixo – A criança localiza a fonte sonora 41 situada a 20cm abaixo do pavilhão auricular no plano lateral. ✓ Localização de sons para cima – A criança localiza a fonte sonora situada a 20cm acima do pavilhão auricular no plano lateral. ✓ A forma de localização sonora, abaixo ou acima do pavilhão auricular, foi classificada em: 1. Localização Indireta – A criança olha para o lado e depois para a fonte sonora. 2. Localização Direta – A criança olha diretamente para a fonte sonora. Variáveis que devem ser consideradas para realizar a avaliação audiológica ✓ A sala deve ser acusticamente tratada. ✓ Crianças até os três meses de idade devem ser avaliadas em estado de sono leve. ✓ Estímulos sonoros instrumentais apresentados em ordem crescente de intensidade: guizo, chocalho, sino, ganzá, black-black, prato, agogô campânula pequena, agogô campânula grande e tambor (Figura 10). Figura 10. Instrumentos não calibrados. Fonte: Internet ✓ Estímulos apresentados fora do campo visual da criança. ✓ Distância de aproximadamente 20cm entre o instrumento e o pavilhão auricular. ✓ Estímulos apresentados com direção de 2 segundos. ✓ Intervalo de 30 segundos entre os estímulos. ✓ Alternar os lados de apresentação do estímulo. 42 ✓ Manter a força de percussão do instrumento, que será apresentado sempre bilateralmente. ✓ Preferencialmente presença de dois profissionais, um observador que verificará o comportamento da criança e um examinador para eliciar os estímulos sonoros. ✓ Iniciar na intensidade de apresentação FRACA. Audiometria em campo livre O nível mínimo de resposta em campo livre esperado será de 30dBNPS, ou seja, após condicionamento luz/som, se a menor resposta para o som for 30dBNPS, registra- se esta resposta no audiograma (com um quadrado na frequência pesquisada). As frequências testadas serão: 1000, 2000 e 4000 e 500Hz. Respostas a estímulos verbais ✓ Pode-se usar preferencialmente o nome da criança ou “pa-pa-pa “ou “uuu “com entonação e observar a resposta. ✓ Também podem ser usados os seis sons do Ling: /a/, /i/, /u/, /s/, /ch/, /m/, que permite verificar se a criança está detectando a fala, com var- redura de um espectro amplo de frequência de 250 a 4000Hz. ✓ Ordens simples: cantar “parabéns” e observar se a criança bate palmas ou pedir para dar “Tchau” ou perguntar sobre partes do corpo. Registra- se a resposta ou não para ordens simples, dependendo da idade da criança (ordens simples: crianças mais próximas dos 2 anos). ✓ Pode-se usar a classificação de níveis de solicitação de ordens verbais, como por exemplo “ Dá tchau, joga beijo, bate palmas” ( nível I, de 9 a 12 meses) , ou “Cadê a chupeta?/ Cadê a mamãe?/ cadê o sapato?” ( nível II, de 12 a 15 meses) ou “Cadê o cabelo?/ cadê a mão?/ Cadê o pé?” ( nível III, de 15 a 18 meses) ( Fonte: Azevedo, 2003) ✓ Na conclusão do exame, observar se os dados são compatíveis e se auxiliarão no encaminhamento do paciente. 43 Laudo BOA/Comportamental ✓ Avaliação indica desenvolvimento da função auditiva dentro do esperado para a faixa etária. ✓ Avaliação indica defasagem no desenvolvimento da função auditiva esperado para a faixa etária (no que se refere a: tipo de reposta esperada - atenção, procura, localização - e se conseguiu realizar avaliação em campo compatível com a idade). ✓ Laudo VRA: Audiometria com Reforço Visual indica níveis mínimos de resposta compatíveis com audição social normal na melhor orelha – ou VRA indica respostas da melhor orelha. 17.2 Audiometria Condicionada/Lúdica - 3 a 6 anos ✓ Tentar realizar a imitanciometriacom estórias sobre avião, capacete - criar contexto em que a criança colabore para a colocação do fone/sonda. ✓ Explicar a audiometria lúdica, o encaixe na presença do som e dar segurança à criança, através de elogios no acerto (“reforço positivo”) para que ela compreenda o que se espera dela durante o exame. ✓ EVITAR ao máximo a palavra “NÃO” caso haja um encaixe sem som – é preferível fazer careta de espanto, gestos de “cadê?” ou “espera” para não inibir a criança. ✓ Inicialmente pesquisar as frequências de 1000, 2000, 4000 e 500Hz - se houver colaboração da criança, realizar também 8000 e 250Hz. É importante alternar as orelhas, por exemplo: pesquisa 1000Hz na orelha direita, depois pesquisa 1000Hz na orelha esquerda, e assim por diante. ✓ No caso de perdas auditivas severas e profundas ou com suspeita de perdas auditivas acentuadas treinar a criança com presença de som em campo livre e nos fones nas frequências de 250 ou 500Hz, com encaixe na presença de som (**IMPORTANTE**) 44 ✓ Nas perdas acentuadas, na VO, certificar-se de que a resposta não é por vibração (principalmente 500Hz), o que é comum, mas não será considerada como resposta ao som. ✓ No IPRF, realizar a lista de dissílabos, mais familiar para a criança ✓ No caso de alterações na emissão que comprometa a compreensão do examinador, utilizar figuras ✓ LRF realizado com palavras trissílabas ✓ LRF trissílabos ou figuras 17.3 Audiometria Convencional – a partir de 7 Anos ✓ Realizar as frequências da audiometria convencional (inclusive 3000 e 6000Hz), levantando a mão, com respostas ao microfone (apitou, ouvi) ou com a pera de resposta (“igual ao vídeo game”). ATENÇÃO: O paciente deverá ser registrado no livro de registro/prontuário. Os resultados do exame, bem como dos dados do paciente deverão ser arquivados nas pastas especificas indicados pelo professor. O paciente deverá assinar o caderno de protocolos, após receber seu resultado por escrito. Pacientes já cadastrados na clínica devem utilizar o mesmo número de prontuário e os exames atuais devem ficar anexados aos exames antigos, para se observar o histórico audiológico. No livro de registro, colocar estes retornos no cabeçalho superior. 18. TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL - EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS Orientações • Deverá ser realizada com todos os familiares presentes para realização da Triagem Auditiva Neonatal (TAN). • Recomenda-se que seja realizado em forma de “diálogo”, “conversa”, “perguntas e respostas”, a fim de promover interação entre os presentes. 45 • A orientação tem como objetivo explicar/esclarecer/tirar dúvidas sobre como é realizado o exame, os possíveis resultados, o que eles significam, sobre amamentação, higiene, desenvolvimento auditivo, etc. Procedimentos recomendados na TAN ✓ Análise da Caderneta de Saúde da Criança e anamnese com familiares, que identificam os indicadores de risco. ✓ Classificação do Recém-nascido (RN) em: 1. Baixo risco: sem indicadores de risco para perda auditiva. 2. Alto risco: com presença de risco para perda auditiva. Seleção do protocolo de Triagem: • Baixo risco – (Emissões Otoacústicas Transientes) EOAT: ✓ Acompanhamento do desenvolvimento da linguagem - (Vide quadro fornecido e Caderneta de Saúde da Criança) (Figura 11). Figura 11. Desenvolvimento de audição e de linguagem. Caderneta de Saúde da Criança 46 Alto risco - EOAT: ✓ Encaminhar para Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE). ✓ Monitoramento audiológico (avaliação comportamental a cada 6 meses até 3 anos de idade). ✓ Seguir o protocolo utilizado na clínica (Figura 12). Figura 12. Protocolo da Triagem Auditiva Neonatal da Clínica-Escola de Fonoaudiologia (UNEB) 47 Resultado do Protocolo de TRIAGEM NEONATAL ✓ Emissões presentes em ambas as orelhas - Resultado PASSA ✓ Emissões ausentes em 1 ou 2 orelhas - Resultados FALHA Emissões Otoacústicas Transientes (EOAT) As EOAT são eliciadas por estímulo sonoro denominado clique, de espectro amplo e que abrange grande gama de frequências sonoras (de 500 a 5500Hz), o que permite a estimulação da cóclea como um todo. É o tipo de emissões mais utilizado em triagens auditivas neonatais visto que indivíduos com perdas auditivas leves (30dBNA) apresentam ausência de emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente. Os parâmetros para os critérios de PRESENÇA DE EMISSÕES para as EOAT 48 são: ✓ Reprodutibilidade da resposta igual ou maior que 70%. ✓ O estímulo utilizado é o clique com intensidade de 80dBNPS. ✓ Equipamento OtoRead® – nível do sinal de até -12 dB, relação sinal/ruído de pelo menos 6dB, ruído preferencialmente negativo, passa em 4 de 6 frequências avaliadas ou 3 de 6 frequências avaliadas, desde uma delas seja a frequência de 4000Hz. Emissões Otoacústicas por Produto de Distorção (EOAPD) As EOAPD são respostas geradas pela cóclea, evocadas por dois tons puros (f1 e f2), apresentados de forma simultânea, com frequências sonoras muito próximas (relação f2/f1 de 1,22). O produto de distorção surge pela incapacidade de a cóclea amplificar de forma linear dois estímulos diferentes, ocorrendo uma intermodulação que resulta em um produto de distorção (2f1-f2). As EOAPD pode estar presente em perdas auditivas de grau leve a moderada (de até 50dB) quando se utiliza intensidade de L1 = L2 = 70dBNPS. Os parâmetros para os critérios de Presença ou Ausência para as EOAPD são: ✓ Nível da resposta maior que o ruído, na maioria das frequências (3 de 4), relação sinal ruído (S/R) de 6dBNPS para crianças. ✓ Equipamento OtoRead® – nível do sinal de até -5 dB, relação sinal/ruído de pelo menos 6dB, ruído preferencialmente negativo, passa em 3 de 4 frequências avaliadas. ✓ As EOAPD devem ser realizadas em lactentes maiores, devido à movimentação corporal e ruído gerado pela criança nesta idade, o que dificulta o registro das emissões. Considerações • Os recém-nascidos e lactentes que apresentarem RESULTADO FALHA NA TRIAGEM devem ser remarcados para RETESTE após 15 dias do 49 TESTE. Os bebês que no RETESTE apresentarem RESULTADO FALHA NA TRIAGEM devem ser encaminhados para serviço do SUS: CEPRED (Centro de Prevenção e Reabilitação de Deficiências) ou OSID (Obras Sociais Irmã Dulce), lá ele será avaliado por médico Otorrinolaringologista e encaminhado para TESTES DIAGNÓSTICOS. • Nos neonatos com risco para perda auditiva, mesmo com resultado de “passa” na TAN, complementa-se a triagem auditiva neonatal com avaliação audiológica completa, incluindo PEATE. • Monitoramento para bebês de risco nos 3 primeiros anos com avaliação comportamental (VRA, audiometria lúdica) ATENÇÃO: O paciente deverá ser registrado no livro de registro/prontuário. Os resultados do exame, bem como dos dados do paciente deverão ser arquivados nas pastas especificas indicados pelo professor. O paciente deverá assinar o caderno de protocolos, após receber seu resultado por escrito. Pacientes já cadastrados na clínica devem utilizar o mesmo número de prontuário e os exames atuais devem ficar anexados aos exames antigos, para se observar o histórico audiológico. No livro de registro, colocar estes retornos no cabeçalho. 19. PASSOS PARA REALIZAÇÃO DO EXAME DA FUNÇÃO VESTIBULAR Procedimentos antes da Vetoeletronistagmografia (VENG) • Antes de iniciar o exame, o examinador deve se certificar que o paciente cumpriu com todas as recomendações prévias ao exame. • Meatoscopia paciente com obstrução de meato acústico externo, ainda que parcial, não pode realizar a avaliação. • Anamnese vestibular (meio físico e com cópia digital). 50 Avaliação Funcional do Sistema Vestibular • Avaliação da função vestibular sem registro, ou seja, realização da pesquisa de nistagmos de posição e posicionamento – NP: Teste degirar – Head Roll Test, Manobra de Dix Halpike e Deitar de lado (Side Lying), conhecida também por Brandt Daroff mesmo que o paciente não tenha queixa de vertigem de posição. Após a realização das manobras de posição e posicionamento iniciar os seguintes testes: Head Shaking Test (HST), Head Impulse Test (HIT), Vibração da Mastoide (VM), Teste de Acuidade Visual Dinâmica (TAVD) e Supressão do Reflexo Vestíbulo Ocular (RVO). Este último deve ser realizado durante a vetoeletronistagmografia e seu resultado registrado no relatório da avaliação funcional do sistema vestibular Figura 12. Fluxograma das etapas de avaliação da função vestibular Fonte: Própria 51 Procedimentos da primeira avaliação da função vestibular • Pesquisa de nistagmos de posição e posicionamento (NP) ✓ Teste de girar (Head Roll Test, Pagnini-McClure ou supine head roll test) O paciente na posição supina na maca deverá ter a cabeça fletida rapidamente a 30º pelo avaliador o qual deverá observar a resposta nistágmica de direção horizontal e a existência de sensação vertiginosa. Imediatamente após a análise das respostas, o avaliador deverá retornar lentamente a cabeça do paciente para a posição inicial e em seguida realizar o mesmo procedimento no lado contralateral. Figura 13. Manobra Head Roll Test. Fonte: < https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/31665/1/2017_DanieleLeiteRodrigues.pdf> ✓ Manobra de Dix Halpike O paciente deve estar sentado com as pernas sobre a maca. Nessa posição, o avaliador deverá inclinar a cabeça do paciente no ângulo de 60º para trás e a 45º para um dos lados. Em seguida, o avaliador deverá deitar o tronco do paciente de forma abrupta, mantendo a cabeça estável na posição inicial. Após a cabeça do paciente estar pendente na cabeceira da maca, deve-se avaliar a presença de nistagmo, direção e sentido do nistagmo, a latência do nistagmo, existência de fatigabilidade e presença de queixa de tontura. As instruções e observações acima deverão ser repetidas para o lado contralateral. 52 Figura 14. Manobra Dix Hallpike. Fonte:<https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/31665/1/2017_DanieleLeiteRodrigues.pdf> Resumo dos principais achados nas manobras de posicionamento para a canalitíase Nistagmo de posicionamento (duração menor que 60 segundos) Topodiagnóstico Vertical superior, torcional, anti-horário, com cabeça para a direita Canal posterior direito Vertical inferior, torcional, horário, com cabeça para a esquerda Canal superior esquerdo Vertical superior, torcional, anti-horário, com cabeça para a esquerda Canal posterior esquerdo Vertical inferior, torcional, horário, com cabeça para a direita Canal superior direito Horizontal geotrópico mais forte, com orelha direita para baixo Canal lateral direito Horizontal geotrópico mais forte, com orelha esquerda para baixo Canal lateral esquerdo Resumo dos principais achados nas manobras de posicionamento para a cupulolitíase Nistagmo de posicionamento (duração maior que 60 segundos) Topodiagnóstico Vertical superior, torcional, anti-horário, com cabeça para a direita Canal posterior direito Vertical inferior, torcional, horário, com cabeça para a esquerda Canal superior esquerdo Vertical superior, torcional, anti-horário, com cabeça para a esquerda Canal posterior esquerdo Vertical inferior, torcional, horário, com cabeça para a direita Canal superior direito Horizontal ageotrópico mais forte, com orelha direita para baixo Canal lateral direito Horizontal ageotrópico mais forte, com orelha esquerda para baixo Canal lateral esquerdo • Teste de Impulso Cefálico (HIT) ✓ É um exame útil para avaliar a função de todos os canais semicirculares e identificar um déficit vestibular. ✓ Deve-se girar rapidamente a cabeça do paciente para detectar “sacadas descobertas” após a rotação da cabeça. As “sacadas encobertas" ocorrem durante a rotação da cabeça, o que pode ser imperceptível a olho nu. 53 Figura 15. Teste de impulso cefálico Fonte: < http://vertigosociety.nz/vestibularneuritis.html > • Teste de agitação cefálica (Head Shaking): ✓ teste de Head Shaking ou Agitação Cefálica foi criado para detectar assimetrias vestibulares (sejam elas localizadas no sistema periférico – Labirinto/Nervo ou Central – Núcleos Vestibulares). • Vibração da Mastoide: ✓ Com o paciente sentado sem apoiar a cabeça no encosto, deve-se prender com uma das mãos a cabeça e com a outra aplicar o dispositivo gerador de vibração durante 10 segundos sobre a apófise da mastoide na frequência de 60 Hz. ✓ A prova é realizada em ordem crescente, primeiro em uma orelha e depois na outra. Em todo momento a resposta obtida deverá ser registrada. Uma resposta positiva é um nistagmo horizontal que bate na mesma direção, para vibração em ambos os lados. • Teste de Acuidade Visual Dinâmica: ✓ Esse teste busca comparar a acuidade visual estática (cabeça imóvel) com a acuidade visual dinâmica (cabeça em movimento). Deve ser realizado com o paciente sentado de frente para a cartela ETDRS (Early Treatment Diabetic Retinopathy Study), com letras e linhas de letras com espaçamento logarítimico http://vertigosociety.nz/vestibularneuritis.html 54 e contraste luminoso adequado, obedecendo à distância especificada. ✓ Inicialmente utiliza-se a medida da acuidade visual de base, que corresponde à linha mais baixa que o paciente consegue ler com a cabeça parada. ✓ A seguir, solicita-se ao paciente que realize um movimento cefálico “de não” ou o examinador deve sustentar as têmporas do paciente e a movimentar continuamente no plano horizontal, com frequência ritmada de 2 Hz. ✓ Durante o movimento o paciente deve novamente tentar ler as letras da cartela ou slide. ✓ Se o RVO for normal, os olhos conseguem se mover na direção oposta ao movimento da cabeça, e o paciente consegue ler até duas linhas acima da lida inicialmente, com a cabeça parada. ✓ Obs: A sensibilidade do teste de acuidade visual dinâmica para aferir déficits vestibulares é de 85%, e a especificidade, de 55%. • Teste de Supressão de RVO: ✓ A perseguição lenta e o cancelamento do RVO são movimentos lentos de perseguição visual que mantém a imagem de pequenos alvos em movimento, na fóvea. Na perseguição lenta, a cabeça está fixa, no cancelamento do RVO ela se movimenta sincronicamente com o alvo. • O teste de supressão do RVO avalia a capacidade do sistema vestíbulo- cerebelar para suprimir o RVO. • O paciente, com os braços estendidos à sua frente e com os dedos entrelaçados, deve realizar um movimento conjunto dos braços e da cabeça laterolateralmente com os olhos fixos nos polegares também estendidos. Essa avaliação deverá ser realizada por meio de eletrodos a fim de registrar a supressão, caso esteja presente. • ATENÇÃO: Todo paciente deverá vir com solicitação médica para que se dê início ao processo de avaliação, bem como ter cumprido com as orientações prévias ao exame, as quais geralmente são passadas para o paciente durante a marcação. 55 Procedimentos durante a VENG • Realização da avaliação da função vestibular com registro, denominada de vetoeletronistagmografia (VENG). • Após a pesquisa do NP (pesquisa do nistagmo e/ou vertigem de posição e posicionamento) o paciente deverá sentar na cadeira pendular e iniciar a limpeza da pele, com álcool, para posterior colocação dos eletrodos. Primeiro é afixado o eletrodo terra (o mesmo será o último a ser retirado), em seguida os demais (um no canto orbitário mais externo Direito, outro Esquerdo, e o último próximo à glabela) (Figura 11). O eletrodo deverá ser afixado, preferencialmente com fita adesiva e pasta eletrolítica. O uso de esparadrapo ou micropore® tende a inutilizar os eletrodos, pois tamanha é sua adesão que, ao retirá-los, pode danificar
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