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GESTÃO DE CUSTOS Jeanine dos Santos Barreto Outros custos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir conformidade de qualidade. Identificar os quatro tipos de custos da qualidade e explicar sua interação. Preparar e interpretar um relatório de custos da qualidade. Introdução As empresas dependem de custos para que possam operar e participar competitivamente do mercado. Por isso, faz-se importante o entendi- mento sobre os diferentes custos e como eles funcionam dentro das instituições. É importante destacar que o controle de custos não deve ser restrito a um momento de crise na empresa; trata-se de uma prática rotineira. A correta distribuição dos custos da empresa proporciona a manu- tenção de investimentos, gerando resultados positivos. Para tanto, é necessário partir de um relatório de custos, que apresentará o panorama de gastos da organização. No contexto de gastos de uma empresa, os custos da qualidade são de extrema importância, pois podem tanto garantir retorno positivo quanto representar prejuízo, dependendo de como são distribuídos na organização. Neste capítulo, você vai estudar o conceito de conformidade de qualidade e vai verificar os quatro tipos de custos da qualidade e como interagem. Você vai também estudar e interpretar os relatórios de custos de qualidade. O custo da qualidade Conformidade, segundo o dicionário, é a situação ou ocorrência de cumprir ou satisfazer determinadas normas, regras ou preceitos. Quando falamos de qualidade, dizemos que um produto está em conformidade quando está de acordo com o planejado. Entende-se, portanto, que o produto que não está conforme quando apresenta defeitos ou não atende à expectativa, segundo testes e medições realizados. Imagine que você tem dois produtos com a mesma finalidade, um mais caro e outro, mais barato. Talvez a conformidade do produto mais barato seja melhor, pois é possível supor que ele atenda às expectativas pelo seu custo– benefício, enquanto o mais caro, cumprindo exatamente a mesma função, estaria desqualificado, uma vez que a ele são destinadas expectativas mais altas. Seria, portanto, um produto em não conformidade. Para que sejam evitadas situações como essa, é preciso investimento no processo e/ou no produto. Tal investimento é conhecido como custo da qua- lidade. Esse termo se refere às situações em que os custos são gerados para evitar algum defeito; diz respeito também aos produtos já entregues e que apresentam defeitos, que precisam ser corrigidos, conforme Garrison, Noreen e Brewer (2013). Usar um produto caro, por exemplo, o couro, não necessariamente significa qualidade. O produto pode ser feito em couro e mesmo assim apresentar defeitos. A qualidade é um conceito de grande importância em mercados muitos concorridos. Também estão relacionados a essa questão os regulamentos e normas exigidos para a produção de um produto. As empresas são avaliadas quanto ao cumprimento das exigências relacionadas ao controle de qualidade dos produtos e, quando não têm conhecimento sobre essas normas e regras, correm o risco de perder tempo e, consequentemente, dinheiro. Já a empresa que está em conformidade com todas as normas e demandas terá ganhos, inclusive financeiros, conforme Marques (2013). Outros custos2 Não confunda não conformidade com um defeito. A não conformidade consiste em um erro que não necessariamente é um defeito, ou seja, não torna a sua utilização inviável. Quanto ao defeito, este, sim, torna o produto inutilizável. Por exemplo: um livro cuja capa saiu em um tom de verde ligeiramente mais escuro do que o esperado está em não conformidade, mas não apresenta defeito, no que diz respeito à capa. As empresas devem seguir um padrão de produção. Isso evita que o con- sumidor receba produtos que não correspondem à sua expectativa. Existem ferramentas para a verificação de situações de não conformidade. Com elas, o problema é identificado e corrigido imediatamente, evitando prejuízos a todos. A empresa deve estar sempre atenta a problemas ou defeitos em sua linha de produção. Com isso, garante um padrão de qualidade. Do contrário, acabará sempre investindo dinheiro em produtos cujos problemas só serão detectados após lançados no mercado, o que vai gerar prejuízos e problemas de imagem. Uma das normas que valida o processo de fabricação de produtos é a ISO 9001. Ela define requisitos de qualidade para a implantação de um determinado sistema. A norma dá credibilidade ao produto ofertado. Os clientes sentem-se mais seguros quando adquirem produtos com uma certificação estipulada e padronizada. Empresas públicas e privadas podem obter essa certificação, que agrupa um conjunto de práticas de gestão do mundo todo. A norma ISO 9001 conta com alguns princípios para o funcionamento pa- dronizado das empresas, segundo Garrison, Noreen e Brewer (2013), sendo eles: Foco no cliente: é importante que os funcionários estejam sempre atentos à satisfação do cliente, pois é ele quem dará o retorno e a visibilidade para manter a empresa. Liderança: os líderes devem estar atentos a tudo o que ocorre na empresa, podendo apontar as melhorias e assegurar que o rendimento continue em um ritmo padrão. Para que isso ocorra, é fundamental que a empresa forneça todas as ferramentas necessárias. Abordagem sistêmica para a gestão: os processos devem ser entendidos como parte de um todo. Para que o todo funcione, é importante estar atento aos processos de cada parte. 3Outros custos Envolvimento das pessoas: é preciso entender que a equipe de trabalho é um dos principais recursos dentro de uma empresa. Por isso, ressalta-se a importância de priorizar o bem-estar dos seus funcionários. Melhoria contínua: entende-se nesse processo que a equipe adquire o conhecimento necessário para atingir a qualidade de cada produto e, assim, mantê-la. Abordagem factual para a tomada de decisões: por meio da análise dos dados obtidos, pode-se pensar e tomar decisões coesas, a fim de melhorar o desempenho empresarial. Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores: espera-se que os funcionários e fornecedores possam estabelecer uma relação de parceria com a empresa. Esse vínculo propicia maior e melhor qualidade a todos. Todos esses itens são de fundamental importância para o bom desempenho empresarial, bem como para a sua melhoria. É com base nesses preceitos que a empresa poderá se desenvolver. Naturalmente, quando tudo isso se dá de forma coerente, a empresa pode verificar onde está a sua falha, podendo melhorar todo o seu desempenho, refletindo em suas vendas. É também com base nessas informações que, se necessário, poderá se pensar numa melhor estratégia para que haja a mudança necessária. Sabendo da importância de manter a conformidade, também deve-se ficar atento aos sinais de não conformidade. Um deles é a variação da qualidade do produto. Como vimos, é importante que a empresa mantenha a padronização. Um exemplo para ilustrar a variação na qualidade dos produtos é o de um consumidor que compra um produto X, faz uso dele e, depois, decide comprar mais do mesmo produto. Quando retorna à loja, adquire o produto X novamente e se depara com o fato de que o mesmo se encontra diferente. Nesse sentido, pode-se pensar em um dos preceitos básicos da produção, que é a padronização. Quando o cliente adquire um produto, espera-se que, na próxima compra, o produto esteja da mesma forma. Assim, quando o produto se encontra diferente, tem-se a ideia de não fidelidade da empresa para com o cliente. Diversos fatores podem influenciar a qualidade dos produtos, sobretudo os fatores humanos. Um deles é a alta rotatividade dos funcionários, que Outros custos4 pode ser prejudicial pelo fato de que, em um curto espaço de tempo, cola- boradores já treinados e capacitados acabam saindo da empresa, exigindo treinamentos para os novos e, consequentemente,perda de eficiência e, se o controle de qualidade não for eficaz, perda de qualidade. Uma empresa é formada, principalmente, por pessoas, que podem errar. Assim, outro fator que tem influência na qualidade dos produtos é a demora na identificação do erro na produção. Por isso, é importante que a empresa sempre esteja atenta à sua linha de produção, pronta para identificar os problemas e saná-los. Esse mesmo pensamento vale para as empresas com produção mecanizada, afinal, a verificação e manutenção do maquinário muitas vezes envolverá funcionários ou terceiros, assim como a verificação de erros e o controle de qualidade dos produtos acabados. É importante não confundir variação da qualidade dos produtos com a falta de unifor- midade na qualidade. Variação é a alteração do produto considerando um intervalo de tempo. A empresa deve manter a qualidade de produto em diferentes períodos. Já a falta de uniformidade é variação do produto dentro de um mesmo lote, por exemplo. Ou seja: a falta de uniformidade ocorre na mesma remessa, e a variação da qualidade ocorre em remessas diferentes, em determinado espaço de tempo. Tipos de custo da qualidade São quatro os tipos de custos de qualidade dentro de uma empresa. São conhe- cidos por custo de prevenção, custo de avaliação e custos de falhas externas e internas, conforme Garrison, Noreen e Brewer (2013). Custo de prevenção É o custo de prevenir falhas. Deve-se aqui entender que, para a empresa, é muito mais benéfi co investir suas fi nanças na prevenção do que na falha do produto entregue ao consumidor. Quando há falha, o custo para manutenção é bem maior. O custo de prevenção inclui atividades que estão relacionadas ao círculo de qualidade. 5Outros custos Os círculos da qualidade são grupos de estudos de melhoria de qualidade ou de autoaperfeiçoamento compostos por um pequeno número de funcionários (10 ou menos). Segundo Imai (2014) os círculos de qualidade surgiram no Japão e são conhe- cidos como Círculos de Controle de Qualidade (CCQ). O CCQ voluntariamente realiza atividades de melhoria dentro do local de trabalho, fazendo seu trabalho de forma contínua, como parte de um programa de educação mútua, controle de qualidade, autodesenvolvimento e melhoria da produtividade que abrange toda a empresa. Segundo Marques (2013), uma das técnicas adotadas na prevenção de falhas é o controle estatístico de processos. É utilizado para assegurar o controle dos processos administrados dentro da empresa. Ou seja, é uma ferramenta para identificar se o processo está fora de controle ou não. É importante destacar que processos fora de controle geram produtos com defeito, o que pode ser causado por uma máquina mal configurada ou por qualquer outro fator presente nos processos. Para acompanhar o controle dos processos, os trabalhadores se baseiam em gráficos que apontam para o desempenho das unidades. É com esses gráficos que pode ser identificado, de forma rápida, o processo que está fora de controle e, consequentemente, gerando itens defeituosos. Algumas empresas disponibilizam suporte técnico para os seus clientes, o que é fundamental se considerarmos o funcionamento just in time. Em um sistema como esse, as peças solicitadas são entregues no tempo e na quantidade necessárias para utilização imediata. Não há estoque de peças. Assim, não há tempo hábil para substituição de uma peça com defeito. Consequentemente, haverá atraso na entrega do produto ao cliente. É natural que empresas que se utilizem desse sistema exijam dos seus fornecedores certificado de qualidade, garantindo a entrega de produtos sem defeitos, conforme Marques (2013). Custo de avaliação Trata-se dos custos relacionados à avaliação, detecção ou inspeção da qualidade do produto para que atenda aos requisitos de qualidade. Parte do princípio de que qualquer peç a ou produto defeituoso deve ser encontrado o quanto antes no processo de produção. No entanto, essa ferramenta não impede que ocor- ram novos erros, e, com isso, às vezes, torna-se até inefi caz investir de forma Outros custos6 exagerada sobre esse custo. É em decorrência dele que os funcionários acabam sendo cobrados ainda mais pelo controle de qualidade daqueles produtos que são de sua responsabilidade. O termo custo de avaliação também pode ser encontrado com o nome de “custo de inspeção”. Custos de falhas internas Os produtos que não chegaram ao consumidor em decorrência de defeitos, são chamados de falha interna. Tais custos incluem sucatas e produtos que foram rejeitados. É natural que as empresas que investem mais no custo de avaliação se deparem com mais frequência com produtos com falhas. No entanto, é mais benéfi co para a empresa identifi car o defeito internamente do que após a entrega aos clientes. Custos de falhas externas Atribuído ao produto que chegou ao cliente e só então foi verifi cada a falha. Essas falhas exigem substituição de produtos e reparos em peças que chegaram com defeito ao destino fi nal, ou seja, ao consumidor. Quando isso acontece, a empresa acaba tendo que dispor de mais recursos fi nanceiros para a substi- tuição ou reparo e, principalmente, pode fi car com a reputação estremecida frente aos seus consumidores. Por isso a importância de maior investimento nos custos de avaliação, pois, dos pontos de vista fi nanceiro e estratégico, a empresa pode fi car bastante prejudicada se houver defeitos após a entrega ao consumidor. Quanto mais tarde os erros forem identificados, maiores serão os custos envolvidos para repará-los, que podem envolver sistemas de atendimento às reclamações, tratar as queixas por meio do oferecimento de um pós-venda aos clientes e o tempo requerido para analisar os problemas encontrados, conforme leciona Marques (2013). O Quadro 1 resume e exemplifica os quatro tipos de custos da qualidade. 7Outros custos Custos de prevenção Custos de falhas internas Desenvolvimento de sistemas Custo líquido de sucata Engenharia da qualidade Custo líquido de materiais estragados Treinamento de qualidade Mão de obra e despesas indiretas de reprocessamento Círculos de qualidade Reinspeção de trabalhos reprocessados Atividades de controle estatístico de processos Retestagem de produtos reprocessados Supervisão de atividades de prevenção Tempo ocioso causado por problemas de qualidade Levantamento, análise e relatório de dados de qualidade Descarte de produtos defeituosos Projetos de melhoria da qualidade Análise da causa de defeitos na produção Suporte técnico oferecido a fornecedores Reentrada de dados devido a erros de digitação Auditorias da eficácia do sistema de qualidade Depuração de erros de software Custos de avaliação Custos de falhas externas Teste e inspeção de materiais de entrada Custo de serviços prestados em campo e atendimento de reclamações Teste e inspeção de bens em processamento Consertos e substituições dentro da garantia Teste e inspeção de produtos finais Consertos e substituições depois do período coberto pela garantia Suprimentos usados em testes e inspeções Recalls de produtos Quadro 1. Os quatro tipos de custos (Continua) Outros custos8 Distribuição dos custos da qualidade É por meio do levantamento de dados que se torna possível fazer a análise dos custos e, com ela, ponderar o investimento que a empresa faz sobre cada custo, podendo repensar e reavaliar seus investimentos. Por meio desses dados, a empresa pode mensurar se está investindo demasiadamente em um custo desnecessário, pensar novas estratégias para evitar esse acontecimento, avaliar, por exemplo, se o custo está sendo investido em falhas internas ou externas e manejar essas questões de modo a investir na sua prevenção. A Figura 1 traz o exemplo de um gráfico da distribuição de custos da qualidade de uma empresa. Fonte: Adaptado de Garrison, Noreen e Brewer (2013). Custos de avaliação Custos de falhas externas Supervisão de atividades de teste e inspeção Obrigaçõesdecorrentes de produtos defeituosos Depreciação de equipamentos de teste Devoluções e créditos decorrentes de problemas de qualidade Manutenção de equipamentos de teste Vendas perdidas devido à reputação de má qualidade Serviços de utilidade pública da fábrica na área de inspeção Teste de campo e avaliação nas instalações do cliente Quadro 1. Os quatro tipos de custos (Continuação) 9Outros custos Figura 1. Gráfico da distribuição dos custos da qualidade de uma empresa. Fonte: Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 74). Custos de falhas internas e externas 0 100 Conformidade de qualidade (percentual de produtos sem defeitos) Custos totais da qualidade Custos de prevenção e avaliação Cu st os Esse gráfico mostra que, enquanto a conformidade é baixa, os custos totais de qualidade são altos, e a maior parte dos custos está investida em falhas internas e externas. A baixa conformidade representa um nível de defeitos acentuado. Sabendo desse fator, a empresa pode investir mais sobre os custos de avaliação e de prevenção, abatendo os gastos sobre as falhas. Pensar nesse fator é importante para que a empresa mantenha seu desempenho de qualidade, pois, entregando produtos que rotineiramente precisam de reparo, a imagem da empresa acaba ficando prejudicada frente a seus clientes. Naturalmente, quanto mais empenho tiver o setor de prevenção dentro de uma empresa, os custos de avaliação diminuem, trazendo, consequentemente, menor gasto de investimento nas falhas internas e externas. O relatório de custos da qualidade O relatório de custos serve para apontar as consequências fi nanceiras do nível atual de defeitos de uma empresa. Naturalmente, dentro desse levan- tamento encontram-se os quatro tipos de custos de qualidade, sendo eles Outros custos10 o de prevenção, o de avaliação e o de falhas internas e externas, conforme Marques (2013). A partir do relatório é possível fazer uma análise dos custos. OS gerentes que recebem essa análise tendem a se surpreender, pois muitas vezes não têm ideia desses gastos. Conforme o que o relatório apresentar, a empresa poderá pensar em melhores estratégias e em como consertar o erro, quando detectado. Uso das informações dos custos de qualidade É importante destacar a importância da elaboração do relatório de custos. Geralmente os gerentes não têm conhecimento dos gastos, pois essas infor- mações não são rastreadas pelo sistema de custeio. Muitos se surpreendem com a quantidade de gastos atribuídos à má qualidade. Quando o gerente toma conhecimento, é possível remanejar e repensar algumas estratégias. Por meio do relatório o gerente consegue descobrir especificamente onde está o problema, onde a empresa está tendo maiores gastos. Identificando isso, é possível implementar mudanças e gerar maior qualidade no desempenho empresarial. Com os relatórios, os gerentes podem identificar, também, a melhor forma de distribuir os custos. Sabe-se que é melhor ter gastos sobre os custos de prevenção do que, posteriormente, sobre os custos gerados quando há uma falha. Assim, por meio dos relatórios, é possível verificar se os gastos estão tendo a destinação correta. Deve-se também ressaltar que os relatórios têm algumas restrições. Medir e relatar os custos não solucionará o problema. No entanto, é com base nisso que poderá ser elaborada uma ação que traga benefícios para o funcionamento da empresa. No início, pode ser que o processo gere relativo aumento nos custos da empresa. A tendência, porém, é que ocorra o contrário, com a sua utilização. À medida que o gerente encontra o equilíbrio entre a prevenção e a avaliação, a necessidade de utilização de relatórios passa a diminuir. Uma sugestão passível de adoção pelas empresas é justamente investir no custos de avaliação, pois ele assegura que o produto seja entregue sem defeitos ao cliente. Quando o produto é entregue com defeito, o custo de falha externa é consideravelmente mais alto. Tipos de relatórios Ao observar o relatório de custos de uma empresa, mostrado na Figura 2, é possível perceber o tamanho dos gastos. 11Outros custos Figura 2. Relatório de custos de qualidade. Fonte: Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 75). Podemos começar pelo fato de que a maioria dos custos ocorrem por falhas, que variam entre internas e externas. No primeiro ano, nota-se que o índice de custos por falhas externas é consideravelmente mais alto do que os demais custos. Percebe-se também que, no segundo ano, a empresa investiu mais em custos de prevenção e avaliação. Em decorrência disso, naquele ano, os Outros custos12 custos de falhas internas aumentaram de US$ 2 milhões para US$ 3 milhões. No entanto, os custos de falhas externas tiveram uma queda considerável, de US$ 5,15 milhões para US$ 2 milhões. Isso foi resultado da prevenção. Muitos foram os produtos que tiveram seus defeitos detectados antes da entrega para o cliente, o que resultou em uma economia considerável para a empresa. Existem variadas formas de se produzir um relatório, e depende de cada empresa utilizar a que melhor convém a ela. Pode-se apresentar relatórios em barra (Figura 3), linhas de tendência, gráficos de setor, etc. Figura 3. Relatório de custos de qualidade em gráfico de barras. Fonte: Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 76). Cu st os d a qu al id ad e (e m U S$ m ilh õe s ) Cu st os d a qu al id ad e co m o um p er ce nt ua l d as v en da s (% ) 10 Falhas externas Falhas externas Falhas externas Falhas externas Falhas internas Falhas internas Falhas internas Falhas internas Prevenção Prevenção Prevenção Prevenção Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 Ano 1 2 Ano 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 A forma gráfica torna mais evidente o tamanho dos gastos da empresa com qualidade. Com um programa de computador, o gráfico é facilmente elaborado e apresenta as informações de forma clara. A partir desses relató- rios, os gerentes enxergam o peso financeiro dos defeitos. Além disso, essas informações permitem identificar a importância relativa dos problemas de qualidade enfrentados pelas empresas. Garrison, Noreen e Brewer (2013) ex- plicam que o relatório dos custos da qualidade pode, por exemplo, mostrar que 13Outros custos a geração de sucata é um grande problema de qualidade ou que a empresa está gastando muito com garantia. Avaliar a distribuição dos custos da qualidade também é possível a partir de tais relatórios, garantindo assim que prevenção e avaliação tenham prioridade. Aspectos internacionais da qualidade e padrões ISO 9000 Muitas das ferramentas de qualidade usadas hoje foram desenvolvidas após a Segunda Guerra Mundial. É no trabalho de W. Edwards Deming relacionado ao controle estatístico de processos que muitas empresas japonesas se inspi- ram. Os japoneses são conhecidos pelo valorizar a prevenção de erros. Eles entendem que a qualidade é responsabilidade de todos. Foi na década de 1980 que a qualidade se tornou imprescindível para o mercado, daí decorrendo os programas internos de qualidade. Localizada da Suíça, a Organização Internacional de Padronização (ISO) estabeleceu algumas diretrizes de controle de qualidade, e dentro delas encon- tramos a ISO 9000. Várias são as empresas que adquirem somente produtos que possuem essa certificação. Isso demonstra preocupação com o controle de qualidade, com sua certificação e consistência. Para obter esse selo, a empresa deve ter a documentação detalhada do funcionamento empresarial, comprovando também o passo a passo do sistema de qualidade. A certificação ISO 9000 se tornou mundialmente conhecida, muito em- bora tenha sido desenvolvida para funcionar dentro do sistema europeu. Ter um sistema de qualidade como este é importante porque valida de forma documental a qualidade dos produtos desenvolvidos pelas empresas, dando a elas maior credibilidade. As exigências do próprio mercado para adoção desistemas de qualidade têm feito com que as empresas busquem cada vez mais por isso. Isso incluir as empresas brasileiras, que também aderiram em grande número ao Programa Nacional e programas regionais de qualidade. Outros custos14 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISSO 9001: sistemas de gestão da qualidade: requisitos. Rio de Janeiro, 2015. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. Porto Alegre: AMGH, 2013. IMAI, M. Gemba kaizen: uma abordagem de bom senso à estratégia de melhoria con- tínua. Porto Alegre: Bookman, 2014. MARQUES, W. L. Contabilidade gerencial à necessidade das empresas. Sorocaba: Cidade, 2013. 15Outros custos
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