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0 Custos da Qualidade II Prof. Dr. Ronã Rinston Amaury Mendes 2022 Curso Técnico em Qualidade EaD SOBRE O PROFESSOR Prof. Dr. RONÃ RINSTON AMAURY MENDES Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico desde 2010 no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais IFSULDEMINAS - Campus Pouso Alegre. Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual Paulista - campus Guaratinguetá (FEG-UNESP); Mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI); Pós-graduado em Qualidade & Produtividade pela Universidade Federal de Itajubá; Pós-graduado em Administração e Estratégias de Marketing pela Faculdade Cenecista de Varginha (FACECA); Pós-graduado em Gerência de Empresas pela Faculdade Cenecista de Varginha; Licenciado em Matemática pela Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR); Graduado em Administração e Ciências Econômicas pela Faculdade Cenecista de Varginha. Com atuação durante mais de 20 anos em empresas de diversos segmentos como: autopeças, metalmecânica, bancário, comunicação, farmacêutico, alimentício, hospitalar, serviços e ensino. 2 SUMÁRIO 1 CUSTOS DA QUALIDADE------------------------------------------------------------------------------- 3 1.1 Introdução ao Custos da Qualidade -------------------------------------------------------------- 3 1.1.1 Willian Edwards Deming ----------------------------------------------------------------------- 4 1.1.1 Joseph M. Juran --------------------------------------------------------------------------------- 4 1.2 Definição de Custo da Qualidade------------------------------------------------------------------ 5 2 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE ---------------------------------------------- 6 2.1 Custo do controle – Custo para a Qualidade -------------------------------------------------- 7 2.1.1 Custo de prevenção -------------------------------------------------------------------------------- 7 2.1.2 Custo de avaliação ---------------------------------------------------------------------------------- 8 2.2 Custo das Falhas – Custos da Má Qualidade ------------------------------------------------- 8 2.2.1 Custo das falhas internas ------------------------------------------------------------------------- 8 2.2.2 Custo das falhas internas------------------------------------------------------------------------- 9 3 PONTO ÓTIMO EM RELAÇÃO A CUSTO E BENEFÍCIO DA QUALIDADE ------------- 10 4. RELATÓRIOS DOS CUSTOS DA QUALIDADE ------------------------------------------------- 12 4.1 Avaliação econômico-financeira da qualidade ---------------------------------------------- 12 2.4.1 Modelo Custo da Qualidade --------------------------------------------------------------------- 13 4.1.2 Modelo Retorno da Qualidade ------------------------------------------------------------------ 14 5 RELAÇÕES ENTRE OS CUSTOS DA QUALIDADE -------------------------------------------- 18 5.1 ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS DOS CUSTOS DA QUALIDADE -------------------------- 23 5.2 CRÍTICAS AO CONCEITO DO PONTO ÓTIMO ------------------------------------------------ 23 6 BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE --------------------------- 24 REFERÊNCIAS ----------------------------------------------------------------------------------------------- 26 3 1 CUSTOS DA QUALIDADE 1.1 Introdução ao Custos da Qualidade A primeira justificativa para a implantação e manutenção de programas de qualidade necessariamente é de ordem econômica, embora a maioria dos programas de gerenciamento da qualidade não dêem enfoque ao aspecto financeiro da qualidade (HALEVY E NAVEH, 2000). A implantação de programas de qualidade a priori tem como consequência o aumento da produtividade e da lucratividade, pois há uma melhora no desempenho dos processos. No entanto, quando se conhecem os custos envolvidos, sendo possível controlá-los, pode-se obter melhores resultados. É por isso que a mensuração dos custos da qualidade é relevante para a gestão das empresas. Os custos da qualidade podem ser utilizados de várias maneiras, como medição, na análise da qualidade do processo, para programação, ou como ferramenta orçamentária e preditiva. A mensuração da qualidade torna-se consistente quando expressa na linguagem dos negócios: a mensuração em dinheiro. Portanto, destaca-se a importância da mensuração financeira dos custos da qualidade, por representar um denominador comum, podendo ser expressa em relatórios e comparável a outros projetos, o que permite a melhor visualização das prioridades da empresa. De acordo Juran e Gryna (1991a, p.86), “o termo ‘custos da qualidade’ assumiu significados diferentes para pessoas diferentes. Alguns os compararam aos custos para se 4 atingir a qualidade. Outros equipararam o termo aos custos para o funcionamento do Departamento de Qualidade”. 1.1.1 Willian Edwards Deming Deming foi o responsável pelo surgimento e sucesso da qualidade no Japão. Em 1950 foi convidado pela JUSE (Japanese Union of Scientists Engineers) para realizar palestras sobre qualidade, as quais davam ênfase ao controle estatístico dos processos. Deming (1990, p.18) estabeleceu 14 pontos ou princípios que devem ser adotados e executados por empresas que desejam manter-se no mercado e que procuram proteger os investidores e os empregos. Dentre estes princípios destaca-se o quinto, que determina: “melhore constantemente o sistema de produção e de prestação de serviços, de modo a melhorar a qualidade e a produtividade e, conseqüentemente, reduzir de forma sistemática os custos”. 1.1.1 Joseph M. Juran Joseph M. Juran é considerado o primeiro autor que aplicou a qualidade à gestão empresarial, em vez abordá-la com ligação à estatística ou ao controle total da qualidade (LUZ, 2002). Os custos da qualidade foram discutidos pela primeira vez em 1951, por Juran, em seu livro Quality Control Handbook. Deming defende a melhoria contínua do processo, o que para ele inevitavelmente trará redução de custos, não sendo necessária sua mensuração visto que o seu benefício é óbvio, e devido ao fato da mensuração não reportar o aspecto invisível ou intangível da qualidade. 5 Para Juran e Gryna (1991a), o principal objetivo que leva as empresas a avaliar os custos da qualidade é a necessidade de quantificar o tamanho do problema da qualidade em uma linguagem que tenha impacto sobre a administração superior: o dinheiro. Concluem que sem os números do custo estimado da qualidade, a comunicação aos gerentes seria mais lenta e menos eficiente, pois, mesmo com o predomínio de estimativas, pode-se verificar a dimensão global dos custos da qualidade e as principais áreas para aperfeiçoamento em potencial. 1.2 Definição de Custo da Qualidade O quadro 1 a seguir apresenta a definição de custos da qualidade sob a ótica de diversos autores: Quadro 1: Comparativo da definição dos custos da qualidade. Definição Comentários Jurán & Gryna (1991): os custos da qualidade são aqueles custos que não existiriam se o produto fabricado fosse perfeito na primeira vez, e estão associados com as falhas na produção que levam a retrabalho, desperdícios e perda de produtividade. Adequado ao uso, os custos de qualidade existem porque existe o retrabalho; Crosby (1994): os custos da qualidade estão relacionados com a conformação ou ausência de conformação aos requisitos do produto ou serviço. Sendo assim, se a qualidade pode ser associada à conformação, deduz-se que os problemas de conformação e as medidas que visem evitá-los acarretam um custo. Não ter conformidade com os requisitos; Fazer certo da primeira vez; Falta de qualidade gera prejuízo; Para Juran o primeiro item para a melhoria da qualidade é o controle de custos, o qual deve concentrar esforços na prevençãode erros e de produtos defeituosos, examinando todo o processo produtivo (do fornecedor de matéria- prima ao usuário final). Além disso, destaca que a melhoria da qualidade deve ser analisada passo-a- passo, visto que cada etapa afeta a 6 Townsend (1991): não é a qualidade que custa, mas sim a não-conformidade ou a não-qualidade, que é dispendiosa. Para ele, atingir a qualidade é dispendioso, exceto quando comparado com o não atingir a qualidade. Atingir a qualidade não é necessário, exceto se essa qualidade não é atingida; Mason: qualidade não é apenas o que nos fazemos, mas o que nos fazemos e que pode ser visto e aplicado por todos dentro da organização. Qualidade é a conformação com os requisitos. Feigenbaum (1994): é a determinação do cliente e não determinação da engenharia, nem do marketing, e nem da alta administração. A qualidade deve estar baseada na experiência do cliente com o produto e serviço medidos através das necessidades percebidas que representem uma meta num mercado competitivo. Atender as expectativas dos clientes; Fonte: Adaptado Eliza Coral (1996). 2 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE O quadro 2 a seguir apresenta as categorias e os elementos dos custos da qualidade. Figura 1: Categorias e os elementos dos custos da qualidade. Fonte: Adaptado de Juran (1999) e Feigenbaum (1994). 7 2.1 Custo do controle – Custo para a Qualidade Custo do controle são todos os investimentos realizados para planejar e manter toda uma infraestrutura de pessoas, processos e ferramentas cujo objetivo e prevenir e detectar erros do processo. Neste modelo os custos do controle estão separados em duas categorias: os custos de prevenção e os custos de avaliação. 2.1.1 Custo de prevenção Os recursos destinados à prevenção dão origem aos custos de fazer certo da primeira vez. São gastos relacionados com o projeto, implementação e manutenção do sistema de gerenciamento da qualidade para assegurar que produtos ou serviços insatisfatórios ou defeituosos não sejam produzidos. É aquilo que a empresa gasta para produzir um produto ou serviço dentro da qualidade esperada. A prevenção inclui os custos com: a) Requisitos de produto ou serviço: A determinação dos requisitos e o estabelecimento de especificações correspondentes (que também considera a capabilidade dos processos) para materiais recebidos, processos, materiais intermediários, produtos acabados e serviços. b) Planejamento da qualidade: O estabelecimento de planos da qualidade, confiabilidade, operações, produção, supervisão, controle de processos, inspeção e outros planos especiais, como testes de pré-produção, exigidos para realizar os objetivos da qualidade. c) Garantia da qualidade: Criação e manutenção do sistema da qualidade. d) Equipamento de inspeção: Projeto, desenvolvimento e/ou compra de equipamento para uso nos trabalhos de inspeção. e) Treinamento: Desenvolvimento, preparação e manutenção de programas de treinamento para operadores, supervisores, pessoal de staff e gerentes, para conseguir e manter a capabilidade. f) Diversos: Trabalhos de escritório, viagens, suprimentos, despachos, comunicações e outras atividades gerais de gerência de escritório relacionadas com a qualidade. 8 2.1.2 Custo de avaliação As atividades de avaliação resultam nos “custos de verificar se o trabalho está feito corretamente”. Decorrem da avaliação feita pelo fornecedor e pelo cliente dos materiais comprados, processos, materiais intermediários, produtos e serviços e têm como objetivo garantir a conformidade com os requisitos especificados. Ë o que se gasta para verificar se realmente os produtos e serviços estão nos padrões de qualidade previstas. Decorrem das principais atividades de controle. A avaliação inclui os custos como: a) Verificação: Verificação do material de recebimento, montagem de processo, primeiras peças processo em operação, produtos intermediários e finais, serviços, além de avaliação de desempenho de produtos ou serviços comparados com especificações aceitas de comum acordo. b) Auditorias da qualidade: Para verificar se o sistema da qualidade funciona satisfatoriamente. c) Equipamento de inspeção: Aferição e manutenção de equipamento usado em todas as atividades de inspeção. d) Classificação de fornecedores: Avaliação e aprovação de todos os novos fornecedores, tanto de produtos como de serviços. 2.2 Custo das Falhas – Custos da Má Qualidade Custos das falhas são todos os custos de atividades ligadas ao esforço de reparar falhas de produtos e serviços originados no decorrer do processo. Todas as conseqüências financeiras causadas por estes defeitos devem ser computados nos custos das falhas. Tudo que é realizado ou gerado em função de defeitos produzidos no processo deve ser considerado como falha, ou seja, custos provenientes da falta de qualidade. Neste modelo os custos das falhas estão separados em duas categorias: os custos das falhas internas e os custos das falhas externas. 2.2.1 Custo das falhas internas Ocorrem quando os resultados do trabalho deixam de atender aos padrões de 9 qualidade projetados e são detectados antes da entrega dos produtos ao cliente. As falhas internas incluem: a) Desperdício: Atividades relacionadas com trabalhos desnecessários ou manutenção de estoques resultantes de erros, organização ou comunicação deficientes, materiais errados, manutenção corretiva, etc. b) Sucata: Produtos defeituosos, materiais de produção ou de escritório que não pode ser reparado, usado ou vendido. c) Retrabalho ou reparo: Correção de material defeituoso ou de erros no atendimento dos requisitos. d) Reinspeção: Reexame de produtos ou de retrabalho que foi reparado. e) Degradação: Reclassificação do produto que, embora fora das especificações, é utilizável e pode ser vendido como de “segunda qualidade” por um preço inferior. f) Análise de falha: Atividade necessária para estabelecer as causa de falhas internas de produtos ou serviços. 2.2.2 Custo das falhas internas Ocorrem quando produtos ou serviços deixam de atingir os padrões de qualidade de projeto, sendo o defeito detectado só depois de o produto ser entregue ao cliente. As falhas externas incluem: a) Reparo e serviço: Produtos devolvidos ou ainda no campo. b) Solicitações de garantia: Produtos que apresentam falhas e são substituídos ou serviços refeitos sob alguma forma de garantia. c) Reclamações: Todo trabalho e custos decorrentes de tratamento e soluções das reclamações dos clientes; 10 d) Devoluções: O manuseio e investigação de produtos ou materiais rejeitados ou recolhidos, inclusive os custos de transporte. e) Responsabilidade civil: O resultado de litígio sobre a responsabilidade legal relativa ao produto ou serviço e outras reivindicações que podem até incluir modificações no contrato. f) Perda de imagem: O impacto na reputação e na imagem que afeta diretamente as futuras perspectivas de vendas. Robles Jr. (2003) complementa os conceitos e definições dos elementos dos custos da qualidade sob a ótica contábil: No quadro 3, Feigenbaum (1994) também apresenta as categorias e os elementos dos custos da qualidade: Quadro 3: Categorias e os elementos dos custos da qualidade. • CUSTOS DE PREVENÇÃO: gastos (investimentos/custos) com atividades a fim de assegurar que produtos, componentes ou serviços insatisfatórios não sejam produzidos ou gerados. • CUSTOS DE AVALIAÇÃO: gastos com atividades desenvolvidas na identificação de unidades ou componentes defeituosos ou não conformes, antes da remessa para o cliente (interno/externo). • CUSTOS DAS FALHAS: gastos incorridos devido à ocorrência de fato de unidades ou componentes defeituosos ou não conformes. Os custosdas falhas são subagrupados em duas subcategorias: • CUSTOS DAS FALHAS INTERNAS: associados às atividades decorrentes de falhas internas, antes da remessa dos produtos aos clientes. • CUSTOS DAS FALHAS EXTERNAS: associados às atividades decorrentes de falhas externas, depois de os 11 ELEMENTOS DOS CUSTOS DA QUALIDADE O QUE É COMO SÃO CONSIDERADOS Custos de Prevenção; São todos os custos incorridos para evitar que falhas aconteçam. Esses custos têm, como objetivo controlar a qualidade dos produtos, de forma a evitar gastos provenientes de erros no sistema produtivo. - Planejamento da qualidade; - Revisão de novos produtos; - Treinamento; - Controle de processo; - Relatórios de qualidade; - Outros. Custos de Avaliação; São os custos necessários para avaliar a qualidade do produto pela primeira vez e assim, detectar falhas e inconsistências antes que o produto seja posto no mercado. - Inspeção de Matéria-prima; - Testes de equipamento; - Material consumido nos testes; - Avaliação de estoques; - Outros. Falhas Internas; São todos aqueles incorridos devido a algum erro do processo produtivo, seja ele falha humana ou falha mecânica. Quanto mais cedo erros são detectados, menores serão os custos para corrigi-los. - Refugos; - Retrabalho; - Retestes; - Paradas; - Esperas; - Outros; Falhas Externas; São aqueles decorrentes de falhas no produto ou serviço quando estes se encontram no mercado e/ou são adquiridos pelo consumidor final. Falhas externas ocasionam grandes perdas em custos intangíveis, como destruição da imagem e credibilidade da empresa. - Atendimento a reclamações; - Material devolvido; - Custos com garantia; - Custos de concessões dadas aos clientes, descontos; - Custos com falhas externas, após garantia; - Serviço de atendimento ao cliente. - Outros custos externos. Fonte: Adaptado de Feigenbaum, 1994. De acordo com Feigenbaum (1994), no passado qualidade superior, era sinônimo de custos altos, mas hoje se sabe que o inverso é verdadeiro, qualidade inferior é sinônimo de refugo, retrabalho, perda de mercado, desperdícios de tempo e mão-de-obra. Qualidade insatisfatória significa utilização insatisfatória dos recursos, implicando em desperdícios de material, mão-de-obra e tempo de equipamento. Por outro lado, qualidade satisfatória significa utilização satisfatória dos recursos ou, por conseguinte, custos reduzidos. 12 Os custos de qualidade são aqueles que não existiriam se o produto fosse fabricado de forma perfeita na primeira vez, e denomina-os como custos da má qualidade. Dessa maneira, se o produto fosse fabricado perfeito na primeira vez, não haveria qualquer tipo de custo da má qualidade, inclusive os custos para se descobrir e corrigir o trabalho defeituoso. Os custos de prevenção e avaliação são classificados, também, por Juran e Gryna (1991a) como custos da má qualidade Robles Jr. (2003) apresenta alguns exemplos dos custos pertencentes a cada categoria e atividades relacionadas, conforme quadro a seguir: IMPORTANTE 13 CUSTOS PARA A QUALIDADE CUSTOS DA MÁ QUALIDADE CUSTOS DE PREVENÇÃO CUSTOS DE AVALIAÇÃO CUSTOS DE FALHAS INTERNAS CUSTOS DE FALHAS EXTERNAS Equipamentos Avaliação de Protótipos Retrabalho Administrativos Tecnologia Novos Materiais Redesenhos Expedição e Recepção Engenharia da qualidade Métodos e Processos Refugos e Sucatas Multas Treinamento para a qualidade Testes de Confiança Manutenção Corretiva Refaturamento Administração da qualidade Planejamentos das Inspeções Compras não planejadas Garantias Projeto e planejamento das avaliações da qualidade Equipamentos e suprimentos utilizados nos testes e inspeções Tempo perdido devido à deficiência do projeto Retrabalho Manutenção preventiva dos equipamentos Testes e Inspeções nos materiais comprados, nos componentes e produtos fabricados Tempo perdido devido à compra de materiais defeituosos Bem-estar do cliente Revisão e atualização das instruções, especificações e procedimentos Inspeções e auditoria das operações de manufatura Descontos nos preços de vendas de produtos com pequenos defeitos Vendas Perdidas Pesquisas relacionadas com a garantia dos produtos Auto-inspeção pelos operadores Atrasos na produção e entrega gerando multas e penalidades Custos do Departamento de Assistência Técnica Treinamento de pessoal Auditoria no estoque dos produtos acabados Não-aplicação de reajustes de novas tabelas Reposição para manter a imagem Desenvolvimento de sistemas da qualidade Mensurações visando ao controle da qualidade do processo Inspeção de lotes retrabalhados Desenvolvimento de projetos de produtos Avaliação de deterioração das matérias- primas e componentes em estoque Horas extras para recuperar atrasos Identificação das necessidades de marketing e exigências dos clientes Testes nos ambientes de produção Tempo de análise das causas das falhas Planejamento da inspeção e dos testes dos componentes comprados Avaliação dos produtos dos concorrentes Custo financeiro do estoque adicional para suprir eventuais falhas Auditoria da eficácia do sistema de qualidade Custo da área de inspeção Quadro 4: Custos e Atividades relacionadas aos Custos da Qualidade Fonte: Adaptado de Robles Jr. (2003, p.63-66). 10 10 Nem todos os custos da qualidade se inserem adequadamente numa determinada categoria de custos da qualidade, o que torna a classificação um tanto arbitrária, o mais importante é que as empresas mantenham a coerência, na classificação e ao longo do tempo, para favorecer as análises. De forma resumida, os custos para a qualidade são aqueles relacionados ao esforço para que não ocorra a má qualidade, ou seja, são custos inerentes ao alcance e manutenção do nível de qualidade estabelecido. 3 PONTO ÓTIMO EM RELAÇÃO A CUSTO E BENEFÍCIO DA QUALIDADE Na zona de projeto e aperfeiçoamento, os custos das falhas representam aproximadamente 70% dos custos totais da qualidade, enquanto os custos de prevenção constituem menos de 10% destes. Por isso, é possível a redução dos custos totais pela melhoria da qualidade de conformidade; investir mais nos custos para a qualidade, tende a diminuir os custos com falhas (má qualidade). Na zona de altos custos de avaliação, os custos de prevenção excedem os custos das falhas quando a empresa está localizada nesta zona, é necessário que a mesma avalie a oportunidade de redução de custos por meio de algumas medidas: a) comparar o custo de detecção de defeitos com o prejuízo por eles causados, se os mesmos não forem detectados. Às vezes, o defeito ocorre tão raramente que se pode diminuir a intensidade das inspeções, o que não afetará o nível de conformidade do produto; b) examinar os padrões de qualidade, a fim de avaliar se os mesmos são realistas em Quanto mais a empresa demora em descobrir o defeito ou a não-conformidade, mais alto será o seu custo. No início do processo pode existir apenas uma peça defeituosa, mas no final do processo há um custo ainda maior agregado ao produto que utiliza esta 11 11 relação à adequação ao uso, pois, em alguns casos, a qualidade do produto está além das expectativas do cliente; c) verificar a possibilidade de redução do volume de inspeção através da amostragem; e d) evitar a duplicidade de inspeção, usando auditoria de decisões. Na zona de indiferença, os custos das falhas são aproximadamente metade dos custos da qualidade, enquanto os de prevenção são aproximadamente 10%. O ponto ótimo da curva do custo total é formado pela intersecção de duas curvas: a curva dos custos para a qualidade e a curva dos custos da má qualidade. Assim, à medida que aumentam os custos para a qualidade,diminuem os custos da má qualidade. O ponto ideal é aquele em que o retorno obtido pelo investimento nos custos para a qualidade é superior aos custos totais da qualidade. Figura 2: Zona do Ponto Ótimo no Modelo do Custo da Qualidade Fonte: Adaptado de Juran e Gryna (1991a, p.116). 12 12 4. RELATÓRIOS DOS CUSTOS DA QUALIDADE Os relatórios dos custos da qualidade devem ser adequados às necessidades da empresa e seus usuários. Geralmente, são utilizados índices que relacionam os custos da qualidade com outras categorias de custos, ou de receitas. Os índices facilitam a compreensão dos números, a comparabilidade entre setores, e entre empresas de portes diferentes. Os relatórios podem apresentar informações de cunho não financeiro que podem ser coletadas junto ao processo produtivo como, por exemplo, número de defeitos e número de horas paradas por falta de material, medidas estas que também poderão ser usadas como base e/ou proporção de cálculos da qualidade. 4.1 Avaliação econômico-financeira da qualidade Mensurar significa atribuir valores a determinados elementos de modo que os mesmos expressem um significado para o tomador de decisão, configurando-se em informações válidas, confiáveis e relevantes. Por isso, a mensuração dos custos da qualidade é importante. O que de fato estes custos representam para a empresa? Que outros tipos de custos estão envolvidos pela falta de qualidade? Até onde o dispêndio em qualidade é um custo ou um retorno? Que ações tomar? Para exemplificar, pode-se citar o exemplo de um cliente insatisfeito com o produto que comprara ou com o atendimento que tenha recebido. À primeira vista, pode-se interpretar que há apenas um cliente insatisfeito, porém, quanto a sua insatisfação representará para a empresa? Ou, ainda, qual a imagem do produto e da empresa que este cliente transmitirá a terceiros? Sabe-se que, quanto mais o cliente ficar satisfeito com o produto ou serviço, maior será seu grau de lealdade, e sua satisfação fará com que o mesmo divulgue favoravelmente a marca, produto ou serviço oferecido. 13 13 O dispêndio em custos para a qualidade nem sempre pode ser visto como um custo, mas também ser caracterizado como um investimento que trará benefícios futuros. o investimento em qualidade funciona como qualquer outra decisão de alocação de recursos: deve produzir retornos que remunerem adequadamente o investimento realizado. Assim, deve-se reconhecer os resultados de programas de qualidade sob a ótica econômica: o Retorno da Qualidade. 2.4.1 Modelo Custo da Qualidade O modelo Custo da Qualidade é o mais conhecido e representa a soma dos gastos efetuados para corrigir a não-conformidade e/ou defeitos e para preveni-los. Compreende a apuração dos custos da qualidade em categorias de contas, divididas normalmente em custos para a qualidade e custos da má-qualidade. Além das categorias tradicionais, existem ainda outras que, por sua natureza oculta, muitas vezes não são mensuradas, apesar de também trazerem reflexos econômicos para a empresa. Dentre elas, Feigenbaum (1994) aborda as seguintes: a) custos indiretos da qualidade: estão inseridos em outros custos do negócio como, por exemplo, os custos de produzir e armazenar estoques em excesso. Da mesma forma, têm-se os custos indiretos envolvidos na qualidade dos fornecedores, pois, ao comprar matérias-primas, no preço estão embutidos os custos operacionais da A esse respeito, em pesquisa realizada em 1981, durante o evento Salão do Automóvel, em São Paulo, Mattar (1982) concluiu que 71% dos entrevistados, em decorrência de sua satisfação, confirmaram sua fidelidade futura pela mesma marca de veículo que possuíam. Da mesma forma, para a Xerox, um cliente ‘muito satisfeito’ tem a probabilidade de recomprar um produto de seis a sete vezes mais do que um cliente ‘satisfeito’ (TATIKONDA; TATIKONDA, 1996). 14 14 qualidade do fornecedor; b) custos intangíveis da qualidade: são aqueles associados à perda de vendas, ocasionada por clientes insatisfeitos. Associados aos custos intangíveis, encontram- se também os custos inerentes à responsabilidade, como a redução de vendas devido a ‘arranhões’ na imagem da empresa causados pela publicidade desfavorável, gerada pelo recolhimento de determinado produto; c) custos de equipamentos para a qualidade: representam o investimento de capital na aquisição de equipamentos utilizados na qualidade, obtidos especificamente para medir a qualidade do produto para propósitos de aceitação e controle, assim como sua amortização e o espaço ocupado por eles; d) custos da qualidade no ciclo de vida e utilização do produto: são custos associados à manutenção da qualidade do produto durante um período razoável de utilização do produto, incluindo custos com assistência técnica, reparos, peças de reposição e despesas similares. Os custos ocultos da qualidade e os definem como “custos de oportunidade resultantes da má qualidade”. Destacam, ainda, que normalmente estes custos não são reconhecidos de forma específica nos registros contábeis. Devido ao fato dos sistemas tradicionais de contabilidade não estarem aptos a considerar os custos ocultos e intangíveis e seu reflexo econômico para as empresas, é que Rust, Zahorik e Keiningham (1996) desenvolveram um novo modelo de reconhecimento de resultados, tentando avaliar o retorno do investimento oriundo da qualidade, o qual será tratado no tópico a seguir. 4.1.2 Modelo Retorno da Qualidade Tatikonda e Tatikonda (1996) criticam as empresas por terem sofisticadas técnicas de mensuração do retorno dos investimentos tradicionais e não destinarem os mesmos esforços para mensurar o retorno da qualidade. Enfatizam, ainda, que gastar dinheiro com programas 15 15 de qualidade sem estimar seus benefícios é como ‘atirar no escuro’. Rust, Zahorik e Keiningham (1994) identificaram que as variações no processo de melhoria da qualidade, que impactam na lucratividade da empresa são: redução de custos, aumento da retenção de clientes e atração de novos clientes, conforme disposto na Figura 3. Figura 3: Principais Fontes de Lucros Provenientes da Melhoria da Qualidad Fonte: Adaptado de Rust, Zahorik e Keiningham (1994, p.98) Desta forma, o modelo proposto por Rust, Zahorik e Keiningham (1994) é um modelo de avaliação do retorno da qualidade, o qual reúne duas destas variáveis: a redução de custos e o aumento das vendas pela retenção de clientes. Segundo Rust, Zahorik e Keiningham (1994), a atração de novos clientes não está incluída na avaliação do Retorno da Qualidade (ROQ), porque este efeito ocorre a longo prazo e é difícil de se mensurar. No modelo do retorno da qualidade, os efeitos de redução de custos deverão ser apurados utilizando-se a metodologia dos custos da qualidade e o aumento de receita, mediante aumento da retenção de clientes (ALENCAR; GUERREIRO, 2004). Desta forma, o modelo ROQ não procura somente mensurar a economia de custos, mas o incremento na receita em virtude da satisfação dos clientes. Para Rust, Zahorik e Keiningham (1994), de acordo com estudos realizados, é muito mais lucrativo manter clientes antigos do que conquistar novos. Evidencia-se, no Anexo A deste estudo, um modelo de mensuração do lucro potencial perdido por ano, que representa o custo intangível, extraído de Tatikonda e Tatikonda (1996). 16 16 A empresa Widget, que fabrica e vende máquinas copiadoras, tem uma média de cem mil clientes, os quais geram um lucro médio de US$ 100,00 por ano. De acordo com a experiência e pesquisa de satisfação de clientes, estimou-se que: a) 70% dos clientes não têm problemas com os produtos, e 90% destes acabam comprando novamente da empresa; b) dos 30% que têm problemas, metade não informaram à empresa, sendo que 60% destes irão comprar novamente da empresa; c) daquelesque informaram para a empresa o problema, 70% terão seus problemas resolvidos, sendo que destes, 80% comprarão novamente; d) 25% daqueles que não tiveram seus problemas resolvidos satisfatoriamente, comprarão novamente na empresa. Com base nessas informações, estima-se a perda de clientes no ano, que é de 18.475 (dezoito mil, quatrocentos e setenta e cinco) clientes, equivalente a US$ 1,847 milhões no ano. Assim, considera-se este valor como um custo da má qualidade, pois se a empresa tivesse investido na retenção desses clientes (prevenção, avaliação e marketing), sua lucratividade não se reduziria. O modelo de avaliação do retorno da qualidade baseia-se no comportamento dos clientes em relação aos atributos de um produto ou serviço, identificando a importância relativa de cada um. Assim, o cliente terá suas necessidades satisfeitas e aumentará a lealdade à marca e/ou empresa, o que influenciará a participação de mercado da empresa e, conseqüentemente, sua lucratividade. Para Alencar e Guerreiro (2005), o retorno sobre o investimento em qualidade é calculado pelo valor presente líquido do fluxo das receitas, somadas as economias de custos obtidas pelo programa de qualidade, deduzidos os custos da qualidade provocados pelo mesmo. A partir desse resultado, é possível verificar se o investimento em qualidade produziu retorno, ou seja, se superou os custos envolvidos em qualidade. 17 17 A título de ilustração e melhor entendimento dos modelos, apresenta-se a seguir um Quadro comparativo dos modelos custo e retorno da qualidade: Quadro 5: Comparação entre os Modelos de Custo e Retorno da Qualidade DESCRIÇÃO MODELO Custo da Qualidade Retorno da Qualidade Campo do conhecimento em administração originalmente envolvido Produção Marketing Tipo de efeito administrativo onde se concentram os esforços de mensuração Melhoria de Processo Melhoria de Serviço/Produto Principal efeito econômico- financeiro Redução de Custos Aumento da Receita Efeito no Fluxo de Caixa inuiçRedução de Saídas de Caixa Aumento de Entradas de Caixa Forma de Controle Gerencial Controle de gastos correntes com o objetivo de redução destes gastos Comparações entre os recursos necessários e benefícios esperados do programa de melhoria da qualidade e cálculo do valor presente líquido Fonte: Vergani e Sousa (1998, p.9). Verifica-se que os modelos se complementam: enquanto o modelo ‘custo da qualidade’ está voltado para o âmbito interno da empresa, para o processo e gerenciamento dos custos inerentes a este, o modelo ‘retorno da qualidade’ está voltado para o âmbito externo, para medidas que impactam na imagem da empresa e do produto ou serviço prestado e, conseqüentemente, no incremento da receita. Assim, ambos os modelos devem ser utilizados para o gerenciamento da qualidade. De nada adianta a empresa trabalhar somente na redução de custos e ter baixa lucratividade, oriunda da pouca procura pelos seus produtos e serviços, como também, não é válido ser líder de mercado no seu segmento e trabalhar sem controle dos custos, prejudicando as margens de lucro. 18 18 5 RELAÇÕES ENTRE OS CUSTOS DA QUALIDADE Para uma maior facilidade na interpretação das informações, torna-se importante relacionar o Custo Total da Qualidade a outros valores com os quais a gerência está familiarizada no dia-a-dia. Desta forma, os custos levantados devem ser associados a bases de comparação, de modo a refletir o desempenho da empresa sob diferentes perspectivas. É importante salientar que os Custos da Qualidade por si, como valores absolutos, fornecem informações pouco significativas; devendo, portanto, ser relacionados com outras medidas básicas que indiquem, de maneira dinâmica, o desempenho da empresa de diferentes pontos de vista. Algumas medidas básicas às quais se pode relacionar os custos da qualidade são: - horas ou custos de mão-de-obra; - custo de produção; - faturamento; e - volume vendido ou produzido. Exemplos: - Custo da Qualidade ; - Custo da Qualidade_ - Faturamento Custo de produção Neste ponto é importante observar que, para efeito de análise da evolução desses índices, é necessário se considerar as alterações que podem ocorrer nas bases de referência, as quais são afetadas por mudanças como, por exemplo: - o trabalho direto pode ter sido reduzido devido a uma maior automação do processo produtivo; - os custos de fabricação podem ser afetados pela automação, redução no custo de matéria-prima e melhoria nos métodos e processos resultando em aumento da 19 19 produtividade; - o volume de vendas pode ser afetado por mudanças nos preços de vendas, custos de distribuição, mercados etc. A abordagem de gestão atual é no sentido de análise das tendências e alocação dos recursos às quatro categorias de Custos da Qualidade, considerando-as globalmente, ao invés de considerar cada elemento individualmente (como por ex.: pessoal de inspeção, testes, etc.). O relacionamento básico entre as quatro categorias de custos demonstra que investimentos em prevenção e avaliação pode reduzir os custos de falhas. Custo Total da Qualidade = A + B + C + D Estratégia: investir em (A + B) para reduzir (C + D). Espera-se que o investimento em A + B seja inferior à redução em C + D. Mas até onde investir? Segundo JURAN & GRYNA (1980), os custos da qualidade se relacionam segundo o apresentado no gráfico 1 abaixo: C + D A + B 20 20 Gráfico 1 - Custos da qualidade $ CT A+B C+D 100% defeituoso 0 x 100 % bom y z Q. de Conformação Fonte: adaptado de JURAN & GRYNA (1980). Onde: C+D = Custo de Falhas A+B = Custo para obter a qualidade CT = Custo Total x = zona de melhoria (CF > 70% do CT) y = zona de indiferença (CF = 50% do CT) z = zona de perfeccionismo (CF < 40% do CT) O gráfico 1 mostra que: quando os custos de Prevenção (A) e de Avaliação (B) forem zero, o produto(ou lote) será 100% defeituoso e o custo de Falhas (C + D) tendem a ser muito elevado. Por outro lado, quando o produto(ou lote) é 100% dentro da qualidade de conformação, não há falhas, porém os custos de prevenção e de avaliação tende a ser muito alto. 21 21 A idéia, então, é que se encontre um "ponto ótimo". Para autores como FEIGENBAUM (1994), o ideal para os custos da qualidade seguiria a seguinte orientação: Indústria % Vendas Simples, baixa tolerância 0,5 – 2 Processo mecânico normal 1 – 5 Indústria de precisão 2 – 10 Complexo eletrônico, espacial 5 – 25 E sugere também a seguinte distribuição dos Custos da Qualidade como sendo a “ideal”: Categoria de Custo % Custo Total Prevenção 0,5 – 5 Inspeção 25 Falhas (Internas e Externas) 70 Tal orientação difere da apresentada por JURAN & GRYNA (1980), os quais sugerem que o ponto ótimo para os Custos da Qualidade ocorre na circunstância em que: Custos de Prevenção (A) + Custo de Inspeção (B) = Custo de Falhas (C+D) (graficamente o ponto ótimo é representado na intersecção das curvas A+B e C+D) Fazendo-se uma análise mais apurada da gráfico 1 apresentado, pode-se destacar três zonas ou regiões: zona de melhoria, zona de indiferença (ou de operação) e zona de perfeccionismo. A zona de melhoria é caracterizada por altos custos de falhas associados a uma má 22 22 qualidade, e é onde a empresa identificará os projetos de melhorias e de aperfeiçoamento. A zona de perfeccionismo é caracterizada por altos custos de prevenção e avaliação associados a uma excelente qualidade. Neste ponto, a empresa deve reavaliar o custo por defeito detectado, verificando se há necessidade de manter os níveis de inspeção e testes. Na zona de indiferença, a relaçãoentre os custos de prevenção e avaliação e os custos de falhas é relativamente equilibrada, portanto ideal. É nessa região que se situa o ponto ótimo acima citado. De acordo com JURAN (1988) os custos de falhas se comportam, em cada zona, da seguinte maneira: Zona ou região Custos de falhas (CF) X > 70% do CT Y em torno de 50% do CT Z < 40% do CT Ressalta-se que tais porcentagens poderão variar conforme a empresa e tipos de produtos diferentes. Um exemplo de distribuição dos Custos da Qualidade segundo as quatro categorias: CATEGORIAS CUSTO (R$) SOBRE O TOTAL Prevenção 2.000 2% Avaliação 33.000 33% Falhas Internas 35.000 35% Falhas Externas 30.000 30% TOTAL 100.000 100% Esse caso aparentemente estaria exigindo um maior investimento em prevenção e avaliação da qualidade (principalmente em prevenção) esperando-se uma redução dos custos de falhas e do custo total. 23 23 5.1 Análise das tendências dos Custos da Qualidade Algumas questões que surgem no estudo das tendências dos custos da qualidade: - Quanto deve ser investido em prevenção? - Como se relacionam as quatro categorias de custo para a empresa em questão? - Qual a participação ótima (em %) de cada categoria no custo total da qualidade? - Qual a redução de custo que será, ou está sendo, obtida ? A resposta a essas questões dependerá dos seguintes fatores: fatores econômicos, tipo de produto, processo, mercado etc., além, evidentemente, de um aprofundamento no estudo das categorias e dos elementos dos diversos custos da qualidade. 5.2 Críticas ao conceito do ponto ótimo É pertinente destacar que esse conceito de "ponto ótimo" expresso pelo gráfico acima é alvo de várias críticas, já que representa um momento específico de um processo, com determinadas condições fixas e de, portanto, não aceitar o aperfeiçoamento da qualidade e a conseqüente redução de custos através da mudança do processo de fabricação ou execução de um dado produto ou serviço. A contraposição à teoria da existência de um ponto ótimo é sustentada também pela visão japonesa do TQC (Total Quality Control), que prega a busca constante pela melhoria contínua e pelo zero defeito. Por essa visão é possível se chegar próximo ao zero defeito (por ex. de 2 a 3 defeitos por milhão) com custos de prevenção e de avaliação da qualidade que não inviabilizam um custo competitivo para o produto. 24 24 Observações: - É interessante se trabalhar com os custos da qualidade para cada linha/família específica de produto. Após a escolha da linha de produto que será “estudada” o próximo passo é levantar os elementos de custo que serão enfocados; - O diagrama de Pareto (classificação ABC) pode ser utilizado para se identificar os elementos mais importantes (de maior responsabilidade) nos custos da qualidade, assim como os “produtos-problema” mais importantes; - Algumas empresas procuram estudar os investimentos, retorno e falhas em qualidade também segundo os níveis de qualidade: qualidade de concepção; qualidade de projeto; qualidade de conformação; qualidade de serviços. 6 BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE Para Juran (1992) e Robles Jr. (1994), a mensuração dos custos da qualidade é vista pelos administradores como forma de se atender a vários objetivos ou questões, dentre os quais se destacam: a) aumentar a produtividade através da qualidade; b) avaliar os programas de qualidade por intermédio de qualificações físicas e monetárias; c) conhecer na realidade o quanto à empresa está perdendo pela falta de qualidade; d) revelar o impacto financeiro das decisões de melhoria; e) tornar a qualidade um dos objetivos estratégicos da organização; f) identificar as oportunidades para diminuir a insatisfação dos clientes; g) identificar as principais oportunidades para a redução dos custos; 25 25 h) expandir os controles orçamentários e de custos da qualidade; e i) estimular o aperfeiçoamento da qualidade por meio de divulgação. 26 26 REFERÊNCIAS ALENCAR, R., & GUERREIRO, R. (2004). A mensuração do resultado da qualidade em empresas brasileiras . Revista Contabilidade & Finanças, 15(spe), 7-23. Disponível e,: https://doi.org/10.1590/S1519-70772004000400001. CORAL, Eliza. Avaliação e gerenciamento dos custos da não qualidade. Dissertação (Mestrado) – UFSC, Florianópolis, 1996. DEMING, W. Edwards; Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990; FEIGENBAUM, Armand V. Controle da qualidade total: gestão e sistemas. São Paulo: FGV, 2003; FEIGENBAUM, A. V. Controle da Qualidade Total: gestão e sistemas. Vol.1. São Paulo: Makron Books, 1994. HALEVY, Avner, NAVEH, Eitan. Measuring and reducing the national cost of non-quality. Total Quality Management. Abingdon, Dez/2000. JURAN, J. M., GRYNA, F. M. Quality planning and analysis. 2.a Ed. New York: McGraw- Hill, 1980. JURAN, J. M., GRYNA, Frank M. Controle da qualidade handbook: conceitos, políticas e filosofia da qualidade. São Paulo: Makron Books, 1991. V.1. JURAN, J. 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