Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Didática - Organização doDidática - Organização do Trabalho PedagógicoTrabalho Pedagógico AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro Bem vindo(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), vamos aprender nesta disciplina um tema relevante do seu interesse para atuação pedagógica. Ao iniciarmos esta grande jornada, quero trilhar junto a você buscando novas formas de aprendizagem. Me proponho a construir esta relação de ensino e aprendizagem em que nosso conhecimento sobre os conceitos da Didática e a Organização do Trabalho Pedagógico serão fundamentais para nossas ações educacionais. Na Unidade I vamos conhecer a linha histórica dos pensadores, apresentando os conceitos da descoberta de métodos e técnicas para ensinar (posteriormente recebe o nome de Didática). Vamos identi�car o objeto de estudo utilizado na didática como um ramo pedagógico e observar a presença em todos os ambientes que geram o ensino. Abranger a didática como instrumento fundamental para criar metodologias e práticas educativa, a �m de ressaltar a importância de sistematizar o conteúdo no momento da aprendizagem. Já na Unidade II você irá saber mais sobre como analisar as correntes pedagógicas, seus pesquisadores que a longo da história da educação, promoveram a evolução e com ela seus modelos de prática inserida no processo do ensino e aprendizagem na História Brasileira. Além perceber que Freire, um dos pesquisadores da Educação Brasileira, defendia a educação libertadora e buscava, em sua época, promover o ensino aos oprimidos, tido como os sem acesso à educação. Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito de estabelecer o planejamento como uma forma viável ao docente de estimular seu aluno a aprendizagem, aprimorando os conhecimento e habilidade a �m de desenvolver o raciocínio e o pensamento crítico. Vamos considerar o planejamento como forma consciente e organizada de ensinar, em que o plano será o momento de re�etir as opções das ações a serem ensinadas. Analisando os diversos caminhos a serem percorridos durante o planejamento, avaliar cada instrumento utilizado nesta construção, como o currículo, projeto político pedagógico, que norteia o plano utilizado nas aulas. Em nossa Unidade IV vamos �nalizar o conteúdo dessa disciplina com promoção da escrita de projetos, embasados na atual diretriz a Base Nacional Comum Curricular, que norteia as competências e habilidades a serem desenvolvidas a cada faixa etária. Direcionando o olhar para a prática de ensino que envolve os diferentes âmbitos da educação infantil, desde estrutura física, até formação do corpo docente, a �m de promover desde a primeira infância até a aprendizagem. Apresentar a importância do uso tecnológico dos recursos em sala de aula, de maneira a utilizar a tecnologia como instrumento de ensino. Despertar no educador o estímulo à busca de reavaliar os processos de avaliação, sem classi�car ou promover alunos, mas rever as práticas de aprendizagem de toda turma, a �m de promover o ensino a todos. Nesse momento quero reforçar meu compromisso com você: de juntos percorrer essa jornada de conhecimento e multiplicar os conceitos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Espero contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional. Muito obrigada e bom estudo! Sumário Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da unidade, assista ao vídeo de considerações �nais. Unidade 1 Didática, Identidade Pro�ssional e Contextualização da Prática Unidade 2 Tendências Pedagógicas Unidade 3 Escola, Professor, Planejamento, Plano de Aula e Currículo Unidade 4 Projetos de Trabalho, Avaliação, Leis e Tecnologia Unidade 1 Didática, Identidade Pro�ssional e Contextualização da Prática Docente AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro Introdução A educação ou prática educativa é um fenômeno social e universal. Isso quer dizer que por meio dela garantimos às gerações futuras o acesso aos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade. Esses conhecimentos são transformados com o passar dos tempos e de acordo com as necessidades culturais, sociais, políticas e econômicas de cada nação. Nesse caso, cabe ao professor, além do ato especí�co de ensinar, conhecer as necessidades históricas de seu tempo para adequar os conteúdos e temas à essa realidade. A Didática faz parte da área dos conhecimentos pedagógicos e, por isso, pode oferecer a professores e alunos os instrumentos necessários para a efetivação do ensino e da aprendizagem. No entanto, como veremos no decorrer desta unidade, o ensino e a aprendizagem não são conceitos deslocados do mundo dos alunos ou dos professores. Ao contrário, eles carregam consigo posicionamentos políticos, experiências sociais, ideologias, opiniões e outras coisas. Podemos perceber, com isso, que a responsabilidade da escola e dos professores é muito grande, pois lhes cabe escolher uma concepção de ensino que permita o domínio dos conhecimentos e a capacidade de raciocínio necessária à compreensão da realidade social e à prática pro�ssional de seus alunos. Graças aos ramos de estudo da Pedagogia, essa não é uma tarefa que o professor deve realizar sozinho. Ele pode servir-se do conhecimento de várias áreas, como a Filoso�a, a Sociologia, a Psicologia, a História, os Fundamentos da Educação e também da Didática. Sendo assim, nossa primeira tarefa nesta unidade será conhecer a Didática e seus campos de atuação. Isso quer dizer que analisaremos nossa disciplina como um ramo de estudo da Pedagogia que busca respostas teóricas e práticas para orientar a ação educativa da escola. A partir dessas de�nições, podemos, então, compreender o objeto de estudo da Didática: os processos de ensino e aprendizagem. Para isso, é fundamental situarmos essa área do conhecimento em seu contexto, ou seja: na formação docente e na formação humana. E então, você está preparado(a)? Ótimo! Vamos começar. Bons estudos! Plano de Estudo Breve histórico da Didática. Conceitos e de�nições da prática docente. Objetivos de Aprendizagem Conceituar a Pedagogia e sua implicação com a Educação. Compreender o campo de atuação da didática. Analisar os processos de ensino aprendizagem. Didática: Aspectos Históricos AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro Ao iniciar os estudos sobre a didática encontramos seu signi�cado no dicionário: “análise e desenvolvimento de técnicas e métodos que são utilizados para ensinar determinado conteúdo para um indivíduo ou um grupo”. A didática faz parte da ciência pedagógica, sendo responsável por estudar os processos de aprendizagem e ensino. Na a�rmação de Malheiros (2012, p. XVI): A didática é a disciplina pedagógica que vai se interessar em estudar exatamente esta interseção – este momento no qual alguém aprende aquilo que alguém ensina. Ela pesquisará, portanto, métodos e técnicas que auxiliem o professor, instrutor, educador ou qualquer outro pro�ssional que tem no ensino seu trabalho, a buscar condições necessárias para levar uma pessoa a aprender algo de forma intencional e planejada. Postas essas condições iniciais, é possível perceber que a didática se torna uma disciplina fundamental na formação de qualquer professor. Tendo isso em mente, buscamos estudar um pouco da história educacional e os aspectos históricos traçando uma linha de pensamento para melhor aprender desse ramo pedagógico. Segundo Piletti (2010), a didática é o ramo especí�co da pedagogia que tem como objetivo dirigir tecnicamente o ensino rumo à aprendizagem, ou seja, a didática é a parte da pedagogia que tem como objeto de estudo o ensino em sua relação com a aprendizagem. Sabemos que muitos dos conhecimentos da nossa História �caram perdidos por falta do registro, métodos de aprendizagem utilizados desde as primeiras criações humanas ou escritos dos precursores educacionais que não podemos experienciar. Assim, traçamos juntos uma linha histórica de um pensamento sistematizado,abordando as correntes pedagógicas brasileiras com o objetivo de identi�car os métodos de ensino nas Idades Média, Moderna e Contemporânea. Desde a antiguidade as formas de ensinar eram subordinadas à hierarquia imposta. Com a chegada da Idade Média e a disseminação do Cristianismo no Ocidente, a Igreja assume o papel de acolher crianças abandonadas e proporciona a garantia da sobrevivência desses desamparados. Nessa fase, os monges educavam as crianças orientadas pelo espírito cristão; os �lhos que pretendiam ter uma formação pro�ssional se integravam a uma corporação, sendo essas associações de pessoas que exerciam a função trabalhista de ensinar o que poderia ser trabalho, como sapateiros e artesãos (MALHEIROS; RAMAL, 2012, p. 3). Já na Idade Moderna (Meados do séculos XIV – XVIII) temos alguns avanços educacionais: os Jesuítas que contribuem para a transformação da maneira como o ensino é visto; na Idade Média as crianças de cinco anos estudavam com adultos e, nessa nova fase, passam a conhecer a seriação que conhecemos hoje em nossas escolas. A divisão de séries por idade passou a ter o nome de ensino primário, sendo ofertado às classes populares, enquanto ensino o secundário era oferecido aos pertencentes à burguesia (MALHEIROS; RAMAL, 2012). No �nal do século XIX, início do século XX, temos a Idade Contemporânea que busca o desenvolvimento cultural do aluno, com um grande avanço nas diretrizes. Passa- se a se delimitar o espaço para o ensino, com horários determinados para o estudo, seleção de conteúdo conforme a série, obrigatoriedade na frequência e a avaliação regular para certi�car-se da aprendizagem (MALHEIROS; RAMAL, 2012). Após delimitarmos toda essa linha de pensamento, pensamos: quando surgiu a Didática? Comênio foi o seu fundador, já que propôs formas de estruturar o ensino para acelerar o processo da aprendizagem, tendo como marco a sua publicação Didacta Magna. Comênico a�rmava que a educação deveria preparar a criança para a vida adulta, ligando o processo de aprendizagem ao desenvolvimento biológico (MALHEIROS; RAMAL, 2012). Herbart (1766-1841), in�uenciado por esses precursores educacionais, tinha o objetivo de formular um único método de ensino que contribuísse para com a aprendizagem de todos. Então, organizou as quatro etapas descritas: 1. CLAREZA: consistia na preparação e apresentação do conteúdo a ser ensinado. 2. ASSOCIAÇÃO: buscava associar o conhecimento que o aluno já tinha ao novo a ser aprendido. 3. SISTEMATIZAÇÃO: organização dos conhecimentos novos com os conhecimentos antigos. 4. MÉTODO: corresponde à efetiva aplicação do conhecimento que foi construído (MALHEIROS; RAMAL, 2012, p. 6). Herbart nota que a noção do ensinar e aprender são processos distintos; seus sucessores entendem que tais ideias vieram antes, tendo como base que a aprendizagem advém de um ensino, mostrando que são processos intrínsecos. Temos, portanto, o ponto de partida para compreender que esse processo de ensino e aprendizagem é o que buscamos na didática (MALHEIROS; RAMAL, 2012, p. 7). SAIBA MAIS Comênio, Filósofo Tcheco, �cou conhecido como pai da Didática. Sabemos que muitos direitos que respeitam a liberdade de aprender e ensinar, valorizando sua individualidade, são conquistas das últimas décadas. Mas saiba que no século XVII Comênio já lutava por essa causa. Ele proponha ideias para que a prática do Ensino fosse igual para todos, de maneira que as meninas e crianças com necessidades especiais deveriam também estudar, pois eles não possuíam o direito em estudar. Defendia o ensino da escrita e cálculos, visto que a época era da burguesia mercantil, de maneira que ensino regular era subordinado à teologia cristã. Leia o artigo na íntegra Revista Nova Escola: ACESSAR https://novaescola.org.br/conteudo/184/pai-didatica-moderna-filosofo-tcheco-comenio Didática: Concepção e Objeto AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro Em nossos estudos de Didática vamos compreender o seu objeto de estudo e seus campos de atuação. Para Libâneo (2008), a didática é o ramo dos conhecimentos pedagógicos que estuda os processos de ensino e aprendizagem. No entanto esses processos não podem ser tratados como atividade especí�ca da escola, a�nal aprende-se e muito fora do espaço escolar. O trabalho docente é uma das modalidades de ensino que ocorrem na prática educativa. Mas existem muitas outras práticas que não podem ser ignoradas e que fazem parte dos conhecimentos de vida e de sociedade de nossos alunos. Ainda de acordo com Libâneo (2008, p. 16), “a ciência que investiga a teoria e a prática da educação nos seus vínculos com a prática social e global é a Pedagogia”. A Didática, sendo parte integrante da Pedagogia, é uma disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, as formas e os processos de ensino, tendo em vista as �nalidades educacionais. Como essas �nalidades educativas são sempre sociais, a Didática se fundamenta na Pedagogia para encontrar seu contexto de atuação. Dessa forma, quando estudamos a educação em seus aspectos políticos, sociais, econômicos e psicológicos e tentamos descrever ou explicar o fenômeno educativo, a pedagogia conta com o auxílio de outras áreas, como História, Fundamentos da Educação, Prática de Ensino e outras. Esses estudos acabam convergindo na Didática em si e, assim, essa área da educação consegue reunir em seu campo de conhecimento os objetivos e ações pedagógicas. Além disso, a didática compreende que a educação propriamente dita não acontece apenas na instituição escola. Ela ocorre também em diversas instituições e atividades humanas como na família, no trabalho, nas Igrejas, nas organizações políticas, nos meios de comunicação de massa e outras. Ao englobamos todos esses estudos e instituições é que compreendemos a extensão da área de atuação da Didática. Mas toda essa área de atuação precisa estar focada em um objetivo. Chamaremos, então, esse objetivo de objeto de estudo. Dessa maneira, podemos compreender que o objeto de estudo dessa ciência é o ensino, em todos os seus processos e amplitudes. Sendo assim, Libâneo (2008, p. 16) salienta que a atividade principal do professor é sempre o ensino, “Essa tarefa consiste ainda em orientar, organizar e estimular a aprendizagem escolar dos alunos”. O que desejo que você compreenda é que a educação é formada de múltiplos aspectos, como a vida de todos nós, como as relações entre professores e alunos no trabalho docente. Esses aspectos estão carregados de signi�cados sociais que se constituem na dinâmica das relações humanas entre classes, grupos, entre adultos e crianças, jovens e idosos, homens e mulheres. Isso signi�ca que são os seres humanos que mediante suas diferentes relações com o mundo, dão signi�cado às coisas, às ideias, às ideologias e opiniões. A compreensão desse fato é fundamental para organização e encaminhamento da prática educativa. Para Libâneo (2008, p. 22), Quem lida com a educação tendo em vista a formação humana dos indivíduos vivendo em contextos sociais determinados, é imprescindível que se desenvolva a capacidade de descobrir as relações sociais reais implicadas em cada acontecimento, em cada situação real da sua vida e da sua pro�ssão, em cada matéria que ensina, como também nos discursos, nos meios de comunicação, nas relações cotidianas, na família e no trabalho. Mais uma vez, concordamos com nosso autor. E arrisco um pouco mais. Nossa capacidade de descobrir as relações reais implicadas nas diferentes instituições é desenvolvida sempre por meio da didática. Aliás, é exatamente esse o contexto de atuação de nossa disciplina: as relações humanas. Didática e a Construção da Identidade Pro�ssional AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro Vimos que a Pedagogia tem por objetivo organizar e orientar os processos educativos. Para cumprir com tal função, é preciso criar um conjunto de condições metodológicas e práticas que orientam as �nalidades da escola. Por isso, a função primordial da didática é assegurar o ensino e a aprendizagem em suas dimensõessociais e técnicas. Dessa forma, podemos concluir que a Didática é uma disciplina pedagógica que estuda os processos de ensino em todos os seus componentes, como: conteúdos, métodos e teorias que orientam a ação docente e formula atividades facilitadoras da aprendizagem. Por isso, segundo Candau (2009, p. 46), “[...] é uma matéria de estudo fundamental na formação pro�ssional de professores e um meio de trabalho do qual os professores se servem para dirigir a atividade de ensino, cujo resultado é a aprendizagem dos conteúdos escolares pelos alunos”. Re�etindo sobre as palavras da professora Vera Maria Candau, podemos notar que a didática é uma disciplina de mediação entre os objetivos e os conteúdos de ensino. Portanto, sua maior função é a de investigar as condições e as formas reais de ensino. Mas como determinar as condições reais de ensino de uma escola? Para isso é preciso analisar os objetivos políticos e sociais do ensino. Mediante as informações obtidas dessa análise (pessoal e intransferível) é possível selecionar e organizar os conteúdos necessários para a aprendizagem. Na verdade, a conexão entre os objetivos de ensino e os conteúdos selecionados é que regulará a ação didática. Mas, a�nal, quais são os objetivos de ensino? Libâneo (2008) nos explica que o conjunto das atividades de ensino não visa outra coisa senão o desenvolvimento físico e intelectual dos alunos, com vistas a sua preparação para a vida social. Nas palavras do autor podemos entender que: O processo didático de transmissão e assimilação de conhecimentos e habilidades tem como culminância o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos, de modo que assimilem ativa e independentemente os conteúdos sistematizados (LIB NEO, 2008, p. 53). Você já deve ter percebido que construir aprendizagens não é uma tarefa fácil. Mas esse não é um caminho solitário. Ele pode ser orientado por métodos, técnicas e currículos. A seguir, analisaremos cada componente desse conjunto. Vamos iniciar novamente pelo ensino. De acordo com o Dicionário Aurélio (2009), ensino refere-se à instrução. No entanto, para instruir alguém é necessário ter o que ensinar, ou seja, é preciso existir um conteúdo. Sendo assim, podemos observar que o núcleo do ensino, ou seja, seu aspecto mais importante é o conteúdo. Muito bem, estando isso entendido, vamos adiante. Tendo um conteúdo a ensinar, precisamos descobrir a melhor forma de transmiti-lo aos nossos alunos. O planejamento pode ajudar nessa tarefa (analisaremos mais profundamente essa questão na nossa Unidade III). Por meio do planejamento podemos organizar os temas, de�nir direções e avaliar as atividades pedagógicas para veri�car se estamos concretizando nossa tarefa de ensinar. No entanto, o ensino é algo dinâmico e se modi�ca no decorrer das atividades do professor devido a vários fatores, como: ritmo de trabalho dos alunos, interesse especí�co por um determinado tema, necessidade de aprofundamento maior de algum aspecto do conteúdo e outros. Para não nos perdermos nesse processo é que contamos com a ajuda de um currículo. O currículo, segundo Libâneo (2008), expressa os conteúdos de ensino. Nele, os assuntos são divididos em matérias e possuem diferentes graus de aprofundamento, organizados segundo o nível escolar dos alunos. Conhecendo bem o currículo, o professor é capaz de “prever” os conhecimentos e as habilidades que serão desenvolvidas no processo de instrução. Tendo em vista o que os alunos precisam aprender, o professor pode traçar, então, seus objetivos. Para alcançar esses objetivos, precisamos escolher um método, ou seja, uma teoria que dê conta de nos orientar enquanto percorremos os caminhos dos conteúdos. Um método é formado por um conjunto de técnicas. Essas técnicas podem se referir a uma instrução de estudo, de aplicação, de desenvolvimento ou de aprendizagem. Para se certi�car de que essas teorias podem ser aplicadas e que elas funcionam na realidade é que existe a metodologia. A metodologia nada mais é que um estudo da aplicabilidade dos métodos. Para Candau (2009), a metodologia se refere aos procedimentos de ensino e estudo das disciplinas do currículo. Sendo assim, podemos concluir que as técnicas, recursos ou meios de ensino são elementos que complementam a metodologia e devem ser colocados à disposição do professor. A partir das suas necessidades e de seu conhecimento especí�co, o professor pode selecionar o método adequado para enriquecer o processo de ensino. O campo da metodologia tem se expandido tanto, que na atualidade já podemos contar com a “tecnologia educacional”. Candau (2009) explica que essa expressão engloba técnicas de ensino muito diversi�cadas e que abrange desde os recursos da informática, dos meios de comunicação e os audiovisuais até os instrumentos de instrução programada e estudo individual ou de grupo. Ao percorrermos parte dos processos de instrução, podemos notar que o ensino não é apenas mera transmissão de informações. Trata-se, na realidade, de um trabalho de mediação entre os conhecimentos atuais do aluno e as novas matérias do ensino. Essa mediação é realizada pelo professor que, conhecendo mais profundamente os conteúdos, é capaz de organizar a atividade de estudo dos alunos, tornando o processo mais e�caz. No entanto, o ensino só é bem-sucedido quando os objetivos elencados pelo professor coincidem com os objetivos de estudo e aprendizagem dos alunos. Para isso, professores e alunos precisam construir entre si uma relação recíproca de con�ança e autonomia. Nesse campo, também podemos contar com as contribuições da didática. Ela é capaz de construir um elo entre alunos, professores e os conhecimentos. Vejamos agora algumas ações desenvolvidas pelos professores que são capazes de construir esse elo. Libâneo (2008, p. 71) nos indica três caminhos: Ao analisarmos essa proposta, notamos que o sentido do ensino está na aprendizagem signi�cativa. Ou seja, está no aprendizado de saberes úteis a vida do aluno. Esses conhecimentos ganham sentido quando são capazes de orientar não somente a atividade escolar, mas também, a vida cotidiana dos alunos. Este é o caráter educativo do ensino. Compreendido o processo de instrução ou processo de ensino, podemos partir para o outro lado da moeda: a aprendizagem. Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro possível dos conhecimentos cientí�cos; Criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem métodos de estudo e trabalho intelectual visando a autonomia no processo de aprendizagem e independência de pensamento; Orientar as tarefas de ensino para objetivos educativos de formação de personalidade, isto é, ajudar os alunos a escolherem um caminho na vida, a terem atitudes e convicções que norteiam suas opções diante dos problemas e situações da vida real. Didática na Formação de Professores AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro Ensino e aprendizagem são duas faces da mesma moeda. O professor precisa ter consciência de que sua maior responsabilidade didática é garantir os melhores meios para que os alunos aprendam. Para isso, ele precisa planejar, orientar e controlar o processo de ensino, com o objetivo único de estimular a aprendizagem dos alunos. Mas nesse processo não são apenas os alunos que aprendem. De acordo com o estudo de muitos teóricos, como Vygotsky, Piaget e Luria, a aprendizagem é a principal característica dos seres humanos. Isso quer dizer que qualquer pessoa aprende, e não apenas na escola. Vejamos o que Vygotsky (2001, p. 476) diz a esse respeito: Em essência a escola nunca começa no vazio. Toda aprendizagem com que a criança depara na escola tem sempre uma pré-história. Por exemplo, a criança começa a estudar aritmética na escola. Entretanto, muito antes de ingressar na escola ela já tem experiência no que se refere a quantidade: já teve oportunidade de realizar essa ou aquela operação, de dividir, de determinar a grandeza, de somar e diminuir... a aprendizagem escolar nuncacomeça no vazio, mas sempre se baseia em determinado estágio de desenvolvimento, percorrido pela criança antes de ingressar na escola. Sendo assim, qualquer atividade social, ou seja, praticada no ambiente em que vivemos, pode levar a uma aprendizagem. Desde que nascemos estamos aprendendo e continuamos aprendendo durante a vida toda. Nossa primeira fonte de aprendizagem são nossas experiências com o mundo e com as pessoas com as quais nos relacionamos. Nossa família contém as primeiras pessoas com quem construímos aprendizagens que nos levam a andar, falar, a manipular brinquedos etc. A partir desses conhecimentos desenvolvemos habilidades mentais “maiores” e aprendemos a contar, a escrever, a ler, a pensar e a trabalhar junto com outras crianças. A partir dessas constatações, podemos distinguir, então, tipos diferentes de aprendizagens. Uma que é própria da escola, que acontece com os recursos das instituições escolares e mediadas pelos professores, e outra que acontece por meio de nossas experiências pessoais, de nossas relações com os outros e com nossa vivência de mundo. Chamaremos a aprendizagem escolar de aprendizagem sistematizada e a aprendizagem por meio de nossas vivências de aprendizagem casual. Para Libâneo (2008), a aprendizagem casual, ocorre quase sempre de maneira espontânea, ou seja, sem um planejamento prévio. Surge naturalmente, pela convivência social, pela observação de objetos e acontecimentos, pelo contato com os meios de comunicação, leituras, conversas. As pessoas vão acumulando essas experiências e por meio delas adquirem conhecimentos, formam, conceitos, atitudes e convicções. Por não exigir estratégias, métodos e técnicas, temos a falsa noção de que essa forma de aprendizagem é mais simples que a escolar ou sistematizada. No entanto, não é. Na realidade, para que aconteça o desenvolvimento natural dos seres humanos, precisamos das duas. Ou seja, a aprendizagem casual complementa e cria condições para que exista a aprendizagem sistematizada. Veja, a seguir, um exemplo dessa situação: uma professora conta para sua classe de alunos da educação infantil uma história. Os alunos ouvem a história e recebem o seu conteúdo mediante a assimilação de sua mensagem ou até mesmo da memorização. Enquanto escutam a história, aparentemente a atitude dos alunos é passiva. Mas, enquanto escutam, as crianças estão mentalmente ativas e organizando as informações da história com suas experiências já vividas e com seu imaginário. Dessa maneira, estão trabalhando o conteúdo em sua mente e reestruturando novas informações a partir das que já são conhecidas. Isso signi�ca que os alunos estão aprendendo. Compreenderemos melhor a relação entre aprendizagem casual e aprendizagem sistematizada ao conhecermos mais profundamente a aprendizagem sistematizada. Libâneo (2008) explica que a aprendizagem sistematizada é aquela que tem por �nalidade especí�ca aprender conteúdos cientí�cos, habilidades e normas de convivência social. Mesmo que essa aprendizagem possa ocorrer em diversos lugares, é na escola que ela é organizada e selecionada a partir da escolha das melhores condições para a sua transmissão e assimilação. Portanto, essa organização é sempre intencional e planejada. Isso signi�ca que o principal trabalho do professor é tornar o conhecimento acessível ao aluno. Para que o conhecimento seja alcançado, Gasparin (2007) nos orienta a motivar os alunos. Uma das formas de conquistar a motivação dos alunos é conhecendo o cotidiano da turma. Assim, também temos acesso ao conhecimento prévio dos alunos, ou seja, ao que eles já conhecem (aprendizagem causal) do assunto ensinado. Isso possibilita ao professor um trabalho pedagógico mais adequado, pois ele não corre o risco de iniciar o conteúdo por algo já conhecido – o que pode tornar o aprendizado maçante. Também evita que inicie o ensino do conteúdo por um nível mais complexo e, com isso, desmotive os alunos. Conteúdos cientí�cos podem não interessar, a princípio, para quem os aprende. Por isso, é necessário suscitar nos alunos os conhecimentos relacionados a temas que eles já possuem por aprendizagem casual. Ao relacionar um conceito cientí�co com seus conceitos empíricos (o que já aprenderam por experiência própria e pessoal) estamos, com isso, contextualizando o conhecimento e o conteúdo para os alunos. É nesse ponto que se relacionam os conhecimentos adquiridos por aprendizado casual e por aprendizado sistematizado. A aprendizagem casual é o ponto de partida para novos conhecimentos. No entanto, isso não signi�ca que a aprendizagem escolar seja uma continuação do saber casual. A aprendizagem escolar ou sistematizada trabalha com a aquisição de conteúdos cientí�cos, que é, de acordo com Gasparin (2007, p. 51) “substancialmente divergente da aprendizagem espontânea”. Gasparin orienta que no princípio o professor deve contrastar o conhecimento cotidiano do aluno com suas explicações. Ou seja, devemos demonstrar por meio de perguntas, comparações e outras atividades que os conhecimentos que nossos alunos já possuem podem ser aprofundados e aprimorados. É importante também que eles reconheçam as limitações do que já conhecem. Mas essas limitações devem ser apontadas de forma natural e não autoritária. A�nal, o intuito é despertar o interesse dos estudantes e não os desmotivar. Gasparin (2007) também explica que os alunos devem ser motivados e desa�ados a elaborar uma de�nição própria do conceito cientí�co proposto (o conteúdo em si). Esse processo pode ser incentivado com espaços especí�cos da aula, na qual os alunos detenham a voz e a vez. Isso quer dizer que o professor pode organizar um espaço próprio de sua aula para que os alunos discutam e debatam entre si os conceitos aprendidos até o momento. É importante motivar a todos a tentar conceituar, com suas próprias palavras, o que entenderam. Assim, aos poucos os próprios alunos perceberão seus pontos fracos e fortes em relação ao conhecimento ensinado. Perceberão também que para expor em palavras um conhecimento é necessária a organização de ideias e uma sequência lógica. É dessa maneira que alunos e professores conseguem constatar que o processo de formação de conceitos não é espontâneo. De acordo com Vygotsky (2001), exige uma série de funções superiores, como atenção voluntária, memória lógica, abstração, comparações e diferenciações. Gasparin (2007, p. 60) destaca: REFLITA Nesse momento você pode se questionar: como os alunos aprendem conteúdos cientí�cos? Bem, caro(a) aluno(a), o caminho é longo, mas os resultados são empolgantes! Quem nos auxiliará nessa jornada é o professor João Luiz Gasparin, juntamente com seus estudos e pesquisas. Os conceitos do professor não se transmitem de forma mecânica e direta ao aluno; não são passados, automaticamente, de uma cabeça para outra. O caminho vai desde o primeiro contato da criança com o novo conceito até o momento em que a palavra se torna propriedade sua, como conceito cientí�co, é um complicado processo psíquico interno e envolve a compreensão da nova palavra, seu uso e assimilação real. Podemos, então, concluir que os conceitos cientí�cos não são aprendidos de maneira simples, uma vez que são exigidas relações mais complexas entre o ensino e o desenvolvimento desses conceitos. Para Gasparin (2007, p. 58) a construção dos conceitos cientí�cos vai, aos poucos, formando-se “a partir da identi�cação das características mais especí�cas do conteúdo e se desenvolve com explicações mais consistentes das dimensões sociais desse conceito”. Podemos notar, com isso, que, para atuar no ensino, o professor precisa conhecer e “diagnosticar” a fase de desenvolvimento em que se encontra o aluno em relação ao que está sendo ensinado. Vygotsky (2001) estabeleceu três níveis de desenvolvimento de ensino. O primeiro nível é chamado de zona de desenvolvimento real. Ele indica o que o aluno é capaz de fazer sozinho naquele momento. Para perceber essa fase o professor não deve interferir na produção do aluno, ou seja, precisa apenas observar oque ele é capaz de desenvolver por si só. Trata-se de evidenciar os conhecimentos já consolidados no aluno, reconhecer aquelas funções e capacidades que ele já domina e consegue utilizar sem o auxílio de alguém. Para determinar o segundo nível, conhecido como zona de desenvolvimento imediato, o professor precisa auxiliar o aluno. Diferentemente da zona de desenvolvimento real (o primeiro nível), o professor agora interfere na produção do aluno com a intenção de guiá-lo. Essa interferência pode ser realizada mediante perguntas sugestivas, de indicações de como iniciar a tarefa, de diálogo explicativo ou trocas de experiências. Para Gasparin (2007), essas ações determinam o processo mais signi�cativo da aprendizagem, pois envolve atividades mais complexas que são desenvolvidas com a orientação do professor. Nesse momento valoriza-se mais a transmissão do conteúdo, ou seja, o ensino. Vygotsky (2001) con�rma a importância do ensino ressaltando que a grande maioria dos conhecimentos e habilidades do homem se forma por meio da assimilação da experiência de toda humanidade acumulada no processo da história social e transmissível no processo de aprendizagem. O trabalho no nível de desenvolvimento imediato encerra-se quando o aluno atinge um novo nível de desenvolvimento: o atual. Nesse nível o aluno mostra que se superou. A�nal, foram exigidas dele novas operações mentais e a apropriação de novos conteúdos. Quando o aprendiz atinge o nível de desenvolvimento atual, ele realmente aprendeu e assimilou o que foi ensinado. Acompanhando os níveis de desenvolvimento da aprendizagem podemos concluir que, para que o aluno construa seu próprio conhecimento, é preciso que ele se aproprie, tome para si o conhecimento historicamente produzido pela humanidade. Esse conhecimento precisa estar socialmente à disposição, ou seja, a serviço de todos. Esse ato de “pagar” para si tais conhecimentos é que possibilita a construção de novos saberes. Isso porque ninguém aprende ou entende um assunto da mesma forma. É a riqueza de possibilidades da assimilação que nos permite construir sempre, novos saberes a partir de outros já conhecidos. Então, toda vez que um aluno atinge consciência de um determinado tipo de conceito ou conteúdo, ele internaliza-o à sua maneira, de acordo com suas palavras. Para Gasparin (2007), essa internalização só é possível a partir das estruturas construídas com o conhecimento causal, ou seja, com aquilo que o aluno já sabe. No entanto, a estrutura obtida transfere-se para outros conceitos que ainda precisam ser assimilados e, com isso, reconstrói-se um novo conhecimento, com uma nova consciência e novos domínios. Tais transferências geram a elevação do nível dos conceitos espontâneos, que são transformados sob a in�uência de um novo conceito cientí�co adquirido. Gasparin (2007) ainda demonstra que os conceitos espontâneos (adquiridos por meio da aprendizagem causal) precisam atingir um determinado patamar ou nível para que seja possível a tomada de consciência desse saber. Para atingir esse nível de aprendizagem que permite a tomada de consciência, os conceitos espontâneos precisam ser contrastados, comparados com os conceitos cientí�cos. Vygotsky (2001) explica que a assimilação de um conceito cientí�co antecipa o caminho do desenvolvimento, isto é, transcorre em uma zona de habilidades que ainda não está amadurecida e, com isso, desenvolve-a. Assim, podemos perceber que a aprendizagem escolar (ou cientí�ca) desempenha um papel imenso e decisivo no desenvolvimento intelectual do aluno. CONCEITUANDO Em outras palavras, os conceitos cotidianos preparam o caminho para a obtenção de conceitos cientí�cos, já que cria estruturas elementares para a re�exão, análise e assimilação de novos conteúdos. Por outro lado, os conceitos cientí�cos geram comparações e generalizações que tornam o uso dos conceitos cotidianos conscientes e voluntários. Na interação entre professor e aluno é que dá se o confronto entre os conceitos espontâneos e cientí�cos. Os conceitos cientí�cos assumem uma ligação com a realidade quando são colocados em contato com a vivência dos alunos. Notamos, com isso, que a construção de novos conhecimentos, ou seja, a aprendizagem exige uma relação de corresponsabilidade entre professores e alunos. Colocando-se como mediador, o professor torna-se um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem. A maneira de apresentar e de organizar um conteúdo que ajuda o aprendiz a coletar informações, manipulá-las e ordená-las até chegar ao ponto de ser capaz de produzir um conhecimento que seja signi�cativo e possível de ser utilizado em seu mundo intelectual e social. Para Libâneo (2008), a escola, por meio de seu currículo, representa a dimensão cientí�ca do conhecimento. As diversas matérias que compõem o currículo escolar representam um conjunto de conhecimentos socialmente produzidos e organizados com métodos e teorias que visam compreender e orientar as atividades humanas. Então, é papel do professor tornar-se mediador e a partir desse conceito, estabelecer ligações entre os conceitos cientí�cos e os conceitos cotidianos. No entanto, essa mediação só se torna possível quando o professor conhece estas duas realidades: a dos conceitos cientí�cos e a dos conceitos cotidianos. Conhecendo o cotidiano do aluno e o conteúdo escolar, o professor pode elaborar esquemas e ações capazes de preparar os alunos para desenvolver as habilidades e capacidades necessárias para a construção do novo conhecimento. Assim, com essas ações coletivas entre professores e alunos, aos poucos os educandos vão aprendendo e internalizando os conceitos cientí�cos. NA PRÁTICA Portanto, sua primeira tarefa é a de conhecer profunda e corretamente os conceitos cientí�cos de sua área de atuação, ou seja, você deve conhecer profundamente o conteúdo que irá ensinar. A segunda tarefa, e não menos importante, é a de tomar conhecimento dos conceitos e conhecimentos cotidianos dos alunos. REFLITA Antepassado Só te conheço de retrato, não te conheço de verdade, mas teu sangue bole em meu sangue e sem saber te vivo em mim e sem saber vou copiando tuas imprevistas maneiras, mais do que isso: teu fremente modo de ser […] Acabei descobrindo tudo que teus papéis não confessaram nem a memória de família transmitiu como fato histórico e agora te conheço mais do que a mim próprio me conheço […] O enxerto do poema Antepassado, de Carlos Drummond de Andrade, tem como temática a busca por respostas de como os antepassados são capazes de in�uenciar nossas atitudes ainda que não os tenhamos conhecido. De maneira que possamos re�etir no tema da didática: as formas de ensinar utilizadas no passado in�uenciam os métodos atuais? Existe algum método de ensino que seja totalmente livre da in�uência do contexto histórico? Caro(a) aluno(a), terminamos as discussões dessa nossa primeira unidade. Espero que você tenha gostado e compreendido a importância das re�exões realizadas até aqui. Caso tenha �cado alguma dúvida, vou retomar com você os principais conteúdos vistos. Iniciamos nossos estudos analisando o campo de atuação da didática e pudemos notar que ela é uma disciplina pedagógica que se preocupa principalmente com os processos de ensino e aprendizagem. Pudemos notar também que as pessoas aprendem dentro e fora da escola. Aliás, aprendemos o tempo todo, com nossas experiências, com nossas observações e convivência com os outros. Todo esse conhecimento pode e deve ser utilizado pela escola na aquisição de saberes cientí�cos. A construção de novos conhecimentos e de conceitos cientí�cos é função própria da escola. Mas essa não é uma tarefa simples. Ela precisa ser organizada, sistematizada e competente. Para dar conta dessa função é que a instituição escolar conta com o auxílio da didática. O papel da didática é estudar, organizar os objetivos, os conteúdos e os processos de ensino e aprendizagem. Ela se ocupa ainda com o contexto educacional, veri�cando para que �ns se educa e em que realidade se desejaeducar. Dessa forma, a didática abrange a educação em seus aspectos políticos, sociais, econômicos e psicológicos. Para dar conta da tarefa de contextualizar a educação, é preciso criar um conjunto de condições metodológicas e práticas que orientam as atividades escolares. A primeira questão a se observar diz respeito aos conteúdos e objetivos de ensino. É preciso existir uma coerência lógica e evidente entre o que se quer ensinar e o porquê se pretende ensinar. Feito isso, temos condições de compreender as situações reais de ensino. Conclusão - Unidade 1 A análise entre os objetivos e os conteúdos é orientada por meio de um conjunto de métodos, técnicas e currículos. Em nosso livro, analisamos cada um desses componentes e concluímos que tendo um conteúdo a ensinar, precisamos descobrir a melhor forma de transmiti-lo aos alunos. Mediante um planejamento é possível organizar os temas e de�nir quais atividades pedagógicas vem a concretizar nossa tarefa de ensinar. Os conteúdos de ensino são expressos por meio do currículo. Nele, encontramos as matérias e os diferentes graus de aprofundamento dos conteúdos, organizados segundo o nível escolar dos alunos. A partir do conhecimento do currículo, o professor toma consciência das habilidades e competências que serão desenvolvidas no aluno durante o processo de instrução. Esse processo se torna mais claro se embasado em um bom método. A função de um método é nos oferecer instrumentos teóricos capazes de responder às nossas necessidades da prática. O conhecimento geral desses processos de ensino dá ao professor maiores possibilidades de êxito para garantir os melhores meios para que o aluno aprenda. Mas, o ensino não pode ser con�rmado apenas pela vontade de instruir do professor. Ele precisa contar com a participação, também voluntária, do aluno de aprender. Compreendendo melhor os níveis de desenvolvimento propostos por Vygotsky, o professor pode avaliar em que estágio o aluno se encontra e motivá-lo a progredir. A aprendizagem se efetiva realmente quando o aluno é capaz de utilizar seus conhecimentos casuais para fundamentar novos conhecimentos cientí�cos. Esse processo ocorre por meio da mediação do professor. Essa mediação pode ser feita mediante comparações e generalizações que tornam o uso dos conceitos cotidianos conscientes e voluntários. Assim, torna-se evidente que a construção de novos conhecimentos exige corresponsabilidade entre professores e alunos para efetivação do processo de aprendizagem. Para terminar nossas re�exões, gostaria de salientar outra competência necessária na construção de um ensino transformador: a racionalidade. Um professor que age com racionalidade em sua prática docente toma suas decisões quanto aos conteúdos que precisam ser ensinados pensando nas possibilidades de satisfazer as necessidades intelectuais e culturais de seus alunos. Outro professor, fundamentado nos preceitos tradicionais da escola, se preocupa apenas em cumprir o “programa” e em não “atrasar” os conteúdos. Assim, os professores �cam reduzidos a técnicos obedientes, que seguem à risca os programas curriculares. Por mais importante que seja “cumprir o programa”, fazendo de maneira mecânica e tecnicista, perdemos a oportunidade de analisar o currículo oculto do que ensinamos. Ou seja, perdemos a chance de re�etir sobre quais conceitos, valores e crenças estamos transmitindo silenciosamente aos nossos estudantes. Para tentar mudarmos essa realidade, devemos começar com o questionamento contínuo e crítico daquilo que é dado como conhecimento. Além disso, a escola precisa ser conhecida em sua realidade local para que os estudantes tenham a chance de tornarem-se cidadãos críticos e ativos. As escolas precisam ser vistas como instituições sociais marcadas pela diferença, as mesmas diferenças que compõem nossa cultura, nossa convivência e nossa realidade. Isso também signi�ca que professores, pais e outros interessados devem participar dos processos de ensino e aprendizagem. Ao �nal desta unidade, espero que você tenha compreendido como o ensino é um ato político, mesmo quando não tomamos partido nenhum. Por isso, caro(a) aluno(a), é muito importante que você conheça profundamente sua área de atuação e saiba o quanto ela é importante para a transformação social. Leitura Complementar A Importância da Didática na Formação Docente Resumo: Este artigo aborda assuntos relacionados a importância da didática na formação docente na área da pedagogia. Usá-la adequadamente, propiciará um trabalho e�caz e exitoso do professor que além de consumar, com sucesso, as perspectivas previamente propostas, oferecerá um trabalho qualitativo. O trabalho docente deve levar em conta que teoria e prática são caminhos indissociáveis, paralelos e convergentes que norteiam o ensino-aprendizagem no contexto pedagógico. Uma vez que um depende do outro, jamais haveria perfeição na tarefa docente, se não fossem consideradas as suas inter-relações. A aplicabilidade da didática, ora fundamentada na teoria, realizará o papel íntegro do professor no âmbito educacional, com direcionamento ao seu público alvo. É um projeto saindo do papel rumo a sua efetivação. Presumimos que um dentre tantos problemas entranhados no processo do ensino-aprendizagem é a falta da didática, tendo em vista que muitos pro�ssionais da área pedagógica, podem até planejar com excelência, para atender as exigências das secretarias de educação, mas não cumprem integralmente, com o que planejaram. Palavras-Chave: Didática, Docente, Pedagógica. Dê um click para ler o texto na íntegra: BASTOS, Manoel de Jesus. A Importância da Didática na Formação Docente. Revista Cientí�ca Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, ano 02, ed. 1, v. 14, p. 64-70, jan. 2017. ACESSAR Livro https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/didatica-formacao-docente Filme Unidade 2 Tendências Pedagógicas AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro Introdução Caro(a) aluno(a), nessa unidade vamos explanar um conteúdo relacionado às Tendências Pedagógicas, abordado de forma mais especí�ca em Fundamentos da Educação, porém se refere à área da ciência Filoso�a. Essas Tendências estão correlacionadas com todo o processo educacional Brasileiro, além de apresentar suas principais características, iremos rever os pesquisadores de cada corrente tradicional e progressista. Essa parte do estudo nos guiará para analisar a Educação Bancária, que foi criticada por Paulo Freire, um dos precursores da nossa Educação. Que promove através da crítica a Educação Problematizadora ou libertadora, retirando o foco da aprendizagem apenas em repassar o conteúdo ou depositar no aluno o conhecimento. Devemos re�etir o processo do ensino que é reavaliar o processo da aprendizagem. Levando em consideração o conhecimento do professor para conduzir a aprendizagem com abertura de diálogos em que os educandos contribuem para com o conhecimento. Sabemos que a prática escolar está sujeita a condições de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, como consequência diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem. Assim, a justi�cativa do presente estudo visa o modo como os professores realizam o seu trabalho na escola, tendo em vista esses pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente. Embora apresente di�culdades do educador ao identi�car a composição dessas diferentes tendências pedagógicas, cujas in�uências se re�etem no meio-termo do ensino atual, emprega-se, neste estudo, a teoria de José Carlos Libâneo, que as classi�ca em dois grupos: “Liberais” e “Progressistas”. No primeiro grupo, incluímos quatro tendências, sendo elas: tradicional, renovada progressivista, renovada não- diretiva e a tecnicista. Já a segunda corrente, temos três: tendência libertadora, libertária e crítico-social dos conteúdos. Vamos juntos? Chegou o momento de direcionar nossa atenção nas descrições das tendências, explorar cada uma e avaliar cada pensador e pesquisador da época. Essas análises são essenciais,pois re�etem em nosso trabalho docente hoje. Bons estudos! Plano de Estudo Breve histórico da Educação Brasileira, com apresentação dos modelos educacionais e seus pesquisadores. Conceitos e de�nições das correntes pedagógicas. Objetivos de Aprendizagem Compreender os modelos de educação alinhados a história da Educação Brasileira. Identi�car os precursores da Educação que promoveram mudanças efetivas no processo do ensino. Pedagogia Liberal e Pedagogia Progressista AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro O tema central do nosso estudo é a didática, lembrando o que aprendemos na unidade anterior, essa prática se relaciona com o processo do ensino e aprendizagem. De maneira que não poderíamos deixar de lado este assunto essencial, sendo as correntes pedagógicas existentes e seus modelos de pedagogia abrangendo as práticas docente e a função social do aluno que servirão para nortear nossas aulas e planejamentos diários. Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas vigentes na sociedade de classe, através do desenvolvimento da cultura individual. Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferenças entre as classes sociais não são consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições. Seguimos o estudo descrevendo de forma sucinta cada modelo pedagógico, que vem a in�uenciar, até os dias de hoje as práticas educacionais pedagógicas, no ensino e na aprendizagem. A primeira delas, que surgiu com o ensino dos primeiros educadores do Brasil, os Jesuítas, a pedagogia tradicional, apresenta o conhecimento intelectual e moral, todos os alunos são passivos e o professor é autoritário (centro do ensino), como aquele que detém o saber. O método utilizado foi de repetição e memorização mecânica. Pelos críticos é nomeado como conteúdo enciclopédico, que não faz relação com a realidade cotidiana do aluno, ele é uma folha em branco preenchida pelos conhecimentos do professor e depois é testado por exames para veri�car se memorizou tal conhecimento. CONCEITUANDO Segundo Libâneo (1990), a Pedagogia Liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho dos papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Temos como um dos pesquisadores da época Johann Friedrich Herbart, um �lósofo alemão que sempre direcionou o olhar para práticas pedagógica. Foi ele quem iniciou uma estrutura com o passo a passo da aula, seguindo as seguintes etapas: preparação, apresentação, associação, generalização e aplicação de exercícios e foram os Jesuítas que aplicaram essa metodologia tradicional durante anos. “A concepção de mundo na pedagogia tradicional é a de um mundo pronto. Esta concepção de igualdade leva a crença de que é possível fazer com que todos aprendam utilizando o mesmo método” (MALHEIROS, 2017, p. 24). REFLITA Na corrente liberal, temos o modelo da pedagogia tradicional, uma das primeiras pedagogias utilizadas pelos Jesuítas. Chegou a hora re�etir as atuações dos pro�ssionais da educação na atualidade. Se compararmos o modelo que traz o papel do professor como detentor do conhecimento e o método de exposição do conteúdo, podemos perceber que ainda nos dias de hoje este modelo está presente em nosso meio? (Queremos nossos alunos sentados e calados, para ouvir o que temos a dizer) Como podemos estimular a mudança em nossa ação cotidiana por meio do planejamento? Fonte: a autora. CONCEITUANDO Já a pedagogia escola nova ou renovada progressivista surgiu no �nal do século XIX e início do século XX. Sua preocupação era com o desenvolvimento cognitivo do aluno, de maneira que inovou com uma dinâmica do conhecimento por meio de projetos, pesquisas e experiências. Traz consigo a realidade de uma escola dentro da sociedade em mudanças. O ensino tem o foco em aprender a aprender, os alunos são levados a aprender fazendo, um ensino que leva à prática e o professor, nesse momento, torna-se o auxiliar, tendo o aluno como protagonista, ativo, solidário e participativo, que realiza atividades em grupo e passa a respeitar o próximo tendo um convívio efetivo (MALHEIROS, 2017). O precursor foi Jean Piaget, um psicólogo suíço, que apresentou a teoria da aprendizagem com a intenção promover o ensino mediante a interação com o meio (pessoas e objetos). Já John Dewey, um �lósofo norte-americano, defendia a ideia que o aluno aprende fazendo, assim, a interação com recursos, a expressão de pensamento e ideias amplia a interação com o meio. A criação das atividades em grupos ganhou espaço, pois práticas relacionadas com os alunos em forma projetos foram sendo aprimoradas. Neste modelo de ensino, a aprendizagem passa a ser percebida como uma reconstrução das experiências vividas por parte do sujeito aprendiz. Este é, inclusive, um dos pontos mais fortes que diferenciam a Pedagogia Renovada do modelo que o antecedeu: a certeza de que o ser humano é único e que cada pessoa constrói seu conhecimento de forma singular (MALHEIROS, 2017, p. 26). En�m, temos a representação de um brasileiro, Anísio Teixeira, um advogado e escritor, que se identi�cou com a educação e lutou por suas necessidades em sua época. Ele saiu em defesa do Ensino Público (gratuito), laico e obrigatório de qualidade a todos e ganhou destaque com sua efetiva participação no Manifesto dos Pioneiros/Escola Nova. Já a pedagogia escola nova/renovada progressivista não-diretiva tem a ênfase dos estudos direcionados na formação de atitudes através do relacionamento interpessoal. Com a preocupação da criança aprender em um ambiente harmonioso para desenvolver sua personalidade. Professor e aluno devem conviver num clima agradável, sendo esse um facilitador do conteúdo, como um especialista em relações humanas, con�ável e receptivo. O aluno ainda é o centro do processo educacional, buscando a sua autoaprendizagem, a realização pessoal torna-se mais importante, estar bem consigo mesmo e com seu semelhante. Seu precursor, Carl Rogers, um psicólogo americano, enfatizou a afetividade como necessidade na relação entre professor e aluno (MALHEIROS, 2017). Finalizando a corrente liberal, temos modelo pedagógico tecnicista que proporciona ao aluno a preparação para o mercado de trabalho. As técnicas são apresentadas com foco da aprendizagem, tendo a e�ciência e a produtividade como missão. O professor torna-se um administrador dessas técnicas, com o uso da instrução programada, o microensino e uso das tecnologias, sendo o aluno direcionado a ter um ensino autodidata (MALHEIROS, 2017). A escola torna-se uma reprodutora do sistema em que o educador faz o uso do planejamento como forma de organizar seu trabalho pedagógico, a �m de ensinar estabelece seus objetivos, métodos e técnicas, bem como forma avaliar para que o aluno se desenvolva e possa estar pronto e preparado para atuação nas indústrias. Skinner, um psicólogo, inventor e �lósofo norte americano, defendia a teoria comportamentalista. Para ele tudo é resultado do estímulo de ensino e da resposta que gera o aluno a fazer o que foi ensinado. A pedagogia tecnicista aparece na década de 1960 no Brasil, buscando o aperfeiçoamento dos métodos de ensino e considerando a instrumentalização deste processo. Era preciso identi�car formas que facilitam a aprendizagem e reduzissem o trabalho do professor. O momento no qual o tecnicismo se impõe como grande concepção dos processos de ensino no Brasil é contemporâneo à consolidação da industrialização no país (MALHEIROS, 2017, p. 28). Ele a�rma que pedagogia progressista e/ou dialética designa as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as �nalidades sociopolíticas da educação. A Educação Brasileira, com a pedagogia libertadora, ligada ao seu idealizador Paulo Freire, tem como missão a conscientização e a transformação social. Promover a formação de homens capazes de re�etir sobre suas realidades, reconhecer como oprimido e visar mudanças estruturaisna sociedade. Trabalha com temas geradores, grupos de discussões e realizações de diálogos. Professor é um animador, buscando formar alunos críticos, aluno é quem redige os textos para leitura, pois a transmissão de conteúdo é vista como uma invasão cultural. A liberdade que é uma conquista, e não uma doação, exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela precisamente porque não a tem. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão (FREIRE apud MALHEIROS, 2017.p. 30) Mediante sua fala, percebemos a maneira de priorizar aquele visto como oprimido. Paulo Freire, em seus escritos, promove a Educação para todos, visto que merecem ter a liberdade de aprender. O destaque vem em defesa da educação para Jovens e Adultos, inovando quaisquer aspectos até então defendidos para a Educação Brasileira. Na sequência temos a pedagogia libertária, que propõe a participação crítica desse aluno. O professor é um orientador que contribui com o desenvolvimento do aluno participativo. Visto que permanecem em grupos, o conhecimento se dá a partir da vivência grupal, por meio de reuniões, assembleias e eleições que ajudam a combater a burocracia, que é um instrumento de ação dominadora do estado. Ambas pedagogias apresentadas defendem a autogestão pedagógica (MALHEIROS, 2017). Como precursor temos um pedagogo francês, Célestin Freinet, que defende a ideia de que a Democracia se inicia na escola, ambiente que deve criar no aluno o sentimento de pertença a uma sociedade em que se deve buscar recursos para seu desenvolvimento. A pedagogia libertária se assenta sobre a relação de horizontalidade entre educador e educando. Nesta relação, ambos aprendem e ambos ensinam. Trata-se de uma valorização do processo democrático em sala de aula, que norteia as relações para além do espaço pedagógico. Também por isso a avaliação mais adotada nesta perspectiva é a auto avaliação ou a avaliação realizada em grupos (MALHEIROS, 2017, p. 33). Miguel Arroyo, um educador espanhol, promove a ideia que devemos ensinar nas escolas que o Movimento Social, diferente do que o capitalismo apresenta, também ensina e podemos aprender com essas práticas que valorizam o meio inserido e os valores resgatados em cada conquista. Finalizamos as tendências pedagógicas com a pedagogia crítica-social dos conteúdos, método que perdura em nossas práticas educacionais contemporâneas. Valoriza o conhecimento como forma de crítica e possibilidade de superação do modelo de sociedade e enfatiza o conteúdo vivo indissociável da realidade. O professor atua como mediador nesta tendência, utilizando das formas de trabalho, como a análise crítica, relacionando a teoria e prática, com a vivência da experiência e o saber, a �m de oportunizar aos alunos o domínio dos conhecimentos e habilidades que tornará capaz de criticar o modelo social e também de transformá- lo. Assim, o papel do aluno será de agente transformador na sociedade. (MALHEIROS, 2017). Temos como idealizador o �lósofo e professor Dermeval Saviani, que atualmente é professor de uma Universidade Estadual de São Paulo e pesquisador da Cnpq. Ele defende a ideia que na prática educativa o professor assume o compromisso político de vital importância. Na concepção crítico-social de conteúdo, a educação é o caminho para os avanços cientí�cos e tecnológicos e deve ser responsabilizada por levar a todos a instrução necessária para uma vida de qualidade. Deve, ainda, se preocupar em desenvolver no educando a capacidade de estudo e o raciocínio cientí�co (MALHEIROS, 2017, p. 33). Correlacionando a prática educativa do ensino aprendizagem à ação transformadora do cidadão efetivo na sociedade: o aluno. A competência técnica, nomeada por ele de conhecimento que o educador possui, será propagada na sua mediação com o aluno sendo um instrumento. Não se justi�ca por si mesmo, tem o sentido em sua razão de ser no compromisso político (SAVIANI, 2003). Educação Bancária e Educação Problematizadora AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro De acordo com as tendências aqui descritas, é possível analisar de maneira oposta, porém marcante na educação brasileira. A concepção bancária tão debatida apresenta um caráter marcante que se envolve em relações fundamentais indissociáveis no processo educador-educando. “Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante” (FREIRE,1996, p. 58). O autor citado descreve em sua fala que o educador apenas faz comunicados, os educandos – sem expressão ou liberdade – são passivos, meros receptores do conhecimento a eles imputado. Exempli�camos com a a�rmação: Por isto mesmo é que uma das características desta educação dissertadora é a “sonoridade” da palavra e não sua força transformadora. Quatro vezes quatro, dezesseis; Pará, capital Belém. Que o educando �xa, memoriza, repete, sem perceber o que realmente signi�ca quatro vezes quatro. O que verdadeiramente signi�ca capital, na a�rmação, Pará, capital Belém. Belém para o Pará e Pará para o Brasil (FREIRE, 1996, p. 57). A Educação Bancária não permite uma educação que ressalve a invenção, a reinvenção. Os educandos não têm o “saber”, apenas os educadores são detentores de todo conhecimento, são os sábios. Nessa visão pedagógica, a educação é uma “doação” do saber superior, aos menos desguarnecidos do saber. Desta forma, a práxis é uma visão surreal, longe da realidade, fora da busca de transformação. Assim, se distorce a visão da educação que demonstraria mudanças no sujeito e na sociedade em que está inserida. CONCEITUANDO No contexto educacional presenciamos e vivenciamos as normativas educacionais marcantes dentro da tônica que a educação é imposta, uma narrativa que deve marcar a vida de um educando. Ficando estático, parado, apenas como um armazenador de conhecimento – “depósito” –, por isso o nome de “educação bancária”. O educador tornou-se apenas o narrador de conhecimentos e o educando, o receptor e guardador de um conhecimento que, muitas vezes, não compreende, não assimila, apenas retém. A Concepção de uma Educação Problematizadora vem na contramão de toda essa tendência vivenciada no cotidiano educacional no Brasil – Educação Bancária. É importante ressaltar que não temos isso como uma contextualização recente, a educação se arrasta há anos pelos dominados e dominadores de conhecimento. A Educação Problematizadora e Libertadora traz justamente essa ideia de libertação de um processo educativo dominador. Não pode perceber que somente na comunicação tem sentido à vida humana. Que o pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela realidade, portanto na intercomunicação. Por isto, o pensar daquele não pode ser um pensar para estes nem a este imposto. Daí que não deva ser um pensar no isolamento, na torre de mar�m, mas na e pela comunicação, em torno, repitamos, de uma realidade (FREIRE,1996, p. 67). É necessário se desenvolver (por que não dizer formar?) educadores conscientes desta dualidade existente em nosso meio educacional. Educadores com pensar autêntico, não tendo em mente que seu conhecimento será uma doação, mas sim uma entrega de conhecimento, podendo haver ensino x aprendizagem no mesmo processo. Consciente que o educando não é apenas depósito de conhecimento, mas que ele também pode ensinar. O educador que passar a agir desta forma será aquele humanista, revolucionário que não estará à espera de uma possibilidade de ação, mas suas ações de imediato serão re�etidas em seus educandos, na sociedade em que está inserido. Exatamente porque não podemos aceitar a concepção mecânica da consciência, que a vê como algo vazio a ser enchido, um dos fundamentos implícitos na visão “bancária” criticada, é que não podemos aceitar, também, que a ação libertadora se sirva das mesmas armas da dominação, isto é, da propaganda dosslogans, dos “depósitos”. A educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem com a libertação não pode fundar-se numa compreensão dos homens como seres vazios a quem o mundo “encha” de conteúdos; não pode basear-se numa consciência especializada, mecanicistamente compartimentada, mas nos homens como “corpos conscientes” e na consciência como consciência intencionada ao mundo (FREIRE, 1996, p. 73). De maneira que na Educação Problematizadora toda a essência do ser humano está em sua consciência, negando, assim, uma educação que oprime, que acentua e nega o educando como um ser pensante. Deixa de ser apenas um objeto, um depósito que se controla, se direciona ao meu bom modo. O educando, neste sentido, torna-se cognoscente numa situação gnosiológica, deixa de ser passivo a tudo e todos, mas faz parte de todo processo educacional. É preciso compreender que não somente aprendemos do outro, mas aprendemos com o outro. A troca de experiências e aprendizado isso faz uma educação humanizadora. Agora que já conheceu os princípios de liberdade na qual Paulo Freire lutava e promovia a Educação, vamos descrever de maneira simples e pontual o percurso da história do educador que fez a diferença na busca por uma educação de qualidade. Paulo Freire, que nomeia de Educação Bancária a Pedagogia Tradicional, parafraseando a maneira que o conteúdo era repassado aos alunos, em forma de depósito. Indo além da crítica, ele mostra a solução para essa prática e traz a inovação com a Educação Problematizadora ou Libertadora, que tira o oprimido da zona de opressão e o torna agente do saber. Primeiramente, uma síntese da história deste que se tornou um dos precursores da Educação Nacional e como sua forma de pensar e agir contribui até os dias de hoje para repensar e rever conceitos educacionais no mundo. Paulo Freire foi um educador brasileiro que nasceu em 1921, em Recife, Pernambuco, região do nordeste brasileiro. Freire teve quatro irmãos e perdeu seu pai aos 13 anos, momento este em que a mãe, para sustentar a casa, agora sozinha, foi falar com o Diretor do Colégio Oswaldo Cruz que não poderia pagar a escola para o �lho, de maneira que Paulo Freire inicia seus primeiros passos como educador. Devido a essa condição, ele foi bene�ciado com a matrícula, e tornou-se auxiliar de disciplina e posteriormente o professor de Língua Portuguesa. Em 1943 iniciou seus Estudos na Faculdade Direito do Recife, Instituição até hoje renomada que recebeu alunos importantes para a sociedade brasileira, presidentes, autores, �lósofos entre outros. Mesmo ao concluir seu curso de Direito, o amor pelas letras e o ensinar o �zeram permanecer em sala de aula. Sua primeira esposa, Elza Freire, professora primária, fez com que seu encanto por lecionar fosse presente em suas vidas. Freire foi contratado em 1947 para dirigir o Departamento de Educação e Cultural do Serviço Social e Indústria (SESI), entrando em contato com a Educação de Jovens e Adultos. Em 1955 fundou, com outros educadores no Recife, o Instituto Capibaribe, uma escola inovadora que atraiu muitos intelectuais da época e que continua em atividade até os dias de hoje. Mas sua grande preocupação era a Educação dos Adultos, principalmente aqueles que viviam nos sertões nordestinos sem a devida perspectiva da aprendizagem. Sua prática para com esse ensino era simplesmente utilizar das palavras do cotidiano dos trabalhadores: colheita, enxada, entre outras para promover o interesse na aprendizagem, por meio da escrita e traçado eles recebiam do professor novos conhecimentos; com o diálogo promovendo entre eles uma troca de experiências, o conhecimento do aluno como ponto de partida para a aprendizagem, críticas aos modelos de ensino até então estabelecidas em nossa sociedade brasileira. A iniciativa do educador foi aplicada pela primeira vez em 1962, na cidade de Angicos, no sertão do Rio Grande do Norte, quando foram alfabetizados 300 trabalhadores da agricultura. O projeto �cou conhecido como “Quarenta horas de Angicos”. Os fazendeiros da região chamavam o processo educativo de “praga comunista”. Durante o seu percurso como educador Freire deparou-se com a ditadura militar, em 1964, quando suas ideologias foram vistas como ameaças ao governo. Acusado como agitador, foi preso por 70 dias. Em seguida, após ser libertado, se exilou no Chile. Durante cinco anos desenvolveu trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária. Em 1968 lançou seu livro A pedagogia do oprimido, um dos seus best-sellers que in�uenciou a educação mundial. Em 1969, Paulo Freire lecionou na Universidade de Harvard. Durante dez anos, foi consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Municipal das Igrejas, em Genebra, na Suíça. O educador viajou por vários países dando consultoria educacional. Em 1979, com a anistia, Paulo Freire retornou ao Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Foi professor da UNICAMP e da PUC e atuou como Secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo na gestão de Luísa Erundina. Realizou um belo trabalho e fez assessoria em países da América Latina e África. Por seu trabalho na área educacional, Paulo Freire foi reconhecido mundialmente. Ele é o brasileiro com mais títulos de Doutor Honoris Causa de diversas universidades. Ao todo são 41 instituições, entre elas, Harvard, Cambridge e Oxford. Segundo pesquisas ele tornou-se o terceiro nome como referência mundial na área da educação. Paulo Freire faleceu em São Paulo, no dia 2 de maio de 1997, vítima de insu�ciência cardíaca. SAIBA MAIS Assista o vídeo do nosso precursor da Pedagogia Histórico-Crítica Professor Dr. Dermeval Saviani. No link a seguir ele descreve a tese do seu doutorado, a busca pelo modelo de sistema nacional de Educação, realiza uma investigação para propor uma visão sistemática da educação brasileira. Está imperdível a sua fala que esbanja domínio de conhecimento da nossa Educação Brasileira. ACESSAR https://www.youtube.com/watch?v=13ojrNgMChk Finalizamos o capítulo com várias contribuições para o nosso trabalho pedagógico diário. Acredito que a cada nova aprendizagem experimentamos viver um pouco da nossa história educacional. Perpassar pelos momentos históricos e reconhecer cada momento segundo a necessidade social, nos faz re�etir sobre a importância do domínio, da consciência e responsabilidade que temos ao educar. Vamos relembrar as correntes pedagógicas liberais: sendo a primeira tendência - a tradicional – em que temos o ensino voltado aos valores morais e o intelecto, e o professor como detentor da verdade, o aluno aquele que recebe o ensino; na renovada/escola nova o aluno passa a protagonizar as atividades por meio de experiências, o professor tem o papel de facilitar todo esse processo. Já a tecnicista vem supre a necessidade da quali�cação da mão de obra para o mercado de trabalho. Seguimos a retomada de conteúdos, conforme descrito por um dos autores que nortearam nossos estudos durante esse capítulo, José Carlos Libâneo nos apresenta a corrente pedagógica progressistas, em que podemos observamos diversas mudanças do modelo liberal, sendo um avanço educacional. Hoje é a que mais se aproxima dos nossos pressupostos atuais de aprendizagem. A pedagogia libertadora busca como experiência a crítica do homem, ensinar o aluno a construir o conhecimento cientí�co e como articular seu papel social, o processo de ensino e aprendizagem se dá por meio de grupos de discussões e trocas de experiências entre o educador e educandos. Temos Paulo Freire como representante da Educação libertadora que propõe o ensino dos adultos, que até então não recebiam olhares para uma aprendizagem efetiva. E, por �m, a pedagogia histórico-crítica, que faz o professor exigir práticas que promovam a mudança social, o aluno aprende não só a criticar seu papel social, mas aprende a transformar o meio em que vive em razão daquilo que aprendeu. Conclusão - Unidade 2 Conhecemos ainda nesta unidade um dos precursores da educação brasileira, o educadorPaulo Freire, que contribuiu e in�uenciou a criação da modalidade de Educação dos Jovens e Adultos. Suas críticas aos modelos educacionais buscam promover uma educação de qualidade a todos, a �m de retirar da opressão aqueles que eram vistos como excluídos da sociedade, nomeados por ele os trabalhadores rurais e/ou adultos que não tiveram a oportunidade enquanto jovem de estudar. Estes receberam a oportunidade de ir a uma sala de aula para contribuir com o ensino, pois tendo uma vasta experiência de vida, compartilham, em discussões com professor e colegas, seu conhecimento, existindo uma interação com o meio, contribuindo diretamente para o ensino e aprendizagem. Concluímos ainda que as práticas educacionais foram in�uenciadas por pensadores e pesquisadores que nortearam as práticas ao longo dos anos, desde os Jesuítas. Estudamos que são ajustáveis ao momento social na qual estamos inseridos, lembrando que as mudanças acontecem constantemente e precisamos estar preparados para adaptação cotidiana de nossas práticas pedagógicas. Até a próxima unidade! Leitura Complementar As Concepções Marxistas da Pedagogia Histórico-crítica de Dermeval Saviani em relação à Temática do Conhecimento: Contribuições ao Currículo Resumo: O presente artigo traz à tona as contribuições do educador brasileiro Dermeval Saviani ao campo do currículo. Para isso, utiliza de pesquisa bibliográ�ca resgatando os princípios marxistas de sua obra, articulando-os ao campo do currículo tendo como pano de fundo a temática do conhecimento. O trabalho utiliza também comentadores de Saviani de modo a tornar mais completa e diversi�cada a análise. Resgatar as contribuições de Saviani ao currículo é importante em um momento que o campo se afasta da temática do conhecimento (MOREIRA, 2001, 2002, 2007, 2010, 2012) ao priorizar as articulações com a cultura sob viés marcadamente pós- estruturalista. Assim, as concepções de Demerval Saviani se mantêm atuais e polêmicas ao campo, ao defender uma concepção de conhecimento que acolhe princípios de universalidade, e que prioriza a necessidade do currículo como um vetor de transmissão dos conhecimentos tidos como patrimônios da humanidade. Palavras-chave: Currículo; Dermeval Saviani; Conhecimento. Dê um click para ler o texto na íntegra: RIBEIRO, Márden de Pádua; ZINARDI, Teodoro Adriano Costa. As Concepções Marxistas Da Pedagogia Histórico-Crítica De Dermeval Saviani Em Relação À Temática Do Conhecimento: Contribuições Ao Currículo. Educ. rev., Belo Horizonte, v. 34, jun. 2018. ACESSAR Livro http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-46982018000100144&script=sci_arttext Filme Unidade 3 Escola, Professor, Planejamento, Plano de Aula e Currículo AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro Introdução Ao conhecermos os campos de atuação da didática adquirimos novas ferramentas para instrumentalizar nossa prática docente. Mas nem sempre encontramos nas teorias explicações sobre as ações necessárias aos professores, para aplicar determinada proposta teórica. A ausência de ações didáticas adequadas impede o professor de organizar um plano de ação, ou um plano de atividades, que procure colocar em prática os princípios teóricos aprendidos. Por isso, muitas vezes, a teoria �ca apenas na teoria. Para transformar nossa prática docente é preciso iniciar pelo elemento central de nossa atividade pedagógica: nossas aulas. Elas precisam ser repensadas, analisadas e reorganizadas. Para isso, podemos contar com um grande e poderoso aliado: o planejamento. Nessa unidade, convido você para veri�car como o planejamento pode organizar e provocar mudanças profundas em suas aulas. Quero que você compreenda que ao invés de ser um empecilho para o seu trabalho, ele ajuda na organização do dia a dia e no cotidiano da sala de aula. Em seguida, analisaremos alguns modelos de planos que nos possibilitam integrar diversas disciplinas e colocá-las em ação, na forma de novos conhecimentos indispensáveis para a vida de nossos alunos. Além de podermos utilizar o currículo como aquele que apresenta a identidade de cada disciplina, advindo de um processo de seleção em que um universo amplo de conhecimentos e saberes são selecionados, mais especi�camente traçando objetivos, procedimentos e métodos para que efetivamente possam atingir bons resultados em sala de aula, respeitando idade e série pertinentes ao processo de ensino; temos ainda o projeto político pedagógico de nossa escola, elaborado pelas instâncias escolares, respeitando as particularidades de cada instituição que contribui para nortear nossa trabalho em sala de aula. Espero que você leia essa unidade com atenção e que compare as informações aqui colocadas com sua prática docente. Bons estudos! Plano de Estudo O desenvolvimento social e seus embates pedagógicos. O ato de planejar e o efeito nas ações escolares. ç Objetivos de Aprendizagem Reconhecer a importância da função social da escola. Analisar diferentes conceitos e modelos de planejamento. Identi�car e diferenciar o currículo, plano de aula e projetos utilizados na aprendizagem. A Função Social da Escola e dos Professores AUTORIA Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro A tarefa de planejar nem sempre é vista com bons olhos pelos professores. Pois muitos de nós que estamos em sala de aula preferimos aderir a uma rotina diária, por vezes não planejada. Temos uma grande barreira a vencer, a �m de promover o ato do planejamento. O núcleo do problema se encontra na burocratização do ensino e, nesse contexto, o planejamento não tinha signi�cado algum, além de cumprir o protocolo. Visto dessa forma, a ação de planejar é completamente nula, pois não retrata os problemas reais e, com isso, não pode ser colocado em prática. Gasparin (2007, p. 152), acrescenta que os empecilhos de planejar são “sempre de dupla ordem: a) di�culdade em entender a teoria e seus fundamentos práticos e b) como passar dessa teoria a um projeto de ensino e aprendizagem”. Para responder a essas e outras di�culdades é que me apego ao planejamento. Mas não ao plano burocrático que prevê apenas os conteúdos a serem ensinados, baseio-me no planejamento crítico que me obriga a re�etir o que adoto como princípio didático. Mas, planejar dentro dessa linha de trabalho às vezes é muito complexo. Isso porque, para muitos professores, o planejamento não é essencial para ministrar suas aulas. Além disso, muitos planejamentos são feitos sem signi�cado, ou seja, não respondem às questões da prática escolar. Exatamente por isso é encarado por muitos como perda de tempo. Muitos fatores justi�cam a postura incrédula de alguns docentes frente ao ato de planejar. Gasparin (2007) nos mostra a di�culdade de organizar as ações pedagógicas quando a quantidade de aulas que o professor ministra para sobreviver é muito grande. Outro fator agravante é o número de colégios que o professor necessita percorrer para trabalhar, que nem sempre tem a mesma postura metodológica em relação ao planejamento. Mais um agravante apontado pelo autor é a quantidade de disciplinas que o docente assume para completar sua carga horária, que acaba impedindo-o de executar e elaborar um plano mínimo de trabalho. Encaradas as di�culdades, precisamos iniciar a busca das soluções e a primeira, apontada por Libâneo (2008), implica em ressigni�car a aula. A�nal, a aula é o centro do processo de ensino e, por isso, precisa ser muito bem planejada. No entanto, na maioria das vezes que pensamos em uma aula, nos vem à mente a imagem de um professor expondo conteúdos e mais conteúdos diante de uma sala inerte e silenciosa. É a típica imagem de uma aula expositiva e tradicional, muito comum ainda nos dias de hoje (modelo das Tendências Pedagógicas estudadas na unidade anterior). Existem muitas formas de se conduzir uma aula e a melhor opção didática é encará-la como uma etapa no processo de estimulação dos alunos. Gil (2009) a�rma que devemos entender a aula como um conjunto dos meios e condições pelos quais o professor dirige e estimula o processo de ensino
Compartilhar