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Didática
Unidade 1 (A Didática e sua Relação com a Educação: uma Análise Histórica e Filosófica)
TÓPICOS ABORDADOS
· Trajetória histórica da didática;
· A influência filosófica na didática;
· Didática e educação.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Compreender o processo histórico e filosófico da didática e sua influência no processo de ensino.
A Didática e sua Relação com a Educação: uma Análise Histórica e Filosófica
Olá, Estudante!
Iniciamos nossas discussões nesta unidade lhes apresentando o objetivo de aprendizagem que buscaremos com essas propostas, a Didática.  Estudar o conceito de Didática, bem como seus campos de atuação se justifica pelo fato de que esta disciplina é fundamental para a atuação docente, pois é uma das disciplinas principais do núcleo pedagógico, indispensável ao processo de formação e atuação dos profissionais da educação.
Ao longo dos séculos, a Didática deixou de ser considerada uma disciplina apenas instrumental, constituída por métodos e técnicas de ensino. Após longos anos de estudos e reflexões, hoje a compreendemos como uma área do conhecimento responsável pelo estudo do processo de ensino-aprendizagem.
Assim, a Didática pode ser entendida como “a arte de ensinar”, e por mais que nos pareça algo atual, ela envolve um conteúdo científico filosófico, educacional e metodológico, pensado e organizado no século XVII.
Um dos primeiros passos para se compreender essa disciplina é conhecer o processo histórico pelo qual a didática passou ao longo dos anos, buscando em sua gênese a compreensão desse conceito. Objetivando compreender a configuração da didática que conhecemos atualmente, precisamos recapitular sua constituição e institucionalização, e para isso vamos estudar o pensamento de um dos principais autores dessa temática, observando nele os fundamentos didáticos utilizados para transmitir o conhecimento historicamente produzido.
Desde os primórdios da civilização encontramos indícios de práticas de instrução utilizadas pelos povos antigos para passar o conhecimento de geração em geração. Vemos na história, filósofos consagrados pela sua forma de ensinar, tais como Platão, Aristóteles, Sócrates, os quais utilizavam de diversas formas para construir e transmitir o conhecimento para seus discípulos.
· IMPORTANTE!
A Didática é um campo em constante construção e/ou reconstrução, de uma práxis que não tem como objetivo ficar pronta e acabada e sim articular as diferentes dimensões do processo de ensino-aprendizagem.
Sempre houve formas diversas de instrução e de aprendizagem, a comunidade primitiva é um exemplo disso, pois os conhecimentos produzidos eram passados aos jovens de geração em geração, instruindo-os para ingresso na vida adulta. Esse exemplo, pode ser considerado uma forma de ação pedagógica, mesmo não sendo formal e intencional, é possível identificar a questão pedagógica (LIBÂNEO, 1994) presente na educação. Como forma de apreendermos a influência da didática na educação, vamos resgatar um pouco dos princípios da didática encontrados no período da Antiguidade até a Idade Média.
A Didática da Antiguidade à Idade Média
Para iniciarmos nosso resgate histórico organizamos aqui uma linha histórica que auxiliará na compreensão das formas de ações pedagógicas que eram desenvolvidas na Antiguidade Clássica, essas ações eram disseminadas por meio dos mosteiros, das igrejas e também de universidades. No entanto, mesmo com esses indícios de instrução, é em meados do século XVII que se pode falar em didática como a teoria do ensino, uma prática sistematizada de estudar as formas de ensinar.
Ainda que tenhamos essas referências sobre a forma de ensinar, é com o início da era moderna, que se iniciam os estudos a respeito da Didática. Tais estudos surgem em um período marcado pela transição do feudalismo para o capitalismo, ocasionando a necessidade de transmissão de saberes mínimos para os segmentos mais pobres da população, com vista a formação de mão de obra produtiva. O professor Libâneo (1994) é enfático ao destacar que o desenvolvimento do sistema de produção capitalista, ainda por se constituir enquanto tal, já influenciava na organização da vida social, política e cultural.
A palavra Didática surge quando os adultos começam a participar do processo de aprendizagem das crianças e dos jovens de uma forma planejada e direcionada, diferente das formas de intervenção instantânea que ocorria anteriormente. Ao estabelecer uma intenção na forma de ensinar, ou seja, uma ação pedagógica, a escola começa a se constituir como um local de práticas de ensino, que passam a ser sistematizadas conforme níveis, respeitando as necessidades de cada criança, suas possibilidades e seu ritmo de aprendizagem (LIBÂNEO, 1994). Sabemos que as formas de ensinar, assim como objetivos que são direcionados à educação, sempre estão relacionadas à forma de produção e reprodução social de dado momento histórico. Assim, os métodos de ensino, o que ensinar e para quem ensinar tinham, e ainda têm, por objetivo atender as necessidades da sociedade, e isso se aplica também a didática (LIBÂNEO,1994).
Segundo Gasparin (2010), um dos principais estudiosos da Didática, o entendimento da didática como “a arte de ensinar tudo a todos” surge por volta de 1617. No entanto, foi em 1629 com a publicação da obra Didática Magna escrita por João Amós Comênio que essa expressão se consagrou como tal, Baradel (2007, p. 11) enfatiza que “[...] inicialmente (século XVII), a didática tinha seus pressupostos calcados na causa da Reforma Protestante, sendo um meio de luta contra o modelo de ensino da igreja católica medieval, ou seja, deveria ser um instrumento de libertação”.
Assim, compreendemos caros estudantes que as formulações iniciais da didática são consagradas em um período de mudanças socioculturais na história da humanidade, e que essas transformações perduraram e adentram em outros períodos históricos que veremos a seguir.
Do Período Medieval a Modernidade
O século XVII, período no qual começam a surgir os primeiros estudos sobre a Didática, é marcado por mudanças na concepção de homem e de sociedade. Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, da mudança de produção manufatureira para o desenvolvimento da maquinaria, institui-se a divisão do trabalho. Com o desenvolvimento do capitalismo, propagou-se também a necessidade de que todos se tornassem aptos ao trabalho nessa nova forma de produção.
Nesse contexto, ocorrem também muitas mudanças no campo cultural, científico, presenciamos o desenvolvimento das ciências, da observação e experimentação científica. Houve a perda de poder da Igreja Católica por conta da reforma protestante, do surgimento de uma filosofia, caracterizando o período histórico conhecido como Iluminismo.
Segundo Gasparin (2010), nesse novo mundo que vinha surgindo, havia a necessidade um novo homem, uma exigência social onde todos deveriam ser educados para essa nova vida. O conhecimento social deveria ser incluído nas escolas, com o objetivo de preparar os jovens para o novo tempo. Como se tratava de novos conhecimentos, estes não poderiam ser ensinados da forma antiga, era necessário um novo método, uma nova didática, da mesma grandeza dos conhecimentos que deveriam ser ensinados aos alunos.
Como os novos conhecimentos que estavam sendo produzidos tornavam-se universais, era preciso um método mais amplo de ensino que lhe fosse correspondente. Nessa época os grandes educadores, cada um de uma forma diferente, compreendiam esse novo saber e o transmitiam por meio da instituição escolar.
Dentre os principais educadores, e pensadores da Idade Moderna destacamos Comênio, autor consagrado como o Pai da Didática Moderna. Comênio conseguiu nesse tempo, captar os novos conhecimentos e transportá-los para âmbito escolar, ou seja, para a sala de aula, utilizando um método específico e que atendesse às novas exigências da sociedade moderna.
Frente a necessidade posta pelo novo modo de produção e pelas mudanças culturais e sociais, Comênio escreveu sua principal obra “Didática Magna – o Tratado de EnsinarTudo a Todos”, a qual deveria ser seguida por todos aqueles que ensinavam em grupos ou de maneira individual. Ao elaborar sua obra, o autor não a propôs com o objetivo de ser discutida, mas sim de ser seguida, para responder aos novos desafios sociais,com essa obra Comênio não anunciou apenas uma didática, mas sim uma grande Didática (GASPARIN, 2010).
Comênio foi o primeiro pensador a estabelecer o entendimento de que o conhecimento deveria ser de acesso para todos, criando assim regras e princípios sobre a forma de ensinar, ou seja, sobre a didática. Esse educador fundamentava suas ideias nos princípios da ética religiosa, mas mesmo assim, seus pensamentos eram inovadores para a época e se contrapunham aos ideais conservadores da nobreza, a qual exercia grande influência naquele período. Nesse contexto, o Latim era a língua oficial e muito utilizada para ensinar artes, ciências e demais línguas.
Dessa maneira, Comênio propôs então que se fosse utilizada a língua pátria (no caso, o latim) para o ensino, pois naquele período os Estados Nacionais estavam se constituindo, “[...] a língua vernácula passou a ter uma importância fundamental como identidade de um povo, como nova forma de manifestação da cultura, e como novo instrumento de comunicação no processo de ensino [...]” (GASPARIN, 2010, p. 23). No que diz respeito aos aspectos pedagógicos, a natureza e o estudo por meio da experimentação eram os princípios fundamentais que deveriam permear o processo educacional.
Comênio acreditava que no processo educacional tanto de crianças quanto de adolescentes, as coisas deveriam ser ensinadas apenas uma de cada vez, pois ao ser ensinado várias coisas ao mesmo tempo, as crianças poderiam ficar confusas, e essa confusão dificultaria no processo de ensino e de aprendizagem. Assim, era preciso estabelecer uma ordem, e os conteúdos deveriam ser muito bem aprendidos para poder ser ensinados outros conteúdos, somente a partir de uma educação completamente organizada e ministrada com clareza é que outros conteúdos poderiam ser ensinados às crianças e adolescentes.
O pai da didática, acreditava que a indução e a experiência são princípios que marcariam a educação naquele momento, tanto como método geral de ensino, como também como método específico para ensino das ciências, da moral e da piedade.
Vejam estudantes que o surgimento da didática teve origem fora do ambiente escolar, e foi proposta como forma de compreender as questões filosóficas, científicas, educacionais e metodológicas do período, e tornou-se, na escola uma resposta aos anseios e necessidades para a transmissão e assimilação dos novos conhecimentos (GASPARIN, 2010).
Apesar das grandes contribuições de Comênio ao campo educacional, e principalmente à Didática, desempenhando a instituição de método rápido e eficiente, assim como o anseio que Comênio demonstrava a fim de todos pudessem usufruir do conhecimento, bem como, apresentando ideias inovadoras para o período, algumas considerações críticas devem ser feitas. Embora, Comênio partisse da observação e da experiência para ensinar, ainda utilizava-se o método de transmissão do ensino. 
O método transmissão-assimilação proposto por Comênio, consistia em ensinar tudo a todos, é o momento em que o professor ou professora passa a atender a um grande número de alunos, e deveria ser utilizado por todos para que se chegasse a equalização social.
A partir desse método, Comênio propôs cinco passos para que ele fosse executado: preparação do aluno, apresentação do conteúdo, assimilação do conteúdo, generalização e aplicação. Não podemos esquecer que este método seguia os pressupostos tradicionalistas da época em que foi criado.
Comênio (2001) foi buscar nos pressupostos religiosos ações pertinentes para implementar a didática magna, ele ressaltou muito em sua obra que “[...] nunca será em vão o trabalho começado em nome do Senhor” (p. 30). O pai da didática ainda salienta a sua utilidade e que ela está baseada em retos princípios, como:
· a ajuda de Deus para obter o resultado esperado;
· os estudantes irão aprender como se estivessem jogando;
· os professores não precisarão mais mudar de método para que o aluno aprenda.
Para Libâneo (1994) por mais inovadores que sejam as ideias, sabemos que eles demoraram tempo para serem efetivadas na prática, no século em que Comênio viveu, bem como em alguns séculos seguintes ainda havia a predominância de práticas escolares da Idade Média: ensino intelectualista, verbalista e dogmático, memorização e repetição mecânica dos ensinamentos do professor, além de que nas escolas, assim como na Idade Média não havia lugar para as ideias dos alunos, muito menos para as experiências vividas por eles. A Igreja ainda continuava a exercer grande poder tanto na religião, como na vida social.
Vimos estudante que, Comênio é um dos principais pensadores e educadores no campo de desenvolvimento de uma Didática planejada, sistematizada e com uma intenção social. Porém, Comênio não foi o único, a constituição da Didática como uma disciplina que estuda os processos de ensino, contou com a participação de muitos outros autores da época que, cada um a sua maneira, contribuiu com ideias que ainda hoje embasam nossa prática de ensino em sala. É sobre esses autores que conversaremos no item a seguir.
Os Filósofos Pós-Iluministas na Contribuição da Orientação Pedagógica para a Instrução de Crianças
Sabemos estudante que, a história é dialética, está sempre em movimento, em processo de construção e transformação. Assim, com o passar do tempo o poder da nobreza e do clero que no século XVIII ainda era predominante, foi perdendo força e a burguesia se fortalecendo enquanto classe social, e lutando pela conquista do poder no campo político, econômico e cultural.
Com o fortalecimento da burguesia frente a nobreza e ao clero, novas necessidades foram surgindo no mundo da produção e dos negócios, ao passo que a necessidade de um ensino que contemplasse o desenvolvimento de capacidades para atender às tais necessidades também cresceram.
Fonte: Antonio Iván Santos González-Guerrero / 123RF
Em meio a esse processo, um pensador chamado Jean Jacques Rousseau, buscou interpretar os anseios do período, propondo uma nova forma de ensinar, a qual se fundamentava nas reais necessidades e interesses imediatos das crianças.
Rousseau ficou conhecido como o primeiro filósofo do Romantismo, por meio da publicação de seu livro “Contrato social”. Nessa obra, Rousseau defende a ideia de que o homem (ser humano) é inatamente bom e tem seu comportamento corrompido pela sociedade. Além desta obra genial, o pensador é autor de inúmeras obras, como: poesia, música e uma das mais notáveis autobiografias da literatura europeia. Outra obra, muito conhecida de Rousseau e de fundamental importância para educação é intitulada “Emílio”, na qual o autor explicita o caráter corruptor da sociedade.
Entre as principais ideias disseminadas por Rousseau, podemos ressaltar a seguinte: o ensino das crianças deve ser pautado em seus necessidade e interesses atuais, sendo que antes que lhe sejam ensinadas as ciências, sejam-lhe despertados o interesse pelo estudo. Para o autor, a principal professor é a natureza, a experiências, os sentidos, pois é o contato com o mundo que a despertará seu interesse e consequentemente suas potencialidades naturais. Aqui a educação é compreendida como um “[...] processo natural, ela se fundamenta no desenvolvimento interno do aluno. As crianças são boas por natureza, elas têm uma tendência natural para se desenvolverem” (LIBÂNEO, 1994, p. 60).
Apesar de ter formulado tais pensamentos e o reproduzido por meio de suas obras, Rousseau não os colocou em prática, tal tarefa, couber a outro pedagogo chamado Pestalozzi. Educador de origem Suíça, viveu entre os anos de 1746 à 1827, trabalhando do início ao fim de sua vida no campo educacional. Na perspectiva de Libâneo (1994, p. 60), o filósofo Pestalozzi, “[...] deu grande importância ao ensino como meio de educação e desenvolvimento das capacidades humanas, comocultivo do sentido, da mente e do caráter”.
A utilização do método intuitivo também era uma das características de Pestalozzi, incentivando seus alunos a desenvolverem a capacidade de observação e de análise dos objetos, fundamentando-se nos fenômenos naturais e na linguagem para registro das observações. Seu ensino era de caráter intelectual, e priorizava a psicologia como fonte de desenvolvimento do ensino.
A partir das ideias elaboradas por Comênio, desenvolvidas por Rousseau e colocadas em prática por Pestalozzi, muitos outros educadores foram influenciados. Dentre os mais importantes iremos conhecer Johann Friedrich Herbat, pedagogo de origem Alemã, viveu entre os anos de 1766 a 1841. Herbat é um dos principais autores que influenciaram a pedagogia conservadora (tradicional), pedagogia esta que veremos mais profundamente nas próximas unidades.
Libâneo (1994) esclarece que juntamente com a formulação dos objetivos da educação e da Pedagogia como ciência, Herbat realizou uma análise sobre o desenvolvimento do processo psicológico-didático de aquisição de conhecimentos, sob a direção do professor. Para esse autor, a finalidade da educação é a moral, a qual pode ser atingida por meio da educação.
Educar o homem para Herbat consistia em instruí-lo “[...] para querer o bem, de modo que aprenda a comandar a si próprio [...]”. O professor assume um papel primodial, que sendo considerado um “arquiteto de mentes”. Cabe ao professor “[...] trazer à atenção dos alunos aquelas ideias que deseja que dominem suas mentes. Controlando os interesses dos alunos, o professor vai construindo uma massa de ideias na mente, que por sua vez vão favorecer a acumulação de ideias na mente das crianças” (LIBÂNEO, 1994, p. 60).
Os filósofos apresentados anteriormente, como: Rousseau e Pestalozzi buscavam direcionar preceitos filosóficos capazes de modificar o processo de ensino e de aprendizagem; e não obstante, Herbat também busca desenvolver um método de ensino que fosse único e que estivesse de acordo com as leis psicológicas do conhecimento. Nesse contexto, o educador desenvolveu quatro passos a serem seguidos:
1° passo: clareza. A preparação e apresentação da matéria deveria ser muito clara e completa;
2° passo: associação. Relacionar as ideias antigas com as novas;
3° passo: sistematização. Os conhecimentos deveriam ser sistematizados para se obter a generalização;
4° passo: método. Referente ao uso de conhecimentos adquiridos por meio de exercícios. Posteriormente, esses passos foram mais desenvolvidos por educadores discípulos de Herbat, estando presentes ainda hoje nas práticas de ensino em sala de aula (LIBÂNEO, 1994).
A contribuição de Herbat para o campo da didática pode ser apreendido na prática docente, pois o autor instigou a necessidade de que haja uma estruturação e uma ordenação no processo de ensino, ressaltou a importância da compreensão e não apenas da memorização dos conteúdos, e a necessidade da disciplina como característica fundamental para a formação do caráter.
Estudamos até aqui, alguns dos principais autores que formularam o pensamento pedagógico europeu, o qual se espalhou por todo o mundo, chegando até ao Brasil e influenciando hoje – século XXI – nossas ações em sala de aula.
As ideias dos autores estudados nesta aula estão presentes nas concepções pedagógicas e didáticas que estudaremos ao longo da disciplina.
Compreender o percurso da histórica da didática, desde a sua formulação como método sistematizado e intencional de ensino, foi importante para podermos entender a definição de Didática como técnica de ensino, definição esta utilizada lá no século XII, para então compará-la a definição que atualmente temos incorporado sobre o que é a Didática e quais são o seus objetivos, pois conforme veremos, é essa última definição que vem a atender nossas atuais necessidades enquanto professores.
A Didática está inserida no conjunto de conhecimentos pedagógicos essenciais à formação docente, e por isso vamos estudá-la nesse item, como um dos ramos de estudo da Educação. Para isso fizemos a definição dos principais conceitos, necessários à compreensão do tema, ou seja, a própria Didática, o processo de ensino que é o objeto de estudo da Didática e a Educação.
Princípios da Didática
Vamos iniciar nossa discussão conversando sobre a Didática, como já vimos no item anterior, em cada momento da história essa temática ganhando significados e objetivos diferentes, a fim de, atender as demandas de determinado período. Muitos são os autores que conceituam a didática, cada um conforme sua corrente teórica. Aqui utilizaremos três autores fundamentais para conceituar a Didática, que são: Libâneo, trabalhado anteriormente, Gasparin e uma teórica muito conhecida nessa área de estudos que é a Candau. Estes são autores contemporâneos, os quais têm contribuído de forma significativa para o campo da educação.
Segundo Libâneo (1994), a ciência que estuda a práxis educativa, ou seja, a teoria e a prática da educação “[...] nos seus vínculos com a prática social global. Assim, sendo a Didática uma disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista as finalidades educacionais, que são sempre sociais, ela se fundamenta na Educação[...]” (LIBÂNEO, 1994, p. 85); é, assim, uma disciplina pedagógica.
Dentro do campo educacional temos algumas disciplinas pedagógicas que se dividem em: teoria da escola, teoria da educação, organização do ensino e a Didática como teoria do ensino. Visto que o objetivo principal de todo profissional que trabalha com a educação é o ensino, então a Didática ocupa um lugar central.
Por muito tempo, a Didática foi concebida por uma perspectiva instrumental, abrangendo apenas um conjunto de conhecimentos técnicos, sobre o “como fazer”. Tratada de forma universal, a didática se desvinculava dos problemas referentes aos objetivos da educação. Atualmente temos a visão da necessidade de superação dessa perspectiva técnica sobre a didática, estamos em um momento em que ultrapassar essa visão é fundamental, e para tal necessitamos, “[...] pensar a prática pedagógica concreta, articulada com a perspectiva de transformação social, que emergirá uma nova configuração para a Didática” (CANDAU, 2011, p. 14).
A prática docente é fator integrante do processo educativo, pelo qual os indivíduos são preparados para sua participação na vida social. Podemos dizer assim, que a Educação é um fenômeno social, portanto podemos considerá-la uma atividade humana imprescindível a formação do homem e à existência da sociedade. A Educação não é apenas uma exigência social, mas “[...] sim um processo que objetiva a promoção de conhecimentos e experiências culturais que proporcionam ao homem o convívio social” (LIBÂNEO, 1994, p. 17).
O processo educativo é sempre social e politicamente contextualizado, sabemos, pois, que a educação não é neutra, ela é historicamente determinada, para se atingir, objetivos, exigências e ideologias de uma determinada classe social. Assim, a prática educativa é integrada nas relações sociais, no trabalho docente. Ela faz parte dos processos de organização social que são determinados por classes antagônicas.
A prática social dos profissionais da educação, não é uma prática isolada que se reduz somente ao que fazem. Pelo contrário, a prática social é sempre uma prática geral do grupo social ao qual o professor está inserido. Isso ocorre porque a totalidade social é sempre histórica e contraditória composta por elementos subjetivos e objetivos.
Para Candau (2011) todo processo de ensino-aprendizagem é situado, assim a dimensão política é inerente a ele. O processo de ensino ocorre sempre numa cultura específica e é direcionado à pessoas que ocupam um lugar definido na organização social em que estão inseridas. Assim, a dimensão político-social “[...] não é um aspecto do processo de ensino-aprendizagem. Ela impregna toda a prática pedagógica que, querendo ou não (não se trata de uma decisão voluntária) possui em si uma dimensão política” (CANDAU,2011, p. 14).
Sabemos que as finalidades da educação estão sempre subordinadas a interesses de determinadas classes sociais, devido a nossa forma de organização e produção social. Portanto, a prática educativa requer direcionamento, deve ser orientada sobre suas finalidades e meios para sua realização, de acordo com a concepção de homem e de sociedade que se quer formar.
Cabe então a Educação tal tarefa, sendo esta considerada a práxis educativa, ou seja, como a teoria e a prática do processo educativo. A Educação tornou-se assim “[...] um campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados para a formação dos indivíduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social” (LIBÂNEO, 1994, p. 24).
Nesse contexto, a Didática se enquadra no principal ramo de estudos da educação, pois como já vimos a Didática estuda os processos de ensino, que fazem parte da Educação, que por sua vez é Estudada pelas Licenciaturas. A Didática, conforme explica Libâneo (1994, p. 25-26) investiga os fundamentos, as condições e o modo de realização do ensino, cabe a ela
[...] converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento da capacidade dos alunos.
Há que se estabelecer uma diferenciação entre a Didática, e as metodologias específicas de ensino. A Didática diz respeito à teoria geral do ensino. As metodologias específicas estão articuladas à Didática, mas referem-se aos métodos e conteúdos próprios de cada matéria. A Didática em consonância com a Pedagogia generaliza os processos e métodos de ensino que são obtidos pelas metodologias específicas, os quais fundamentam o ensino e a prática docente.
A Didática é uma disciplina de extrema importância para nós professores, pois compreender o “como ensinar” pressupõe compreender que a escola, na busca por cumprir sua função social e pedagógica, organiza, desenvolve e avalia os elementos (aluno-professor-conteúdo-recursos) envolvidos no processo educativo. Esses elementos, na perspectiva de Damis (2006, p. 30) “[...] expressam e sistematizam as condições e necessidades predominantes na realidade, direciona o aluno, ao ser levado a estabelecer relações entre um conhecimento específico e a realidade natural e social mais ampla [...]”. Por meio do saber transmitido, o aluno acaba por adquirir à compreensão de mundo, habilidades e valores necessários a vida social.
Compreender a Didática de um ponto de vista dialético é entender que ação da escola para a formação do aluno, possui uma finalidade social determinada, possui significados que vão além da operacionalização do ensino, pois o ensino tem por objetivo preparar o aluno para a vida social, a qual é marcada por determinações e condições de uma prática social mais ampla. Destarte, a Didática deve ser entendida não apenas do ponto de vista técnico, mas sim como um movimento amplo que sistematiza o ensino, objetivando adaptar o homem a determinada sociedade (DAMIS, 2006).
Atualmente – século XXI – devemos nos fundamentar na concepção de que a Didática se constitui enquanto forma e conteúdo, ela é fundamental para que possamos compreender e analisar as relações que se estabelecer entre a sociedade e a escola, relação está que ocorre por meio do ensino. O professor ao definir sua forma de ensinar, institui também um conteúdo implícito a sua ação pedagógica. Nesse relação conteúdo e forma, o professor desenvolve o ensino de forma crítica e contextualizada, superando a perspectiva técnica sobre a didática.
Assim, compreendemos que a Didática é um processo teórico-metodológico imprescindível à prática e formação do professor.
Elaboramos um infográfico que busca resumir tudo aquilo que discutimos ao longo dessa aula, apresentamos nele conceitos essenciais que resumem os pressupostos teóricos discutidos aqui nesta aula. Apresentamos quatro conceitos que são indispensáveis para se compreender o processo de desenvolvimento da didática, tendo em vista que a arte de ensinar é algo intrínseco da prática docente e na organização do trabalho docente.
Clique nos botões abaixo para conhecer cada conceito.
· Didática
Didática significa arte de ensinar, acerca desta arte, desde há pouco tempo, alguns homens eminentes, tocados de piedade pelos alunos condenados a rebolar o rochedo de Sísifo, puseram-se a fazer investigações, com resultados diferentes. A Didática é o método universal de ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza, que seja impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, ou seja, sem nenhum enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros. (COMENIUS, 2001, p. 13)
· Processo Ensino e Aprendizagem
Didática significa arte de ensinar, acerca desta arte, desde há pouco tempo, alguns homens eminentes, tocados de piedade pelos alunos condenados a rebolar o rochedo de Sísifo, puseram-se a fazer investigações, com resultados diferentes. A Didática é o método universal de ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza, que seja impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, ou seja, sem nenhum enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros. (COMENIUS, 2001, p. 13)
· Projeto Político Pedagógico e participação docente
“O projeto pedagógico não é um conjunto de planos e projetos de professores, nem somente um documento que trata das diretrizes pedagógicas da instituição educativa, mas um produto específico que reflete a realidade da escola, situada em um contexto mais amplo que a influência e que pode ser por ela influenciado". Portanto, trata-se de um instrumento que permite clarificar a ação educativa da instituição educacional em sua totalidade. O projeto pedagógico tem como propósito a explicitação dos fundamentos teóricos-metodológicos, dos objetivos, do tipo de organização e das formas de implementação e de avaliação institucional.” (Veiga (1998, p. 11- 113)
· Planejamento e Prática Docente I
À primeira vista, parece que os professores perderam suas funções de transmissores e construtores de conhecimentos. As profundas mudanças que se estão processando na sociedade dão a impressão de que eles são dispensáveis e podem ser substituídos por computadores e outros equipamentos tecnológicos, por meio dos quais o educando adquire conhecimentos. Todavia, quando se buscam mudanças efetivas na sala de aula e na sociedade, de imediato se pensa no mestre tanto do ponto de vista didático-pedagógico quanto político. Não se dispensam as tecnologias, pelo contrário, exige-se, cada vez mais, sua presença na escola, mas como meios auxiliares e não como substitutos dos professores. (GASPARIN, 2005, p.1)
· Planejamento e Prática Docente II: plano de ensino e plano de aula
Ela [a aula] é feita de prévias e planejadas escolhas de caminhos, que são diversos do ponto de vista dos métodos e técnicas de ensino; [...] também se constrói, em sua operacionalização, por percalços, que implicam correções de rota na ordem didática, bem como mudanças de rumo; [...] está sujeita a improvisos, porque não foram previstos, mas não pode constituir-se por improvisações. (ARAUJO, 2008, p.60-62)
· Saberes necessários a prática docente
Nas últimas décadas fizeram-se muitas pesquisas sobre o conhecimento profissional dos professores. Sabemos que dificilmente o conhecimento pedagógico básico tem um caráter muito especializado, já que o conhecimento pedagógico especializado está estreitamente ligado à ação, fazendo com que uma parte de tal conhecimento seja prático, adquirido a partir de experiência que proporciona informação constante processada na atividade profissional. A formação inicial deve fornecer base para se adquirir esses conhecimentos especializados (IMBERNÓN, 2011, p. 60).
O infográfico apresentado nos possibilita verificarque a didática é o caminho fundamental para se compreender o processo da prática docente, logo compreender seus conceitos a partir de teóricos que são especialistas na área contribui para a formação do profissional da educação.
E assim, finalizamos nossos estudos demonstrando que, Comênio ao elaborar uma teoria clássica para abarcar o processo de ensino modificou a forma de ensinar através dos tempos, sua luta foi para que todos tivessem acesso aos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade. E, os filósofos posteriores ao pai da didática, contribuíram de maneira significativa para que os fundamentos do processo de ensino abarcassem instrumentos teóricos e pedagógicos para orientar a instrução da criança, e como a teoria precede a prática, é visível que as relações apresentadas a partir da filosofia modificaram a arte de ensinar nas escolas até os dias atuais.
As 1 - Didática (A Didática e sua Relação com a Educação: uma Análise Histórica e Filosófica)
1Em suas reflexões Comênio propõe o método de transmissão-assimilação, que consistia em ensinar tudo a todos. O que possibilitava o atendimento de um professor a um maior número de alunos. Diante disso, quais são os cincos passos propostos pelo autor para que esse método fosse executado?
	
	a.
	Condicionar o aluno, generalização afetiva, apresentação do conteúdo e avaliação.
	
	b.
	Seleção de informações, proposição de atividades, retomada do conteúdo e avaliação.
	
	c.
	Aplicação antecipada de avaliação, levantamento de conteúdo, atividade e feedback.
	
	d.
	Preparação do aluno, apresentação do conteúdo, assimilação do conteúdo, generalização e aplicação.
	
	e.
	Coordenação do aluno, assimilação de conteúdo, generalização afetiva e aplicação.
2- Em acordo com Libâneo (1994) a educação não é apenas uma exigência social, trata-se de um processo muito mais abrangente. Nesse sentido, segundo o autor, qual é o objetivo da educação?
	
	a.
	Subsidiar os educandos com conteúdos teóricos e não práticos que os leve a educarem a si mesmos.
	
	b.
	Favorecer as lutas sociais e delas retirar elementos para favorecer um dos lados em conflito.
	
	c.
	Contribuir para a composição de um plano moral em que ajude a comunidade acadêmica a determinar o certo do errado.
	
	d.
	Atingir somente as camadas médias, já que os pobres e os ricos não necessitariam de instrução formal.
	
	e.
	A promoção de conhecimentos e experiências culturais que proporcionem ao homem o convívio social.
3 - O filósofo Jean Jacques Rousseau ficou conhecido pela à ideia de que os seres humanos são naturalmente bons, mas são corrompidos pela sociedade. Com isso, pautou uma reflexão em via a educação como meio a minimizar os efeitos deletérios gerados pela sociedade nos indivíduos. Nesse sentido podemos afirmar que o autor compreende a educação como sendo...
	
	a.
	O fator decisivo para formar quadros políticos que lutem contra a sociedade.
	
	b.
	A força natural que existe espiritualmente dentro de cada criança.
	
	c.
	Uma tentativa de evitar o inevitável poder social sobre os corpos dos educandos.
	
	d.
	Um processo histórico coercitivo em que o educando participa ativamente.
	
	e.
	Um processo natural, baseado no desenvolvimento interno do educando.
4 - Comenius, em seu período de atuação no Reino da Boêmia, foi bispo da igreja protestante, educador, cientista e pedagogo. A partir de seus vastos estudos, fundou a Didática Magna, um plano pedagógico voltado fundamentalmente para:
	
	a.
	 ensinar tudo a todos, e alcançar uma educação ideal.
	
	b.
	 um diálogo inter-religioso.
	
	c.
	 uma vida baseada em projetos de ensino.
	
	d.
	 diretrizes universais para ensinar.
	
	e.
	 direito universal de educação para todos os povos.
Unidade 2 (Educação e Métodos de Ensino no Saber-Fazer Docente)
TÓPICOS ABORDADOS
· Como a educação e a cultura humaniza o homem;
· O saber-fazer dos professores;
· Professor na era digital.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Identificar as abordagens teórico-metodológicas do processo de ensino e a atuação do professor.
Educação e Métodos de Ensino no Saber-Fazer Docente
Iniciamos nossos estudos buscando o conceito de educação em Simone de Beauvoir. Essa filósofa francesa contemporânea reflete, em seu livro intitulado O Segundo Sexo, sobre o ser mulher nos dias de hoje. Essa discussão apresenta, também, uma reflexão sobre o próprio processo de educação que esboçamos aqui. Nesta obra, há uma citação fundamental para iniciarmos nossa discussão sobre a importância da educação:
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto [...]. Somente a mediação de outrem pode constituir um indivíduo como um Outro. (BEAUVOIR, 1967, p. 9)
A citação acima destaca a importância da educação em nossa sociedade. A discussão exposta pela filósofa evidencia o valor da educação em nossa cultura. Não nascemos mulheres, assim como não nascemos homens. Para além da questão de gênero, o que fica explícito, nesta discussão, é o fato de que não nascemos humanos, mas tornamo-nos humanos por meio da vivência em sociedade.
De acordo com Beauvoir (1967), tornamo-nos homens e mulheres por meio da cultura em que estamos inseridos. Aprendemos, por meio da educação, ou seja, do processo educacional, vindo de nossas famílias, das escolas e, por fim, de nossa sociedade, a sermos mulheres ou homens. Há inúmeros exemplos que “[...] podemos citar com relação a essa divisão de gênero e a educação que nossa sociedade impõe a nós, seres humanos” (BEAUVOIR, 1967, p. 15). Mais uma vez, ressaltamos que o foco de nossa análise não é o gênero, mas a educação que nos ensina, por meio da sociedade e da cultura em que estamos inseridos, a sermos humanos – homens ou mulheres.
Se pensar em seu próprio processo de educação, perceberá que tanto a família quanto as escolas – núcleos de educação sociais – interpõem modelos de educação para ensinar-nos a viver em sociedade. Aprendemos a ser sociáveis, solidários, respeitosos, a ter bons modos, além de toda uma gama de valores e atitudes que nos permitem ser humanos, diferenciando-nos dos animais por meio do uso de nossa racionalidade e da educação de nossa vontade.
[...] o ser humano não nasce humano, mas que se humaniza por meio da cultura e da sociedade, por meio do processo de mediação, dado via sociedade. Em cada tempo histórico, o homem a ser construído é diferente porque responde às expectativas da sociedade. Esse é um pressuposto fundamental para compreendermos a importância da educação: pois é por meio dela que nos tornamos humanos. A grande questão é que o ser humano é visto de forma diferente, dentro do processo de desenvolvimento das sociedades. (LIMEIRA; PUZIOL, 2017, p. 50)
Nesse sentido, a educação é responsável por tornar-nos humanos. Embora nasçamos seres humanos, tornamo-nos humanos a partir da nossa inserção na sociedade e por meio da cultura que nos é apresentada. Isso quer dizer que os seres humanos são construídos socialmente e culturalmente, portanto, quando olharmos para a formação humana de nossos pais e avós, veremos que seus princípios e visão de mundo são completamente diferentes dos nossos, tendo em vista que a sua forma de criança e o tempo em que foi criado era outro. Traremos um pequeno excerto sobre o que é cultura; isso possibilitará compreender como a cultura influencia no processo de desenvolvimento humano.
A cultura é duradoura embora os indivíduos que compõem um determinado grupo desapareçam. No entanto, a cultura também se modifica conforme mudam as normas e entendimentos. Quase se pode dizer que a cultura vive nas mentes das pessoas que as possuem. Mas as pessoas não nascem com ela; adquirem-na à medida que crescem, suponha que um bebê húngaro recém-nascido seja adotado por uma família residente nos Estados Unidos, e que nunca digam a essa criança que ela é húngara. Ela crescerá tão alheia à cultura húngara quanto qualquer outro americano. Assim, quando falo da culturaegípcia, refiro-me a todo conjunto de entendimentos, crenças e conhecimentos pertencentes aos antigos egípcios. Significa, por exemplo, tanto suas crenças sobre o que faz o trigo crescer, quanto sua habilidade para fazer implementos necessários à colheita. Ou seja, suas crenças a respeito da vida e da morte. Quando falo de cultura, estou pensando em algo que perdurou através do tempo. Se qualquer egípcio morresse, mesmo que fosse o faraó, isso não afetaria a cultura egípcia daquele determinado momento. (BRAIDWOOD, 1985, p. 41-42)
Ao esboçar seu entendimento sobre o termo cultura, o autor corrobora com a ideia de que cada tempo histórico e cada sociedade possui sua cultura. Assim, a cultura reflete as crenças e valores de uma determinada nação em um determinado tempo histórico. O termo cultura envolve, nesse sentido, aspectos morais e éticos de uma sociedade. No Brasil, por exemplo, no período da ditadura civil militar, a atriz Leila Diniz, ao ser fotografada grávida, em trajes de biquíni na praia do Rio de Janeiro, causou o maior alvoroço na opinião pública (ARANHA; MARTINS, 2009).
Você pode se perguntar o que há de mais em uma pessoa ser fotografada de biquíni e grávida?
Obviamente que não há nada de mais! Mas, no período em que isso aconteceu, houve uma ebulição muito grande de opiniões a respeito do fato, e isso resultou no Decreto n.º 1077/1970, que dizia não ser tolerado “[...] publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes quaisquer que sejam os meios de comunicação” (BRASIL, 1970). Conseguem perceber que a cultura e os meios sociais de uma determinada época ou período histórico influenciam em todas as decisões de uma sociedade, sejam elas políticas, legais, éticas, sociais e, até mesmo, educacionais? O exemplo apresentado sobre a fotografia da atriz Leila Diniz traz discussões sobre o que era valorizado naquele período e essa valorização tem muito a ver com o educar das famílias, bem como os pressupostos teóricos a serem ensinados nas escolas, isso porque a cultura tem fundamentos atemporais e tanto regiões quanto países detém sua própria construção social e histórica.
O pesquisador Antônio Severino, em seu artigo “A busca do sentido da formação humana: tarefa da Filosofia da Educação” (2006), auxilia-nos a compreender essas mudanças a partir da perspectiva da educação e de sua relação com a ética e a política. Severino (2006) afirma que, desde a Antiguidade e por toda a Idade Média:
[...] estes conceitos aparecem ligados à ideia de formação humana e, portanto, à ideia de educação. Para este autor, a educação considera os aspectos éticos e políticos que aparecem dentro de cada sociedade, justamente porque a educação reflete os ideais políticos e éticos que balizam cada cultura. (SEVERINO, 2006, p. 45)
Dentro do contexto que temos apresentado, compreende-se o homem como uma construção social, política, histórica, cultural e temporal, já que, em cada tempo histórico, o processo da educação humana reflete as questões de seu tempo. Como veremos nos próximos tópicos, em cada tempo determinado, por exemplo, a Grécia Antiga, a Idade Média ou a Idade Moderna, deve ser entendido a partir de sua influência na educação e, principalmente, os embates educacionais que trouxe para o processo educacional.
Fernández (2001) discute o conceito de educação e cultura apoiando-se nos escritos tanto de Freud quanto de Piaget. De Freud, ela utiliza os conceitos de consciente, pré-consciente e inconsciente. Na consciência está aquilo que se sabe; no pré-consciente aquilo que está antes de saber. Podemos pensar nos conhecimentos prévios que cada um de nós possui, mas que precisam tornar-se conscientes para que façamos assimilações; por fim, no inconsciente, fica aquilo que não se sabe, mas que pode, sim, ser conhecido por meio dos sonhos, medos e traumas (FERNÁNDEZ, 2001).
A autora chama a atenção para o fato de que, enquanto professores, não utilizamos o pré-consciente de nossos alunos como deveríamos. Trazer à tona aquilo que talvez nem mesmo o aluno saiba que sabe é um dos fatores que garantem uma aprendizagem significativa. Quando fazemos nossos planos de aula e preenchemos itens como a contextualização ou a problematização, é exatamente isso que estamos fazendo: trazendo à tona conceitos, ideias, fatos e ações, a fim de que os conteúdos que pretendemos trabalhar tenham significado para o aluno. No entanto, estudante, os conteúdos curriculares e a serem abordados em sala de aula precisam fazer parte da realidade dos educandos.
PENSE
Embora o pensamento tenha sido associado a não ação e ao não sentimento, não é assim que devemos compreender o pensamento e o próprio processo de aprendizagem: pensamento e aprendizagem são ações. Você já pensou sobre isso?
Por isso, a aprendizagem supõe duas características: a primeira delas é a escolha, pois o aprender decorre do desejo, ou seja, da escolha em aprender e do poder fazer uso deste saber. O pressuposto fundamental da abordagem da aprendizagem decorre da ação de poder usar meus saberes (enquanto estudante/educando) para aprender novas coisas; este é um ponto-chave quando falamos em aprendizagem (FERNÁNDEZ, 2001).
A segunda característica que está intrínseca à aprendizagem é a inteligência. Para Fernández (2001), inteligência não é adaptação ao meio; “[...] se a inteligência é adaptação ao meio, as baratas seriam os seres mais inteligentes” (FERNÁNDEZ, 2001, p. 81). Isso significa, estudante, que, para aprendermos, precisamos de um ensino que seja criativo, que dê significado às informações passadas pelos educadores. A aprendizagem passiva, sem questionamentos e sem autorias, não é, de fato, aprendizagem, pois “[...] a aprendizagem criativa é um interrogo constante entre o incorporar o real externo a esquemas já existentes e modificá-los: assimilação e acomodação” (FERNÁNDEZ, 2001, p. 81).
Portanto, entendemos que a aprendizagem criativa recorre aos princípios de assimilação e acomodação. Esses termos ganham nova roupagem na teoria piagetiana: quando um aluno, motivado pelo desejo de aprender, justamente porque o professor conseguiu que a informação (que, para o docente, é conhecimento) tenha significado para o aprendente. A acomodação e a aprendizagem desse conhecimento pressupõem que o aluno ressignifique a informação, o que pode ocorrer de formas diversas, haja vista que cada ser humano possui sua singularidade, suas próprias vivências e experiências. É partindo dessa singularidade que o aluno cria seus próprios conhecimentos.
Para exemplificar, a assimilação é aquele momento em que o aluno começa a experimentar coisas novas e, nesse instante de experimentação, o educando já tem capacidade de entendimento suficiente para compreender que aquilo é algo novo em seu “mundo”. Este é o momento em que o aluno passa a incorporar novos esquemas em seu pensamento e na sua linguagem, como no momento em que a criança entende que gato é um animal, logo, todos os animais que tiverem quatro patas e forem peludos, irão associar ao “gato”.
É dessa maneira que a criança concebe todas as novas experiências de sua vida, por meio da assimilação.
Já no processo de acomodação, este momento é que o aluno começa a fazer ajustes em seu processo maturacional para incorporar novas experiências. Continuando no exemplo do “gato”; no momento em que a criança associa um animal peludo e de quatro patas a um gato, ela chama-o de “gatinho”; no entanto, se houver um adulto que a corrija e diga que aquele “gatinho” é um cão, a criança vai aprender que o esquema que ela criou para animais peludos e de quatro patas não funciona para todos os animais.
Assim, podemos dizer que esta ação “[...] é a condição da autonomia da pessoa e, por sua vez, a autonomia favorece a autoria do pensar. À medida que alguém se torna autor, poderá conseguir mínimo de autonomia” (FERNÁNDEZ, 2001, p. 91). Nesse sentido, como processo e ato de produção de sentidos, de reconhecimento de si mesmo como protagonista ou participante da aprendizagem, justamente porque a aprendizagem não é mais vista de forma passiva,mas supõe ação e criação, o que torna os alunos autores e não somente receptores.
O processo de criação ocorre enquanto se aprende; enquanto se cria. Portanto, pensar na ação do professor em sala de aula, enquanto este ensina os conteúdos curriculares, deve-se pressupor uma ação que seja, também, inquieta, pois, enquanto se está conhecendo, se está questionando.
A aprendizagem, do ponto de vista que apresentamos, deve partir da inquietação, da atividade criativa tanto do aluno quanto do professor. Dar voz e espaço para que cada um de nossos alunos tenham autonomia de pensamento sugere, por um lado, uma nova metodologia e postura do professor: não mais a de detentor do saber, mas aquele que possibilita a interação e o espaço necessário para que o sujeito aprendente seja um aprendente não somente de conteúdos, mas também um aprendente e autor de suas próprias ações e, portanto, de sua própria vida. Há de se distinguir, então, o trabalho do professor(a) neste campo de aprendizagens, pois
a pedagogia trabalha fazendo com que as coisas sejam pensadas; isso significa que suas intervenções estão direcionadas a abrir espaços subjetivos e objetivos onde a autoria de pensamento seja possível. (FERNÁNDEZ, 2001, p. 102)
A fim de compreender a citação acima, é preciso distinguir três campos do pensamento: aquilo que é pensável, aquilo que é não pensável e aquilo que é impensável.
O impensável possibilita o pensar, porque se trata de fatos que não são pensados, não porque não queremos, mas porque, simplesmente, não pensamos nisso ou não fomos instigados a pensar sobre determinado assunto.
Um exemplo que podemos dar a respeito de fatos não pensados e impensados é a incorporação de filmes como recurso didático. Os filmes podem ser ótimos recursos capazes de representar situações educativas dentro da sala de aula e, posteriormente, realizar discussões ou intervenções com os educandos.
Os filmes são ótimos recursos educacionais para fazer pensar, gerar, no educando e, até mesmo, no docente, o impensável no pensamento; uma maneira de suscitar problemas sociais e culturais e buscar respostas para essas questões “impensáveis”.
IMPORTANTE!
Não podemos fazer pelos outros aquilo que não fazemos por nós mesmos: autorizarmo-nos a pensar e termos autoria de pensamento é fundamental, se quisermos possibilitar a autoria em outros. Isso implica saber que o pensamento é ação: “quando digo que eu penso, estou dizendo que estou construindo algo novo ainda em relação ao que pensava antes” (FERNANDEZ, 2001, p. 106).
Inicialmente, estudante, você deve compreender que a aprendizagem não ocorre somente dentro de um contexto determinado, como o escolar, por exemplo. O processo de ensino e aprendizagem ocorre ao longo de nossas vidas. Desde nosso nascimento, aprendemos a comer, a andar, a escrever, a ler, a nos relacionar e tantas outras aprendizagens que podemos pensar.
Ocorre que, nem sempre, este processo ocorre de forma sistematizada, como na escola. Por isso, é preciso saber que nós, humanos, sempre estamos em processo de ensino e aprendizagem, ainda que não percebamos imediatamente.
Nesse momento, nossas discussões abarcam o processo de ensino e de aprendizagem proposto por Libâneo, em seu livro intitulado “Didática”. Esse educador brasileiro apresenta cinco propostas de processos de ensino, distintas entre si, que possibilitam que esse processo seja desenvolvido. Os processos de ensino ou métodos de ensino são utilizados como aporte teórico para que o professor consiga desenvolver o seu plano de trabalho e o seu plano de aula; os métodos de ensino são: o processo de exposição, de trabalho independente, de elaboração conjunta, de trabalho em grupo e atividades especiais.
O primeiro é o método de exposição; este consiste na apresentação dos conteúdos a serem aprendidos de forma verbal, seja falando sobre o tema, seja demonstrando por meio de ilustrações e exemplificações, dentre outras formas. A ideia é que o conteúdo seja exposto pelo professor para que o aluno possa aprender. Nessa forma de aprendizagem, a participação do aluno é nula, pois é o professor quem transmite o conhecimento. Tal metodologia é encontrada nas escolas tradicionais, cuja pedagogia centra o professor no processo de ensino e aprendizagem. O método expositivo de ensino é muito utilizado nas salas de aula e este não favorece o desenvolvimento das competências e habilidades dos alunos. Ele serve para expor o conteúdo aos alunos.
O segundo é o método de trabalho independente, que consiste em um estudo dirigido ou na solução de problemas, de forma individual, que é desenvolvido dentro da sala de aula. É um recurso pedagógico em que professor e aluno trabalham juntos. Nesse caso, o aluno recebe um estudo a ser realizado ou um problema a ser resolvido e trabalha individualmente ou coletivamente, mas tem a orientação do professor sempre que possível. Esse método pode ser trabalhado a partir de estudos de caso, e a criatividade e o pensamento lógico são fundamentais nesse método.
O terceiro método de ensino proposto é o da elaboração conjunta. Esse método baseia-se no diálogo entre professor e aluno ou entre aluno e aluno, a fim de que a aprendizagem ocorra. Por meio de perguntas, o professor incentiva a reflexão e o processo de elaboração das respostas. Esse método visa que o aluno obtenha novos conhecimentos, atitudes e habilidades.
O quarto é o método de trabalho em grupo, que propõe, por meio de debate, seminários ou outras formas de trabalho em grupo, o estudo sobre determinado tema e a apresentação de elementos que afirmam a aprendizagem sobre ele. No caso do seminário, por exemplo, um grupo de alunos é convidado a apresentar e debater determinado tema, mostrando domínio sobre este em sua argumentação. Esse método de ensino estimula o trabalho em grupo, o debate e a reflexão conjunta sobre um determinado aspecto. Além do mais, esse método estimula a aprendizagem cooperativa, autônoma e de construção do conhecimento coletivo.
O último método consiste nas atividades especiais, que seriam, por exemplo, o estudo do meio ou as atividades práticas. São atividades realizadas fora do contexto escolar, que servem para explorar, elaborar e refletir sobre o conhecimento.
Diante dos métodos de ensino expostos acima, é preciso questionar acerca de sua utilização: será que é possível utilizar o mesmo método sempre e para todos os conteúdos a serem elaborados pelo aluno?
Como estamos tratando do processo de ensino e aprendizagem sistematizado, é preciso pensar que a organização e a eleição dos métodos a serem utilizados mantêm relação direta com os objetivos da aula e da organização do trabalho pedagógico. Por exemplo: se meu objetivo, como professora, é alfabetizar o aluno, qual desses métodos trará a melhor resposta para o seu cumprimento?
O conteúdo e os objetivos a serem realizados na aula são determinantes para a escolha do método. Além disso, essa escolha depende, ainda, do conhecimento do professor sobre os alunos com os quais trabalha e dos fundamentos teórico-metodológicos que irá transmitir aos alunos. Por isso, é importante saber como cada aluno aprende, além do professor compreender que existem inúmeros métodos que irão lhe auxiliar em seu processo de ensino. Se tenho alunos mais inquietos, por exemplo, os métodos de trabalho em grupo podem ser melhores do que os de trabalho individual ou de exposição pelo professor.
Para finalizar, um último ponto é bastante importante para pensarmos, caro estudante. A escolha do método de ensino e aprendizagem depende, ainda e primordialmente, de como o professor compreende a educação e a aprendizagem. Suas crenças nesses conceitos definirão o modo como atua em sala de aula e como realiza o processo.
Portanto, é necessário pensar sobre a educação e ter uma definição, ainda que prévia, pois sempre podemos e devemos repensar sobre ela; isso é fundamental em sua caminhada nesta área, assim como pensar a educação, a aprendizagem, o ensino e as práticas que estão sendo desenvolvidas.
Nos dias atuais, há um consenso sobre a importânciade se utilizar o computador e a internet na educação e no saber-fazer docente, tendo em vista que seu uso deve ser realizado de maneira que o aluno ou, até mesmo, o professor sejam auxiliados por meio dessa tecnologia, empregando recursos que visem melhorar, cada vez mais, a eficácia da construção do conhecimento e suas relações com a sociedade.
Para Tajra (2012), os professores precisam tomar posse dos softwares educacionais e precisam ser capacitados para utilizá-los como um instrumento pedagógico. A partir do momento que a instituição disponibiliza instrumentos para o professor, como a internet, para auxiliar suas aulas, é preciso que o docente tenha capacidade de avaliar, de forma adequada, no que ela pode contribuir para a sua necessidade didática.
IMPORTANTE!
A internet é mais um canal de conhecimento, de trocas e buscas. A internet não substitui, ela facilita, aprimora as relações humanas, elabora novas formas de produção, estimula uma cultura digital, libera tempo, une povos e culturas e gera uma nova sociedade. A internet não se resume a um conjunto de backbones que interliga fisicamente os países e as informações. A tecnologia não está isolada de seu contexto histórico e de suas relações sociais. Quando falo internet, refiro-me à complexa rede hipertextual de lógicas e conhecimentos interrelacionados (TAJRA, 2012, p. 145).
Assim, o professor deve refletir a respeito da nova realidade do ensino existente, além de repensar sua prática e desenvolver novas maneiras de ação para alcançar melhorias. De acordo com Sanches (2008, p. 11), “[...] o professor não pode fechar o olhar para essa realidade, mas deve agregar esse recurso à sua didática de ensino, pois deve ser o mediador entre ambientes tecnológicos e alunos”.
Portanto, demonstramos a clara necessidade de capacitar os professores para atuarem com e por meio da internet, além de saberem lidar com recursos tecnológicos por ela proporcionados como aliados do ensino. Para Tajra (2012), essa nova realidade educacional precisa integrar a tecnologia com a proposta de ensino do professor. Mesmo que o uso das tecnologias auxilie o processo de ensino-aprendizagem, o professor deve, ainda, atuar como mediador e coordenador desse processo.
Para Magedanz (2004, p. 6), é extremamente importante que o professor valha-se de ambientes informatizados, que empreguem softwares educativos, que busquem sempre uma didática construtiva e educativa.
O professor tem uma figura muito importante, uma vez que suas experiências pedagógicas são fundamentais para ampliar o campo de conhecimento dos alunos. A partir do momento que o professor tem acesso e conhece as técnicas que envolvem as TICs, suas atividades desenvolvidas em sala de aula, como debates, exercícios e provas, passam a assumir um novo significado de construção do conhecimento.
A internet traz muitas vantagens para o docente no processo de ensino e aprendizagem, quando utilizada de maneira adequada. No entanto, existem alguns problemas e limitações quando a utilização é incorreta e despreparada, podendo gerar até transtornos no processo educacional.
Para que o professor e a professora passem a utilizar a internet como recurso pedagógico, é necessário que estejam capacitados e conscientes sobre suas implicações no processo de aprendizagem: positivas e negativas, além de conhecerem seus serviços e que saibam, de fato, utilizar essa ferramenta para fins pedagógicos.
Sabemos que a maioria dos professores, por não possuírem pleno domínio da utilização da informática, apresentam certo receio quanto à sua introdução e manuseio no ambiente educacional. É compreensível essa insegurança, mas, pensando nisso, é muito importante que as escolas realizem capacitações eficientes e possíveis para que tragam maior segurança ao professor, consequentemente, proporcionando-lhe “[...] confiança em desenvolver trabalhos que envolvam o uso dos computadores, e os tornem aptos a fazerem uso da informática e da internet em sala de aula” (MORAN, 2001, p. 23).
Há uma situação bem dicotômica no âmbito educacional. O professor vem ganhando cada vez mais direitos de utilizar essa ferramenta em suas aulas, mas, infelizmente, ainda não sabe como utilizá-la. Por isso a necessidade de se capacitar professores, já que as capacitações quebram barreiras e acabam gerando uma compreensão maior da evidente necessidade de inovar nas aulas.
Uma capacitação eficiente envolveria toda a comunidade educacional, sendo necessário um investimento [...] em projetos que favoreçam essa mudança, possibilitando a implantação bem como sua aplicação, de acordo com as necessidades e a viabiliadade educacional. (MORAN, 2001, p. 19)
Por isso, existe a necessidade dos espaços educativos investirem cada vez mais em projetos que incluam informática e internet em seus currículos. Contudo, é necessário considerar as características individuais de cada professor, nos aspectos pedagógicos e sociais, sejam conservadas mesmo diante das transformações ocorridas no âmbito tecnológico. 
Logo, a formação de professores e o ambiente educativo devem objetivar a edificação da aprendizagem do aluno, favorecendo a construção de um ser humano completo nos aspectos didáticos e sociais. Isso quer dizer que todas as medidas devem favorecer o aluno, sendo que este é o centro de todo esse processo, por isso:
[...] educar é levar o aluno ao conhecimento, ou seja, aprender a gerenciar um conjunto de informações e torna-las algo mais significativo para si, e não simplesmente absorver informações, pois estas são possíveis de serem esquecidas e de se perderem. Além de gerenciar a informação, é importante aprender a gerenciar também todo o universo das emoções. O processo de educar é complexo, e não envolve somente o processo de ensinar ideias, ensinar também a lidar com as sensações e emoções que ajudam a manter o equilíbrio e a viver com confiança. (MORAN, 2001, p. 19)
A aplicabilidade da internet pode ser definida, essencialmente, como um recurso que seja capaz de viabilizar o processo de comunicação e de transmissão de informações. Devido ao seu formato dinâmico, a Internet, hoje, é considerada como uma das ferramentas mais completas na área da comunicação. Assim, devido a seu aspecto atrativo, ágil e dinâmico, quando bem empregada, a internet pode tornar-se uma grande aliada no processo de ensino e de aprendizagem, por isso, é fundamental que o professor saiba o básico sobre informática.
Sabemos o quanto é difícil utilizar ferramentas tecnológicas na educação, pois há perfis bem diferentes, e a formação tradicional de professores acaba não incluindo, no currículo docente, o uso e o conhecimento de ferramentas tecnológicas. Isso resulta na exclusão dessas ferramentas da sala de aula, achando que não é necessária para o processo de aprendizagem. Nesse momento, apresentamos algumas estratégias para facilitar a adoção do uso de tecnologias pelos docentes. Vejamos:
Figura 2 -  Estratégias da era digital para professores
Diante de tantas possibilidades, a internet é uma valiosíssima ferramenta para mudar o processo de ensino, mas, para isso, os professores precisam de capacitação e estarem atentos ao ritmo de cada aluno, para que a curiosidade seja despertada não somente pelo uso da internet. Assim, compreendemos que, até mesmo para o processo didático, as novas tecnologias são imprescindíveis em nossa atuação pedagógica, por isso, você encontrará um infográfico que apresentará elementos conceituais, os quais estão envoltos ao processo didático da educação.
Elementos conceituais do processo didático
· ESCOLA
“A escola é para todos, tem caráter democrático, a organização disciplinar é realizada por meio da participação da comunidade, oferecendo condições para o processo de aprendizagem dos alunos”.
· PROFESSOR
“Sua função é facilitar o processo de aprendizagem”.
· ENSINO E APRENDIZAGEM
“Os objetivos educativos da escola precisam obedecer aos princípios de currículo e estar organizado coletivamente no trabalho dos professores, os conteúdos precisam ser selecionados a partir do interessedos alunos, e a avaliação acontece dentro do processo formativo”.
· ALUNO
“Sujeito que faz parte da instituição, ele é o centro do processo de ensino e aprendizagem, o professor deve enfocar a sua criatividade, ou seja, um aluno que aprendeu a aprender”.
O infográfico apresentado traz as principais conceituações que envolvem o processo da educação, do processo educacional, organização do trabalho pedagógico e a utilização das tecnologias educacionais. Os conceitos de escola, aluno, professor e ensino-aprendizagem são fundamentais para empreendermos sobre os objetivos educativos que intencionamos desenvolver em nossa prática, tendo em vista que esses conceitos permeiam todas as ações a serem desenvolvidas no processo de ensino e de aprendizagem, estando envoltos nos pressupostos culturais, sociais, políticos e históricos.
Assim, nesta aula, resgatamos o processo de construção da educação e a influência da cultura nesse movimento, salientamos os pressupostos de como a aprendizagem acontece e os métodos que proporcionam o ensinar, para que a aprendizagem, de fato, se concretize na ação docente.  
As 2 - Didática (Educação e Métodos de Ensino no Saber-Fazer Docente)
1 - Há uma série de autores que apontam que a cultura nos configura enquanto indivíduos. Isto é, ela fornece a nós elementos para o convívio social, isto é, nos dá um horizonte simbólico no qual nos tornamos que somos. Em grande medida, esses fatores são fornecidos via o processo educativo.
Nesse sentido, qual seria a responsabilidade da educação?
	
	a.
	A educação fornece ordem e a disciplina, configurando com isso sujeitos responsáveis.
	
	b.
	A educação tem a responsabilidade de nos tornar humanos.
	
	c.
	Como elemento central, a responsabilidade da educação é gerar momentos pedagógicos.
	
	d.
	O processo educativo nos fornece força para vencer na vida.
	
	e.
	O processo educativo é responsável por alimentar a chama do conhecimento.
2 - Em acordo com Fernández (2001), "inteligência não é adaptação ao meio", a autora argumenta que "(...) se a inteligência é adaptação ao meio, as baratas seriam os seres mais inteligentes”. Ou seja, é necessário muito mais do que experiências para que a inteligência possa se desenvolver. Diante disso, qual seria, para a autora a aprendizagem ideal?
	
	a.
	A aprendizagem reativa que se concretiza na ideia de reação aos conteúdos educacionais.
	
	b.
	A inteligência adaptativa, no qual o indivíduo se desenvolve refletindo sozinho sobre si.
	
	c.
	Natural híbrida, isto é, a assimilação de elementos subjetivos e emocionais.
	
	d.
	A inteligência passiva, ou seja, uma atitude de disciplina em relação aos saberes.
	
	e.
	A aprendizagem criativa que se estabelece entre assimilação e acomodação.
3 - Em acordo com Moran (2001), "educar é levar o aluno ao conhecimento", com isso o autor aponta para a necessidade de que o educando aprender a gerenciar dois elementos. Quais são eles?
	
	a.
	Informações e emoções.
	
	b.
	Ideias e conceitos.
	
	c.
	Sexualidade e criticidade.
	
	d.
	Comunicação e participação.
	
	e.
	Significativos e significantes.
4 - Sabemos que o advento das tecnologias da informação e comunicação e a presença da internet em nossas vidas é um ponto sem retorno. Isso quer dizer que é inevitável que os educadores tenham não apenas contato com estes veículos e ferramentas, mas é necessário sobretudo de conhecimentos sobre estes. Leia as sentenças abaixo e escolha a alternativa que apresenta adequação às três dicas que constam no material didático para que este quadro possa ser superado.
I - Buscar formação em tecnologia fora da escola em que trabalha;
II – Usar as redes sociais todos os dias dentro da sala de aula para descontrair;
III - Usar as ferramentas todos os dias, pesquisando por materiais de apoio;
IV – Participar dos treinamentos dados por sua escola.
	
	a.
	I, III e IV.
	
	b.
	Todas as alternativas.
	
	c.
	I, II e III
	
	d.
	II e IV
	
	e.
	I e IV.
Unidade 3 (Projeto Político Pedagógico e Participação Docente)
TÓPICOS ABORDADOS
· Definição de Projeto Político Pedagógico;
· Elaboração do Projeto Político Pedagógico;
· Participação docente no Projeto Político Pedagógico.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Conhecer a importância da participação docente na constituição do projeto político-pedagógico.
Projeto Político Pedagógico e Participação Docente
Iniciamos nossos estudos tratando sobre como o trabalho modifica o trabalhador, já que faz parte da participação docente na construção do projeto político pedagógico. É necessário pensar que, nesse processo de participação docente, há algo que a antecede tal questão: a práxis social. Portanto, devemos entender a práxis social como um trabalho “[...] cujo processo de realização desencadeia uma transformação real do trabalhador” (TARDIF, 2002, p. 56). Sabemos que o trabalho não é uma tarefa que apenas modifica determinados objetos encontrados na natureza; o trabalho visa modificar a identidade do trabalhador e sua forma de agir sobre o mundo.
Podemos dizer que o trabalho modifica a identidade do trabalhador, pois, a partir do momento que o indivíduo experiencia as ações de estar inserido em um local de trabalho, este passa a compreender as problemáticas que envolvem suas ações.
Um exemplo disso é, se um professor ou uma professora, de qualquer área do conhecimento, tem experiência de mais de 25 anos no magistério, esse profissional não faz, simplesmente, alguma coisa; ele modifica sua identidade, passa a alterar as marcas de sua atividade ao longo do período que leciona e sua existência passa a ser caracterizada por sua atuação profissional. Com o passar dos anos, esse profissional torna-se um(a) professor(a) com sua própria cultura, seu ethos, suas funções e interesses (TARDIF, 2002).
Se sabemos que o trabalho modifica o homem em sua identidade, é fato que o trabalho também irá moldar a forma desse indivíduo trabalhar, pois
[...] em toda ocupação, o tempo surge como um fator importante para compreender os saberes dos trabalhadores, uma vez que trabalhar remete a aprender a trabalhar, ou seja, a dominar progressivamente os saberes necessários à realização do trabalho [...] o trabalho é aprendido através da imersão no ambiente familiar e social, no contato direto e cotidiano com as tarefas dos adultos cuja realização as crianças e os jovens são formados pouco a pouco, muitas vezes por imitação, repetição e experiência direta. (TARDIF, 2002, p. 57)
Por isso, a aprendizagem concreta que envolve o ofício da prática docente passa a assumir uma forma de relação entre o trabalhador e seu trabalho. As experiências vivenciadas são de grande importância para o processo de formação e organização do trabalho pedagógico.
Os saberes docentes estão intimamente ligados ao trabalho e, com certeza, são ações temporais, já que são construídas e dominadas de maneira progressiva por aqueles que atuam na profissão. As diversas situações que os trabalhadores da educação enfrentam em seu cotidiano demonstram que eles precisam desenvolver habilidades e competências, isto é, atitudes específicas para solucionar determinados problemas que irão aparecer no cotidiano escolar. Logo, a prática profissional “[...] consiste numa resolução instrumental de problemas baseada na aplicação de teorias e técnica científicas construídas noutros campos” (TARDIF, 2002, p. 58).
Até o momento, percebe-se que as relações necessárias para a construção de uma boa prática docente é o tempo, o trabalho e a aprendizagem. Esses quesitos contribuem para a ampliação dos saberes profissionais que atuam na educação. Podemos denominá-los de prática cotidiana, pois são os saberes adquiridos no processo de formação e construção profissional que os professores terão subsídios para solucionar problemas referentes ao projeto político pedagógico e a participação da comunidade.
A construção de saberes docentes é o ponto chave da atuação dos professores. Obviamente, este processo não é uma tarefa fácil. Salientamos que “saber” tem um sentido amplo, que envolve conhecimentos,competências, habilidades e atitudes dos professores. No entanto, esses conhecimentos não são suficientes para que haja uma boa ação e participação docente no processo de organização da escola. Por exemplo: muitos professores acreditam que apenas ter conhecimento da matéria/disciplina que ministram é suficiente para executar a sua aula.
No entanto, sabemos que isso é um completo erro, pois o planejamento e o conhecimento são fundamentais para que o conhecimento a ser transmitido aos educandos aconteça de maneira eficiente e eficaz. Isso porque
[...] os saberes servem de base para o ensino, [...] não podem se limitar apenas a conteúdos bem circunscritos que dependem de um conhecimento especializado. Eles devem abranger uma grande diversidade de objetos, questões e problemas que estão relacionados com o trabalho e a prática docente. (TARDIF, 2002, p. 61)
Assim, a participação docente só irá ser efetiva a partir do momento que os saberes profissionais dos professores forem plurais e heterogêneos; serão esses saberes que trarão à tona o exercício da participação docente.
IMPORTANTE!
A participação docente deve abranger a diversidade dos saberes dos professores, sendo construído, assim, um modelo de categorias que irão edificar o conhecimento e a participação dos professores em sua prática profissional.
Apresentaremos o quadro a seguir que demonstra um modelo para que saibamos identificar e classificar os saberes docentes. Ao invés de propormos critérios, que apenas ajudam a discriminar alguns professores, buscamos compartilhar saberes que contribuam para o pluralismo de ideias e do saber profissional.
Clique nos botões abaixo para conhecer cada elemento.
Quadro 1 - Saberes dos Professores
Fonte: Tardif (2002, p. 63)
O quadro que apresentamos deixa evidente que os fenômenos da prática profissional são extremamente importantes para a participação e desenvolvimento do saber docente. Isso porque o saber docente é utilizado em qualquer contexto de atuação dos professores, seja na sala de aula ou junto à coordenação pedagógica, os conhecimentos dos professores demonstram o registro da natureza social de sua ação, principalmente, na organização do trabalho pedagógico.
IMPORTANTE!
O saber profissional está, de certo modo, na confluência entre várias fontes de saberes provenientes da história de vida individual, da sociedade, da instituição escolar, dos outros atores educativos, bem como dos lugares de formação. Ora, quando estes saberes são mobilizados nas interações diárias em sala de aula, é impossível identificar imediatamente suas origens: os gestos são fluidos e os pensamentos, [...] convergem para a realização da interação educativa do momento (TARDIF, 2002, p. 64).
Vejam quão importante é que o docente tenha saberes e como esses saberes influenciam em sua prática social e pedagógica!
Agora, é o momento de falar do Projeto Político Pedagógico (PPP). Este é um documento elaborado dentro de cada instituição escolar, que tem, por finalidade, orientar o trabalho pedagógico durante todo o ano letivo. Inicialmente, trataremos o conceito de planejamento, isso porque o PPP é fruto desse processo, e o planejamento precede o PPP. Depois, iremos articular com o saber docente e a participação do professor. Mas o que vem a ser o planejamento?
Segundo Vasconcellos (2012, p. 106, grifos do autor), “o planejamento deve partir da realidade concreta tanto dos sujeitos, quanto do objeto de conhecimento e do contexto em que se dá a ação pedagógica [...]”, ou seja, o professor deve conhecer a realidade social da comunidade em que a escola se encontra e dos alunos que a frequentam para fazer um planejamento coerente, assim como é importante o professor ter conhecimento frente ao objeto estudado.
Dessa forma, “a escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seus projetos educativos, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos [...]” (VEIGA, 2011, p. 11). Então, o Projeto Político Pedagógico (PPP) deve ser elaborado a partir da realidade concreta.
IMPORTANTE!
O projeto educacional das instituições escolares é constituído pela articulação entre os diversos projetos de vida; por meio da convergência de sonhos, a escola torna-se espaço democrático para formar vidas.
Para Vasconcellos (2012), deve-se levar em consideração as características dos alunos que frequentam a escola, para que o ensino seja organizado conforme suas necessidades.
Além disso, assim como o PPP é elaborado, este também deve ser executado e avaliado para que haja mudanças quando necessário. Em complemento, “o planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino [...]” (LIBÂNEO, 2012, p. 221).
O planejamento “[...] não pode ser um documento rígido e absoluto, pois uma das características do processo de ensino é que está sempre em movimento, está sempre sofrendo modificações face às condições reais [...]” (LIBÂNEO, 2012, p. 223). Portanto, deve ter coerência entre aquilo que foi planejado e a prática, mas é preciso explicitar que essa questão não faz com que o planejamento seja estático, ao contrário, ele deve ser avaliado, refletido e modificado constantemente, conforme as necessidades que forem surgindo ao longo do caminho, sendo flexível para serem feitas as alterações necessárias.
O planejamento pode ser encontrado em diversas áreas do conhecimento, assim como na vida pessoal de cada pessoa. Do mesmo modo que o planejamento é importante nesses locais, ele exerce um papel fundamental no âmbito educacional, já que, por meio dele, é possível que seja pensado, planejado, executado e avaliado o processo de ensino e aprendizagem. Dessa maneira, o planejamento tem grande importância para a educação. A seguir, apresentaremos o planejamento em diferentes níveis e modalidades.
O planejamento mais abrangente, exposto por Vasconcellos (2012), é o Planejamento do Sistema de Educação, que é feito em nível nacional, estadual ou municipal, assim como estipula a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96), em que a União é responsável por: “I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios” (BRASIL, 1996).
O Planejamento Educacional, então, “[...] consiste no processo de análise e reflexão das várias facetas de um sistema educacional, para delimitar suas dificuldades e prever alternativas de solução [...]” (HAYDT, 2011, p. 95), ou seja, tal planejamento é responsável por direcionar os professores sobre os caminhos a seguir, de forma a solucionar as dificuldades educacionais apresentadas no país, estado ou cidade, conforme a concepção política de educação predominante pelo Estado. Dessa forma, esse planejamento é importante para explicitar a filosofia educacional que o país adotou para formar a população (MENEGOLLA; SANT’ANNA, 2012).
A forma dessa filosofia educacional adotada pelo país chega às escolas brasileiras por meio do planejamento escolar, que diz respeito ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição, tendo, como objetivo, direcionar e formular planos frente à concepção política e pedagógica da escola, em consonância com o que é exposto no planejamento educacional. Portanto, todos os PPP são:
[...] um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. [...] Pedagógico, no sentido de definir ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. (VEIGA, 2011, p. 13)
Assim, o planejamento escolar, como o planejamento educacional, expressa a filosofia de educação adotada pelo país. O plano da escola pode ser caracterizado da seguinte forma:
o plano da escola é o plano pedagógico e administrativo da unidade escolar, onde se explicita a concepçãopedagógica do corpo docente, as bases teórico-metodológicas da organização didática, a contextualização social, econômica, política e cultural da escola [...]. (LIBÂNEO, 2012, p. 230)
Então, o plano escolar da instituição possui, como objetivo, direcionar e formular planos frente à concepção política e pedagógica da escola, isto é, é o documento que possui todas as informações sobre a instituição, que deve ser produzido, discutido e analisado coletivamente pela equipe escolar (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2003), pais e alunos, já que a escola deve ser pautada na Gestão Democrática, assim como exposto no Art. 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96).
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I - Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II - Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, art. 14, 1996)
Logo, é um direito da comunidade escolar e local a participação na elaboração do PPP, para que todos estejam cientes do objetivo e concepções em que a escola está pautada e para que trabalhem juntos, de forma a atingi-los, proporcionando, então, que todos aqueles relacionados ao processo de ensino-aprendizagem dos alunos tenham conhecimento frente à estrutura organizacional da escola, seus objetivos e metas. Isso propicia, também, uma aproximação entre as diferentes esferas que estão envolvidas nesta integração, ou seja, pais, alunos, professores, comunidade, etc. (LIBÂNEO, 2004).
No PPP, deve constar o Planejamento Curricular da instituição, que é definido por Vasconcellos (2012, p. 95) como “[...] a proposta geral das experiências de aprendizagem que serão oferecidas pela escola, incorporada nos diversos componentes curriculares”, isto é, a escola é responsável pela elaboração deste planejamento e nele são estabelecidos e estruturados todos os conteúdos que serão trabalhados em sala de aula, de cada ano escolar, não deixando de vincular-se com as propostas de currículo advindas da união, estadas e municípios.
Dessa maneira, o planejamento deve ser pensado pelo professor e, posteriormente, pode haver a sistematização do que foi planejado.
Portanto, o planejamento de aula oportuniza, ao professor, a possibilidade de pensar, refletir e buscar diferentes estratégias pedagógicas para potencializar o processo de ensino e aprendizagem em sala de aula.
Até aqui, vimos sobre a questão do planejamento. Agora, adentramos nas discussões que envolvem o Projeto Político Pedagógico.
A Importância do PPP na Organização do Trabalho Pedagógico
Vejamos o que Libâneo (2012, p. 483) fala a respeito do PPP:
[...] com a disseminação das práticas de gestão participativa, foi-se consolidando o entendimento de que o projeto pedagógico deveria ser pensado, discutido e formulado coletivamente, também como forma de construção da autonomia da escola, por meio da qual toda a equipe é envolvida nos processos de tomada de decisões sobre aspectos de organização escolar e pedagógico-curricular
Então, veja, estudante, que o PPP é uma prática social, construída historicamente, segundo os saberes que os professores produzem nas escolas, estando assentado nas diretrizes legais da educação brasileira. Ora, conseguiram perceber o quando os saberes docentes e o trabalho estão envolvidos na construção do PPP, e a importância que esse documento tem na garantia da democratização do ensino no Brasil. Logo, podemos conceituar o PPP como:
[...] plano global da instituição. pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um instrumento téorico-pedagógico para a intervenção e mudança da realidade. É um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação. (VASCONCELOS, 2004, p. 169)
Podemos dizer que o PPP só irá transformar-se em um direito e um dever quando a comunidade escolar, principalmente, os professores, estiverem envolvidos nesse processo. Obviamente, não só em seu envolvimento, mas também que acreditem na importância desse instrumento. A partir desse momento, o PPP não será somente um documento, mas também um instrumento que visa nortear todo o trabalho pedagógico da escola e dos professores.
Justamente por isso, o PPP deve ser construído coletivamente, a partir de demandas reais, que devem ser apontadas por professores, alunos, funcionários, pais e equipe pedagógica. Isso porque essa construção coletiva garante os princípios democráticos assentados na Constituição Federal de 1988. É com esse processo intermediário que se constrói a autonomia da escola, e a comunidade escolar e professores têm maior segurança para organizar seu trabalho pedagógico e alcançar os objetivos delimitados neste documento.
Como a construção do PPP é algo coletivo, é necessário que seus participantes, inclusive os docentes, articulem-se para compor e construir esse documento. O ponto de vista dos professores é demasiadamente importante para compreender as exigências do âmbito escolar, além de ser um espaço de interlocução de ideias.
Para Davies (2002), é necessário pensar o PPP como um direito e um dever da escola para com a comunidade, ou seja, uma forma de enfrentar os desafios da organização do trabalho pedagógico. Portanto, quanto maior for a participação da comunidade e dos docentes na construção do PPP, a escola conseguirá efetivar a democracia em seu espaço, já que o PPP é uma tarefa de todos, a qual norteará, de maneira fluída, a organização do trabalho docente.
Dessa forma, deve-se olhar para o PPP como um plano/instrumento de melhoria que pode contribuir para as mudanças da realidade da escola, que está configurada no trabalho pedagógico realizado nas salas de aula, no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação, nas relações interpessoais e na participação dos pais e responsáveis. Portanto, todas as atividades desenvolvidas na escola que têm, por finalidade, melhorar o processo de ensino-aprendizagem, estão fundamentadas na organização do trabalho pedagógico, que está configurado no PPP.
Os principais pontos que devem estar explicitados no PPP são:
Figura 3 - A organização do trabalho pedagógico que está configurada no Projeto político pedagógico
Como o PPP é um documento que reflete a realidade da escola, este também é capaz de indicar, a partir da participação docente, o tempo e as mudanças que devem acontecer na escola, como forma de acompanhar a sociedade. Por isso, é fundamental que as discussões sejam retomadas de tempos em tempos, a fim de verificar se as propostas orquestradas alcançaram as metas delimitadas.
Para Vasconcelos (2004), é muito importante ter, em mente, que o PPP não é um documento engessado. Ele deve ser flexível e passível de mudanças. Por isso, o PPP não pode ser imposto, mas, sim, construído coletivamente, já que esse documento expressa a identidade da comunidade escolar.
Enfatizamos que a participação dos professores é fundamental na elaboração do PPP, afinal é por meio do comprometimento dos professores que são trazidas discussões e visões de educação que nem sempre a equipe pedagógica consegue desenvolver sozinha. Além de apresentar possíveis ações a serem executadas, obviamente, a participação docente contribui para a melhoria da qualidade da educação nas escolas.
Mas, para que haja essa efetiva participação, os professores precisam estar motivados e terem compromisso profissional e ético. Além desses quesitos, os professores precisam estar convencidos da necessidade de sua participação no processo, já que “[...] a escola não pode ser propriedade dos professores, ela deve incluir toda comunidade educativa no planejamento de suas metas de melhoria” (HERNÁNDEZ, 2003, p. 25).
A partir da elaboração do PPP, tanto professores quanto a equipe diretivaprecisam conhecer a realidade dos alunos, a história de vida de cada um deles, pois isso possibilita que a equipe pedagógica busque alternativas para incluir os alunos no seu processo de desenvolvimento. O infográfico apresentado traz conceitos importantíssimos para compreender o PPP, afinal, o Projeto Político Pedagógico é o eixo norteador das práticas educativas existentes nas escolas e, quando conhecemos seus conceitos, verificamos a sua importância na organização do trabalho pedagógico e na prática docente.
Clique nos botões abaixo para conhecer cada conceito.
1 - Envolve a concepção de homem, sociedade, escola, educação, cultura, trabalho, tecnologia, cidadania, conhecimento, ensino, aprendizagem e avaliação.
2 - O referencial teórico desse documento está constituído do Marco Situacional, Marco Conceitual e Marco Operacional.
3 - Visa compreender criticamente a realidade que a escola está envolvida.
4 - Tem compromisso ético-político.
5 - Deve ter a participação de todos os sujeitos em sua constituição.
6 - Visa garantir a autonomia da escola.
7 - Busca valorizar os professores por meio de formações contínuas e continuadas.
8 - Tem compromisso do Estado na oferta e manutenção da educação da escola pública.
9 - A construção é coletiva visando sempre os conceitos de democracia e cidadania.
Os quesitos apresentados no infográfico demonstram as bases fundamentais que o PPP precisa conter para que a equipe pedagógica, professores, pais, alunos, diretor e professores tenham conhecimento desse documento tão fundamental para garantir uma educação de qualidade. Assim, estudante, o PPP torna-se o eixo norteador de todas as práticas a serem realizadas na escola como um todo e na sala de aula, pois a partir do momento que o docente tem acesso aos pressupostos filosóficos e a missão da escola, a forma de organizar seu trabalho e seu plano de aula torna-se muito mais viável e organizada
As 3 - Didática (Projeto Político Pedagógico e Participação Docente)
1 - Quando se fala em planejamento participativo na escola, entende-se que as ações estão voltadas para cumprir e elaborar o PPP. Nesse contexto, o planejamento participativo tem, por finalidade:
	
	a.
	 impor os ideais políticos dos gestores para melhorar o ensino.
	
	b.
	 acabar com o sistema de hierarquização e criar um ensino independente.
	
	c.
	 respeitar e valorizar o processo de hierarquia.
	
	d.
	 manter o funcionamento das escolas.
	
	e.
	 alcançar metas e objetivos estabelecidos para a qualidade da educação.
2- O Projeto Político Pedagógico das escolas deve prever que a formação de seus alunos esteja integrada com o trabalho. Por isso, é necessário conceber a formação profissional dos alunos (as) como:
	
	a.
	 parte da formação inicial e pré-requisito para concluir a educação básica.
	
	b.
	 independe de sua formação inicial, já que a educação para o trabalho tem um objetivo específico.
	
	c.
	 um pré-requisito para ingressar no mercado de trabalho.
	
	d.
	 uma etapa de formação inicial, entendida como generalista.
	
	e.
	 parte integrante da formação geral do aluno.
3 - A respeito do conhecimento sobre o Projeto Político Pedagógico da escola, analise os itens a seguir.
( ) No PPP, deve constar a organização do trabalho pedagógico da escola.
( ) O trabalho educativo desenvolvido na escola compõe a organização do trabalho do professor.
( ) A organização do trabalho do professor serve apenas para ele.
( ) A organização do trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor torna a escola um espaço de debate coletivo.
( ) O PPP necessariamente serve apenas para apresentar a filosofia da escola.
Atribua (C) para certo e (E) para errado nas assertivas acima e, posteriormente, assinale a alternativa correta.
	
	a.
	 C, C, E, C, E.
	
	b.
	 C, C, C, E, E.
	
	c.
	 E, E, E, C, C.
	
	d.
	C, E, C, E, C.
	
	e.
	 E, C, E, C, E.
4 - O Projeto Político Pedagógico, em acordo com Libâneo (2004) tem resguarda legalmente a ampla participação da comunidade escolar. Esta aproximação entre as diferentes esferas que estão envolvidas nesta integração visa:
	
	a.
	Contextualizar a ação pedagógica e rechaçar a comunidade escolar.
	
	b.
	missão, contexto, caracterização da escola e diretrizes pedagógicas.
	
	c.
	A constatação da missão e da escolha do público-alvo a acessar a escola.
	
	d.
	O conhecimento frente à estrutura organizacional da escola, seus objetivos e metas.
	
	e.
	O conhecimento da cultura organizacional da sociedade, seus problemas e soluções.
Unidade 4 (Planejamento e Prática Docente I)
TÓPICOS ABORDADOS
· Planejamento e prática docente;
· Aprendizagem por meio de projetos temáticos: por que trabalhar com projetos?
· Avaliação da aprendizagem de projetos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Refletir sobre a importância do planejamento da prática docente no processo de ensino e aprendizagem.
Planejamento e Prática Docente I
Nossos estudos permeiam as questões que envolvem a prática docente e o planejamento. A partir do momento em que nos tornamos professores passamos a planejar as nossas ações, e para isso elaboramos um planejamento. Com a experiência docente, as reflexões e as preparações de atividades fazem com que o docente passe a pesquisar mais sobre as suas práticas em sala de aula, e essa ação irá refletir nas atividades em que professor e aluno irão desenvolver juntos. É por isso que o planejamento existe. Mas, será que deve ficar somente no mundo das ideais? O planejamento precisa ser registrado? Qual é o papel da direção e/ou equipe pedagógica da escola para fazer com que o planejamento se efetive? Será que o professor precisa estabelecer linhas gerais que delimitem suas ações em sala de aula?
Esses questionamentos contribuirão com os nossos estudos à medida que formos desenvolvendo o conteúdo, isso porque as perguntas é que devem mover a prática docente.
Para Thomazi e Asinelli (2009), o planejar deve ultrapassar o planejamento propriamente dito, já que isso implica nas relações de poder que se constituem dentro da escola, e que, querendo ou não, envolvem os atores da escola. Uma coisa que precisa ficar muito clara é que o planejamento irá refletir e também interferir nas relações que ocorrem na escola e na sala de aula, e essa interferência irá chegar até os alunos, famílias, professores, diretores e pedagogos.
Por isso, é tão necessário que o planejamento seja estruturado e que esteja de acordo com o contexto e o cotidiano escola, afinal, nós sabemos que a escola não é um local rígido e inflexível. É por isso que o planejamento vem para organizar e também sistematizar o trabalho pedagógico de professores e equipe pedagógica, evitando, assim, que o processo de ensino seja sempre uma improvisação.
O fato é que o planejamento tem uma intencionalidade, e para compreendermos melhor essa perspectiva trazemos o que Padilha (2001, p. 63) fala a respeito:
Lembramos que realizar planos e planejamentos educacionais e escolares significa exercer uma atividade engajada, intencional, científica, de caráter político e ideológico e isento de neutralidade. Planejar, em sentido amplo, é um processo que visa dar respostas a um problema, através do estabelecimento de fins e meios que apontem para a sua superação, para atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro, mas sem desconsiderar as condições do presente e as experiências do passado, levando-se em conta os contextos e os pressupostos filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e de com quem se planeja. (PADILHA, 2001. p. 63)
Percebe-se que o planejamento envolve diversos contextos que visam contribuir com a prática docente, sendo essa prática a melhor forma de colocar em prática o que está estabelecido no currículo da escola.
É por meio do planejamento que nós, profissionais da educação, colocamos em prática o currículo da escola que está proposto no Projeto Político-pedagógico da Instituição. Neste momento convém explicar o que é o currículo, afinal, ele é uma das vértebras que sustenta a educação. Para Forquim (1989), o currículotem diversos usos, já que tem uma grandeza semântica. Logo podemos definir currículo como:
Percurso educacional, um conjunto de experiências de aprendizagens efetuadas por qualquer um sob o controle de uma instituição formal ao curso de um dado período. Por extensão, a noção designará menos um percurso efetivamente cumprido que um percurso prescrito por uma instituição escolar, quer dizer um programa, ou um conjunto de programas de aprendizagem organizadas em curso. (FORQUIM, 1989. p. 213)
Essa contribuição do autor demonstra o quanto o currículo é importante para o trabalho pedagógico docente, já que nos permite identificar como será o planejamento do professor, pois o saber escolar está assentado nesse processo de transmissão do conhecimento por meio do currículo.
Para Bernstein (1975), o currículo representa uma importante contribuição para a formação dos estudantes, pois, a partir do momento que a escola está inserida em um sistema de saber e esse sistema também está envolvo a um sistema de controle e poder da sociedade, há uma necessidade de selecionar, classificar, avaliar e distribuir os princípios que regem esse poder – e isso acontecerá por meio do currículo.
Outra questão que envolve a prática docente e o planejamento são as etapas que orientam a construção do planejamento, isso porque a questão do planejamento está ligada à educação e à concepção de ensino e aprendizagem.
Logo, quando um professor assume uma disciplina, ele tem a necessidade de delimitar suas ações, ou seja, tomar uma série de decisões que estejam relacionadas à sua visão de educação. Por isso, a partir do momento que passa a elaborar o planejamento, o docente precisa tomar decisões que envolvem o que o aluno irá aprender em cada bimestre e como ele irá fazer com que os conteúdos se articulem.
Para Castro et al. (2008), o planejamento escolar precisa ser concebido em três etapas: preparação, acompanhamento e aperfeiçoamento. Esses três princípios que estão intrínsecos ao planejamento precisam aparecer ao longo do planejamento a ser apresentado, tanto escritos quanto nas ações referentes ao planejamento. A partir do momento da elaboração do planejamento, o professor precisa deixar claro quais valores, atitudes, habilidades, competências e conhecimentos os alunos irão desenvolver ao longo do ano letivo, e isso tem um grande peso na elaboração do plano da disciplina, bem como nos planos de aula.
O mapa conceitual acima busca organizar as três etapas relatadas anteriormente. Essa organização é para que você, estudante, consiga compreender como elas estão relacionadas e o que cada uma delas significa para o processo de planejamento. Este mapa conceitual nos possibilita ver o quanto o planejamento é influenciado por diversos acontecimentos intrínsecos à escola. Por isso, a formação pedagógica para os docentes é tão importante, pois acaba contribuindo para o processo de ensino e aprendizagem de maneira mais efetiva, além de se comprometer com a formação integral do aluno, não pensando em sua formação voltada apenas para o mercado de trabalho.
Por isso, o papel do educador é tão importante, e sua função não é apenas a de ensinar, mas principalmente de levar o educando a aprender por meio de condições que façam com que o aluno adquira conhecimento.
E para que as ações pedagógicas do planejamento se concretizem, é essencial que professor elabore o plano de aula. Esse instrumento é a bússola que irá direcionar o trabalho docente e tornará as ações do professor facilitadoras para o processo de ensino e de aprendizagem, isso porque o plano de aula já busca prever as expectativas dos alunos, as dificuldades, os interesses e a catarse.
Logo, o planejamento tem sua constituinte essencial, pois o ensino precisa que o planejamento exista para que a organização, seleção e explicação de conteúdos passem a fazer sentido para os educandos e para que o resultado final seja a aprendizagem. É no planejamento que nós, docentes, iremos estabelecer os objetivos da disciplina, os métodos que iremos desenvolver o conteúdo e a maneira como iremos avaliar o processo. Portanto, no que tange à aprendizagem, sabemos que as atividades a serem aplicadas aos alunos precisam ter a função de assimilação de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades.
De acordo com Libâneo (1990), esse processo visa, na verdade, realizar a mediação dos objetivos estipulados previamente, de maneira que os conteúdos e os métodos possam ser sintetizados na aula e na ação didática do professor.
Para Silva (2007), para que o professor desenvolva um planejamento coerente, ele precisa contemplar os interesses dos alunos sobre determinados conteúdos, além de propor a resolução de problemas para que os alunos pesquisem e se direcionem pela pergunta norteadora. Portanto, o processo de ensino precisa permitir a interação de ideias entre alunos e professores, como forma do desenvolvimento do ensino e da aprendizagem. É justamente por isso que, em seu planejamento, o professor precisa delimitar objetivos mais amplos que alcancem as delimitações da disciplina.
Para que os objetivos sejam coerentes com a proposta disciplinar, é necessário que os docentes selecionem verbos de ação. O verbo é essencial no processo de construção do planejamento, pois é a partir da palavra escolhida que haverá a possibilidade de desenvolver o conteúdo previamente organizado. Um exemplo disso é: se em um determinado momento do planejamento o professor apresentar que o aluno deverá resumir o tópico apresentado, provavelmente o verbo a ser escolhido para desenvolver o objetivo cognitivo envolvido, seguindo a taxonomia de Bloom, é o verbo sintetizar. Já, em um outro momento, o professor solicita ao aluno que ele relacione os fenômenos que envolvem a disciplina e o mundo, logo, o objetivo que deve ser utilizado é valorizar. Consegue perceber, estudante, a importância dos objetivos nas ações cognitivas?
Para Teixeira (2005), os objetivos a serem elencados para o desenvolvimento do planejamento, principalmente no que tange às ações a serem desenvolvidas em sala de aula, devem ser claros e compreensíveis nos termos que estão sendo empregados. Abaixo apresentamos uma pequena tabela com alguns verbos que podem ser empregados na especificação de objetivos a serem desenvolvidos em um planejamento docente.
Quadro 1 - Verbos utilizados nos objetivos do planejamento docente
Fonte: Teixeira (2005)
Nesse processo é importante deixar bem claro que o objetivo precisa ter informações que irão contribuir para a materialização da aula. A partir do momento que algumas informações são omitidas, o professor passa a ter dificuldades para ensinar seus alunos. Apresentamos três especificações que indicam as relações entre o verbo e a ação:
1. especificação de desempenho ou comportamento;
2. especificação de condições em que o aprendizado será observado;
3. especificação dos padrões a serem alcançados.
A partir disso há uma tabela que contribui para que os objetivos afetivos a serem desenvolvidos se associem a verbos de ação. Vejamos:
Quadro 2 - Relação dos objetivos afetivos com os verbos de ação
Fonte: Teixeira (2005)
Agora apresentaremos os objetivos cognitivos e os verbos de ação associados que têm diferentes domínios de compreensão.
Quadro 3 - Objetivos cognitivos e os verbos de ação
Fonte: Teixeira (2005)
Para a utilização dos verbos apresentados, o professor precisa ter conhecimento de que os conteúdos a serem ensinados são conhecimentos sistematizados e selecionados da base científica, advindos da experiência social da humanidade e organizados para que possam ser ensinados na escola.
A jornada para a construção do planejamento é uma atitude importante, pois acaba revelando a importância de se investir no saber disciplinar, em que a transmissão de conhecimentos a serem realizadas pelo professor deverá ser definida com primazia. É a partir da daí que surge a importância da competência a ser desenvolvida, para que o docente possa escolher os verbos a serem utilizados para atingir objetivos já determinados, ou seja, é precisoestabelecer um processo de apreensão e construção do conhecimento.
De acordo com Anastasiou (1998), os programas de aprendizagem, ou de aprendizagem por meio de projetos, têm a responsabilidade de conquistar o conhecimento, a partir do momento que se adota processos de parceria e colaboração no desenvolvimento dos conteúdos a serem ministrados.
Nesse processo de aprendizagem, a relação entre a apreensão e o tipo de projeto a ser trabalhado em sala de aula deve deter os princípios dos conteúdos para que assim haja uma aprendizagem significativa.
Logo, a aprendizagem deve seguir quatro princípios que serão dispostos no infográfico a seguir:
· Conteúdos fatuais
São conhecimentos de fatos, acontecimentos, situações e fenômenos concretos, em que a aprendizagem é verificada de maneira literal.
· Conteúdos procedimentais
São ações ordenadas e que visam um determinado fim, isso inclui técnicas, métodos, destrezas e habilidades.
· Conteúdos atitudinais
Que podem ser agrupados em valores, atitudes e normas.
· Aprendizagem de conceitos
Nesse momento é necessário possibilitar a elaboração e, também a construção pessoal a respeito das interpretações de novas situações (ZABALA, 1998).
Portanto, a construção do conhecimento é um movimento dialético e também operacional, em que as atividades desenvolvidas pelos alunos precisam ter uma predominância perceptiva e reflexiva. Por isso, os princípios da aprendizagem são essenciais a serem adquiridos pelo docente, para que ele tenha conhecimento do que ensinar e como ensinar os seus alunos. Uma prática docente que garanta um processo de aprendizagem que seja sucesso só será possível ser desenvolvida a partir de estudo de textos, vídeos, pesquisas, debates em grupos, seminários, exercícios, entre outros. Essas metodologias possibilitam a constituição do conhecimento e visam superar a visão caótica do conhecimento.
Nesse momento, apresentamos o quadro que demonstra as possíveis estratégias que podem ser aplicadas no processo de aprendizagem. Vejamos:
	OBJETIVOS
	ESTRATÉGIAS
	Conhecimento do Grupo
· aquecimento de um grupo
· desbloqueio
· manifestação de expectativas 
	· apresentação simples
· apresentação cruzada em duplas
· complementação de frases
· desenhos em grupo
· deslocamentos físicos pela sala ou fora dela
· tempestade cerebral 
	
Aquisição de conhecimentos
	· leitura de textos
· leitura com roteiro de questões
· material de instrução programada
· excursão
· aulas expositivas dialogadas
· visitas técnicas
· estudo de caso
	
Desenvolvimento de Habilidades
	· dramatização, desempenho de papéis
· atividades em grupos
· grupo de observação
· painel integrado
· pequenos grupos para formular questões
· grupos de oposição
· aulas práticas
	
Desenvolvimento de Atitudes
	· debate em pequenos grupos
· estudo de caso
· relatórios com opiniões fundamentais
· estágios
· excursões
· dramatização
	
Confronto com a realidade
	· estágios
· excursões
· pesquisa de opinião
· estudo de caso
· estudo do meio
	
Desenvolvimento da capacidade de trabalho em equipe
	· pequenos grupos com uma só tarefa
· pequenos grupos com tarefas diferentes
· painel integrado
· diálogo sucessivos
	
Iniciativa na busca de informações
	· projeto de pesquisa
· estudo do meio
· estudo de caso
Quadro 4 - Objetivos e estratégias no processo de aprendizagem.
Fonte: Peixoto e Araújo (2012, p. 9)
Assim, quando pensamos em atividades ou avaliações baseadas em projetos, precisamos, enquanto docentes, definir as orientações e atividades que os alunos irão desenvolver; logo, a escolha de estratégias que permitam esse momento de construção do conhecimento é imprescindível.
A primeira delas é a significação. Esse momento visa estabelecer vínculos com o conteúdo a ser ministrado, além de associar à prática social do aluno. Nessa proposta de atividades baseadas em projetos, as atividades precisam ser significativas e estarem vinculadas com as relações existentes entre as necessidades dos alunos e as finalidades da disciplina.
Já a segunda é a problematização. Nesse momento, o professor deve apresentar os conceitos e a origem para o desenvolvimento de determinado projeto. Por isso, para Anastasiou (1998), a essência pedagógica precisa ser mediada pelo conhecimento docente. Esse professor precisa construir ações que sejam inovadoras e que mobilizem o comprometimento dos alunos com o conhecimento a ser transmitido. Portanto, é imprescindível que o professor desenvolva princípios racionais em seus alunos, para que eles possam compreender os conceitos básicos sobre o assunto que está sendo trabalhado. Além de acompanhar esse processo de aprendizagem, o professor precisa dar um feedback aos seus educandos, e isso ocorre por meio da avaliação, que deve ser compreendida como um processo que visa corrigir as possíveis distorções que ocorreram no processo de ensino e aprendizagem.
	O QUE AVALIAR
	TÉCNICAS AVALIATIVAS
	
Objetivos Cognitivos
	● prova discursiva ou dissertativa
● prova de testes
● entrevista
● prova com questões de lacunas
● exercícios com questões verdadeiro/falso
● prova com consulta
● trabalhos e pesquisas
● soluções de casos
	
Objetivos de habilidades
	● observação com roteiro e registro
● provas práticas
● relatórios 
	
Objetivos de atitudes
	● solução de caso
● observação
● entrevista
● dissertação
	
Objetivos de um programa
	● pré/pós-testes
● indicadores de aproveitamento
● questionários
● debates
	
Objetivos de um curso
	● debates
● observação
● questionários
● entrevistas
	
Desempenho docente
	● debates com alunos
● questionários
● indicadores de aproveitamento
● observação por escrito
Quadro 5 - A avaliação e suas técnicas
Fonte: Silva (2007, p. 87)
Assim, a aprendizagem baseada em projetos torna-se um modelo inovador de ensino e também de aprendizagem, já que esse processo envolve não somente os professores, mas principalmente os alunos, que atuam em atividades de pesquisa para solucionar problemas, permitindo que os alunos construam seu conhecimento de forma autônoma. As características que definem a aprendizagem baseada em projetos incluem: conteúdo, condições, atividades e resultados.
No quadro a seguir, sintetizamos esse processo em tópicos para que você estudante consiga ter uma melhor visualização desse processo:
Quadro 6 - A relação entre conteúdo, atividades, condições e resultados.
Fonte: MEC (2012)
Portanto, tanto o ato de planejar quanto às atividades baseadas em projetos são ações orgânicas, que estão presentes em nossa vida profissional e pessoa. Por isso o professor precisa levar em consideração a realidade em que o aluno está inserido, isso permite com que o educando tenha uma maior proximidades com as atividades e o conteúdo a ser ministrado.
As 4 - Didática (Planejamento e Prática Docente I)
1Em se tratando da sistematização das etapas de um dado planejamento, é preciso notar que esta deve ter como orientação a clareza conceitual no sentido de melhor orientar a ação. Diante Castro (2008) propõe três etapas: preparação, acompanhamento, aprimoramento. Na fase do acompanhamento, o que o autor propõe?
	
	a.
	enfraquecimento ou supressão do comportamento.
	
	b.
	Acompanhar conjuntamente ação educativa e o aprendizado.
	
	c.
	decisão quanto à dedicação do tempo destinado a uma tarefa.
	
	d.
	processo avaliativo dos resultados.
	
	e.
	processo cognitivo complexo.
2Conforme Thurler e Maulini (2012, p. 11-25), "a organização é, simultaneamente, a ordem e a mudança, o princípio alvo que mantém e transforma a dinâmica das interações. É a parte do trabalho que permite o trabalho [...] transformar as condições de produção do trabalho, ou ainda, produzir a atividade humana de produção. Assim, o homem produz a si mesmo pelo próprio trabalho". Logo, pode-se afirmar que a organização do trabalho é uma:
	
	a.
	 ação de troca entre patrão e empregado.
	
	b.
	 construção estritamente humana.
	
	c.
	 açãode alienação.
	
	d.
	 ação particularmente econômica.
	
	e.
	 construção social.
3Compreender a noção de currículo é uma prerrogativa indispensável para o trabalho docente. Isto porque é por ele que o docente irá efetuar o planejamento das suas ações. A partir disso, como podemos compreender esta noção?
	
	a.
	Como um percurso educacional, estabelecido em relações de poder.
	
	b.
	Através da submissão dos professores em sua atuação nas escolas.
	
	c.
	Como roteiro oferecido aos educandos para a faculdade e para a carreira
	
	d.
	Pela diferença de oportunidade para os alunos.
	
	e.
	Por meio da estagnação e melhoria contínua do processo educativo.
4Quando nos voltamos para o planejamento e ações envolvidas aos atos de ensiar e aprender estamos lidando diretamente com a construção de conhecimento. Isto é, quando propomos qualquer ação educativa lidamos com o conhecimento humano. Nesse sentido, seria possível afirmar que esse movimento se dá em duas dimensões:
	
	a.
	no plano dialético, da ordem da reflexão e no plano operacional, estabelecido especificamente nas ações.
	
	b.
	nos problemas exclusivos do educando e necessidade relativa da formação de professores.
	
	c.
	no modelo de educação convencional e no foco nos resultados satisfatórios da práxis pedagógica.
	
	d.
	nos problemas do planejamento docente e no desenvolvimento da educação com vista a modificar as políticas públicas.
	
	e.
	o verdadeiro sentido da educação e o sentido da ação profissional dos educacadores mediante novos demandas reflexivas.
Unidade 5 (Planejamento e a Prática Docente II Plano de Ensino e Plano de Aula)
TÓPICOS ABORDADOS
· Plano de Ensino.
· Plano de Aula.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Discutir a importância da elaboração do planejamento e do plano de aula no trabalho docente.
Planejamento e a Prática Docente II: Plano de Ensino e Plano de Aula
Os pressupostos que envolvem o planejamento de ensino e o plano de aula não são novidade na área educacional. Esse instrumento serve para atender a propósitos diferentes no âmbito da educação, delineamentos esses que têm determinados objetivos a serem cumpridos na formação do indivíduo.
Assim, para compreendermos a ideia que permeia o planejamento de ensino e o plano de aula, precisamos esboçar nem que seja brevemente algumas considerações sobre o sentido do planejamento, delimitando algumas ideias sobre ensino para que finalmente possamos debater sobre o planejamento de ensino e o plano de aula.
Quando falamos de planejamento, precisamos considerar algumas tendências contemporâneas, pois tanto o planejamento de ensino quanto o plano de aula estão ligados a essa configuração do planejar, que precisa considerar informações que sejam passíveis de serem organizadas e categorizadas em três grandes fatores associados ao processo de ensino: mudança no papel do homem no mundo, mudança no estilo de aprender e mudança no estilo de ensinar.
Quando tratamos da perspectiva de mudanças, sabemos que o papel do homem na sociedade em que ele está inserido é transformar. O homem torna-se criador e colecionador de informações que permitem que esse mesmo indivíduo interprete dados e seja responsável pelas tomadas de decisões.
Os indivíduos, a partir do momento que passam a manipular informações, têm de lidar com inúmeras informações que são consideradas flutuantes, ou seja, que se modificam ao longo do tempo e de maneira cada vez mais rápida. Por isso, as decisões que competem ao homem devem projetar ações a serem desenvolvidas para um futuro melhor.
As mudanças no estilo de vida das pessoas também afetam a forma de aprendizagem dos indivíduos, e passamos a ter um processo de aprendizagem baseado na leitura de textos, de interação com meios digitais e a autoaprendizagem. Quando se trata desse processo, percebemos que a aprendizagem audiovisual torna-se a que mais contempla a necessidades dos alunos e alunas em sala de aula, levando à total necessidade de transformar a maneira de planejar e até mesmo a autonomia que precisa ser concedida aos estudantes.
Por isso, quando falamos em mudanças, estamos nos referindo a modificações no estilo de ensinar, o que também implica na mudança do professor enquanto facilitador do processo de ensino e de aprendizagem. Para Garcia (1984, p. 10), deve “o professor deixar de ser mero transmissor de informações para se tornar um criador de estruturas para a organização de informações”.
Nesse processo, saímos de um modelo de professor que é apenas transmissor de conhecimento para um professor-pesquisador, que busca explorar novas ações e metodologias para o processo de ensino-aprendizagem.
Outro aspecto a destacar é o da consideração do professor isolado incompatível com todas as mudanças apresentadas, para a consideração de professor participante de redes de trabalho com diversificação de papéis, trabalho interdisciplinar para gerar novos campos de estudo e mesmo professor capaz de compartilhar suas competências com os demais membros de grupos de trabalho, visando decisões mais ricas e efetivas. (GARCIA, 1984. p. 10)
Quando citamos essas transformações, entendemos que elas não se esgotam apenas com o processo de inovação e que não acontecem de maneira compulsória. Acreditamos que essas mudanças ocorrem em meio a dificuldades, que são sentidas por professores e alunos no processo de aprendizagem.
IMPORTANTE!
O maior desafio da educação nos dias atuais é fazer com que alunos e alunas consigam aprender o que realmente está delimitado no planejamento do professor.
O conhecimento do professor e seu processo de formação contínua é importante para que as condições básicas consigam orientar o projeto de mudanças que são pretendidos ao longo a ação de formação de cada estudante.
A seguir veremos o planejamento de ensino.
Planejamento de Ensino
Assim, estudante, adentramos na questão do planejamento de ensino. Quando falamos a respeito do planejamento de ensino, estamos falando de um processo de tomada de decisões, que partem de informações que são constantemente coletadas. O professor, ao reuni-las, permite iniciar o processo de racionalização dos recursos para que ele consiga atingir os objetivos estipulados previamente dentro do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, é bom lembrar que nesse processo não se deve especificar apenas um agente para a tomada de decisões, isto porque a responsabilidade para que o planejamento de ensino se efetive é de todos os atores da escola.
Por isso, a instituição de ensino deve impulsionar a qualidade da educação que ali é ofertada, alunos e professores precisam ser vistos dentro da coletividade, e o planejamento de ensino precisa se associar às mais diversas áreas do conhecimento – até mesmo o corpo administrativo da instituição deve fazer parte desse processo de construção do conhecimento.
Dessa maneira, o planejamento de ensino deve ser um documento qualitativo, que tende a contribuir de maneira decisiva para o desempenho integrado de papéis específicos que detém uma meta comum, “a efetividade dos resultados atingidos, em relação ao proposto” (GARCIA, 1984. p. 12).
Assim, o planejamento de ensino não pode ser visto apenas como uma tarefa única e exclusivamente do professor da disciplina, já que compete a todo o corpo escolar e/ou universitário, e precisa estar de acordo com as políticas curriculares destinadas a cada área do conhecimento. O estilo de planejamento de ensino é resultante das práticas interdisciplinares da prática docente e deve estar envolvido com princípios, procedimentos e técnicas de melhoria da qualidade da educação.
REFLITA
Como o planejamento de ensino se torna um instrumento de garantia para a aprendizagem dos alunos?
E o que vem a ser o ensino nesse processo? Entendemos por ensino toda a ação deliberada e objetivada que atende a um processo planejado pelo professor, e tem por função alinhar os procedimentos de comunicação para que se possa prover interação com o aluno, visando sempre facilitar a aprendizagem dos estudantes.
Ao pensarmos sobre o processo de ensino, precisamos pensar como está ainteração entre professor e aluno, isso porque a natureza que envolve o ensino passa a se estabelecer dentro da sala de aula. E nesse movimento podemos destacar três fatores: professor como autoridade, professor como coordenador, professor como facilitador.
No entanto, diante de qualquer estilo que o professor adote para poder ensinar, ele precisa ter em mente a meta que pretende atingir no processo de aprendizagem de seus alunos.
Apoiar o ensino em algumas acepções de aprendizagem é útil, pois facilita a compatibilização dos eventos de processo de aprendizagem do aluno (condições internas) com as situações propostas pelo professor (condições externas) para efetivação da aprendizagem. (GARCIA, 1984, p. 14)
Assim, mencionamos no quadro a seguir algumas possibilidades sobre o processo de ensino:
Quadro 1 - Possibilidades no processo de ensino
Fonte: Garcia (1984, p. 13-14)
As fases mencionadas acima delineiam os direcionamentos que os professores precisam tomar em relação ao processo de ensino. Mas é importante destacar uma questão que o professor precisa realizar ao longo de sua carreira:
Como está o meu estilo de ensinar? 
A pergunta estruturada traz reflexões e uma proposta de ação conscientizado da importância do planejamento de ensino no processo de aprendizagem. Mesmo diante das dificuldades dessa ação por parte dos docentes, o planejamento de ensino é o melhor instrumento para efetivar a aprendizagem dos alunos, a partir do momento que os professores demonstram fragilidades em seus planejamentos, pouco eles conseguiram intervir na realidade dos alunos. A seguir apresentamos um modelo de plano de ensino, para que você, estudante, saiba como construir esse material tão importante na organização do trabalho docente.
	PLANEJAMENTO DE ENSINO
	CURSO:
	DOCENTE:
	CÓDIGO DA DISCIPLINA:
	ANO DE IMPLANTAÇÃO:
	CARGA-HORÁRIA:
	 
	EMENTA:
A ementa é uma forma de descrever discursivamente o conteúdo conceitual e procedimental de uma disciplina.
	OBJETIVO GERAL: corresponde ao objetivo mais amplo da disciplina, sempre buscando pensar: “o que meu aluno deve saber ao final desta disciplina?”.
 
OBJETIVO ESPECÍFICOS: referem-se às unidades de ensino, é o momento que explicita-se as ações que irão contribuir para o objetivo geral.
	CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: explicita-se os conteúdos a serem trabalhados ao longo da disciplina, distribuídos em tópicos.
	ESTRATÉGIAS DE ENSINO: são as ações previamente planejadas para facilitar a relação de ensino e aprendizagem. Essas ações podem apoiar-se em recursos como: aula expositiva, dialogada, seminário, resenha, debates, entre outros.
	CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: aqui deve se especificar o sistema de avaliação programada pelo departamento ou pelo colegiado do curso, especificando valores para as avaliações.
	BIBLIOGRAFIA BÁSICA: apresentar os principais livros que irão orientar a disciplina.
	BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: livros e/ou artigos que auxiliam nos estudos.
Quadro 2 - Planejamento de ensino
Fonte: Elaborado pela autora
Para Souza e Figueiredo (s/d), o planejamento de ensino é um organizador metodológico do conteúdo e visa atender às necessidades dos alunos.
TROCANDO IDEIAS
O planejamento deve ser compreendido como um instrumento capaz de intervir em uma situação real para transformá-la. É uma mediação teórico-metodológica para a ação consciente e intencional que tem por finalidade fazer algo vir à tona, fazer acontecer. Para isto, é necessário estabelecer as condições materiais, bem como a disposição interior, prevendo o desenvolvimento da ação no tempo e no espaço; caso contrário, vai se improvisando, agindo sob pressão, administrando por crise (SCHEWTSCHIK, 2017, p. 10664).
Para compreender melhor a questão apresentada, organizamos um quadro que demonstra a série de técnicas e procedimentos disponíveis para o professor utilizar no planejamento de ensino da disciplina.
Quadro 3 - Técnicas e procedimentos para o professor em sua reflexão pessoal
Fonte: Garcia (1982, p. 6)
A partir do momento que o professor compreende esses passos ele está apto a planificar. E o planejamento irá envolver: ideias, dinâmicas, projeções, programações, corporificações, plano de ação, entre outros.
Assim, podemos dizer que o planejamento de ensino envolve diversas etapas, como: análise lógica de conteúdo, mapeamento do conteúdo, relação de objetivos e elaboração do plano de avaliação. Lembrando que essas etapas devem ser feitas de maneira concomitante.
Apresentamos os princípios que envolvem o planejamento, e não obstante se faz necessário mostrar como o plano de aula está envolto a esse processo.
Plano de Aula
De acordo com Veiga (2008, p. 267), “a aula, é um lugar privilegiado da vida pedagógica, refere-se às dimensões do processo didático - ensinar, aprender, pesquisar e avaliar - preparado e organizado pelo professor e seus alunos”. Segundo a autora, aula nada mais é do que o momento em que se efetiva o fazer pedagógico, em que acontece de fato a aprendizagem, a pesquisa e o processo avaliativo – processos esses que precisam ser bem planejados.
O ato de planejar e organizar a ação docente é um processo que exige domínio de conhecimento sobre os diversos níveis que compõem o planejamento. Por isso, a didática é tão importante, pois, além de fazer parte da pedagogia, trata dos preceitos científicos que tendem a orientar a atividade educativa.
E a didática em geral nos ensina que o planejamento de uma aula inicia-se com o plano de aula, e é nesse instrumento que iremos delimitar o que o aluno irá aprender. A isso se deve a necessidade de pensar em objetivos, nos conteúdos que se pretende ensinar, na metodologia e na avaliação, tudo isso apresentado de maneira detalhada.
Para Zanon e Althus (2010), a atividade docente ainda apresenta fragilidades, isso porque, para alguns professores, planejar e dispor na construção de atividades é fácil, já para outros a dificuldade é maior. Assim, o processo de reflexão a respeito das finalidades e objetivos do plano de aula precisa ser feito por meio de grandes estudos. Caso o professor não realize o planejamento, a ação docente deixa de atingir seu principal objetivo que é a aprendizagem.
Os objetivos do plano de aula são caracterizados por verbos no infinitivo e visam designar um produto final da aula do professor; no caso, aquilo que queremos que o aluno aprenda.
De acordo com Libâneo (2013), o professor precisa ter conhecimento dos objetivos educacionais, para que o seu planejamento esteja de acordo com todo o processo pedagógico. O norte da prática docente ocorre por meio do planejamento e do plano de aula, por isso os objetivos são considerados o ponto de partida para o desenvolvimento da prática educativa, já que será por meio delas que o professor irá encaminhar o processo de ensino visando atingir a aprendizagem dos alunos.
Destacamos ainda que os conteúdos são um conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos e modos valorativos de atuação histórico-social, que estão organizados pedagogicamente e didaticamente para o processo de construção do conhecimento dos alunos. Libâneo (2013) coloca que os conteúdos são saberes que emergem da prática social e histórica que foram construídas pela humanidade, e traduzidos em matérias de ensino – por isso se transformam em conhecimento, o que resulta em capacidade cognoscitivas, e colaboram com o desenvolvimento das competências e habilidades.
Ela [a aula] é feita de prévias e planejadas escolhas de caminhos, que são diversos do ponto de vista dos métodos e técnicas de ensino; [...] também se constrói, em sua operacionalização, por percalços, que implicam correções de rota na ordem didática, bem como mudanças de rumo; [...] está sujeita a improvisos, porque não foram previstos, mas não pode constituir-se por improvisações. (ARAUJO, 2008, p.60-62)
Assim, para que a aprendizagem ocorra, é necessário que o professor encontre caminhos ou métodos de ensino. O método de ensino permite que o plano de aula tenha uma característica ativa, pois visa direcionar o processo de construção da aprendizagem,além de atender às necessidades dos alunos. Dessa forma, o professor precisa ter conhecimento de um “maior número de meios e estratégias para atender as diferentes demandas que aparecerão no transcurso do processo de ensino/aprendizagem” (ZABALA, 1998, p. 93).
Ainda, o “processo de planejamento inclui o processo de avaliação, sem exagero pode-se afirmar que o planejamento é um processo de avaliação que se junta a ação para mudar o que não esteja de acordo com o ideal” (GANDIN, 1994, p. 115). Pela ótica do autor, conseguimos compreender que a avaliação é responsável pela reorganização da prática pedagógica, sendo ela quem vai demonstrar se os objetivos foram alcançados.
O plano de aula precisa atender a todas as especificidades dos itens que o compõem. Trazer o objetivo da aula bem especificado, uma avaliação que revele se a intencionalidade foi atingida e as atividades relacionadas aos conteúdos que desenvolverão as habilidades necessárias para que ocorra a aprendizagem. Para tanto, ele precisa apontar uma avaliação que esteja alinhada aos objetivos de aprendizagem e que retrate se estes foram ou não alcançados. (SCHEWTSCHIK, 2017, p. 10668)
Por isso é tão importante alinhar a avaliação aos objetivos propostos no plano de aula. A seguir apresentamos um modelo de plano de aula, para que você, estudante, possa utilizá-lo no momento de elaboração de suas aulas semanais ou mensais.
Figura 3 - Plano de Aula
Vejam que o plano de aula contém praticamente os mesmos quesitos do plano de ensino, no entanto, o que os diferencia é que o plano de aula é elaborado para a semana que irá se trabalhar determinados conteúdo. Outro fator que se alinha a esse processo construtivo da prática docente é que, no plano de aula, o professor precisa direcionar a avaliação da aprendizagem, ou seja, ele precisa dizer como irá desenvolver a avaliação. O plano de aula e a prática de ensino se concentra em resultados da aprendizagem:
Um exemplo de prática de ensino que se concentra nos resultados de aprendizagem que se pretende que os estudantes alcancem [...] fornece orientações práticas aos professores sobre como planejar suas aulas, levando em consideração a perspectiva dos estudantes, de tal modo a mantê-los engajados de forma produtiva. (MENDONÇA, 2014, p. 2)
Nesse sentido, as atividades que serão realizadas pelos alunos devem demonstrar o que eles aprenderam. O plano de aula mais completo utilizado é do Professor Gasparin, organizado da seguinte maneira:
	PLANO DE AULA
	DISCIPLINA:
	 
	OBJETIVO GERAL: corresponde ao objetivo mais amplo do conteúdo a ser ministrado, sempre buscando pensar: “o que meu aluno deve saber ao final deste conteúdo?”.
 
OBJETIVO ESPECÍFICOS: referem-se às unidades de ensino, é o momento que se explicitam as ações que irão contribuir para o objetivo geral.
	I.                    PRÁTICA SOCIAL INICIAL DO CONTEÚDO
1.1   CONTEÚDO:
Vivência do Conteúdo:
a)       O que os alunos já sabem sobre o conteúdo ministrado?
b)      O que os alunos gostariam de saber mais sobre o conteúdo?
II.                  PROBLEMATIZAÇÃO
2.1   DISCUSSÃO:
a)       O que é necessário para a produção de XXXXXXXXXXXX???
2.2   DIMENSÕES DO CONTEÚDO:
a)      Conceitual
b)      Social
c)      Histórica
d)      Cultural
III.                INSTRUMENTALIZAÇÃO
Aqui o professor deve explicar como será a aula e prever como irá desenvolver os conteúdos, a problematização e os recursos que utilizará para desenvolver as atividades.
IV.                RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS
V.                  CATARSE
5.1   SÍNTESE MENTAL DO ALUNO
Aqui o professor irá explicitar tudo aquilo que o aluno apreendeu ao longo dessa etapa e qual o resultado dela.
VI.                PRÁTICA SOCIAL FINAL DO CONTEÚDO
6.1   Intenções do Aluno
6.2   Ações do Aluno
	BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas: Autores Associados, 2003
Quadro 4 - Plano de aula
Isso demonstra que o plano de aula deve conter objetivos de aprendizagem que estejam bem definidos e atividades avaliativas alinhadas ao objetivo proposto.
O que eu pretendo que meus alunos sejam capazes de fazer depois do que eu ensinei e que não podiam fazer antes? Em que nível eles são capazes de fazer? Como faço para promover atividades que irão ajudá-los a alcançar os resultados pretendidos da aprendizagem? Como posso avaliá-los para ver se eles alcançaram tais resultados? (BIGGS; TANG, 2010, apud MENDONÇA, 2014. p.2)
Por isso focar no alinhamento entre objetivos e avaliação é tão importante, pois possibilita que o professor alcance bons resultados no processo de ensino. É justamente nesse processo que as atividades que irá desenvolver no processo de avaliação precisam estar no mesmo nível dos objetivos de aprendizagem, ou seja, a avaliação deve corresponder ao objetivo.
Figura 4 - Esquema de Alinhamento Construtivismo
Fonte: Dalcorso e Tamassia (2017)
O esquema apresentado ilustra o detalhamento do alinhamento construtivo. Essa prática descrita nele visa definir os resultados pretendidos na aprendizagem. 
Tanto o planejamento de ensino quanto o plano de aula são instrumentos essenciais na prática docente, pois eles visam garantir a aprendizagem e avaliar o que realmente se efetivou ao final de cada aula, sem se desvincular do processo de aprendizagem.
Até aqui tratamos sobre as questões que envolvem o plano de ensino e o plano de aula, no entanto há conceitos importantes para que essa prática do trabalho docente se efetive. Assim, o infográfico estruturado exclusivamente para seus estudos demonstra quais são os importantes conceitos que fazem parte dos instrumentos da prática pedagógica docente.
· PREPARAÇÃO
Autoanálise do professor, técnicas de redação de objetivos instrucionais, técnicas de mapeamento do conteúdo.
· ENTREGA DA INSTRUÇÃO
Estratégias instrucionais específicas para que o processo de ensino dos alunos seja eficiente.
· AVALIAÇÃO
Avaliação normativa, avaliação por critérios e realimentação do processo de aprendizagem.
Assim, o infográfico apresentado permite compreendermos os principais quesitos que envolvem o plano de aula e o plano de ensino, além de como eles são importantes para a prática docente. Ao longo da nossa aula, buscamos discutir a respeito da necessidade da construção do plano de ensino e do plano de aula, evidenciando os elementos necessários para a sua construção, e como esses documentos fazem parte da prática docente e são fundamentais para o processo de aprendizagem com qualidade do aluno.
As 5 - Didática (Planejamento e a Prática Docente II Plano de Ensino e Plano de Aula)
1 - As mudanças ocorridas nos últimos anos foram sem precedentes na história da humanidade, configurando até a maneira como interagimos uns com os outros. Esse processo também atingiu em cheio a educação. Em se tratando do sentido de planejar ações pedagógicas, quais fatores relacionados ao processo de ensino?
	
	a.
	proposição de novos problemas, atuar frente às TICs, estabelecer metas educacionais e planos de ação.
	
	b.
	mudança no papel do homem no mundo, mudança no estilo de aprender e mudança no estilo de ensinar.
	
	c.
	mudanças no papel do Estado, mudanças no planejamento ordenado e resiliência.
	
	d.
	Saber lidar com a leitura, saber lidar com a escola, saber lidar com o currículo e com suas metas.
	
	e.
	abordagem tecnológica, composição de planejamentos adequado e atuação voltada para as mudanças estruturais.
2 - Planejar é um ato, ou seja, uma atividade que projeta, organiza e sistematiza o fazer e o saber docente. Dentro do planejamento, há situações que precisam ser consideradas. Assim, no planejamento da aula, o professor deve apresentar o elemento “como fazer”, que é sinônimo de:
	
	a.
	 conteúdo.
	
	b.
	 objetivo geral.
	
	c.
	 metodologia.
	
	d.
	 catarse.
	
	e.
	 avaliação.
3 - Acerca do plano de ensino e do plano de aula, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) para as frases abaixo.
( ) O plano de ensino deve ser considerado um roteiro organizado dos conteúdos a serem abrangidos no semestre.
( ) O planode aula é um documento que visa apresentar o conteúdo curricular que será trabalhado pelo professor.
( ) O planejamento escolar é um roteiro que visa organizar as unidades curriculares semestrais.
( ) O plano de ensino é um processo de orientação geral para o trabalho docente. ( ) O plano de ensino deve ser chamado de plano de atividades didáticas.
( ) O plano de aula é um documento detalhado do plano de ensino.
Assinale a alternativa correta.
	
	a.
	 V, F, V, F, V, F.
	
	b.
	 V, F, F, F, V, V.
	
	c.
	 F, F, V, V, V, F.
	
	d.
	 V, V, V, V, F, F.
	
	e.
	 F, F, V, V, V, V.
4 - Leia o excerto abaixo e assinale a alternativa correta.
O plano de aula deve ser considerado um instrumento de trabalho docente, isso porque auxilia na organização do tempo e das atividades que serão aplicadas junto aos alunos, de maneira a atingir as habilidades e competências propostas no planejamento curricular. O plano de aula deve ser elaborado pensando no processo de aprendizagem do aluno. O professor deve articular o conhecimento científico e as experiências de cada sujeito.
A partir desse excerto, responda: quais os principais itens que o professor deve apresentar em seu plano de aula?
	
	a.
	 O plano de aula precisa ser criativo, caso contrário, as aulas serão ruins e os alunos terão um péssimo aproveitamento dos conteúdos curriculares.
	
	b.
	 O plano de aula deve envolver todos os segmentos curriculares.
	
	c.
	 O plano de aula é um instrumento imutável. O professor deve seguir fielmente o que está estipulado neste documento.
	
	d.
	 O plano de aula precisa conter metodologia, conteúdo, objetivos e as atividades que serão desenvolvidas.
	
	e.
	 O plano de aula é elaborado para atender às necessidades de trabalho do professor, e não da aprendizagem do aluno.
Unidade 6 (Os Quatro Pilares da Educação e a Prática Docente)
TÓPICOS ABORDADOS
· Necessidades pedagógicas para o saber docente;
· Os quatro pilares da educação propostos para a prática docente.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Proporcionar reflexões sobre as necessidades pedagógicas essenciais na atuação dos professores.
Os Quatro Pilares da Educação e a Prática Docente
Nas últimas décadas, houve inúmeras mudanças no mundo do trabalho, fator que atingiu, também, a escola e a educação. Nesse processo, temos uma nova concepção de educação, que passa a exigir uma formação de professores para atuar na realidade em que os estudantes estão inseridos.
A concepção dos saberes docentes passam a ter um novo viés, que visa ampliar as competências dos docentes, constituindo um novo tipo de profissional, ou seja, “[...] aquele que é capaz de criar situações de aprendizagem nas quais o jovem desenvolva a capacidade de trabalhar intelectualmente, a partir do que se capacita para enfrentar as situações da prática social e do trabalho” (KUENZER, 2008, p. 28).
A partir do momento que passamos a considerar as particularidades e as especificidades apresentadas em nossa sociedade que, hoje, modifica as relações de trabalho, confere-se, à formação docente, algumas dimensões, como cita Kuenzer (2008, p. 31-33),
[...] deve conhecer o mundo do trabalho sem ingenuidade, a partir da apreensão do caráter de totalidade das relações sociais produtivas [...]; [...] exigir que se tenha clareza a respeito de qual educação se está falando, uma vez que ela atende a diversos níveis, da básica à científica-tecnológica de alto nível [...] e a existência de conhecimento, elaborados através de pesquisas realizadas nas últimas décadas que permitem configurar uma pedagogia adequada, a ser considerada na elaboração dos programas de formação de professores [...].
Quando nos referimos aos saberes docentes, ressaltamos a necessidade de estudar o trabalho docente a partir de uma dimensão ontológica, em que esta passa a constituir o ser social, por isso, é preciso estudar as bases materiais que cimentam tal saber.
Ao levarmos em consideração a reflexão de Kuenzer, indagamos a complexidade que envolve os saberes necessários docentes, pois essas ações envolvem o mundo do trabalho e o mundo da escola, além dos saberes dos professores.
REFLITA
Quais os saberes necessários que os professores necessitarão ter para que haja um desempenho profissional para enfrentar os novos desafios?
A partir disso, podemos, também, aproximar-nos das propostas de Tardif (2004), as quais dizem que o saber docente está atrelado às condicionalidades do contexto do trabalho do professor, ou seja, “[...] saber é sempre o saber de alguém que trabalha alguma coisa no intuito de realizar um objetivo qualquer” (TARDIF, 2004, p. 11). Por isso, os saberes necessários docentes para que se exerça a profissão de professor podem ser classificados em quatro categorias, como: saberes da formação profissional; saberes curriculares; saberes experienciais e os saberes disciplinares.
IMPORTANTE!
Para a atuação profissional como professor, o processo formativo é considerado essencial não só na formação inicial, mas também ao longo da profissão, na perspectiva da formação continuada, uma vez que a docência exige constante aperfeiçoamento de práticas, conhecimentos e saberes (FREIRE; SKEIKA, 2015, p. 17065).
Nesse sentido, a formação docente deve sempre ser o problema central dos saberes necessários para a prática docente. Logo, o professor precisa envolver seu trabalho em elementos advindos de sua experiência e de seu processo formativo. Isso torna-o um docente único e seus saberes pedagógicos passam a fazer mais sentido para os seus alunos.
Um dos aspectos relevantes da profissão docente são passíveis de momentos de aperfeiçoamento e de aprendizagem ao longo da sua formação, seja ela inicial ou continuada, e o conhecimento do professor é um dos fatores mais importantes para ensinar qualquer tipo de conteúdo aos seus alunos.
Os conhecimentos pedagógicos são inseridos em um espectro mais amplo, que envolve competências e habilidades dos professores, e este vai desenvolvendo essas ações ao longo de seu trabalho profissional. Logicamente que isso inclui ações didático-pedagógicas, conteúdo e relações interpessoais.
Para Fernandez (2011), existem diversas formas de compreender o saber docente e do professor exercer sua profissão, por isso há inúmeras discussões sobre os conhecimentos que são necessários para exercer a prática docente. Essa prática também é conhecida como knowledge base for teaching, que é um conjunto de teorias que passa a sustentar a formação inicial dos professores. Esse conhecimento é necessário para que os professores consigam ensinar aquilo que denominamos de base de conhecimentos para o ensino.
A base de conhecimentos para o ensino deve ser compreendida como “[...] um corpo de compreensões, conhecimentos, habilidades e disposições que são necessários para que o professor possa propiciar processos de ensinar e de aprender, em diferentes áreas de conhecimento, níveis, contextos e modalidades de ensino” (MIZUKAMI, 2004, p. 91). Logo, a base de conhecimentos possui diversas naturezas, que são essenciais para os saberes pedagógicos dos professores. Esses conhecimentos podem ser delimitados como: conhecimento, respeito aos alunos, conteúdos específicos, questões pedagógicas e aprendizagem.
O conhecimento pedagógico ou pedagogical content knowledge são conhecimentos que distinguem os licenciados dos bacharéis. Essa categoria pode ser organizada a partir de algumas propostas, como
1) conhecimento pedagógico geral (composto pelo conhecimento dos alunos e sua aprendizagem, gestão da sala de aula, currículo e instrução e outros); 2) conhecimento do tema (que inclui o conhecimento das estruturas sintáticas e substantivas e do próprio conteúdo); 3) conhecimento do contexto (conhecimento do estudante em relação à comunidade, à escola e ao distrito/região) e; 4) conhecimento pedagógico do conteúdo (guiado pela concepção dos propósitos para ensinar um conteúdo específico e constituído pelo conhecimento da compreensão dos estudantes, do currículo e das estratégias instrucionais); sendo que, esse último é influenciado e influente nos demais e é consideradoo conhecimento central da base de conhecimentos de um professor (FREIRE; SKEIKA, 2015, p. 17065).
O esquema ilustrativo que apresentamos agora consegue demonstrar, de maneira clara, a citação acima, vejamos.
Esta imagem demonstra como os saberes necessários aos docentes relacionam-se aos conhecimentos utilizados para ensinar; e o processo de ensino, muitas vezes, visa propor ou, até mesmo, ampliar os conhecimentos dos docentes que estão em processo de formação inicial ou continuada. Por isso, podemos dizer que um excelente profissional da educação é aquele que consegue transitar pelos mais diferentes conhecimentos que envolve o ensino e faz uso de diversas metodologias para colocar, em prática, seu ensino, bem como o conteúdo que irá ministrar no processo de aprendizagem.
Sabemos que o professor precisa ter conhecimentos essenciais que estão para além daqueles relacionados à sua área de pesquisa. Esse docente precisa ter conhecimentos relacionados à gestão escolar e atualização profissional. Os autores Gauthier et al (1998, p. 22, grifo nosso) retrata que os saberes necessários à prática docente se organizam da seguinte forma:
1)Disciplinar - conhecimento do conteúdo a ser ensinado;
2)Curricular - transformação da disciplina em programa de ensino;
3)Ciências da Educação - saber profissional específico que não está diretamente relacionado com a ação pedagógica;
4)Tradição Pedagógica - saber de dar aulas que será adaptado e modificado pelo saber experiencial, podendo ser validado pelo saber da ação pedagógica;
5)Experiência - julgamentos privados responsáveis pela elaboração, ao longo do tempo, de uma jurisprudência particular;
6)Ação pedagógica - saber experiencial tornado público e testado.
Vejam que os saberes mencionados não se restringem, exclusivamente, às questões do ensino, pois também estão assentados no processo administrativo e pedagógico da instituição. Você pode me perguntar, mas por quê, professora?
Veja que o(a) professor(a) é parte integrante de todas as ações que são desenvolvidas na escola. Ele não se porta como mero expectador, já que ele é o agente que faz a escola funcionar. Exatamente por isso é que ele precisa estar envolvido nessas questões, um envolvimento que está para além da sala de aula e que busca, no saber profissional desse docente, os direcionamentos das ações pedagógicas. Por isso, podemos dizer que não há docência sem deiscência!
Figura 4 - Flor da docência
Uma das tarefas mais importantes do saber docente é trabalhar com os seus alunos com grande rigorosidade metódica, em que o professor deve aproximá-los dos objetos cognoscíveis. Logicamente, essa rigorosidade não quer dizer que o professor precisa voltar para a tendência tradicional, mas sim prezar por apresentar os conceitos do que será ensinado em sua aula, pois, quando o professor propõe a produção de novos conhecimentos, o aluno passa a superar aquele velho conhecimento que tinha, por isso é tão importante apresentar os conceitos de cada assunto a ser tratado.
Outro fator é que o professor precisa ser um pesquisador e saber ensinar os seus alunos a pesquisarem, pois é a partir da pesquisa que se trabalha com a produção do conhecimento.
Dentro dessas questões, o professor precisa discutir e dialogar com seus educandos sobre a realidade concreta em que estamos inseridos. É preciso dar exemplos, no contexto da aula, da realidade objetiva que vivemos, pois é por meio de exemplos que os alunos, muitas vezes, conseguem assimilar o conteúdo apresentado. Essa prática também deve direcionar para a prática de relações entre os saberes curriculares necessários à formação do educando e à experiência social que cada um tem em sua vida cotidiana.
Em sua prática docente, o professor deve ensinar os alunos a superarem a curiosidade ingênua, obviamente, sem deixar de ser curiosidade, mas que essa curiosidade leve-os à prática da criticidade, pois é por meio dessas ações que o aluno passa a apreender o rigor metodológico do ensino e consegue aproximar-se do objeto estudado.
Uma ação necessária e importante neste caminhar é que a rigorosidade da pesquisa e a criticidade não podem estar distantes da ética, que deve sempre caminhar ao lado da estética. Materiais bem elaborados, coloridos, com a língua portuguesa formal bem utilizada são mecanismos que chamam muito a atenção dos alunos.
A partir desses princípios, a relação professor-aluno também deve aceitar o novo, mas sem negar aquilo que já foi compreendido, pois essa prática é a continuidade do processo histórico tão importante na formação de cada indivíduo.
O pensar sobre questões certas dentro de uma perspectiva ética pode transformar a prática docente, que envolve dinamicidade, dialética e ações entre o fazer e o pensar. Isso porque o saber, na prática docente, é quase sempre espontâneo e, em muitos casos, produz um saber ingênuo, que acaba faltando a rigorosidade metódica da teoria.
Com isso tudo, temos o resultado de que ensinar não é transferir conhecimento (FREIRE, 2000).
Figura 5 - Resultado dos saberes docentes
Assim, o professor precisa compreender, em seus saberes-docentes, que, para ensinar, é necessário apreender que a educação é uma forma de intervir no mundo onde se esta inserido. Todos os professores precisam estar abertos ao diálogo para ensinar de maneira prazerosa.
Tardif (2002) ressalta que os saberes necessários à prática docente relacionam-se, também, à problematização do ensino e à formação de professores. Exatamente por isso o autor salienta que o saber pedagógico dos docentes estão organizados em seis eixos. Vejam quais são!
Esses fios condutores da carreira docente possibilitam que o professor compreenda a relação entre seu trabalho, escola e sala de aula; o professor, mediante a sua pluralidade de conhecimentos, passa a focalizar os saberes necessários que irão alicerçar sua prática profissional.
REFLITA
A melhoria na qualidade da educação tem sido constantemente discutida pela sociedade, pelo governo e pelas instituições de ensino?
Dentro desse processo de conhecimento, os saberes docentes necessários à prática pedagógica trazem a necessidade dos professores manterem-se atualizados, mas essa atualização não é apenas de informações, sendo, também, de conhecimento científico e uma formação solidificada em conceitos e práticas que configurem a prática pedagógica dos professores. De acordo com Perrenoud (2000), Freire (2011), Tardif (2014) e Gauthier (2006), os saberes docentes são plurais e não podem reduzir-se a um mero conhecimento conteudista.
A árvore dos saberes docentes permite-nos enxergar todo esse processo de uma maneira mais lúdica e dinâmica. Vejamos:
Figura 6 - Árvore de saberes docente
Discutir sobre os processos que envolvem a prática e a formação de professores é essencial para uma educação de qualidade, por isso, a formação é tão necessária e importante, pois o docente não é um ser “[...] descartável, nem substituível, pois, quando bem formado, ele detém um saber que alia conhecimento e conteúdos à didática e às condições de aprendizagem para segmentos diferenciados” (GATTI, 2009, p. 91). Por isso, as instituições que trabalham com a formação de professores precisam preocupar-se com os rumos da educação, vivenciando a
[...] busca de novos currículos educacionais e de uma formação ao mesmo tempo polivalente e diversificada de professores, as propostas de transversalidade de conhecimento em temas polêmicos, mostram que a área educacional encontra-se no meio desse movimento em busca de alternativas formativas (GATTI, 2009, p. 94).
As ações que são intrínsecas à docência também relacionam-se às competências e habilidades necessárias para formar o professor, além desse profissional compreender que os saberes docentes não podem e não devem limitar-se ao conhecimento de conteúdos específicos, como mencionamos anteriormente.
O professor precisa estar disposto, sempre, a estudar, pois, constantemente, lhe será cobrado um conhecimento amplo, que precisa ser desenvolvido coletivamente e de maneira interdisciplinar. O professor precisa estaraberto ao diálogo e sua comunicação precisa ser clara e precisa, por isso, ele precisa ler muito, falar e escrever bem. O professor precisa saber pesquisar, tomar decisões e resolver problemas. De acordo com Gadotti (2011, p. 69), “[...] o enfoque da formação do novo professor deve ser na autonomia e na participação, nas formas colaborativas de aprendizagem”. Dentre essas variáveis, Imbernón (2009, p. 31-33) aponta
a falta de uma coordenação real e eficaz entre a formação inicial do professorado dos diversos níveis educativos [...]; a falta de coordenação, acompanhamento e avaliação por parte das instituições [...]; a falta de orçamento para atividades de formação [...]; horários inadequados, sobrecarregamento e intensificando a tarefa docente; [...] a formação em contextos individualistas, personalistas.
Por isso, o profissional da educação, no caso, o professor, além de deter competências, deve saber:
1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem;
2. Administrar a progressão das aprendizagens;
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;
5. Trabalhar em equipe;
6. Participar da administração escolar;
7. Informar e envolver os pais;
8. Utilizar novas tecnologias;
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10. Administrar sua própria formação continuada (PERRENOUD, 2000, p. 14).
Esse processo de organização e direcionamento das situações de aprendizagem deve envolver os alunos, sendo papel do professor criar as situações de aprendizagem a partir do domínio de conteúdos e de teorias pedagógicas.
IMPORTANTE!
Para conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação, o professor precisa compreender e saber gerir a heterogeneidade de aprendizagens e sala de aula, pois, apesar de o sistema de ensino homogeneizar as turmas, isso não ocorre na prática e compete, ao professor, administrar essas situações. Dessa forma, é importante o professor desenvolver habilidades e competências capazes de auxiliá-lo na busca de como trabalhar com a heterogeneidade, que é comum em qualquer sala de aula, e, consequentemente, com o tempo de aprendizagem e dificuldades de cada educando (FREITAS; PACÍFICO, 2015, p. 5).
Outro fator importante, que faz parte dos saberes pedagógicos necessários à prática docente, é o uso de novas tecnologias. O professor deve saber como utilizar as novas tecnologias em benefício da educação, já que é impossível negar que nossos alunos estão em constante conexão com essas tecnologias, e não utilizá-las é transformar o processo educacional em algo obsoleto.
Dentro desse processo, temos os quatro pilares da educação!
Os quatro pilares da educação surgiram como uma forma de atender aos preceitos da globalização. O propósito é desenvolver uma educação que abarcasse, no currículo, questões importantes dentro do ambiente escolar, mas sem deixar de lado a qualidade educacional, preparando as futuras gerações para o mundo do trabalho. Esses fundamentos foram organizados e pensados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Os quatro pilares propõe direcionar alguns fundamentos para a educação de países considerados em desenvolvimento, como o Brasil.
Cada pilar estaria diretamente ligado ao processo de desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes, além do desenvolvimento humano.
No entanto, esses pilares não são ações apenas para modificar a formação de alunos da educação básica, mas também de futuros profissionais da educação.
Os pilares da educação são quesitos fundamentais para organizar a prática pedagógica e os saberes docentes necessários à educação, desde a básica até o ensino superior.
Assim, a prática pedagógica dos profissionais da educação deve estar prevista não somente no currículo dos cursos, mas também na maneira de conduzir as ações e atividades docentes, por isso, na formação de professores, é essencial levar em consideração os quatro pilares da educação, e não somente um ou dois.
Figura 7 - As competências necessárias para o docente na prática do trabalho
A imagem apresentada acima demonstra as competências que o docente precisa desenvolver em sua prática. Os itens citados são fundamentais para os saberes docentes e contribuem à formação dos profissionais da educação.
O primeiro deles, aprender é conhecer, é o momento do docente compreender o ato da docência, enquanto parte fundamental de sua carreira. Esse mesmo docente precisa verificar que ele é um pesquisador, um construtor do conhecimento. As informações que lhes são passadas são extremamente importantes, mas ele precisa buscar, no conhecimento sistematicamente organizado pelo homem, os fundamentos de suas aulas. Outro fator importante é que esse mesmo docente precisa livrar-se da ignorância e aprimorar sua criticidade e reflexão.
No aprender a viver juntos, o docente deve incentivar a convivência entre os demais sujeitos da escola e da sala de aula. A convivência com outros seres humanos é essencial à vida humana, tendo em vista que o homem só se faz homem por meio das relações sociais. Por isso, é essencial aprender a compreender o próximo e a necessidade de seus alunos. Esse mesmo professor precisa estar pronto para saber gerenciar crises e incentivar projetos comuns na escola. A sua prática autoritária precisa ser deixada de lado para que haja progresso em suas relações com os seus educandos.
Esse momento é importante para descobrir o outro, compreender suas diversidades e contribuir, de maneira significativa, para a elevação educacional de cada um.
Quando se trata de aprender a ser, esse mesmo docente precisa desenvolver o pensamento crítico, incentivando seus alunos a desenvolverem a autonomia e a criatividade. A partir dessas questões, é possível contribuir com a formação de sujeitos éticos e cidadãos para atuar em sociedade. O professor não pode negligenciar o potencial de seus alunos; ele precisa contribuir para o seu total desenvolvimento, apresentando-lhe ferramentas que contribuam com a sua intelectualidade e autonomia, tendo em vista que é a diversidade cultural que permite a inovação de todas as áreas em nossa sociedade.
A proposta dos quatro pilares da educação é propor uma harmonia entre conhecimento técnico e prático na formação dos professores, que é obtida no percurso estudantil, desde a educação básica até o ensino superior, e tem, por perspectiva, enfatizar uma vida social que impulsione relações harmônicas em uma sociedade totalmente fraterna e de paz.
A partir desse princípio, os pilares balizadores dos saberes docentes são questões a serem disseminadas ao longo da vida do homem, tendo em vista que o homem aprende das mais diversas formas, seja na igreja, na família, pelos meios de comunicação, nos bancos, nas escolas e ao longo de sua existência. Nesse sentido, os saberes docentes perfazem-se por meio das relações profissionais e sociais. Nas práticas a serem desenvolvidas ao longo do percurso estudantil, o docente vai incorporando comportamentos e ações que passam a ter sintonia com o seu ambiente de trabalho.
Outro fator que influencia nos saberes docentes é que o profissional precisa amealhar, em sua trajetória pessoal e profissional, “[...] os mais variados saberes: técnicos, de relacionamento e de vida propriamente dita” (TANURI, 2000, p. 2). Quando o docente busca seu sucesso profissional, não é suficiente que ele apenas saiba de sua área, ele precisa, também, agregar valor ao seu conhecimento e somente conseguirá isso a partir do momento que incorporar os pilares da educação em sua prática e ação profissional.
Ao ingressar no mundo do trabalho, o docente não pode negligenciar suas dimensões do saber. Isso quer dizer que, muitas vezes, os docentes acabam privilegiando muito mais um conhecimento em detrimento de outro.
É importante ressaltar o que menciona a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.º 9394/1996, em seu Capítulo VI, em que há a definição da finalidade dos cursos de formação de professores. Para Zabalza (2004), as instituiçõesde formação de professores precisam constituir uma dimensão organizacional para estruturar e dimensionar as relações formais existentes na formação de professores. Isso porque, em um determinado momento da história, diversas instituições de ensino superior cederam maior espaço para a formação tecnológica, e esqueceram-se de abarcar as relações profissionais e sociais, que são fundamentais para a inserção do profissional no mercado de trabalho.
Segundo o Relatório Delors (1996), a simples formação técnica e científica não é mais suficiente para atender às necessidades do mercado de trabalho e, muito menos, da sociedade em que o sujeito está inserido. Por isso, é importante que a educação e os professores incorporem metodologias que estejam assentadas nos quatro pilares da educação (UNESCO, 1996).
Quando há a utilização dos pilares da educação, estes contribuem para o desenvolvimento e exercício dos saberes docentes no campo de atuação. Para Candau (2014),
certamente ser professor hoje supõe assumir um processo de desnaturalização da profissão docente, do “ofício de professor” e ressignificar saberes, práticas, atitudes e compromissos cotidianos orientados à promoção de uma educação de qualidade social para todos. A crise da escola, na nossa perspectiva, é radical. Não se trata simplesmente de introduzir modificações cosméticas na sua dinâmica cotidiana. É a própria concepção da educação escolar que está em questão para que possa responder aos desafios da contemporaneidade (CANDAU, 2014, p. 41).
De acordo com a autora, é necessário redimensionar o saber docente, no século XXI, tendo em vista que o magistério tem necessitado de ressignificações nos saberes docentes e na prática pedagógica. Para Candau (2014), é necessário desnaturalizar as práticas pedagógicas, ou seja, romper com o caráter monocultural que a escola tem, por isso, é importante conceber uma formação docente assentada nos pilares da educação e nas ações interculturais, fator que também se faz presente no processo de ensino e aprendizagem. Assim, é necessário modificar o olhar do professor para os seus saberes e práticas pedagógicas.
O docente é aquele que trabalha com diversas realidades, sociais, culturais e econômicas, e, justamente por isso, precisa ressignificar seu saber docente para tornar suas práticas mais ricas, promovendo as relações sociais, profissionais e culturais no âmbito da escola.
Nesse sentido, algumas reflexões são pertinentes, já que os saberes docentes passam a ser construções sob os auspícios dos pilares da educação. Mudanças são necessárias, tais como:
· Saberes da formação profissional: são transmitidos pelas instituições de ensino no processo de formação de professores.
· Saberes disciplinares: pertencem às diversas áreas do conhecimento.
· Saberes curriculares: estão articulados aos discursos, objetivos, conteúdos e métodos presentes no currículo e na matriz curricular dos cursos.
· Saberes experienciais: passam a ser desenvolvidos pelos docentes, a partir do momento que desempenham ações práticas em sua formação.
Os autores Tardif e Raymond (2000) apresentam uma organização desses saberes e como integra-los ao trabalho docente. Vejamos essa estrutura:
Essas orientações servem para embasar o trabalho docente e organizar a forma como o professor utiliza desses saberes em suas práticas pedagógicas, além de repensar suas ações mediante o processo de ensino e aprendizagem.
Os saberes docentes assentados nos pilares da educação devem organizar-se a partir de jogos, brincadeiras e trabalho em equipe, sendo assim, é preciso ressaltar a lógica lúdica e desenvolver os processos pedagógicos mais atrativos.
Entendemos que os pilares para a educação, para o século XXI, são ideias-guias, ou seja, pontos que visam nortear a educação deste novo século, mas não como uma forma de uniformizar a educação, e sim de somar princípios culturais, os quais possibilitam um processo de ensino e aprendizagem em todas as partes do mundo.
Isso é importante porque os quatro pilares da educação visa compreender o aluno em sua globalidade, tanto como sujeito em formação quanto a importância do contexto social onde está inserido, e exerce influência sobre ele. Como o ensino é uma ação que permeia todos os espaços, faz-se necessário estimular os sujeitos ou os alunos à aprendizagem. A educação visa estimular uma formação que esteja de acordo com essa nova era, pois “[...] a criança em formação vive cada vez mais numa escola e numa sociedade plural complexa e sofisticada, desigual e violenta o que requer uma educação de qualidade, também para a paz” (SILVA, 2017, p. 253).
Por isso, o papel de educar está para além da escola e da sala de aula, envolvendo-se na vida de cada indivíduo.
Tanto a escola quanto o professor precisam estar envolvidos em um processo de formação humana integral, não com o sentido de formar sujeitos competitivos, mas indivíduos que possam viver em completa harmonia com seus semelhantes, respeitando as diversidades culturais.
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· Essa aprendizagem se refere à aquisição dos “instrumentos do conhecimento”, desenvolvendo nos alunos o raciocínio lógico, a capacidade de compreensão, o pensamento dedutivo e intuitivo e a memória. O importante é não apenas despertar nos estudantes esses instrumentos, como motivá-los a desenvolver sua vontade de aprender e querer saber mais e melhor.
· Essa aprendizagem confere ao aluno uma formação em que aplicará seus conhecimentos teóricos. É essencial que cada indivíduo saiba se comunicar através de diferentes linguagens, assim como interpretar e selecionar quais informações são essenciais e quais podem ajudar a refazer opiniões e serem aplicadas na maneira de se viver e de redescobrir o tempo e o mundo.
· Esse domínio da aprendizagem atua no campo das atitudes e dos valores e envolve uma consciência e ações contra o preconceito e as rivalidades diárias que se apresentam no desafio de viver.
· Esta aprendizagem depende das outras três, e dessa forma a educação deve propor como uma de suas finalidades essenciais o desenvolvimento do indivíduo, espírito e corpo, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal e espiritualidade.
Por meio dos pilares da educação, o professor é chamado a compreender mais e melhor os indivíduos que estão dentro de seu âmbito de trabalho, bem como a serem compreendidos. As bases que envolvem os saberes necessários para a formação docente estão assentadas em um humanismo libertador, em que os professores que são os sujeitos detentores do conhecimento não são apenas os professores, mas também tornam-se os alunos, envolvendo-se em toda a formação permanente que ocorre na escola.
O professor precisa ser o facilitador da aprendizagem, por isso, é importante que ele delimite caminhos adequados de ação humana, e isso implica em uma sociedade que convive com todos os cidadãos planetários.
Assim, nossos estudos apresentaram que o processo de construção do saber docente está assentado na pesquisa, na criticidade, na rigorosidade metódica, na estética, na ética, dentre outros, bem como que esse movimento dialético permite que o docente desenvolva uma prática educativa progressista, a qual direcione o aluno para a autonomia e a reflexão-crítica. Nesse sentido, vemos a importância de formar cidadãos e não apenas treinar alunos para o mercado de trabalho, por isso, todo docente precisa ter reflexões críticas sobre suas práticas e buscar sempre, nos fundamentos teóricos, as ações para exercer essa prática, alinhando suas ações a uma organização progressista da formação docente e discente.
As 6 - Didática (Os Quatro Pilares da Educação e a Prática Docente)
1 - A sala de aula tem sido objeto de múltiplas abordagens. Entretanto, seja qual for o tratamento dado, este é um local onde circula o conhecimento por meio da interação professor-aluno. O conhecimento do professor é: Analise as assertivas a seguir.
I. É adquirido somente pela construção de uma representação do mundo externo;
II. É construído unicamente pelatransformação do conhecimento prévio;
III. É demonstrado pela reflexão do mundo interno, filtrado e influenciado por cultura, linguagem, crenças, interações com os outros, ensino direto e modelagem;
IV. É constituído com base nas interações e experiências sociais; V. É mais do que o produto da aprendizagem anterior, pois também orienta novas aprendizagens.
É correto o que se afirma apenas em:
	
	a.
	 II e IV.
	
	b.
	 IV.
	
	c.
	 III.
	
	d.
	 I e V.
	
	e.
	 III, IV e V.
2 - As situações que envolvem a didática não podem ser impostas aos alunos de maneira fácil ou difícil. O professor precisa encontrar um saber e uma ação docente diferenciada, que possibilite-o a ensinar o aluno segundo suas habilidades. Assim, o saber docente:
	
	a.
	 acontece somente quando o professor tem experiência em sala de aula.
	
	b.
	 é processual e qualitativo, pautando-se somente em instrumentos estatísticos.
	
	c.
	 deve proceder exclusivamente da sua formação inicial.
	
	d.
	 envolve-se ao processo de ensino e aprendizagem, e o professor deve conhecer a realidade de seus alunos.
	
	e.
	 apresenta-se a partir do momento que o professor conhece seus alunos e tem domínio de conteúdo.
3 - A formação de professores é importante para que os docentes adquiram habilidades em sua atuação. São essas habilidades e competências que auxiliam o professor a desenvolver sua prática pedagógica. Além desse horizonte de práticas, os docentes devem apresentar alguns conhecimentos (saberes). Escolha a alternativa abaixo que contém alguns dos saberes propostos por Perrenoud (2000).
	
	a.
	Utilizar o tempo de sala de aula para organizar o trabalho burocrático; participar de elaboração de provas externas; organizar profissionalmente os educandos.
	
	b.
	Organizar o pensamento dos educandos; desenvolver e administrar o tempo pedagógico; garantir a eficácia do seu processo formativo.
	
	c.
	Administrar os dilemas éticos da gestão educacional; participar dos conselhos tutelares; trabalhar individualmente.
	
	d.
	Configurar e cobrar os resultados da educação; dominar todos os conteúdos escolares; apresentar aptidão para o lidar com questões psicopedagógicas.
	
	e.
	Organizar e dirigir situações de aprendizagem; Administrar a progressão das aprendizagens; Trabalhar em equipe.
4 - A formação do professor no atual contexto deve envolver práticas reflexivas e participativas. Assim:
I. Pesquisa e prática reflexiva docente não tem objetivos definidos;
II. Pesquisa e prática reflexiva docente devem ter a mesma atitude;
III. Pesquisa e prática reflexiva docente não tem a mesma função de ampliar experiências;
IV. Pesquisa e práticas reflexivas docentes precisam ter os mesmos critérios para se desenvolver.
Assinale a alternativa correta.
	
	a.
	 Estão corretas III e IV.
	
	b.
	 Estão corretas II e IV.
	
	c.
	 Está correta apenas III.
	
	d.
	 Estão corretas I e II.
	
	e.
	 Está correta apenas I.

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