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Didática
Unidade 1 (A Didática e sua Relação com a Educação: uma Análise Histórica e Filosófica)
TÓPICOS ABORDADOS
· Trajetória histórica da didática;
· A influência filosófica na didática;
· Didática e educação.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Compreender o processo histórico e filosófico da didática e sua influência no processo de ensino.
A Didática e sua Relação com a Educação: uma Análise Histórica e Filosófica
Olá, Estudante!
Iniciamos nossas discussões nesta unidade lhes apresentando o objetivo de aprendizagem que buscaremos com essas propostas, a Didática.  Estudar o conceito de Didática, bem como seus campos de atuação se justifica pelo fato de que esta disciplina é fundamental para a atuação docente, pois é uma das disciplinas principais do núcleo pedagógico, indispensável ao processo de formação e atuação dos profissionais da educação.
Ao longo dos séculos, a Didática deixou de ser considerada uma disciplina apenas instrumental, constituída por métodos e técnicas de ensino. Após longos anos de estudos e reflexões, hoje a compreendemos como uma área do conhecimento responsável pelo estudo do processo de ensino-aprendizagem.
Assim, a Didática pode ser entendida como “a arte de ensinar”, e por mais que nos pareça algo atual, ela envolve um conteúdo científico filosófico, educacional e metodológico, pensado e organizado no século XVII.
Um dos primeiros passos para se compreender essa disciplina é conhecer o processo histórico pelo qual a didática passou ao longo dos anos, buscando em sua gênese a compreensão desse conceito. Objetivando compreender a configuração da didática que conhecemos atualmente, precisamos recapitular sua constituição e institucionalização, e para isso vamos estudar o pensamento de um dos principais autores dessa temática, observando nele os fundamentos didáticos utilizados para transmitir o conhecimento historicamente produzido.
Desde os primórdios da civilização encontramos indícios de práticas de instrução utilizadas pelos povos antigos para passar o conhecimento de geração em geração. Vemos na história, filósofos consagrados pela sua forma de ensinar, tais como Platão, Aristóteles, Sócrates, os quais utilizavam de diversas formas para construir e transmitir o conhecimento para seus discípulos.
· IMPORTANTE!
A Didática é um campo em constante construção e/ou reconstrução, de uma práxis que não tem como objetivo ficar pronta e acabada e sim articular as diferentes dimensões do processo de ensino-aprendizagem.
Sempre houve formas diversas de instrução e de aprendizagem, a comunidade primitiva é um exemplo disso, pois os conhecimentos produzidos eram passados aos jovens de geração em geração, instruindo-os para ingresso na vida adulta. Esse exemplo, pode ser considerado uma forma de ação pedagógica, mesmo não sendo formal e intencional, é possível identificar a questão pedagógica (LIBÂNEO, 1994) presente na educação. Como forma de apreendermos a influência da didática na educação, vamos resgatar um pouco dos princípios da didática encontrados no período da Antiguidade até a Idade Média.
A Didática da Antiguidade à Idade Média
Para iniciarmos nosso resgate histórico organizamos aqui uma linha histórica que auxiliará na compreensão das formas de ações pedagógicas que eram desenvolvidas na Antiguidade Clássica, essas ações eram disseminadas por meio dos mosteiros, das igrejas e também de universidades. No entanto, mesmo com esses indícios de instrução, é em meados do século XVII que se pode falar em didática como a teoria do ensino, uma prática sistematizada de estudar as formas de ensinar.
Ainda que tenhamos essas referências sobre a forma de ensinar, é com o início da era moderna, que se iniciam os estudos a respeito da Didática. Tais estudos surgem em um período marcado pela transição do feudalismo para o capitalismo, ocasionando a necessidade de transmissão de saberes mínimos para os segmentos mais pobres da população, com vista a formação de mão de obra produtiva. O professor Libâneo (1994) é enfático ao destacar que o desenvolvimento do sistema de produção capitalista, ainda por se constituir enquanto tal, já influenciava na organização da vida social, política e cultural.
A palavra Didática surge quando os adultos começam a participar do processo de aprendizagem das crianças e dos jovens de uma forma planejada e direcionada, diferente das formas de intervenção instantânea que ocorria anteriormente. Ao estabelecer uma intenção na forma de ensinar, ou seja, uma ação pedagógica, a escola começa a se constituir como um local de práticas de ensino, que passam a ser sistematizadas conforme níveis, respeitando as necessidades de cada criança, suas possibilidades e seu ritmo de aprendizagem (LIBÂNEO, 1994). Sabemos que as formas de ensinar, assim como objetivos que são direcionados à educação, sempre estão relacionadas à forma de produção e reprodução social de dado momento histórico. Assim, os métodos de ensino, o que ensinar e para quem ensinar tinham, e ainda têm, por objetivo atender as necessidades da sociedade, e isso se aplica também a didática (LIBÂNEO,1994).
Segundo Gasparin (2010), um dos principais estudiosos da Didática, o entendimento da didática como “a arte de ensinar tudo a todos” surge por volta de 1617. No entanto, foi em 1629 com a publicação da obra Didática Magna escrita por João Amós Comênio que essa expressão se consagrou como tal, Baradel (2007, p. 11) enfatiza que “[...] inicialmente (século XVII), a didática tinha seus pressupostos calcados na causa da Reforma Protestante, sendo um meio de luta contra o modelo de ensino da igreja católica medieval, ou seja, deveria ser um instrumento de libertação”.
Assim, compreendemos caros estudantes que as formulações iniciais da didática são consagradas em um período de mudanças socioculturais na história da humanidade, e que essas transformações perduraram e adentram em outros períodos históricos que veremos a seguir.
Do Período Medieval a Modernidade
O século XVII, período no qual começam a surgir os primeiros estudos sobre a Didática, é marcado por mudanças na concepção de homem e de sociedade. Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, da mudança de produção manufatureira para o desenvolvimento da maquinaria, institui-se a divisão do trabalho. Com o desenvolvimento do capitalismo, propagou-se também a necessidade de que todos se tornassem aptos ao trabalho nessa nova forma de produção.
Nesse contexto, ocorrem também muitas mudanças no campo cultural, científico, presenciamos o desenvolvimento das ciências, da observação e experimentação científica. Houve a perda de poder da Igreja Católica por conta da reforma protestante, do surgimento de uma filosofia, caracterizando o período histórico conhecido como Iluminismo.
Segundo Gasparin (2010), nesse novo mundo que vinha surgindo, havia a necessidade um novo homem, uma exigência social onde todos deveriam ser educados para essa nova vida. O conhecimento social deveria ser incluído nas escolas, com o objetivo de preparar os jovens para o novo tempo. Como se tratava de novos conhecimentos, estes não poderiam ser ensinados da forma antiga, era necessário um novo método, uma nova didática, da mesma grandeza dos conhecimentos que deveriam ser ensinados aos alunos.
Como os novos conhecimentos que estavam sendo produzidos tornavam-se universais, era preciso um método mais amplo de ensino que lhe fosse correspondente. Nessa época os grandes educadores, cada um de uma forma diferente, compreendiam esse novo saber e o transmitiam por meio da instituição escolar.
Dentre os principais educadores, e pensadores da Idade Moderna destacamos Comênio, autor consagrado como o Pai da Didática Moderna. Comênio conseguiu nesse tempo, captar os novos conhecimentos e transportá-los para âmbito escolar, ou seja, para a sala de aula, utilizando um método específico e que atendesse às novas exigências da sociedade moderna.
Frente a necessidade posta pelo novo modo de produção e pelas mudanças culturais e sociais, Comênio escreveu sua principal obra “Didática Magna – o Tratado de EnsinarTudo a Todos”, a qual deveria ser seguida por todos aqueles que ensinavam em grupos ou de maneira individual. Ao elaborar sua obra, o autor não a propôs com o objetivo de ser discutida, mas sim de ser seguida, para responder aos novos desafios sociais,com essa obra Comênio não anunciou apenas uma didática, mas sim uma grande Didática (GASPARIN, 2010).
Comênio foi o primeiro pensador a estabelecer o entendimento de que o conhecimento deveria ser de acesso para todos, criando assim regras e princípios sobre a forma de ensinar, ou seja, sobre a didática. Esse educador fundamentava suas ideias nos princípios da ética religiosa, mas mesmo assim, seus pensamentos eram inovadores para a época e se contrapunham aos ideais conservadores da nobreza, a qual exercia grande influência naquele período. Nesse contexto, o Latim era a língua oficial e muito utilizada para ensinar artes, ciências e demais línguas.
Dessa maneira, Comênio propôs então que se fosse utilizada a língua pátria (no caso, o latim) para o ensino, pois naquele período os Estados Nacionais estavam se constituindo, “[...] a língua vernácula passou a ter uma importância fundamental como identidade de um povo, como nova forma de manifestação da cultura, e como novo instrumento de comunicação no processo de ensino [...]” (GASPARIN, 2010, p. 23). No que diz respeito aos aspectos pedagógicos, a natureza e o estudo por meio da experimentação eram os princípios fundamentais que deveriam permear o processo educacional.
Comênio acreditava que no processo educacional tanto de crianças quanto de adolescentes, as coisas deveriam ser ensinadas apenas uma de cada vez, pois ao ser ensinado várias coisas ao mesmo tempo, as crianças poderiam ficar confusas, e essa confusão dificultaria no processo de ensino e de aprendizagem. Assim, era preciso estabelecer uma ordem, e os conteúdos deveriam ser muito bem aprendidos para poder ser ensinados outros conteúdos, somente a partir de uma educação completamente organizada e ministrada com clareza é que outros conteúdos poderiam ser ensinados às crianças e adolescentes.
O pai da didática, acreditava que a indução e a experiência são princípios que marcariam a educação naquele momento, tanto como método geral de ensino, como também como método específico para ensino das ciências, da moral e da piedade.
Vejam estudantes que o surgimento da didática teve origem fora do ambiente escolar, e foi proposta como forma de compreender as questões filosóficas, científicas, educacionais e metodológicas do período, e tornou-se, na escola uma resposta aos anseios e necessidades para a transmissão e assimilação dos novos conhecimentos (GASPARIN, 2010).
Apesar das grandes contribuições de Comênio ao campo educacional, e principalmente à Didática, desempenhando a instituição de método rápido e eficiente, assim como o anseio que Comênio demonstrava a fim de todos pudessem usufruir do conhecimento, bem como, apresentando ideias inovadoras para o período, algumas considerações críticas devem ser feitas. Embora, Comênio partisse da observação e da experiência para ensinar, ainda utilizava-se o método de transmissão do ensino. 
O método transmissão-assimilação proposto por Comênio, consistia em ensinar tudo a todos, é o momento em que o professor ou professora passa a atender a um grande número de alunos, e deveria ser utilizado por todos para que se chegasse a equalização social.
A partir desse método, Comênio propôs cinco passos para que ele fosse executado: preparação do aluno, apresentação do conteúdo, assimilação do conteúdo, generalização e aplicação. Não podemos esquecer que este método seguia os pressupostos tradicionalistas da época em que foi criado.
Comênio (2001) foi buscar nos pressupostos religiosos ações pertinentes para implementar a didática magna, ele ressaltou muito em sua obra que “[...] nunca será em vão o trabalho começado em nome do Senhor” (p. 30). O pai da didática ainda salienta a sua utilidade e que ela está baseada em retos princípios, como:
· a ajuda de Deus para obter o resultado esperado;
· os estudantes irão aprender como se estivessem jogando;
· os professores não precisarão mais mudar de método para que o aluno aprenda.
Para Libâneo (1994) por mais inovadores que sejam as ideias, sabemos que eles demoraram tempo para serem efetivadas na prática, no século em que Comênio viveu, bem como em alguns séculos seguintes ainda havia a predominância de práticas escolares da Idade Média: ensino intelectualista, verbalista e dogmático, memorização e repetição mecânica dos ensinamentos do professor, além de que nas escolas, assim como na Idade Média não havia lugar para as ideias dos alunos, muito menos para as experiências vividas por eles. A Igreja ainda continuava a exercer grande poder tanto na religião, como na vida social.
Vimos estudante que, Comênio é um dos principais pensadores e educadores no campo de desenvolvimento de uma Didática planejada, sistematizada e com uma intenção social. Porém, Comênio não foi o único, a constituição da Didática como uma disciplina que estuda os processos de ensino, contou com a participação de muitos outros autores da época que, cada um a sua maneira, contribuiu com ideias que ainda hoje embasam nossa prática de ensino em sala. É sobre esses autores que conversaremos no item a seguir.
Os Filósofos Pós-Iluministas na Contribuição da Orientação Pedagógica para a Instrução de Crianças
Sabemos estudante que, a história é dialética, está sempre em movimento, em processo de construção e transformação. Assim, com o passar do tempo o poder da nobreza e do clero que no século XVIII ainda era predominante, foi perdendo força e a burguesia se fortalecendo enquanto classe social, e lutando pela conquista do poder no campo político, econômico e cultural.
Com o fortalecimento da burguesia frente a nobreza e ao clero, novas necessidades foram surgindo no mundo da produção e dos negócios, ao passo que a necessidade de um ensino que contemplasse o desenvolvimento de capacidades para atender às tais necessidades também cresceram.
Fonte: Antonio Iván Santos González-Guerrero / 123RF
Em meio a esse processo, um pensador chamado Jean Jacques Rousseau, buscou interpretar os anseios do período, propondo uma nova forma de ensinar, a qual se fundamentava nas reais necessidades e interesses imediatos das crianças.
Rousseau ficou conhecido como o primeiro filósofo do Romantismo, por meio da publicação de seu livro “Contrato social”. Nessa obra, Rousseau defende a ideia de que o homem (ser humano) é inatamente bom e tem seu comportamento corrompido pela sociedade. Além desta obra genial, o pensador é autor de inúmeras obras, como: poesia, música e uma das mais notáveis autobiografias da literatura europeia. Outra obra, muito conhecida de Rousseau e de fundamental importância para educação é intitulada “Emílio”, na qual o autor explicita o caráter corruptor da sociedade.
Entre as principais ideias disseminadas por Rousseau, podemos ressaltar a seguinte: o ensino das crianças deve ser pautado em seus necessidade e interesses atuais, sendo que antes que lhe sejam ensinadas as ciências, sejam-lhe despertados o interesse pelo estudo. Para o autor, a principal professor é a natureza, a experiências, os sentidos, pois é o contato com o mundo que a despertará seu interesse e consequentemente suas potencialidades naturais. Aqui a educação é compreendida como um “[...] processo natural, ela se fundamenta no desenvolvimento interno do aluno. As crianças são boas por natureza, elas têm uma tendência natural para se desenvolverem” (LIBÂNEO, 1994, p. 60).
Apesar de ter formulado tais pensamentos e o reproduzido por meio de suas obras, Rousseau não os colocou em prática, tal tarefa, couber a outro pedagogo chamado Pestalozzi. Educador de origem Suíça, viveu entre os anos de 1746 à 1827, trabalhando do início ao fim de sua vida no campo educacional. Na perspectiva de Libâneo (1994, p. 60), o filósofo Pestalozzi, “[...] deu grande importância ao ensino como meio de educação e desenvolvimento das capacidades humanas, comocultivo do sentido, da mente e do caráter”.
A utilização do método intuitivo também era uma das características de Pestalozzi, incentivando seus alunos a desenvolverem a capacidade de observação e de análise dos objetos, fundamentando-se nos fenômenos naturais e na linguagem para registro das observações. Seu ensino era de caráter intelectual, e priorizava a psicologia como fonte de desenvolvimento do ensino.
A partir das ideias elaboradas por Comênio, desenvolvidas por Rousseau e colocadas em prática por Pestalozzi, muitos outros educadores foram influenciados. Dentre os mais importantes iremos conhecer Johann Friedrich Herbat, pedagogo de origem Alemã, viveu entre os anos de 1766 a 1841. Herbat é um dos principais autores que influenciaram a pedagogia conservadora (tradicional), pedagogia esta que veremos mais profundamente nas próximas unidades.
Libâneo (1994) esclarece que juntamente com a formulação dos objetivos da educação e da Pedagogia como ciência, Herbat realizou uma análise sobre o desenvolvimento do processo psicológico-didático de aquisição de conhecimentos, sob a direção do professor. Para esse autor, a finalidade da educação é a moral, a qual pode ser atingida por meio da educação.
Educar o homem para Herbat consistia em instruí-lo “[...] para querer o bem, de modo que aprenda a comandar a si próprio [...]”. O professor assume um papel primodial, que sendo considerado um “arquiteto de mentes”. Cabe ao professor “[...] trazer à atenção dos alunos aquelas ideias que deseja que dominem suas mentes. Controlando os interesses dos alunos, o professor vai construindo uma massa de ideias na mente, que por sua vez vão favorecer a acumulação de ideias na mente das crianças” (LIBÂNEO, 1994, p. 60).
Os filósofos apresentados anteriormente, como: Rousseau e Pestalozzi buscavam direcionar preceitos filosóficos capazes de modificar o processo de ensino e de aprendizagem; e não obstante, Herbat também busca desenvolver um método de ensino que fosse único e que estivesse de acordo com as leis psicológicas do conhecimento. Nesse contexto, o educador desenvolveu quatro passos a serem seguidos:
1° passo: clareza. A preparação e apresentação da matéria deveria ser muito clara e completa;
2° passo: associação. Relacionar as ideias antigas com as novas;
3° passo: sistematização. Os conhecimentos deveriam ser sistematizados para se obter a generalização;
4° passo: método. Referente ao uso de conhecimentos adquiridos por meio de exercícios. Posteriormente, esses passos foram mais desenvolvidos por educadores discípulos de Herbat, estando presentes ainda hoje nas práticas de ensino em sala de aula (LIBÂNEO, 1994).
A contribuição de Herbat para o campo da didática pode ser apreendido na prática docente, pois o autor instigou a necessidade de que haja uma estruturação e uma ordenação no processo de ensino, ressaltou a importância da compreensão e não apenas da memorização dos conteúdos, e a necessidade da disciplina como característica fundamental para a formação do caráter.
Estudamos até aqui, alguns dos principais autores que formularam o pensamento pedagógico europeu, o qual se espalhou por todo o mundo, chegando até ao Brasil e influenciando hoje – século XXI – nossas ações em sala de aula.
As ideias dos autores estudados nesta aula estão presentes nas concepções pedagógicas e didáticas que estudaremos ao longo da disciplina.
Compreender o percurso da histórica da didática, desde a sua formulação como método sistematizado e intencional de ensino, foi importante para podermos entender a definição de Didática como técnica de ensino, definição esta utilizada lá no século XII, para então compará-la a definição que atualmente temos incorporado sobre o que é a Didática e quais são o seus objetivos, pois conforme veremos, é essa última definição que vem a atender nossas atuais necessidades enquanto professores.
A Didática está inserida no conjunto de conhecimentos pedagógicos essenciais à formação docente, e por isso vamos estudá-la nesse item, como um dos ramos de estudo da Educação. Para isso fizemos a definição dos principais conceitos, necessários à compreensão do tema, ou seja, a própria Didática, o processo de ensino que é o objeto de estudo da Didática e a Educação.
Princípios da Didática
Vamos iniciar nossa discussão conversando sobre a Didática, como já vimos no item anterior, em cada momento da história essa temática ganhando significados e objetivos diferentes, a fim de, atender as demandas de determinado período. Muitos são os autores que conceituam a didática, cada um conforme sua corrente teórica. Aqui utilizaremos três autores fundamentais para conceituar a Didática, que são: Libâneo, trabalhado anteriormente, Gasparin e uma teórica muito conhecida nessa área de estudos que é a Candau. Estes são autores contemporâneos, os quais têm contribuído de forma significativa para o campo da educação.
Segundo Libâneo (1994), a ciência que estuda a práxis educativa, ou seja, a teoria e a prática da educação “[...] nos seus vínculos com a prática social global. Assim, sendo a Didática uma disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista as finalidades educacionais, que são sempre sociais, ela se fundamenta na Educação[...]” (LIBÂNEO, 1994, p. 85); é, assim, uma disciplina pedagógica.
Dentro do campo educacional temos algumas disciplinas pedagógicas que se dividem em: teoria da escola, teoria da educação, organização do ensino e a Didática como teoria do ensino. Visto que o objetivo principal de todo profissional que trabalha com a educação é o ensino, então a Didática ocupa um lugar central.
Por muito tempo, a Didática foi concebida por uma perspectiva instrumental, abrangendo apenas um conjunto de conhecimentos técnicos, sobre o “como fazer”. Tratada de forma universal, a didática se desvinculava dos problemas referentes aos objetivos da educação. Atualmente temos a visão da necessidade de superação dessa perspectiva técnica sobre a didática, estamos em um momento em que ultrapassar essa visão é fundamental, e para tal necessitamos, “[...] pensar a prática pedagógica concreta, articulada com a perspectiva de transformação social, que emergirá uma nova configuração para a Didática” (CANDAU, 2011, p. 14).
A prática docente é fator integrante do processo educativo, pelo qual os indivíduos são preparados para sua participação na vida social. Podemos dizer assim, que a Educação é um fenômeno social, portanto podemos considerá-la uma atividade humana imprescindível a formação do homem e à existência da sociedade. A Educação não é apenas uma exigência social, mas “[...] sim um processo que objetiva a promoção de conhecimentos e experiências culturais que proporcionam ao homem o convívio social” (LIBÂNEO, 1994, p. 17).
O processo educativo é sempre social e politicamente contextualizado, sabemos, pois, que a educação não é neutra, ela é historicamente determinada, para se atingir, objetivos, exigências e ideologias de uma determinada classe social. Assim, a prática educativa é integrada nas relações sociais, no trabalho docente. Ela faz parte dos processos de organização social que são determinados por classes antagônicas.
A prática social dos profissionais da educação, não é uma prática isolada que se reduz somente ao que fazem. Pelo contrário, a prática social é sempre uma prática geral do grupo social ao qual o professor está inserido. Isso ocorre porque a totalidade social é sempre histórica e contraditória composta por elementos subjetivos e objetivos.
Para Candau (2011) todo processo de ensino-aprendizagem é situado, assim a dimensão política é inerente a ele. O processo de ensino ocorre sempre numa cultura específica e é direcionado à pessoas que ocupam um lugar definido na organização social em que estão inseridas. Assim, a dimensão político-social “[...] não é um aspecto do processo de ensino-aprendizagem. Ela impregna toda a prática pedagógica que, querendo ou não (não se trata de uma decisão voluntária) possui em si uma dimensão política” (CANDAU,2011, p. 14).
Sabemos que as finalidades da educação estão sempre subordinadas a interesses de determinadas classes sociais, devido a nossa forma de organização e produção social. Portanto, a prática educativa requer direcionamento, deve ser orientada sobre suas finalidades e meios para sua realização, de acordo com a concepção de homem e de sociedade que se quer formar.
Cabe então a Educação tal tarefa, sendo esta considerada a práxis educativa, ou seja, como a teoria e a prática do processo educativo. A Educação tornou-se assim “[...] um campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados para a formação dos indivíduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social” (LIBÂNEO, 1994, p. 24).
Nesse contexto, a Didática se enquadra no principal ramo de estudos da educação, pois como já vimos a Didática estuda os processos de ensino, que fazem parte da Educação, que por sua vez é Estudada pelas Licenciaturas. A Didática, conforme explica Libâneo (1994, p. 25-26) investiga os fundamentos, as condições e o modo de realização do ensino, cabe a ela
[...] converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento da capacidade dos alunos.
Há que se estabelecer uma diferenciação entre a Didática, e as metodologias específicas de ensino. A Didática diz respeito à teoria geral do ensino. As metodologias específicas estão articuladas à Didática, mas referem-se aos métodos e conteúdos próprios de cada matéria. A Didática em consonância com a Pedagogia generaliza os processos e métodos de ensino que são obtidos pelas metodologias específicas, os quais fundamentam o ensino e a prática docente.
A Didática é uma disciplina de extrema importância para nós professores, pois compreender o “como ensinar” pressupõe compreender que a escola, na busca por cumprir sua função social e pedagógica, organiza, desenvolve e avalia os elementos (aluno-professor-conteúdo-recursos) envolvidos no processo educativo. Esses elementos, na perspectiva de Damis (2006, p. 30) “[...] expressam e sistematizam as condições e necessidades predominantes na realidade, direciona o aluno, ao ser levado a estabelecer relações entre um conhecimento específico e a realidade natural e social mais ampla [...]”. Por meio do saber transmitido, o aluno acaba por adquirir à compreensão de mundo, habilidades e valores necessários a vida social.
Compreender a Didática de um ponto de vista dialético é entender que ação da escola para a formação do aluno, possui uma finalidade social determinada, possui significados que vão além da operacionalização do ensino, pois o ensino tem por objetivo preparar o aluno para a vida social, a qual é marcada por determinações e condições de uma prática social mais ampla. Destarte, a Didática deve ser entendida não apenas do ponto de vista técnico, mas sim como um movimento amplo que sistematiza o ensino, objetivando adaptar o homem a determinada sociedade (DAMIS, 2006).
Atualmente – século XXI – devemos nos fundamentar na concepção de que a Didática se constitui enquanto forma e conteúdo, ela é fundamental para que possamos compreender e analisar as relações que se estabelecer entre a sociedade e a escola, relação está que ocorre por meio do ensino. O professor ao definir sua forma de ensinar, institui também um conteúdo implícito a sua ação pedagógica. Nesse relação conteúdo e forma, o professor desenvolve o ensino de forma crítica e contextualizada, superando a perspectiva técnica sobre a didática.
Assim, compreendemos que a Didática é um processo teórico-metodológico imprescindível à prática e formação do professor.
Elaboramos um infográfico que busca resumir tudo aquilo que discutimos ao longo dessa aula, apresentamos nele conceitos essenciais que resumem os pressupostos teóricos discutidos aqui nesta aula. Apresentamos quatro conceitos que são indispensáveis para se compreender o processo de desenvolvimento da didática, tendo em vista que a arte de ensinar é algo intrínseco da prática docente e na organização do trabalho docente.
Clique nos botões abaixo para conhecer cada conceito.
· Didática
Didática significa arte de ensinar, acerca desta arte, desde há pouco tempo, alguns homens eminentes, tocados de piedade pelos alunos condenados a rebolar o rochedo de Sísifo, puseram-se a fazer investigações, com resultados diferentes. A Didática é o método universal de ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza, que seja impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, ou seja, sem nenhum enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros. (COMENIUS, 2001, p. 13)
· Processo Ensino e Aprendizagem
Didática significa arte de ensinar, acerca desta arte, desde há pouco tempo, alguns homens eminentes, tocados de piedade pelos alunos condenados a rebolar o rochedo de Sísifo, puseram-se a fazer investigações, com resultados diferentes. A Didática é o método universal de ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza, que seja impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, ou seja, sem nenhum enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros. (COMENIUS, 2001, p. 13)
· Projeto Político Pedagógico e participação docente
“O projeto pedagógico não é um conjunto de planos e projetos de professores, nem somente um documento que trata das diretrizes pedagógicas da instituição educativa, mas um produto específico que reflete a realidade da escola, situada em um contexto mais amplo que a influência e que pode ser por ela influenciado". Portanto, trata-se de um instrumento que permite clarificar a ação educativa da instituição educacional em sua totalidade. O projeto pedagógico tem como propósito a explicitação dos fundamentos teóricos-metodológicos, dos objetivos, do tipo de organização e das formas de implementação e de avaliação institucional.” (Veiga (1998, p. 11- 113)
· Planejamento e Prática Docente I
À primeira vista, parece que os professores perderam suas funções de transmissores e construtores de conhecimentos. As profundas mudanças que se estão processando na sociedade dão a impressão de que eles são dispensáveis e podem ser substituídos por computadores e outros equipamentos tecnológicos, por meio dos quais o educando adquire conhecimentos. Todavia, quando se buscam mudanças efetivas na sala de aula e na sociedade, de imediato se pensa no mestre tanto do ponto de vista didático-pedagógico quanto político. Não se dispensam as tecnologias, pelo contrário, exige-se, cada vez mais, sua presença na escola, mas como meios auxiliares e não como substitutos dos professores. (GASPARIN, 2005, p.1)
· Planejamento e Prática Docente II: plano de ensino e plano de aula
Ela [a aula] é feita de prévias e planejadas escolhas de caminhos, que são diversos do ponto de vista dos métodos e técnicas de ensino; [...] também se constrói, em sua operacionalização, por percalços, que implicam correções de rota na ordem didática, bem como mudanças de rumo; [...] está sujeita a improvisos, porque não foram previstos, mas não pode constituir-se por improvisações. (ARAUJO, 2008, p.60-62)
· Saberes necessários a prática docente
Nas últimas décadas fizeram-se muitas pesquisas sobre o conhecimento profissional dos professores. Sabemos que dificilmente o conhecimento pedagógico básico tem um caráter muito especializado, já que o conhecimento pedagógico especializado está estreitamente ligado à ação, fazendo com que uma parte de tal conhecimento seja prático, adquirido a partir de experiência que proporciona informação constante processada na atividade profissional. A formação inicial deve fornecer base para se adquirir esses conhecimentos especializados (IMBERNÓN, 2011, p. 60).
O infográfico apresentado nos possibilita verificarque a didática é o caminho fundamental para se compreender o processo da prática docente, logo compreender seus conceitos a partir de teóricos que são especialistas na área contribui para a formação do profissional da educação.
E assim, finalizamos nossos estudos demonstrando que, Comênio ao elaborar uma teoria clássica para abarcar o processo de ensino modificou a forma de ensinar através dos tempos, sua luta foi para que todos tivessem acesso aos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade. E, os filósofos posteriores ao pai da didática, contribuíram de maneira significativa para que os fundamentos do processo de ensino abarcassem instrumentos teóricos e pedagógicos para orientar a instrução da criança, e como a teoria precede a prática, é visível que as relações apresentadas a partir da filosofia modificaram a arte de ensinar nas escolas até os dias atuais.
As 1 - Didática (A Didática e sua Relação com a Educação: uma Análise Histórica e Filosófica)
1Em suas reflexões Comênio propõe o método de transmissão-assimilação, que consistia em ensinar tudo a todos. O que possibilitava o atendimento de um professor a um maior número de alunos. Diante disso, quais são os cincos passos propostos pelo autor para que esse método fosse executado?
	
	a.
	Condicionar o aluno, generalização afetiva, apresentação do conteúdo e avaliação.
	
	b.
	Seleção de informações, proposição de atividades, retomada do conteúdo e avaliação.
	
	c.
	Aplicação antecipada de avaliação, levantamento de conteúdo, atividade e feedback.
	
	d.
	Preparação do aluno, apresentação do conteúdo, assimilação do conteúdo, generalização e aplicação.
	
	e.
	Coordenação do aluno, assimilação de conteúdo, generalização afetiva e aplicação.
2- Em acordo com Libâneo (1994) a educação não é apenas uma exigência social, trata-se de um processo muito mais abrangente. Nesse sentido, segundo o autor, qual é o objetivo da educação?
	
	a.
	Subsidiar os educandos com conteúdos teóricos e não práticos que os leve a educarem a si mesmos.
	
	b.
	Favorecer as lutas sociais e delas retirar elementos para favorecer um dos lados em conflito.
	
	c.
	Contribuir para a composição de um plano moral em que ajude a comunidade acadêmica a determinar o certo do errado.
	
	d.
	Atingir somente as camadas médias, já que os pobres e os ricos não necessitariam de instrução formal.
	
	e.
	A promoção de conhecimentos e experiências culturais que proporcionem ao homem o convívio social.
3 - O filósofo Jean Jacques Rousseau ficou conhecido pela à ideia de que os seres humanos são naturalmente bons, mas são corrompidos pela sociedade. Com isso, pautou uma reflexão em via a educação como meio a minimizar os efeitos deletérios gerados pela sociedade nos indivíduos. Nesse sentido podemos afirmar que o autor compreende a educação como sendo...
	
	a.
	O fator decisivo para formar quadros políticos que lutem contra a sociedade.
	
	b.
	A força natural que existe espiritualmente dentro de cada criança.
	
	c.
	Uma tentativa de evitar o inevitável poder social sobre os corpos dos educandos.
	
	d.
	Um processo histórico coercitivo em que o educando participa ativamente.
	
	e.
	Um processo natural, baseado no desenvolvimento interno do educando.
4 - Comenius, em seu período de atuação no Reino da Boêmia, foi bispo da igreja protestante, educador, cientista e pedagogo. A partir de seus vastos estudos, fundou a Didática Magna, um plano pedagógico voltado fundamentalmente para:
	
	a.
	 ensinar tudo a todos, e alcançar uma educação ideal.
	
	b.
	 um diálogo inter-religioso.
	
	c.
	 uma vida baseada em projetos de ensino.
	
	d.
	 diretrizes universais para ensinar.
	
	e.
	 direito universal de educação para todos os povos.
Unidade 2 (Educação e Métodos de Ensino no Saber-Fazer Docente)
TÓPICOS ABORDADOS
· Como a educação e a cultura humaniza o homem;
· O saber-fazer dos professores;
· Professor na era digital.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Identificar as abordagens teórico-metodológicas do processo de ensino e a atuação do professor.
Educação e Métodos de Ensino no Saber-Fazer Docente
Iniciamos nossos estudos buscando o conceito de educação em Simone de Beauvoir. Essa filósofa francesa contemporânea reflete, em seu livro intitulado O Segundo Sexo, sobre o ser mulher nos dias de hoje. Essa discussão apresenta, também, uma reflexão sobre o próprio processo de educação que esboçamos aqui. Nesta obra, há uma citação fundamental para iniciarmos nossa discussão sobre a importância da educação:
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto [...]. Somente a mediação de outrem pode constituir um indivíduo como um Outro. (BEAUVOIR, 1967, p. 9)
A citação acima destaca a importância da educação em nossa sociedade. A discussão exposta pela filósofa evidencia o valor da educação em nossa cultura. Não nascemos mulheres, assim como não nascemos homens. Para além da questão de gênero, o que fica explícito, nesta discussão, é o fato de que não nascemos humanos, mas tornamo-nos humanos por meio da vivência em sociedade.
De acordo com Beauvoir (1967), tornamo-nos homens e mulheres por meio da cultura em que estamos inseridos. Aprendemos, por meio da educação, ou seja, do processo educacional, vindo de nossas famílias, das escolas e, por fim, de nossa sociedade, a sermos mulheres ou homens. Há inúmeros exemplos que “[...] podemos citar com relação a essa divisão de gênero e a educação que nossa sociedade impõe a nós, seres humanos” (BEAUVOIR, 1967, p. 15). Mais uma vez, ressaltamos que o foco de nossa análise não é o gênero, mas a educação que nos ensina, por meio da sociedade e da cultura em que estamos inseridos, a sermos humanos – homens ou mulheres.
Se pensar em seu próprio processo de educação, perceberá que tanto a família quanto as escolas – núcleos de educação sociais – interpõem modelos de educação para ensinar-nos a viver em sociedade. Aprendemos a ser sociáveis, solidários, respeitosos, a ter bons modos, além de toda uma gama de valores e atitudes que nos permitem ser humanos, diferenciando-nos dos animais por meio do uso de nossa racionalidade e da educação de nossa vontade.
[...] o ser humano não nasce humano, mas que se humaniza por meio da cultura e da sociedade, por meio do processo de mediação, dado via sociedade. Em cada tempo histórico, o homem a ser construído é diferente porque responde às expectativas da sociedade. Esse é um pressuposto fundamental para compreendermos a importância da educação: pois é por meio dela que nos tornamos humanos. A grande questão é que o ser humano é visto de forma diferente, dentro do processo de desenvolvimento das sociedades. (LIMEIRA; PUZIOL, 2017, p. 50)
Nesse sentido, a educação é responsável por tornar-nos humanos. Embora nasçamos seres humanos, tornamo-nos humanos a partir da nossa inserção na sociedade e por meio da cultura que nos é apresentada. Isso quer dizer que os seres humanos são construídos socialmente e culturalmente, portanto, quando olharmos para a formação humana de nossos pais e avós, veremos que seus princípios e visão de mundo são completamente diferentes dos nossos, tendo em vista que a sua forma de criança e o tempo em que foi criado era outro. Traremos um pequeno excerto sobre o que é cultura; isso possibilitará compreender como a cultura influencia no processo de desenvolvimento humano.
A cultura é duradoura embora os indivíduos que compõem um determinado grupo desapareçam. No entanto, a cultura também se modifica conforme mudam as normas e entendimentos. Quase se pode dizer que a cultura vive nas mentes das pessoas que as possuem. Mas as pessoas não nascem com ela; adquirem-na à medida que crescem, suponha que um bebê húngaro recém-nascido seja adotado por uma família residente nos Estados Unidos, e que nunca digam a essa criança que ela é húngara. Ela crescerá tão alheia à cultura húngara quanto qualquer outro americano. Assim, quando falo da culturaegípcia, refiro-me a todo conjunto de entendimentos, crenças e conhecimentos pertencentes aos antigos egípcios. Significa, por exemplo, tanto suas crenças sobre o que faz o trigo crescer, quanto sua habilidade para fazer implementos necessários à colheita. Ou seja, suas crenças a respeito da vida e da morte. Quando falo de cultura, estou pensando em algo que perdurou através do tempo. Se qualquer egípcio morresse, mesmo que fosse o faraó, isso não afetaria a cultura egípcia daquele determinado momento. (BRAIDWOOD, 1985, p. 41-42)
Ao esboçar seu entendimento sobre o termo cultura, o autor corrobora com a ideia de que cada tempo histórico e cada sociedade possui sua cultura. Assim, a cultura reflete as crenças e valores de uma determinada nação em um determinado tempo histórico. O termo cultura envolve, nesse sentido, aspectos morais e éticos de uma sociedade. No Brasil, por exemplo, no período da ditadura civil militar, a atriz Leila Diniz, ao ser fotografada grávida, em trajes de biquíni na praia do Rio de Janeiro, causou o maior alvoroço na opinião pública (ARANHA; MARTINS, 2009).
Você pode se perguntar o que há de mais em uma pessoa ser fotografada de biquíni e grávida?
Obviamente que não há nada de mais! Mas, no período em que isso aconteceu, houve uma ebulição muito grande de opiniões a respeito do fato, e isso resultou no Decreto n.º 1077/1970, que dizia não ser tolerado “[...] publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes quaisquer que sejam os meios de comunicação” (BRASIL, 1970). Conseguem perceber que a cultura e os meios sociais de uma determinada época ou período histórico influenciam em todas as decisões de uma sociedade, sejam elas políticas, legais, éticas, sociais e, até mesmo, educacionais? O exemplo apresentado sobre a fotografia da atriz Leila Diniz traz discussões sobre o que era valorizado naquele período e essa valorização tem muito a ver com o educar das famílias, bem como os pressupostos teóricos a serem ensinados nas escolas, isso porque a cultura tem fundamentos atemporais e tanto regiões quanto países detém sua própria construção social e histórica.
O pesquisador Antônio Severino, em seu artigo “A busca do sentido da formação humana: tarefa da Filosofia da Educação” (2006), auxilia-nos a compreender essas mudanças a partir da perspectiva da educação e de sua relação com a ética e a política. Severino (2006) afirma que, desde a Antiguidade e por toda a Idade Média:
[...] estes conceitos aparecem ligados à ideia de formação humana e, portanto, à ideia de educação. Para este autor, a educação considera os aspectos éticos e políticos que aparecem dentro de cada sociedade, justamente porque a educação reflete os ideais políticos e éticos que balizam cada cultura. (SEVERINO, 2006, p. 45)
Dentro do contexto que temos apresentado, compreende-se o homem como uma construção social, política, histórica, cultural e temporal, já que, em cada tempo histórico, o processo da educação humana reflete as questões de seu tempo. Como veremos nos próximos tópicos, em cada tempo determinado, por exemplo, a Grécia Antiga, a Idade Média ou a Idade Moderna, deve ser entendido a partir de sua influência na educação e, principalmente, os embates educacionais que trouxe para o processo educacional.
Fernández (2001) discute o conceito de educação e cultura apoiando-se nos escritos tanto de Freud quanto de Piaget. De Freud, ela utiliza os conceitos de consciente, pré-consciente e inconsciente. Na consciência está aquilo que se sabe; no pré-consciente aquilo que está antes de saber. Podemos pensar nos conhecimentos prévios que cada um de nós possui, mas que precisam tornar-se conscientes para que façamos assimilações; por fim, no inconsciente, fica aquilo que não se sabe, mas que pode, sim, ser conhecido por meio dos sonhos, medos e traumas (FERNÁNDEZ, 2001).
A autora chama a atenção para o fato de que, enquanto professores, não utilizamos o pré-consciente de nossos alunos como deveríamos. Trazer à tona aquilo que talvez nem mesmo o aluno saiba que sabe é um dos fatores que garantem uma aprendizagem significativa. Quando fazemos nossos planos de aula e preenchemos itens como a contextualização ou a problematização, é exatamente isso que estamos fazendo: trazendo à tona conceitos, ideias, fatos e ações, a fim de que os conteúdos que pretendemos trabalhar tenham significado para o aluno. No entanto, estudante, os conteúdos curriculares e a serem abordados em sala de aula precisam fazer parte da realidade dos educandos.
PENSE
Embora o pensamento tenha sido associado a não ação e ao não sentimento, não é assim que devemos compreender o pensamento e o próprio processo de aprendizagem: pensamento e aprendizagem são ações. Você já pensou sobre isso?
Por isso, a aprendizagem supõe duas características: a primeira delas é a escolha, pois o aprender decorre do desejo, ou seja, da escolha em aprender e do poder fazer uso deste saber. O pressuposto fundamental da abordagem da aprendizagem decorre da ação de poder usar meus saberes (enquanto estudante/educando) para aprender novas coisas; este é um ponto-chave quando falamos em aprendizagem (FERNÁNDEZ, 2001).
A segunda característica que está intrínseca à aprendizagem é a inteligência. Para Fernández (2001), inteligência não é adaptação ao meio; “[...] se a inteligência é adaptação ao meio, as baratas seriam os seres mais inteligentes” (FERNÁNDEZ, 2001, p. 81). Isso significa, estudante, que, para aprendermos, precisamos de um ensino que seja criativo, que dê significado às informações passadas pelos educadores. A aprendizagem passiva, sem questionamentos e sem autorias, não é, de fato, aprendizagem, pois “[...] a aprendizagem criativa é um interrogo constante entre o incorporar o real externo a esquemas já existentes e modificá-los: assimilação e acomodação” (FERNÁNDEZ, 2001, p. 81).
Portanto, entendemos que a aprendizagem criativa recorre aos princípios de assimilação e acomodação. Esses termos ganham nova roupagem na teoria piagetiana: quando um aluno, motivado pelo desejo de aprender, justamente porque o professor conseguiu que a informação (que, para o docente, é conhecimento) tenha significado para o aprendente. A acomodação e a aprendizagem desse conhecimento pressupõem que o aluno ressignifique a informação, o que pode ocorrer de formas diversas, haja vista que cada ser humano possui sua singularidade, suas próprias vivências e experiências. É partindo dessa singularidade que o aluno cria seus próprios conhecimentos.
Para exemplificar, a assimilação é aquele momento em que o aluno começa a experimentar coisas novas e, nesse instante de experimentação, o educando já tem capacidade de entendimento suficiente para compreender que aquilo é algo novo em seu “mundo”. Este é o momento em que o aluno passa a incorporar novos esquemas em seu pensamento e na sua linguagem, como no momento em que a criança entende que gato é um animal, logo, todos os animais que tiverem quatro patas e forem peludos, irão associar ao “gato”.
É dessa maneira que a criança concebe todas as novas experiências de sua vida, por meio da assimilação.
Já no processo de acomodação, este momento é que o aluno começa a fazer ajustes em seu processo maturacional para incorporar novas experiências. Continuando no exemplo do “gato”; no momento em que a criança associa um animal peludo e de quatro patas a um gato, ela chama-o de “gatinho”; no entanto, se houver um adulto que a corrija e diga que aquele “gatinho” é um cão, a criança vai aprender que o esquema que ela criou para animais peludos e de quatro patas não funciona para todos os animais.
Assim, podemos dizer que esta ação “[...] é a condição da autonomia da pessoa e, por sua vez, a autonomia favorece a autoria do pensar. À medida que alguém se torna autor, poderá conseguir mínimo de autonomia” (FERNÁNDEZ, 2001, p. 91). Nesse sentido, como processo e ato de produção de sentidos, de reconhecimento de si mesmo como protagonista ou participante da aprendizagem, justamente porque a aprendizagem não é mais vista de forma passiva,mas supõe ação e criação, o que torna os alunos autores e não somente receptores.
O processo de criação ocorre enquanto se aprende; enquanto se cria. Portanto, pensar na ação do professor em sala de aula, enquanto este ensina os conteúdos curriculares, deve-se pressupor uma ação que seja, também, inquieta, pois, enquanto se está conhecendo, se está questionando.
A aprendizagem, do ponto de vista que apresentamos, deve partir da inquietação, da atividade criativa tanto do aluno quanto do professor. Dar voz e espaço para que cada um de nossos alunos tenham autonomia de pensamento sugere, por um lado, uma nova metodologia e postura do professor: não mais a de detentor do saber, mas aquele que possibilita a interação e o espaço necessário para que o sujeito aprendente seja um aprendente não somente de conteúdos, mas também um aprendente e autor de suas próprias ações e, portanto, de sua própria vida. Há de se distinguir, então, o trabalho do professor(a) neste campo de aprendizagens, pois
a pedagogia trabalha fazendo com que as coisas sejam pensadas; isso significa que suas intervenções estão direcionadas a abrir espaços subjetivos e objetivos onde a autoria de pensamento seja possível. (FERNÁNDEZ, 2001, p. 102)
A fim de compreender a citação acima, é preciso distinguir três campos do pensamento: aquilo que é pensável, aquilo que é não pensável e aquilo que é impensável.
O impensável possibilita o pensar, porque se trata de fatos que não são pensados, não porque não queremos, mas porque, simplesmente, não pensamos nisso ou não fomos instigados a pensar sobre determinado assunto.
Um exemplo que podemos dar a respeito de fatos não pensados e impensados é a incorporação de filmes como recurso didático. Os filmes podem ser ótimos recursos capazes de representar situações educativas dentro da sala de aula e, posteriormente, realizar discussões ou intervenções com os educandos.
Os filmes são ótimos recursos educacionais para fazer pensar, gerar, no educando e, até mesmo, no docente, o impensável no pensamento; uma maneira de suscitar problemas sociais e culturais e buscar respostas para essas questões “impensáveis”.
IMPORTANTE!
Não podemos fazer pelos outros aquilo que não fazemos por nós mesmos: autorizarmo-nos a pensar e termos autoria de pensamento é fundamental, se quisermos possibilitar a autoria em outros. Isso implica saber que o pensamento é ação: “quando digo que eu penso, estou dizendo que estou construindo algo novo ainda em relação ao que pensava antes” (FERNANDEZ, 2001, p. 106).
Inicialmente, estudante, você deve compreender que a aprendizagem não ocorre somente dentro de um contexto determinado, como o escolar, por exemplo. O processo de ensino e aprendizagem ocorre ao longo de nossas vidas. Desde nosso nascimento, aprendemos a comer, a andar, a escrever, a ler, a nos relacionar e tantas outras aprendizagens que podemos pensar.
Ocorre que, nem sempre, este processo ocorre de forma sistematizada, como na escola. Por isso, é preciso saber que nós, humanos, sempre estamos em processo de ensino e aprendizagem, ainda que não percebamos imediatamente.
Nesse momento, nossas discussões abarcam o processo de ensino e de aprendizagem proposto por Libâneo, em seu livro intitulado “Didática”. Esse educador brasileiro apresenta cinco propostas de processos de ensino, distintas entre si, que possibilitam que esse processo seja desenvolvido. Os processos de ensino ou métodos de ensino são utilizados como aporte teórico para que o professor consiga desenvolver o seu plano de trabalho e o seu plano de aula; os métodos de ensino são: o processo de exposição, de trabalho independente, de elaboração conjunta, de trabalho em grupo e atividades especiais.
O primeiro é o método de exposição; este consiste na apresentação dos conteúdos a serem aprendidos de forma verbal, seja falando sobre o tema, seja demonstrando por meio de ilustrações e exemplificações, dentre outras formas. A ideia é que o conteúdo seja exposto pelo professor para que o aluno possa aprender. Nessa forma de aprendizagem, a participação do aluno é nula, pois é o professor quem transmite o conhecimento. Tal metodologia é encontrada nas escolas tradicionais, cuja pedagogia centra o professor no processo de ensino e aprendizagem. O método expositivo de ensino é muito utilizado nas salas de aula e este não favorece o desenvolvimento das competências e habilidades dos alunos. Ele serve para expor o conteúdo aos alunos.
O segundo é o método de trabalho independente, que consiste em um estudo dirigido ou na solução de problemas, de forma individual, que é desenvolvido dentro da sala de aula. É um recurso pedagógico em que professor e aluno trabalham juntos. Nesse caso, o aluno recebe um estudo a ser realizado ou um problema a ser resolvido e trabalha individualmente ou coletivamente, mas tem a orientação do professor sempre que possível. Esse método pode ser trabalhado a partir de estudos de caso, e a criatividade e o pensamento lógico são fundamentais nesse método.
O terceiro método de ensino proposto é o da elaboração conjunta. Esse método baseia-se no diálogo entre professor e aluno ou entre aluno e aluno, a fim de que a aprendizagem ocorra. Por meio de perguntas, o professor incentiva a reflexão e o processo de elaboração das respostas. Esse método visa que o aluno obtenha novos conhecimentos, atitudes e habilidades.
O quarto é o método de trabalho em grupo, que propõe, por meio de debate, seminários ou outras formas de trabalho em grupo, o estudo sobre determinado tema e a apresentação de elementos que afirmam a aprendizagem sobre ele. No caso do seminário, por exemplo, um grupo de alunos é convidado a apresentar e debater determinado tema, mostrando domínio sobre este em sua argumentação. Esse método de ensino estimula o trabalho em grupo, o debate e a reflexão conjunta sobre um determinado aspecto. Além do mais, esse método estimula a aprendizagem cooperativa, autônoma e de construção do conhecimento coletivo.
O último método consiste nas atividades especiais, que seriam, por exemplo, o estudo do meio ou as atividades práticas. São atividades realizadas fora do contexto escolar, que servem para explorar, elaborar e refletir sobre o conhecimento.
Diante dos métodos de ensino expostos acima, é preciso questionar acerca de sua utilização: será que é possível utilizar o mesmo método sempre e para todos os conteúdos a serem elaborados pelo aluno?
Como estamos tratando do processo de ensino e aprendizagem sistematizado, é preciso pensar que a organização e a eleição dos métodos a serem utilizados mantêm relação direta com os objetivos da aula e da organização do trabalho pedagógico. Por exemplo: se meu objetivo, como professora, é alfabetizar o aluno, qual desses métodos trará a melhor resposta para o seu cumprimento?
O conteúdo e os objetivos a serem realizados na aula são determinantes para a escolha do método. Além disso, essa escolha depende, ainda, do conhecimento do professor sobre os alunos com os quais trabalha e dos fundamentos teórico-metodológicos que irá transmitir aos alunos. Por isso, é importante saber como cada aluno aprende, além do professor compreender que existem inúmeros métodos que irão lhe auxiliar em seu processo de ensino. Se tenho alunos mais inquietos, por exemplo, os métodos de trabalho em grupo podem ser melhores do que os de trabalho individual ou de exposição pelo professor.
Para finalizar, um último ponto é bastante importante para pensarmos, caro estudante. A escolha do método de ensino e aprendizagem depende, ainda e primordialmente, de como o professor compreende a educação e a aprendizagem. Suas crenças nesses conceitos definirão o modo como atua em sala de aula e como realiza o processo.
Portanto, é necessário pensar sobre a educação e ter uma definição, ainda que prévia, pois sempre podemos e devemos repensar sobre ela; isso é fundamental em sua caminhada nesta área, assim como pensar a educação, a aprendizagem, o ensino e as práticas que estão sendo desenvolvidas.
Nos dias atuais, há um consenso sobre a importânciade se utilizar o computador e a internet na educação e no saber-fazer docente, tendo em vista que seu uso deve ser realizado de maneira que o aluno ou, até mesmo, o professor sejam auxiliados por meio dessa tecnologia, empregando recursos que visem melhorar, cada vez mais, a eficácia da construção do conhecimento e suas relações com a sociedade.
Para Tajra (2012), os professores precisam tomar posse dos softwares educacionais e precisam ser capacitados para utilizá-los como um instrumento pedagógico. A partir do momento que a instituição disponibiliza instrumentos para o professor, como a internet, para auxiliar suas aulas, é preciso que o docente tenha capacidade de avaliar, de forma adequada, no que ela pode contribuir para a sua necessidade didática.
IMPORTANTE!
A internet é mais um canal de conhecimento, de trocas e buscas. A internet não substitui, ela facilita, aprimora as relações humanas, elabora novas formas de produção, estimula uma cultura digital, libera tempo, une povos e culturas e gera uma nova sociedade. A internet não se resume a um conjunto de backbones que interliga fisicamente os países e as informações. A tecnologia não está isolada de seu contexto histórico e de suas relações sociais. Quando falo internet, refiro-me à complexa rede hipertextual de lógicas e conhecimentos interrelacionados (TAJRA, 2012, p. 145).
Assim, o professor deve refletir a respeito da nova realidade do ensino existente, além de repensar sua prática e desenvolver novas maneiras de ação para alcançar melhorias. De acordo com Sanches (2008, p. 11), “[...] o professor não pode fechar o olhar para essa realidade, mas deve agregar esse recurso à sua didática de ensino, pois deve ser o mediador entre ambientes tecnológicos e alunos”.
Portanto, demonstramos a clara necessidade de capacitar os professores para atuarem com e por meio da internet, além de saberem lidar com recursos tecnológicos por ela proporcionados como aliados do ensino. Para Tajra (2012), essa nova realidade educacional precisa integrar a tecnologia com a proposta de ensino do professor. Mesmo que o uso das tecnologias auxilie o processo de ensino-aprendizagem, o professor deve, ainda, atuar como mediador e coordenador desse processo.
Para Magedanz (2004, p. 6), é extremamente importante que o professor valha-se de ambientes informatizados, que empreguem softwares educativos, que busquem sempre uma didática construtiva e educativa.
O professor tem uma figura muito importante, uma vez que suas experiências pedagógicas são fundamentais para ampliar o campo de conhecimento dos alunos. A partir do momento que o professor tem acesso e conhece as técnicas que envolvem as TICs, suas atividades desenvolvidas em sala de aula, como debates, exercícios e provas, passam a assumir um novo significado de construção do conhecimento.
A internet traz muitas vantagens para o docente no processo de ensino e aprendizagem, quando utilizada de maneira adequada. No entanto, existem alguns problemas e limitações quando a utilização é incorreta e despreparada, podendo gerar até transtornos no processo educacional.
Para que o professor e a professora passem a utilizar a internet como recurso pedagógico, é necessário que estejam capacitados e conscientes sobre suas implicações no processo de aprendizagem: positivas e negativas, além de conhecerem seus serviços e que saibam, de fato, utilizar essa ferramenta para fins pedagógicos.
Sabemos que a maioria dos professores, por não possuírem pleno domínio da utilização da informática, apresentam certo receio quanto à sua introdução e manuseio no ambiente educacional. É compreensível essa insegurança, mas, pensando nisso, é muito importante que as escolas realizem capacitações eficientes e possíveis para que tragam maior segurança ao professor, consequentemente, proporcionando-lhe “[...] confiança em desenvolver trabalhos que envolvam o uso dos computadores, e os tornem aptos a fazerem uso da informática e da internet em sala de aula” (MORAN, 2001, p. 23).
Há uma situação bem dicotômica no âmbito educacional. O professor vem ganhando cada vez mais direitos de utilizar essa ferramenta em suas aulas, mas, infelizmente, ainda não sabe como utilizá-la. Por isso a necessidade de se capacitar professores, já que as capacitações quebram barreiras e acabam gerando uma compreensão maior da evidente necessidade de inovar nas aulas.
Uma capacitação eficiente envolveria toda a comunidade educacional, sendo necessário um investimento [...] em projetos que favoreçam essa mudança, possibilitando a implantação bem como sua aplicação, de acordo com as necessidades e a viabiliadade educacional. (MORAN, 2001, p. 19)
Por isso, existe a necessidade dos espaços educativos investirem cada vez mais em projetos que incluam informática e internet em seus currículos. Contudo, é necessário considerar as características individuais de cada professor, nos aspectos pedagógicos e sociais, sejam conservadas mesmo diante das transformações ocorridas no âmbito tecnológico. 
Logo, a formação de professores e o ambiente educativo devem objetivar a edificação da aprendizagem do aluno, favorecendo a construção de um ser humano completo nos aspectos didáticos e sociais. Isso quer dizer que todas as medidas devem favorecer o aluno, sendo que este é o centro de todo esse processo, por isso:
[...] educar é levar o aluno ao conhecimento, ou seja, aprender a gerenciar um conjunto de informações e torna-las algo mais significativo para si, e não simplesmente absorver informações, pois estas são possíveis de serem esquecidas e de se perderem. Além de gerenciar a informação, é importante aprender a gerenciar também todo o universo das emoções. O processo de educar é complexo, e não envolve somente o processo de ensinar ideias, ensinar também a lidar com as sensações e emoções que ajudam a manter o equilíbrio e a viver com confiança. (MORAN, 2001, p. 19)
A aplicabilidade da internet pode ser definida, essencialmente, como um recurso que seja capaz de viabilizar o processo de comunicação e de transmissão de informações. Devido ao seu formato dinâmico, a Internet, hoje, é considerada como uma das ferramentas mais completas na área da comunicação. Assim, devido a seu aspecto atrativo, ágil e dinâmico, quando bem empregada, a internet pode tornar-se uma grande aliada no processo de ensino e de aprendizagem, por isso, é fundamental que o professor saiba o básico sobre informática.
Sabemos o quanto é difícil utilizar ferramentas tecnológicas na educação, pois há perfis bem diferentes, e a formação tradicional de professores acaba não incluindo, no currículo docente, o uso e o conhecimento de ferramentas tecnológicas. Isso resulta na exclusão dessas ferramentas da sala de aula, achando que não é necessária para o processo de aprendizagem. Nesse momento, apresentamos algumas estratégias para facilitar a adoção do uso de tecnologias pelos docentes. Vejamos:
Figura 2 -  Estratégias da era digital para professores
Diante de tantas possibilidades, a internet é uma valiosíssima ferramenta para mudar o processo de ensino, mas, para isso, os professores precisam de capacitação e estarem atentos ao ritmo de cada aluno, para que a curiosidade seja despertada não somente pelo uso da internet. Assim, compreendemos que, até mesmo para o processo didático, as novas tecnologias são imprescindíveis em nossa atuação pedagógica, por isso, você encontrará um infográfico que apresentará elementos conceituais, os quais estão envoltos ao processo didático da educação.
Elementos conceituais do processo didático
· ESCOLA
“A escola é para todos, tem caráter democrático, a organização disciplinar é realizada por meio da participação da comunidade, oferecendo condições para o processo de aprendizagem dos alunos”.
· PROFESSOR
“Sua função é facilitar o processo de aprendizagem”.
· ENSINO E APRENDIZAGEM
“Os objetivos educativos da escola precisam obedecer aos princípios de currículo e estar organizado coletivamente no trabalho dos professores, os conteúdos precisam ser selecionados a partir do interessedos alunos, e a avaliação acontece dentro do processo formativo”.
· ALUNO
“Sujeito que faz parte da instituição, ele é o centro do processo de ensino e aprendizagem, o professor deve enfocar a sua criatividade, ou seja, um aluno que aprendeu a aprender”.
O infográfico apresentado traz as principais conceituações que envolvem o processo da educação, do processo educacional, organização do trabalho pedagógico e a utilização das tecnologias educacionais. Os conceitos de escola, aluno, professor e ensino-aprendizagem são fundamentais para empreendermos sobre os objetivos educativos que intencionamos desenvolver em nossa prática, tendo em vista que esses conceitos permeiam todas as ações a serem desenvolvidas no processo de ensino e de aprendizagem, estando envoltos nos pressupostos culturais, sociais, políticos e históricos.
Assim, nesta aula, resgatamos o processo de construção da educação e a influência da cultura nesse movimento, salientamos os pressupostos de como a aprendizagem acontece e os métodos que proporcionam o ensinar, para que a aprendizagem, de fato, se concretize na ação docente.  
As 2 - Didática (Educação e Métodos de Ensino no Saber-Fazer Docente)
1 - Há uma série de autores que apontam que a cultura nos configura enquanto indivíduos. Isto é, ela fornece a nós elementos para o convívio social, isto é, nos dá um horizonte simbólico no qual nos tornamos que somos. Em grande medida, esses fatores são fornecidos via o processo educativo.
Nesse sentido, qual seria a responsabilidade da educação?
	
	a.
	A educação fornece ordem e a disciplina, configurando com isso sujeitos responsáveis.
	
	b.
	A educação tem a responsabilidade de nos tornar humanos.
	
	c.
	Como elemento central, a responsabilidade da educação é gerar momentos pedagógicos.
	
	d.
	O processo educativo nos fornece força para vencer na vida.
	
	e.
	O processo educativo é responsável por alimentar a chama do conhecimento.
2 - Em acordo com Fernández (2001), "inteligência não é adaptação ao meio", a autora argumenta que "(...) se a inteligência é adaptação ao meio, as baratas seriam os seres mais inteligentes”. Ou seja, é necessário muito mais do que experiências para que a inteligência possa se desenvolver. Diante disso, qual seria, para a autora a aprendizagem ideal?
	
	a.
	A aprendizagem reativa que se concretiza na ideia de reação aos conteúdos educacionais.
	
	b.
	A inteligência adaptativa, no qual o indivíduo se desenvolve refletindo sozinho sobre si.
	
	c.
	Natural híbrida, isto é, a assimilação de elementos subjetivos e emocionais.
	
	d.
	A inteligência passiva, ou seja, uma atitude de disciplina em relação aos saberes.
	
	e.
	A aprendizagem criativa que se estabelece entre assimilação e acomodação.
3 - Em acordo com Moran (2001), "educar é levar o aluno ao conhecimento", com isso o autor aponta para a necessidade de que o educando aprender a gerenciar dois elementos. Quais são eles?
	
	a.
	Informações e emoções.
	
	b.
	Ideias e conceitos.
	
	c.
	Sexualidade e criticidade.
	
	d.
	Comunicação e participação.
	
	e.
	Significativos e significantes.
4 - Sabemos que o advento das tecnologias da informação e comunicação e a presença da internet em nossas vidas é um ponto sem retorno. Isso quer dizer que é inevitável que os educadores tenham não apenas contato com estes veículos e ferramentas, mas é necessário sobretudo de conhecimentos sobre estes. Leia as sentenças abaixo e escolha a alternativa que apresenta adequação às três dicas que constam no material didático para que este quadro possa ser superado.
I - Buscar formação em tecnologia fora da escola em que trabalha;
II – Usar as redes sociais todos os dias dentro da sala de aula para descontrair;
III - Usar as ferramentas todos os dias, pesquisando por materiais de apoio;
IV – Participar dos treinamentos dados por sua escola.
	
	a.
	I, III e IV.
	
	b.
	Todas as alternativas.
	
	c.
	I, II e III
	
	d.
	II e IV
	
	e.
	I e IV.
Unidade 3 (Projeto Político Pedagógico e Participação Docente)
TÓPICOS ABORDADOS
· Definição de Projeto Político Pedagógico;
· Elaboração do Projeto Político Pedagógico;
· Participação docente no Projeto Político Pedagógico.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Conhecer a importância da participação docente na constituição do projeto político-pedagógico.
Projeto Político Pedagógico e Participação Docente
Iniciamos nossos estudos tratando sobre como o trabalho modifica o trabalhador, já que faz parte da participação docente na construção do projeto político pedagógico. É necessário pensar que, nesse processo de participação docente, há algo que a antecede tal questão: a práxis social. Portanto, devemos entender a práxis social como um trabalho “[...] cujo processo de realização desencadeia uma transformação real do trabalhador” (TARDIF, 2002, p. 56). Sabemos que o trabalho não é uma tarefa que apenas modifica determinados objetos encontrados na natureza; o trabalho visa modificar a identidade do trabalhador e sua forma de agir sobre o mundo.
Podemos dizer que o trabalho modifica a identidade do trabalhador, pois, a partir do momento que o indivíduo experiencia as ações de estar inserido em um local de trabalho, este passa a compreender as problemáticas que envolvem suas ações.
Um exemplo disso é, se um professor ou uma professora, de qualquer área do conhecimento, tem experiência de mais de 25 anos no magistério, esse profissional não faz, simplesmente, alguma coisa; ele modifica sua identidade, passa a alterar as marcas de sua atividade ao longo do período que leciona e sua existência passa a ser caracterizada por sua atuação profissional. Com o passar dos anos, esse profissional torna-se um(a) professor(a) com sua própria cultura, seu ethos, suas funções e interesses (TARDIF, 2002).
Se sabemos que o trabalho modifica o homem em sua identidade, é fato que o trabalho também irá moldar a forma desse indivíduo trabalhar, pois
[...] em toda ocupação, o tempo surge como um fator importante para compreender os saberes dos trabalhadores, uma vez que trabalhar remete a aprender a trabalhar, ou seja, a dominar progressivamente os saberes necessários à realização do trabalho [...] o trabalho é aprendido através da imersão no ambiente familiar e social, no contato direto e cotidiano com as tarefas dos adultos cuja realização as crianças e os jovens são formados pouco a pouco, muitas vezes por imitação, repetição e experiência direta. (TARDIF, 2002, p. 57)
Por isso, a aprendizagem concreta que envolve o ofício da prática docente passa a assumir uma forma de relação entre o trabalhador e seu trabalho. As experiências vivenciadas são de grande importância para o processo de formação e organização do trabalho pedagógico.
Os saberes docentes estão intimamente ligados ao trabalho e, com certeza, são ações temporais, já que são construídas e dominadas de maneira progressiva por aqueles que atuam na profissão. As diversas situações que os trabalhadores da educação enfrentam em seu cotidiano demonstram que eles precisam desenvolver habilidades e competências, isto é, atitudes específicas para solucionar determinados problemas que irão aparecer no cotidiano escolar. Logo, a prática profissional “[...] consiste numa resolução instrumental de problemas baseada na aplicação de teorias e técnica científicas construídas noutros campos” (TARDIF, 2002, p. 58).
Até o momento, percebe-se que as relações necessárias para a construção de uma boa prática docente é o tempo, o trabalho e a aprendizagem. Esses quesitos contribuem para a ampliação dos saberes profissionais que atuam na educação. Podemos denominá-los de prática cotidiana, pois são os saberes adquiridos no processo de formação e construção profissional que os professores terão subsídios para solucionar problemas referentes ao projeto político pedagógico e a participação da comunidade.
A construção de saberes docentes é o ponto chave da atuação dos professores. Obviamente, este processo não é uma tarefa fácil. Salientamos que “saber” tem um sentido amplo, que envolve conhecimentos,competências, habilidades e atitudes dos professores. No entanto, esses conhecimentos não são suficientes para que haja uma boa ação e participação docente no processo de organização da escola. Por exemplo: muitos professores acreditam que apenas ter conhecimento da matéria/disciplina que ministram é suficiente para executar a sua aula.
No entanto, sabemos que isso é um completo erro, pois o planejamento e o conhecimento são fundamentais para que o conhecimento a ser transmitido aos educandos aconteça de maneira eficiente e eficaz. Isso porque
[...] os saberes servem de base para o ensino, [...] não podem se limitar apenas a conteúdos bem circunscritos que dependem de um conhecimento especializado. Eles devem abranger uma grande diversidade de objetos, questões e problemas que estão relacionados com o trabalho e a prática docente. (TARDIF, 2002, p. 61)
Assim, a participação docente só irá ser efetiva a partir do momento que os saberes profissionais dos professores forem plurais e heterogêneos; serão esses saberes que trarão à tona o exercício da participação docente.
IMPORTANTE!
A participação docente deve abranger a diversidade dos saberes dos professores, sendo construído, assim, um modelo de categorias que irão edificar o conhecimento e a participação dos professores em sua prática profissional.
Apresentaremos o quadro a seguir que demonstra um modelo para que saibamos identificar e classificar os saberes docentes. Ao invés de propormos critérios, que apenas ajudam a discriminar alguns professores, buscamos compartilhar saberes que contribuam para o pluralismo de ideias e do saber profissional.
Clique nos botões abaixo para conhecer cada elemento.
Quadro 1 - Saberes dos Professores
Fonte: Tardif (2002, p. 63)
O quadro que apresentamos deixa evidente que os fenômenos da prática profissional são extremamente importantes para a participação e desenvolvimento do saber docente. Isso porque o saber docente é utilizado em qualquer contexto de atuação dos professores, seja na sala de aula ou junto à coordenação pedagógica, os conhecimentos dos professores demonstram o registro da natureza social de sua ação, principalmente, na organização do trabalho pedagógico.
IMPORTANTE!
O saber profissional está, de certo modo, na confluência entre várias fontes de saberes provenientes da história de vida individual, da sociedade, da instituição escolar, dos outros atores educativos, bem como dos lugares de formação. Ora, quando estes saberes são mobilizados nas interações diárias em sala de aula, é impossível identificar imediatamente suas origens: os gestos são fluidos e os pensamentos, [...] convergem para a realização da interação educativa do momento (TARDIF, 2002, p. 64).
Vejam quão importante é que o docente tenha saberes e como esses saberes influenciam em sua prática social e pedagógica!
Agora, é o momento de falar do Projeto Político Pedagógico (PPP). Este é um documento elaborado dentro de cada instituição escolar, que tem, por finalidade, orientar o trabalho pedagógico durante todo o ano letivo. Inicialmente, trataremos o conceito de planejamento, isso porque o PPP é fruto desse processo, e o planejamento precede o PPP. Depois, iremos articular com o saber docente e a participação do professor. Mas o que vem a ser o planejamento?
Segundo Vasconcellos (2012, p. 106, grifos do autor), “o planejamento deve partir da realidade concreta tanto dos sujeitos, quanto do objeto de conhecimento e do contexto em que se dá a ação pedagógica [...]”, ou seja, o professor deve conhecer a realidade social da comunidade em que a escola se encontra e dos alunos que a frequentam para fazer um planejamento coerente, assim como é importante o professor ter conhecimento frente ao objeto estudado.
Dessa forma, “a escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seus projetos educativos, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos [...]” (VEIGA, 2011, p. 11). Então, o Projeto Político Pedagógico (PPP) deve ser elaborado a partir da realidade concreta.
IMPORTANTE!
O projeto educacional das instituições escolares é constituído pela articulação entre os diversos projetos de vida; por meio da convergência de sonhos, a escola torna-se espaço democrático para formar vidas.
Para Vasconcellos (2012), deve-se levar em consideração as características dos alunos que frequentam a escola, para que o ensino seja organizado conforme suas necessidades.
Além disso, assim como o PPP é elaborado, este também deve ser executado e avaliado para que haja mudanças quando necessário. Em complemento, “o planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino [...]” (LIBÂNEO, 2012, p. 221).
O planejamento “[...] não pode ser um documento rígido e absoluto, pois uma das características do processo de ensino é que está sempre em movimento, está sempre sofrendo modificações face às condições reais [...]” (LIBÂNEO, 2012, p. 223). Portanto, deve ter coerência entre aquilo que foi planejado e a prática, mas é preciso explicitar que essa questão não faz com que o planejamento seja estático, ao contrário, ele deve ser avaliado, refletido e modificado constantemente, conforme as necessidades que forem surgindo ao longo do caminho, sendo flexível para serem feitas as alterações necessárias.
O planejamento pode ser encontrado em diversas áreas do conhecimento, assim como na vida pessoal de cada pessoa. Do mesmo modo que o planejamento é importante nesses locais, ele exerce um papel fundamental no âmbito educacional, já que, por meio dele, é possível que seja pensado, planejado, executado e avaliado o processo de ensino e aprendizagem. Dessa maneira, o planejamento tem grande importância para a educação. A seguir, apresentaremos o planejamento em diferentes níveis e modalidades.
O planejamento mais abrangente, exposto por Vasconcellos (2012), é o Planejamento do Sistema de Educação, que é feito em nível nacional, estadual ou municipal, assim como estipula a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96), em que a União é responsável por: “I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios” (BRASIL, 1996).
O Planejamento Educacional, então, “[...] consiste no processo de análise e reflexão das várias facetas de um sistema educacional, para delimitar suas dificuldades e prever alternativas de solução [...]” (HAYDT, 2011, p. 95), ou seja, tal planejamento é responsável por direcionar os professores sobre os caminhos a seguir, de forma a solucionar as dificuldades educacionais apresentadas no país, estado ou cidade, conforme a concepção política de educação predominante pelo Estado. Dessa forma, esse planejamento é importante para explicitar a filosofia educacional que o país adotou para formar a população (MENEGOLLA; SANT’ANNA, 2012).
A forma dessa filosofia educacional adotada pelo país chega às escolas brasileiras por meio do planejamento escolar, que diz respeito ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição, tendo, como objetivo, direcionar e formular planos frente à concepção política e pedagógica da escola, em consonância com o que é exposto no planejamento educacional. Portanto, todos os PPP são:
[...] um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. [...] Pedagógico, no sentido de definir ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. (VEIGA, 2011, p. 13)
Assim, o planejamento escolar, como o planejamento educacional, expressa a filosofia de educação adotada pelo país. O plano da escola pode ser caracterizado da seguinte forma:
o plano da escola é o plano pedagógico e administrativo da unidade escolar, onde se explicita a concepção

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