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1 Crimes de trânsito: Introdução: • Elevado número de acidentes de trânsito justifica a previsão legal dos crimes de trânsito; Busca preservar segurança de todos; Previne comportamentos perigosos; Garante direito a um trânsito seguro: ▪ Art. 1º - § 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito. Crimes de trânsito: • Definição de trânsito: Art. 1º - § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga. Conceito mais amplo que a mera movimentação pela via – admite estacionamento e outras formas; • Definição de vias terrestres: Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo. • Distinção entre crimes de trânsito e infração de trânsito: Infração – Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito deste Código ou da legislação complementar, e o infrator sujeita-se às penalidades e às medidas administrativas indicadas em cada artigo deste Capítulo e às punições previstas no Capítulo XIX deste Código. ▪ São ilícitos de caráter administrativo; ▪ Violações do ordenamento desprovidos de gravidade suficiente para a caracterização de infração penal; Crime – apresenta repercussão penal em decorrência da sua alta reprovação; Aplicação subsidiária do CP e CPP: • Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo 2 não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. • Dispositivo redundante – já seria assim mesmo sem dispor; Impossibilidade de aplicação do CTB: • Art. 291 § 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995 (Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências), exceto se o agente estiver: ▪ O crime de lesão corporal culposa no trânsito previsto no art. 303, caput, ao qual é cominada uma pena de detenção, de seis meses a dois anos, é uma infração de menor potencial ofensivo, visto que sua pena máxima não ultrapassa o limite de dois anos. Portanto, como regra geral, deve ter incidência a Lei dos Juizados Especiais Criminais; ▪ Ação penal pública condicionada à representação; ▪ Deve ser lavrado termo circunstanciado, com ulterior possibilidade de transação penal; Álcool/drogas - I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; Racha - II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; Alta velocidade - III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora). ▪ Obs. Nessas situações o crime deixa de ser considerado infração de menor potencial ofensivo, devendo ser instaurado inquérito policial para investigar a infração; • § 2º Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. Fixação da pena-base de acordo com o art. 59 do CP, com especial atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e consequências do crime: • Art. 121 - § 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e consequências do crime. ▪ Todas as circunstâncias devem ser observadas de maneira isolada, sendo insuficientes considerações genéricas e superficiais; Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art59 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art59 3 • Culpabilidade – juízo de reprovabilidade do comportamento do agente, apontando a maior ou menor censurabilidade da conduta delituosa; • Circunstâncias do crime – meio e modo de execução do delito; • Consequências do crime – consiste na intensidade de lesão ou no nível de ameaça ao bem jurídico tutelado, abrangendo, ademais os reflexos do delito em relação a terceiros, não apenas no tocante à vítima; ▪ I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; • Caso sejam todas favoráveis ao acusado – deve ser pena mínima; • Caso sejam todos desfavoráveis – pena máxima; ▪ II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; ▪ III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; ▪ IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor com sanção principal aplicável aos crimes de trânsito: • Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras penalidades (multa e/ou pena privativa de liberdade). ▪ Obs. Brasileiro entende que a pena só pode ser cumulativa e não isolada com a multa e/ou privativa de liberdade; Suspensão - suspender, sustar, temporariamente, a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor; Proibição - vetar, impedir, impossibilitar, inviabilizar a obtenção de permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor. Permissão para dirigir – é o documento expedido ao candidato aprovado nos exames de habilitação para conduzir veículos e possui validade de um ano; Carteira nacional de habilitação (CNJ) – conferida ao condutor ao término de um ano, desde que o mesmo não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente em infração média. ▪ Obs. CNH e permissão são documentos hábeis ao exercício regular do direito de dirigir; • Duração - Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos. A suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor também deve ser fundamentada em dados concretos, em eventuais circunstâncias desfavoráveis do art. 59 do CP, que não a própria gravidade em abstrato do delito. • § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. 4 • § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado,por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional. Medida cautelar de suspensão do direito de dirigir: • Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. Pressupostos: ▪ Fumus comissi delicti – fumaça da prática do delito; ▪ Periculum libertatis - perigo concreto que a permanência do suspeito em liberdade acarreta para a garantia da ordem pública, é dizer, o risco de reiteração delituosa. Descumprimento da cautelar: ▪ Não se pode negar ao juiz a possibilidade de decretar a prisão preventiva, como medida de ultima ratio, no caso de descumprimento do art. 294 do CTB, sob pena de se negar qualquer coercibilidade a tais medidas. ▪ Se não haver prisão – acusado vai dirigir dada a ausência de penalidade; • Cabimento de recurso em sentido estrito - Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo. Comunicação da suspensão ou da proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor às autoridade de trânsito: • Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente (Ex: DETRAN). Caso de reincidência em crime de trânsito: • Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. Necessário que a reincidência seja em crime de trânsito previsto no CTB; Se houver reincidência, deve (norma de caráter cogente) o magistrado aplicar a pena privativa de liberdade e/ou multa, somado ao preceito secundário de suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo; Multa reparatória: 5 • Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime. Forma de penalidade; Beneficiário – vítima ou família; Finalidade – reparação dos prejuízos materiais resultantes do delito; Indenização civil; Possibilidade de que na própria sentença condenatória ocorra a fixação do valor mínimo para a reparação do prejuízo material resultante do crime, cujo valor deve ser demonstrado no processo; ▪ Ofendido não precisa, dessa forma, fazer a liquidação; Art. 49 - § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. • § 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo. • § 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código Penal. • § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado. Circunstâncias agravantes aplicáveis ao crime de trânsito: • Essas circunstâncias devem ser levadas em conta na segunda fase da dosimetria da pena, ou seja, depois de fixada a pena-base com base; Obs. STJ - SÚMULA N. 231. A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. • Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração: I - com i) dano potencial para duas ou mais pessoas ou ii) com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; ▪ Dano potencial = perigo = probabilidade de dano; ▪ Grave – dano suscetível de trazer sérias consequências ao patrimônio alheio; II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas; ▪ Art. 115. O veículo será identificado externamente por meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada em sua estrutura, obedecidas as especificações e modelos estabelecidos pelo CONTRAN. ▪ Aplicação em 3 hipóteses: • 1) veículo sem placa; • 2) veículo com placa falsa (placa que não pertence ao veículo); • 3) veículo com placa adulterada (alterar a placa); III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; ▪ Não se aplica essa agravante àqueles que efetivamente possuem permissão ou habilitação para dirigir, estando apenas sem o respectivo documento quando da abordagem; 6 • Condução sem o documento no momento da abordagem é infração administrativa - Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste Código: Infração - leve; Penalidade - multa; Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação do documento. IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo; ▪ Caso o condutor tenha CNH para dirigir apenas uma categoria, não poderá assumir a condução de veículo de outra; V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga; ▪ Atinge profissional cuja ocupação é fazer o transporte de cargas ou passageiros – Ex: motorista de ônibus; VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; ▪ Restando comprovado que o agente alterou as condições do veículo além dos limites permitidos pelo fabricante, deverá ser aplicada a agravante, tendo em vista o maior desvalor do injusto; VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres. ▪ Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos passeios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a autoridade competente permitir a utilização de parte da calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao fluxo de pedestres. ▪ Agravante encontra sua ratio na maior proteção que o CTB dispensa aos pedestres, especialmente quando estiverem nas faixas a eles destinados na via pública; • Maior desvalor; Imunidade prisional quanto à prisão em flagrante: • Prisão em flagrante: Captura: ▪ Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: • I - está cometendo a infração penal; • II - acaba de cometê-la; • III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; • IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Condução coercitiva: ▪ Após captura o agente será conduzido coercitivamente à presença da autoridade policial para que sejam adotadas as providências legais; 7 Lavratura do auto de prisão em flagrante: ▪ Lavratura do instrumento em que são documentos os fatos e os fundamentos da prisão em flagrante; Recolhimento à prisão; • Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. Caso o condutor do veículo não preste pronto e integral socorro à vítima, a autoridade policial deverá não apenas captura-lo, conduzindo-o coercitivamentena sequencia à Delegacia de Polícia, mas também deverá levar adiante a lavratura do auto de prisão em flagrante; Homicídio culposo na direção de veículo automotor: • Conceito: Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. • Bem jurídico tutelado: Vida humana; • Sujeitos: SA - Crime comum – qualquer pessoa habilitada ou não que esteja na direção de veículo automotor; ▪ Pedestre que causa acidente e gera homicídio culposo de terceiro – homicídio culposo nos termos do art. 121, parágrafo 3º do CP; SP – qualquer pessoa humana; • Elementos objetivos: Matar – eliminar/retirar a vida de alguém; • Elemento normativo do tipo – direção de veículo automotor: Conceito de VEÍCULO AUTOMOTOR - todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico). Não estão incluídos os veículos de propulsão humana ou animal; • Elementos subjetivo: Culposamente – agenda dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia; ▪ Cabe ao magistrado observar; ▪ Causa de acidente é ação por negligência, imprudência ou imperícia; • Estabelecer a causa de um acidente é fundamental - pode ser usado prova pericial para evidenciar qual foi a causa; 8 • Ex 1: motoqueiro A (sem habilitação) fazendo contorno na rotatória; pessoa B invade a via preferencial e bate no motociclista - os dois condutores se machucaram - quem responde criminalmente e civilmente, A ou B? • Nesse caso, primeiro se verifica qual a causa primária do acidente; • Exclua-se os fatores: ausência de habilitação; • Pessoa A na rotatória, B invade e bate - a causa do acidente foi a invasão da rotatória; • O fato da ausência de habilitação não gera nenhuma causa; • Não foi a falta de habilitação - não é causa primária - a causa primária é a invasão da rotatória; ▪ Culpa – inobservância do dever objetivo de cuidado por meio de uma conduta voluntária que se mostre imprudente, imperita ou negligente, causadora de um resultado não desejado, mas objetivamente previsível; • Conduta voluntária – está restrita à realização da conduta, e não à produção do resultado; • Inobservância do dever objetivo de cuidado: o Se o motorista cumpre as normas de trânsito e mesmo assim provoca a morte de outrem, não será possível lhe imputar resultado, em face da inexistência da criação de um risco proibido, pouco importando, a existência de nexo de causalidade física entre a sua conduta e o evento morte; o Essa inobservância ocorre de 3 formas: ▪ Negligência: culpa na forma omissiva – não fazer o que deveria ser feito; • Ex: proprietário que deixa de fazer manutenção, transitando com pneu em péssimas condições; andar com faróis apagados; ▪ Imprudência: culpa comissiva – surge enquanto o agente desenvolve uma ação; • Ex: velocidade excessiva; passar sinal vermelho; ▪ Imperícia: falta de capacidade, aptidão, despreparo ou insuficiência de conhecimentos no exercício de arte, profissão ou ofício; • Só ocorre nesses âmbitos; • Ex: motorista de ônibus que emprega excesso de velocidade; • Se fosse feita por motorista normal – seria imprudência; • Ex: quem transporta combustível precisa ter um curso especializado para isso. Não basta ser habilitado, tem que ser especializado. 9 • A não observância de regras técnicas geram a imperícia; • Produção de resultado não desejado: o Resultado morte deve ser indesejado; • Previsibilidade objetiva do resultado: o Considerando-se as circunstâncias do caso concreto cognoscíveis por uma pessoa inteligente, colocando-se o magistrado na posição do autor no momento do fato delituoso de modo a verificar se o resultado era ou não previsível aquele; o Aferição a partir de uma percepção do homem médio; o Caso seja previsível – haverá culpa; o Caso imprevisível – não haverá culpa; Concorrência de culpa: ▪ Quando 2 ou mais indivíduos, desconhecendo a conduta do outro, concorrem, culposamente, para a produção de um fato definido como crime; ▪ Ex: A em excesso de velocidade; B cruza o sinal vermelho – culpa concorrente; • Não existe concurso de agentes, pois não há vínculo subjetivo; ▪ Culpa concorrente - ambos dão causa - ex: A em excesso de velocidade e B cruza preferencial - culpa concorrente no direito penal leva a cada um responder pela lesão causada ao outro, não se compensando como ocorre no direito civil; Compensação de culpa: ▪ Não ocorre no direito penal; ▪ Ex: A em excesso de velocidade; B pedestre atravessando rua com o uso de celular sem observar; • A conduta de B não elide a culpa do motorista; • Conduta de B será usada como circunstância judicial favorável ao acusado (comportamento da vítima) no momento de dosimetria da pena; Culpa exclusiva da vítima: ▪ Se a vítima causou o acidente – o motorista não agiu com imperícia, imprudência ou negligência, logo não há culpa; ▪ Ex 2: mulher sai contando dinheiro que tirou do banco, adentra na Tiradentes cruzando a rua - uma caminhonete, em velocidade dentro dos limites, atropela e mata a mulher; ela atravessou a rua sem olhar, qual a causa do acidente? Ela atravessar fora da faixa e sem olhar; • A mulher que atravessava a rua fora da faixa gerou a causa - culpa exclusiva da vítima - isenta o motorista de qualquer responsabilidade penal; Culpa inconsciente e consciente: ▪ Inconsciente – culpa que o agente não consegue prever o resultado, mesmo ele sendo previsível, como no caso de descuido, desatenção ou simples desinteresse; ▪ Consciente – o agente prevê a superveniência do resultado, mas confia levianamente na sua não ocorrência; 10 • Reprovabilidade maior; Culpa consciente e dolo eventual na direção de veículo automotor: ▪ Culpa consciente: • Sujeito não deseja o resultado; • Não assume o risco de produzi-lo; • Acredita se capaz de evitar o resultado, o que não ocorre por erro de cálculo ou execução; ▪ Dolo eventual: • Agente prevê resultado naturalístico, mas ao invés de renunciar à ação, anui ao seu advento; ▪ Linha muito tênue entre esses dois elementos; • Objeto material: Ser humano que suporta a conduta criminosa; • Consumação e tentativa: Consumação – morte; ▪ Crime instantâneo; ▪ Crime permanente – embora seja em um único momento, os resultados são imutáveis; Tentativa – não admitida; • Causas de aumento de pena: Majorantes incidem na 3 fase da dosimetria da pena; § 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: ▪ I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; • Essa majorante afasta a agravante prevista no art. 298, III, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem; ▪ II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; • Essa majorante afasta a agravante prevista no art. 298, VII, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem; ▪ III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; • Aplicação da majorante em caso de homicídio culposo; • Se o agente se envolver em acidente, não gerando lesão corporal ou homicídio, e não socorrer imediatamente a vítima – art. 304 (omissão de socorro) ▪ IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. • Essa majorante afasta a agravante prevista no art. 298, V, sob pena deviolação ao princípio do ne bis in idem; • Agente deve estar no exercício de profissão ou atividade ligada à condução de veículo de transporte de passageiros e não de carga; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#art302%C2%A71 11 o Transporte eventual de passageiros ou transporte de cargos, incide a agravante do art. 298, V, não a majorante acima; ▪ Aumenta-se ⅓ até a metade, devendo o juiz dosar esse quantum dependendo da quantidade de agravantes (não aumenta ⅓ pra cada uma, vai até o máximo a metade) Embriaguez ao volante - § 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: ▪ Divergência doutrinária: • Conduta - Pessoa que dirige sob a influência de álcool e causa morte ou lesão corporal de maneira culposa; • 1. Considera o concurso de crime de homicídio culposo/lesão corporal culposa na direção de veículo automotor qualificado pela embriaguez ao volante e o crime de embriaguez ao volante – são crimes distintos que tutelam bens jurídicos distintos, não havendo absolvição de um pelo outro; • 2. Homicídio culposo/lesão corporal culposa na direção de veículo automotor qualificada pela embriaguez ao volante – Brasileiro considera que a embriaguez é delito subsidiário, sendo absorvido pelo homicídio ou lesão; logo, a embriaguez qualifica o delito de homicídio/lesão, reconhecendo o caráter subsidiário do delito de embriaguez previsto no art. 306 do CTB; Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. ▪ Esse delito tem como objetivo afastar a ideia de que, quem dirige bêbado ou drogado, caso cometa homicídio com dolo eventual; • Afasta o argumento de quem bebe ou usa drogas e dirige assume o risco de produzir a morte de alguém; ▪ Figura preterdolosa: • Dolo na direção do veículo automotor sob a influência do álcool ou de qualquer outra substancia psicoativa que determine a dependência; • Culpa na diminuição dos reflexos em decorrência do álcool ou outras substâncias psicoativas e consequente morte culposa de alguém; o Renato Brasileiro entende que a embriagues do agente por si só não pode configurar dolo eventual, devendo ser identificada as situações que permitissem ao menos suscitar a possível presença de um estado anímico compatível com o de quem anui com o resultado morte; o Caso a pessoa dirija de forma a dar CAUSA ao acidente, mas sem intenção, sob influência do álcool, pode haver dolo eventual; ▪ Esse é o caso da CULPA CONSCIENTE. A pessoa conhecia o risco, mas realmente acreditava que nada aconteceria. Não acreditava que o resultado ia se produzir. 12 ▪ Ex: A pessoa foi jantar e tomou 2 garrafas de vinho. Foi dirigir depois disso e chegou a 160km/h. Passa um sinal vermelho e atinge um carro que vinha passando no sinal verde. Mata as duas pessoas no carro. - Dolo eventual. o Não se afigura razoável atribuir a mesma reprovação a quem infere uma dose de bebida alcoólica e em seguida dirige um veículo automotor, comparativamente àquele que, após embriagar-se completamente, conduz automóvel na via; ▪ Ausência de morte culposa – art. 306 – direção de veículo embriagado; • Excludente de ilicitude: Ex: motorista de ambulância que dirige para atender a uma urgência e mata pedestre – eventual excesso de velocidade estaria justificado pelo estado de necessidade; Lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: • Conceito: Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. • Bem jurídico: Incolumidade física em sentido amplo – abrange: ▪ Integridade corporal; ▪ Saúde da pessoa humana; Obs. Consentimento do ofendido como causa supralegal de exclusão da ilicitude: ▪ Consentimento deve ser 1) expresso, 2) livre, 3) prévio, 4) capacidade para consentir, 5) bem disponível, 6) lesão não grave/gravíssima; ▪ Brasileiro entende que depende muito do caso e normalmente a pessoa não consente – Ex: carona; ▪ Discute-se a aplicação disso no caso do carona que aceita a velocidade excessiva do condutor; • Sujeitos do crime: SA e SP – crime comum; • Tipo objetivo: Ofensa à integridade física; Causar qualquer dado à normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico mental; • Objeto material: Pessoa humana que suporta a conduta; • Tipo subjetivo: Crime culposo; 13 Lesão corporal dolosa – aplicação do CP; ▪ Obs. Lesão corporal culposa no trânsito tem pena muito superior à lesão corporal dolosa do CP, visto que, em virtude do alto número de acidentes, preferiu o legislador a punir com maior afinco as condutas no trânsito; • Consumação e tentativa: Consumação com a efetiva lesão à integridade corporal ou à saúde da vítima; Tentativa – não admitido por ser culposo; • Crime de ação penal pública condicionada à representação; • Causas de aumento de pena: § 1º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1º do art. 302. ▪ Sem CNH; ▪ Crime em faixa de pedestre ou calçada; ▪ Omissão de socorro; ▪ No exercício da profissão; • Figuras qualificadas: § 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. ▪ Nesse caso, é crime de ação penal pública incondicionada; ▪ Por ser uma modalidade culposa, a gravidade da lesão será sopesada no momento da dosimetria da pena como circunstância judicial desfavorável (art. 59 do CP); ▪ Logo, se a lesão for grave ou gravíssima, sob a influência acima citada, aplica-se o § 2º, enquanto que, caso seja, leve, aplica-se o art. 300, já que a lei específica; Omissão de socorro ou solicitação de auxílio em caso de acidente de trânsito: • Conceito: Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. ▪ Se funcionar como elemento de crime mais grave, responderá pelo mais grave; • Aplicação do art. 302 ou 303: Caso cause homicídio ou lesão corporal culposa – aplicação do aumento de pena; ▪ Se você causou um acidente, não prestou socorro e a vítima morrer ou ocorrer lesão corporal, você responderá pelo aumento de pena definido pelo artigo 302 e 303, afastando a aplicabilidade do art. 304 em virtude do princípio bis in idem; 14 Esse delito só será aplicado em caso, por exemplo, de 3 carros se envolverem em um acidente, sendo que o 1º causou, o 2º foi o que precisa de ajuda e o 3º está envolvido na situação, mas não tendo causado o acidente, se omite e não presta socorro ao 2º - aplicação do delito do art. 304 do CTB; ▪ Pedestres ou demais motoristas que se omitem – aplicado do art. 135 do CP; Ricardo Antonio Andreucci afirma que é necessário diferenciar qual motorista é o causador do acidente e o que não deu causa ao acidente; ▪ Ex: a pessoa cruza a preferencial e causa o acidente, mas outro carro vem e bate nele. Quem deu causa foi 1º motorista, todavia, o segundo motorista que bateu nele não estálivre da obrigação de prestar socorro. ▪ Conclusão - o sujeito ativo do artigo 304 é o condutor do veículo que não deu causa ao acidente. A própria pessoa que passou pelo local do acidente, não tem nada a ver com ele, não bateu o carro, não fez nada, mas está vendo que teve um acidente: tem o dever de prestar socorro. ▪ Você tem o dever de pedir auxílio, ligar pra ambulância/polícia/etc. Também pode auxiliar na sinalização do local, etc. - mesmo se você não tem nada a ver com o acidente. • Bem jurídico tutelado: Vida, integridade corporal e saúde – solidariedade humana; • Sujeitos do crime: SA - crime próprio – apenas pessoa que está na condução do veículo envolvido com o acidente de trânsito; ▪ Outras pessoas que não estão envolvidas – respondem pelo art. 135 do CP; SP – vítima que precisa de socorro que foi envolvida no acidente de trânsito; • Tipo objetivo: Deixar de prestar imediato socorro à vítima (socorro direto); ▪ Não socorrer quem está em perigo; Deixar de solicitar auxílio da autoridade público, quando não for possível faze-lo diretamente por justa causa (socorro indireto); Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. ▪ Brasileiro entende hipótese como absurda, já que não há omissão quando terceiros ajudam ou a pessoa morreu e não tem como ter mais ajuda; ▪ STF entendeu que não cabe ao condutor atestar a morte da vítima; ▪ O professor acha esse artigo uma aberração. ▪ Ex: se você ver um acidente na rua, mas já tem uma ambulância do SAMU lá, os médicos já estão prestando auxílio, os policiais já sinalizaram a região, por que uma pessoa comum deveria ser imputada por omissão de socorro? 15 ▪ Se o socorro já está sendo prestado, não há mais socorro a prestar. Não haveria mais o que os condutores de fazer. Mas mesmo assim, o artigo imputa crime pro condutor que se omite nessa situação. ▪ Também não faz sentido a parte da morte instantânea. Que socorro você vai prestar para quem está morto? Você até pode chamar a polícia e ajudar a sinalizar o local pela segurança pública, mas isso não é prestar socorro à vítima, porque a vítima já morreu. ▪ O Professor entende que não poderia ser imputada responsabilidade penal nesses casos, por força do artigo 17 do CP - a conduta não foi capaz de lesionar o bem jurídico protegido (vida e integridade). Então, não teria crime. ▪ Quando ainda era aplicada a omissão de socorro do Código Penal, o STJ tinha jurisprudências firmes que essas situações se tratavam de crime impossível, porque não houve violação ao bem jurídico protegido. Querendo afastar esse entendimento do STJ, criaram esse artigo no CTB. Todavia, ainda fala-se sobre a inconstitucionalidade desse artigo, por ferir o princípio da ofensividade. • Objeto material: Vítima; • Tipo subjetivo: Dolo (direto ou eventual); Não admite culpa; • Consumação e tentativa: Consumação – exato momento em que o agente deixa de afastar o perigo, quando possível faze-lo; ou quando deixa de solicitar auxílio da autoridade pública; Tentativa – inadmissível, pois é crime omissivo próprio; Fuga de local de acidente: • Conceito: Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. • Bem jurídico: Administração da justiça – afeta identificação do condutor e apuração da sua responsabilidade civil e penal; • Sujeitos: SA – condutor que se afasta – crime de mão própria (apenas o agente que causou o sinistro pode responder, não se admitindo coautoria;) SP – administração da justiça e subsidiariamente a vítima; • Tipo objetivo: Afastar-se – distanciar-se do local; • Tipo subjetivo: Dolo, direto ou eventual; 16 ▪ Dolo genérico – afastar-se do local do acidente; ▪ Dolo específico – afastar-se a fim de fugir às responsabilidades penais ou civis que lhe possam ser atribuídas; • Ex: caso a pessoa se evada do local sem conhecimento da ocorrência de danos materias ou de ter havido vítima com lesões corporais ou morte, não será possível lhe imputar o crime do art. 305 do CTB; • Consumação e tentativa: Consumação com o afastamento; Tentativa – por ser crime de mera conduta – possível – vítima não tenha êxito em se afastar do local; Embriaguez ao volante: • Conceito: Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. ▪ Pena maior que 2 anos – competência do juízo comum; ▪ Não se admite transação penal; ▪ Admite-se suspensão condicional do processo; ▪ Ação penal pública condicionada; Fontes de prova que podem ser usadas para se constatar o delito - § 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: ▪ I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou ▪ II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. ▪ Obs. Uma vez atestada a ingestão, impõe-se a comprovação de que isso alterou a capacidade psicomotora do agente; § 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. § 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. § 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no caput. • Crime de perigo abstrato: Decorre da possibilidade de dano potencial a incolumidade de outrem; Tutela a proteção da incolumidade pessoal, mas também da social; Basta a comprovação da condução de veículo embriagado que já configura o delito; 17 • Sujeitos do crime: Crime comum (SA) que atenta contra à coletividade (SP); • Tipo objetivo: Conduzir: ▪ Guiar; ▪ Dirigir; Deve haver consumo de bebida ou substância que altere a capacidade psicomotora do agente; ▪ Deve afetar a capacidade cognitiva, sensorial, psíquica e motora necessárias para o desempenho seguro da direção de um veículo automotor; ▪ A alteração deve advir da bebida ou da substância, se for por outra causa – Ex: diabetes, queda da pressão arterial, etc., impõe-se o reconhecimento da atipicidade da conduta; Alteração da capacidade psicomotora: ▪ a) quanto à aparência, se o condutor apresenta: sonolência; olhos vermelhos; vômito; soluços; desordem nas vestes; odor de álcool no hálito; ▪ b) quanto à atitude, se o condutor apresenta: agressividade; arrogância; exaltação; ironia; falante ou dispersão; ▪ c) quanto à orientação, se o condutor: sabe onde está; se sabe a data e a hora; ▪ d) quanto à memória, se o condutor: sabe seu endereço; lembra dos atos cometidos; ▪ e) quanto à capacidade motora e verbal, se o condutor apresenta: dificuldade no equilíbrio; fala alterada. Bafômetro: ▪ É dominante o entendimento de que a recusa do condutor em submeter-se ao bafômetro ou a um exame de sangue não configura crime de desobediência nem pode ser interpretada em seu desfavor, pelo menos no âmbito criminal. Bafômetro passivo: ▪ Capaz de "absorver" doar ambiente a presença de álcool, a uma distância de 20 a 30 centímetros. Conquanto não tenha a mesma precisão que o etilômetro ativo, a utilização dessa espécie de bafômetro não pressupõe a prática de nenhum comportamento ativo por parte do suspeito de embriaguez ao volante. ▪ Sujeito não é obrigado a fazer, mas apenas a tolerar; Medidas administrativas: ▪ No âmbito administrativo, o agente não é obrigado a produzir provas conta si, mas como não existe a presunção de inocência, cabendo a parte provar, a recusa em fazer o exame pode ser utilizado como prova contrária ao acusado; ▪ Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: • Infração - gravíssima; 18 • Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. • Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. ▪ Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses. ▪ Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277: • Infração - gravíssima; • Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses; • Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270. ▪ Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses Tipo subjetivo: ▪ Punido apenas a título de dolo (direto ou eventual); ▪ Deve ter vontade livre e consciente de praticar todos os elementos objetivos descritos no tipo penal; • Deve saber que consumiu bebida alcoólica ou substância psicoativa alterando sua capacidade psicomotor e, ainda assim, voluntariamente assumir a direção de veículo automotor; Consumação e tentativa: ▪ Crime de mera conduta – ocorre no momento em que o agente assume a direção de veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada; • Crime de perigo abstrato – independe de resultado; Violação de suspensão ou proibição de obter permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor: • Conceito: Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código: Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. ▪ Menos de 2 anos - JEC • Bem jurídico tutelado: Adm. da justiça; • Sujeitos do crime: 19 SA – só pode ser a pessoa condenada nos crime do art. 302, 303, 306 e 308 (delitos que admitem a imposição de pena de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor; SP – Estado; • Tipo objetivo: Violar; Suspensão ou poribicao de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor; Deve ser essa suspensão ou proibição imposta com fundamento no CTB; • Tipo subjetivo: Dolo; • Consumação e tentativa: C – crime de mera conduta – descumprimento da medida importa; T – inadmissível; Omissão na entrega de permissão ou habilitação no prazo legal: • Conceito: Art. 307 - Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. • SA – crime próprio – igual o acima citado; • Tipo objetivo – deixar de entregar a CNH depois de ciente do transito em julgado da sentença condenatória que determina a obrigação de entregar à autoridade o documento citado; • Tipo subjetivo – dolo; • Consumação – depois de transcorridas as 48 horas que o réu tem para entregar; • Tentativa – crime omissivo próprio que não admite tentativa; Participação em competição ou exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor não autorizada: • Conceito: Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Figura preterdolosa qualificada pela lesão corporal grave - § 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. 20 Figura preterdolosa qualificada pela morte - § 2º Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. • Bem jurídico tutelado: Segurança viária; Trânsito em condições seguras; Incolumidade pública ou privada; ▪ Incolumidade – estado de preservação ou segurança em face de possíveis eventos lesivos, referindo-se tanto a pessoa quanto coisas; ▪ Pública – vida/patrimônio de número indeterminado de pessoas; ▪ Privada – vida/integridade física/segurança/patrimônio de certas pessoas individualmente consideradas; • Crime de perigo concreto – deve gerar risco à incolumidade pública ou privada, caso contrário será considerado como mera infração administrativa; • Sujeitos do crime: SA – crime comum; SP – coletividade viária; • Tipo objetivo: Participar: ▪ Fazer parte; Participação na direção de veículo automotor em: ▪ Via pública: • VIA - superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central. ▪ Corrida; ▪ Disputa; ▪ Competição automobilística; ▪ Exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor; • Tipo subjetivo: Dolo: ▪ Direto (intenção de violar o bem jurídico); ▪ Eventual (indiferença em relação à proteção do bem jurídico tutela, assumindo o risco de produzir o resultado de perigo concreto constante do tipo penal); • Consumação e tentativa: Consumação – participar de eventos acima descritos + gerar situação de risco à incolumidade pública ou privada; Tentativa – possível, por ser plurissubsistente; Direção sem habilitação: • Conceito: 21 Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. ▪ < que 1 ano – menor potencial ofensivo – JEC; ▪ Admite – suspensão condicional do processo e transação penal; • Bem jurídico tutelado: Crime pluriofensivo; ▪ Segurança viária; ▪ Incolumidade pública; • Sujeitos do crime: SA – crime comum; SP – crime vago (coletividade); • Tipo objetivo: Dirigir – colocar em movimento veículo; Via pública – condução deve ser em via pública; Condutor sem: ▪ Permissão para dirigir – documento expedido para que o condutor dirija durante 1 anos após passado no exame; ▪ Habilitação para dirigir – CNH;▪ Com cassação do direito de dirigir – ocorre nos casos do direito de dirigir estar suspenso; haver reincidência no prazo de 12 meses no inciso III do art. 162 do CTB; quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observando-se o art. 160, do CTB; Crime de perigo concreto – não basta demonstrar que o agente dirige o veículo sem habilitação, mas que ele gera perigo concreto à vida, à integridade física ou ao patrimônio; • Obs.: É mera infração administrativa não levar consigo a CNH ou permissão para dirigir; ▪ Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste Código: Infração - leve; Penalidade - multa; Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação do documento. Dirigir veículo com CNH vencida: ▪ Não se equipara ao crime acima previsto; Direção de veículo automotor por motorista não habilitado para aquela categoria: ▪ Responde pelo art. 309 se comprovado o perigo de dano; • Tipo subjetivo: Dolo; • Consumação e tentativa: C – por ser um crime de perigo concreto, estará consumado no momento em que ficar evidente a exposição de dano à vida, integridade, etc. T – possível por ser um crime plurissubsistente; 22 • Concurso de crimes: Direção sem habilitação + embriaguez ao volante – crimes distintos; Direção sem habilitação + homicídio culposo na direção de veículo automotor – homicídio pode absorver a direção sem habilitação em caso do perigo de dano resultar na morte culposa de alguém; ▪ Princípio da consunção – delito de maior entidade consome/absorve o de menor graduação; ▪ Será aplicado art. 302, § 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; Direção sem habilitação + lesão corporal na direção de veículo automotor – mesmo raciocínio acima; Confiar a direção de veículo automotor à pessoa não habilitada ou sem condições: • Conceito: Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. • Bem jurídico tutelado: Diretamente - segurança viária; Indiretamente – vida/integridade da pessoa arrolada acima; • Crime de perigo abstrato: Não é necessário a ocorrência da lesão; STJ - Súmula 575 - Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. • Sujeitos do crime: SA - crime comum, desde que pessoa tenha disposição de um veículo; ▪ Aquele que dirige – adequação no art. 309; SP imediato – coletividade (crime vago); • Tipo objetivo: Condutas: ▪ Permitir – dar licença, autorizar; ▪ Confiar – colocar sob guarda; ▪ Entregar – passar a outrem; Condutas devem incidir sobre – direção de veículo automotor. Pessoa deve: ▪ Não ser habilitada – não autorizada a dirigir; 23 ▪ Habilitação cassada ou direito de dirigir suspenso – sanção administrativa; ▪ Não ter estado de saúde, físico ou mental, adequado, bem como estar embriagada – para dirigir é necessário que a capacidade psicomotora esteja em condições normais; Condição do veículo deve ser sem segurança; • Tipo subjetivo: Dolo; • Consumação: Necessidade que o veículo seja efetivamente conduzido pelo indivíduo; • Tentativa: Crime de mera conduta que não admite tentativa; • Pena: 6 meses a 1 ano; Menor potencial ofensivo – JEC; Cabe transação penal e suspensão condicional do processo; Ação penal pública incondicionada; Trafegar em velocidade incompatível com a segurança em determinados locais: • Conceito: Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. ▪ < que 1 ano – menor potencial ofensivo – JEC; ▪ Admite – suspensão condicional do processo e transação penal; ▪ Ação penal pública incondicionada; • Bem jurídico tutelado: Crime pluriofensivo; ▪ Segurança viária; ▪ Incolumidade pública; • Crime de perigo concreto: Gerando perigo de dano – tem que gerar perigo de dano para concretizar o crime; Pessoas devem ter sua vida/integridade expostas a perigo; Caso o agente trafegue em velocidade excessiva, mas sem gerar perigo, como correr de madrugada, haverá apenas infração administrativa gravíssima; • Sujeitos do crime: SA – crime comum; SP – crime vago (coletividade); • Tipo objetivo: Trafegar – colocar em movimento veículo; conduzir; 24 Rol exemplificativo de lugares que tenha grande movimentação; Velocidade incompatível – normal penal em branco; • Tipo subjetivo: Dolo – inclusive no gerar perigo de dano (dolo direto ou eventual – agir com menosprezo na preservação da vida/integridade das pessoas); • Consumação e tentativa: C – por ser um crime de perigo concreto, estará consumado no momento em que ficar evidente a exposição de dano à vida, integridade, etc. T – possível por ser um crime plurissubsistente; Fraude processual em caso de acidente automobilístico: • Conceito: Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. ▪ < que 1 ano – menor potencial ofensivo – JEC; ▪ Admite – suspensão condicional do processo e transação penal; ▪ Ação penal pública incondicionada; Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere. • Bem jurídico tutelado: Administração da Justiça; • Sujeitos do crime: SA – crime comum; SP – Estado e a pessoa prejudicada pela inovação artificiosa; • Tipo objetivo: Inovar – modificar ou alterar algo, introduzindo uma novidade; Artificiosamente – inovação deve ser ardil ou com fraude material para enganar o agente policial, o perigo ou o juiz; Pode ocorrer na fase preliminar da investigação, no IP, no processo penal; • Objeto material: Lugar, coisa ou pessoa que recai a conduta praticada pelo agente; • Tipo subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico – levar agente policial, perito ou juiz a erro; • Consumação e tentativa: C – crime formal de consumação antecipada ou de resultado cortado; ▪ Consumação no momento em que o agente inovar artificiosamente em caso de acidente automobilístico com vítima; T – possível por ser um crime plurissubsistente, admitindo-se o fracionamento das condutas; 25 • Crime subsidiário: Caso haja crime mais grave em face dessa fraude processual, esse delito será absorvido, como no caso de ocultação de cadáver para burlar a perícia – será cominada a pena do art. 211 do CP; • Obs. Direito de não produzir provas contra si não permite que a pessoa altere o local do crime; Obrigatoriedade da prestação de serviços à comunidade em caso de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos: • Conceito: Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situaçõesem que o juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades: ▪ I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; ▪ II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados; ▪ III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito; ▪ IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.