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Cuidador de Idoso - Turma 2023B 4.8 Incontinência Fecal, Obstipação e Fecaloma Incontinência Fecal A incontinência fecal é a perda involuntária ou inapropriada das fezes. Normalmente é mais grave que a urinária e, quando se instala, dificilmente pode ser totalmente corrigida. Apesar de pouco estudada, calcula-se que até quase um terço da população idosa sofra de incontinência fecal. Naquelas que moram em instituições de longa permanência para idoso (ILPI) há uma proporção maior. Existem várias causas para essa alteração como: doenças do intestino, uso de medicações como os laxantes, incapacidade funcional de chegar ao banheiro, quadros de confusão mental, lesão de um nervo da região genital que é comum nas mulheres durante o parto e outras. Lembrar que na pessoa idosa sadia o ritmo intestinal pode não ser diário. Recebendo esta informação, a pessoa idosa não se sente mal, mesmo que não evacue diariamente, sabendo que não se trata de prisão de ventre. Os problemas se iniciam quando a pessoa idosa e o cuidador pensam que o correto é evacuar diariamente, fazendo, com isso, uso de laxantes. A própria presença de impactação fecal ou fecaloma pode induzir ao que se chama de incontinência fecal paradoxal, caracterizada por perda de fezes líquidas ou semissólidas, várias vezes ao dia, mesmo que o final do intestino esteja com fezes endurecidas paradas. A imobilização também pode ser uma das causas da prisão de ventre. Evite a imobilidade e sempre faça caminhadas diárias com a pessoa idosa. Outra dica é a rotina de levá-la ao banheiro, sempre no mesmo horário, para evacuar. O cuidador deve observar também alterações no ritmo intestinal, se era mais constipado e ficou mais diário e pastoso ou vice-versa, pois poderá significar alguma doença em curso, ou problemas com a dieta da pessoa idosa. Não deixe de relatar tais alterações para o médico. Quando se trata de incontinência fecal, a antecipação do acidente ainda é a melhor maneira de abordar o problema. Porém depois de instalado, o mais importante é não deixá-lo de lado, pois toda incontinência deve merecer adequada investigação da equipe de saúde que procurará encontrar todas as condutas a serem adotadas. Saiba que existem diversas maneiras de proporcionar à pessoa idosa e seus familiares medidas de conforto e dignidade no enfrentamento desse obstáculo à qualidade de vida. Nunca esconda o problema, pois ele pode se agravar. Siga as orientações dadas nesse manual e se surgirem outras dúvidas não deixe de procurar a equipe de saúde. Obstipação e Fecaloma Obstipação intestinal, também chamada de constipação ou simplesmente “prisão de ventre” é um problema de saúde comum em pessoas idosas. Cerca de 40% das pessoas idosas sofre com a obstipação intestinal. Cerca de 10% delas acredita ser este o seu principal problema de saúde. É uma situação que prejudica a qualidade de vida e provoca grande desconforto. A frequência de evacuações é muito variável de pessoa para pessoa, podendo ser considerado normal de 3 evacuações ao dia até 3 evacuações por semana. Por isso, é importante saber qual o comportamento intestinal normal da pessoa idosa que estamos atendendo, antes de concluir que ela está com um problema de saúde. É importante lembrar que não é necessário evacuar diariamente. A frequência de evacuações pode variar numa mesma pessoa, de acordo com a alimentação, a disponibilidade de sanitários e seu estado emocional. Quando a pessoa idosa está com obstipação, ela elimina fezes endurecidas, através de grande esforço para evacuar, numa frequência inferior a 3 vezes por semana. Algumas pessoas idosas necessitam até de ter as fezes removidas com as mãos para obter alívio. São muitas as causas da obstipação intestinal, mas frequentemente não é provocada por doença grave. Sabemos que a movimentação intestinal na pessoa idosa é mais lenta que no jovem. Na maior parte das vezes, a obstipação é provocada por erros alimentares, por alimentação pobre em fibras ou baixo consumo de água. Mas também pode ser provocada por outras causas, como: 1. Problemas hormonais; 2. Doenças renais; 3. Tumores no intestino; 4. Hemorroidas ou fissuras no ânus; 5. Derrame cerebral ou Doença de Parkinson; 6. Depressão ou ansiedade; 7. E até pelo diabetes. Uma outra causa muito importante são medicamentos utilizados pela pessoa idosa que podem alterar o funcionamento intestinal, como: Antiácidos; Suplementos de cálcio e ferro (que podem estar presentes em vários complexos de vitaminas); Medicamentos para depressão; Medicamentos para alergia; Medicamentos para pressão alta; Analgésicos; Laxantes, quando usados de modo abusivo. É importante alertar sempre o médico a respeito destes possíveis efeitos das medicações. Alguns sinais de alerta devem ser procurados pelo cuidador de uma pessoa idosa com obstipação, principalmente se for de início recente: Alteração do calibre das fezes (fezes mais finas); Dor ao evacuar; Sangramento nas fezes; Dor abdominal intensa; Aumento do tamanho do abdome; Náuseas ou vômitos. Estes sinais podem indicar o surgimento de doença grave. Neste caso, sempre deve ser buscada ajuda médica. A frequência de evacuações deve ser observada pelo cuidador. Deve-se lembrar que a obstipação crônica pode provocar complicações, como: Perda de apetite e de peso; Hemorroidas e fissuras no ânus; Formação de divertículos no intestino (pequenas bolsas) que podem se romper ou inflamar, o que é uma situação grave. A primeira iniciativa no tratamento da obstipação deve ser a de aumentar alimentos com fibras nas refeições. Sabemos que as pessoas normalmente consomem 2 a 3 vezes menos fibras do que deveriam. Os alimentos com maior teor de fibras são: Frutas; Vegetais verdes; Arroz integral; Aveia; Farelo de trigo; Soja; Feijão; Ervilhas; Lentilha. O tratamento com fibras deve ser realizado inicialmente por 2 a 3 semanas para que se possa avaliar seu efeito. Outra importante medida é aumentar o consumo de líquidos, por volta de 1,5 a 2 litros por dia. O baixo consumo de água pela pessoa idosa pode provocar mais facilmente o ressecamento das fezes, que podem se tornar petrificadas e muito grandes, até que não possam mais ser eliminadas, obstruindo o intestino. Isto chamamos de fecaloma. Nesta situação, a pessoa idosa pode sentir dor abdominal, sensação de inchaço, perda de apetite, náuseas e pode até ficar confuso. Algumas vezes, pode ocorrer diarreia, depois de vários dias sem que a pessoa idosa evacue. Chamamos a isto de diarreia paradoxal. Nesta situação é importante procurar auxílio médico, porque o tratamento pode ser demorado e doloroso, às vezes até necessitando de cirurgia, quando for impossível remover as fezes por outros meios. Este “bolo de fezes” pode ainda obstruir a saída da bexiga, impedindo a pessoa idosa de urinar e ferir também a parte interna do intestino, provocando sangramentos. Exercícios físicos também são um meio adequado de prevenir e tratar a obstipação. Sabemos que o intestino de pessoas imobilizadas funciona mais lentamente, como acontece com pessoas idosas com doenças neurológicas graves. Além disso, as pessoas idosas apresentam uma redução na força dos músculos do abdome, que são importantes no momento de fazer esforço para evacuar. Exercícios que possam treinar esta musculatura também podem ajudar para uma evacuação mais fácil. A obesidade normalmente torna a musculatura abdominal mais fraca; a perda de peso, portanto, também pode auxiliar. Deve-se estimular a frequência da pessoa idosa ao vaso sanitário, de modo rotineiro, por exemplo, logo ao acordar ou 5-10 minutos após uma refeição. Mesmo no caso de pessoas idosas acamadas, deve-se estimular a ida ao banheiro, porque a evacuação contínua em fraldas favorece a obstipação, já que é muito mais difícil evacuar na posição deitada que sentada. Isto também pode facilitar a formação de fecalomas, principalmente nas pessoas idosas que não pedem para ir ao banheiro ou apresentam demência mais avançada. Vale lembrar que o banheiro deve estar adaptado para a pessoa idosa que o utiliza(ver assunto Prevenção de quedas e outros tipos de acidentes). Algumas vezes será necessário o uso de medicamentos para tratar a obstipação. Eles devem ser sempre receitados por médicos, pois são selecionados caso a caso e de acordo com potenciais efeitos colaterais. É muito comum observar pessoas idosas que usam laxantes há anos, como automedicação, e isto é desaconselhável, porque podem provocar diarreia que provoca desidratação, reduzir a absorção de vitaminas pelo organismo, ou alterar o funcionamento de nervos do intestino, como ocorre com os laxantes ditos “naturais” (exemplo: sene e cáscara sagrada). Com o uso prolongado, estes estimulantes provocam dependência e a pessoa idosa passa a necessitar de doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito. Devemos também lembrar que no caso de pessoas idosas acamadas, os laxantes devem ser usados com muito cuidado, porque podem provocar incontinência fecal, (ver assunto Incontinência urinária e fecal) o que, além de desagradável, favorece o surgimento de infecções urinárias e úlceras na pele. Alguns laxantes aumentam o tamanho das fezes, favorecendo sua eliminação. São os que contém fibras e que fazem papel semelhante ao das fibras ingeridas na alimentação. Estes laxantes precisam ser tomados com muita água, para não aumentarem a obstipação. Mesmo assim, podem provocar formação de gases intestinais (flatulência), dores abdominais e sensação de inchaço. Outros atuam amolecendo as fezes e facilitando sua eliminação. Há ainda laxantes que aceleram a movimentação do intestino. Alguns supositórios também podem ser úteis, pois estimulam o funcionamento intestinal. Em casos mais graves, pode ser necessária a lavagem intestinal (enema), quando se introduz pelo ânus uma determinada quantidade de líquido ou de algum medicamento, por exemplo, glicerina. Este líquido dilata o reto e estimula o intestino a funcionar. Este material foi baseado em: LOPES, Leonardo da Costa. Obstipação e fecaloma. In: Born, Tomiko. Cuidar Melhor e Evitar a Violência - Manual do Cuidador da Pessoa Idosa. Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2008. Última atualização: quarta, 1 mar 2023, 17:19 ◄ 4.7.2 Tratamento fisioterapêutico para a incontinência urinária Seguir para... 4.9 Pneumonia ► https://moodle.ifrs.edu.br/mod/page/view.php?id=339069&forceview=1 https://moodle.ifrs.edu.br/mod/page/view.php?id=339071&forceview=1
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