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Definição: - É uma síndrome que consiste na eliminação com esforço, de fezes ressecadas ou de consistência aumentada, independente do intervalo de tempo entre as evacuações. A importância é devido a conclusão de que quando se faz a história de uma criança, a conduta não é perguntar somente como está o coco e xixi para a mãe, não é sobre perguntar se está indo todo dia ao banheiro, o médico deve investigar de forma completa a possibilidade desta criança estar passando por constipação, então ele questiona se faz força, o número de vezes que vai durante a semana, como é o aspecto das fezes, se são duras, se são volumosas, se são em cíbalos, se obstruem o vaso sanitário. Então, todas essas perguntas devem ser feitas na investigação nas consultas pediátricas. Muitas vezes a mãe leva a criança ao consultório por outra queixa, mas é importante sempre fazer essa busca de constipação nas crianças. Classificação: - Aguda: em que se demonstra por quadro temporário e passageiro, em que na maioria das vezes de corrige com o tempo, direta ou no máximo com o acréscimo de um medicamento. Muitas vezes essa constipação aguda e temporária pode ser decorrente até mesmo de mudanças na rotina da criança, como por exemplo, ela não conseguir usar o banheiro durante os dias de uma viagem, devido uma alimentação que não oferece uma quantidade de aporte suficiente de fibras e líquidos, dentre outros. • Funcional: quando não há evidencia de uma alteração patológica que define a constipação, cerca de 90- 95% dos casos de constipação que nós vamos ver na criança é funcional. • Orgânica: alteração patológica (lesão medular, alteração anatômica ou fisiológica no intestino) que está causando a constipação nessa criança. - Crônica: pode ser definida como funcional ou orgânica. Constipação funcional crônica: Diagnóstico: Clínica + Critério de Roma ○ Evacuações de fezes endurecidas, em cíbalos, eliminadas com muita dor, esforço e dificuldade; ○ Em alguns casos tem a presença de fissura anal; ○ Nem sempre tem aumento no intervalo entre as evacuações. • Lactentes: ○ Eliminação com esforço e/ou dor de fezes endurecidas, eliminação de fezes volumosas, que chegam a entupir o vaso sanitário; ○ Mecanismo de retenção e incontinência fecal por retenção - a criança passa a segurar a evacuação e depois acaba sujando a roupa; Sinais de complicações: dor abdominal recorrente e sinais de infecção • Pré-escolar e escolar: - Manifestações clínicas: são diferentes em crianças menores e maiores. Constipação intestinal terça-feira, 23 de junho de 2020 13:03 Página 1 de PED ○ Sinais de complicações: dor abdominal recorrente e sinais de infecção urinária. O estudo que é orientado pela sociedade brasileira de pediatria, é a partir dos critérios de Roma, de forma que se tornou possível uma maior padronização da forma em que são dados os diagnósticos de constipação intestinal na criança. Critérios de Roma III: • Duas ou menos evacuações por semana; • Pelo menos 1 episódio de incontinência fecal por semana, após aquisição do controle do esfíncter anal; • História de retenção fecal; • Relato de evacuações dolorosas ou de dificuldade para evacuar; • Presença de quantidades de fezes no reto; • Eliminações de fezes volumosas, que podem obstruir o vaso. - Estabelecem no diagnóstico da constipação intestinal funcional para RN, lactentes, e pré-escolares (crianças até 4 anos - não tem controle esfincteriano), presença de dois ou mais dos aspectos descritos a seguir (presentes por pelo menos 1 mês): - • Dois ou mais dos sintomas acima devem estar presentes pelo menos uma vez por semana, por no mínimo dois meses. Nos pré-escolares, escolares, adolescentes (crianças com idade superior a 4 anos): ○ Consiste em perda fecal involuntária em pessoas com constipação crônica, consequente às fezes impactadas na ampola retal. É considerada, a rigor, em crianças a partir de 4 anos (idade limite para adquirir o controle esfincteriano); • Incontinência fecal por retenção (Roma III) ou escape fecal (Brasil) ou Soiling fecal (EUA): ○ Ato completo da defecção, mas no local e/ou em momento inapropriado. Na maioria das vezes isso é determinado por problemas psicológicos, não por problemas de tubo digestivo; • Incontinência fecal não retentiva (Roma III), encoprese (no Brasil) ou Soiling fecal não retentivo: ○ Consiste na eliminação de fezes de consistência normal, antecedida por episódios de esforços, gemidos e choros, por 10 a 20 minutos ,comum nos primeiros 6 meses de vida. Geralmente a mãe queixa que o bebe esta com constipação, deve ser perguntado como é: ela fala “ele fica cerca de 20 minutos chorando, com esforços e depois saem fezes de Consistência normal”. • Disquesia infantil: - Outros conceitos pelo critério de Roma: Pseudoconstipação: geralmente se trata de uma criança em aleitamento materno exclusivo, que passa vários dias (até 7 dias) sem evacuar, mas quando evacua, as fezes vem com aspecto e consistência normal. Etiopatogenia: multifatorial Página 2 de PED Etiopatogenia: multifatorial • Criança já tem fatores predisponentes para desenvolver o quadro (mãe ou pai citam que também tem constipação); - Fatores constitucionais/genéticos: • Principalmente relacionados com a dieta - pensar em crianças que tem - Fatores desencadeantes: uma dieta pobre em vitaminas, fibras e também pouca ingestão hídrica. Também pode entrar como fator o treinamento coercitivo da evacuação (a crinaça tem medo de cair dentro do vaso). Fisiologia da defecação: • Movimentos propulsivos (movimento de massa): impulsiona o bolo fecal; • Movimentos de segmentação (são os que mais ocorrem); • Reflexo gastrocólico (movimentos de massa que ocorre após uma refeição) - A criança toma leite materno, às vezes acaba de mamar e evacua, a mãe leva no consultório achando que está com diarreia, mas é um reflexo gastrocólico exaltado. - Movimento de Mobilização colônica: • Reto vazio: pela sua própria musculatura e por ação enzimática. Então quando acontece o movimento em massa, as fezes chegam ao reto e produzem a dilatação da ampola retal e través da inervação produzem o relaxamento do esfíncter anal interno (musculatura lisa - relaxamento involuntário) e a criança relaxa o esfíncter anal externo (relaxamento voluntário) evacuação. Nas crianças que ainda não tem controle esfincteriano, o relaxamento do esfíncter anal interno é seguido involuntariamente do esfíncter anal externo, fazendo com que elas não tenham controle de suas evacuações. - Mecanismo da evacuação: • Volume e consistência das fezes; • Trânsito intestinal normal; • Motilidade e sensibilidade retoanal normais - quando a criança começa a reter fezes, e não obedece o desejo de evacuar, aos poucos ele vai perdendo a sensibilidade do reto para a presença de fezes; • Integridade da musculatura pélvica; • Funcionamento eficaz da musculatura abdominal e diafragmática. - Os elementos necessários para um mecanismo evacuatório normal: O Ciclo da constipação intestinal: - Passa a ser desencadeada por um estímulo doloroso, que faz com que a criança, mesmo que involuntariamente (ou até de maneira voluntária), retenha a evacuação, dai as fezes paradas absorvem mais água, se tornam mais endurecidas e funciona como um mecanismo de maior dificuldade da criança evacuar. Se isso prosseguir, essas fezes podem endurecer formando uma massa muito forte pelo reto ou cólon e gerar o que se chama de megareto ou megacólon (funcional porque veio da constipação funcional), gera uma irritação na mucosa colônica e vai fazer com que a criança libere pequenas quantidades de fezes na roupa intima Página 3 de PED fazer com que a criança libere pequenas quantidades de fezes na roupa intima mesmo que involuntariamente (escape fecal). Constipação intestinal Orgânicas: ○ Meningomielocele; ○ Espinha bífida. • Alterações na medula espinhal:○ Hipotireoidismo; ○ Hipercalcemia. • Distúrbios endócrinos: ○ Atresia; ○ Estenose anal. • Alterações anais: • Leite de vaca - causa uma proctite, então se está lesando uma parte intestinal, passa a ser considerado como uma causa orgânica. - Causas: Obs.: Enfermidade de Hirschsprung (é uma aganglionose intestinal) - pensar nela quando há suspeita de constipação intestinal resistente ao tratamento, como a parede do reto não é inervada -> retém fezes. Doença de Hirschsprung: - Causa de constipação prolongada - para não confundir como uma causa de constipação funcionalç - Ausência de células ganglionares (aganglionose intestinal) em um segmento intestinal. • Levando a retardo na eliminação do mecônio; • Constipação desde o primeiro mês de vida; • Distensão abdominal; • Déficits de crescimento; • Eliminação explosiva de fezes após o toque retal - dado do exame físico que favorece o diagnóstico dessa doença. - Forma clássica: acomete um grande segmento Obs.: Quando acomete só um segmento curto ou utra-curto, geralmente se Página 4 de PED Obs.: Quando acomete só um segmento curto ou utra-curto, geralmente se confunde com constipação intestinal crônica. A criança não apresenta os sinais clássicos da doença de Hirschsprung, mas não responde ao tratamento feito. Diagnóstico: • É importante mesmo quando atendemos uma criança por um motivo qualquer, em que a queixa principal não foi constipação, ainda assim ser feito o questionamento completo com relação a quantas vezes por semanas ela evacua, se apresenta esforço, se são fezes volumosas ou em formatos em aspecto de “cabritinho” (que seriam as fezes em cíbalos), se a criança sente dor na tentativa de evacuação. - Anamnese completa: • Palpação de abdome: às vezes quando a criança tem um quadro de constipação mais grave pode se encontrar a massa fecal. • Toque retal. - Exame físico: deve ser procurado se essa criança apresenta sinais de possíveis doenças orgânicas. • Quando apresentar dificuldade de eliminação de mecônio; • Se apresentar sintomas com início no primeiro mês; • Distensão abdominal; • Falta de desenvolvimento; • Escape de fezes líquidas e ar do reto quando o dedo é retirado ao toque. - Sinais de alerta para constipação intestinal orgânica: Exames Complementares: Na maioria das vezes não são necessários. São usados em casos atípicos ou que não melhoram com o tratamento convencional. • Usada em casos selecionados, quando não é possível fazer o toque real, para avaliar o acumulo de massa fecal. - Radiografia simples de abdome: • Usado quando tem suspeita da enfermidade de Hirschsprung; • Avalia dilatação de segmentos colônicos secundária à retenção fecal contínua. Em alguns casos mostra também o megacólon que se faz pesente após o segmento de aganglionose. - Enema opaco: • Avalia o reflexo inibitório retoanal - para afastar principalmente a doença de Hirschsprung de segmento curto. - Manometria: • Indicada nos casos de dúvida diagnóstica ou para confirmação histológica da doença de Hirschsprung. - Biopsia retal: Tratamento da constipação crônica funcional: 4 etapas - A primeira delas consiste em orientar os pais e as crianças maiores quanto uma orientação geral, educação e apoio psicológico quanto ao quadro. Explicar o mecanismo de constipação que essa criança tem, no caso em que a criança apresente escape fecal, isso deve ser explicado para os pais que acontece, além disso, é importante dizer que a criança não tem culpa alguma. Para criança: Página 5 de PED disso, é importante dizer que a criança não tem culpa alguma. Para criança: prometer que não vai sentir dor, porque vai utilizar um medicamento que vai amolecer as fezes, MAS como troca você vai falar para ele não segurar mais as evacuações porque vai atrapalhar (ciclo vicioso); • Desimpactação ou esvaziamento do fecaloma - utiliza medicamentos como sorbitol, clister glicerinado (3 a 5 dias) e pode ser efetuado o polietilenoglicol (via oral). - Para aqueles casos em que a criança tenha uma constipação intestinal mais forte (fecaloma - as fezes estão impactadas no colón, a única solução é remover as fezes): - Recondicionamento do hábito intestinal normal da criança: orientação dos responsáveis para estimulares a criança a procurar um banheiro após uma refeição, em que ele possa ir ao banheiro (aproveita o reflexo gastrocólico), colocar apoio de pés, com isso ela vai recondicionar o hábito de evacuação normal progressivamente. • Alimentação rica em fibra alimentar, uma oferta maior de líquidos, laxantes (em alguns casos selecionados). - Tratamentos de manutenção: consiste em medidas para complementar o tratamento da constipação mais grave (após a desimpactação nos graves), ou também aquele que é feito para a criança que não tenha constipação mais grave. - • PEG (polietilenoglicol): 1g/kg/dia - é mais caro e não serve para crianças muito pequenas; • Lactulose (laxante osmótico): 1 a 3 ml/kg/dia; • Hidróxido de magnésio (400mg/5ml): 1 a 5 ml/kg/dia. Cuidado com o excesso de magnésio no organismo; • Óleo mineral: 1 a 3 ml/kg - lubrificantes; em casos mais graves. Contraindicados para crianças menores e com problemas neurológicos. Medicamentos (laxantes): sempre utilizados em caos graves e casos leves que não tiveram uma boa resposta a mudança de hábitos alimentares e aumento da quantidade de líquido Resumo do tratamento: • Medidas dietéticas: incluindo uma base maior de fibras na alimentação da criança; • Aumento da oferta de além de líquidos; • Uso de laxantes nos casos em que houver necessidade. - Casos leves: • Fase inicial: remoção do fecaloma -> desimpactação fecal (feita por 2 a 5 dias), com solução de sorbitol (em retenções fecais de pequeno volume), Clister glicerinado e até mesmo uso do PEG 3350 (polietilenoglicol). • Fase de manutenção dos casos complicados: uso de laxantes, uma dieta rica em fibras, manter a criança hidratada e fazer o recondicionamento do hábito intestinal. - Casos complicados: Prevenção: Página 6 de PED Prevenção: - É de extrema importância o estimulo do AME até completar os 6 meses de idade, deve ser feita uma orientação adequada quanto ao processo do desmame, além de fazer a introdução precoce de alimentos com fibra na alimentação dessa criança. - É de extrema importância na consulta de puericultura a pesquisa de constipação e também no histórico da criança que vem consultar por um outro motivo (lembrar que deve perguntar tudo sobre). Página 7 de PED
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