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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 QUÍMICA SUMÁRIO QUÍMICA 2 QUÍMICA SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 4 QUÍMICA SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 5 QUÍMICA SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS > FIGURA 1 - Substâncias simples e compostas presentes na atmosfera: nitrogênio, oxigênio, hélio, neônio, argônio, criptônio, dióxido de carbono e água. Apenas as duas últimas substâncias são compostas 15 > FIGURA 2 - Tabela periódica dos elementos químicos 16 > FIGURA 3 - John Dalton (1766-1844) 17 > FIGURA 4 - Representação do átomo indivisível e indestrutível de Dalton: este modelo é popularmente conhecido como modelo bola de bilhar 18 > FIGURA 5 - Tubo de raios catódicos: esquema do experimento para determinação do modelo atômico de Thomson, no qual se determinou a divisibilidade do átomo pela descoberta do elétron (uma das chamadas partículas subatômicas) 19 > FIGURA 6 - Esquema do modelo atômico proposto por Thomson (1897), conhecido como modelo do pudim de ameixas ou pudim de passas 20 > FIGURA 7 - Esquema do experimento realizado por Milikan para determinar a massa do elétron: ele observou como a frequência na qual pequenas gotículas de óleo carregadas negativamente variavam segundo a mudança de cargas nas placas e determinou a carga em cada gota 20 > FIGURA 8 - Ernest Rutherford (1871-1937), conhecido como o pai do núcleo 21 > FIGURA 9 - Esquema do experimento realizado por Geiger e Marsden: irradiação de partículas alfa (α) na lâmina de ouro 22 > FIGURA 10 - Interpretação subatômica do experimento de Geiger e Marsden 22 > FIGURA 11 - Espectro de emissão de energia do hidrogênio 23 6 QUÍMICA SUMÁRIO > FIGURA 12 - Modelo atômico de Bohr: para que o elétron passe do estado fundamental para o estado excitado ele deve absorver um fóton de energia. A energia é quantizada 24 > FIGURA 13 - Modelo atômico de Bohr: quanto mais externa a camada ou nível, maior é a energia desse nível, o modelo de Bohr foi baseado nos experimentos do átomo de hidrogênio 24 > FIGURA 14 - Tabela periódica 26 > FIGURA 15 - Dimitri Mendeleev 26 > FIGURA 16 - Tabela Periódica construída por Mendeleev 27 > FIGURA 17 - Os metais alcalinos reagem violentamente com a água 30 > FIGURA 18 - Isótopos do carbono 32 > FIGURA 19 - Comparação entre modelo atômico de Bohr e modelo quântico 33 > FIGURA 20 - Erwin Schrödinger 34 > FIGURA 21 - Orbitais atômicos 34 > FIGURA 22 - Diagrama de Pauling 35 > FIGURA 23 - Modelo de Bohr do silício 36 > FIGURA 24 - Representação da tabela periódica segundo os orbitais de valência 38 > FIGURA 25 - Tabela Periódica indicando metais, ametais e gases nobres 46 > FIGURA 26 - Representação da diferença nos raios atômicos dos elementos da tabela periódica 47 > FIGURA 27 - Formação de compostos estáveis envolve a liberação de energia 54 > FIGURA 28 - Diferentes ligações químicas 55 > FIGURA 29 - Esquema da formação dos compostos iônicos: > interação entre íons 56 > FIGURA 30 - Diagrama de Pauling: a distribuição eletrônica segue, neste caso, a ordem crescente de energia de cada orbital 57 > FIGURA 31 - Ligação iônica dos íons Na+ e Cl– formando o cloreto de sódio 60 > FIGURA 32 - Propriedades gerais dos compostos iônicos 61 7 QUÍMICA SUMÁRIO > FIGURA 33 - Formação da ligação covalente da água 61 > FIGURA 34 - Principais geometrias moleculares 64 > FIGURA 35 - Figura 9 - Estrutura tridimensional angular da água 65 > FIGURA 36 - Diferença entre ligações covalentes polares e apolares 66 > FIGURA 37 - Estrutura tridimensional tetraédrica do metano 70 > FIGURA 38 - Estruturas dos alótropos do carbono 72 > FIGURA 39 - Amilose e amilopectina, exemplos de biopolímeros: cada quina dos hexágonos da figura representa um átomo de carbono ligado ao número correspondente de hidrogênios que possam completar o octeto 72 > FIGURA 40 - Ligações covalentes simples, duplas e triplas 73 > FIGURA 41 - Características dos compostos metálicos 73 > FIGURA 42 - As equações químicas devem ser escritas obedecendo a lei das proporções 80 > FIGURA 43 - Reações de combustão 81 > FIGURA 44 - Reações ácido-base 84 > FIGURA 45 - Reação de decomposição da água 88 > FIGURA 46 - Reação de formação ou síntese do NaCl 90 > FIGURA 47 - Reação de oxirredução 91 > FIGURA 48 - Estrutura do hidróxido de sódio 93 > FIGURA 49 - Corrosão de um tubo galvanizado 107 > FIGURA 50 - Reações redox 109 > FIGURA 51 - Reação redox entre cobre metálico e nitrato de prata 114 > FIGURA 52 - Pilha de Daniell de zinco e cobre 120 > FIGURA 53 - Pilha de concentração 123 > FIGURA 54 - Escala de pH 132 > FIGURA 55 - Três gráficos possíveis quando temos reações reversíveis 136 > FIGURA 56 - Gráfico que representa a dimerização de NO2 para a formação de N2O4 em duas condições de equilíbrio 144> FIGURA 57 - Deslocamento do equilíbrio químico com a adição de produtos e reagentes, para a formação de uma nova condição de equilíbrio 145 > FIGURA 58 - Estrutura molecular da penicilina 152 8 QUÍMICA SUMÁRIO SUMÁRIO 1UNIDADE 2UNIDADE 1 ELEMENTOS E COMPOSTOS 15 1.1 ELEMENTOS 16 1.1.1 BREVE HISTÓRICO DO ESTUDO DOS ÁTOMOS 17 1.1.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS 18 1.1.2.1 OS ÁTOMOS 18 1.1.2.2 TABELA PERIÓDICA 25 1.1.2.3 NÚMERO ATÔMICO 31 1.1.2.4 ENTENDENDO MELHOR A TABELA PERIÓDICA: MODELO ATÔMICO QUÂNTICO (OU ATUAL) 32 1.1.2.5 MASSA ATÔMICA 38 1.1.2.6 ÁTOMOS NEUTROS E ÍONS 39 1.1.2.7 RAIO ATÔMICO 44 1.1.2.8 ENERGIA DE IONIZAÇÃO 48 CONCLUSÃO 51 2 LIGAÇÕES QUÍMICAS 53 2.1 LIGAÇÕES QUÍMICAS 54 2.1.1 LIGAÇÕES IÔNICAS 55 2.1.1.1 RESUMO E CARACTERÍSTICAS DAS LIGAÇÕES IÔNICAS 60 2.1.2 LIGAÇÕES COVALENTES 61 2.1.2.1 GEOMETRIA MOLECULAR 63 2.1.2.2 RESUMO E CARACTERÍSTICAS DAS LIGAÇÕES COVALENTES 71 2.1.3 LIGAÇÕES METÁLICAS 73 CONCLUSÃO 74 9 QUÍMICA SUMÁRIO 3UNIDADE SUMÁRIO 3 REAÇÕES QUÍMICAS E ESTEQUIOMETRIA 78 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 78 3.1 REAÇÕES QUÍMICAS 79 3.1.1 TIPOS DE REAÇÕES QUÍMICAS 80 3.1.2 REAÇÕES DE COMBUSTÃO 81 3.1.3 REAÇÕES ÁCIDO-BASE 84 3.1.4 REAÇÕES DE PRECIPITAÇÃO 86 3.1.5 REAÇÕES DE DECOMPOSIÇÃO 87 3.1.6 REAÇÕES DE FORMAÇÃO 89 3.1.7 REAÇÕES ELETROQUÍMICAS 90 3.2 ESTEQUIOMETRIA 92 3.2.1 ESTEQUIOMETRIA EM REAÇÕES QUÍMICAS 97 3.2.1.1 RENDIMENTO REACIONAL 99 3.2.1.2 REAGENTE LIMITANTE E REAGENTE EM EXCESSO 100 CONCLUSÃO 104 10 QUÍMICA SUMÁRIO SUMÁRIO 4 REAÇÕES DE ÓXIDO-REDUÇÃO E ÁCIDO-BASE 106 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 106 4.1 REAÇÕES DE ÓXIDO-REDUÇÃO 108 4.1.1 DETERMINAÇÃO DO NOX 110 4.1.2 POTENCIAL DE REDUÇÃO E ESPONTANEIDADE DA REAÇÃO 113 4.1.3 PILHA DE DANIELL 120 4.1.4 PILHA DE CONCENTRAÇÃO 121 4.2 REAÇÕES ÁCIDO-BASE 124 4.2.1 DETERMINANDO A FORÇA DOS ÁCIDOS 126 4.2.2 AUTOIONIZAÇÃO E PRODUTO IÔNICO DA ÁGUA 128 4.2.3 SOLUÇÕES ÁCIDAS, BÁSICAS E NEUTRAS 129 4.2.4 ESCALA DE PH 130 CONCLUSÃO 132 5 EQUILÍBRIO QUÍMICO EM SOLUÇÕES 134 5.1 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 134 5.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS 135 5.3 PRINCÍPIO DE LE CHATELIER 141 CONCLUSÃO 148 5UNIDADE 4UNIDADE 11 QUÍMICA SUMÁRIO SUMÁRIO 6 FUNÇÕES ORGÂNICAS E QUÍMICA AMBIENTAL 151 INTRODUÇÃO 151 6.1 FUNÇÕES ORGÂNICAS 153 6.1.1 FÓRMULAS ESTRUTURAIS DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS 154 6.1.1.1 FÓRMULAS ESTRUTURAIS 156 6.1.2 FUNÇÕES ORGÂNICAS 158 6.1.2.1 HIDROCARBONETOS: ALCANOS, ALCENOS, ALCINOS E COMPOSTOS AROMÁTICOS 158 6.1.2.2 ÁLCOOIS 161 6.1.2.3 ÉTERES 162 6.1.2.4 AMINAS 163 6.1.2.5 ALDEÍDOS E CETONAS 164 6.1.2.6 ÁCIDOS CARBOXÍLICOS 165 6.1.2.7 ÉSTERES 166 6.1.2.8 AMIDAS 167 6.2 QUÍMICA AMBIENTAL 167 6.2.1 PESTICIDAS 168 CONCLUSÃO 169 REFERÊNCIAS 171 6UNIDADE 12 QUÍMICA SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 13 QUÍMICA SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Seja bem-vindo ao estudo da Química! Esta disciplina tem por objetivo apresentar os conceitos gerais sobre o mundo ma- terial e o conhecimento dos elementos que compõem as substâncias presentes em todo o universo. Inicialmente, apresentaremos os elementos químicos e as substâncias formadas por estes. A partir do conhecimento dessas substâncias, estudaremos as reações quí- micas em todos os detalhes e, finalmente, aprenderemos sobre as substâncias que compõem a matéria viva. Bons estudos! Objetivos da disciplina Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: • Nomear os elementos químicos. • Recordar as diferenças entre as substâncias e suas propriedades físicas. • Descrever as reações químicas e reconhecer as diferenças entre os tipos de reações químicas. • Explicar as transformações físicas e químicas no cotidiano, tanto como cida- dão quanto como profissional. • Calcular as proporções dos reagentes e produtos nas reações químicas. • Esquematizar as reações químicas. • Avaliar todas as variáveis envolvidas nas transformações químicas. 14 QUÍMICA SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Compreender a tabela periódica e a sua organização. > Definir as unidades básicas da matéria dentro do estudo da Química. > Expressar os aspectos a respeito das teorias atômicas. > Interpretar o conhecimento dos modelos segundo cada experimento que inspirou a teoria. > Classificar as características dos elementos segundo sua localização na tabela periódica. > Reunir as características fundamentais que diferenciam as substâncias. > Apreciar as diferenças entre os elementos e as substâncias. UNIDADE 1 15 QUÍMICA SUMÁRIO 1 ELEMENTOS E COMPOSTOS Toda a matéria é composta por átomos, que são componentes ou unidades fun- damentais da matéria. Os átomos são caracterizados ou classificados segundo um número atômico específico. A partir da especificidade do número atômico, podemos designar os átomos como sendo elementos, ou seja, cada elemento apresenta um número atômico específico. Os elementos podem ser encontrados na natureza na forma monoatômica. Em ou- tras palavras, ele pode ser encontrado isolado ou ligado a outras unidades de átomo do mesmo elemento ou a outras unidades de átomos de outros elementos, forman- do, assim, as chamadas substâncias. Substâncias formadas por apenas um elemento são chamadas de substâncias simples. Substâncias formadas por mais de um ele- mento químico são chamadas de substâncias compostas ou compostos. FIGURA 1 - SUBSTÂNCIAS SIMPLES E COMPOSTAS PRESENTES NA ATMOSFERA: NITROGÊ- NIO, OXIGÊNIO, HÉLIO, NEÔNIO, ARGÔNIO, CRIPTÔNIO, DIÓXIDO DE CARBONO E ÁGUA. APENAS AS DUAS ÚLTIMAS SUBSTÂNCIAS SÃO COMPOSTAS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 16 QUÍMICA SUMÁRIO Na Química, não estudamos apenas as propriedades dos átomos, mas também a forma como eles interagem com outros átomos para formar substâncias. As subs- tâncias, por sua vez, compõem toda a matéria viva e não viva que há no universo. Conhecendo os elementos e o modo de formação das substâncias, podemos prever e controlar processos reacionais nas indústrias, no meio ambiente, bem como desen- volver medicamentos específicos para determinadas patogenicidades. Nesta unidade, conheceremos os elementos, as substâncias e as interações. 1.1 ELEMENTOS Alguns autores relacionam a palavra elemento ao vocábulo grego “stocheion”, cor- respondente ao termo latino “elementum”. Na perspectiva grega, “stocheion” signi- fica tanto elemento quanto princípio. Esse conceito foi introduzido pelos gregos, no entanto, com a evolução das pesquisas da Química no século XIX e sua aproximação com a física, os critérios para determinar a existência dos elementos evoluiu e hoje conhecemos mais de 200 elementos que são organizados na tabela periódica. FIGURA 2 - TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 17 QUÍMICA SUMÁRIO Para entendermos a existência dos elementos químicos e os critérios para sua classi- ficação, veremos a seguir o breve histórico do estudo dos átomos, que demonstrará a evolução dos conceitos do átomo até a classificação dos elementos, para que consi- gamos entender como hoje é possível estudar os elementos. 1.1.1 BREVE HISTÓRICO DO ESTUDO DOS ÁTOMOS Segundo Oki (2002), os primeiros estudos dos pesos dos átomos foram realizados por John Dalton (1766-1844). Nesses estudos, Dalton (Figura 3) determinou que o que distinguia os elementos entre si eram os pesos atômicos (Figura 4). No entanto, os valores determinados para os pesos atômicos nem sempre eram concordantes, mas essas discrepâncias eram atribuídas à imprecisão dos métodos experimentais adotados. Então foi necessária uma nova visão conceitual para admitir que os átomos de mesmo elemento podem ter a mesma massa, o que hoje denominamos isótopos. Assim, a partir do início do século XX, o conceito de elemento começou a ter base nos estudosda estrutura do átomo e das moléculas que o contem, por meio de estudos de radiação e fenômenos elétricos. A partir da segunda metade do século XX, a Quí- mica Quântica passou a ser evidenciada e os estudos dos elementos passaram a ser focados na identificação por meio do número atômico. FIGURA 3 - JOHN DALTON (1766-1844) Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 18 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DO ÁTOMO INDIVISÍVEL E INDESTRUTÍVEL DE DALTON: ESTE MODELO É POPULARMENTE CONHECIDO COMO MODELO BOLA DE BILHAR Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 1.1.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS É muito importante entender o que é número atômico. Para compreendermos esse conceito, primeiramente temos de entender o contexto do início do século XX. Naquele tempo, se pensava que a teoria da física clássica newtoniana poderia expli- car o mundo submiscrocópico dos átomos, no entanto, essa teoria falhava para tais dimensões de medidas. Novas leis físicas começaram a ser estudadas e estas foram denominadas Física Quân- tica. Com o advento da teoria quântica, o átomo deixou de ser visto como estático, para ser entendido como uma unidade de matéria dinâmica. 1.1.2.1 OS ÁTOMOS Dalton (1766-1844), por meio de suas observações experimentais das reações quí- micas, determinou que o átomo era uma esfera indivisível e indestrutível (Figura 4). Além disso, afirmou que a diferença entre os diferentes tipos de átomos estava na massa. Sabemos hoje que essa teoria apresenta inúmeras falhas, mas por que ela é importante? A importância desta está nas medidas e nas relações matemáticas estabelecidas por sua teoria, que foram responsáveis pela aceitação da Química como ciência. 19 QUÍMICA SUMÁRIO No final do século XIX, a sociedade teve significativos avanços tecnológicos, entre tais, a criação da máquina a vapor, utilização de eletricidade nas indústrias, invenção de motores, etc. Nesse período, J.J. Thomson (1856-1940) realizou os estudos no chama- do tubo de raios catódicos (Figura 5) e descobriu a existência de uma partícula, cuja razão massa carga era cerca de 1.000 vezes menor do que a massa do menor átomo conhecido. Essa partícula foi denominada, posteriormente, como sendo o elétron (Fi- gura 6). A massa do elétron foi determinada por Milikan (massa do elétron, me= 9,109 .10-31 kg) (Figura 7). O átomo de Thomson é conhecido como pudim de passas, pois apresenta elétrons incrustados em uma esfera positiva (Figura 6). A importância dos estudos realizados por Thomson nesse modelo atômico está no fato de que há uma descoberta da divisibilidade do átomo. No entanto, ainda não há uma explicação da diferença entre os diferentes tipos de átomos, os elementos. FIGURA 5 - TUBO DE RAIOS CATÓDICOS: ESQUEMA DO EXPERIMENTO PARA DETERMI- NAÇÃO DO MODELO ATÔMICO DE THOMSON, NO QUAL SE DETERMINOU A DIVISIBILI- DADE DO ÁTOMO PELA DESCOBERTA DO ELÉTRON (UMA DAS CHAMADAS PARTÍCULAS SUBATÔMICAS) Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 20 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 6 - ESQUEMA DO MODELO ATÔMICO PROPOSTO POR THOMSON (1897), CONHECIDO COMO MODELO DO PUDIM DE AMEIXAS OU PUDIM DE PASSAS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. FIGURA 7 - ESQUEMA DO EXPERIMENTO REALIZADO POR MILIKAN PARA DETERMINAR A MASSA DO ELÉTRON: ELE OBSERVOU COMO A FREQUÊNCIA NA QUAL PEQUENAS GOTÍCULAS DE ÓLEO CARREGADAS NEGATIVAMENTE VARIAVAM SEGUNDO A MUDANÇA DE CARGAS NAS PLACAS E DETERMINOU A CARGA EM CADA GOTA Experimento da gota de oleo de Milijan Bateria Atomizador Óleo Fenda Microscópio Placa positivamente carregada Placa negativamente carregada Fonte de radiação ionizante Gota de óleo carregada sendo observada As gotas de óleo came lentamente, porque elas são pequenas e são atraídas pela placa positiva. Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 21 QUÍMICA SUMÁRIO Em 1908, Ernest Rutherford (Figura 8) observou os experimentos realizados por seus alunos Geiger e Marsden. Estes utilizaram a radiação de partículas alfa (α) em uma lâmina de ouro, embora a maior parte dessas partículas atravessassem a lâmina de ouro, cerca de uma a cada 20.000 sofriam um desvio superior a 90° (Figura 9). Como as partículas alfa apresentavam carga positiva, esses desvios sugeriram a existência de um centro pontual muito denso que repelia essas cargas, ou seja, apresentava também carga positiva. Esse centro foi denominado pelo próprio Rutherford como o núcleo (Figura 10). No modelo descrito por Rutherford, o átomo apresenta um núcleo denso e um local onde os elétrons se encontram, denominada eletrosfera. Devido ao fato de que esse modelo era baseado em cálculos da física clássica e os resultados obtidos remetiam esses cálculos, havia algo a ser explicado: a estabilidade do átomo. Segundo a teoria newtoniana, qualquer corpo que orbita sobre outro corpo, perde energia, de maneira que o objeto que orbita (o elétron) se chocaria com o núcleo. Esse evento foi intitulado colapso do átomo, ou seja, esse modelo não explicava a estabilidade do átomo. FIGURA 8 - ERNEST RUTHERFORD (1871-1937), CONHECIDO COMO O PAI DO NÚCLEO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 22 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 9 - ESQUEMA DO EXPERIMENTO REALIZADO POR GEIGER E MARSDEN: IRRADIAÇÃO DE PARTÍCULAS ALFA (α) NA LÂMINA DE OURO Materiais do experimento Fina folha de ouro Partículas alfa Partículas alfa Fonte de partículas alfa Pequena parte das partículas são desviadas em grandes ângulos Maior parte das partículas não é desviada Maior parte das partículas não é desviada e uma pequena parte das partículas são desviadas em grandes ângulos Tela circular que �oresce quando as partículas alpha colidem Microscópio móvel Fina folha de ouro Núcleo Experimento de Rutherford do espalhamento das partículas alfa Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. FIGURA 10 - INTERPRETAÇÃO SUBATÔMICA DO EXPERIMENTO DE GEIGER E MARSDEN Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 23 QUÍMICA SUMÁRIO Niels Bohr, em 1913, estudou o espectro do átomo de hidrogênio (Figura 12). Os es- pectros são obtidos em equipamentos chamados espectrômetros, nos quais se for- nece energia por meio de descarga elétrica em um gás que contenha a substância a ser estudada. Essa substância tem os seus elétrons excitados (levados a um nível de maior energia) e emitem luz ao perderem essa energia, o espectro de emissão de energia é obtido assim. FIGURA 11 - ESPECTRO DE EMISSÃO DE ENERGIA DO HIDROGÊNIO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. No modelo de Rutherford, o elétron poderia ter qualquer quantidade de energia. Assim, esperava-se que o espectro de emissão do elétron fosse contínuo. Um exem- plo de espectro contínuo é o arco-íris, pois ele apresenta todas as cores. No entanto, o espectro de emissão do átomo de hidrogênio apresenta apenas algumas linhas. Ao estudar os experimentos realizados por Balmer, Bohr apresentou o seu modelo pela formulação de postulados que explicavam a estabilidade do átomo: 1. o elétron se move em uma órbita circular estável em torno do núcleo por meio de uma força de atração eletrostática; 2. o elétron se move em órbitas específicas nos estados estacionários (de menor energia); 3. o elétron se move na órbita, não emite tampouco absorve energia, a sua energia permanece constante; 4. quando o elétron passa de um estado estacionário (ou fundamental), de ener- gia Ei, para um estado excitado, de energia Ef, ele absorve energia (Figura 13), ficando menos estável, ao retornar para o seu estado fundamental, libera ener- gia. A energia emitida ou liberada é igual à variação da energia entre as órbitas (Ei-Ef). 24 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 12 - MODELO ATÔMICO DE BOHR: PARA QUE O ELÉTRON PASSE DO ESTADO FUNDAMENTAL PARA O ESTADO EXCITADO ELE DEVE ABSORVER UM FÓTON DE ENERGIA. A ENERGIA É QUANTIZADA Nível de maior energia Nível de menor energia Elétron passa de um nível de maior energia para o nível de menor energia Elétron libera um fóton de energia na forma de luz Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Assim, podemos compreender o modelo atômico de Bohr como sendoum átomo que contém núcleo, mas com órbitas ou níveis de energia nas quais orbitam os elé- trons. Quanto mais externo o nível, maior é a energia da órbita (Figura 14). FIGURA 13 - MODELO ATÔMICO DE BOHR: QUANTO MAIS EXTERNA A CAMADA OU NÍVEL, MAIOR É A ENERGIA DESSE NÍVEL, O MODELO DE BOHR FOI BASEADO NOS EXPERIMENTOS DO ÁTOMO DE HIDROGÊNIO Níveis de energia dos elétrons Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Núcleo Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 25 QUÍMICA SUMÁRIO Mas o modelo atômico de Bohr está completamente correto? Não, veremos a seguir. No entanto, ele explica perfeitamente uma série de propriedades dos átomos: a se- guir, notaremos algumas características que são explicadas por esse modelo. Símbolos dos elementos químicos Na Química, os elementos químicos são simbolizados por uma ou duas letras. Quando o elemento é simbolizado por apenas uma letra, esta é escrita em maiúsculo, quando é por duas letras, a primeira é escrita em maiúsculo e a seguinte é em minúsculo. Nem sempre o símbolo do elemento remete ao nome deste, pois a simbologia é internacional, ou seja, a tabela periódica apresentará os mesmos símbolos em qual- quer parte do mundo. Alguns elementos são simbolizados com seus nomes originais em latim, por exemplo, o sódio, de símbolo Na, que remete a natrium, em latim. 1.1.2.2 TABELA PERIÓDICA A tabela periódica (Figura 15) é uma ferramenta essencial para estudos que envol- vem substâncias e elementos químicos. Foi proposta por Dimitri Mendeleev (Figura 16) em 1869, devido às observações na regularidade das propriedades físico-quími- cas dos elementos químicos (Figura 17). A proposta feita por ele deixou lacunas de elementos que, naquela época, ainda não tinham sido descobertos. 26 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 14 - TABELA PERIÓDICA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. FIGURA 15 - DIMITRI MENDELEEV Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 27 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 16 - TABELA PERIÓDICA CONSTRUÍDA POR MENDELEEV Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Essa importante ferramenta organiza todos os elementos conhecidos em linhas hori- zontais, denominadas períodos, e em linhas verticais, denominadas grupos ou famílias. Os períodos coincidem com o número total de níveis ou camadas, segundo o modelo de Bohr, que o elemento apresenta no seu estado fundamental, ou seja, no seu esta- do de menor energia. Determine o símbolo e número de camadas dos seguintes elementos químicos: a. Hidrogênio b. Fósforo 28 QUÍMICA SUMÁRIO c. Chumbo d. Mercúrio e. Promécio Resposta: a. Hidrogênio: símbolo: H, número de camadas: 1. Observação/Justificativa: como o hidrogênio está no primeiro período, ele apre- senta apenas uma camada no nível fundamental, no nível de menor energia, o nível mais estável. b. Fósforo: símbolo: P, número de camadas: 3. c. Chumbo: símbolo: Pb, número de camadas: 6. d. Mercúrio: símbolo: Hg, número de camadas: 6. e. Promécio: símbolo: Pm, número de camadas: 6. Observação: O promécio encontra-se na família dos lantanídeos, que estão nos cha- mados elementos de transição interna. Esses elementos são organizados na parte inferior da tabela periódica por uma questão de espaço, pois a tabela ficaria muito grande horizontalmente, o que dificultaria a leitura e impressão dela. Se você olhar atentamente a tabela periódica, verá que entre o lantânio e o háfnio há um “pulo” na ordem crescente do número atômico. Esse espaço seria preenchido pelos lantanídeos. Lantanídeos e actinídeos são conhecidos como elementos de transição interna. As famílias seguem uma ordem de semelhança nas propriedades físico-químicas das substâncias simples mais estáveis formadas pelos elementos químicos. Os elementos 29 QUÍMICA SUMÁRIO da tabela periódica apresentam uma regularidade na reatividade, os elementos da família 1 (chamados de metais alcalinos terrosos) são os mais reativos, e os da família 18 (gases nobres) são os menos reativos. O único elemento que oficialmente não pertence a nenhuma família é o hidrogênio, que apesar de estar presente acima da família 1 na maior parte das tabelas periódi- cas, não pertence a essa família. Usamos a equação química para representar os processos de transformação, seguin- do o esquema a seguir: Reagentes (estado físico) → Produtos (estado físico). Os estados físicos mais comuns são: sólido (s), líquido (l), gasoso (g), aquoso: (aq). O estado físico aquoso significa que a substância está dissolvida em água. Além disso, em algumas vezes aparecem nos parênteses dos estados físicos os solventes orgâni- cos (derivados de petróleo, por exemplo), como etanol e hexano. Os elementos da tabela periódica apresentam semelhança, tanto no estado físico das substâncias simples mais estáveis na nossa atmosfera quanto na reatividade. Por que o hidrogênio não pode pertencer à família 1 da tabela periódica? Resposta: Na família 1, temos: lítio (Li), sódio (Na), potássio (K), rubídio (Rb), césio (Cs), frâncio (Fr). Todos eses elementos são considerados metais e apresentam as seguintes caracte- rísticas: são sólidos, apresentam brilho característico a metais, reagem violentamente com a água (explodindo) e formam bases (hidróxidos: LiOH, NaOH, KOH...) e hidrogê- nio gasoso, quando em água (Figura 18). Podemos até representar as reações de cada 30 QUÍMICA SUMÁRIO um dos elementos da família 1 com água (H2O): Li(s) + H2O(l) → LiOH (aq) + H2(g) Na(s) + H2O(l) → NaOH (aq) + H2(g) K(s) + H2O(l) → KOH (aq) + H2(g) Rb(s) + H2O(l) → RbOH (aq) + H2(g) Cs(s) + H2O(l) → CsOH (aq) + H2(g) Fr(s) + H2O(l) → FrOH (aq) + H2(g) FIGURA 17 - OS METAIS ALCALINOS REAGEM VIOLENTAMENTE COM A ÁGUA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. O hidrogênio é encontrado na forma diatômica (H2), é um gás incolor e não reage com a água. Devido às diferenças físico-químicas das substâncias simples dos ele- mentos da família 1 comparadas com as do hidrogênio, é possível afirmar que esse elemento não faz parte dessa família. Ainda não há um consenso na comunidade científica sobre a qual família esse elemento pertence, por isso dizemos que o hidro- gênio não pertence à nenhuma família. 31 QUÍMICA SUMÁRIO Um bom artigo para entender os aspectos da construção da tabela periódica é intitulado “Alguns aspectos históricos da classificação periódica dos ele- mentos químicos”, de Mario Tolentino e Romeu C. Rocha-Filho e Aécio Perei- ra Chagas. Você pode encontrar este artigo na Internet. Ele foi publicado na revista Química Nova, volume 20(1), 1997. Na tabela periódica (Figura 15), temos 18 famílias ou grupos, sendo que as famílias 1, 2, 13, 14, 15, 16, 17 e 18 formam os chamados elementos representativos, e as famí- lias 3 até 12 formam os elementos de transição. Os elementos de transição podem ser divididos em elementos de transição interna (lantanídeos e actinídeos) e externa (demais elementos). Os elementos representativos são os que mais apresentam regularidade nas chama- das propriedades periódicas. Entre as propriedades periódicas mais comuns, temos: raio atômico, energia de ionização, afinidade eletrônica, eletronegatividade, etc. Além disso, os elementos representativos que pertencem à mesma família apresentam o mesmo número de elétrons no nível de valência, ou seja, no último nível. 1.1.2.3 NÚMERO ATÔMICO O número atômico (Z) ou número de prótons é específico para cada elemento. O car- bono, por exemplo, apresenta 6 prótons ou número atômico igual a 6. A maior parte dos átomos de carbono, mais de 99% apresentam uma massa atômica igual a 12. A massa (A) de um átomo é calculada pela soma das massas das partículas que cons- tituem o núcleo: número de prótons (Z) e nêutrons(n): A = Z+ n. Se um átomo de car- bono apresenta a massa igual a 12, então ele apresentará seis prótons e seis nêutrons. Cerca de 1% dos átomos de carbono apresentam a massa atômica igual a 13, assim, esses átomos apresentarão seis prótons e sete nêutrons. Elementos que apresentam 32 QUÍMICA SUMÁRIO o mesmo número atômico,mas massas atômicas diferentes, são chamados de isóto- pos. Nesse caso, temos os chamados de isótopos de cabono-12 e cabono-13, respec- tivamente representados da seguinte maneira 12C e 13C (Figura 19). FIGURA 18 - ISÓTOPOS DO CARBONO Isótopos do carbono Cabono-12 Elétron (-1) (órbitas) Nêutron (0) (núcleo) Cabono-13 Cabono-14 Próton (+1) (núcleo) Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. A tabela periódica é um instrumento importante para o estudo da Química, nela os elementos encontram-se ordenados segundo o número atômico. 1.1.2.4 ENTENDENDO MELHOR A TABELA PERIÓDICA: MODELO ATÔMICO QUÂNTICO (OU ATUAL) O modelo atômico de Bohr mostrava algumas limitações quanto à forma dos átomos e algumas propriedades eletrônicas e magnéticas dos átomos. Isso porque os elé- trons eram descritos movendo-se em órbitas circulares e tendo exclusivamente pro- priedades de partículas. O modelo quântico descreve os elétrons como tendo caráter dual, ou seja, podem ter propriedades tanto de partículas como de ondas e, portanto podem se movimentar ou espalhar em um espaço denominado orbital. Ambos os modelos consideram a energia quantizada, ou seja, os elétrons apresentam restrição energética no espaço que ocupam (Figura 20). 33 QUÍMICA SUMÁRIO Uma série de conexões matemáticas foram utilizadas para construir a teoria do mo- delo atômico quântico, no entanto, não serão detalhadas nesta unidade. Somente será introduzida a teoria nos aspectos físicos. Tratando-se o elétron como onda, é possível obter resoluções da chamada equação de Schrödinger (1887-1961) (Figura 21), obtendo-se os chamados orbitais s, p, d e f, que são chamados de densidade de probabilidade ou local onde há maior probabi- lidade de encontrar o elétron. FIGURA 19 - COMPARAÇÃO ENTRE MODELO ATÔMICO DE BOHR E MODELO QUÂNTICO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 34 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 20 - ERWIN SCHRÖDINGER Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. FIGURA 21 - ORBITAIS ATÔMICOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Como a energia é quantizada, cada elemento no seu estado fundamental apresenta uma distribuição eletrônica que segue a ordem crescente de energia. Os elétrons tendem a ocupar um orbital de menor energia possível, mantendo a estabilidade. O diagrama de Pauling é um método no qual distribuímos os elétrons em ordem crescente de energia. Na figura 23, vemos que a seta inicia no orbital 1s2: o número 1 significa a camada ou nível. Segundo o modelo atômico de Bohr, quanto maior o número, mais externo é o nível. O símbolo s (ou p, d, f) significa orbital ou subnível, ou seja, o local onde prova- velmente o elétron está (Figura 22). O número sobrescrito significa o número máximo de elétrons que pode ter naquele orbital. Desse modo, se o número de elétrons de um determinado elemento é maior, os elétrons ocupam outros orbitais até comple- tar o número total de elétrons do elemento. Vejamos como fica a distribuição eletrônica do átomo de hidrogênio H: H apresenta um próton, como é neutro, apresenta também um elétron Assim, a distribuição eletrônica, segundo o diagrama de Pauling, fica 1s1. 35 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 22 - DIAGRAMA DE PAULING Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Faça a distribuição eletrônica (segundo o modelo quântico) e indique o número de níveis e o número de elétrons em cada nível (segundo o modelo de Bohr) dos seguin- tes elementos: a. Silício b. Níquel c. Ni2+ 36 QUÍMICA SUMÁRIO Resposta a. Silício: Si Como o átomo é neutro, o número de prótons é igual ao número de elétrons: 14. A distribuição eletrônica, segundo o diagrama de Pauling, é: 1s22s22p63s23p2. O átomo apresenta três níveis, ou seja, três camadas. O número de elétrons em cada nível: NÍVEL (N) NÚMERO DE ELÉTRONS 1’ 2 2 8 3 4 Observação: na figura 24, disponível a seguir, podemos ver o esquema do silício com os elétrons em cada um dos níveis. FIGURA 23 - MODELO DE BOHR DO SILÍCIO Silício Silício Massa atômica: 28.085 Configuração eletrônica (segundo modelo de Bohr): 2, 8, 4 Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. b. Níquel Ni: p+=e- = 28 37 QUÍMICA SUMÁRIO A distribuição eletrônica, segundo o diagrama de Pauling, é: 1s22s22p63s23p64s23d8. O átomo apresenta quatro níveis, ou seja, quatro camadas. O número de elétrons em cada nível: NÍVEL (N) NÚMERO DE ELÉTRONS 1’ 2 2 8 3 16 4 2 c. Ni2+ Ni2+: p+= 28, e– = 26 Este é o cátion divalente (ou diprótico) do níquel, fizemos a distribuição eletrônica desse elemento no item b. Vemos que o último nível de elétrons (4) não é o menos energético (ou de me- nor energia). Nesse caso, o nível de menor energia é o 3d, mas o último nível é o 4s, o elétron será retirado do último nível (também chamado de nível de valên- cia), por isso a distribuição eletrônica, segundo o diagrama de Paling, para Ni2+, é: 1s22s22p63s23p63d8. O átomo apresenta três níveis, ou seja, três camadas. O número de elétrons em cada nível: NÍVEL (N) NÚMERO DE ELÉTRONS 1’ 2 2 8 3 16 Dica: nunca faça a distribuição eletrônica de um cátion sem antes fazer a do seu áto- mo neutro. Não há necessidade desse cuidado para o ânion, pois é apenas acrescen- tar elétron. A tabela periódica é um instrumento tão organizado, que os elementos da mesma família terminam sempre com o mesmo número de elétrons no mesmo orbital, a única mudança está no nível (Figura 25). 38 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 24 - REPRESENTAÇÃO DA TABELA PERIÓDICA SEGUNDO OS ORBITAIS DE VALÊNCIA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Todos os metais alcalinos (elementos da família 1) apresentam o último orbi- tal da distribuição eletrônica s1 e apresentam um elétron de valência. Os metais alcalinos terrosos (elementos da família 2) têm o orbital s2. Os elementos de transição externa apresentam como últimos orbitais d, e os de transição interna, f. Os elementos das famílias 13 até 17 apresentam o último orbital p. Os gases nobres apresentam p como último orbital, exceto o hélio que tem 1s2, lembre-se de que as famílias estão organizadas por semelhanças nas propriedades físico-químicas. 1.1.2.5 MASSA ATÔMICA A massa atômica de um determinado isótopo é a soma de número de prótons e nú- mero de nêutrons. Na tabela periódica, a massa atômica quase sempre é dada e é o valor maior do que o número atômico. Além disso, na tabela periódica encontramos uma massa atômica relativa, ou seja, uma média ponderada da massa dos isótopos. 39 QUÍMICA SUMÁRIO O bromo é um líquido industrial perigoso e irritante para os olhos. Na natu- reza, são encontrados os seguintes isótopos 79Br e 81Br, com abundância, res- pectivamente, de 54,5 % e 45,5%. Como se calcula a massa atômica relativa? Nesse caso, fazemos o cálculo da média ponderada da seguinte maneira. 1-Multiplicamos o valor de cada uma das massas pela sua respectiva abun- dância percentual, ou seja, dividida por 100. Bromo-79 = 79. 54,5/100 = 43,055. Bromo-81 = 81. 45,5/100 = 36,855. 2- Agora somamos os valores obtidos: 43,055+36,855 = 79,91. Assim, 79,91 é a massa relativa do bromo e é a massa que será encontrada na tabela periódica. 1.1.2.6 ÁTOMOS NEUTROS E ÍONS O átomo neutro apresenta carga nula, ou seja, o mesmo número de cargas positivas (número de prótons) e negativas (número de elétrons). Quando o átomo apresenta cargas positivas ou negativas, ele é chamado de íon. As cargas positivas ou negativas estão relacionadas com a perda ou ganho de elétrons, já que o número de prótons de um determinado elemento é invariável. Os íons positivos são chamados cátions, e os negativos, ânions. Os íons podem ser monoatômicos (formados por apenas um elemento) ou poliatô- micos (formados por mais de um elemento). Os íons não são encontrados isolados na natureza, mas são encontrados formando as chamadas ligações iônicas, ou seja, os íons são encontrados na natureza na forma de sais. Ligações que ocorrem entre cátions e ânions são chamadas de ligações iônicas, formando um sal. O sal sempre apresentará carga neutra. 40 QUÍMICA SUMÁRIO Abaixo, temos alguns exemplosde cátions monoatômicos, determine o número de prótons, elétrons e nêutrons, utilizando os valores encontrados na tabela periódica. a. K+ (isótopo K-39) b. Ca2+ (isótopo Ca-40) c. Fe3+ (isótopo Fe- 55) Resolução: a. K+: • O número de prótons nunca muda (p+): 19. • O número de elétrons (e–), como a carga é positiva, o íon apresenta um elétron a menos: 18. • Como a massa do átomo é a soma do número de prótons com o número de nêutrons (A= Z+n), então o número de nêutrons é a diferença da massa atômica pelo número de prótons: n= A–Z = 39 – 19 = 20. Assim, o número de nêutrons é 20. b. Ca2+: • O número de prótons (p+): 20. • O número de elétrons (e-): 18. • Observação: vimos, na letra a deste exemplo, que o número de elétrons de K+ também é 18. Assim, esses íons são isoeletrônicos, ou seja, apresentam o mes- mo número de elétrons. • O número nêutrons (n): n= 40- 20 = 20. Assim, o número de nêutrons é 20. c. Fe3+ (isótopo Fe– 55): 41 QUÍMICA SUMÁRIO • O número de prótons (p+): 26. • O número de elétrons (e–): 23. • O número nêutrons (n): n= 55– 26 = 29. Assim, o número de nêutrons é 29. Abaixo, temos alguns exemplos de ânions monoatômicos e átomos neutros. Deter- mine o número de prótons, elétrons e nêutrons utilizando os valores encontrados na tabela periódica. a. S2–(isótopo S-32) b. P3–(isótopo P-32) c. Mn(isótopo Mn–55) Resolução: a. S2–(isótopo S–32): • O número de prótons nunca muda (p+): 16. • O número de elétrons (e-), como a carga é negativa, o íon apresenta dois elé- trons a mais: 18. • O número de nêutrons: n= A-z = 32 – 16 = 16. Assim, o número de nêutrons é 16. b. P3–(isótopo P–32): • O número de prótons nunca muda (p+): 15. • O número de elétrons (e–): 18. • O número de nêutrons: n= A–z = 32 – 15 = 17. Assim, o número de nêutrons é 17. 42 QUÍMICA SUMÁRIO c. Mn(isótopo Mn-55): • O número de prótons nunca muda (p+): 25. • O número de elétrons (e-) é igual ao número de prótons, pois no símbolo do elemento não temos cargas representadas: 25. • O número de nêutrons: n= A-z = 55 – 25 = 30. Assim, o número de nêutrons é 30. Geralmente, os íons são encontrados na natureza na forma de sais. Esses sais são formados por ligação entre cátions e ânions. Quimicamente, sempre colocamos os cátions antes dos ânions. Os sais são neutros em carga, ou seja, a carga é nula. Abaixo, encontramos alguns íons (tanto monoatômicos quanto poliatômicos) que interagem formando sais. Indique a fórmula química destes sais. a. Na+ com I– b. Ca2+ com O2– c. Mg2+ com Cl– d. K+ com SO42– e. Al3+ com SO42– Resolução: a. Na+ com I–: Os sais são neutros. Assim, a soma da carga é zero. Como as cargas dos sais são opostas, mas de mesmo valor, a fórmula do sal formado é NaI, chamado de io- deto de sódio. 43 QUÍMICA SUMÁRIO b. Ca2+ com O2– : A soma da carga é zero, como as cargas dos sais são opostas, mas de mesmo valor, a fórmula do sal formado é CaO, chamado de óxido de cálcio. c. Mg2+ com Cl-: Nesse caso, temos um íon com carga 2+ e outro com carga 1–, mas a soma tem de dar zero e ambos têm de ter carga inteira (não existe meio elétron). Assim, para anular a carga menor, 2+, precisamos de uma carga 2–, precisamos de dois íons Cl–. Quando fazemos a fórmula química, número de cada íon na fórmula fica subs- crito. Podemos fazer “um truque” cruzando as cargas como está esquematizado abaixo: Mg2+ Cl– Mg1Cl2 Quando o índice é um, não há necessidade de colocá-lo, por isso a fórmula do sal formado pelos íons enunciados é MgCl2 chamada de cloreto de magnésio. d. K+ com SO4 2–: Nesse caso, podemos usar o mesmo raciocínio da letra C, pensando na soma das cargas, precisamos de 2 K+ para anular a carga total. O ânion sulfato (SO4 2–) apresenta a soma de sua carga 2–, portanto não é apenas a carga do oxigênio. K+ SO4 2– K2SO4 O sal formado é sulfato de potássio de fórmula química ou molecular, K2SO4. e. Al3+ com SO4 2–: Al3+ SO4 2– Al2(SO4)3 Nesse caso, podemos até conferir e perceber que, se multiplicarmos por 2 a car- ga do alumínio (3+), a carga fica 6+, e se multiplicarmos por 3 a carga do sulfato (2–), a carga total será 6–, o que anula a carga total. Por que o íon sulfato fica entre parênteses? Porque a carga é de todo o íon po- liatômico. 44 QUÍMICA SUMÁRIO As substâncias podem ser simples ou compostas. Substâncias simples são forma- das por apenas um elemento químico, já as substâncias compostas ou compostos são formadas por mais de um elemento químico. O Quadro apresenta uma série de substâncias que serão importantes para o seu conhecimento. QUADRO 1 - SUBSTÂNCIAS ENCONTRADAS NO COTIDIANO NOME FÓRMULA QUÍMICA (OU FÓRMULA MOLECULAR) TIPO DE SUSTÂNCIA USO MAIS COMUM (OU NOME COMUM) Cloreto de sódio NaCl Substância composta Sal de cozinha Hidróxido de sódio NaOH Substância composta Soda cáustica Etanol C2H6O Substância composta Combustível (álcool etílico) Oxigênio O2 Substância simples Respiração Ozônio O3 Substância simples Na estratosfera, protege a troposfera da radiação solar ultravioleta (UV) Grafite C(grafite) Substância simples Grafite Diamante C(diamante) Substância simples Diamante Fonte: Elaborado pela autora. No Quadro 1, é possível ver que o oxigênio e o ozônio são substâncias simples, forma- das pelo mesmo elemento químico, oxigênio. Grafite e diamante também são for- mados pelo mesmo elemento químico, carbono. Esses pares são conhecidos como alótropos, ou seja, o oxigênio é alótropo do ozônio, e o grafite é alótropo do diamante. 1.1.2.7 RAIO ATÔMICO É a propriedade na qual se obtém o valor da distância do núcleo até a parte mais externa do átomo. Cada elemento químico apresenta um raio atômico. Os elementos representativos apresentam regularidades singulares quanto a essa propriedade. Quanto maior o nú- mero de camadas, maior será o átomo, portanto quanto maior o período, maior o raio 45 QUÍMICA SUMÁRIO atômico. Se os elementos estão no mesmo período, quanto maior o número atômico maior a atração eletrostática (atração entre carga positiva e negativa) entre núcleo e mesmo número de camadas, assim, menor será o raio, de maneira que o raio diminui à medida que o número atômico aumenta, no mesmo período. Os elementos de transição não apresentam regularidade nessa propriedade, pois a distribuição eletrônica desses elementos tem como último orbital o d ou o f. Comparando os seguintes elementos: lítio, berílio, alumínio e sódio. Coloque-os em ordem crescente de raio atômico. Resposta: Esses elementos são todos representativos, então é possível compará-los. Primeiramente, vamos organizar os elementos segundo o período. Li e Be: estão no segundo período, esses elementos têm duas camadas (menores raios). Al e Na: estão no terceiro período, esses elementos têm três camadas (maiores raios). Agora vamos olhar no mesmo período o número atômico, quanto maior o número atômico, menor o raio. Li (Z= 3) e Be (Z=4): o raio atômico de Li é maior que Be. Al (Z= 13) e Na (Z=11): o raio atômico de Na é maior que Al. Finalmente, organizaremos na ordem crescente (do menor para o maior): Be, Li, Al e Na. 46 QUÍMICA SUMÁRIO A tabela periódica também indica os elementos conhecidos como metais e ametais. A maior parte dos metais, quando substâncias simples, são só- lidas (exceto o mercúrio), apresentam brilho característico, são condutores de calor e eletricidade. Os ametais apresentam estados físicos variáveis, são opacos e isolantes. Na figura 26, podemos notar que a maior parte dos ele- mentos químicos são metais. Você consegue separar os metais dos ametais da tabela periódica? É só observar que o alumínio, o germânio e o antimônio são os metais mais próximos dos ametais. Atenção! Gases nobres não são nem metais, nem ametais! FIGURA 25 - TABELA PERIÓDICA INDICANDO METAIS, AMETAIS E GASES NOBRES Metais alcalinos Metais alcalinos terrosos Metais de transição externa Metais de transição interna Alguns não metais HalogêniosGases nobres Minerais alcalinos raros na terra Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 47 QUÍMICA SUMÁRIO A figura 27 apresenta uma representação dimensional dos raios atômicos. Podemos notar que, de uma maneira generalista, os metais apresentam maior raio atômico que os ametais. FIGURA 26 - REPRESENTAÇÃO DA DIFERENÇA NOS RAIOS ATÔMICOS DOS ELEMENTOS DA TABELA PERIÓDICA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Uma consequência do conhecimento de raio atômico está no conceito de raio iônico, ou seja, o raio de cada íon. Dado um determinado átomo neutro, podemos dizer que o seu cátion apresentará um raio (iônico) que é menor do que o raio (atômico) do áto- mo neutro. Seu ânion correspondente apresentará um raio (iônico) maior que o raio do átomo neutro. Observemos, no exemplo a seguir, por que isso ocorre: 1 - Dados o cálcio e seu cátion diprótico, qual desses átomos apresentará maior raio? Resposta: Os seguintes átomos estão enunciados: Ca (cálcio neutro) e Ca2+ (cátion diprótico, ou seja, cátion com dois prótons). 48 QUÍMICA SUMÁRIO Ca apresenta 20 prótons e 20 elétrons. Ca2+ apresenta 20 prótons e 18 elétrons. A atração do núcleo pelos elétrons é muito maior quando temos menos elétrons do que prótons, o que acarreta na diminuição do raio atômico. Além disso, Ca apresenta quatro camadas (pois está no quarto período da tabela periódica) e Ca2+ apresenta apenas três camadas. Logo, o cátion sempre tem menor raio que o átomo neutro. 2 - Compare o raio atômico de enxofre com o raio iônico de seu ânion sulfeto e indi- que qual é maior. Resposta: Enxofre (S): 16 prótons e 16 elétrons. Sulfeto (S2–): 16 prótons e 18 elétrons. Temos um maior número de elétrons no ânion, o que “enfraquece” a atração entre núcleo e elétrons. Assim, o raio do ânion é maior do que o do raio neutro. 1.1.2.8 ENERGIA DE IONIZAÇÃO A energia de ionização é a energia mínima para que o átomo perca um elétron no estado físico gasoso. Por convenções da IUPAC, a representação dessa energia é para cada um mol de átomos (ou seja, 6,02 x 1023 átomos) e cada um desses átomos per- de um elétron. O processo de perda de elétron do elemento potássio, por exemplo, pode ser representado a seguir: K(g) → K+(g) + e– E = +419 kJ/mol (Equação 1) Vamos entender a equação 1: essa equação indica que um mol de potássio (K) no estado físico gasoso perde um elétron (e–) e gera o cátion de potássio (K+) no estado físico gasoso. Para isso, um mol de potássio, ou seja, 6,02 x 1023 átomos de potássio absorvem 419 kJ de energia. 49 QUÍMICA SUMÁRIO Em Química, quando o valor da energia é positivo, isso significa que a energia é ab- sorvida, e quando o valor é negativo, a energia é liberada. Seguindo a teoria atômica de Bohr, sempre que o elétron passa de uma camada ou nível interno (de menor energia) para um nível interno, a energia deve ser absorvida, para que o elétron saia do átomo, ele tem de sair do nível interno, portanto deve ab- sorver energia. Toda energia de ionização desse modo tem valor positivo. Quanto maior o raio atômico, menor a energia necessária para retirar o elétron de um átomo. Na figura 27, podemos observar que os metais apresentam maior raio atômi- co que os ametais. Dessa maneira, a energia de ionização dos metais é menor do que a dos ametais. Consequentemente, os metais perdem elétrons com mais facilidade que os ametais. Quilojoule (kJ) é uma unidade de energia ou trabalho utilizada no sistema interna- cional. Quilojoule por mol (kJ/mol ou kJ.mol–1) é uma unidade de energia para cada mol de substância. Quando o átomo perde um elétron, a energia necessária é chamada primeira energia de ionização. Quando perde o segundo elétron, a energia é chamada de segunda energia de ionização e assim sucessivamente. Um experimento interessante para saber quantos elétrons há em cada camada (ou nível) externa do átomo é determinar cada energia de ionização de um determinado átomo. Observe o exemplo a seguir: A tabela a seguir apresenta alguns valores de energia de ionização (primeira, I1, até oi- tava, I8) de elementos representativos do terceiro período das famílias 1 e 2, não neces- sariamente nessa ordem. Identifique os elementos a partir dos valores apresentados: 50 QUÍMICA SUMÁRIO QUADRO 2 - ENERGIAS DE IONIZAÇÃO DOS ELEMENTOS X, Y E Z ELEMENTO I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 X 578 1817 2745 11577 14842 18379 23326 27466 Y 738 1451 7733 10543 13630 18020 21711 25661 Fonte: BURROWS et.al., 2009. Resposta: Quando um átomo perde um elétron, espera-se que a energia necessária para retirar o próximo seja dobrada. Isso só acontece (de maneira aproximada) se os elétrons es- tiverem no mesmo nível. Quando o elétron a ser retirado está em uma camada mais interna do que a do átomo neutro, o valor é significativamente mais alto. Observemos a tabela 2 novamente. Nota-se que, em X, I2 é aproximadamente o do- bro de I1. Temos então dois elétrons no nível mais externo, pois há uma mudança brusca de energia para I3, ou seja, para retirar o terceiro elétron que está em um nível mais interno. Para Y, percebemos que o valor de I2 é cerca de dez vezes maior que I1, por isso Y apresenta apenas um elétron de valência. Os elementos das famílias 1 e 2 são, respectivamente, sódio e magnésio. Os elemen- tos da família 1 apresentam um elétron de valência, e os da família 2, dois. Podemos conferir isso fazendo a distribuição eletrônica utilizando o diagrama de Pauling, por isso o elemento X é magnésio e o elemento Y é sódio. ELEMENTO I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 X 738 1451 7733 10543 13630 18020 21711 25661 Y 496 4562 6910 9543 13354 16613 20117 25496 51 QUÍMICA SUMÁRIO CONCLUSÃO A tabela periódica é uma ferramenta essencial para o estudo da Química. Nela, os elementos estão organizados em 18 grupos (ou famílias) e sete períodos. Temos ele- mentos classificados como (1) representativos e elementos de transição e (2) metais, ametais e gases nobres. A localização dos elementos nos grupos depende da reativi- dade das substâncias simples mais estáveis formadas por cada um dos elementos: os elementos mais reativos são os metais alcalinos (família 1), e os menos reativos são os gases nobres (família 2). Nos períodos, os elementos são distribuídos pelo número de camadas ou níveis de elétrons. As unidades básicas da matéria estudadas em Química são átomo, próton, elétron e nêutron. Os átomos são tipificados ou distinguidos pelo número atômico. Vimos o histórico da evolução dos modelos atômicos e algumas utilidades desses modelos para o entendimento de observações experimentais. Os elementos podem formar substâncias simples ou compostas. As substâncias com- postas podem ser formadas por íons. Os elementos apresentam isótopos que são encontrados na natureza e em qualquer substância com uma abundância relativamente constante. Os elementos podem formar alótropos, ou seja, podem formar substâncias simples com propriedades físicas e químicas diferenciadas. Essas substâncias apresentam a mesma proporção natural de isótopos. 52 QUÍMICA SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Diferenciar os tipos de ligações químicas a partir da fórmula química das substâncias. > Definir as propriedades dos compostos pelas ligações químicas. > Expressar a fórmula das substâncias iônicas pelas cargas dos íons. > Interpretar as formas das moléculas que fazem ligações covalentes. > Classificar as ligações e diferenciar os cátions dos ânions. > Reunir as características fundamentais que diferenciam as substâncias. > Apreciar as propriedades físico-químicas das substâncias. UNIDADE 2 53 QUÍMICA SUMÁRIO 2 LIGAÇÕES QUÍMICAS Nesta unidade, estudaremos as ligações químicas e as reações químicas. Os elemen- tos, em sua grande maioria, são encontrados na natureza ligados: (1) entre si; ou (2) ligados a outros elementos. As ligações químicas explicam as propriedades físico-quí- micas das substâncias. Entenderemos asligações covalentes, iônicas e metálicas. Os compostos que fazem ligações covalentes, em sua grande maioria, não conduzem eletricidade, apresentam pontos de fusão e ebulição baixos (que dependem da massa molecular e da força das chamadas interações intermoleculares) e podem ser divididos em duas classes: moleculares e covalentes. Os compostos covalentes apresentam alto ponto de fusão e massa molecular alta. De uma maneira geral, a solubilidade em água depende da po- laridade dessas substâncias: substâncias polares são solúveis em água, apolares, não. Os compostos que fazem ligação iônica, geralmente, são sólidos e solúveis em água. Quando solúveis em água, conduzem eletricidade. Já os compostos que fazem li- gações metálicas, geralmente, são sólidos (com exceção do mercúrio) e conduzem eletricidade e calor. Evidenciaremos outros detalhes a seguir. 54 QUÍMICA SUMÁRIO 2.1 LIGAÇÕES QUÍMICAS A junção de átomos confere a estes uma estabilidade, devido ao abaixamento de energia. Essa junção pode ocorrer via transferência de elétrons ou compartilhamento de elétrons (Figura 1). FIGURA 27 - FORMAÇÃO DE COMPOSTOS ESTÁVEIS ENVOLVE A LIBERAÇÃO DE ENERGIA Energia e Ligação (2 moléculas de hidrogênio) (1 molécula de oxigênio) (2 moléculas de água) energia A energia pode ser tanto absorvida no decorrer de uma reação ou liberada durante uma reação enquanto os produtos são formados Nova ligação Formando novas ligações Quebra da ligação dos reagentes Ligação dos reagentes Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Existem teorias que explicam a formação das ligações químicas. Primeiramente, te- mos de entender as características gerais dos elementos químicos. Entendendo as chamadas propriedades periódicas, podemos estabelecer um padrão geral da for- mação das ligações químicas. Na tabela periódica, podemos localizar facilmente os metais e os ametais. Metais são eletropositivos, ou seja, apresentam a tendência de doar elétrons. Em outras palavras, os metais formam facilmente cátions. Os ametais, por sua vez, apresentam raio atô- mico menor que os metais e, por isso, são mais eletronegativos, ou seja, recebem com facilidade os elétrons. Por essa razão, os ametais formam facilmente ânions. Além dis- so, na família 18 temos os chamados gases nobres. Todos os membros desse grupo são estáveis e a maioria deles não se liga a nenhum outro átomo, sendo encontrados na natureza na chamada forma monoatômica. 55 QUÍMICA SUMÁRIO A estabilidade dos gases nobres é explicada pela chamada regra do octeto, ou seja, todos os elementos dessa família apresentam oito elétrons no nível de valência (últi- mo nível), exceto o hélio, que apresenta dois elétrons de valência. Mas não é apenas a regra do octeto que explica as características das ligações químicas. A seguir, vere- mos algumas teorias mais pormenorizadas. Na figura 2, podemos visualizar algumas representações gerais das ligações químicas. FIGURA 28 - DIFERENTES LIGAÇÕES QUÍMICAS Elétron Íon metálico Ligação Metálica Ligação iônica Ligação covalente Elétron do nível de valência hidrogênio Elétron do nível de valência carbono Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 2.1.1 LIGAÇÕES IÔNICAS As ligações iônicas envolvem a interação eletrostática entre cargas opostas, ou seja, envolve a atração entre cátions e ânions. Quanto maior a diferença de eletronegati- vidade, maior a probabilidade de a interação resultar na formação de íons. De uma maneira generalista, podemos afirmar que a ligação iônica envolve a transferência de elétrons de um elemento eletropositivo (geralmente um metal) para um elemento eletronegativo (ametal) (Figura 3) 56 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 29 - ESQUEMA DA FORMAÇÃO DOS COMPOSTOS IÔNICOS: INTERAÇÃO ENTRE ÍONS Ligação Iônica É uma ligação que forma quando determinado número de elétrons do nível de valência são completamente transferidos entre os átomos e a ligação ocorre entre dois íons de cargas opostas. Átomo de lítio Átomo de flúor Átomos (substâncias) Passando por reação Energia de ionização Afinidade eletrônica Átomos (substâncias) Durante a reação Metal Ametal Lítio perde elétron Flúor ganha elétron Íon de lítio (um cátion) Íon de flúor (um ânion) Molécula de fluoreto de lítio A molécula (substância) Gerada pela reação Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Os compostos iônicos são conhecidos como sais e se apresentam sempre com a carga neutra, ou seja, a soma das cargas dos cátions com as cargas dos ânions é sempre zero. Geralmente, a fórmula química do sal inorgânico é es- crita na seguinte ordem: primeiro o cátion e segundo o ânion. Sendo assim, o sal NaCl apresenta o cátion, o sódio (Na) e o ânion cloro (Cl). 57 QUÍMICA SUMÁRIO Os sais formados por elementos representativos seguem a chamada regra do oc- teto, na qual os elementos que se ligam tendem a manter uma configuração ele- trônica (Figura 4) semelhante à do gás nobre mais próximo. De que maneira? FIGURA 30 - DIAGRAMA DE PAULING: A DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA SEGUE, NESTE CASO, A ORDEM CRESCENTE DE ENERGIA DE CADA ORBITAL Diagrama de Pauling 1s2 2s2 2p6 3s2 4s2 5s2 6s2 7s2 3p6 4p6 5p6 6p6 3d10 4d10 5d10 6d10 4f14 5f14 Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. Vejamos as configurações eletrônicas dos gases nobres. O hélio apresenta o número atômico 2 e como é um átomo neutro, também apre- senta dois elétrons. Seguindo o diagrama de Pauling, podemos fazer a distribuição eletrônica da seguinte maneira: 1s2. Ao observar o diagrama de Pauling, podemos notar que, no nível um, cabem no máximo dois elétrons no orbital s. Assim, pode- mos dizer que o gás nobre hélio apresenta um orbital totalmente preenchido, o que justifica a estabilidade desse elemento. É digno de nota que, quando falamos em estabilidade dos elementos, estamos falando em não reatividade e em baixa energia. Um raciocínio análogo pode ser feito para os demais elementos da família 18, sendo que sempre os gases nobres terão os orbitais s e p de valência totalmente preenchi- dos, conforme tabela 1. Lembre-se de que o diagrama de Pauling segue uma ordem crescente de energia dos orbitais na distribuição eletrônica e que os orbitais do nível de valência são aqueles que apresentam maior número. Por exemplo, no caso do criptônio, o nível de valência é o quatro e, na tabela 1, podemos ver que os orbitais s e p do nível quatro estão completamente preenchidos. 58 QUÍMICA SUMÁRIO QUADRO 3 - DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA DOS GASES NOBRES NEUTROS: OS NÍVEIS DE VALÊNCIA ESTÃO EVIDENCIADOS EM VERMELHO GÁS NOBRE (SÍMBOLO) DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA SIMPLIFICADA Hélio (He) 1s2 [He] Neônio (Ne) 1s22s22p6 [Ne] Argônio (Ar) 1s22s22p63s23p6 [Ar] Criptônio (Kr) 1s22s22p63s23p64s23d104p6 [Kr] Xenônio (Xe) 1s22s22p63s23p64s23d104p65s24d105p6 [Xe] Radônio (Rn) 1s22s22p63s23p64s23d104p65s24d105p66s24f145d106p6 [Rn] Fonte: CITAR AUTOR. Na tabela 1, também podemos ver a chamada distribuição eletrônica simplificada. Essa representação com esse tipo de abreviação pode ser usada para os demais ele- mentos da tabela periódica, desde que tenhamos entre os colchetes apenas os ga- ses nobres (nunca outro elemento), pois a comparação com esses elementos é im- portante (Tabela 2). QUADRO 4 - DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA SIMPLIFICADA DE ALGUNS ELEMENTOS DA TABELA PERIÓDICA E DE ALGUNS ÍONS ELEMENTO DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA SIMPLIFICADA ÍON DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA SIMPLIFICADA Na [Ne]2s1 Na+ [Ne] Ca [Ar] 4s2 Ca2+ [Ar] Al [Ne]3s23p1 Al3+ [Ne] S [Ne]3s²3p4 S2– [Ar] Br [Ar] 4s23d104p5 Br– [Kr] Fonte: CITAR AUTOR. Segundo a regra do octeto, os elementos tendem a ganhar ou perder elétrons para ficarem com a configuração eletrônica semelhante à do gás nobre mais próximo. Como podemos ver na tabela 2, o bromo, por exemplo, ao invés de perder elétrons e ficar com a configuração do argônio (para isso, precisa perder 17 elétrons), ganha um elétron e fica com a configuração semelhante à do criptônio. Essa regraé muito importante para os elementos representativos. Já os elementos de transição não seguem essa regra. No entanto, os íons não podem existir isolados, pois a carga por si só não confere estabilidade à espécie química, por isso todo ânion está ligado a um cátion, e todo cátion está ligado a um ânion. 59 QUÍMICA SUMÁRIO De uma maneira geral, os metais alcalinos (da família 1) perdem um elétron, forman- do um cátion monoprótico (ou monovalente), os metais alcalinos terrosos (da família 2) formam um cátion diprótico (ou divalente). Os calcogênios (família 16) geralmente ganham dois elétrons e os halogênios (família 17) ganham um elétron, formando ânions divalentes e monovalentes, respectivamente. Como essas ligações são formadas? Podemos prever a fórmula química dos compos- tos? Veja os exemplos a seguir: Dados os elementos químicos a seguir, qual é a fórmula molecular do sal formado? a. Na e Br b. Ca e Cl c. Al e O Resposta: Para que possamos determinar a fórmulas, temos de comparar os elementos com o gás nobre mais próximo. a. O sódio, pela tabela 2, apresenta configuração eletrônica semelhante à do gás nobre neônio, desde que perca um elétron, formando o cátion Na+. O bromo, por sua vez, está mais próximo ao criptônio e, por isso, ganha um elétron, for- mando o íon brometo, Br–. Concluindo, são formados os seguintes íons Na+ e Br–. Como a soma das cargas é zero, a fórmula da substância é NaBr. Esse sal é chamado brometo de sódio. b. Pela tabela 2, podemos ver que o cálcio forma com facilidade o cátion divalente Ca2+, o cloro, por sua vez é um halogênio e forma um ânion monovalente, Cl–. Assim, temos duas cargas positivas para uma carga negativa, no entanto a soma das cargas tem de ser zero, por isso precisamos de dois cloros. Na fórmula quí- mica, cada elemento pode ser multiplicado colocando-se o número subscrito à frente do elemento. Dessa maneira, a fórmula da substância é CaCl2. 60 QUÍMICA SUMÁRIO c. Alumínio forma um cátion trivalente Al3+, oxigênio é um calcogênio e, portanto, apresenta uma carga 2–: temo Al3+ e O2–, para que tenhamos uma carga negati- va, podemos pensar no mínimo múltiplo comum, seis, para isso, temos de ter dois alumínios com a carga 3+ (dando uma carga total 6+) e três oxigênios com a carga 2- (dando uma carga total 6-). Dessa maneira, essas cargas se anulam dando a seguinte fórmula: Al2O3. Podemos também fazer a fórmula descendo os números sobrescritos e cruzando os valores entre os elementos: Al3+ O2– Al2O3 2.1.1.1 RESUMO E CARACTERÍSTICAS DAS LIGAÇÕES IÔNICAS As ligações iônicas ocorrem entre íons de cargas opostas, geralmente entre metais e ametais ou metais e hidrogênio (Figura 5). Os sais ou compostos iônicos geralmente são sólidos e a maioria é solúvel em água. Quando solubilizados em água, os íons en- contram-se separados e solvatados (rodeados por água). A liberdade desses íons faz com que a solução, a mistura entre água e sais, conduza eletricidade, uma vez que os sais não conduzem eletricidade quando sólidos (Figura 6). Como a interação entre os sais é uma atração entre cargas opostas, esses sais também conduzem eletricidade quando estão fundidos, pois eles só fundem quando as cargas opostas estão mais dis- tantes umas das outras. Outra característica marcante dos compostos iônicos está no fato de que eles são quebradiços e apresentam pontos de fusão e ebulição altíssimos. FIGURA 31 - LIGAÇÃO IÔNICA DOS ÍONS NA+ E CL– FORMANDO O CLORETO DE SÓDIO Ligação Química Ligação iônica Ligação iônica (cloreto de sódio) Carga positiva Carga negativa CloroSódio Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 61 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 32 - PROPRIEDADES GERAIS DOS COMPOSTOS IÔNICOS Propriedades da ligação iônica Compostos iônicos são solúveis em água Ligação forte Condução de eletricidade O composto iônico não conduz eletricidade em estado físico sólido Composto iônico conduz eletricidade em estado aquoso (dissolvido em água). Compostos geralmente por metal e ametal A ligação se dá assim: Solubilidade em água: Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 2.1.2 LIGAÇÕES COVALENTES As ligações covalentes ocorrem entre elementos eletronegativos, por isso não temos elementos que doam elétrons, apenas elementos que apresentam afinidade eletrô- nica. Consequentemente, esses elementos compartilharão elétrons do chamado ní- vel de valência (Figura 7). FIGURA 33 - FORMAÇÃO DA LIGAÇÃO COVALENTE DA ÁGUA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 62 QUÍMICA SUMÁRIO As ligações covalentes podem ser representadas pelas estruturas de Lewis, em que cada elétron pode ser representado por um ponto, e um par de elétrons pode ser representado por um traço entre os elementos. Faça as estruturas de Lewis dos seguintes compostos que fazem ligação covalente: a. H2 b. HBr c. H2S Resposta: a. Como temos elementos iguais e cada hidrogênio apresenta apenas um elétron, a demanda, pela regra do octeto, é que cada hidrogênio ganhe um elétron, mas ambos precisam de um elétron. Dessa forma, podemos representar a molécula de hidrogênio com um traço entre ambos os hidrogênios: H H . Observação: o traço entre os hidrogênios significa dois elétrons, um de cada hidrogênio. b. Como vimos anteriormente, o hidrogênio precisa de um elétron, o bromo, assim como todo halogênio também precisa de um elétron. Então, para representar corretamente a molécula, temos de saber que o bromo apresenta sete elétrons de valência (está na família 17). Para fazermos a estrutura de Lewis, imaginamos que temos um retângulo em torno do símbolo do elemento e, em cada lado, desenhamos um par de elétrons, exceto ao lado do hidrogênio, onde colocare- mos um traço que representará dois elétrons: H Br c. Enxofre é um calcogênio e precisa de dois elétrons, pois tem seis elétrons de va- lência. Cada hidrogênio tem um e precisa de mais um, assim, podemos escrever a molécula da seguinte maneira: H S H . 63 QUÍMICA SUMÁRIO Nesse caso, note que o enxofre apresenta dois pares de elétrons de valência em torno de si que não participam da ligação covalente, além de um elétron que está sen- do compartilhado com o hidrogênio que também tem um elétron. Se contarmos o número de elétrons totais: compartilhados e não ligantes (que não participam da ligação), teremos oito elétrons em torno do enxofre, para cada hidrogênio, no total, teremos dois elétrons. Além disso, a presença de pares de elétrons no átomo central de qualquer molécula afeta na chamada geometria molecular, devido à presença desses pares de elétrons, ocorre uma repulsão eletrônica que gera uma chamada geometria angular, na ver- dade, a forma mais correta de se escrever essa molécula é: H S H . Uma vez que as moléculas apresentam uma projeção tridimensional, é como se os pares de elétrons não ligantes estivessem um, atrás da folha, e outro, na frente da folha, dimi- nuindo a repulsão. 2.1.2.1 GEOMETRIA MOLECULAR Por que devemos entender a geometria molecular? As substâncias apresentam ca- racterísticas físico-químicas, como densidade, temperatura de fusão, temperatura de ebulição, solubilidade em água, etc. Além dessas características, muitas apresentam cheiro, cor, sabor e odor característicos. Todas essas propriedades dependem da for- ma como os átomos dos elementos encontram-se conectados entre si na formação das moléculas. A geometria molecular pode ser determinada pela chamada teoria VSPER, que é a abreviação em inglês da Teoria de Repulsão de Pares de Elétrons. Por essa teoria, podemos determinar a forma da molécula pela presença de pares de elétrons não ligantes no átomo central da molécula. Mas o que são pares de elétrons não ligan- tes? São elétrons que não participam da ligação covalente, mas estão presentes no átomo, devido ao fato de que este apresenta um número específico de elétrons de valência. Na figura 8, podemos ver algumas das geometrias das moléculas, os pares de elétrons não ligantes estão representados na forma de balões verdes.64 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 34 - PRINCIPAIS GEOMETRIAS MOLECULARES Tetraédrica Trigonal plana Quadrática planaLinear Bipiramidal trigonal Octaédrica Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. A solubilidade das substâncias pode ser prevista pelo tipo de ligação química (por exemplo, compostos iônicos geralmente são solúveis em água) ou pela polaridade da molécula que faz ligação covalente. Pelo princípio de que “semelhante dissolve semelhante”, podemos, pela comparação da polaridade das substâncias, determinar se elas serão miscíveis entre si. De que forma? Primeiramente, devemos determinar a polaridade das moléculas, por meio dos seguintes passos: 1. determinar o tipo de ligação química se for covalente, continuar; 2. fazer as estruturas de Lewis; 3. determinar a geometria molecular; 4. determinar a polaridade das ligações; 5. determinar qualitativamente o vetor momento dipolo. A seguir, veremos alguns exemplos com o passo a passo: Determine a polaridade das moléculas abaixo: a. Água b. Amônia c. Metano d. Dióxido de carbono e. Acetona 65 QUÍMICA SUMÁRIO Resposta: a. Água: H2O Para resolver esse exemplo, seguiremos o passo a passo explicado anteriormente: 1. Determinar o tipo de ligação química se for covalente, continuar. Temos um hidrogênio com um ametal, ambos os elementos são eletronegati- vos, então a ligação química é, predominantemente, covalente. 2. Fazer as estruturas de Lewis. 3. Determinar a geometria molecular. A estrutura de Lewis da água é semelhante a que fizemos do H2S no exemplo ante- rior, ou seja, temos um calcogênio que apresenta seis elétrons de valência e precisa de dois, esse átomo central tem dois pares de elétrons não ligantes e, por isso, apre- sentará uma geometria angular: H O H (Figura 7). Por que não pode ser escrita de maneira linear, H O H ? Veremos a seguir. FIGURA 35 - FIGURA 9 - ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL ANGULAR DA ÁGUA Ligação covalente Interação do tipo ligação de hidrogênio Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 66 QUÍMICA SUMÁRIO 4. Determinar a polaridade das ligações. Ligações polares são aquelas que apresentam uma diferença de eletronegati- vidade. Ligações formadas pelos mesmos elementos são chamadas de ligações apolares (não apresentam diferença de eletronegatividade). Ligações formadas por elementos diferentes apresentarão diferença de eletronegatividade (Figura 10). Os elementos mais eletronegativos da tabela periódica são sempre os ame- tais. O flúor é o elemento mais eletronegativo da tabela periódica. Por via de regra, temos a seguinte ordem decrescente de eletronegatividade entre os dez elementos mais eletronegativos da tabela periódica: F>O>N>Cl>Br>I>S>C>P>H. O hidrogênio está entre os dez elementos mais eletronegativos, os demais ele- mentos que não estão nessa lista são menos eletronegativos que esses dez. FIGURA 36 - DIFERENÇA ENTRE LIGAÇÕES COVALENTES POLARES E APOLARES Ligação covalente polar Ligação covalente apolar Meio da ligação Meio da ligação Núcleo dos átomos + concentração de carga do elétron - concentração de carga do elétron Núcleo dos átomos + concentração de carga do elétron - concentração de carga do elétron Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Comparando os elementos presentes na água, podemos ver que o oxigênio é mais eletronegativo que o hidrogênio. Assim, na maior parte do tempo, os elétrons com- partilhados entre estes elementos estão mais próximos ao oxigênio. Podemos representar essa proximidade pelo símbolo delta minúsculo com carga negativa (δ– - indicando que o elemento está atraindo elétrons). Já o menos eletro- negativo, com um delta minúsculo com carga positiva (δ+ - indicando que o elemento é menos eletronegativo). 67 QUÍMICA SUMÁRIO H O H 5. Determinar qualitativamente o vetor momento dipolo. O vetor momento dipolo é uma seta que indica a direção dos elétrons, partindo de um elétron menos eletronegativo para um elemento mais eletronegativo. H O H Ambas as setas vão no sentido do oxigênio, no entanto não se anulam, se so- mam. Dizemos que o vetor momento dipolo resultante é diferente de zero. Quando o vetor momento dipolo é diferente de zero, a substância é polar, por isso dizemos que a água é polar. Se a estrutura da água fosse linear, H O H, teríamos o seguinte vetor momento dipolo: H O H . A soma dos vetores daria zero, toda subs- tância com o vetor momento dipolo igual a zero é apolar. Mas a água não é polar, graças à sua geometria angular. b. Amônia: NH3 1. Determinar o tipo de ligação química se for covalente, continuar. Temos ametal com hidrogênio, ligação covalente. 2. Fazer as estruturas de Lewis. 3. Determinar a geometria molecular. O nitrogênio apresenta cinco elétrons de valência e precisa de três elétrons, por- tanto, se ligará a três hidrogênios. N H H H 68 QUÍMICA SUMÁRIO Sobram dois elétrons que não participarão das ligações covalentes (chamados elétrons não ligantes), isso faz com que a geometria da amônia seja chamada geometria piramidal trigonal (Figura 8). 4. Determinar a polaridade das ligações. Nitrogênio é mais eletronegativo que hidrogênio: N H H H 5. Determinar qualitativamente o vetor momento dipolo. N H H H Como todos os elétrons vão em direção ao nitrogênio e não se anulam, a amô- nia é uma substância polar, com vetor momento dipolo diferente de zero. Como a amônia e a água são sustâncias polares, essas substâncias são miscí- veis. Pelo princípio que “semelhante dissolve semelhante”. c. Metano: CH4. 1. Determinar o tipo de ligação química, se for covalente, continuar. Hidrogênio com ametal (C), ligação covalente. 2. Fazer as estruturas de Lewis. 3. Determinar a geometria molecular. 69 QUÍMICA SUMÁRIO O carbono apresenta quatro elétrons ligados a quatro hidrogênios, como o car- bono precisa de quatro elétrons, então temos a seguinte estrutura: C H HH H Quando o carbono faz quatro ligações, sua geometria é chamada tetraédrica. A representação das ligações em cunha cheia ( ) significa que os elementos estão na frente da folha. Em cunha tracejada ( ), atrás, lembrando que as mo- léculas são tridimensionais. Já as em traços ( ) significam que os elementos que fazem a ligação estão no plano da folha. 4. Determinar a polaridade das ligações. O carbono é mais eletronegativo que o hidrogênio: C H HH H 5. Determinar qualitativamente o vetor momento dipolo. O vetor momento dipolo fica da seguinte maneira: C H HH H E o vetor resultante é zero, portanto o metano é apolar e não é miscível em água. 70 QUÍMICA SUMÁRIO FIGURA 37 - ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL TETRAÉDRICA DO METANO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Metano é um hidrocarboneto. Esses compostos são formados por hidrogê- nio e carbono. Geralmente, são apolares. Os hidrocarbonetos não se mistu- ram em água. d. Dióxido de carbono: CO2 1. Determinar o tipo de ligação química se for covalente, continuar. Ambos os elementos são ametais, a ligação é covalente. 2. Fazer as estruturas de Lewis. 3. Determinar a geometria molecular. O carbono precisa de quatro elétrons e cada oxigênio precisa de dois elétrons, assim teremos dois traços entre carbono e oxigênio. Não sobra par de elétrons não ligantes no átomo central, mas sobram dois pares de elétrons para cada oxigênio (pois ele tem seis elétrons no nível de valência). C OO 71 QUÍMICA SUMÁRIO A ausência de pares de elétrons não ligantes no átomo central mantém a geo- metria linear. Quando, entre um elemento e outro, temos o compartilhamento de dois pares de elétrons, chamamos essa ligação de ligação dupla. Dessa forma, o CO2 apre- senta duas ligações duplas. 4. Determinar a polaridade das ligações. O oxigênio é mais eletronegativo que o carbono: C OO 5. Determinar qualitativamente o vetor momento dipolo: C OO Os vetores se anulam, por isso o dióxido de carbono ou gás carbônico é apolar e não se mistura em água (Figura 8). 2.1.2.2 RESUMO E CARACTERÍSTICAS DAS LIGAÇÕES COVALENTES Os compostos que fazem ligações covalentes
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