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SUINOCULTURA E AVICULTURA AULA 5 Prof.ª Simone Fernanda Nedel Pertile CONVERSA INICIAL Nesta etapa, serão abordados os principais aspectos da produção de frangos de corte e poedeiras. Veremos o manejo da cama, a qual é indispensável para os sistemas de produção em que as aves são criadas no piso; o manejo inicial e nas fases de crescimento, terminação e abate de frangos de corte; o manejo inicial e nas fases de recria e produção das poedeiras; além das características dos ovos e os cuidados para sua comercialização. Assim, nossa missão será aprender os pontos críticos da produção de frangos de corte e poedeiras, assim como os principais manejos utilizados na sua produção. Dessa forma, serão abordados aspectos gerais e práticos da produção de frangos de corte e de poedeiras. TEMA 1 – MANEJO DA CAMA Para as aves criadas em piso, é indispensável o uso da cama, a qual tem como principal função o isolamento térmico, pois isso auxilia na redução das oscilações de temperatura no aviário e evita o contato direto da ave com o piso. Além disso, a cama tem como funções a absorção da água e a incorporação das fezes e das penas (Ávila; Mazzuco; Figueiredo,1992). De acordo com Ávila, Mazzuco e (1992) e Cony e Zocche (2004), os materiais adequados para a cama devem ter as seguintes características: • boa capacidade de absorção de umidade, evitando a formação de placas, além de liberar facilmente a umidade; • ser livre de fungos, microrganismos e substâncias tóxicas; • apresentar partículas de tamanho médio, homogêneas e livres de partículas estranhas, além de apresentar baixa condutividade térmica; • ter capacidade de amortecimento, mesmo sob alta densidade; • boa disponibilidade na região e com preço acessível, e ser apropriada para ser utilizada como fertilizante posteriormente. Além disso, quando houver suspeita de aspergilose, deve ser feito exame micológico (Cony; Zocche, 2004). Os principais materiais e seus pontos positivos e negativos são apresentados no Quadro 1 a seguir. 3 Quadro 1 – Principais materiais utilizados na cama de frangos de corte e suas características Material Características Maravalha - Material mais utilizado. - Grande poder de absorção, sendo importante garantir um tamanho de partícula adequado. - Partículas médias: 3 cm. Sabugo de milho triturado - Disponibilidade do material nas regiões produtoras. Bagaço de cana-de- açúcar - Disponível em regiões sucroalcooleiras. - Deve passar por processo fermentativo e de prevenção contra fungos antes de ser utilizado. Feno de gramíneas - Difícil processo de secagem, mas grande volume produzido. - Boa absorção e capacidade de amortecimento. Casca de arroz, café ou amendoim - Os pintinhos podem consumi-las, não devendo ser utilizadas em pinteiros. - Disponíveis nas regiões produtoras. - A casca de arroz e de café apresentam baixa capacidade de absorção. A casca de amendoim apesenta boa absorção, mas é preciso ter cuidado com a contaminação por fungos. Fonte: Ávila; Mazzuco; Figueiredo,1992. A cama deve ser distribuída em todo aviário a uma altura uniforme, sendo recomendada a profundidade de cinco a oito centímetros no verão e de oito a dez centímetros no inverno. A reutilização da cama pode ser feita por até seis lotes, desde que seja realizado o manejo adequado em cada lote e entre lotes (Ávila; Mazzuco; Figueiredo,1992; Cony; Zocche, 2004). O manejo de cama em cada lote consiste no revolvimento da cama, que deve ser realizado constantemente durante todo o período de criação, com a finalidade de manter a cama fofa, ou seja, com boa capacidade de amortecimento, além de evitar o excesso de umidade, o que propicia a formação de placas ou cascões (Ávila; Mazzuco; Figueiredo,1992). Quando ocorrer a formação destes, devem ser removidos. Para a reutilização da cama, é importante que não tenha ocorrido a contaminação por microrganismos patogênicos no lote. Por isso, ela deve ser testada quanto à presença de salmonelas spp., e caso esteja contaminada, deve ser feita sua fermentação para eliminar esse microrganismo (Ávila; Mazzuco; Figueiredo,1992). Assim, a cama pode ser reutilizada, desde que seja submetida a tratamento para inativação ou redução de patógenos por meio dos métodos fermentativos indicados para esse processo, por apresentarem os melhores resultados para o tratamento da cama de aviários. O processo de fermentação 4 da cama dura de 10 a 15 dias, e pode ser feito pelo amontoamento da cama em leiras ou cobertura da cama ao longo no aviário com lona plástica (Jaenesch, 2022). Assim, de forma geral, quando termina o ciclo de produção de um lote, após a retirada das aves, devem ser extraídos todos os equipamentos, os quais devem ser limpos e desinfetados. Depois, devem ser retiradas as partes empastadas, fazer a queima das penas, além de passar o lança-chamas nas telas e paredes do galpão, silo etc.; escolher um dos métodos de fermentação da cama citados anteriormente, e se a cama estiver seca, esta deve ser umedecida para que atinja 35 a 40% de umidade, para facilitar a fermentação. Após o período de fermentação, pode ser utilizado algum agente desinfetante (por exemplo, cal) que auxilie a secagem da cama; ainda, a cama deve ser revolvida várias vezes até que a umidade atinja 20 a 25% (Ávila et al., 1992). TEMA 2 – MANEJO INICIAL 2.1 Preparo do galpão Os manejos realizados na fase inicial de produção das aves são muito semelhantes para frangos de corte, poedeiras e matrizes. Assim, após a limpeza e desinfecção do galpão, e da fermentação ou troca da cama, o aviário deve ser preparado para o recebimento dos pintinhos e/ou pintainhas. Considerando a criação de aves em piso, deve-se utilizar cama nova no pinteiro, ou pelo menos ser colocada uma camada superficial com dois centímetros de espessura de cama nova sobre aquela a ser reutilizada (Ávila; Mazzuco; Figueiredo,1992), devendo-se dar preferência a materiais como a maravalha para evitar de serem consumidos pelos pintinhos, de modo a favorecer, assim, o consumo de ração. Além disso, a cama pode ser coberta com papéis, que são utilizados para estimular o consumo de ração pelas aves, os quais devem ser colocados próximos aos comedouros e sobre os quais pode ser disponibilizada ração (Cobb, 2018). Uma estrutura bastante utilizada nos primeiros dias das aves criadas em piso é o círculo de proteção, que tem como principal finalidade manter as aves próximas a uma fonte de calor, dos comedouros e bebedouros, além de proteger as aves de correntes de ar e de auxiliar na contenção do calor gerado pelas campânulas. Para isso, são usadas chapas de eucatex, duratex, compensado 5 ou folhas metálicas, formando um círculo de proteção (sem cantos), com altura variando entre 30 centímetros (para climas mais quentes) e 60 centímetros (para climas mais frios), sendo recomendada a densidade de 60-80 aves por metro quadrado (Ávila et al., 2017; Ávila et al., 1992). Nas primeiras duas semanas de vida, o sistema termoregulatório das aves está em desenvolvimento, logo, elas não conseguem regular a temperatura corporal até que tenham 12 a 14 dias de idade. Assim, devem ser utilizadas fontes de calor nessa fase, sendo a temperatura do piso e da cama no alojamento dos pintinhos tão importante quanto a temperatura do ar. Portanto, é fundamental o preaquecimento do aviário (Ross, 2018). Assim, pelo menos 48 horas antes da chegada dos pintinhos é recomendado que seja iniciado o aquecimento do galpão, dependendo do sistema de aquecimento utilizado e das condições climáticas, para que a temperatura e umidade estejam estabilizadas 24 horas antes da chegada deles (Albino et al., 2017). Durante o pré- aquecimento do aviário, antes do alojamento dos pintos, é aconselhável manter uma quantidade mínima de ventilação, com o objetivode eliminar qualquer gás que possa ser prejudicial às aves (Ross, 2018). Nos círculos de proteção, após o alojamento dos pintinhos, é importante observar o comportamento destes para verificar a necessidade de ajustes na fonte de calor. Assim, é possível verificarmos as seguintes situações: a. se os pintinhos estiverem distribuídos uniformemente em toda a área de alojamento e/ou círculos de proteção, isso é indicativo de que o ambiente é confortável para as aves e que não há nenhuma exigência para justar a temperatura e/ou umidade relativa; b. se os pintinhos estiverem agrupados sob os aquecedores ou na área de alojamento, significa que estão com muito frio, logo, a temperatura deverá ser aumentada, bem como deve se evitar entrada de ar frio; c. se os pintos estiverem aglomerados pertos das paredes da área do alojamento ou longe das fontes de calor e/ou estiverem ofegantes, é um indicativo de que as aves estão com muito calor, e assim se deve reduzir a temperatura e/ou umidade relativa do ar ou elevar a campânula; d. se os pintinhos estiverem agrupados somente de um lado do círculo de proteção, isso é indicativo de que pode haver uma corrente de ar, e assim se deve fechar essa entrada de ar (Ross, 2018; Albino et al., 2017). 6 Na Tabela 1 a seguir, estão os dados de temperatura ideal para cada semana de vida das aves na altura do galpão em que estas ficam e no galpão como um todo. Tabela 1 – Temperaturas de conforto das aves na altura das aves e no galpão Idade (semanas) Temperatura (°C) ao nível das aves Temperatura (°C) no galpão 1 30 – 33 26,6 – 29,4 2 29 – 31 25,0 – 26,6 3 27 – 29 23,8 – 25,0 4 25 – 26 22,2 – 23,8 5 22 – 23 21,0-22,2 6 ou mais 21 20,0 Fonte: Cony; Zooche, 2004. Em relação à umidade relativa do ar, o ideal é que esteja entre 60 e 70% nos primeiros três dias e acima de 50% até o 10.º dia de vida dos pintinhos, pois abaixo disso pode ocorrer desidratação, e como consequência, a queda no desempenho e a desuniformidade do lote (Ross, 2018; Cony; Zooche, 2004). Na fase inicial, é essencial garantir que os bebedouros estejam bem distribuídos nos círculos de proteção ou na área para alojamento das aves, sempre objetivando que qualquer que seja o lugar no qual a ave esteja haja um bebedouro próximo. Da mesma forma, à medida que os círculos de proteção são abertos, os bebedouros também devem ser movimentados, buscando sempre obter uma distribuição uniforme por todo o galpão (Abreu; Ávila, 2022). Durante o alojamento dos pintinhos, deve-se fazer a pesagem de 5% das caixas. Além disso, algumas características desses animais são importantes para se averiguar sua qualidade, sendo estas: a. a penugem deve estar bem seca, longa e fofa; b. os olhos devem ser brilhantes, redondos e ativos; c. os umbigos devem estar completamente cicatrizados; d. as penas devem ser brilhantes e cerosas ao tato; e. não deve haver tornozelos avermelhados e lesões; f. não deve haver deformidades, como pernas tortas ou bico cruzado; a uniformidade deve estar em média em 7,88% do coeficiente de variação, sendo este utilizado para a verificação da uniformidade do peso corporal das aves de um lote durante todo o período de alojamento destas (Cobb, 2018). 7 Além disso, é importante que o pintinho seja vacinado no incubatório, seguindo o esquema de vacinação de cada região, bem como deve ser feita a sexagem dele. 2.2 Uniformidade do lote e teste do papo O acompanhamento do crescimento do lote e da uniformidade deve ser feito em todo o período de cria e recria dos frangos de corte e das poedeiras, com a finalidade de identificar problemas no manejo das aves e corrigi-los, garantindo um crescimento uniforme e dentro do esperado para os frangos de corte, assim como para garantir uma boa produção de ovos na fase de postura das poedeiras (Hy-Line, 2020; Ávila et al., 2017; Mazzuco et al., 2006). Para verificar a uniformidade, são utilizados alguns critérios como avaliação visual, cálculo do intervalo de aproximadamente 10% do peso médio e coeficiente de variação. Assim, deve-se dividir o aviário em três partes iguais e amostrar 100 aves em cada parte ou 1% do lote total, e após isso, pesá-las individualmente. Após disso, é calculado o peso médio e o intervalo, somando e subtraindo 10% do peso médio, sendo que 80% das aves devem estar dentro desse intervalo para o lote ser considerado uniforme (Cobb, 2018). O principal objetivo do manejo durante as primeiras horas após o alojamento das aves é obter o máximo de ingestão de alimento e água para o máximo de pintinhos possível. O baixo número de aves que consumiram água e ração nas primeiras horas está relacionado com problemas irreversíveis de desempenho do lote, incluindo baixo crescimento, baixa conversão alimentar e baixa uniformidade do lote (Cobb, 2018). Assim, após o alojamento dos pintinhos e da verificação da qualidade destes, deve ser feita a avaliação do papo, com a finalidade de verificar se as aves estão se alimentando. Os valores de referência utilizados podem ser: 1) acima de 80% dos pintinhos examinados até oito horas de alojamento devem apresentar alimentos no papo; 2) é esperado um mínimo de 95% das aves com papo preenchido no dia seguinte do alojamento (Hy-Line, 2020; Cobb, 2018; Ávila et al., 2017; Mazzuco et al., 2006). A avaliação do papo é muito importante, pois logo após o nascimento as aves utilizarão os nutrientes disponíveis no saco vitelínico, o qual é formado por resíduos da gema. Ao nascer, o peso vitelínico é de quatro a cinco gramas, ou seja, em torno de 10% do peso das aves, enquanto no quarto dia de vida o peso do saco vitelínico é em torno de 0,5 gramas. O jejum nas primeiras horas de vida 8 dos frangos retarda a absorção do saco vitelínico, trazendo consequências negativas para as aves (Cony; Zooche, 2004). Aos sete dias de idade, é importante avaliar a uniformidade do peso das aves e a mortalidade, pois se o manejo inicial foi bem realizado, a mortalidade acumulada nesses primeiros sete dias não deve ser superior a 1%, e a uniformidade deve estar acima de 80% (Cobb, 2018). TEMA 3 – MANEJO DOS FRANGOS DE CORTE 3.1 Crescimento As três primeiras semanas de vida das aves são chamadas de “fases iniciais” (pré-inicial e inicial), enquanto a fase de crescimento é a fase intermediária, no qual é considerado o período de duas a três semanas (22 a 35 dias ou 22 a 42 dias de idade das aves); já a fase final é a semana antes do abate. A divisão dessas fases está relacionada principalmente com a alimentação das aves em cada fase (Tabela 2). As aves não devem receber qualquer substância que possa deixar resíduos na carcaça, devendo ser respeitadas as recomendações dos fabricantes em relação a isso e a legislação nacional (Bellaver, 2016). Tabela 2 – Exigências nutricionais para frangos de corte Pré-inicial Inicial Crescimento Final Idade (dias) 1 a 7 8 a 21 22 a 35 ou 22 a 42 35 a 43 ou 42 a 49 Proteína 21 20 18 18 EM (Kcal/Kg) 3000 3100 3200 3200 Cálcio 0,99 0,94 0,85 0,85 P disponível 0,47 0,44 0,42 0,42 Sódio 0,22 0,22 0,20 0,20 Lisina digestível 1,18 1,16 1,05 1,05 Met + cis digestível 0,83 0,82 0,74 0,74 Treonina 0,74 0,73 0,68 0,68 Triptofano 0,19 0,19 0,18 0,18 Fonte: Bellaver, 2016. Além do atendimento das exigências nutricionais de cada fase e da correta regulagem da altura dos comedouros e bebedouros, a quantidade de ração e água fornecida deve ser de acordo com cada fase, com atenção especial para os períodos mais quentes. Em condições de estresse térmico, as aves 9 perdem calor pela respiração, e quanto maior a temperatura ambiental, maior é a taxa respiratória das aves. Assim, quando a temperatura do ambiente estiver próxima à zona de conforto das aves, 75% das perdas de calor serão pelas formas sensíveis, como condução, convecção e radiação. Conformea temperatura aumenta e aproxima-se da temperatura corporal das aves (41 °C), as trocas de calor latentes são as mais utilizadas, e assim a ave perderá calor por evaporação, pela respiração (Cony; Zooche, 2004). Outro ponto importante para a produção de frangos de corte são os programas de luz, que são um fator fundamental para o bom desempenho dos frangos e do bem-estar do lote. Os programas de luz são elaborados de acordo com as alterações fisiológicas que acontecem em idades pré-determinadas, e variam conforme a meta de peso final, que é definida pelo mercado. O estímulo luminoso durante a primeira semana de idade é necessário para que o consumo alimentar e o desenvolvimento dos sistemas digestivo e imunológico sejam os melhores possíveis, sendo recomendado seis horas contínuas de escuro (Cobb, 2018). O programa de luz deve ser feito de acordo com a época do ano, com base no peso que as aves devem atingir até o dia do abate e considerando se os aviários são abertos ou do tipo “dark house”. Assim, alguns pontos importantes do programa de luz, conforme descrito nos manuais das linhagens Cobb (2018) e Ross (2018), são: a. fornecer 24 horas de luz no primeiro dia após a chegada das aves para assegurar a ingestão adequada de ração e água; b. apagar as luzes durante a segunda noite a fim de estabelecer o período de escuro. Uma vez estabelecido, o período não deve sofrer alterações durante o resto da vida das aves. Nos primeiros sete dias, é recomendada uma hora de escuridão por dia; c. após sete dias, ou quando as aves alcançarem o peso de 130-180 gramas, pode-se aumentar o período de escuro para 4-6 horas por dia; d. após esse período, pode ser reduzida a quantidade de luz em uma hora por semana, ou uma hora por dia antes do abate, até atingir apenas uma hora de escuro um dia antes do abate, seguindo o programa de luz; e. uma vez definido o horário de desligamento das luzes para um determinado lote, qualquer alteração deverá ser feita ajustando o horário de acendimento das luzes; 10 f. utilizar um único período de escuro a cada 24 horas. 3.2 Manejo pré-abate O manejo pré-abate está relacionado com o bem-estar e com a qualidade da carne dos animais; e consiste nas etapas de jejum, apanha das aves, transporte até o abatedouro e espera antes do abate. O jejum é uma etapa bastante importante, pois está relacionado com a diminuição da contaminação da carcaça durante seu processamento, pois o jejum alimentar leva ao esvaziamento do trato gastrointestinal. O tempo de jejum ideal é de 8 a 12 horas, sendo que esse período deve incluir desde o início do jejum alimentar, a apanha das aves, o transporte e o tempo de espera no abatedouro, sendo que deve ser mantido o fornecimento de água até o início da apanha (Albino et al., 2017; Monleón, 2013; Figueiredo et al., 2007). A apanha das aves pode ser realizada de forma manual ou mecânica. Entre os métodos manuais, o método pelo dorso, no qual o apanhador segura as aves com as duas mãos sobre as asas e o dorso, é o mais recomendado por ser o menos estressante para as aves, sendo indicado que sejam apanhadas e colocadas nas caixas de transporte individualmente (Ludtke et al., 2010). O transporte das aves deve ser feito de acordo com a legislação vigente, e de forma que proporcione um ambiente de conforto térmico para estas, devendo ser feito à noite, quando a temperatura do ambiente estiver mais alta; em dias mais frios, as gaiolas podem ser cobertas por uma lona (Monleón, 2013). Em relação à lotação das caixas, não é recomendado exceder 50 kg/m² (Rosa, 2022). Além disso, é recomendado que o tempo de transporte seja inferior a duas horas (Figueiredo et al., 2007). Ao chegar ao abatedouro, os caminhões com as aves são direcionados para a área de espera, que deve ser coberta e bem ventilada, na qual podem ser utilizados ventiladores e aspersores, se necessário, sempre considerando as condições ambientais e o comportamento das aves (Monleón, 2013). 3.3 Abate e processamento das carcaças Após o descarregamento do caminhão, as aves são retiradas das caixas e penduradas à nória (linha de abate), devendo-se ter o cuidado de prender as duas pernas. Após essa etapa, é feita a insensibilização, que ocorre 40 a 60 11 segundos após a pendura das aves. Esse procedimento deixa as aves em estado de inconsciência quanto à dor do corte da sangria, sendo assim importante para seu bem-estar e para a qualidade das carcaças. Entre os métodos de insensibilização utilizados, o mais recomendado é a eletronarcose, em que as aves são imersas em uma cuba com água eletrificada por sete segundos (Albino et al., 2017). A sangria é feita em até 30 segundos após a insensibilização, na qual são cortadas as artérias carótidas e as veias jugulares. As aves devem permanecer no local da sangria por até três minutos (Albino et al., 2017; Figueiredo et al., 2007). Em seguida, as carcaças das aves passam pela escaldagem, sendo imersas em água com temperatura variando entre 50 e 63 °C durante 90 a 120 segundos. O processo seguinte é a depenagem, que é feita de forma mecânica e úmida (Figueiredo et al., 2007). Na área limpa do abatedouro, é feita a evisceração, com a separação das vísceras comestíveis e posterior análise. Após a evisceração, a carcaça é lavada e passa pelo processo de resfriamento, que ocorre em duas etapas: a) pré- chiller, no qual as carcaças são imersas em tanques com água a uma temperatura entre 10 e 18 °C, nos quais permanecem por 12 minutos; b) chiller, no qual a temperatura da água não deve exceder 4 °C, considerando um tempo de permanência de 30 minutos (Albino et al., 2017; Figueiredo et al., 2007). Após o resfriamento da carcaça, ocorre o gotejamento, no qual a carcaça fica pendurada para que o excesso de água escorra, o que ocorre geralmente durante três a quatro minutos; o máximo de absorção de água pela carcaça deve ser de 8%. O processo seguinte é a embalagem dos cortes ou das carcaças inteiras, seguido pelo congelamento rápido, que ocorre em cerca de quatro horas a uma temperatura de –35 a –40 °C (Albino et al., 2017). TEMA 4 – MANEJO NA PRODUÇÃO DE POEDEIRAS As fases da criação de poedeiras são a cria (1 a 6 semanas de idade), a recria (6 a 17-18 semanas) e a postura (até 80-110 semanas). Entre os principais sistemas de produção, estão: a) cria, recria e postura no piso; b) cria e recria no piso e postura em gaiolas; c) cria no piso, recria e postura em gaiolas; d) cria, recria e postura em gaiolas. No Brasil, o sistema mais utilizado é o que as aves nas fases de cria e recria permanecem no piso com cama enquanto as aves em fase de postura permanecem em gaiolas. 12 No final da fase de recria, ocorre a transferência das aves para o galpão de produção. As galinhas das linhagens de postura comerciais geralmente entram em produção com aproximadamente 18 semanas de idade, e atingem o pico de postura com 28 semanas (Figura 1). No pico de postura, é esperado que em torno de 95% das aves esteja produzindo ovos, sendo que há uma queda linear na produção de ovos após o pico (Hy-Line, 2019b; Ávila et al., 2017; Mazzuco et al., 2006). Figura 1 – Curva de produção de poedeiras comerciais Fonte: Hy-Line, 2019b; Ávila et al., 2017. 4.1 Programas de luz A luz é um estímulo para a preparação e o amadurecimento do sistema reprodutor, sendo responsável pela sincronização do início da vida produtiva e a manutenção da curva de produção de ovos da galinha. O número de horas de luz deve ser calculado considerando a época do ano, a idade e a linhagem utilizada (Quadro 2). As galinhas iniciam a produção de ovos com 17 a 18 semanas de idade, então antes disso é importante não fornecer um número de horas de luz crescente, pois isso estimula o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos, e consequentemente, o início da produção de ovos. Assim, antesde iniciar a vida produtiva, os programas de luz (Figura 2) devem ter um número de horas decrescente ou constante; para iniciar a vida produtiva, o número de 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 20 40 60 80 100 120 Pe rc en tu al d e pr od uç ão Semanas 13 horas de luz deve ser crescente, mantendo-se constante quando forem atingidas 16 horas de luz por dia (Hy-Line, 2019b; Ávila et al., 2017). Quadro 2 – Programa de iluminação para poedeiras Idade Manejo da iluminação 1.º dia Ao alojar, no primeiro dia fornecer 24 horas de luz e reduzir duas horas de luz por dia até atingir a luz natural. Manter a luz natural até a 10.ª semana de idade. 10.ª a 17.ª semana Fornecer luz natural: em épocas de período decrescente (de janeiro a junho no Hemisfério Sul). Fornecer luz constante: (13 a 14 horas/luz/dia) natural mais artificial em épocas de fotoperíodo crescente (de julho a dezembro). A partir da 17.ª semana Fornecer luz crescente: (natural mais artificial) acrescentando, a cada dois a três dias, um aumento de meia hora de luz, sendo 15 minutos pela manhã e 15 minutos ao anoitecer, até atingir 16 horas diárias. Manter constante até o final da produção. Fonte: Ávila, et al., 2017. Figura 2 – Exemplos de programa de luz para poedeiras Fonte: High-Line, 2019; Ávila et al., 2017. 4.2 Debicagem A debicagem é um tratamento realizado no bico das poedeiras comerciais para evitar problemas com o canibalismo entre as aves e reduzir o desperdício de ração. Assim, é feito um corte no bico das aves com uma distância de dois a 0 5 10 15 20 25 30 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 H or as d e lu z po r d ia Semanas de idade Aviários abertos Aviários fechados Cria e recria Produção 14 três milímetros dos orifícios nasais. Entre os métodos mais utilizados estão a debicagem tradicional, na qual é feito o corte e a cauterização de parte do bico, e a debicagem por infravermelho (Hy-Line, 2019b; Hy-Line, 2016). A debicagem por tratamento infravermelho é feita no incubatório, antes das pintainhas serem transportadas para a granja, com redebicagem em seis semanas (Hy-Line, 2020; Hy-Line, 2016). A debicagem tradicional é feita na própria granja, quando as pintainhas estiverem com sete a dez dias de idade, sendo a redebicagem feita com 10 a 12 semanas de idade (Mazzuco et al., 2006). A debicagem deve ser realizada por pessoas treinadas, e as aves devem ser imobilizadas corretamente. A higiene durante esse processo também é indispensável, assim como a do equipamento de debicagem, incluindo aparelho, lâminas e fiação elétrica, além das mãos do debicador (Hy-Line, 2019b; Hy-Line, 2016; Mazzuco et al., 2006). Para melhorar a recuperação das aves, uma solução de eletrólitos e vitaminas deve ser fornecida às aves dois dias antes e dois dias após a debicagem. Isso auxilia na cicatrização do bico e diminui o estresse da ave. Além disso, três dias após a debicagem deve-se aumentar a quantidade de ração nos comedouros para evitar que os animais machuquem o bico no fundo dos equipamentos. A debicagem não deve ser realizada em aves ou lotes doentes ou em aves feridas (Hy-Line, 2019b; Hy-Line, 2016; Mazzuco et al., 2006). 4.3 Muda induzida A muda das penas ocorre de forma natural ou induzida nas aves, tanto nos machos quanto nas fêmeas. Nesse processo, as aves passam por diversas mudanças fisiológicas, sendo um período de descanso das aves no qual elas cessam o ciclo de produção. Na muda natural, as aves perdem e renovam suas penas, o que geralmente ocorre antes do inverno, mas a época de ocorrência depende de vários fatores. Nas aves domésticas, a muda forçada pode ser realizada para as aves de postura ou matrizes de reprodução (Ávila, 1994). A muda forçada ou induzida é realizada para estender a vida produtiva das poedeiras, o que melhora a taxa de postura, a qualidade da casca e a altura do albúmen. De acordo com a União Brasileira de Avicultura (2008), a muda forçada não é recomendada. Porém, quando a muda forçada for economicamente necessária, é importante realizá-la de forma que minimize o 15 sofrimento das aves, de modo a reduzir a mortalidade e os danos às aves ao mínimo (Hy-Line, 2019a; UBA, 2008). A muda é um processo normal em aves, tanto em domésticas quanto nas selvagens. É realizada, geralmente, entre 60 e 70 semanas de idade. Após a realização da muda, o período de produção pode ser estendido em mais um ciclo de 25 a 30 semanas. A produção deve ser em torno de 10 a 12% inferior ao primeiro ciclo de produção. Assim, se o pico de produção da linhagem utilizada ocorre com 95% das aves em produção, após a primeira muda o pico de produção será em torno de 85% (Hy-Line, 2019a; Mazzuco, 2008; Mazzuco et al., 1997). Após a muda, a curva de produção de ovos será semelhante à obtida antes desta, apesar de que o desempenho pós-muda será mais baixo que os melhores valores obtidos antes da muda. Além disso, o tamanho do ovo será semelhante ao obtido caso esta não fosse realizada. A muda não deve ser realizada em lotes com histórico de enfermidades, ou seja, o lote a que será submetido deve estar em bom estado nutricional e sanitário (Hy-Line, 2019a; Mazzuco et al., 1997). Um dos métodos utilizados para a indução da muda é a retirada da ração por determinado período, o que deve ser feito em conjunto com a redução do fotoperíodo. Outros métodos descritos na literatura estão relacionados com a mudança no valor nutricional da alimentação das aves, na qual o sofrimento das aves é menor, pois estas não ficarão em jejum alimentar. Em ambos os métodos, as aves devem ter livre acesso à água durante a muda (Hy-Line, 2019a; Mazzuco et al., 1997). No período da muda, a mortalidade e a perda de peso corporal devem ser supervisionadas diariamente. As aves perderão peso durante esse processo, e o objetivo é que o percam até atingir o peso de 18 semanas (redução de aproximadamente 23%). Após isso, o peso deve ser mantido estável por meio do ajuste do número de arraçoamentos diários e/ou mudança para uma dieta mais energética (ração para poedeiras). Essa redução do peso resultará em um melhor desempenho pós-muda. A pesagem das aves deve ser realizada duas vezes por semana, por amostragem (Hy-Line, 2019a). Outras recomendações importantes em relação à muda induzida é que a mortalidade não deve exceder 2% durante todo o período da retirada da alimentação; caso exceda, os padrões normais da alimentação e de iluminação 16 devem ser retomados imediatamente. Além disso, a alimentação deve ser retornada às aves antes que o peso corporal seja reduzido 25% em relação ao peso anterior à muda (Hy-Line, 2019a). Quanto ao programa de luz durante a muda, o período de luz deve ser reduzido a oito horas ou permanecer no período natural de luz diário e de acordo com o sistema de criação; a intensidade de luz não deve ser abaixo de 10 lux (Hy-Line, 2019a; Mazzuco et al., 1997). 4.4 Descarte de poedeiras improdutivas Vários fatores podem prejudicar o desempenho das aves, como as deficiências nutricionais, a distribuição e regulagem incorreta de equipamentos (comedouros e bebedouros), a elevada densidade de criação, material de cama inadequado e manejo incorreto, ocorrência de doenças e problemas com verminoses ou parasitas externos como piolhos e ácaros (Ávila et al., 2017; Rosa et al., 2007). Um dos manejos que pode ser realizado é o descarte de poedeiras improdutivas a contar de 30 semanas de idade, pela identificação de fêmeas com baixo índice de produção ou que não estejam produzindo, utilizando, para tanto, métodos simples de avaliação visual, conforme apresentado no Quadro 3 a seguir, e os índices de produção (Ávila et al. 2017; Rosa et al. 2007). Quadro 3 – Características das galinhas em produção e das improdutivas CaracterísticaAves em produção Aves fora de produção Crista e barbelas Aspecto sedoso e coloração vermelha Pequenas, secas e escurecidas Cloaca Cloaca oval e alargada, sem pigmentação e úmida Cloaca estreita, circular, pálida e seca Distância horizontal entre as extremidades dos ossos pélvicos Dois a três dedos Menor do que dois dedos Distância vertical entre as extremidades dos ossos púbicos e a ponta do externo De 5 a 6 cm (três a quatro dedos) Menor do que 3 cm (um a dois dedos) Abdômen Abdômen macio e proeminente Abdômen duro e pequeno Peso corporal Dentro do padrão, com pouca gordura abdominal Pesada, com acúmulo de gordura abdominal e em outras regiões do corpo e com reduzida massa muscular (aves refugos), apáticas Pés e bico Despigmentados Amarelos Fonte: Ávila et al., 2017; Rosa et al., 2007. 17 TEMA 5 – MANEJO DOS OVOS 5.1 Formação e composição do ovo O processo de formação do ovo tem duração entre 24 e 26 horas, com início na ovulação, a qual ocorre de 15 a 45 minutos após a oviposição. A formação do ovo inicia no ovário (do inglês ovary), no qual um óvulo (gema) é secretado em cada ovulação. Após a ovulação, a gema é captada pela primeira porção do oviduto, chamada de “infundíbulo”, em que ocorre todo o processo de formação do ovo. O oviduto (Figura 3) é um tubo no qual o ovo é formado, e pode ser dividido em cindo regiões, as quais são o infundíbulo (do inglês infundibulum), magno (do inglês magnum), istmo (do inglês isthmus), útero (do inglês uterus) e vagina (Rutz; Anciuti; Pan., 2005). Figura 3 – Cinco regiões do oviduto: infundíbulo (infundibulum), magno (magnum), istmo (isthmus), útero (uterus) e vagina Crédito: Sakurra/Shutterstock. https://www.shutterstock.com/g/Kobizka+Viktoriia 18 Após a ovulação, o infundíbulo recolhe a gema. Nesse local, em que permanece em torno de 15 minutos, a gema recebe a chalaza, que tem a função de manter a gema centralizada, e a membrana vitelínica (Albino et al., 2014). Após isso, a gema é direcionada para o magno, em que permanece por cerca de três horas e recebe 40% do albúmen. A terceira porção do oviduto é o istmo, no qual a gema permanece em torno de 1,5 horas e recebe albúmen e as membranas internas e externas da casca. Após o istmo, o ovo passa para o útero, o qual também é chamado de “glândula da casca” por promover a formação da casca do ovo, além de secretar parte do albúmen. O ovo permanece nesse local por cerca de 20 a 23 horas no compartimento. Por último, o ovo passa pela vagina, em que recebe a cutícula externa, a qual atua como uma barreira antimicrobiana. O ovo permanece nesse local por 5 a 15 minutos, seguido pela oviposição (Figueiredo et al., 2021; Albino et al., 2014; Rutz et al., 2005). Na Figura 4 a seguir, estão ilustradas as partes do ovo, sendo a parte mais externa a cutícula, seguido da casca (do inglês eggshell), da membrana interna, da câmara de ar (do inglês air cell), das partes mais densas e mais líquidas do albúmen (do inglês thick albumen e thin albumen, respectivamente), da membrana vitelínica (do inglês vitelline membrane), a qual está ao redor da gema (do inglês yolk) e o disco germinativo (do inglês germinal disc). 19 Figura 4 – Partes do ovo Crédito: Designua/Shutterstock. O ovo é um alimento fonte de proteínas, lipídeos, vitaminas e minerais. Na Tabela 3 a seguir, está disposta a quantidade de alguns dos nutrientes do ovo, considerando uma porção de 50 gramas. Tabela 3 – Composição nutricional de um ovo com 50 gramas Nutrientes Ovo inteiro (50 g) Água 38,1 g Energia 71,5 kcal Proteína 6,3 g Lipídeos 4,76 g Ácidos graxos saturados 1,56 g Ácidos graxos monoinsaturados 1,83 g AG polinsaturados 0,955 g Cálcio 28 g Potássio 69 mg https://www.shutterstock.com/g/designua 20 Ferro 0,875 mg Fósforo 99 mg Magnésio 6 mg Zinco 0,645 mg Selênio 15,4 µg Vitamina A 270 UI Vitamina D 41 UI Vitamina E 0,525 mg Vitamina B12 0,445 µg Colesterol 186 mg Fonte: USDA, 2019. 5.2 Manejo e qualidade dos ovos Após a oviposição, os ovos são coletados e passam por etapas de limpeza, classificação e embalagem. Para isso, é muito importante um correto controle sanitário em todas as etapas para evitar contaminações e perda da qualidade dos ovos (Albino et al., 2014). A coleta dos ovos pode ser feita de forma manual ou automatizada. Para a coleta manual, são utilizadas bandejas plásticas devidamente higienizadas, e o número de coletas deve ser de no mínimo duas vezes por dia (Ávila et al., 2017) para evitar a ocorrência de trinca dos ovos (Embrapa, 2004). Além disso, no momento da coleta é possível fazer a classificação dos ovos em primeira e segunda linha, sendo estes os que apresentam casca fina, trincada, quebrada, deformada, ou sem casca (ovos compostos apenas por gema, clara e membrana interna), estão sujos ou manchados. Depois da coleta e da primeira seleção, é feita a lavagem dos ovos utilizando uma solução de água clorada. Apesar de a lavagem poder causar danos aos ovos em razão da retirada da cutícula, os que são lavados apresentam menores riscos de contaminação por microrganismos patogênicos (Albino et al., 2014). Após a lavagem, os ovos passam pela ovoscopia e são separados quando há pequenas trincas, manchas de sangue ou ovos com casca fina. Por último, são embalados de acordo com o tamanho e acondicionados em locais isentos de odores sob temperatura entre 8 e 15 °C e umidade relativa do ar entre 70 e 85% (Embrapa, 2004). 21 A classificação dos ovos é realizada pelo peso (Tabela 4), por classes e pela coloração da casca (Embrapa, 2004). Os ovos destinados ao consumo humano podem ser classificados em A ou B, sendo: • classe A – casca e cutícula de forma normal, lisas, limpas, intactas; câmara de ar com altura não superior a seis milímetros e imóvel; gema visível à ovoscopia, somente sob a forma de sombra, com contorno aparente (Brasil, 2017); • classe B – considerados inócuos, sem que se enquadrem na categoria “A”; se apresentarem manchas sanguíneas pequenas e pouco numerosas na clara e na gema; ou serem provenientes de estabelecimentos avícolas de reprodução que não foram submetidos ao processo de incubação, sendo destinados exclusivamente à industrialização (Brasil, 2017). Tabela 4 – Classificação do ovo de acordo com o peso Classe Peso do ovo Pequenos De 45 a 50 gramas Médios De 51 e 55 gramas Grandes De 56 e 60 gramas Extra De 61 e 65 gramas Jumbo Acima de 65 gramas Fonte: Ávila et al., 2017. A qualidade da casca é o principal fator relacionado com a qualidade interna do ovo, e é influenciada pelo consumo de cálcio pelas poedeiras; pela idade das aves, pois aves mais velhas colocam ovos maiores e com casca mais fina; genética; temperatura ambiente, pois quando a temperatura ambiente está mais alta do que o conforto das aves, pode ter queda na qualidade da casca do ovo; e a presença de algumas doenças, como a bronquite infecciosa e a doença de Newcastle, as quais podem causar casca fraca e ovos deformados (Albino et al., 2014). FINALIZANDO O manejo correto da cama é fundamental para que esta possa ser reutilizada por vários lotes, o que está diretamente relacionado com a redução dos custos de produção por lote. Assim, é importante fazer o revolvimento da cama e retirada das partes com excesso de umidade durante a produção de lote, 22 e entre lotes é importante ocorrer a fermentação da cama, para diminuir a quantidade de microrganismos patogênicos. O manejo inicial das aves é bastante semelhante em frangos de corte e em poedeiras criadas em piso, no qual são utilizados os círculos de proteção para que os pintinhos fiquem próximos da fonte de calor, da água e do alimento, e protegidos das correntes de ar, sendo importante fazer o teste do enchimento do papo e o programa de luz adequado. Durante todo o lote, apesagem das aves é fundamental para o acompanhamento do crescimento destas, da uniformidade do lote e para que sejam feitas ações necessárias caso haja desuniformidade. Os frangos de corte são geralmente abatidos com idades próximas aos 42 dias de idade. O programa de luz é importante desde o nascimento das aves, e nas poedeiras deve ser decrescente e constante nas fases de cria e recria, e crescente e constante na fase de produção, para estimular a produção de ovos. A debicagem é um manejo que pode ser realizado pelo corte e cauterização do bico ou por infravermelho, cujo objetivo é diminuir problemas de canibalismo, em vista da bicagem das penas. Quanto à muda induzida, não é recomendada pela União Brasileira de Avicultura, sendo mais adequado que esta seja feita sem a retirada total da alimentação dos animais. Por fim, deve-se acompanhar o lote de aves em produção e descartar as aves improdutivas. Além dos cuidados com a qualidade dos ovos antes da postura, é indispensável fazer o manejo adequado desde a coleta até a chegada ao consumidor, para garantir a qualidade dos ovos e diminuir as perdas. 23 REFERÊNCIAS ABREU, V. M. N.; ÁVILA, V. S. Comedouros e bebedouros. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2022. Apostila digital. 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