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Posicionamento Estratégico Unidade II Prof. Edmir Kuazaqui APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR Doutor e mestre em Administração. Pós-graduado em Marketing e bacharel em Administração com habilitação em Comércio Exterior. Coordenador e professor de MBAs em Administração Geral, Marketing internacional e Formação de Traders, Pedagogia Empresarial, Compras, Marketing, Startups: Marketing e Negócios, Comunicação e Jornalismo Digital e Comércio Exterior. Consultor-Presidente da Academia de talentos, empresa especializada em marketing, consultoria e treinamentos. Coordenador do Grupo de Excelência em Relações Internacionais e Comércio Exterior do Conselho Regional de Administração (CRA-SP). Autor de livros. SUMÁRIO 1. AS CINCO FORÇAS DE MICHAEL PORTER .............................................................................. 5 2. A CADEIA VALOR DE MICHAEL PORTER ............................................................................... 12 3. POSICIONAMENTO E ESTRATÉGIAS ..................................................................................... 17 4. DIAGNÓSTICO E FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO .......................................................... 21 4.1. A análise competitiva como apoio ao diagnóstico ...................................................................... 24 4.2. Fatores Críticos de Sucesso (FCS) ............................................................................................ 24 4.3. Posicionamento estratégico (As leis do Marketing) .................................................................... 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 29 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 30 4 INTRODUÇÃO O posicionamento estratégico, também conhecido como posicionamento competitivo, é um dos mais poderosos recursos empresariais, em conjunto com as estratégias de segmentação de mercado. Por meio da análise do ambiente onde a organização está inserida, suas particularidades, sua composição de empresas e seus consumidores, torna-se possível desenvolver estratégias que visem a informar, solidificar e sustentar seu posicionamento junto aos segmentos-alvo. Esse posicionamento possibilita que a empresa e seu portfólio de produtos – soluções – sejam facilmente reconhecidos pelo consumidor e se tornem sua opção preferencial. Esta unidade estará focada em três linhas-mestre: Michael Porter, Al Ries e Jack Trout, além de outros autores que complementam os conceitos e as ideias sobre o assunto. Iniciaremos com a discussão sobre a importância e as aplicações das cinco forças, de Michael Porter, que categorizam o ambiente de negócios. Posteriormente, desenvolveremos a cadeia de valor e as estratégias genéricas. Existem várias linhas que contextualizam as teorias de Michael Porter com as Leis Consagradas de Marketing, postuladas por Al Ries e Jack Trout. Embora o posicionamento não seja responsabilidade única da área de marketing, uma das aplicações mais evidentes se dá pelas suas ferramentas: produto, praça e, em especial, preço e comunicação. Ótima leitura! 5 1. AS CINCO FORÇAS DE MICHAEL PORTER Uma das questões essenciais para o sucesso de negócios reside na capacidade da empresa em desenvolver estratégias a partir da análise do ambiente onde estiver inserida. Esse ambiente é altamente influenciado por forças de ordem demográfica, tecnológica e geográfica, entre outras, que são particulares para cada segmento econômico. Esses segmentos econômicos são constituídos por indústrias cujo comportamento influencia as ações de todo o mercado (empresa e concorrentes) e têm estruturas que delimitam as estratégias que a empresa eventualmente poderá adotar. Figura 1 – Michael Porter Fonte: Harvard Business Review, s.d.1 Todo setor econômico possui empresas que concorrem pelo mesmo mercado. A intensidade da concorrência entre elas depende de cinco forças: 1) Concorrentes existentes Esta primeira força é referente à quantidade de empresas concorrentes e ao grau de rivalidade entre elas em determinada situação. Em geral, quanto menor a concorrência em mercados de potencial substancial, maior a força e autonomia das empresas, restando ao consumidor poucas opções para aquisição de bens e serviços. Quanto maior o número de concorrentes, maior será a percepção de que as empresas 1 Disponível em: https://www.isc.hbs.edu/about-michael-porter/biography/Pages/default.aspx. Acesso em: 9 jul. 2019. 6 poderão agir sem conhecimento direto e efetivo de suas concorrentes. Em ambos os casos apresentados, existe a possibilidade de retaliação se a competição for acirrada. O mercado constituído por indústrias tem barreiras de entrada e saída. Em geral, negócios que envolvem baixos investimentos e custos fixos permitem uma grande mobilidade para empresas. Entretanto, outros mercados possuem características e particularidades distintas. Existem mercados com elevadas barreiras de entrada, que são impeditivos iniciais graves. Nesse caso, a empresa pode optar por permanecer, mesmo com dificuldades, ao invés de reposicionar seus negócios para outros mercados. As barreiras de saída são fatores econômicos e estratégicos particulares de um segmento, como ativos especializados das grandes empresas que dependem de tecnologia intensiva e de ponta, bem como as empresas mineradoras. Nesse caso, a conversão dos ativos em caso de saída é difícil, sendo um impeditivo para descontinuar os negócios. Existem negócios que apresentam altos custos de saída, como contratos de longo prazo, relações governamentais, questões legais que impedem sua descontinuidade efetiva em decorrência da necessidade de disponibilizar as peças de reposição, dependência dos produtos por parte dos clientes, relações trabalhistas e indenizações, bem como a relação da imagem do grupo de negócios diante da descontinuidade do negócio. Figura 2 – As cinco forças de Michael Porter Fonte: Porter, 2004. 7 2) Ingressantes potenciais Existe o risco da entrada de novos e fortes concorrentes que irão modificar o ambiente concorrencial onde a empresa está inserida, influenciando o equilíbrio de forças entre as partes envolvidas. O ingresso de novos concorrentes depende exclusivamente das barreiras de entrada e da forma – suave ou agressiva – como os concorrentes reagem. Geralmente, nesse caso, os ingressantes devem entrar no mercado com algum tipo de diferencial competitivo, de forma a consolidar seus negócios. O grande desafio é a nova empresa convencer que seus diferenciais competitivos são suficientes para mudar os hábitos de consumo do mercado. Existem algumas barreiras de entrada, como a necessidade de economia de escala, produtividade e sinergia. O Habib’s tem uma estrutura de negócios na área de alimentação, formada por restaurantes de estilo árabe que fornecem produtos de forma verticalizada. Uma de suas unidades produtivas fornece os produtos básicos, como a massa das esfirras, garantindo baixo custo, alta produtividade nos restaurantes e maior foco no atendimento. Esse modelo foi construído no decorrer do tempo e dificilmente será reproduzido em outro país em curto prazo. Nesse caso, a empresa, no novo mercado, não poderia entrar com baixo preço e com o risco de não ter o retorno financeiro necessário para sua sustentabilidade. No Brasil, para reduzir ainda mais os custos e as despesas, o Ragazzo iniciou um novo negócio, obtendo sinergia e outros benefícios. A partir desses exemplos, pode-se dizer que economia de escala é produzir cada vez mais a custos menores. Uma das barreiras é a necessidadede capital e outra, muito mais complexa, é o poder de barganha em relação aos fornecedores de matéria-prima e serviços e aos canais de distribuição. Em mercados já consolidados, as empresas que detêm maior share of market possuem um poder de barganha maior e melhor posição nos pontos de venda, o que leva a uma necessidade de negociação que vise ao destaque nos pontos de venda mais representativos. Nos itens 1) e 2), deve-se avaliar a intensidade das empresas e seu poder de reação, que podem, por vezes, uma “guerra de preços” a fim de ganhar a preferência do consumidor, mas , no geral, ocorre a diminuição da rentabilidade média do setor. É possível, nestas circunstâncias, intensificar o marketing e suas ferramentas ao promover maior exposição do produto por meio de propaganda e estímulo de vendas. Não existem mercados que tenham concorrentes em demasia; existem mercados que têm potencial de negócios que podem ser compartilhados com várias empresas, sendo o próprio mercado o fator decisivo para deixar a empresa concorrer ou não. As empresas menos capazes não terão condições de sobreviver e irão desaparecer no mercado; aquelas mais bem preparadas poderão ter oportunidade de permanecer. 8 3) Consumidores Influenciam no poder de barganha – negociação – das empresas e variam conforme a maior oferta de produtos por preços baixos e o nível de qualidade, benefícios e serviços adicionais. Consumidores possuem um grande poder de barganha quando: Possuem um direcionamento único em seus propósitos e valores pessoais. Diversas tendências como questões éticas e ambientais consideradas politicamente incorretas ou que desrespeitem a natureza e o meio ambiente, bem como o perfil das novas gerações, interferem e influenciam no desenvolvimento de negócios. Representam uma concentração de compras, como no caso dos heavy users, e percebem a sua importância para o negócio da empresa. Heavy users são aqueles que nem sempre são frequentes, mas quando consomem o fazem em grandes quantidades. Grandes empresas com profundo relacionamento com os bancos reconhecem sua importância e solicitam benefícios adicionais e tratamento diferenciado. A demanda derivada não é representativa. Trata-se da incorporação, por parte da empresa, de componentes que, em conjunto, trarão um novo produto com uma proposta de valor mais atraente. Nem sempre o que compõe o produto principal é relevante para a empresa e, dessa forma, é de fácil substituição para quem oferecer por menos ou com melhores condições de compra. Os produtos não possuem diferenciais competitivos para sensibilizar o consumidor. São simplesmente pequenas alterações e/ou complementos que a empresa realiza nas ferramentas de marketing de forma a ter uma maior exposição do produto. Mas nem sempre esse agregado é desejado pelo mercado, bem como perceptível. Em geral, com a facilidade para acessar dados e as trocas de dados, os consumidores tornam-se cada vez mais informados. As empresas devem aprimorar suas estratégias, sua retórica e suas ações, de forma a entender melhor quem é o seu consumidor, qual a sua importância na carteira de clientes e encontrar diferentes formas de sensibilizá-lo para a fidelidade e para o consumo. 4) Fornecedores São empresas que influenciam no poder de negociação na aquisição de matéria-prima, que têm limites de produção e de atendimento às empresas do setor. Dependendo das características do setor, fornecedores representam uma força bastante considerável, se forem responsáveis pela matéria-prima considerada especial ou mesmo escassa. Deve-se avaliar os fornecedores como força relevante quando: 9 Existe um número reduzido de empresas que concentram seus recursos e esforços no atendimento de seus clientes. Nesse caso, empresas podem recorrer a parcerias estratégicas que conduzam a uma fidelidade e um estreitamento dos relacionamentos comerciais. Alguns clientes não têm grande importância para a empresa fornecedora, havendo uma hierarquia no atendimento preferencial de pedidos e condições de venda para os clientes com melhor representatividade de negócios. Não existem produtos substitutos aparentes e/ou não são passíveis de diferenciação competitiva. Em todas as situações percebe-se a importância estratégica da identificação e gestão de stakeholders, nesse caso, os fornecedores. Eles são essenciais para que a empresa concretize o que foi delineado em seu planejamento estratégico. Seguem os critérios de seleção para os fornecedores de matéria-prima em mercados nacionais: Qualidade, como critério inicial, em que a empresa deverá identificar qual o nível de qualidade desejada que agregará valor ao produto final e/ou se tratará somente de um dos seus componentes e, portanto, com mais opções de fornecimento. A qualidade deverá ser atestada formalmente, até por uma entidade certificadora. Preço, como critério importante. Reside no valor que a empresa considera justo desembolsar para a composição de seu produto final e não necessariamente o preço menor. A decisão, por vezes, envolve a contextualização de outras variáveis, como a quantidade de opções de fornecedores no mercado, o que pode intensificar / atenuar o seu poder de barganha, o nível de qualidade e serviços adicionais oferecidos por esses fornecedores. Prazos de pagamento, em que a empresa pode barganhar um preço menor, com desconto ou prazo de pagamento mais extenso, de forma que o fluxo de caixa da empresa compradora seja favorecido. Algumas empresas procuram adquirir a matéria-prima com prazos de pagamentos maiores, no sentido de produzir e comercializar o produto, a fim de obter melhor fluxo de caixa e alavancar seu negócio por meio de ganhos não operacionais, ou seja, investimento em parte das vendas e ir amortizando as parcelas de pagamento. Em síntese, empresas fornecedoras estão financiando as operações de seus clientes, “indústrias” produtoras, situação por vezes melhor do que aquelas obtidas na rede bancária. Condições de entrega da matéria-prima, em que a empresa vai receber, dentro dos prazos estipulados e com a segurança necessária, o que efetivamente adquiriu. Nem sempre os fornecedores possuem uma gestão mais eficaz, pois operam com diferentes clientes, com necessidades e comportamentos distintos. Podem atrasar a entrega do que foi prometido, bem como não cumprirem a qualidade negociada. Qualificação dos fornecedores que envolve saber há quanto tempo a empresa existe no mercado, quem são seus sócios, que clientes atende, 10 se possui em seu histórico atrasos nas entregas e até como é sua saúde financeira, pois empresas sem um fluxo de caixa consistente podem ter dificuldades no atendimento de pedidos. 5) Produtos / serviços substitutos Produtos substitutos não são aqueles que exercem concorrência direta, mas podem ser utilizados em determinadas situações, como o caso do arroz e do macarrão, já citados nesta apostila. Consiste no aparecimento de produtos e serviços substitutos, que servem como opção de consumo em determinados momentos por parte do consumidor. Esses produtos e serviços substitutos podem desempenhar as mesmas funções e são originados de outros setores econômicos. Concluindo, as cinco forças de Porter servem como base para a análise do cenário competitivo, devem refletir o cenário estratégico do setor econômico onde a empresa está inserida, permitem a criação de premissas sobre as potencialidades e as fraquezas da empresa e determinam qual a margem de lucratividade média de um determinado mercado. Ireland, Hoskisson e Hitt (2015, p. 17) afirmam que a lucratividade pode ser no: […] modelo baseado em recursos com retornos acima da média pressupõe que toda organização seja um conjunto único de recursos e capacitações. A singularidade dos seus recursos e capacitações é a base da estratégia da empresa e sua habilidade de obter recursos acima da média.Isso se constitui como uma situação ideal. Entretanto, as reações estratégicas, em que as combinações das forças são contundentes, resultam em: Redução dos preços praticados, seja de forma situacional ou no caso de promoções, descontos e ações permanentes reduzem a margem de contribuição de cada produto, mas aumentam o volume de vendas no total. Um ponto a ser considerado é que, ao reduzir os preços ao consumidor final, a empresa reduzirá também sua margem de lucro, seja pelo valor menor e também pelo aumento dos custos e despesas de produção. Nessa situação, a empresa deverá analisar as opções que visem a aumentar economia de escala, sinergia e produtividade de processos, bem como aumentar o poder de barganha junto aos seus fornecedores de matéria- prima e serviços. Manutenção das estratégias de preços praticados e otimização de processos operacionais, de forma a reduzir seus custos e despesas operacionais. Nesta situação, as empresas mantêm a sua receita no decorrer do tempo, mas procura encontrar formas diversas de reduzir o que gasta e aumentar a margem Essa situação é benéfica para a empresa e seus negócios, desde que ela identifique erros e duplicidades em processos que acarretem esforços e demoras 11 desnecessárias. Ao identificar esses gaps e corrigi-los, a empresa deverá manter uma gestão eficaz no sentido de perpetuar o ambiente otimizado. A empresa necessita monitorar e avaliar o ambiente interno e externo para a formulação de estratégias. Uma das ferramentas utilizadas para isso é a análise SWOT, uma das ferramentas do diagnóstico empresarial, a ser analisada nesta apostila, após a cadeia de valores. Em síntese, as cinco forças de Porter possibilitam que as decisões das empresas possam estabelecer estratégias para o melhor aproveitamento das oportunidades e, ainda, precaverem-se das ameaças do mercado. O modelo permite que a empresa enfrente as cinco forças competitivas, no sentido de obter desempenho superior no mercado. 12 2. A CADEIA VALOR DE MICHAEL PORTER Porter (1989) propõe uma ferramenta de análise, que procura identificar como e quais são as maneiras de a empresa oferecer uma proposta de valor aos seus clientes. Considera-se como modelo a representação simplificada e abstrata de uma realidade ou partes desta, o que possibilita a construção de um sistema – fluxos – de atividades. O modelo inicial, idealizado por Michael Porter, pretende discutir e analisar como as atividades e os processos são dimensionados e executados na empresa, no sentido de facilitar a produção, a comercialização, a entrega e o suporte a determinado portfólio de produtos. As atividades primárias constituem grandes áreas que visam a entender como as atividades (processos de sistemas) contribuem para a transformação de insumos (entrada) para o produto final (saída) e, consequentemente, a proposta de valor ao consumidor final. No ambiente empresarial, pequenas alterações, como mudar o layout do escritório, ou simples ações burocráticas, são categorizadas como mudanças, que não interferem muito nos processos e resultados da empresa. Já as transformações incorporam mudanças significativas, que alteram a sequência de processos e, consequentemente, a forma de ser, pensar e agir. Figura 3 – Cadeia de valor de Porter Fonte: Porter, 1989. 13 Temos, por exemplo, a necessidade de empresas tornarem-se mais competitivas por meio da terceirização de trabalho home office, gerando transformações significativas na gestão da empresa, bem como consequências financeiras. Em geral, pode-se afirmar que toda transformação gera uma mudança significativa na empresa, mas nem toda mudança gera uma transformação, constituindo-se como uma forma de realização de pequenas atualizações no sentido de se tornar mais competitiva. Em linhas gerais, as atividades primárias se categorizam em: Logística interna, a qual consiste em levar o que é necessário para o interior da empresa. Envolve o recebimento e a manipulação de materiais, seu armazenamento, estocagem, conservação e controle de estoques. Os estoques e a armazenagem devem estar dentro do contexto do planejamento estratégico e gestão de toda organização, pois interfere no seu fluxo financeiro e nos seus resultados. Um restaurante, por exemplo, necessita ter uma área de estocagem refrigerada, no sentido manter a durabilidade e a conservação de perecíveis, bem como da aquisição e segurança dos insumos necessários à produção de alimentos, como os bujões de gás. Em conjunto com a área de operações, realizar as compras externas em horários propícios, e combinar com os fornecedores de matéria-prima os horários de entrega das mercadorias, os quais obrigatoriamente não devem coincidir com os horários de produção e atendimento ao cliente, sob risco de perda de qualidade nos cardápios e no atendimento ao consumidor final. Operações, que consistem na transformação (conversão eficiente) do que é introduzido de matéria-prima e insumos em produtos. Tem como responsabilidade o desenvolvimento de projetos e layout que possibilite os processos de produção, necessidades para sustentar e garantir o crescimento da produção, bem como a definição dos seus equipamentos necessários. Além da cozinha industrial para a produção de alimentos, o layout do restaurante deve possibilitar o tráfego de colaboradores internos de forma ordenada, com as solicitações dos clientes organizadas e planejadas de modo a evitar o retrabalho e com processos (etapas) bem definidos. Ressalta-se que a produção do cardápio envolve o conhecimento e a técnica do chef de cozinha, com seu estilo pessoal, e o respeito aos pequenos fluxos de produção (cocção) para a criação e preparo de pratos únicos. Logística externa representa a distribuição dos produtos finais da empresa para o cliente, envolvendo armazenamento, distribuição física e cobrança. Necessidade de monitoramento e gestão da transferência física da mercadoria, selecionando a melhor opção de distribuição e logística física, propiciando importante apoio ao financeiro, em decorrência de entregas e respectivos pagamentos. 14 Um restaurante pode adotar o sistema delivery, em que a equipe de entregas pode ser própria e/ou terceirizada, mas atuante sob sua gestão. Mais recentemente, a presença de aplicativos dinamizaram e aqueceram o setor de alimentação fora de casa. Também a compra pode ser realizada “para viagem”. Em ambos os casos, a empresa deve analisar como será realizado o gerenciamento de todas as etapas, da aquisição de matéria-prima até o recebimento da mercadoria por parte do consumidor, mesmo que não seja de sua responsabilidade a entrega da mercadoria ao consumidor final. O marketing envolve os esforços da empresa em comercializar o produto, incluindo aqui suas vendas. Para a realização desses esforços com sucesso, a empresa deve segmentar o mercado de acordo com as necessidades e desejos dos consumidores. A partir dessa segmentação, estabelecer as estratégias, de acordo com as ferramentas de marketing, é essencial para manter a imagem da empresa com saudabilidade, inclusive incentivando suas vendas. O mesmo restaurante pode utilizar ferramentas de marketing disponíveis e com intensidades diferentes, como anúncios em jornais e revistas, sites, redes sociais, panfletagem, cuponagem e até promoções no ponto de venda. Tudo no sentido de vender o que a empresa oferece, porém com o devido cuidado de manter com credibilidade e qualidade a sua imagem institucional. Conforme Lovelock, Wirtz e Hemzo (2014), serviços são atividades econômicas que se caracterizam por ser intangíveis. Podem ser oferecidos de forma direta, como uma consultoria e uma pesquisa de mercado ou fazerem parte da produção e/ou oferta de um bem físico, como pesquisas de satisfação pela aquisição de um produto, garantia e suporte técnico, Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), serviçosde pós-venda, entre outros. Os serviços devem desempenhar diferentes e importantes funções, como: Propiciar satisfação ao consumidor final, por meio de atendimento personalizado, como ocorre no atendimento bancário por internet e telefone. Fazer parte das estratégias referentes ao ciclo de vida do produto e matriz BCG, em que os serviços do nível ampliado são adicionados ao produto principal, de acordo com o comportamento de vendas da empresa. Fazer parte dos bens tangíveis que agregam serviços. Uma montadora utiliza diferentes serviços, como funilaria e pintura, a serem incorporados ao automóvel. Portanto, este não é constituído de partes tangíveis, mas de serviços que agregam valor ao produto final. São consideradas as atividades de apoio: Aquisição (procurement), em que os negócios de uma empresa dependem da compreensão dos processos que envolvem as relações entre empresa e seus fornecedores de produtos e serviços, abrangendo um conjunto de aspectos relacionados à negociação para o abastecimento logístico. Entender que o ciclo logístico, desde a identificação dos fornecedores até a estocagem, é um processo dinâmico que resulta na boa gestão de recursos. Para atender essa atividade de apoio, é necessário: Analisar o relacionamento com os fornecedores e os parceiros da empresa; 15 Explicar a logística e as estratégias de operações; Discutir as medidas e os indicadores de desempenho na logística de distribuição; Realizar a gestão de serviços. A gestão de stakeholders é parte obrigatória da área de gestão de projetos, sendo necessária a identificação e o conhecimento das características, papéis e expectativas das partes envolvidas. A partir disso, são necessárias ações que visem ao envolvimento, comprometimento e colaboração durante as transações da empresa, de forma que os stakeholders cumpram seus papéis e obtenham excelência em seus negócios. Em outras palavras, pode-se afirmar que a gestão da cadeia de suprimentos é composta por: Tecnologia: o termo não é restrito à Tecnologia da Informação, mas a um conjunto de saberes que impulsionam a sociedade. Todas as empresas necessitam de determinada intensidade tecnológica, que sofrerá variações de acordo com o tipo de empresa, porte, setor, concorrência, consumidores, entre outros fatores. Trata-se de um recurso estratégico que pode estar incorporado ao produto e/ou serviço, bem como ser o objeto de venda da própria empresa. Recursos Humanos: setor da empresa responsável por identificar, atrair, selecionar, manter, potencializar e, se for necessário, dispensar os colaboradores e talentos internos e colaboradores e parceiros externos, necessários à manutenção das atividades do ambiente da empresa, garantindo-lhe capacidade e competência para sustentar suas estratégias no mercado-alvo. Pontos a serem destacados: Em sua estrutura orgânica, a empresa deve identificar qual o perfil desejado para as atividades, qual a remuneração necessária e que tipos de premiações podem ser adequadas para promover o comprometimento e o engajamento entre as partes envolvidas. O perfil, a descrição do cargo e o plano de carreira são essenciais para a gestão de pessoas e para os resultados que os colaboradores internos irão proporcionar à empresa e ao negócio. Desafios a ser incorporados com o público interno, de forma a promover as mudanças e as transformações que conduzam a empresa a seguir seu caminho estratégico e superar seus resultados. Colaboradores traduzem a imagem da empresa no mercado. Infraestrutura: A infraestrutura é vital para que a empresa desenvolva as suas atividades de forma a atender o mercado, envolvendo o uso de recursos econômicos, financeiros, tecnológicos, de pessoas e produção, conforme as demandas da empresa. A obrigação da empresa é examinar seus custos e seu desempenho em toda atividade que gere valor e buscar meios de melhorá-lo. Por isso, é imprescindível ter 16 acesso aos custos e ao desempenho de seus concorrentes como padrão de referência (benchmarking) para comparação. As organizações devem ainda estudar as melhores práticas empregadas pelas melhores empresas do mundo. Podemos identificar as melhores práticas organizacionais ao consultar clientes, fornecedores, distribuidores, o que deve ser realizado para oferecer o melhor trabalho. Mesmo as empresas de sucesso podem recorrer ao benchmarking, se necessário, em relação a outros setores. 17 3. POSICIONAMENTO E ESTRATÉGIAS As estratégias competitivas de Michael Porter (2004) apresentam categorias a partir da análise de mercado, propiciando à empresa o poder de decidir como deseja desenvolver suas estratégias competitivas. É por meio da adoção dessas estratégias que serão obtidos os resultados esperados, pois estão alinhadas com o ambiente onde estão inseridas. São denominadas estratégias competitivas genéricas a liderança no custo total, a diferenciação e o enfoque. Veja as descrições a seguir: Figura 4 – Estratégias genéricas Fonte: Porter, 2004. A liderança total de custos ocorre em situações nas quais a empresa busca por produção com menores custos possíveis, seja por meio de instalações, colaboradores internos qualificados, produção em massa, economia de escala, produtividade e negociação com os fornecedores de matéria-prima e serviços. Portanto, para uma grande quantidade produzida, é necessário providenciar uma distribuição intensiva. Como consequência, a empresa obtém a liderança no setor econômico pretendido. A empresa deve perseguir incansavelmente a redução de custos e um profundo controle nas despesas gerais e administrativas, devendo minimizá-las constantemente, por meio de análises e ações que permitam a reavaliação de processos. Além disso, existe a contenção nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) a partir de parcerias com institutos e similares. A estratégia é praticada geralmente em casos de produtos sem valor agregado, permitindo a produção em massa, com preços competitivos, garantindo retornos acima da média de lucratividade do mercado, mesmo se este for constituído por um grande número de concorrentes e necessitar de alta competitividade, como no caso de minério de ferro e commodities agrícolas. 18 Entretanto, a liderança de baixo custo também envolve produtos com valor agregado e, nesse caso, a empresa desembolsa boa parte dos investimentos, inclusive os de marketing, para que o produto venda satisfatoriamente, com boa margem de rentabilidade, como ocorre com os aparelhos de barbear da marca Gillette. A estratégia serve como barreira de entrada para novos concorrentes, que devem necessariamente competir, negociando até o menor preço praticado por outras empresas concorrentes já inseridas no mercado. Também, no mercado, permite-se o aumento de poder de barganha por parte dos fornecedores de matéria-prima e serviços, pelos altos volumes praticados e provavelmente com contratos de fornecimento já consolidados. Um dos desafios é manter a qualidade do que é oferecido pela empresa para o mercado, principalmente, em casos que resultem em preços baixos nele praticados. Um dos riscos é a variação das vendas possivelmente ocasionada por alguma mudança macroambiental ou mesmo por enfrentamento de concorrentes mais preparados. Diferenciação ocorre quando a empresa pode diferenciar as ferramentas de marketing de acordo com a percepção única de valor do consumidor. Empresas de tecnologia podem oferecer o hardware e, como diferencial competitivo, os serviços de apoio e de pós-venda, além de treinamentos e cursos de capacitação e atualização. A liderança na diferenciação permite que a empresa possa ter devidamente dimensionados sua estrutura produtiva e seus relacionamentos mais íntimos com os mercados que tiver atendendo, com menor variação de preços, o que pode garantir um equilíbrio entre a demanda e a oferta, até pela sensaçãode exclusividade, salvo na situação de um concorrente que tenha a capacidade de baixar preços e o público for sensível a este. Nessa estratégia, a empresa pode ter riscos moderados, desde que tenha a resiliência necessária para atuar no mercado, conforme suas possíveis variações. Foco consiste na empresa em concentrar seus esforços numa demanda específica e obter resultados acima da média, seja pelo volume de vendas, pelo custo baixo, capacidade de diferenciação ou ambas as situações. Um dos exemplos é a presença de supermercados como o Natural da Terra e Hirota, que apresentam negócios customizados para determinadas categorias de mercado. Com a adoção dessa postura estratégica, as empresas conseguem direcionar, de forma mais forte, seus recursos e esforços, e os clientes, com um grau maior de fidelização. Entretanto, a empresa corre eventuais riscos, decorrentes da entrada de outros concorrentes no mercado, bem como de bruscas variações no segmento de mercado selecionado, como crises econômicas, por exemplo. Portanto, posicionamento estratégico é um ponto de referência dos consumidores e da empresa, criado por ela e adotado pela concorrência. A partir de um planejamento estratégico, estabelecido por uma missão e principalmente por uma visão, é o resultado de um conjunto equilibrado de decisões consensuais pelas diferentes áreas da empresa, as quais direcionam os conteúdos dos seus outputs. Esses outputs se traduzem nas ferramentas de marketing – produto (incluindo estratégias de marca), praça (seus sistemas e estratégias), preço (como as políticas de preço) e promoção, acentuando a importância da comunicação para influenciar a decisão de compra por parte do consumidor. 19 Daí a sua identificação direta com a área de marketing. No entanto, criar, desenvolver e sustentar o posicionamento é uma decisão estratégica de negócios, de responsabilidade de toda a organização. Assim, o posicionamento consiste na oferta de um marketing mix adequado e com capacidade de influenciar positivamente a preferência do consumidor, tornando- o fiel e duradouro na carteira de clientes da empresa. Em mercados altamente competitivos, as empresas devem sempre procurar a sua diferenciação, que seja perceptível por parte do consumidor. A oferta de um marketing mix adequado e equilibrado depende de como a empresa desenvolve a essência de uma estratégia de marketing, conforme Kotler; Armstrong (1998, p. 160), constituída pela segmentação de mercado (S), targeting (T) e posicionamento (P), resumidas como STP. Quadro 1 – Etapas para a segmentação e posicionamento Segmentação Targeting Posicionamento Identificar as variáveis que servirão de base para a segmentação de mercado (consultar a Unidade I). Desenvolver os perfis dos segmentos-alvo. Realizar a segmentação de mercado. Desenvolver as métricas necessárias e as metodologias de avaliação dos segmentos-alvo. Selecionar e indicar como serão abordados os segmentos-alvo. Identificar os conceitos de posicionamento valorizados pelos consumidores. Selecionar, desenvolver e comunicar o posicionamento aos segmentos de mercado. Comentários: a segmentação de mercado é um dos pontos fundamentais para as estratégias de marketing, pois a empresa consegue direcionar seus recursos e esforços de forma mais focada. Comentários: a segmentação e o foco possibilitam que a empresa possa conhecer melhor o consumidor e obter os melhores resultados. Comentários: os atributos valorizados servem como meios de vincular a percepção do consumidor com a proposta de valor que a empresa oferece. Fonte: adaptado de Tomanari, 2003. Oliveira (2012) define estratégia como uma ação vinculada aos objetivos, às metas e aos desafios, cabendo à empresa planejar como pretende desenvolvê-la e avaliar como será afetada por ela. Essa ação representa, em linhas gerais, quais caminhos a empresa pretende seguir para alcançar o seu futuro desejado e como preconiza a sua visão. 20 Figura 5 – Desenvolvimento de estratégias Fonte: Porter, 2004. Concluindo, pode-se afirmar alguns aspectos sobre estratégia: é a criação e o desenvolvimento de uma posição única e valiosa no mercado e na mente do consumidor; existe sua existência apoia-se em atividades únicas; a essência do posicionamento estratégico é selecionar as atividades que diferenciam a empresa das práticas de seus concorrentes; a postura estratégica de sustentabilidade necessita de trade-offs e como realizá-los; a essência da estratégia está em saber selecionar o que não fazer (trade-offs); A adequação é direcionada para a vantagem competitiva e sustentável; requer uma atualização constante e com as adequações necessárias; requer disciplina e continuidade, dentro de uma busca constante da qualidade e excelência organizacional; requer a definição de um posicionamento único. 21 4. DIAGNÓSTICO E FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO Conforme comentado, a análise das cinco forças de Porter propicia uma análise panorâmica quanto ao ambiente – segmento de negócios – onde a empresa está inserida. A partir da análise SWOT é possível identificar os pontos fortes e fracos da empresa, bem como as ameaças e as oportunidades que circundam a organização. Figura 6 – Análise SWOT Fonte: Porter, 1987. A matriz deve representar a empresa no presente, como uma fotografia, e no futuro, de forma que seja possível atualizá-la quando necessário, e possibilitar movimentações (simulações) estratégicas. É constituída por: a) Forças (strenghts) Representam os diferenciais e as vantagens que a empresa possui em relação aos seus concorrentes. Pode-se identificá-las a partir de indagações básicas a serem feitas para o consumidor final, bem como para seus colaboradores internos, comparáveis aos concorrentes diretos. Seguem algumas perguntas básicas: O que os consumidores valorizam na empresa e em seu portfólio de produtos? Qual o nível de envolvimento e fidelidade dos clientes em relação à empresa? 22 Que atividades a empresa considera essenciais e de qualidade? Quais são os seus diferenciais competitivos? Quais as suas vantagens competitivas? Quais são as aptidões mais fortes da empresa? O que a empresa considera como sendo suas potencialidades em relação aos seus concorrentes diretos? b) Pontos fracos (weaknesses) Representam as fraquezas que as empresas possuem e podem interferir negativamente no desenvolvimento de seus negócios. Ao identificá-los, as empresas devem procurar como eliminá-los e, se não for possível, procurar meios para atenuá- los, de forma a influenciar com menor intensidade os seus negócios. Seguem algumas perguntas básicas: Por quais razões os consumidores não optam pelos produtos e serviços da empresa? Qual o nível de envolvimento, comprometimento e engajamento dos colaboradores internos? Que práticas e comportamentos os consumidores valorizam nas empresas e produtos? A interpretação e a análise dos pontos fortes e fracos podem partir dos valores pessoais de seus principais implementadores. As também denominadas “premissas” são importantes, pois partem de julgamentos que geralmente se originam da experiência daqueles que administram o negócio. Entretanto, o consenso das decisões é importante, no sentido de direcionar, de forma equilibrada, as ações que devem ser devidamente verificadas e sustentadas com as pesquisas e os estudos necessários. A partir da análise interna da empresa, ou seja, de seus pontos fortes e fracos, pode-se identificar quais as suas limitações e suas potencialidades para atender o mercado e concorrer de forma saudável. A empresa deve considerar seu perfil de ativos (recursos financeiros, recursos tecnológicos e identificação de marca) e qualificações necessárias (as motivações e as necessidades), inclusive as competências essenciais.c) Oportunidades (opportunities) São forças macroambientais (variáveis incontroláveis) ou outras variáveis externas, que favorecem a empresa e seus negócios, como o aumento do poder aquisitivo por parte da população, o ingresso de uma grande empresa compradora, bem como a entrada de capital estrangeiro. A empresa não têm influência direta sobre 23 as oportunidades, devendo monitorar as mudanças e as transformações macroambientais e procurar adequar-se da melhor forma possível. d) Ameaças (threats) São forças macroambientais (variáveis incontroláveis) ou outras variáveis externas, que influenciam negativamente a empresa e seus negócios, como uma recessão econômica, a saída empresas compradoras, bem como a escassez de recursos internacionais. A empresa deve prestar muita atenção em ameaças, pois impactam nos resultados e objetivos do planejamento estratégico. A empresa necessita monitorar o ambiente externo (também denominado macroambiente) e outras variáveis que influenciam os seus negócios. Nem sempre a empresa tem capacidade e competência para agir e reagir às diferentes mudanças e transformações do ambiente e, nesse caso, deve ter a resiliência necessária para poder manter o seu negócio de forma competitiva. A análise SWOT, portanto, possibilita identificar a importância dos elementos do ambiente externo, bem como, baseado nas já citadas premissas dos principais implementadores, simular os diferentes cenários e indicar as possíveis oportunidades e ameaças que a empresa e o negócio enfrentaram. Como construir a Matriz SWOT? Muitas empresas a desenvolvem a partir de pesquisa exploratória e qualitativa, baseada em impressões, experiências e recomendações de seus dirigentes, o que pode significar um esboço, em que a empresa pode levantar algumas premissas (hipóteses), mas não ter certeza sobre quanto e onde investir ou sobre os resultados esperados. Para um processo decisório mais consolidado e com decisões mais consistentes, é necessário adotar pesquisas mais descritivas, que conduzam a certezas quase completas e com baixa margem de erro. Dificilmente a análise poderá ser realizada na empresa como um todo, pois corre-se o risco de se tornar genéricas a sua análise e a sua aplicação estratégica. Recomenda-se então que seja realizada por áreas e, posteriormente, agrupada de forma conjunta. A matriz SWOT amplia a análise do ambiente interno e externo, inclusive as variáveis macroambientais. A partir das oportunidades e ameaças, a empresa consegue analisar os riscos, bem como as recompensas potenciais que o ambiente interno pode proporcionar, estabelecer novas metas de crescimento, identificar que investimentos deverão ser realizados, enfim, o que ela deverá realizar de forma a se sustentar no mercado. 24 4.1. A análise competitiva como apoio ao diagnóstico Destaca-se, neste ponto, algumas questões importantes para continuar com os ensinamentos. Uma delas é que a cadeia de valor se refere ao ambiente interno da empresa, permitindo a identificação de áreas-chave e a infraestrutura necessária para a empresa manter as suas operações. O diagnóstico envolve as potencialidades e as fraquezas do ambiente interno de empresas já existentes. No caso de um plano de negócios, os investidores podem realizar simulações a partir dos concorrentes diretos. O diagnóstico também envolve as oportunidades e as ameaças do ambiente externo e está relacionado com as variáveis macroambientais. Esse subcapítulo tratará da extensão da análise competitiva, em parte das cinco forças de Porter, o que trará importantes complementos também para a análise SWOT. Essa análise competitiva, realizada por benchmarking e pela análise de grupo estratégico (GE) é dividida em: Identificação do ambiente competitivo onde a empresa desenvolve seus negócios. Requer a identificação do total do market share e como este é dividido entre as empresas que concorrem diretamente entre si. Identificação dos maiores concorrentes diretos, geralmente cinco, no sentido de poder realizar a coleta de dados e informações pelo benchmarking competitivo. Identificação de estratégias que essas empresas desenvolvem no sentido de se manterem no mercado. Identificação dos objetivos e metas dos concorrentes, de forma a entender incialmente o funcionamento, políticas e práticas. Identificação dos pontos fortes e fracos dos concorrentes. Identificação dos padrões estratégicos dos concorrentes. Elaboração de estratégias de crescimento, bem como de inibição do avanço dos concorrentes Desenvolvimento do mapa competitivo. 4.2. Fatores Críticos de Sucesso (FCS) Todo negócio necessita de elementos mínimos para que o negócio seja concretizado. A análise de cada setor econômico permite que esses fatores sejam identificados, qualificados e mensurados, de forma a facilitar a entrada de novas empresas no setor, bem como na gestão das já existentes. A partir do conhecimento dos FCS, a empresa pode incorporá-los em sua missão, visão, princípios e valores, bem como em seus processos e práticas, de forma a combinar o que é necessário para a oferta de algo de valor para o mercado com todos os recursos e os esforços combinados da empresa. 25 Laboratórios farmacêuticos, por exemplo, necessitam de altos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia, além de instituições financeiras como fontes de captação de recursos financeiros para desenvolverem minimamente as suas operações. Pode-se afirmar que são competências especificas que influenciam positivamente o sucesso de um negócio. 4.3. Posicionamento estratégico (as leis do marketing) Como visto, o posicionamento estratégico é uma obrigatoriedade de toda empresa para crescer de forma sustentada. Além das teorias das cinco forças de Porter e da cadeia de valor, as empresas devem focar seus esforços na comunicação e/ou outras estratégias a partir das ferramentas de marketing. Ries; Trout (1993) apresentam as leis de marketing, que são na verdade orientações de ações e procedimentos argumentativos de como as empresas podem gerar imagem positiva no mercado, conforme quadro a seguir: Quadro 2 – Leis do marketing Lei Comentários do autor Liderança Empresas que têm ideias inovadoras e conseguem materializá-las proporcionam uma percepção positiva e de destaque na preferência do consumidor. Como exemplo, temos a Coca-Cola como a primeira marca de refrigerantes a ser distribuída de forma intensa e global, ou a Netflix como a primeira plataforma de streaming. Categoria Criação de uma nova categoria de produtos, em que possa se destacar, como é o caso da Dell. Ela fabrica computadores personalizados e é o consumidor que praticamente indica os acessórios que deseja ter. Mente Formas de manter o produto e a marca na mente do consumidor, desenvolvidas de diferentes formas, como construção de marcas, atributos valorizados, entre outros, como a Johnson & Johnson, modelo de qualidade da indústria farmacêutica. Percepção Consumidores podem ter percepções particulares e diferentes, por vezes, daquilo que a empresa deseja vender. Empresas japonesas têm a imagem de que produzem produtos de qualidade, sem a necessidade de ISO, enquanto empresas chinesas ainda têm a imagem de produtos baratos e sem a qualidade devida. E nem sempre isso é verdadeiro. Foco Empresas devem ser reconhecidas de forma simples, como, por exemplo, uma palavra ou termo. A Subway no Brasil tem adotado a estratégia de comercializar lanches saudáveis, enquanto o Burger King adota questões relativas a sabor. Exclusividade A diferenciação deve ser perceptível pelo consumidor e reconhecida como sendo única da empresa, como estúdios da Disney, da Marvel, bem como as pilhas Duracell quanto à longevidade do que produz. Escada Nem sempre é possível estar em primeiro lugar e nem é possível alcançá-lo no curto e médio prazo. Dessa forma,o slogan “Pode ser 26 Pepsi?” já direciona como sendo a segunda marca de colas mais consumida no mundo. Dualidade O mercado pode estar concentrado em duas grandes marcas que representam boa parte do potencial de mercado, como a Marvel e a D.C. Comics, rivalidade de décadas e que direcionam boa parte do comportamento do mercado. Oposto Adotar as mesmas estratégias do líder nem sempre é uma boa decisão estratégica. Quem está à procura da vice-liderança deve procurar o contraponto, a oposição a quem lidera o mercado, como o caso do SBT e da Rede Globo. Divisão Com o tempo, mercados dominados por grandes empresas podem gerar outros mercados com categorias de produtos diferentes. Historicamente, o mercado de cervejas foi se pulverizando em outras categorias até, nos dias de hoje, chegar às cervejas artesanais. Perspectiva Refere-se às percepções de curto e médio prazo por parte do consumidor. Empresas podem eventualmente recorrer a descontos e a promoções de vendas, porém se a prática for frequente, os consumidores podem ter a perspectiva de que haverá outros momentos em que poderão adquirir produtos a preços menores, não optando pelos preços regulares praticados pela empresa. Extensão de linha Se um produto ou marca são sucessos, por que não estender para outros itens de linha? A Coca-Cola lançou a Coke Zero, em embalagem preta e teve de revertê-la para uma latinha vermelha com uma lista preta, para não prejudicar o posicionamento e dar a ideia de um item descolado da linha principal. Já a Pepsi twist é um sucesso, vendendo mais em algumas regiões que a Pepsi tradicional. Sacrifícios Para aumentar a extensão de linha, talvez a empresa deva realizar algum tipo de sacrifício. Por exemplo, um supermercado, ao realizar a gestão por categorias, pode expandir o espaço de produtos mais rentáveis e retirar outros que oferecem baixa margem de contribuição. Atributos Atributos valorizados pelos consumidores podem dar certo para algumas empresas, porém concorrentes podem optar por outros apelos. Enquanto o McDonald’s focou no passado em apelos infantis, o Burger King focou no segmento de pessoas mais maduras. Sinceridade A sinceridade reside em afirmações que num primeiro momento podem significar a limitação de consumo de um produto, mas a empresa ganha credibilidade e as vendas aumentam, como é o caso do Listerine, sobre seu sabor, que pode não ser tão gostoso. Singularidade Trata-se de um movimento que parte de uma empresa, de forma única, que garante boa visibilidade e negócios, como é o caso do Habib’s, com as promoções de esfirras a preços altamente competitivos, bem como da promoção “King em dobro”, do Burger King. Prática que a concorrência teve de acompanhar. Imprevisibilidade Nenhuma empresa pode prever o futuro com certeza; no máximo consegue construir cenários competitivos. Mas pode realizar ações a partir de premissas, como foi o caso das mudanças dos conteúdos da revista Veja ao entrar no mercado um grande concorrente, a revista Época. 27 Sucesso Complementando os comentários da lei anterior, a empresa que obtém sucesso não deve descuidar de seu mercado e estratégias. Deve estar sempre à procura da excelência e da qualidade organizacional. Pensar e repensar o que fez, faz e fará. Fracasso O fracasso não deve ser o objetivo de uma empresa, mas pode ser algo que não possa ser evitado. Dessa forma, todos os esforços devem ser direcionados para atingir as metas e os objetivos com sucesso, porém se não ocorrerem, rever, analisar e não deixar que se repitam. Alarde Deve-se tomar o máximo de cuidado com as notícias e as informações disponibilizadas e veiculadas pelas diferentes mídias, que podem influenciar e/ou impactar os negócios da organização. Aceleração Empresas não devem ser criadas e produtos desenvolvidos a partir de expectativas e desejos de curto prazo, muitas vezes dentro de modismos criados pela sociedade e/ou aqueles que pretendem ganhar dinheiro somente no curto prazo. Empresas e marcas devem ter uma durabilidade que garanta uma “vida” comercial atraente e rentável no decorrer do tempo. Recursos Empresas devem ter os recursos necessários para materializar ideias que resultem em benefícios para o consumidor e a empresa. A ausência e/ou a escassez de recursos não significa que a empresa não terá condições de oferecer o negócio, mas sim o desafio de superar a dificuldade encontrada. Fonte: adaptado de Ries e Trout (1993). O pensamento e as filosofias de marketing não pode estar restrito somente às estratégias conhecidas, mas devem servir como base a uma reflexão que conduza os gestores de empresas a terem cada vez mais a preocupação de como atender o mercado. 28 Figura 7 – Al Ries e Jack Trout Fonte: Breakthrough Marketing, 20142. As leis de marketing, apresentadas por Ries e Trout (1993), discutem uma série de recomendações que as empresas devem seguir para poder fortalecer o seu posicionamento estratégico. Essas recomendações são apresentadas aqui, pois complementam os ensinamentos de Porter (2004) na busca constante do diferencial e da vantagem competitiva. O grande desafio contemporâneo é a empresa rever seus procedimentos e ações, pensar de forma diferente e criar formas de ver o mercado, descobrir novas formas de atendê-lo e como será processada a comunicação e as estratégias de posicionamento estratégico, de forma a fixar uma posição altamente competitiva na mente e preferência do consumidor. 2 Disponível em: http://www.breakthrough.marketing/positioning-by-al-ries-and-jack-trout/. Acesso em: 9 jul. 2019 http://www.breakthrough.marketing/positioning-by-al-ries-and-jack-trout/ 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por quais razões a disciplina de Posicionamento Estratégico contribuiu para o seu aprendizado e, principalmente, para o seu desenvolvimento profissional? A história contribui para entender como as empresas enfrentaram os desafios do mercado e superaram os obstáculos. As cinco forças de Michael Porter representam um recorte dessa história e como, a partir de pesquisas e experiências, as estratégias foram desenvolvidas no sentido do desenvolvimento das empresas e de seus negócios. A cadeia de valor representa como a empresa está estruturada, no sentido de oferecer valor aos seus clientes, de forma a poder realizar a gestão de seus negócios. Além desses assuntos, o posicionamento estratégico é evidenciado por Al Ries e Jack Trout, no sentido de oferecer recomendações de como a empresa pode, a partir da utilização das ferramentas de marketing, fortalecer o seu posicionamento. Dessa forma, esta disciplina contribuiu no sentido de evidenciar as bases do planejamento estratégico e, como desafio, como a empresa pode introduzir outras ações, como Al Ries e Jack Trout, em 1993. 30 REFERÊNCIAS CLARK, G. Positioning by Al Ries and Jack Trout. Breakthrough marketing – All about direct response marketing. Disponível em: http://www.breakthrough.marketing/positioning-by-al-ries-and-jack-trout/. Acesso em: 9 jul. 2019. BIOGRAPHY. Harvard Business Review. Institute for Strategy & Competitiveness. Disponível em: https://www.isc.hbs.edu/about-michael- porter/biography/Pages/default.aspx. Acesso em: 9 jul. 2019. IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E; HITT, M. A. Administração estratégica. São Paulo: Cengage, 2015. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Principios de marketing. São Paulo: Prentice Hall, 1998. LOVELOCK, C.; WIRTZ, J.; HEMZO, M. A. Marketing de serviços. 7. ed. São Paulo: Pearson, 2014. OLIVEIRA, D. P. R. O. Planejamento estratégico. 30. ed. São Paulo; Atlas, 2012. PORTER, M. E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1989. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. PORTER, M. E. A horada estratégia. HSM Management, Barueri, ano 1, n. 5, p. 6- 10, nov./dez. 1997. TOMANARI, S. A. A. Segmentação de mercado com enfoque em valores e ciclo de vida (segmentação psicográfica) – um estudo exploratório. 2003. Dissertação (Mestrado em Relações Públicas, Propaganda e Turismo) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. TROUT, J.; RIES, A. As 22 consagradas leis do marketing. São Paulo: Makron, 1993. http://www.breakthrough.marketing/positioning-by-al-ries-and-jack-trout/ https://www.isc.hbs.edu/about-michael-porter/biography/Pages/default.aspx https://www.isc.hbs.edu/about-michael-porter/biography/Pages/default.aspx
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