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Abordagem histórica RAPS e REFORMA. · Saúde mental vai além de psiquiatria -> neurociências, psicologia, psicanalise, fisiologia, antropologia, geografia (território) etc. · A categorização da saúde mental pode reduzir ou achatar as possibilidades. · Revolução francesa: · Antes – hospital = hospedagem · Século XVII – hospital geral – determinados por autoridades reais e judiciárias – “ordem terceira da repressão” para Foucault na época e aí que começou a mudar após a revolução francesa que tinha como lema igualdade, liberdade e fraternidade. · Após revolução francesa -> medicalização dos hospitais (séc XVIII) – modelo biomédico – tudo é hospital · Hospital Geral na França -> Philippe Pinel tornou-se diretor em 1793 de uma das unidades do hospital - Bicêtre. · Pinel: propõe liberdade aos loucos/alienados, os quais devem ser submetidos a outro tipo de isolamento para superar a alienação mental que é produzida no meio social. · ALIENAÇÃO MENTAL: distúrbio no âmbito das paixões capaz de produzir desarmonia na mente e na possibilidade objetiva de o indivíduo perceber a realidade. A hospitalização para pinel permitiria isolar a alienação em seu estado puro para conhece-la sem interferências · Pinel brasileiro: João Carlos Teixeira Brandão · 1838 – primeira lei de assistência aos alienados (França). · Superlotação dos asilos abaixou o nível e credibilidade dos locais, iniciaram então a colônia de alienados = trabalho terapêutico em áreas agrícolas · Colônias brasileiras: Colônia de São bento e colônia conde de mesquita – ilhas do governador rio de janeiro. Colônia de juquery – 16 mil internos. · Depois da 2ª guerra -> sociedade viu os hospícios como campo de concentração -> origem das REFORMAS PSIQUIÁTRICAS · Comunidade terapêutica e psicoterapia institucional: fracasso estava na forma de gestão do hospital e a solução seria introduzir mudanças na instituição. · 1959 – Maxwell Jones -> organizar grupos de discussão e grupos operativos com os internos Comunidade terapêutica: processo de reformas institucionais que continham luta contra hierarquização ou verticalidade dos papeis sociais = horizontalidade · François Tosquelles – observou que os hospitais haviam sido danificados pela situação social e econômica da frança e isso tinha sido agravado pela ocupação e destruição nazista -> propôs buscar ampliação de referenciais teóricos e melhorar o acolhimento ressaltando a importância da equipe e da instituição na construção de suporte e referencia para os internos -> HOSPITAL SAINT-ALBAN deu início. · Psiquiatria de setor e psiquiatria preventiva: modelo hospitalar estava esgotado e deveria ser desmontado a partir da construção de serviços assistenciais que iriam qualificando o cuidado terapêutico ao mesmo tempo que diminuiriam a importância e necessidade do hospital psiquiátrico. · Final dos anos 50 e inicio dos anos 60 -> Era preciso adotar medidas de continuidade terapêutica após a alta hospitalar. Criação de centros de saúde mental na frança (CSM): Setorização – Lucien Bonnafé – internos de uma mesma região seriam colocados próximos e depois transferidos para centros de saúde mental da região que eram provenientes. Iniciou também a ideia de trabalho em equipe: medico, enfermeiro, psicólogo, assistente social. · Após guerra do Vietnã -> muitos grupos formados nos EUA como gangs -> inicio da ideia de prevenir as doenças mentais (CAPLAN) -> “caça” aos suspeitos de apresentar uma doença mental: · 1) prevenção primaria: intervir nas condições possíveis de formar a doença mental, condições etiológicas de origem individual e/ou do meio; · 2) prevenção secundária: intervenção que busca realizar diagnostico e tratamento precoce da doença mental; · 3) Prevenção terciaria: busca de readaptação do paciente à vida social após melhoria. · Conceituaram a CRISE (conflitos não bem absorvidos poderiam levar a desadaptação q se não fosse elaborado pela pessoa poderia conduzir à doença mental) a qual podia ser: · evolutiva (relacionada as fases da vida); · acidental (relacionadas a perda ou risco como desemprego, separação conjugal) · Conceituaram DESVIO (comportamento desadaptado à norma socialmente estabelecida – anormal ou pré patológico). · Conceituaram DESINSTITUCIONALIZAÇÃO (medidas de desospitalização – redução do ingresso de pacientes em hospitais psiquiátricos ou redução do tempo de permanência hospitalar) · Antipsiquiatria e psiquiatria democrática: coloca em xeque o modelo científico psiquiátrico e as instituições assistenciais. Década de 60. · Laing e Cooper – discurso dos loucos denunciava as tramas, conflitos e contradições existentes na família e sociedade. O hospital psiquiátrico reproduziria e radicalizaria as estruturas opressoras e patogênicas da organização social fortemente manifestadas na família. · Não existe a doença mental como objeto natural e sim uma experiencia do sujeito em sua relação com o ambiente social. Sendo assim, o tratamento seria permitir que a pessoa vivenciasse a sua experiencia e o terapeuta deveria auxiliar a pessoa a vivenciar e superar esse processo. · Basaglia – negar a psiquiatria enquanto ideologia. Desconstruir o manicômio. Eixo da mais importante face do processo de reforma psiquiátrica no brasil. Basaglia iniciou a intenção de criar serviços substitutivos aos manicômios como os centros de saúde mental, alem de possibilidades reais de inclusão social por cooperativas de trabalho, residências. “Ao considerar a doença um objeto natural, externo ao homem, a psiquiatria passou a se ocupar dela e não do sujeito que as vivencia”. · 1973 – criação da cooperativa Trabalhadores Unidos na Itália: os “loucos” se juntaram para reivindicar os direitos do trabalho realizado na internação, ganharam alta e então foram contratados para as tarefas do hospital como limpeza, cozinha, etc. · BRASIL: · 1978 – movimento dos trabalhadores em saúde mental (MTSM) no RJ. · 1979 – primeira associação de familiares em defesa da reforma psiquiátrica em SP · 1987 – 8ª conferencia nacional de saúde -> I conferencia nacional de saúde mental -> 2º congresso: o MTSM tornou-se um movimento não mais de predominantemente trabalhadores mas de usuários e familiares. · 1999 – Lei 9867: institui cooperativas sociais com a finalidade de inserir pessoas em desvantagem no mercado econômico por meio do trabalho e fundamentada no interesse geral da comunidade em promover a pessoa humana e a integração social dos cidadãos. · 2001 – lei que dispõe sobre a proteção e direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redirecionamento do modelo assistencial em saúde mental. Comunicar ao ministério publico estadual no prazo de 72h sobre todas as internações involuntárias. LEI DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA. · 2003 – Programa de volta pra casa - Lei 10708: auxilio reabilitação psicossocial para pessoas com transtornos mentais egressas de internações psiquiátricas. · 18 de maio – dia nacional da luta antimancomial. · PORTARIAIS MINISTERIAIS: 189/91 e 224/92 – intuíram modalidades como hospital-dia; oficinas terapêuticas; CAPS (reestruturados pelas portarias 336/2 e 189/2. REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL · 1829: Comissão de salubridade: criar código de posturas para o Rio de Jnaeiro -> referência contrária à livre circulação dos loucos pela cidade – criação de locais para reabilitação dos alienados mas sem que ficassem ainda mais loucos · 1835: Artigo “Reflexões acerca do trânsito livre dos doidos pelas ruas da Cidade do Rio de Janeiro” · 1837: primeira tese sobre alienação mental – Dr Antonio Luiz da Silva Peixoto E ARTIGO “ Importância e necessidade da criação de um manicômio ou estabelecimento especial para o tratamento dos alienados” – De Simoni. · 1839: Campanha para criação de um asilo para alienados é aprovada pelo Estado. · 1841: oficialmente fundado o hospício pelo decreto do imperador - Hospício Pedro II, anexo à Santa Casa de Misericórdia da corte. · 1852: Inauguração do Hospício Pedro II – começou com 144 alienados (Hoje é o palácio universitário da UFRJ) · 1890: Hospício desanexadoda Sta Casa e passou a ser denominado Hospício Nacional de Alienados · Criação da assistência médico legal aos alienados; · Fundação das colônias de alienados na Ilha do Governador · Substituição da irmãs de caridade por enfermeiras francesas; · Criação do pavilhão de observações para exames minuciosos e aulas práticas da faculdade de medicina · 1903: Aprovação do decreto 1132 – 1ª lei de assistência aos alienados (Lei Juliano Moreira – professor de medicina da faculdade da Bahia – ficou na direção da assistência até 1930 – iniciou a transição do modelo de Pinnel para o modelo de Kraepilin que consistia em uma visão mais biológica e menos filosófica – defesa da higienização e normalidade social) · 1920: Rodrigues Caldas – exalta importância de nova legislação para solucionar problemas de higiene e defesa social pertinentes aos deveres do estado com os tarados e desvalidos de fortuna do espírito ou do caráter para com os medicantes ociosos e errabundos, para com os ébrios, loucos e menores retardados ou delinquentes ou abandonados assim como para os indesejáveis inimigos da ordem e do bem público alucinados pelo delírio vermelho e fanático das sanguinárias e perigosíssimas doutrinas anarquistas ou comunistas do maximalismo ou bolchevismo. · 1923: fundação da Liga Brasileira de higiene mental por Riedel e Kehl · 1930: psiquiatria marcada pela busca de cura definitiva para as doenças mentais – Adauto Botelho, sucessor de Juliano Moreira · Surge o Hospital de Barbacena comparado por Basaglia (que visitou o hospital em 1979) aos campos de concentração nazistas. Tendo em vista os bons resultados obtidos, o Hospital Colônia, passou a ser um ponto de convergência para todos os pacientes que as comunidades pretendiam curar ou isolar, ou seja, havia uma grande demanda de doentes mentais, sifilíticos, tuberculosos e marginalizados. · 1950: surgem os neurolépticos reforçando a necessidade de hospitalização. Houve pouco movimento para mudança como de Nise Silveira e o Plano Integrado de Saúde mental – PISAM · 1978: movimento dos trabalhadores em saúde mental (MTSM) no RJ. · 1987: · II congresso nacional do MTSM em Bauru – lema: Por uma sociedade sem manicômios. · 1º CAPS do Brasil: em SP – Professor Luís da Rocha Cerqueira -> acolher os subterfugiados dos hospitais psiquiátricos e evitar internações · 1989: · intervenção da Secretaria Municipal de Saúde de Santos no hospital psiquiátrico Casa de Saúde Anchieta; · implantação de núcleos de atenção psicossocial – NAPS; cooperativas e residências para os egressos dos hospitais e associações. · Projeto de lei do deputado Paulo Delgado que propõe regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e extinção progressiva de manicômios no brasil. · 1990: · Conferência regional para a reestruturação da assistência psiquiátrica – Caracas: realizado acordo entre países da América Latina os quais se comprometeram em reanalisar criticamente o papel dos hospitais psiquiátricos, analisarem os direitos civis e humanos dos usuários para garanti-los aos mesmos e promover a reestruturação da assistência psiquiátrica. · aprovada a primeira LEI ORGÂNICA DA SAÚDE – lei 8080 -> especificava as atribuições e a organização deste sistema, seus princípios e diretrizes, competências e atribuições a nível federal, estadual e municipal, a participação complementar do sistema privado de saúde, financiamento e gestão, entre outros. · 2001: Lei Paulo Delgado é sancionada com substituivos – redireciona a assistência em saúde mental privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios – LEI DA REFORMA PSIQUIÁTRICA · Internação psiquiátrica: somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica: · I - INTERNAÇÃO VOLUNTÁRIA: Aquela que se dá com o consentimento do usuário; · II - INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA: Aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; · III - INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA: Aquela determinada pela Justiça. · 2004: primeiro congresso brasileiro de CAPS em SP – reuniu 2000 trabalhadores e usuários do CAPS. · 2005: · Princípios Orientadores para o Desenvolvimento da Atenção em Saúde Mental nas Américas: analisar os resultados obtidos desde a Conferência de Caracas -> foi reconhecido que haviam ocorridos avanços em relação à reestruturação da atenção psiquiátrica em vários países. RAPS – Rede de atenção psicossocial · Conjunto de diferentes serviços disponíveis nas cidades e comunidades, que articulados formam uma rede, devendo ser capaz de cuidar das pessoas com transtornos mentais e com problemas em decorrência do uso de drogas, bem como a seus familiares, nas suas diferentes necessidades. · Instituída pela portaria de 2017 · Busca promover uma maior integração e participação social do indivíduo que apresenta transtorno mental. · A porta de entrada são os serviços da atenção básica, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS‘s) e os serviços de urgência e emergência, onde as pessoas são acolhidas, sejam elas referenciadas, ou demanda espontânea. · OBJETIVOS: · Ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral · Promover o acesso das pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e suas famílias aos pontos de atenção · Garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências · CAPS: · CAPS I: todas as faixas etárias que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. Indicado para população acima de quinze mil habitantes; · CAPS II: Indicado para acima de setenta mil habitantes; · CAPS III: Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, inclusive CAPS AD. Indicado para acima de cento e cinquenta mil habitantes; · CAPS AD: atende pessoas de todas as faixas etárias, que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. Indicado para população acima de setenta mil habitantes; · CAPS AD III: atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno. Indicado para população acima de cento e cinquenta mil habitantes; · CAPS i: atende crianças e adolescentes que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. Indicado para população acima de setenta mil habitantes.
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