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Unidade I - Literaturas de Língua Inglesa e Diferença

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Autor: Prof. Leandro Dias Carneiro Rodrigues
Colaboradores: Nome Nome Nome Nome Nome 
 Nome Nome Nome Nome Nome 
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Literaturas de Língua 
Inglesa e Diferença 
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Professor conteudista: Leandro Dias Carneiro Rodrigues
Atua na Universidade Paulista, campus Brasília, desde 2009. Envolvido na arte do ensino de língua inglesa desde 
1996. Produziu materiais didáticos culturalmente sensíveis para crianças de escolas municipais. Atualmente leciona 
Língua Inglesa para os cursos de Letras e Secretariado Bilíngue na Universidade Paulista, campus Brasília. Tem‑se 
envolvido em disciplinas de Língua Inglesa e, há uns três anos, tem trabalhado também com as disciplinas de Literaturas 
de Língua Inglesa.
Possui mestrado em Linguística Aplicada, pela Universidade de Brasília. Sempre se envolveu com questões de 
abordagens, métodos e técnicas de ensino de línguas estrangeiras, especificamente, da língua inglesa.
Como seu mestrado foi na área de cultura e ensino, e, depois, trabalhou de modo apaixonado com as disciplinas 
Cultura e Literatura Britânica, Cultura e Literatura Norte‑americana e Literaturas de Língua Inglesa, passou a dedicar‑se 
com afinco a essa área.
Tem‑se inspirado em manifestações literárias em língua inglesa, oriundas de países ex‑colônias britânicas, com 
interesse em estudos culturais e literaturas marginais. Elaborou, em 2013, o livro didático da disciplina Culturas de 
Língua Inglesa, para o curso de graduação na Unip.
Pretende trabalhar o ensino de literaturas de Língua Inglesa no doutorado, que ainda está no projeto. Tem 
bastantes ideias ligadas à área e tem ensaiado alguns estudos literários em relação às obras de Chimamanda Ngozi 
Adichie (2009) e do escritor negro norte‑americano Richard Wright (2006), de quem é um profundo entusiasta.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Z13 Zacariotto, William Antonio
Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William 
Antonio Zacariotto ‑ São Paulo: Editora Sol.
il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑006/11, ISSN 1517‑9230.
1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática I.Título
681.3
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Juliana Mendes
 Gustavo Guiral
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Sumário
Literaturas de Língua Inglesa e Diferença
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 PROBLEMATIZAÇÃO DO CÂNONE E PÓS‑COLONIALISMO .................................................................9
1.1 A questão do pós‑colonial ...................................................................................................................9
1.2 O pós‑colonial e o pós‑modernismo ............................................................................................ 11
1.3 O canônico e o marginal ................................................................................................................... 13
1.4 A diáspora e o entre‑lugar ............................................................................................................... 20
Unidade II
2 NARRATIVAS DA DIFERENÇA ...................................................................................................................... 25
2.1 Poesia: uma narrativa oral ................................................................................................................ 25
2.1.1 A poesia indiana ...................................................................................................................................... 26
2.1.2 A poesia nigeriana .................................................................................................................................. 30
2.1.3 A poesia sul‑africana............................................................................................................................. 33
2.1.4 A poesia caribenha ................................................................................................................................. 35
2.2 Teatro: uma narrativa milenar ........................................................................................................ 38
2.3 Romance: a vernacularização do gênero ................................................................................... 41
2.3.1 Em foco: The Thing Around Your Neck (2009), de Chimamanda Adichie ....................... 41
2.3.2 Em foco: Feras de Lugar Nenhum (2005), de Uzodinma Iweala ......................................... 44
2.4 Literatura da diferença e representação ..................................................................................... 48
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APRESENTAÇÃO
A disciplina Literaturas de Língua Inglesa e Diferença aborda um universo bastante amplo 
da natureza das literaturas produzidas em língua inglesa, sob a agenda teórica pós‑colonial. 
Pretende‑se discutir o lugar das literaturas de língua inglesa, consideradas como não canônicas, 
bem como questões que envolvem a formação de novas tradições literárias. Dessa forma, temos 
os seguintes objetivos específicos: desconstruir o conceito de cânone; discutir as literaturas não 
canônicas de língua inglesa; e, por fim, dar visibilidade a novas tradições literárias em língua 
inglesa. Como há várias produções literárias de vários países, serão abordados apenas alguns 
exemplos dos gêneros poema, teatro e romance.
INTRODUÇÃO
Seja bem‑vindo(a) à disciplina Literaturas de Língua Inglesa e Diferença. Você deve estar 
problematizando a disciplina. Perguntas como: o que significa literaturas, no plural? Por que o termo 
diferença?
Tais perguntas são norteadoras do nosso estudo. Abordaremos manifestações literárias de países em 
que a língua inglesa teve papel fundamental no processo de colonização e descolonização. Consideramos 
o universo pós‑colonial, teoria que abarca países que se utilizaram da língua inglesa para realizar 
literatura e/ou resistir e afirmar sua identidade.
Nesta disciplina, discutiremos mais teórica e ensaisticamente a problematização do cânone e o 
pós‑colonialismo. Falaremos sobre o que significa cânone na literatura de língua inglesa, e este será 
confrontado com a Teoria Pós‑colonial. O pós‑colonial abrange uma vasta agenda, a qual trata de 
representações sociais – incluindoa literatura, portanto – de elementos anteriormente à margem de 
uma estética apurada, desenvolvida e, até mesmo, considerada refinada. Por esta razão, temos o cânone 
e o marginal. O que está à margem daquele, simplesmente é emudecido, apagado.
Ainda, serão discutidos dois conceitos bastante revisados, que são: o entre-lugar e a diáspora. 
Tais conceitos apresentam um elo: as identidades culturais. Como a literatura significa existência, tais 
conceitos são englobados na Teoria Pós‑colonial.
Por fim, serão trabalhados os gêneros: poema, teatro e romance. Serão abordados gêneros em textos 
de alguns países pós‑coloniais, entre eles: Índia, África do Sul e Nigéria.
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LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA E DIFERENÇA 
Unidade I
1 PROBLEMATIZAÇÃO DO CÂNONE E PÓS‑COLONIALISMO
1.1 A questão do pós‑colonial
Neste subtópico, conheceremos um pouco a respeito da Teoria Pós‑colonial, para contextualizarmos 
nosso estudo.
A Índia e países africanos ex‑colônias do Império Britânico, tais como a África do Sul e a Nigéria, são 
considerados pós‑coloniais. Historicamente, o pós‑colonialismo deu‑se na segunda metade do século 
XX, quando, no período pós‑Guerra Fria, ex‑colônias inglesas passaram a conquistar sua independência. 
Neste processo, houve também uma grande diáspora mundial, o que significou uma nova refiguração 
sociopolítico‑cultural do Velho Mundo.
[…] The semantic basis of the term “post‑colonial” might seem to suggest a 
concern only with the national culture after the departure of the imperial 
power. It has occasionally been employed in some earlier work in the area 
to distinguish between the periods before and after independence (“colonial 
period” and “post‑colonial period”), for example, in constructing national 
literary histories, or in suggesting comparative studies between stages in 
those histories. Generally speaking, though, the term “colonial” has been 
used for the period before independence and a term indicating a national 
writing, such as “modern Canadian writing” or “recent West Indian literature” 
has been employed to distinguish the period after independence.
We use the term “post‑colonial”, however, to cover all the culture affected 
by the imperial process from the moment of colonization to the present 
day. This is because there is a continuity of preoccupations throughout 
the historical process initiated by European imperial aggression. We also 
suggest that it is most appropriate as the term for the new cross‑cultural 
criticism which has emerged in recent years and for the discourse through 
which this is constituted. In this sense this book is concerned with the world 
as it exists during and after the period of European imperial domination 
and the effects of this on contemporary literatures (ASHCROFT; GRIFFITHS; 
TIFFIN, 2002, p. 1‑2).
As narrativas pós‑coloniais são reveladas como expressão de resistência ao colonial. Trata‑se de um 
discurso crítico, portanto, no qual se configura um movimento de expressão literária cujo efeito foi a 
construção de um lugar político de voz do oprimido ou de minorias anteriormente caladas.
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Unidade I
O pós‑colonial não é somente um período histórico, mas uma teoria social. A manifestação cultural 
via literatura e outras artes, por meio de um discurso crítico.
[…] Colonization is insidious: it invades far more than political chambers 
and extends well beyond independence celebrations. Its effects shape 
language, education, religion, artistic sensibilities, and, increasingly, popular 
culture. A theory of post‑colonialism must, then, respond to more than 
the merely chronological construction of post‑independence, and to 
more than just the discursive experience of imperialism. In Alan Lawson’s 
words, post‑colonialism is a “politically motivated historical‑analytical 
movement [which] engages with, resists, and seeks to dismantle the effects 
of colonialism in the material, historical, cultural‑political, pedagogical, 
discursive, and textual domains” (1992:156). Inevitably, post‑colonialism 
addresses reactions to colonialism in a context that is not necessarily 
determined by temporal constraints: post‑colonial plays, novels, verse, and 
films then become textual/cultural expressions of resistance to colonization. 
As a critical discourse, therefore, post‑colonialism is both a textual effect 
and a reading strategy. Its theoretical practice often operates on two 
levels, attempting at once to elucidate the post‑coloniality, which inheres 
in certain texts, and to unveil and deconstruct any continuing colonialist 
power structures and institutions (GILBERT; TOMPKINS, 2002, p. 14).
O pós‑colonial desconstrói, por meio dos textos literários, portanto, instituições estabilizadoras 
da condição de colonizado. Trata‑se de um desmantelamento do colonial ou das instituições que se 
consagraram no período colonial.
A construção do sujeito colonial no discurso, e o exercício do poder colonial 
através do discurso, exige uma articulação das formas da diferença – raciais 
e sexuais. Essa articulação torna‑se crucial se considerarmos que o corpo 
está sempre simultaneamente (mesmo que de modo conflituoso) inscrito 
tanto na economia do prazer e do desejo como na economia do discurso, 
da dominação e do poder. Não pretendo fundir, sem problematizar, duas 
formas de marcar – e dividir – o sujeito, nem generalizar duas formas 
de representação. Quero sugerir, porém, que há um espaço teórico e um 
lugar político para tal articulação – no sentido em que a palavra nega 
uma identidade “original” ou uma “singularidade” aos objetos da diferença 
– sexual ou racial. Se partirmos dessa visão, como comenta Feuchtwang 
em outro contexto, segue‑se que os epítetos raciais ou sexuais passam a 
ser vistos como modos de diferenciação, percebidos como determinações 
múltiplas, entrecruzadas, polimorfas e perversas, sempre exigindo um cálculo 
específico e estratégico de seus efeitos. Tal é, segundo creio, o momento do 
discurso colonial. É uma forma de discurso crucial para a ligação de uma 
série de diferenças e discriminações que embasam as práticas discursivas e 
políticas da hierarquização racial e cultural (BHABHA, 1998, p. 107).
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LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA E DIFERENÇA 
Todavia os Estados Unidos, apesar de terem passado pelo período histórico de descolonização, não são 
considerados como pós‑coloniais, pois se tornaram potência econômica. Seu status político‑econômico 
no mundo os levou a uma condição de colonizador do mundo, e não de ex‑colônia. Como afirmam 
Gilbert e Tompkins (2002):
We do not consider the United States, also once a British colony, as 
postcolonial because the political and military might that the United 
States wields in its role as global “superpower” has long since severed its 
connections with the historical and cultural marginality that the other 
former colonies share (GILBERT; TOMPKINS, 2002, p. 7).
Os EUA são neoimperialistas, mas há a presença de literatura da diferença. A literatura das consideradas 
minorias – negros, mulheres, hispânicos, indígenas, homossexuais, dentre outros – podem ser estudadas sob 
o âmbito da diferença. Tal significa o lugar da alteridade – a relação com o outro. No âmbito dos Estados 
Unidos, há uma relação entre centralidade e marginalidade, e tais são considerados como marginais.
A seguir, será discutido o lugar do pós‑colonial e sua relação com o pós‑modernismo.
1.2 O pós‑colonial e o pós‑modernismo
É importante termos em mente também a diferença clara entre pós‑colonial e pós‑moderno. O 
primeiro está no contexto do segundo, mas não podemos afirmar o oposto.
Segundo Eagleton (1998):
[...] Pós‑modernidade é uma linha de pensamento que questiona as noções 
clássicas de verdade, razão, identidade eobjetividade, a ideia de progresso 
ou emancipação universal, os sistemas únicos, as grandes narrativas ou 
os fundamentos definitivos de explicação. Contrariando essas normas do 
iluminismo, vê o mundo como contingente, gratuito, diverso, instável, 
imprevisível, um conjunto de culturas ou interpretações desunificadas 
gerando um certo grau de ceticismo em relação à objetividade da verdade, 
da história e das normas, em relação às idiossincrasias e a coerência de 
identidades (EAGLETON, 1998, p. 7).
Pós‑modernidade não é sinônimo de pós‑modernismo. Embora tenham ideias semelhantes, 
o primeiro termo refere‑se ao período histórico e contextual, já o segundo, a um estilo de cultura. 
Contextualmente, a pós‑modernidade seria uma era em que o pós‑modernismo, “um estilo de cultura”, 
segundo Eagleton (1998), atua.
Eagleton (1998) também afirma que:
Pós‑modernismo é um estilo de cultura que reflete um pouco essa mudança 
memorável por meio de uma arte superficial, descentrada, infundada, 
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autorreflexiva, divertida, caudatária, eclética e pluralista, que obscurece 
as fronteiras entre a cultura “elitista” e a “cultura popular”, bem como 
entre a arte e a experiência cotidiana. O quão dominante ou disseminada 
se mostra essa cultura – se tem acolhimento geral ou constitui apenas 
um campo restrito da vida contemporânea – é objeto de controvérsia 
(EAGLETON, 1998, p. 7).
Há ainda a concepção de Hall (2005) de que a pós‑modernidade – período histórico, contextual – 
seria semelhante à modernidade tardia ou simplesmente, como afirma Giddens (1990), a era moderna. 
O que é moderno, para Giddens (1990), diz respeito à dinâmica social, cujas mudanças são constantes 
e rápidas.
É interessante considerarmos um fato: pós‑modernismo não é sinônimo de pós‑colonialismo. O 
segundo é uma abordagem teórica, filosófica, muito mais abrangente do que o pós‑modernismo, que é 
simplesmente uma ideia, um estilo cultural.
Na literatura, podem ocorrer relações entre pós-modernismo e pós-colonialismo, mas não 
podemos considerá‑los como manifestações equivalentes.
While the time frames of both post‑colonialism and postmodernism 
generally intersect, and postmodern literary devices are often found in 
post‑colonial texts, the two cannot be equated. Part of postmodernism’s 
brief is the dismantling of the often unwritten but frequently invoked 
rules of genre, authority, and value. Post‑colonialism’s agenda, however, 
is more specifically political: to dismantle the hegemonic boundaries and 
the determinants that create unequal relations of power based on binary 
oppositions such as “us and them”, “first world and third world”, “white 
and black”, “colonizer and colonized”. Postmodern texts are certainly 
political, but post‑colonial texts embrace a more specifically political 
aim: that of the continued destabilization of the cultural and political 
authority of imperialism. Post‑colonialism, then, has more affinity with 
feminist and class‑based discourses than with postmodernism, even 
if post‑colonialism and postmodernism employ similar literary tropes 
(GILBERT; TOMPKINS, 2002, p. 14).
Os termos do embate cultural, por meio de antagonismo ou de afiliação, são produzidos 
performativamente. A representação da diferença não deve ser lida apressadamente como o reflexo de 
traços culturais ou étnicos preestabelecidos, inscritos na lápide fixa da tradição.
Embora o pós‑modernismo tenha um discurso semelhante ao do pós‑colonialismo, no que diz 
respeito à estética variada, à forma desconstruída e à estética híbrida, o pós‑colonialismo apresenta 
uma agenda específica, a qual desmantela, como bem colocam Gilbert e Tompkins (2002), os limiares 
hegemônicos.
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Você estudará as manifestações literárias de países ex‑colônias britânicas. O real significado destas 
produções literárias. Serão abordadas as literaturas na Nigéria, na Índia, na África do Sul, dentre outros.
1.3 O canônico e o marginal
Você já pensou no termo cânone ou na expressão literatura canônica? No contexto de Literatura de 
Língua Inglesa (com letra maiúscula), o que seria considerado canônico? Qual a relação entre cânone e 
Literaturas de Língua Inglesa produzidas nas ex‑colônias? Por que estas não são consideradas canônicas? 
Tais perguntas norteiam nossa discussão neste subtópico.
Durante o Império Britânico, principalmente quando a Inglaterra dominou a Índia, a Literatura 
Inglesa Canônica era utilizada para fins de dominação. O processo de dominação inglesa, via aculturação, 
também era feito via instituição da disciplina Literatura Inglesa nas escolas indianas – e escolas nas 
colônias inglesas, em geral. A finalidade do ensino da língua inglesa modelar, via literatura canônica, era 
levar ao povo britânico a luz da civilização britânica.
A disciplina English Studies apareceu no século XIX, no auge do colonialismo 
inglês, em tensão com os Estudos Clássicos – grego, latim e hebraico – e 
transformou‑se no “Clássico do Homem Pobre” (PALMER, 1965, vii) com o 
fim de “civilizar trabalhadores, mulheres ou colonizados” (BALDICK, 1983) e 
contribuir para a formação de uma tradição nacional na Inglaterra e ajudar 
no desenvolvimento de sua identidade nacional. Ao ser levada às colônias, 
neste caso ao subcontinente indiano, com o fim de civilizar os indianos, a 
Literatura Inglesa sofreu um processo de resistência a partir de metáforas 
que refletiam os valores locais.
Já a partir da década de 1960, a disciplina passou a ser problematizada 
e resistida por parte daqueles que tinham sido o alvo desse processo de 
“civilização”, através da literatura, tanto dentro como fora das fronteiras 
nacionais – mulheres, nativos, ex‑colonizados – criando novas situações de 
fricção nessa perpétua desconstrução e reescrita da tradição. Essas novas 
vozes resistiam à tradição literária inglesa como sendo representativa 
do homem branco e europeu, produzindo assim uma mudança na 
consideração da “Literatura Inglesa” de um conceito de literatura 
nacional única, monolítica, homogênea e universalista a um conceito de 
literatura multicultural: social, situada e múltipla. Isso se deu por meio 
da criação de novas literaturas nacionais em inglês, que foram chamadas 
de “pós‑coloniais”: indiana, africana, caribenha, neozelandesa, canadense, 
norte‑americana. Por sua vez, esse processo levou a uma reconsideração 
dos conceitos de literatura, currículo e, por conseguinte, das práticas 
pedagógicas (FESTINO, 2008, p. 171).
O lugar da literatura de língua inglesa era, antes de a Inglaterra tornar‑se Império, o de uma 
disciplina secundária, geralmente instituída às mulheres. Posteriormente, ela passou a ser elemento 
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civilizatório. O cânone inglês tinha uma função pedagógica: levar os povos não civilizados, como se 
pensava, colonizados por meio dos textos literários ingleses.
A preocupação com a função pedagógica do cânone literário toma corpo no 
século XX, no sentido de querer fornecer leituras formadoras ao currículo 
dos jovens e prepará‑los para “reconhecer” as obras de qualidade estética. O 
paideuma, baseado no gosto pessoal e [na] experiência do crítico enquanto 
leitor/escritor, tem por finalidade, sobretudo, manter a hierarquia na arte 
e banir da literatura qualquer elemento que contamine a erudição da 
linguagem e a perfeição da forma (JACOMEL, 2008, p. 5).
O cânone, na verdade, tem a função poderosa de legitimar, hierarquizar o lugar da literatura. Quando 
pequenos, até hoje, costumamos contar estórias, fábulas oriundas da literatura ocidental europeia. Tal 
herança trata‑se de uma hegemonia sobre as culturas locais. O cânone também tem este tipo de relação: 
consideram‑se determinados textos como modelares.The hegemony of the imperial canon is, nevertheless, still in evidence in 
many postcolonial societies, as manifest not only in the choice of curricula 
material and the relative worth assigned to European texts but also 
through the ways in which such texts are taught – usually without serious 
consideration of their ideological biases (GILBERT; TOMPKINS, 2002, p. 14).
A seleção dos textos de autores considerados consagrados do universo literário britânico abona uma 
imposição cultural, o processo de aculturação. Adormecer as culturas locais – a indígena e a de outros 
povos – enaltecer autores e, por meio dos seus textos, levar uma cultura considerada superior, refinada, 
legítima, um processo de pedagogia impositiva.
A forma pela qual tais textos também são ensinados configura o status canônico. Por que ensinar 
tais textos como exemplares se eles são oriundos do colonizador? Onde ficam as literaturas locais?
O fato de o cânone, desde suas origens, ser formado com base na escolha 
realizada por um sujeito crítico e constituir‑se como a base de determinado 
conhecimento, seja literário, teleológico ou gramatical, não lhe torna menos 
subjetivo que qualquer julgamento de valor. Desse modo, é possível entender 
que o cânone corresponde a uma das extensões do discurso dominante, a 
saber, as relações de poder fundamentadas em práticas burguesas. Ocorre 
que a tradição em se escolher “mestres” da arte de escrever que, como já foi 
mencionado, retoma a Antiguidade greco‑latina, sustenta uma espécie de 
domínio sobre o público leitor. Isso comprova que o cânone literário é uma 
seleção fundamentada em fatores extraliterários, ou seja, não se restringem 
apenas às questões estéticas do texto literário, mas também a fatores sociais e 
morais do universo do escritor. Por isso, as “listas” não agregam mulheres, negros, 
ex‑colonizados, enfim, personalidades ex‑centralizadas que não preenchem os 
critérios ideológicos estabelecidos pela crítica tradicional (JACOMEL, 2008, p. 5).
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Trata‑se, portanto, de uma tradição greco‑latina de se considerar textos legítimos, modelares, 
exemplares, pertencentes a uma determinada sociedade privilegiada ou dominante. O mesmo ocorre 
com o Império Britânico. Ensinam‑se textos de autores como Chaucer, Shakespeare, Milton, Coleridge, 
dentre outros, a sociedades colonizadas.
Chimamanda Adichie, jovem escritora nigeriana, na sua palestra intitulada “O Perigo de uma Estória 
Única” (The Danger of a Single Story), remete‑nos a uma questão fundamental: formamos estórias 
(de ficção, como em story), únicas a partir daquelas que nos foram contadas. As estórias únicas são 
validadas, legitimadas sutilmente, por meio do processo de endoculturação, imposição cultural.
Muitas vezes, a leitura dos cânones pode formar estórias únicas, pois as narrativas designam verdades 
sobre determinado povo. As narrativas de um povo sobre o outro também fomentam as perversas 
estórias únicas.
Eu acho que essa única história da África vem da literatura ocidental. Então, 
aqui temos uma citação de um mercador londrino chamado John Locke, que 
navegou até o oeste da África em 1561 e manteve um fascinante relato de 
sua viagem. Após referir‑se aos negros africanos como “bestas que não têm 
casas”, ele escreve: “Eles também são pessoas sem cabeças, que “têm sua 
boca e olhos em seus seios”. Eu rio toda vez que leio isso, e deve‑se admirar a 
imaginação de John Locke. Mas o que é importante sobre sua escrita é que ela 
representa o início de uma tradição de contar histórias africanas no Ocidente. 
Uma tradição da África subsaariana como um lugar negativo, de diferenças, 
de escuridão, de pessoas que, nas palavras do maravilhoso poeta, Rudyard 
Kipling, são “metade demônio, metade criança” (ADICHIE, 2009, p. 2).
Assistindo ao filme da Disney, Frozen, pode‑se verificar o que há de mais comum, generalizador, 
resultante de uma cultura ocidental dominante: uma história em um lugar do norte do mundo, onde há 
fiordes, castelo, pessoas brancas, cultura medieval, entre outros. Lugares comuns à literatura e à cultura 
ocidental dominante. Tais lugares, em geral, podem ser considerados modelares ou adotar uma postura 
de centro.
No fragmento a seguir, retirado do trecho da palestra de Adichie (2009), há as questões legitimadoras 
dos textos que lemos até mesmo quando crianças.
Eu nunca havia estado fora da Nigéria. Nós não tínhamos neve, nós comíamos 
mangas. E nós nunca falávamos sobre o tempo porque não era necessário. 
Minhas personagens também bebiam muita cerveja de gengibre porque as 
personagens dos livros britânicos que eu lia bebiam cerveja de gengibre. Não 
importava que eu não tivesse a mínima ideia do que era cerveja de gengibre 
(risos da plateia). E por muitos anos depois, eu desejei desesperadamente 
experimentar cerveja de gengibre. Mas isso é outra história. A meu ver, o 
que isso demonstra é como nós somos impressionáveis e vulneráveis em 
face de uma história, principalmente quando somos crianças. Porque tudo 
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[o] que eu havia lido eram livros nos quais as personagens eram estrangeiras, 
eu convenci‑me de que os livros, por sua própria natureza, tinham que ter 
estrangeiros e tinham que ser sobre coisas com as quais eu não podia me 
identificar. Bem, as coisas mudaram quando eu descobri os livros africanos. 
Não havia muitos disponíveis, e eles não eram tão fáceis de encontrar 
quanto os livros estrangeiros, mas devido a escritores como Chinua Achebe 
e Camara Laye eu passei por uma mudança mental em minha percepção 
da literatura. Eu percebi que pessoas como eu, meninas com a pele da cor 
de chocolate, cujos cabelos crespos não poderiam formar rabos de cavalo, 
também podiam existir na literatura. Eu comecei a escrever sobre coisas que 
eu reconhecia. Bem, eu amava aqueles livros americanos e britânicos que eu 
lia. Eles mexiam com a minha imaginação, me abriam novos mundos. Mas a 
consequência inesperada foi que eu não sabia que pessoas como eu podiam 
existir na literatura. Então o que a descoberta dos escritores africanos fez 
por mim foi: salvou‑me de ter uma única história sobre o que os livros são 
(ADICHIE, 2009, p. 1).
A história ou estória única também é uma representação de poder. Uma relação de poder, de visão de 
mundo, de legitimação. O estereótipo faz parte de uma construção generalizada e equivocada. Tal processo 
acontece por meio da invasão cultural de países desenvolvidos em relação aos subdesenvolvidos. Estes 
são sutilmente agregados pelos valores daqueles. Os valores e as culturas de outrora são adormecidos. 
O cânone também tem este papel: o de legitimar o que significa ser literário, modelar, em detrimento 
de outras produções.
[...] Poder é a habilidade de não só contar a história de outra pessoa, mas 
de fazê‑la a história definitiva daquela pessoa. O poeta palestino Mourid 
Barghouti escreve que se você quer destituir uma pessoa, o jeito mais simples 
é contar sua história, e começar com “em segundo lugar” (ADICHIE, 2009, p. 3).
A literatura Commonwealth, ou seja, a produzida nos países colonizados pelo Império Britânico – 
Índia, Nigéria, África do Sul, Jamaica, Austrália, Canadá, EUA (o último país já não considerado como 
colônia ou ex‑colônia, mas um primogênito maduro, que se juntou à posição de Império) –, existe como 
literatura inglesa ou periférica? Rushdie (2010) estranha tal afirmação categoricamente considerada 
entre os scholars especializados em Literatura Inglesa.
A few weeks later I was talking to a literature don – a specialist, I ought to say, 
in English literature – a friendly and perceptive man. “As a Commonwealth 
writer”; he suggested, “you probably find, don’t you, that there’s a kind 
of liberty, certain advantages, in occupying, as you do, a position on the 
periphery?” (RUSHDIE, 2010,p. 61).
No que se refere a produzir literatura de língua inglesa, há a posição de periférico – países da 
Commonwealth –, e a do centro – o Império Britânico, propriamente dito, e, provavelmente, os Estados 
Unidos.
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A educação da colônia do Império Britânico era voltada para civilizar as populações colonizadas. O 
que significou a descolonização – entendida como processo de independência de ex‑colônias – para a 
produção literária nas ex‑colônias?
A impulsão da arte produzida nas ex‑colônias era a de criar ou resgatar uma identidade. Formar um 
cânone ou recuperar aquele que havia sido apagado seria uma das funções da arte nessas ex‑colônias.
Qual o motivo do desenvolvimento das literaturas pós‑coloniais? Mediante que necessidade elas 
surgiram? Seriam mera estética artística ou teriam a finalidade de autoafirmação?
Post‑colonial literatures developed through several stages which can be 
seen to correspond to stages both of national or regional consciousness and 
of the project of asserting difference from the imperial centre. During the 
imperial period writing in the language of the imperial centre is inevitably, 
of course, produced by a literate elite whose primary identification is with 
the colonizing power. Thus the first texts produced in the colonies in the 
new language are frequently produced by “representatives” of the imperial 
power; for example, gentrified settlers (Wentworth’s Australia), travelers 
and sightseers (Froude’s Oceana, and his The English in the West Indies, or 
the travels diaries of Mary Kingsley), or the Anglo‑Indian and West African 
administrators, soldiers, and “boxwallahs”, and, even more frequently, their 
memsahibs (volumes of memoirs) (ASHCROFT; GRIFFTHS; TIFFIN, 2002, p. 5).
Escrever em inglês era um ato restrito, primeiro, às elites. Estas se mantinham no status quo da 
colônia e narravam a cultura local sob o próprio olhar do colonizador. A cultura local era considerada 
outra, exótica.
Within its specific agenda, post‑colonialism’s effects can be wide ranging. 
Post‑colonial literature is, according to Stephen Slemon, “a form of cultural 
criticism and cultural critique: a mode of disidentifying whole societies from 
the sovereign codes of cultural organisation, and an inherently dialectical 
intervention in the hegemonic production of cultural meaning” (1987:14). 
Post‑colonial theatre’s capacity to intervene publicly in social organisation 
and to critique political structures can be more extensive than the relatively 
isolated circumstances of written narrative and poetry; theatre practitioners, 
however, also run a greater risk of political intervention in their activities in the 
forms of censorship and imprisonment, to which Rendra in Indonesia, Ngûgî 
wa Thiong’o in Kenya, and countless South African dramatists can attest. While 
banning books is often an “after the fact” action, the more public disruption of 
a live theatre presentation can literally “catch” actors and playwrights in the 
act of political subversion (GILBERT; TOMPKINS, 2002, p. 14).
Kanthapura (Raja Rao, Índia), A Gain of Wheat (Ngugi, Quênia); New Day (Reid, Jamaica), No Longer 
At Ease (Achebe, Nigéria) etc. Esses textos apresentam temáticas em comum: a celebração da luta pela 
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independência. O período pós‑colonial. A demolição da casa e construção de uma nova identidade. Uma 
casa para o senhor Biswas (A house for Mr. Biswas), de V. S. Naipaul, trata de uma Índia em um novo 
território – um entre‑lugar (BHABHA, 1998).
A narrativa do outro decorre da mudança de sujeito. Este é construído com base em uma tradição, 
não mais inglesa, mas uma nova – a das próprias nações. Há uma tentativa de reconstrução ou resgate 
cultural refletida nesta narrativa.
Por “tradição inventada” entende‑se um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras 
tácita ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores 
e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente, uma continuidade 
em relação ao passado. Aliás, sempre que possível, tenta‑se estabelecer continuidade com um passado 
histórico apropriado (HOBSBAWN, 2008, p. 9).
Porém, as tradições inventadas confrontam‑se com as novas, que surgem por necessidade de se 
sobreporem. As novas literaturas reescrevem histórias.
New Literatures in English, very few of which are “new”; and, as the Modern 
Languages Association terms them, Literatures other than British and American, 
a categorization which perpetuates these literatures’ already well‑ingrained 
marginalization from the countries who have historically declared themselves as 
constituting the metropolitan cultural centre or mainstream. Post‑colonialism 
is often too narrowly defined. The term – according to a too‑rigid etymology 
– is frequently misunderstood as a temporal concept meaning the time after 
colonization has ceased, or the time following the politically determined 
Independence Day on which a country breaks away from its governance by 
another state (GILBERT; TOMPKINS, 2002, p. 13).
A língua nessa nova agenda teórica é uma ferramenta utilizada de diversas formas. Não serve 
somente como uma função de comunicar, mas também de traduzir, caracterizar e identificar novas 
culturas. Trata‑se de uma reapropriação cultural.
Language is adopted tool and utilized in various ways to express widely 
differing cultural experiences. These differences may exist in cultures which 
appear to be quite similar. For in one sense all post‑colonial literatures 
are cross‑cultural because they negotiate a gap between “worlds”, a gap 
in which the simultaneous processes of abrogation and appropriation 
continually strive to define and determine their practice. This literature is 
therefore always written out of the tension between the abrogation of the 
received English which speaks from the centre, and the act of appropriation 
which brings it under the influence of a vernacular tongue, the complex of 
speech habits which characterize the local language, or even the evolving 
and distinguishing local english of a monolingual society trying to establish 
its link with place (ASHCROFT; GRIFFITHS; TIFFIN, 2002, p. 38).
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Pode‑se verificar o cuidado de se utilizar o termo inglês (english), com letra minúscula, o que 
não é comum, mas, neste contexto, muito apropriado, visto que o inglês não seria a língua‑mãe 
ou a língua legítima, mas a de resistência. O English, como é conhecido, representa a língua do 
dominador.
O poeta indiano R. Parthasarathy versa um pouco sobre a questão deste Inglês (English – letra 
maiúscula) que se encontra em constante transformação e hibridez.
Leia o texto a seguir.
My tongue in English chains,
I return, after a generation, to you,
I am at the tend
Of my Dravidic tether,
Hunger for you unassuaged.
I falter, stumble.
Speak tired language
Wrenched from its sleep in the Kural,
Teeth, palate, lips still new
To its agglutinative touch.
Now, hooked on celluloid, you reel
Down plush corridors.
Fonte: Parthasarathy (1977, p. 44 apud ASHCROFT; GRIFFITHS; TIFFIN, 2002, p. 118).
A busca pelo vernáculo original, o tâmil ou outra língua indiana, é mostrada no poema. Todavia, 
há a discussão sobre o posicionamento inglês como língua já falada pelo próprio indiano. Mesmo ele 
se encontrando acorrentado, o inglês é expresso. A estética do sânscrito seria como um contraponto, 
ponto de fuga ou de resguardo em relação à língua inglesa produzida em literatura?
Em diálogo com tal cenário, temos as línguas vernáculas de países africanos ex‑colônias 
britânicas. A condição de ser negro também é revelada pelomovimento de negritude, que 
também tem sido alvo de críticas. Como afirma Wole Soyinka, escritor nigeriano, “‘a tiger does 
not proclaim its tigritude (um tigre nunca precisou mostrar sua essência de ser tigre (tigerness), 
portanto como e por que o negro teria de fazer o mesmo?”– (ASHCROFT; GRIFFITH; TIFFIN, 2002, 
p. 123, tradução nossa).
Este subtópico buscou desenvolver as relações entre o canônico – central, modelar, hegemônico 
– e o marginal, que necessariamente lida com a manifestação literária de língua inglesa sob a agenda 
pós‑colonial, a qual é variada, pois pode discutir questões de língua, gênero, espaço, sujeito, identidades, 
entre outros.
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1.4 A diáspora e o entre‑lugar
Neste subtópico, serão abordadas as questões teóricas, geralmente, agendadas nas teorias do 
pós‑colonialismo, como a questão da diáspora, uma teoria social que inclui as manifestações artísticas 
e literárias, e a do entre‑lugar.
Sempre quando pensamos em diáspora, vem à mente necessariamente o termo deslocamento, 
o qual, nos estudos culturais, é utilizado por alguns autores. A diáspora sempre lida com questões de 
identidade. Todavia, tal deslocamento não é somente uma mudança física, mas também se refere às 
questões de construção de sujeito e representação.
Em princípio, pensemos no contexto do Caribe. Uma terra que recebeu muitos migrantes, dentre eles 
escravos africanos e indianos. Estes migraram no período de descolonização, após a Índia ter adquirido 
sua independência do Império Britânico, em 1947. O Caribe é uma complexidade cultural, justamente, 
porque sua identidade é híbrida, mesclada e dinâmica. Não se pode falar sobre o Caribe como uma 
nação primária, constituída por um ou outro grupo.
Como afirma Hall (2009):
[...] a questão da diáspora é colocada aqui principalmente por causa da 
luz que ela é capaz de lançar sobre as complexidades, não simplesmente 
de se construir, mas de se imaginar a nação [nationhood] e a identidade 
caribenhas, uma era de globalização crescente (HALL, 2009, p. 25‑6).
Como Hall se viu pessoalmente imbricado por esta crise identitária, a qual é classificada e assujeitada 
por uma visão eurocêntrica, ele mesmo estudou este fenômeno. Por ter origem africana e europeia e ter 
sido criado na Inglaterra, Hall não era considerado inglês, mas um caribenho inglês.
[...] Na situação da diáspora, as identidades se tornam múltiplas. Junto 
com os elos que as ligam a uma ilha de origem específica, há outras forças 
centrípetas: há a qualidade de “ser caribenho” [West‑Indianness] que eles 
compartilham com outros migrantes do Caribe. (George Lamming afirmou 
uma vez que sua geração – e, incidentalmente, a minha – tornou‑se 
“caribenha”, não no Caribe, mas em Londres!) Existem as semelhanças com 
as outras populações ditas de minoria étnica, identidades “britânicas negras” 
emergentes, a identificação com os locais dos assentamentos, também as 
reidentificações simbólicas com as culturas “africanas” e, mais recentemente, 
com as “afro‑americanas” – todas tentando cavar um lugar junto, digamos, 
à sua “barbadianidade” [Barbadianness] (HALL, 2009, p. 26‑7).
Barbadianness refere‑se a pessoas naturais de Barbados, uma ilha caribenha. Por que haveria de 
se ter uma nova identidade dentro de região? Por que os negros britânicos não são considerados 
simplesmente britânicos? Eles seriam britânicos, mas de origem caribenha.
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[...] Que luz, então, a experiência da diáspora lança sobre as questões de 
identidade cultural no Caribe? Já que esta é uma questão conceitual e 
epistemológica, além de empírica, o que a experiência da diáspora causa 
a nossos modelos de identidade cultural? Como podemos conceber 
ou imaginar a identidade e o pertencimento, após a diáspora? Já que “a 
identidade cultural” carrega consigo tantos traços de unidade essencial, 
unicidade primordial, indivisibilidade e mesmice, como devemos “pensar” 
as identidades inscritas nas relações de poder, construídas pela diferença, e 
disjuntura? (HALL, 2009, p. 28).
A diáspora caribenha diz respeito, no âmbito de deslocamento físico, à mudança de africanos negros 
ao continente americano (América Central). Também se pode falar da diáspora dos indianos em relação 
à ex‑metrópole Inglaterra, bem como da diáspora – deslocamento – de indianos à América Central.
No contexto de gênero, outro tópico que pode ser abordado no pós‑colonial, a mobilidade de 
identidades também é considerada um tipo de diáspora.
As identidades móveis afetam e são afetadas pelos movimentos transnacionais 
e, por sua vez, modificam os sujeitos que se movem através de fronteiras, 
bem como aqueles que se encontram enraizados. Torna‑se possível, então, 
falar não apenas de uma identidade nacional ou subjetividade individual, 
mas sim de identidades híbridas e afiliações múltiplas que definam os 
sujeitos, sobretudo femininos, em um movimento constante, em um 
processo contínuo de estar no mundo. Esses sujeitos são detentores de uma 
cidadania transitória, refletindo um posicionamento que os situa em relação 
a um contexto espacial específico, local, mas ao mesmo tempo movente e 
transnacional (ALMEIDA, 2008, p. 12).
A busca do novo paradigma é o desafio dos estudos culturais atuais. O que anteriormente parecia 
básico, singular, estático, tais como os conceitos de gênero, classe, comunidade ou nação, passa a ser 
irregular. Há uma desconstrução, novas posições. O entre-lugar de Bhabha (1998), portanto, trata‑se 
da subjetivação – a própria interpretação – que pode ser realizada individualmente ou coletivamente – 
destes signos. O entre‑lugar (inbetweeness) não se trata de um lugar geográfico. Trata‑se de um lugar 
cultural, híbrido, dinâmico e irregular.
O entre‑lugar de Bhabha (1998), em O Local da Cultura (The Location of Culture) pode ser um lugar 
narrado, fora das tradições inglesas ou da narrativa em língua inglesa do lugar alheio (other place – a colônia).
O entre‑lugar também questiona o cânone. Existe uma tradição inglesa para levar a inglesidade 
(Englishness) aos povos das ex‑colônias.
O afastamento das singularidades de classe ou gênero como categorias 
conceituais e organizacionais básicas resulta em uma consciência das posições 
de sujeito – de raça, gênero, geração, local institucional, localidade geopolítica, 
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orientação sexual – que habitam qualquer pretensão à identidade no mundo 
moderno. O que é teoricamente inovador e politicamente crucial é a necessidade 
de passar além das narrativas de subjetividades originárias e iniciais e de 
focalizar aqueles momentos ou processos que são produzidos na articulação de 
diferenças culturais. Esses entre-lugares fornecem o terreno para a elaboração 
de estratégias de subjetivação – singular ou coletiva – que dão início a novos 
signos de identidade e postos inovadores de colaboração e contestação, no ato 
de definir a própria ideia de sociedade (BHABHA, 1998, p. 20).
Segundo Ashcroft, Griffiths e Tiffin (2002), na América, o movimento de negritude foi desenvolvido 
pelos trabalhos de Fanon, a fim de desenvolver uma espécie de identidade negra.
In America, Négritudinist ideas and the work of Fanon and his followers 
were instrumental in the development of theories of Black writing and 
Black identity across the diaspora, but in Africa they were more usually 
developed in the geographically more limited from form of pan‑African 
ideology, which sought to articulate the common cultural features across 
the differences between the various national and regional entities which 
remained as the legacy of colonialism (AWOONOR, 1975; IRELE, 1981 apud 
ASHCROFT; GRIFFITHS; TIFFIN, 2002, p. 124).
O escritor negro norte‑americano Richard Wright escreveuobras autobiográficas as quais tratavam 
do que significava ser negro no Mississipi no início do século XX. Em seu romance, conhecido também 
como autobiografia, Black Boy (2006), Wright, desde a mais tenra idade, questiona as relações raciais. 
Embora seja considerado um escritor oriundo de um país não pós‑colonial, podemos considerá‑lo um 
escritor que se encaixa na agenda pós‑colonial, pelo fato de se ter uma necessidade de expressão. No 
fragmento a seguir, de um texto de 1945, Wright tenta entender o que é ser negro.
I soon made myself a nuisance by asking far too many questions of everybody. 
Every happening in the neighborhood, no matter how trivial, became my 
business. It was in this manner that I first stumbled upon the relations 
between whites and blacks, and what I learned frightened me. Though I 
had long known that there were people called “white” people, it had never 
meant anything to me emotionally. I had seen white men and women upon 
the streets a thousand times, but they had never looked particularly “white”. 
To me they were merely people like other people, yet somehow strangely 
different because I had never come in close touch with any of them. For 
the most part I never thought of them; they simply existed somewhere in 
the background of the city as a whole. It might have been that my tardiness 
in learning to sense white people as “white” people came from the fact 
that many from the fact that many of my relatives were “white” looking 
people. My grandmother, who was white as any “white” person, had never 
looked “white” to me. And when word circulated among the black people of 
the neighborhood that a “black” boy had been severely beaten by a “white” 
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man, I felt that the “white” man had had a right to beat the “black” boy, 
for I naïvely assumed that the “white” man must have been the “black” 
boy’s father. And not all fathers, like my father, have the right to beat their 
children? (WRIGHT, 2006, p. 23).
Embora seja considerado um dos maiores escritores do século XX, Richard Wright, escritor negro 
norte‑americano, problematiza muito bem sua condição em toda a sua obra literária. Pelo fato de o autor 
ter vivido em um ambiente hostil e racista no sul dos Estados Unidos, Mississipi, Black Boy (2006) retrata sua 
infância. A condição de ser negro é problematizada do início ao fim. Nesse fragmento, Wright, ainda criança, 
não consegue entender o que significa ser negro. É interessante verificarmos, no fragmento, a condição de 
diferença que foi destinada aos negros norte‑americanos, no universo sulista. Black boy (2006) pode ser 
considerado um entre‑lugar social, pois retrata a condição de ser negro, em um ambiente hostil. Ser negro 
significa pertencer àquele espaço? O negro seria um “ambulante” que está em constante movimento. Esta 
oscilação é o questionamento da própria existência do negro. Por isso, podemos considerar essa obra, 
mesmo que seja norte‑americana, sob o âmbito do entre‑lugar. Em suma, podemos também concluir que a 
diáspora refere‑se a um movimento de identidades culturais, o qual vai além do espaço físico. Trata‑se do 
espaço social e do espaço também das representações. O entre‑lugar, Teoria de Bhabha (1998), dialoga com 
a questão do movimento da diáspora de Hall (2009), por se tratar de envolver lugares sociais e questões de 
pertencimento. O entre‑lugar existe na literatura pós‑colonial de língua inglesa.
 Saiba mais
Leia as seguintes obras:
BHABHA, H. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: 
Editora da UFMG, 2009.
RUSHDIE, S. Imaginary Homelands. London: Vintage, 2010.
 Saiba mais
Leitura sugerida:
WRIGHT, R. Black Boy. New York: Harper Perennial, 2006.
Trata‑se de uma ficção autobiográfica. A história de um menino negro 
do Mississipi, que busca entender o sentimento de apartheid de raças nos 
Estados Unidos no início do século XX.
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Unidade I
 Resumo
Nesta unidade, foram discutidas questões relacionadas à agenda 
pós‑colonial. A diferença entre pós-moderno e pós-colonial também 
foi discutida. Foram abordadas características do pós‑colonialismo que 
estão presentes na literatura de língua inglesa, tais como: a dicotomia 
canônico‑marginal, o entre‑lugar, o hibridismo e a diáspora. O objetivo foi 
levantar a discussão sobre como tais teorias são formadas na literatura de 
língua inglesa.

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