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PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA AN02FREV001/ REV 4.0 2 2 APRESENTAÇÃO O Instituto INE apresenta este módulo, com o intuito contínuo de proporcionar-lhe um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que conduzem ao conhecimento, na área da Educação. Nesse sentido, todos os nossos projetos são, fortemente, comprometidos com o seu progresso educacional, na perspectiva do seu melhor desempenho, como aluno-profissional permissivo à busca do crescimento intelectual. Sendo assim, e, em busca desse conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm acesso à informação, expressam opiniões, constroem visões, diferenciadas, de mundo e produzem cultura, a partir e através de estudos e pesquisas, que essa instituição quer garantir a todos os seus alunos, a saber: o direito às informações necessárias para o exercício de suas variadas funções. Assim, expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo, moderno, atual e, totalmente baseado nas mais renomadas autoridades da área, formulado pelo nosso setor pedagógico, que está sempre empenhado na facilitação de um construto melhor para os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso. Contudo, para a obtenção do sucesso esperado por você, é necessário que seja dispensado um tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita dedicação pelos Doutores e Mestres que compõem a equipe docente do Instituto INE. Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese dos saberes. Este módulo está disponível apenas como base para estudos deste curso. Obstante, o material aqui ofertado não tem sua comercialização permitida, em nenhum formato, sendo, os créditos de autoria dos conteúdos deste material, dados aos seus respectivos autores citados nas Referências. Em sendo, desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos! Atenciosamente, Coordenação Pedagógica do Instituto INE AN02FREV001/ REV 4.0 3 3 SUMÁRIO LEIS, CÓDIGOS E DIRETRIZES DA PSICOPEDAGOGIA ....................................... 11 DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL ......................................................................... 15 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E AS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO ESCOLAR ................................................................................................................. 17 COMO ESTUDAR MELHOR- ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS ........................ 19 Atenção ..................................................................................................................... 19 Memória .................................................................................................................... 19 Associação de ideias ................................................................................................. 21 ORIENTAÇÕES AOS ALUNOS ................................................................................ 21 A leitura ..................................................................................................................... 23 DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO ..................................................................... 26 PRIMEIRO CONTATO (AGENDAMENTO) ............................................................... 27 ANAMNESE .............................................................................................................. 29 DEVOLUTIVA E ENCAMINHAMENTO ..................................................................... 36 INFORME PSICOPEDAGÓGICO ............................................................................. 39 Informe Psicopedagógico .......................................................................................... 44 PROVAS DO DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO .......................................................... 47 TRANSTORNO, DISTÚRBIO, DIFICULDADE OU DOENÇA?.................................. 75 RECURSOS PSICOPEDAGÓGICOS E AMBIENTE DE TRABALHO ...................... 76 OBSERVAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES LÚDICAS .................................... 77 Pauta de observação de sala de aula ....................................................................... 79 Avaliação comportamental ........................................................................................ 83 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 91 AN02FREV001/ REV 4.0 4 4 BREVE HISTÓRICO Quando se fala em Psicopedagogia, atualmente, é possível perceber duas posições: a credibilidade cega no profissional, capaz de desvendar todos os problemas; ou a descrença, pairando a dúvida sobre o quê realmente esse profissional é capaz. Isto se deve às muitas significações que o termo psicopedagogia traz. Mas, afinal, o que é Psicopedagogia? Ao ter o primeiro contato com a palavra, logo se remete à ideia de Psicologia e Pedagogia, unidas para entender os problemas de aprendizagem. Isso realmente aconteceu no início da história da Psicopedagogia, quando os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946, por J. Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica. Esses centros tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola e em casa, bem como atendiam crianças com dificuldade de aprendizagem apesar de serem inteligentes (MERY apud BOSSA, 2000, p. 39), mas comprovou-se, por meio da prática, que não seriam suficientes para compreender os problemas existentes. Era preciso ter alguma noção também de Neurologia, Sociologia, Psicologia Genética e Social. Enfim, os conhecimentos da Psicopedagogia não se baseiam somente nas áreas que o nome nos faz lembrar, pois no momento em que a Psicologia entrou na educação (anos 60 e 70), muitos erros foram cometidos, por meio do Behaviorismo, que via a criança como um ser passivo no processo de aprendizagem que lhe era imposto; e também do Movimento Humanista, que via o aluno separado da realidade. Ainda na década de 60, houve também a medicalização dos problemas de aprendizagem, quando os professores fechavam diagnósticos de disfunções psiconeurológicas, mentais e/ou psicológicas. Dentre os diagnósticos mais comuns estavam a Disfunção Cerebral Mínima e os Distúrbios de Aprendizagem: afasias, disgrafias, discalculias e dislexias, que eram reforçados por médicos e recorriam à linha medicamentosa de tratamento. Na década de 80, por meio de um movimento apoiado pelo Materialismo Dialético, o social passa a ter um peso maior sobre a aprendizagem. Porém, na tentativa de combater o radicalismo das duas teorias psicológicas (Behaviorismo e Humanismo), foi tão radical quanto, deixando de lado a complexidade do ser humano. Ainda hoje vemos o reflexo desse histórico, quando os pais, diante da dificuldade escolar do filho, leva-o ao médico da família e, se este não indicar um profissional especializado, os pais, por si só, não o fazem. Isto porque, se o médico não resolver, sinal de que não é físico, é psicológico e, apesar AN02FREV001/ REV 4.0 5 5 da mídia ter um enfoque na desmistificação da área psicológica/psicopedagógica, ainda há um preconceito grande em relação a esses profissionais, que fazem surgir nos pais uma sensação de fracasso no processo de geração e/ou criação dos filhos. A Psicopedagogia teve na Argentina um dos grandes palcos para seu desenvolvimento. Lá, o enfoque do profissional psicopedagogo é diferente, pois o curso se dá em nível de graduação, e não de pós-graduação, como aqui no Brasil. Segundo a psicopedagoga Alícia Fernández, um dos nomes de destaque da psicopedagogia argentina, foi na década de 70 que surgiram, emBuenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnósticos e tratamentos. Diante da observação de que os pacientes resolviam seus problemas de aprendizagem, mas desenvolviam problemas psicológicos, resolveram incluir o olhar e a escuta psicanalíticos, perfil atual do psicopedagogo argentino (apud BOSSA, 2000, p.41). Como a literatura argentina tem grande influência na área psicopedagógica no Brasil, cabe ao profissional brasileiro pesquisar quais instrumentos lhe são permitidos na utilização em consultório e quais são de uso exclusivo do psicólogo, bem como realizar encaminhamentos quando perceber que há questões além da aprendizagem a serem trabalhadas e que estão fora do seu objetivo e preparo profissional. Outros nomes de destaque na psicopedagogia argentina são Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros. De acordo com SAMPAIO (2004): Temos o professor argentino Jorge Visca como um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra – Psicogenética de Jean Piaget (já que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite) –, Escola Psicanalítica – Freud (já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente) – e a Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière (pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido às influências que sofreram por seus meios socioculturais). (VISCA, 1991, p. 66). Hoje, é possível, ao psicopedagogo, atuar em diversas áreas, porém, muitas delas são pouco conhecidas, como a atuação em hospitais psiquiátricos e de atendimento psicológico, ou mesmo em hospitais gerais, onde as crianças permanecem muito tempo hospitalizadas, passando por um acompanhamento psicopedagógico para que sua aprendizagem não seja prejudicada; e também a atuação em empresas, onde o objetivo seria a aprendizagem do sujeito para uma nova função, auxiliando-o para o desenvolvimento mais efetivo de suas atividades, além das áreas já conhecidas, como escolas, instituições assistenciais, consultórios particulares. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_jean_piaget.htm http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_sigmund_freud.htm http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_pichon_riviere.htm AN02FREV001/ REV 4.0 6 6 O trabalho do psicopedagogo pode ser clínico, quando cuida de um problema já instalado, e preventivo, quando previne que o problema se instale. Porém, esta definição não é fechada, pois o preventivo também pode ser clínico quando cuida de problemas já instalados, prevenindo que surjam novos problemas e, portanto, pode ser realizado numa escola, quando esta se responsabiliza pelo acompanhamento, e não somente no consultório. No Brasil, segundo Lino de Macedo (1994), o psicopedagogo se ocupa das seguintes atividades: orientação de estudos; apropriação de conteúdos escolares que o aluno apresenta maior dificuldade, desenvolvimento de raciocínio, principalmente por meio de jogos; e atendimento a crianças com comprometimentos orgânicos mais graves. Sendo que estas atividades não são excludentes entre si. A Psicopedagogia como uma prática compõe técnicas de intervenção que tratam dos problemas de aprendizagem, trabalhando as possíveis raízes do problema e resgatando os elementos essenciais à aprendizagem de qualquer conteúdo específico, diferenciando-se da prática pedagógica, que se ocupa, especificamente, do conteúdo a ser aprendido. A Psicopedagogia como um campo de investigação descarta qualquer recorte da realidade que impeça uma visão mais completa do fenômeno pesquisado; tem como objetivo de estudo o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade. Já como um saber científico, não tem um corpo de conhecimentos estruturalmente organizado, apesar da prática eficiente. Em sua atuação, é preciso que o psicopedagogo tenha respeito pela escola tal como ela é, apesar de suas imperfeições, pois é por meio dela que o aluno se situará em relação a seus semelhantes, optará por uma profissão e participará da construção coletiva da sociedade à qual pertence. Este fato não impedirá que o profissional colabore para a melhoria das condições de trabalho numa determinada escola ou na conquista de seus objetivos. A aprendizagem é responsável pela inserção da pessoa no mundo da cultura. O psicopedagogo ensina como aprender e, para isso, necessita apreender o aprender e a aprendizagem. Enfim, a Psicopedagogia contribui para a percepção global do fato educativo e para a compreensão satisfatória dos objetivos da educação e da finalidade da escola, possibilitando, assim, uma ação transformadora. ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES Quando adentramos o universo da psicopedagogia, é comum depararmos com alguns termos nos momentos da avaliação psicopedagógica, ou que se referem a distúrbios e/ou dificuldades de aprendizagem, ou ainda dificuldades físicas e/ou psicológicas que podem ocasionar essas dificuldades na aprendizagem. Seguem os conceitos mais comuns. AN02FREV001/ REV 4.0 7 7 Aprendizagem: é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro, que se expressa diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência. Agnosia: etimologicamente, a falta de conhecimento. Impossibilidade de obter informações por meio dos canais de recepção dos sentidos embora o órgão do sentido não esteja afetado. Afasia: perda da capacidade de usar ou compreender a linguagem oral. Está usualmente associada com o traumatismo ou anormalidade do sistema nervoso central. Utilizam-se várias classificações, tais como afasia expressiva e receptiva, congênita e adquirida. ✓ Agrafia: impossibilidade de escrever e reproduzir os seus pensamentos por ✓ escrito. ✓ Anamnese: levantamento dos antecedentes de uma doença ou de um ✓ paciente, incluindo seu passado desde o parto, nascimento, primeira infância, bem como antecedentes hereditários. ✓ Anomia: impossibilidade de designar ou lembrar-se de palavras ou nome dos ✓ objetos. ✓ Autismo: distúrbio emocional da criança caracterizado por incomunicabilidade. A criança fecha-se sobre si mesma e desliga-se do real, impedindo de relacionar-se normalmente com as pessoas. Em um diagnóstico incorreto pode ser confundido com retardo mental, surdo-mudez, afasia e outras síndromes. Existe uma variante do autismo denominada Síndrome de Asperger. Cinestesia: impressão geral resultante de um conjunto de sensações internas caracterizado essencialmente por bem-estar ou mal-estar. Consciência fonológica: denomina-se consciência fonológica a habilidade metalinguística de tomada de consciência das características formais da linguagem. Esta habilidade compreende dois níveis: 1. a consciência de que a língua falada pode ser segmentada em unidades distintas, ou seja, a frase pode ser segmentada em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em fonemas; 2. a consciência de que essas mesmas unidades repetem-se em diferentes palavras faladas (rima, por exemplo). Coordenação viso-motora: é a integração entre os movimentos do corpo (globais e específicos) e a visão. AN02FREV001/ REV 4.0 8 8 Desorientação visoespacial: consiste na perda da habilidade de execução de tarefas visualmente guiadas, na perda da capacidade de interpretação de mapas e de localização na vizinhança ou mesmo dentro de casa. Os aspectos de neuroimagempodem revelar áreas isquêmicas ou de hipoperfusão nas regiões têmporo-occipitais de predomínio à direita. Disartria: dificuldade na articulação de palavras devido a disfunções cerebrais. Discalculia: dificuldade para a realização de operações matemáticas usualmente ligadas a uma disfunção neurológica, lesão cerebral, deficiência de estruturação espaço-temporal. Disgrafia: escrita manual extremamente pobre ou dificuldade de realização dos movimentos motores necessários à escrita. Esta disfunção está muitas vezes ligada a disfunções neurológicas. Dislalia: é a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons na palavra falada. Dislexia: dificuldade na aprendizagem da leitura, devido a uma imaturidade nos processos auditivos, visuais e tatilcinestésicos responsáveis pela apropriação da linguagem escrita. Disortografia: dificuldade na expressão da linguagem escrita, revelada por fraseologia incorretamente construída, normalmente associada a atrasos na compreensão e na expressão da linguagem escrita. Disgnosia: perturbação cerebral comportando uma má percepção visual. Ecolalia: imitação de palavras ou frases ditas por outra pessoa, sem a compreensão do significado da palavra. Enurese: emissão involuntária de urina. Esfíncter: músculo que rodeia um orifício natural. Em psicanálise, na fase anal está ligado ao controle dos esfíncteres. Espaço-temporal: orientar-se no espaço é ver-se e ver as coisas no espaço em relação a si próprio, é dirigir-se, é avaliar os movimentos e adaptá-los no espaço. É a consciência da relação do corpo com o meio. Etiologia: estudo das causas ou origens de uma condição ou doença. Gagueira ou tartamudez: distúrbio do fluxo e do ritmo normal da fala que envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e repetições de sons, sílabas, palavras ou frases. É acompanhada rapidamente por tensão muscular, rápido piscar de olhos, irregularidades respiratórias e caretas. Atinge mais homens que mulheres. Hipercinesia: movimento e atividade motora constante e excessiva. Também designada por hiperatividade. Hipocinesia: ausência de uma quantidade normal de movimentos. Quietude extrema. Impulsividade: comportamento caracterizado pela ação de acordo com o impulso, sem medir as consequências da ação. AN02FREV001/ REV 4.0 9 9 Lateralidade: bem estabelecida, implica conhecimento dos dois lados do corpo e a capacidade de identificá-los como direita e esquerda. Linguagem interior: o processo de interiorizar e organizar as experiências sem ser necessário o uso de símbolos linguísticos. Por exemplo, o processo que caracteriza o analfabeto que fala, mas não lê nem escreve. Linguagem tatibitate: é um distúrbio (e também de fonação) em que se conserva voluntariamente a linguagem infantil. Geralmente tem causa emocional e pode resultar em problemas psicológicos para a criança. Maturação: é o desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas. Abrange padrões de comportamento resultantes da atuação de algum mecanismo interno. Memória: capacidade de reter ou armazenar experiências anteriores. Também designada como "imagem" ou "lembrança". Memória cinestésica: é a capacidade de a criança reter os movimentos motores necessários à realização gráfica. À medida que a criança entra em contato com o universo simbólico (leitura e escrita) vão ficando retidos em sua memória os diferentes movimentos necessários para o traçado gráfico das letras. Mudez: é a incapacidade de articular palavras, geralmente decorrente de transtornos do sistema nervoso central, atingindo a formulação e a coordenação das ideias e impedindo a sua transmissão em forma de comunicação verbal. Em boa parte dos casos, o mutismo decorre de problemas na audição. Os fatores emocionais e psicológicos também estão presentes em algumas formas de mudez. Na mudez eletiva a criança fica muda com determinadas pessoas ou em determinadas situações e em outras não. Percepção: processo de organização e interpretação dos dados que são obtidos por meio dos sentidos. a) percepção da posição – do tamanho e do movimento de um objeto em relação ao observador; b) percepção das relações espaciais – das posições a dois ou mais objetos; c) consistência perceptiva – capacidade de precisão perceptiva das propriedades invariantes dos objetos como, por exemplo, forma, posição, tamanho etc.; d) desordem perceptiva – distúrbio na conscientização dos objetos, suas relações ou qualidade envolvendo a interpretação da estimulação sensorial; e) deficiência perceptiva – distúrbio na aprendizagem, devido a um distúrbio na percepção dos estímulos sensoriais; AN02FREV001/ REV 4.0 10 10 f) perceptivo-motor – interação dos vários canais da percepção como da atividade motora. Os canais perceptivos incluem o visual, o auditivo, o olfativo e o cinestésico; g) percepção visual – identificação, organização e interpretação dos dados sensoriais captados pela visão; h) percepção social – capacidade de interpretação de estímulos do envolvimento social e de relacionar tais interpretações com a situação social. Problemas de aprendizagem: são situações difíceis enfrentadas pela criança com um desvio do quadro normal, mas com expectativa de aprendizagem a longo prazo (alunos multirrepetentes). Praxia: movimento intencional, organizado, tendo em vista a obtenção de um fim ou de um resultado determinado. Rinolalia: caracteriza-se por uma ressonância nasal maior ou menor que a do padrão correto da fala. Pode ser causada por problemas nas vias nasais, vegetação adenoide, lábio leporino ou fissura palatina. Ritmo: habilidade importante, pois dá à criança a noção de duração e sucessão, no que diz respeito à percepção dos sons no tempo. A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas. Sinergia: atuação coordenada ou harmoniosa de sistemas ou de estruturas neurológicas de comportamento. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): pode vir combinado (ambos os presentes) ou isolado (diagnóstico somente de déficit de atenção ou somente de hiperatividade). Como podemos perceber, os conceitos mais comuns em psicopedagogia abrangem diversas áreas do conhecimento. O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO A Psicopedagogia trata de uma complexidade de fatores, juntamente com uma variedade de atuações e funções; para isso é necessário um profissional responsável e, sobretudo, apaixonado pelo que faz, divulgando seu trabalho, esclarecendo as dúvidas de pessoas leigas. Esse será o caminho do psicopedagogo de sucesso, pois existe uma enorme diferença entre ter um diploma de Psicopedagogia e ser um Psicopedagogo. Ser um psicopedagogo é muito mais do que dominar técnicas de psicologia e/ou pedagogia. É sempre estar se atualizando nos assuntos que permitem compreender a criança na maioria de suas manifestações, tanto psíquicas, quanto motoras, sociais, biológicas. Ser psicopedagogo é estar apto a trabalhar de forma clínica e/ou institucional, visando à prevenção como sua filosofia maior; e também AN02FREV001/ REV 4.0 11 11 estar apto às diversas áreas nas quais se pode trabalhar: clínicas, escolas, instituições, hospitais, empresas. Ser psicopedagogo não é apropriar-se de conhecimentos e sim difundi-los; não é criar dependência e sim emancipar; não é rotular e sim socializar. O objetivo de um psicopedagogo não deve ser o problema da aprendizagem e, sim, ela própria, sem deixar que os problemas se instalem para que seja possível atuar. Deve ser facilitador de uma aprendizagem prazerosa, na qual o aluno consegue expor toda a sua potencialidade; deve também orientar o educando a como estudar, verificando se há apropriação dos conteúdos escolares, facilitando o desenvolvimento do raciocínio. A prática psicopedagógica, sobretudo na área clínica, tem sua metodologia de trabalho, ou seja, a abordageme tratamento, se tecendo em cada caso, na medida em que a problemática aparece. Cada situação é única e requer do profissional, atitudes específicas em relação àquela situação. Essa forma de atuação também pode se caracterizar dentro das instituições. Como psicopedagogo, precisamos estar atentos à cultura, à história, enfim, ao contexto social das escolas e famílias, para orientá-las de forma a conseguirem um resultado mais efetivo; diagnosticar a escola e também a família, pois muitas vezes, são ambas ou uma delas que estão prejudicando a aprendizagem da criança. Enfim, o psicopedagogo pode desenvolver “n” atividades no contexto escolar ou fora dele; cabe ao profissional que se digne a assim ser chamado, ser capacitado e responsável, além de incitar a confiança por meio de comportamentos éticos, a todos os quais se dirige, para que seu trabalho tenha pleno sucesso e eficácia, amenizando o sentimento de exclusão que uma criança que não aprende sofre. Muitos cursos de psicopedagogia têm surgido e a demanda pelos cursos também, pois cada vez mais educadores, psicólogos e pais têm sentido a necessidade de conhecer o processo de ensino- aprendizagem e tudo o que envolve esses conceitos. Afinal, na atualidade, estamos em constante metamorfose entre educandos e educadores, pois ora somos alunos e ora professores. Diante desse aumento de cursos e profissionais, precisamos recorrer ao órgão competente para regulamentação da profissão que, aqui no Brasil, é a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), responsável pela organização de eventos, publicação de temas relacionados à psicopedagogia, cadastro de profissionais, entre outras atividades, atuando há mais de 13 anos. LEIS, CÓDIGOS E DIRETRIZES DA PSICOPEDAGOGIA CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA (ABPp) AN02FREV001/ REV 4.0 12 12 Reformulado pelo Conselho Nacional e nato do biênio 95/96. CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS Artigo 1º A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio – família, escola e sociedade – no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia. Parágrafo único A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado com o processo de aprendizagem. Artigo 2º A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios. Artigo 3º O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo. Artigo 4º Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-Graduação de Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal. Artigo 5º O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (I) promover a aprendizagem, garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (II) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia. AN02FREV001/ REV 4.0 13 13 CAPÍTULO II DAS RESPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS Artigo 6º São deveres fundamentais dos psicopedagogos: A) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem o fenômeno da aprendizagem humana; B) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes visões do mundo; C) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos limites da competência psicopedagógica; D) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia; E) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe sempre que possível; F) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma definição clara do seu diagnóstico; G) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; H) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes; I) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção do conceito público. CAPÍTULO III DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES Artigo 7º O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o seguinte: A) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhes são reservadas; AN02FREV001/ REV 4.0 14 14 B) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização; encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento. CAPÍTULO IV DO SIGILO Artigo 8º O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos de que tenha conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade. Parágrafo Único Não se entende como quebra de sigilo, informar sobre cliente a especialistas comprometidos com o atendimento. Artigo 9º O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade competente. Artigo 10 Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal. Artigo 11 Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e a eles não será franqueado o acesso a pessoas estranhas ao caso. CAPÍTULO V DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS Artigo 12 Na publicação de trabalhos científicos, deverão ser observadas as seguintes normas: AN02FREV001/ REV 4.0 15 15 a) A discordância ou críticas deverão ser dirigidas à matéria e não ao autor; b) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores àquele que mais contribuir para a realização do trabalho; c) Em nenhum caso, o psicopedagogo se prevalecerá da posição de hierarquia para fazer publicar em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação; d) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, bem como esclarecidas as ideias descobertas e ilustrações extraídas de cada autor. DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL Artigo 13 O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com exatidão e honestidade. Artigo 14º O psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos mesmos. CAPÍTULO VII DOS HONORÁRIOS Artigo 15 Os honorários deverão ser fixados com cuidado, a fim de que representem justa retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente. CAPÍTULO VIII DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO Artigo 16 AN02FREV001/ REV 4.0 16 16 O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes sobre a organização, implantação e execução de projetos de Educação e Saúde Pública relativo às questões psicopedagógicas. CAPÍTULO IX DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA Artigo 17 Cabe ao psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código. Artigo 18 Cabe ao Conselho Nacionalda ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos princípios éticos da classe. Artigo 19 O presente código só poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e aprovado em Assembleia Geral. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 20 O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembleia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em 12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biênio 95/96, sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembleia Geral do III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia da ABPp, da qual resultou a presente solução. OUTROS DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA PARA O PSICOPEDAGOGO Como podemos perceber, o Código de Ética do Profissional Psicopedagogo é bem claro quando às suas designações. Outros documentos de referência importantes para o psicopedagogo são estes: • Projeto de Lei 3.124 - A de 1997 – de Barbosa Neto. Dispõe sobre a AN02FREV001/ REV 4.0 17 17 regulamentação da profissão de psicopedagogo, cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia e determina outras providências; • Projeto de Lei 128/00 – do deputado Claury Alves da Silva. Autoriza o Poder Executivo a implantar assistência psicológica e psicopedagógica em todos os estabelecimentos de ensino básico público, com o objetivo de diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem; • Código de Ética. Aprovado em Assembleia Geral em julho de 2000; • Sugestão de Ementa e Bibliografia para prova em Psicopedagogia. Elaborada pela Comissão de Cursos e ABPp Nacional, em 5 de dezembro de 2002; • Documentos disponíveis no site da ABPp (www.abpp.com.br). No anexo 1, projeto de lei nº 3512 de 2008 – da deputada Professora Raquel Teixeira – Emendas. O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E AS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO ESCOLAR Na música, são retratadas as visões da escola tradicionalista, tendo o aluno como depósito do saber e o professor como único detentor da sabedoria. Os castigos aplicados pela família (bater) e pela própria escola (sem recreio) voltam os alunos contra as práticas educativas, sendo uma das causas da desmotivação dentro do ambiente escolar. Tudo o que está ao redor é bem mais interessante do que a escola (revistas, videogame, jogos), pois esta não utiliza recursos apropriados para cativar o aluno; falar sua linguagem. As provas são ausentes de significado, não gerando aprendizagem durante os estudos e, por isso, invalidando a principal função da prova, que é a verificação dos conteúdos aprendidos e, frente ao insucesso do aluno, providenciar revisões de conteúdo e novas avaliações. A aprendizagem, por si só, não é reforçadora, pois não está ligada a conteúdos que possam ser úteis na vida do educando, daí a necessidade dos pais utilizarem recursos como “deixar ficar acordado até mais tarde” e “aumentar a mesada” como estímulos ao estudo. A falta de tempo dos pais, que muito trabalham para garantir as condições mínimas de sobrevivência ou os apelos consumistas da atualidade, gera outra questão no que diz respeito AN02FREV001/ REV 4.0 18 18 ao desenvolvimento dos filhos: a culpa dessa falta de tempo faz com que os pais sejam mais permissivos. Como consequência disto, temos a falta de limites, uma das causas do comportamento inadequado dentro da escola; a outra, é a própria dificuldade de aprendizagem, pois, já que o aluno não se destaca pelo positivo (aprendendo), passa a se destacar pelo negativo (bagunçando). A violência urbana e o advento da tecnologia geram jovens cada vez mais sedentários e enclausurados dentro de suas casas, utilizando-se do videogame e do computador como formas de diversão, quase sempre sem a supervisão dos pais. Daí a facilidade de cairem em crimes da internet (cyberbuylling está entre o principal deles na atualidade). Muitas vezes são os próprios pais que não incentivam o acesso à cultura, esporte e lazer, por acharem que, dentro de casa, seus filhos estarão mais protegidos. Porém, na maioria das vezes, o lado positivo do uso do computador para pesquisas, visitas virtuais a museus, entre outros, não é utilizado. A “decoreba” para realizar os processos de avaliação ainda é muito utilizada, por vários motivos. Um deles: os alunos não são ensinados a terem liberdade de escrever no papel o que pensam. Muitas vezes, o professor quer a resposta com as palavras utilizadas nos livros, que pouco trazem o entendimento do conteúdo ao aluno. Ensinar o processo de reescrita e reconto de histórias desde as crianças em tenra idade é o início do processo de emancipação, pois dá ao aluno o direito de entender o que leu e escrevê-lo com suas próprias palavras. O processo de decorar ou memorizar consiste em repetir várias vezes uma frase ou trechos de textos (recurso utilizado pelo rapper no trecho em que fala sobre isso), e, na hora da prova, “ligar o piloto automático” para sua realização. Ao sair dela, em sua grande maioria, o aluno não se lembra de mais nada. Esse processo era muito utilizado para os estudos realizados com questionários estilo perguntaresposta, que hoje algumas escolas aboliram, realizando perguntas nas quais necessitam da compreensão do jovem para relacionar os conteúdos com gráficos ou tirinhas de jornais, entre outros recursos. Mas quem ainda oferece bastante resistência a essas novas formas de avaliação são os próprios pais, pois não podem “tomar o ponto” de seus filhos, e assim não conseguem ter o controle exagerado entre família e a escola, as vezes é melhor que o aluno filho seja transferido para outra unidade escolar para garantir seu bem-estar. AN02FREV001/ REV 4.0 19 19 COMO ESTUDAR MELHOR- ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS Atenção Dentre os princípios fundamentais para o desenvolvimento da atenção pod se citar: Concentração- normalmente a atenção fixa em um determinado objeto, havendo casos em que ela pode se dividir entre dois objetos, embora com perda de eficiência, como por exemplo, estudar ouvindo música; Intermitência- a atenção não pode se manter fixa por longos períodos sem perder a eficácia, de onde se conclui que um período de atenção requer outro descanso. Este outro período deve ser preenchido com objetos diferentes, por exemplo, alternar o estudo com o ato de ouvir música; Interesse- quanto maior é o interesse em uma determinada área, tanto maior será a facilidade de atenção. Memória Existe vários tipos de memória: Visual- facilidade em evocar as imagens daquilo que se viu; Auditiva- facilidade em evocar aquilo que se ouviu; Motora - evocação rápida daquilo que se fez; AN02FREV001/ REV 4.0 20 20 Afetiva- lembrança fácil de relações emotivas; Nominativa – facilidade em lembrar nomes ou palavras relacionadas. Locativa- evocação fácil da região geográfica do objeto ou fato; Para que haja memorização e retenção dos conteúdos ensinados é preciso que eles sejam significativos para as crianças e adolescentes e ligados a alguma emoção positiva. Como exemplo, existem os professores de renome em cursinhos diversos que utilizam letras de música e regras mneomônicas para facilitar a memorização. Há a necessidade de articulação do conteúdo estudado com notícias atuais, com leitura de jornal, com vocabulário elaborado para que os alunos possam compreender o que está sendo solicitado. Cabe ao psicopedagogo, seja dentro da instituição escolar ou em seu consultório, realizar a orientação educacional, que tem como objetivo a organização da rotina de estudos do educando, por meio de técnicas adequadas às diferentes faixas etárias, levando ao autoconhecimento, aprendendo a reconhecer suas capacidades e dificuldades, proporcionando melhor adaptação ao meio social e escolar em que vive, sendo um facilitador no processo de ensino-aprendizagem. Para isso, é importante desenvolver trabalhos de integraçãoentre pais, filhos e escola, pois essa tríade, unida, traz ótimos resultados. Evitar que haja culpabilização (pais x escola), pois isso só prejudica o aluno/filho. Quando há um desgaste A eficácia variável da memória decorre de que alguns possuem, por exemplo, mais desenvolvimento na visual que na auditiva, não significando isto que o indivíduo não possa ou não deva desenvolver todos os tipos. Cabe ao aluno perceber-se e ver quais são os tipos de memória que apresenta maior facilidade para então apropriar-se dos recursos necessários para obter bons resultados. Por exemplo, um aluno com boa memória visual deve estudar por meio de esquemas, gráficos, mapas, e demais recursos gráficos disponíveis para aquela matéria. AN02FREV001/ REV 4.0 21 21 Associação de ideias É a capacidade que possibilita ao indivíduo relacionar e evocar fatos e ideias. Esta capacidade pode ser constatada, por exemplo, numa conversa informal. É fácil observar quantos assuntos diferentes vêm à tona por fatos e ideias relacionadas com experiências anteriores dos interlocutores que são suscitados pela troca de palavras que a conversa exige. Analogia é a melhor forma de integrarmos a aprendizagem. ORIENTAÇÕES AOS ALUNOS Na sala de aula • Preste atenção às explicações do professor. Assim você terá gravado muito da matéria. • Observe e descubra o jeito próprio de cada professor lecionar. • Mantenha a atenção e a concentração na aula. • Concentrar-se significa livrar-se das distrações, das brincadeiras, das conversas paralelas e desnecessárias. O estudo em casa • Comece a estudar hoje, não deixe para amanhã. • Estude todos os dias. • Adquira o hábito de estudar e discipline sua mente. • É mais produtivo estudar um pouco todos os dias, do que muito de vez em quando. • Uma vez estudando, dedique-se realmente a este objetivo. • Estude com a intenção de entender. • Não acumule a matéria para estudar. • Quando o estudo não é habitual, torna-se pesado e difícil. AN02FREV001/ REV 4.0 22 22 • Não revise apenas na véspera ou no dia da prova, você sabe que não funciona. • Matérias e professores com os quais não nos identificamos, não deverão nos impedir de estudar. • Peça ajuda nas dificuldades. Professores, pais, orientadores, amigos podem ajudá-lo. • Enfrente os desafios e faça o melhor que puder. • A escola é apenas o lugar onde você se orienta. O sucesso do estudo depende de você. • Não seja dependente do professor. Pesquise e descubra você mesmo! • Os pontos de uma disciplina têm relação entre si e visam ao mesmo objetivo: o conhecimento da matéria. É importante que, ao estudar, você vá procurando sentir a relação entre as matérias. • Não prossiga seus estudos carregando dúvidas, estas devem ser solucionadas e eliminadas, para que não se tornem progressivas. • Não faça anotações sem qualquer ordem. • Em casa, no mesmo dia, desenvolva as anotações da aula. É muito importante passar a limpo os pontos no mesmo dia. A memória ainda está fresca. • O ponto organizado por você somente será completo e útil para estudar, se você completar suas anotações de aula consultando apostilas, livros, etc. • O acúmulo de matérias exigirá de você um esforço maior que o normal e poderá levá-lo ao cansaço e ao desinteresse (ou ao desespero). • Se tiver alguma dúvida que não consiga resolver, anote para que na próxima aula possa perguntar ao professor. • Adquira o hábito de escrever todos os dias (cartas, diário, anotações, resumos, etc.). Local de estudo • Adquira o hábito de estudar sempre no mesmo lugar. Mantenha um "cantinho de estudo". AN02FREV001/ REV 4.0 23 23 • Um mínimo de condições ambientais se faz necessário para que o estudo em casa possa render: ventilação, pouco ou nenhum ruído, iluminação (a luz deve vir do lado esquerdo ou da frente para evitar sombras). • Mantenha sobre a mesa somente o material necessário para o seu estudo. • Sua mesa deve estar sempre bem organizada e projetada para que você possa estudar de forma proveitosa. Uma mesa confusa e desorganizada provoca cansaço, ineficiência, desânimo, frustração, estresse, etc., não acumule papéis desnecessários. • Organize um arquivo lógico, conforme suas necessidades, usando pastas ou caixas. • Mantenha seu local de estudo em ordem. Um ambiente desordenado causa dispersão da atenção. Alguns dias antes da prova, verifique se todo o material trabalhado pelo professor está em ordem. • Durante a prova, mantenha: calma, atenção e segurança. • Resolva todas as questões; nunca faça apenas um número de questões que você julga suficiente para tirar a nota que precisa para fechar. • Pense antes de escrever! • Não "cole". A fraude pode custar caro! • Releia a prova antes de entregá-la ao professor. • Quando receber a prova de volta, observe os erros e aprenda com eles. • Tire as dúvidas com o professor. • Não jogue fora a prova quando ela for corrigida e devolvida a você. Ela é documento que pode ser útil mais tarde. A leitura A ideia é que retenhamos as ideias do autor e, quando necessário, a reprodução dessas de modo pessoal, o que confirma a compreensão. • A boa leitura depende do número de fixações por linhas. AN02FREV001/ REV 4.0 24 24 • Captar um conjunto de palavras em cada fixação aumenta a velocidade da leitura. • Quando se lê sílaba por sílaba ou palavra por palavra, além de a leitura ser mais lenta, o significado permanece truncado. • Para alguém tornar sua leitura mais eficiente precisa aprender a ler pelo significado, o que se consegue captando conjuntos de palavras. Os tipos de leitura são: • recreativa – cujo objetivo é trazer satisfação à inteligência; • crítica – onde existe um confronto de ideias entre o leitor e o autor; • assimilativa – em que o leitor reconhece o autor como autoridade e procura aprender com ele seu conteúdo. Essas orientações para um estudo efetivo não têm momento certo para acontecer; o quanto antes forem colocadas na rotina das crianças – cada orientação de acordo com o que cada faixa etária pode produzir –, facilitam o processo de ensino-aprendizagem, aumentam a motivação para aprender e disciplina o estudo, preparando o aluno para provas futuras, seja Exame Nacional do ensino Médio (ENEM), vestibulares ou concursos públicos. Hoje, a escola tem uma função social muito maior para as crianças e adolescentes do que a aprendizagem dos conteúdos. É no “segundo lar” que acontece a formação da personalidade dos alunos por meio dos conflitos causados por convivência com colegas, aprendem a lidar com regras impostas por adultos que não são pais ou parentes, começam a ter contato com as diferenças e confrontar os preconceitos trazidos de casa, enfim, muitas crianças e adolescentes têm, na escola, a única forma de convívio, já que, como foi citado anteriormente, a violência e outros fatores fazem com que o convívio social tenha sido reduzido nas últimas décadas. Hoje, o convívio social se dá virtualmente por meio do computador, já que as comunidades virtuais, sites de relacionamento e programas de bate-papo são os mais utilizados nesta faixa etária. Mas não podemos esquecer que essas formas de relacionamento não são reais, pois só conversamos na hora que queremos e com quem queremos e falamos o que achamos melhor, pois ao escrevermos temos um tempo maior de pensarmos o que vamos dizer. Enfim, os pais que dizem que preferem seus filhos dentro de casa porque estão AN02FREV001/ REV 4.0 25 25 seguros, estão equivocados, pois além de estarem privando seus filhos da vida real, estão à mercê de diversos perigos que tomamos conhecimento todos os dias pelos noticiários. A tendência dos profissionais envolvidos no processo de educação formal é tentardiagnosticar, ou encaminhar ao processo diagnóstico, os alunos com problemas de aprendizagem. Porém, não podemos esquecer que muitas vezes os problemas são de “ensinagem”. É preciso avaliar a prática docente juntamente com a criança para verificar as adequações necessárias a serem realizadas para que o educando tenha um maior aproveitamento dos conteúdos ensinados. Os pais também devem se informar, no ato da matrícula, sobre as formas e métodos de ensino e o processo de avaliação usados na instituição escolar. Uma forma de o psicopedagogo identificar se as dificuldades são da criança (aprendizagem) ou da escola (ensino) é a avaliação das provas aplicadas. Temos sempre que observar se a cópia está limpa, ou seja, livre de borrões; se o cabeçalho contém os dados necessários para identificação daquela prova (disciplina, data, nome do professor, conteúdo a ser avaliado, entre outros); se as imagens, como mapas e gráficos, estão com legendas e dados legíveis e nítidos; se os enunciados estão claros e utilizando o vocabulário adequado para aquela faixa etária; se há organização das questões e espaços para resolvê-las; se há erros de digitação ou inadequação com o conteúdo a ser avaliado, entre outras análises. Caso haja alguma inconformidade, faz-se necessário uma conversa com a coordenação da escola para que haja supervisão das provas antes de elas serem aplicadas ou que seja oferecida ao aluno uma chance de realizar uma nova avaliação. As dificuldades mais comuns que aparecem nas crianças dentro do consultório psicopedagógico são a dificuldade de compreensão dos enunciados, a articulação dos conteúdos (intra e interdisciplinarmente), a falta de vocabulário, baixa autoestima, “brancos” na hora da prova. Cabe ao psicopedagogo trabalhá-las de forma interessante e motivadora de acordo com a faixa etária, algo que dentro seu consultório é mais fácil devido aos recursos dos quais dispõe. Já a atuação do psicopedagogo diante desse panorama junto as escolas , consiste na orientação dos professores, seja em reuniões pedagógicas, palestras, cursos rápidos ou pequenas intervenções no dia a dia esscolar. A autora Sandra Zákia Lian Sousa, em seu texto “Revisando a teoria da avaliação da aprendizagem” (apud SOUSA, 1991), alerta para essa necessidade: AN02FREV001/ REV 4.0 26 26 O conceito de avaliação da aprendizagem que tradicionalmente tem como alvo o julgamento e a classificação do aluno necessita ser redirecionado, pois a competência ou incompetência do aluno resulta, em última instância, da competência ou incompetência da escola, não podendo, portanto, a avaliação escolar restringir-se a um de seus elementos de forma isolada. Assim, a avaliação tem na análise do desempenho do aluno um de seus focos de julgamento do sucesso ou fracasso do processo pedagógico. Nesse enfoque, desponta como finalidade principal da avaliação o fornecer sobre o processo pedagógico informações que permitam aos agentes escolares decidir sobre as intervenções e redirecionamentos que se fizerem necessários em face do projeto educativo definido coletivamente e comprometido com a garantia da aprendizagem do aluno. Converte-se então em um instrumento referencial e de apoio às definições de natureza pedagógica, administrativa e estrutural, que se concretiza por meio de relações partilhadas e cooperativas. Enfim, retirar da avaliação escolar todo o seu histórico de instrumento de medida, os desvios na prática docente quando utilizada para punir as classes indisciplinadas com prova surpresa, ou mesmo com notas baixas, é um processo lento, mas com certeza gratificante quando começarmos a ver os resultados. DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO O diagnóstico psicopedagógico é o ponto de partida do trabalho do psicopedagogo. Por isso, precisa ser realizado de maneira séria e atenta aos detalhes de todo o processo, desde o primeiro contato telefônico até a devolutiva, ou seja, a divulgação do diagnóstico. Segundo Weiss (1994), para que tenhamos uma visão global do cliente durante a abordagem do fracasso escolar, precisamos levar em consideração os seguintes aspectos: 1. Aspectos orgânicos – são os relacionados à estrutura biofisiológica do sujeito que aprende. Quaisquer alterações nessas estruturas irão prejudicar o acesso ao conhecimento. Atentar também para o fato de que, na maioria das vezes, crianças portadoras de alterações orgânicas recebem uma educação diferenciada por parte da família, podendo ocasionar problemas emocionais em diversos níveis, gerando dificuldades na aprendizagem escolar. AN02FREV001/ REV 4.0 27 27 Aspectos cognitivos – são os ligados basicamente ao desenvolvimento e funcionamento das estruturas cerebrais que permitem a aprendizagem, entre eles a memória, atenção, antecipação, entre outros. 2. Aspectos emocionais – são os aspectos ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento e a expressão deste por meio da produção escolar (WEISS, 1994, p. 23). Isto porque o não aprender pode ter uma relação com um problema familiar, por exemplo, num caso de não conseguir bom desempenho em matemática a partir da separação dos pais e a constituição de novas famílias (não consegue dividir, subtrair, somar, multiplicar porque isto remete às novas organizações familiares). 3. Aspectos sociais – como o próprio nome diz, trata-se de tudo o que interfere socialmente naquela família, como a sua cultura, sua situação econômica, entre outros. 4. Aspectos pedagógicos – são os aspectos ligados à metodologia de ensino, à avaliação, à dosagem de informações, à estruturação das turmas, enfim, à organização geral da escola, que influem diretamente na qualidade de ensino e interferem no processo de ensino-aprendizagem (WEISS, 1994, p. 24). Diante desses aspectos, é importante lembrar que o bom diagnóstico psicopedagógico não é medido pela quantidade de instrumentos utilizados, mas, sim, que os instrumentos utilizados sejam capazes de auxiliar no entendimento do funcionamento desses cinco aspectos do cliente em questão. PRIMEIRO CONTATO (AGENDAMENTO) O primeiro contato telefônico para agendamento de uma consulta com o profissional de psicopedagogia deve ser cercado de alguns cuidados, pois é o primeiro movimento da família em busca de uma mudança. É o reconhecimento de que algo não vai bem, e aceitar isso muitas vezes é difícil para toda a família ou para alguns dos membros. Quando há uma secretária/recepcionista para realizar esse agendamento, é necessário que o profissional a instrua sobre como agir nessas situações. Deve ser simpática e reservada ao mesmo tempo; explicar de forma sucinta e clara as informações pertinentes, como horários de atendimento, duração das sessões, valores e o que mais for solicitado pelo cliente, porém, AN02FREV001/ REV 4.0 28 28 algumas questões serão respondidas apenas pelo profissional. Caso seja o próprio psicopedagogo a receber os contatos telefônicos, além dessas informações, pode-se passar também a forma de trabalho. É importante que se tire as dúvidas, mas que não deixe o futuro cliente se alongar neste contato, deixando para o momento da entrevista inicial os detalhes sobre a queixa. Podemos perceber o nível de ansiedade se há pedidos de urgência, número exagerado de sessões ou horários inadequados. QUEIXA Quando recebemos os responsáveis pela criança no consultório, existe uma ansiedade, algumas vezes até do próprio profissional, que precisa ser controlada para não afetar o encontro. Como exemplo, os responsáveis podem chegar muito antes do horário combinado, podem começar a falar e não parar mais, ou apenas se deter em responder as questões realizadas pelo profissional. O ideal, nesses momentos, é receber os responsáveis de forma cordial, mostrando-lhes o espaço do consultório, falando um pouco sobresua experiência e perguntando-lhes em que pode ajudá-los. Aí se evidencia a queixa explícita, que pode ser uma para a mãe, outra para o pai e outra para a criança; pode ser uma para os pais e outra para a criança, ou ainda, pode ser a mesma para todos, mas não a queixa verdadeira, a qual chamamos de implícita, e só irá aparecer no decorrer das sessões, quando os envolvidos criarem mais confiança no psicopedagogo. Este primeiro momento com os responsáveis é importante para avaliarmos se o casal comparece, se somente um deles, ou ainda se levam a criança junto. Há autores que defendem que este primeiro atendimento seja com a presença da criança, outros, que seja somente para os responsáveis. Porém, a vivência de consultório possibilita viver as duas situações e, na segunda, os pais se sentem mais tranquilos para responder às questões, costumam reconhecer erros na criação dos filhos, mostram-se frágeis diante de alguns assuntos, além de que, com a presença da criança, os responsáveis não conseguirem dar atenção devida ao profissional, pois ficam preocupados com a criança na recepção, e logo querem ir embora, marcando outro momento no qual possam comparecer sozinhos, ou ainda, AN02FREV001/ REV 4.0 29 29 se a criança está dentro do consultório, realizando alguma atividade, costumam falar por gestos, ou realizar ligações telefônicas posteriormente para complementar dados que no consultório não quiseram dizer pela presença da criança/adolescente. São muito úteis todas essas percepções, pois nestes casos percebemos que não há um diálogo livre entre os membros da família, o tipo de vínculo entre o casal, e mãe/filho, pai/filho. Muitas vezes, um dos pais sempre se nega a ir; é importante que ambos compareçam num determinado momento, mesmo que na devolutiva, para que as orientações sejam executadas pelo casal e todos “falem a mesma língua” dentro de casa. Quando marcam outro horário, podem desmarcar por causa de algum imprevisto. Cabe ao profissional registrar essas situações para serem retomadas num período oportuno, pois caracterizam resistência ao acompanhamento. Ainda neste momento com os responsáveis, após a explicitação da queixa, é importante que haja uma entrevista semiestruturada, ou seja, que os pais tragam para a sessão o que julgarem importante para eles. Às vezes, faz-se necessária mais de uma sessão para este momento. O psicopedagogo vai colocando algumas perguntas ocasionalmente, quando houver término do assunto ou quando os responsáveis solicitarem essa intervenção (daí o nome da entrevista ser semiestruturada). Quando essa etapa for totalmente esgotada, então parte-se para a anamnese, que é uma entrevista estruturada. Porém, pode acontecer dos responsáveis “travarem” no primeiro encontro, ou serem muito fechados. Para não haver constrangimento, nesses casos, inicia-se com a anamnese e, quando os pais se sentirem à vontade, vão adicionando mais informações. ANAMNESE A anamnese é uma entrevista estruturada que contém dados da história do cliente desde sua concepção até os dias atuais. Existem diversos modelos de anamnese, mas a melhor é aquela que é adaptada pelo próprio psicopedagogo para seu uso clínico após pesquisar vários modelos. É importante que não seja maçante, em forma de questionário, mas que ofereça as informações necessárias para o seu trabalho, principalmente num caso de avaliação psicopedagógica, na qual existem prazos para a execução e devolutiva (normalmente, de oito AN02FREV001/ REV 4.0 30 30 a dez sessões) e propicie aos responsáveis uma oportunidade de falar sobre os problemas e dificuldades que estão enfrentando. Muitas vezes, ao final da entrevista inicial e anamnese, o psicopedagogo já percebe que a queixa é outra. É importante conversar com os pais sobre isso, pois já se inicia um processo de mudança neles próprios como também do planejamento da atuação do psicopedagogo junto da criança. No momento da anamnese, são enfatizadas situações em detrimento de outras; é importante que o psicopedagogo esteja atento a essas ênfases e perceba, a todo o momento, sua postura, se está sendo acolhedor, fazendo com que os pais possam ser espontâneos e diminuírem suas defesas. O modelo a seguir é uma adaptação do citado por Weiss (1994) e utilizado para entrevistas iniciais com os pais ou responsáveis e posterior planejamento das estratégias para atendimento ao cliente. ANAMNESE PSICOPEDAGÓGICA Data: ___/___/_____ Dados pessoais (ideal que sejam recolhidos no contato telefônico) Nome do responsável:_________________________________________________ Telefones de contato: _________________________________________________ Nome do paciente: ___________________________________________________ Idade: ______________________ Data de Nascimento: ______________________ Escolaridade: ________________________________________________________ Escola: _____________________________________________________________ Quem solicitou a avaliação: _____________________________________________ Por qual razão a fez (queixa): ___________________________________________ Quem indicou o profissional:_____________________________________________ Está em atendimento com outros profissionais? _____________________________ Se sim, quais? _______________________________________________________ O paciente concorda em fazer a avaliação? ________________________________ Valores da sessão e duração: ___________________________________________ AN02FREV001/ REV 4.0 31 31 Agendamento e prazo para desistência:____________________________________ a. História das primeiras aprendizagens não escolares: (abrange todo o desenvolvimento infantil; muitas vezes os pais têm dificuldade de lembrar com quantos anos estava a criança nessas ocasiões; é importante deixá-los à vontade e, caso não se lembrem, perguntar se foi normal, como as crianças da mesma idade na época ou se foi tardio ou precoce). a) Uso da mamadeira. b) Uso da colher. c) Uso da canequinha. d) Engatinhar. e) Andar. f) Andar de velocípede. g) Controle dos esfíncteres. h) Aquisição da fala. i) Outros. (deve-se acrescentar o que mais surgir de importante no que diz respeito às aprendizagens: se elas foram estimuladas pela família, se ocorreram naturalmente ou tiveram um forte nível de exigência). escolares: a) Adaptação à escola. b) Idade de ingresso. c) Alfabetização. d) Mudança de escola. e) Aulas extras. f) Outros. b. Evolução geral a) Desenvolvimento físico. AN02FREV001/ REV 4.0 32 32 b) Aquisição de hábitos (da casa e da família). c) Interiorização de normas (da família e da escola). d) Alimentação (come bem?, tem restrições?, gosta de beliscar?). e) Sono (normal ou agitado? Tem sono fora de hora?). f) Sexualidade (demonstra curiosidade? Já perguntou?). g) Ocorreram problemas neurológicos ou acidentes? h) Houve defasagens significativas? (de qualquer ordem). i) Foi estimulado a novas aprendizagens? (situação socioeconômica). j) Foi desejado? k) Como se deu a gravidez? l) Outros. c. História clínica (problemas de saúde em geral, acompanhamentos com especialistas, cirurgias, internações, atitude da família). d. História da família nuclear a) Fatos marcantes dos pais e irmãos antes, durante e depois da entrada do paciente na família. b) As famílias provenientes dos novos casamentos dos pais (perspectiva socioeconômica e cultural). c) Alterações familiares (nascimento de irmãos, mudanças, mortes, desemprego, separações). d) Houve, para a criança, oportunidade de elaborar a perda? (Se a perda ocorrida estava ligada a um castigo prometido e eventualmente acontecido – por exemplo, “o papai vai embora para sempre se você não se comportar”; ou se estava relacionadacom a vontade de conhecer, curiosidade sobre os fatos). e. História da família ampliada (relações com familiares paternos e maternos, como tios, primos e avós). AN02FREV001/ REV 4.0 33 33 6.4 CONTRATO E SESSÕES DE AVALIAÇÃO Mesmo que os dados solicitados no primeiro contato telefônico sejam informados pelo psicopedagogo, é imprescindível que o mesmo retome esses dados para que seja firmado o contrato de trabalho. Os itens necessários para esse contrato constam na primeira parte da anamnese sugerida. Nesse momento, o psicopedagogo já sabe se pode atender esse caso ou não, o valor das sessões a serem cobradas, se concederá ou não desconto, a duração das sessões, os horários disponíveis para atendimento e os prazos para desmarcar as sessões em caso de imprevistos. Não há necessidade de contrato em papel, mas caso queira realizar, também é possível. O não cumprimento do contrato por parte dos clientes também é terapêutico, pois conseguimos ver, por meio dessas atitudes, outras que são tomadas no dia a dia do indivíduo, trazendo outras dificuldades. Também é importante sempre passar o feedback dessas situações, para que sejam ocasionados momentos de reflexão. Os pais, às vezes, apresentam alguma decepção quando falamos do período de avaliação diagnóstica. Eles querem que imediatamente olhemos para seus filhos e digamos o que os impede de aprender. Para aliviar essa ansiedade é necessário que o psicopedagogo diga a eles que o processo de avaliação é terapêutico, ou seja, durante esse processo, mesmo sem saber o que a criança ou adolescente tem como dificuldade de aprendizagem, algumas posturas serão modificadas, pois a criança ou adolescente vê que seus pais estão preocupados com essa dificuldade e enxergam uma possibilidade de sanar ou amenizar seus problemas. FIGURA 20 – Processo de Avaliação. AN02FREV001/ REV 4.0 34 34 FONTE: Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/fotosdoacre/>. Acesso em: 25 ago. 2010. Da mesma forma, o contrato deverá ser elaborado com a criança no primeiro dia de atendimento. Após recebê-la de forma afetuosa, pergunte se sabe por que está ali. Normalmente elas sabem, pois os pais já foram orientados a dizer, mas querem ouvir a versão do terapeuta; outras vezes, os pais não dizem o porquê de a criança estar indo ao consultório, falam que vão brincar um pouco. Independente se houve ou não informação, o terapeuta deve perguntar à criança ou adolescente porque ele acha que está ali. Esta é a queixa proveniente do cliente. Após esse momento, devem ser colocadas as informações pertinentes à criança ou adolescente no que se refere ao contrato realizado com a família (horários, duração da sessão) e também as regras para as sessões, ou seja, como será a forma de trabalho, se o psicopedagogo sempre dirá o que deve ser feito (período de avaliação) ou se existem momentos nos quais o cliente poderá escolher (acompanhamento psicopedagógico), quais os objetivos e a importância de sua colaboração no processo. FIGURA 21 – Contrato. AN02FREV001/ REV 4.0 35 35 FONTE: Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/ana_cotta/>. Acesso em: 25 ago. 2010. As primeiras sessões são muito importantes para a criação do vínculo entre psicopedagogo e cliente, pois é preciso que este veja o adulto como alguém que poderá ajudá- lo em suas dificuldades. Uma forma de facilitar o processo é utilizar uma linguagem próxima da faixa etária, no que diz respeito à temática e ao vocabulário. Dessa forma, o atendimento flui de forma gostosa e os resultados aparecem rapidamente. Caso haja resistência, verifique junto ao cliente o que ele estaria fazendo neste horário caso não tivesse que ir à sessão. Às vezes, descobrimos que a família está utilizando o recurso psicopedagógico de forma punitiva, tirando a criança de uma aula de esporte a qual ela gostava, por exemplo. Faz-se necessário, diante de situações como essa, reunir os pais e a criança para que seja discutida essa atitude e novas opções de horário colocadas à disposição. Após as sessões com a criança, segundo Weiss (1994), temos como chegar ao “Modelo de Aprendizagem”: Entendo como Modelo de Aprendizagem o conjunto dinâmico que estrutura os conhecimentos que o sujeito já possui, os estilos usados nessa aprendizagem, o ritmo e áreas de expressão da conduta, a mobilidade e o funcionamento cognitivo, os hábitos adquiridos, as motivações presentes, as ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender, as AN02FREV001/ REV 4.0 36 36 relações vinculares com o conhecimento em geral e com os objetos de conhecimento escolar, em particular, e o significado da aprendizagem escolar para o sujeito, sua família e a escola. Quando o terapeuta consegue chegar ao esboço do Modelo de Aprendizagem do sujeito, ele já atingiu um nível de integração dos dados obtidos que lhe permite refletir e levantar hipóteses sobre a causalidade do problema de aprendizagem e/ou fracasso escolar e traçar direções do que fazer para mudar a problemática existente, sempre considerando os diferentes níveis de orientação à escola, à família, e de tratamentos especializados (psicopedagógicos ou outros). Dessa integração de dados é que surge o Prognóstico e o conteúdo para a entrevista de Devolução. DEVOLUTIVA E ENCAMINHAMENTO A devolutiva é o momento onde tudo o que se foi recebido do cliente e de seus responsáveis é “devolvido” em forma de diagnósticos e/ou orientações. Caso a escola seja a solicitante da queixa, é importante que o psicopedagogo faça uma visita no início da avaliação e após a sua realização para levar os resultados ao conhecimento de quem for de direito (professores, coordenação e direção). Neste momento, é importante ter cuidado com o sigilo ético, levando informações necessárias ao bom desenvolvimento escolar do cliente e desprezando os fatos íntimos, que podem “vazar” dentro de uma instituição escolar, trazendo constrangimentos ao cliente. Esses dados só serão passados aos pais do cliente se este autorizar. Por isso é tão importante a devolutiva com a criança, que deve ocorrer antes das realizadas à família e à escola. Imagine a criança ao passar por um atendimento psicopedagógico, quantas coisas não passam por sua cabeça: os momentos frustrantes, nos quais não conseguiu realizar uma atividade ou completá-la; os momentos em que ganhou jogos e que foram divertidos realizá- los. Tudo isso confunde a cabeça da criança, que passa por um conflito: se eu continuar vindo aqui será sinal de que não sou inteligente; porém, se eu deixar de vir aqui, vou ficar triste, porque gosto deste momento. AN02FREV001/ REV 4.0 37 37 FIGURA 22 – Pensamento. FONTE: Disponível em: < http://www.flickr.com/photos/marlisee/>. Acesso em: 25 ago. 2010. Por isso, é muito importante que o contrato sempre seja retomado quando necessário. Deixar claro que o cliente está ali de passagem dure quanto tempo for necessário. É importante também passar aos pais os momentos de descontração da criança dentro do consultório, pois muitas vezes, devido ao excesso de trabalho que ocasiona falta de tempo junto dos filhos, os pais não sabem ao certo do que eles gostam. A reprodução destes momentos em família faz com que os clientes não se vinculem mais do que o necessário para a efetivação do acompanhamento. No momento da devolutiva à criança é importante que se diga seu diagnóstico com cuidado, utilizando palavras que ela entenda, passando orientações quanto ao seu prognóstico, ou seja, o que ela será ou não capaz de realizar se tomar algumas medidas (acompanhamentos com outros profissionais, como fonoaudiólogo ou psicólogo, por exemplo). Explica-se que tudo o que se está dizendo a ela agora será dito aos seus pais, se tem alguma restrição. Em casoafirmativo, escuta-se o que a criança ou adolescente não quer que AN02FREV001/ REV 4.0 38 38 conte. Se for algo irrelevante, concorda-se; se for algo importante para a continuidade do acompanhamento e melhora no desenvolvimento da criança, tentar convencê-la da importância de contar o fato. Colocar opções caso haja resistência, por exemplo: se quer contar primeiro em casa, num momento oportuno, se quer estar presente no dia da devolutiva, ou se quer que o profissional diga como irá contar aos pais. Ainda segundo Weiss (1994, p. 133-4), existem diferentes formas de se fazer a devolução: No consultório: Inicialmente só o paciente e depois os pais: comumente ocorre com os adolescentes, que desejam discutir seu próprio caso sozinhos e depois que se converse com os pais; Inicialmente só o paciente e depois novamente o paciente junto com os pais; A entrevista transcorre desde o início com o paciente e seus pais; No caso de pais separados, as situações variam de acordo com o nível de entendimento ou conflito deles e a existência ou não de novo companheiros que estejam envolvidos com o paciente. Na escola: Somente com o elemento da equipe escolar; Com o paciente e o elemento da equipe escolar; Com o paciente, seus pais e o elemento da equipe escolar; Com os pais e o elemento da equipe escolar. Em acompanhamentos mais longos, há a necessidade de devolutivas parciais para passar informações aos pais proporcionando mudanças efetivas e imediatas para o bom andamento do processo e também para tirar algumas dúvidas que porventura tenham surgido nesse espaço de tempo. Mas tanto as devolutivas parciais quanto as finais obedecem ao seguinte esquema: 1. Retomada da queixa – inicia-se esse momento, também carregado de expectativa e ansiedade, pela retomada da queixa (explícita na entrevista, e a implícita, que se aflorou no decorrer do processo; se houve divergências entre as queixas, etc.). AN02FREV001/ REV 4.0 39 39 2. Retomada do processo – o psicopedagogo retoma o processo desde o início, falando sobre suas impressões de como a família chegou ao consultório, as técnicas utilizadas no atendimento à criança, se houve ou não cumprimento do contrato, entre outros. 3. Pontos positivos do paciente – aqui são retomados todos os êxitos do paciente, suas conquistas, o que foi melhorado e/ou superado. 4. Pontos a serem trabalhados – são passadas as orientações e recomendações gerais à família e à escola. 5. Encaminhamentos – por fim, realizam-se encaminhamentos quando necessários para profissionais de saúde, educação, esporte, enfim, o que for necessário para a criança melhorar seu desenvolvimento global. Após o encaminhamento, quando solicitado pela família o nome de profissionais para indicação, é importante levar em conta a situação econômica da família para que se faça o encaminhamento para profissionais particulares ou de órgãos públicos. Ter esse conhecimento aumenta as possibilidades do encaminhamento realmente se efetivar. Outro cuidado é com o número de profissionais envolvidos no encaminhamento, o que pode levar a uma sobrecarga de atendimentos que nem sempre trarão resultados à criança. Primar pelos mais emergenciais para que, quando sanados alguns problemas, possam ser trabalhados outros. INFORME PSICOPEDAGÓGICO O informe psicopedagógico é o documento que o psicopedagogo elabora ao término da avaliação ou de um acompanhamento psicopedagógico. Por meio dele é possível passar informações sobre o processo que foi realizado com o cliente, encaminhamentos para profissionais e orientações à escola e aos pais. Caso haja necessidade, fazer dois tipos de informe: um mais completo para os pais e outro somente com as informações pertinentes à escola ou outro órgão solicitante. AN02FREV001/ REV 4.0 40 40 O informe é importante também para sistematizar o trabalho do psicopedagogo, além de facilitar o planejamento das sessões subsequentes. Segue o modelo de informe com dados de um estudo de caso pautado em observações e seu respectivo programa de trabalho, ou seja, planejamento das sessões. Na sequência, temos outro informe, este já baseado numa avaliação psicopedagógica realizada em consultório, na qual a solicitante foi a escola. FIGURA 23 – Trabalho do Psicopedagogo. FONTE: Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/fotosdoacre/>. Acesso em: 25 ago. 2010. Informe Psicopedagógico I. Dados Pessoais Nome: G.B. Sexo: feminino Data de nascimento: 15/07/1987 Idade na avaliação: 12 anos Escolaridade: 6ª série (atual 7º ano) de escola pública AN02FREV001/ REV 4.0 41 41 II. Motivo da avaliação – Encaminhamento Constantes encaminhamentos para reforço pedagógico em sua vida escolar. III. Período de Avaliação Foram observados os cadernos de 1999 e o seu comportamento em casa e em sala de aula no primeiro bimestre de 2000. IV. Instrumentos Utilizados 1. Observação de cadernos; 2. Observação na escola; 3. Observação em casa. V. Análise dos resultados na diferentes áreas 1. Na pasta plástica que encapa o caderno há um adesivo que apresenta números e a palavra “difícil” (referência à matemática). Caderno bem cuidado, apresentando desenhos, mudança de cores de caneta, adesivos. Erros ortográficos: omissão de acentos; troca, omissão e adição de letras (exemplos: “esprosão” – explosão; “gradora” – geradora; “...cada aveis se espande porc causa da esplosão” – ...cada vez se expande por causa da explosão). Não usa borracha, apenas corretivo e em algumas situações esquece-se de completar a palavra. Repassa as palavras escritas com a própria caneta ou escreve à caneta por cima de uma palavra escrita a lápis (principalmente na correção de questionários e exercícios). Quando não pula a linha entre as respostas de um questionário, passa um traço à caneta, separando duas respostas. Anota os recados passados pela professora como datas de entrega de trabalhos, páginas de textos a serem lidos, entre outros. Letra de adulto no caderno de ciências (definição de agricultura orgânica). AN02FREV001/ REV 4.0 42 42 Questionários incompletos, assim como textos copiados da lousa. Devido a isso, deixa espaços em branco no caderno, mas algumas vezes não os preenche, outras vezes falta ou sobra espaço. Em alguns trechos, falta de pressão no lápis. Lição de casa sem fazer, principalmente em português e ciências. Desorganização: matéria de português na primeira folha do caderno de matemática; contas efetuadas em espaços muito pequenos, fazendo com que os resultados sejam alterados. Presença de vistos e correções de professores. Cola outras folhas por cima de erros ou desenhos que não tenha gostado do resultado. Não usa régua. Repetição de frases e incoerência em outras (principalmente em redação). Dificuldade em interpretação de texto. Em geometria, os desenhos são borrados pelo uso da caneta, do corretivo ou da borracha: falta de material adequado, gerando falta de exatidão nos desenhos. 2. Em sala, copia lição e depois conversa. Brinca com colegas, mas não fala alto. Às vezes escreve e fala ao mesmo tempo. Reclama que não consegue enxergar quando bate claridade na lousa e pega caderno do amigo. Senta nas primeiras carteiras e se está do lado esquerdo da sala e a lição está do lado direito, muda de carteira para copiar e depois volta para o lugar anterior. Erra muito e tem a letra feia quando copia rápido. Por isso, esse ano, passa a limpo as lições porque tem fichário. Durante a aula, pergunta como se escreve as palavras (exemplos: “pessoas é com s ou ç?”, “cozinha é com s ou z?”. No recreio, fica com amigas sentada conversando. Não leva nem compra lanche. Caso ofereçam, não pega. A relação com os professores e funcionáriosé boa e quando é chamada a atenção, obedece. 3. Em casa não tem hora fixa para fazer lição devido a atividades extras: teatro e artesanato (oficinas municipais); inglês (particular) e catequese (igreja católica). (Essas atividades não foram observadas). AN02FREV001/ REV 4.0 43 43 Quando a mãe sai, G.B. cuida dos irmãos mais novos (menina de sete anos e menino de nove anos). Diz que os irmãos obedecem e não dão trabalho, pois ficam no computador brincando. VI. Hipótese Diagnóstica De acordo com o processo de investigação da aluna, por meio da observação de seu material didático, seu desempenho escolar e sua rotina familiar e social, é possível que haja defasagem ortográfica e dificuldade visual. VII. Encaminhamentos e orientações Encaminha-se ao oftalmologista para comprovar ou descartar o problema visual e ao psicopedagogo para desenvolvimento de programa para sanar a defasagem ortográfica. VIII. Prognóstico Após a realização e efetivação dos encaminhamentos e procedimentos propostos, é possível que G. B. tenha um aumento de sua autoestima, facilitando o processo de autonomia e autoconfiança, hoje em estágio aquém do esperado para sua idade. Programa Psicopedagógico Objetivo terminal: a criança deverá desenvolver a ortografia corretamente. I. Objetivo intermediário: a criança deverá ser capaz de perceber a omissão, adição e as trocas de letras. Atividade 1: Apresenta-se à criança exercícios de discriminação visual nos quais ela irá perceber quais as figuras são idênticas de acordo com formas, comprimentos, quantidades, tamanhos, orientações e situações. Material utilizado: folhas com exercícios, lápis, borracha e lápis de cor. Atividade 2: Jogo “Palavra Cruzada” ou revistas que contenham passatempos diversos. Material utilizado: próprios jogos ou revistas, papel, lápis e borracha. AN02FREV001/ REV 4.0 44 44 Atividade 3: Pede-se à criança que escreva um texto referente a uma gravura de uma revista à sua escolha. Material utilizado: papel, lápis, borracha e revistas diversas. II. Objetivo Intermediário: a criança deverá desenvolver a acentuação gráfica das palavras de forma correta. - Atividade 1: apresenta-se à criança uma história breve, onde todas as palavras estão sem acentuação. Em seguida, a criança lerá a história em voz alta e será observado se ela lê as palavras acentuando-as ou conforme foram apresentadas. Material utilizado: texto escolhido pelo aplicador, lápis e borracha. - Atividade 2: Serão ditadas para a criança somente palavras acentuadas. Material utilizado: papel, lápis e borracha. - Atividade 3 – Será trabalhado com a criança CD-ROM com atividades de acentuação e jogos de soletração nos quais não se pode esquecer de soletrar os símbolos gráficos pertencentes à grafia das palavras. Material utilizado: Computador e CD. Este caso teve o seu prognóstico cumprido: G.B. não foi mais encaminhada ao reforço escolar, começou a se destacar nas atividades escolares e, após o término do Ensino Médio, ainda em escola pública, conseguiu ingressar numa universidade pública de ponta. Informe Psicopedagógico 1. Dados Pessoais Nome: N. F. Data de nascimento: 11/11/2003 Idade na avaliação: 6 anos Escola: Fictícia Ltda. Ano: 1º EF AN02FREV001/ REV 4.0 45 45 2. Motivo da avaliação – Encaminhamento Falta de concentração nos estudos, desmotivação. Retenção escolar no ano anterior. 3. Período da avaliação e número de sessões Março a maio de 2010, num total de 8 sessões. 4. Instrumentos usados Foram utilizados como recursos para avaliação: jogos, desenhos, questionários e testes. 5. Análise dos resultados nas diferentes áreas, recomendações e indicações Foi realizada com N. F. uma sondagem completa das habilidades para alfabetização. A seguir, apresento os resultados para cada habilidade: - Avaliação da motricidade fina e geral: bom desempenho, porém suas habilidades correspondem a uma criança de cinco anos e meio. Precisa ser constantemente estimulada a colocar e tirar roupas e calçados, abotoar, amarrar, correr, dançar e realizar atividades de educação física correspondentes à sua faixa etária para desenvolvimento de seu equilíbrio estático e dinâmico. - Avaliação dos exercícios gráficos: seu desempenho foi regular, correspondendo a uma criança de cinco anos. É preciso desenvolver atividades de percepção e discriminação que envolvam conceitos como grosso/fino, estreito/largo, grande/médio/pequeno, direita/esquerda, entre outros. O recorte, a colagem e a pintura são atividades nas quais N. F. precisa ter supervisão para que aprenda a realizar trabalhos mais precisos. - Avaliação de vocabulário, estruturas e verbos: obteve ótimo desempenho, mostrando que seu universo conceitual está de acordo com sua idade, deixando a desejar apenas em sua pronúncia, que muitas vezes omite o R no meio ou no final das palavras e realiza trocas do L pelo R em outras. Omite algumas sílabas e letras das palavras, mas, neste caso, parece ser vício de linguagem e não dificuldade. - Avaliação das formas geométricas: esses conceitos não foram internalizados completamente por N. F., tendo um desempenho abaixo do esperado para sua faixa etária. - Avaliação das cores: muito bom desempenho, dentro de sua faixa etária, deixando a desejar novamente na pronúncia. AN02FREV001/ REV 4.0 46 46 - Afetividade/socialização: N. F. mostra-se bastante extrovertida, porém reclama de que na escola suas colegas a rejeitam, conseguindo brincar somente com um menino durante as atividades livres. Seus desenhos são bem criativos, apresentando noções corporais e de espaço corretas. Em todas as atividades, seu ritmo de trabalho é bom, oscilando de acordo com as dificuldades que apresenta. Sua atenção e concentração também são boas, mas devemos tomar cuidado para manter um clima de tranquilidade e garantir sua autoestima na execução das atividades, pois quando ansiosa, N. F. tende a gaguejar, apresentar tremores nas mãos e sua concentração cai. É preciso que N. F. desenvolva independência, pois o “fazer por ela” tem dificultado seu desenvolvimento, fazendo com que, em seu desempenho global, esteja um ano aquém do esperado em suas habilidades para alfabetização. Diante do exposto, faz-se necessário uma avaliação fonoaudiológica para reparar falhas na pronúncia de F. e a continuidade do acompanhamento psicopedagógico para desenvolvimento das habilidades necessárias à alfabetização. N.F. ainda encontra-se em atendimento psicopedagógico, obtendo grandes progressos. AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA DA CRIANÇA DE 6 A 11 ANOS E DO ADOLESCENTE A avaliação psicopedagógica da criança de 6 a 11 anos e do adolescente se dá com diversos tipos de recursos, desde que o psicopedagogo saiba o porquê está aplicando aquele instrumento, quais seus objetivos, se estão dentro da faixa etária da criança/adolescente e se o quê o instrumento pretende medir trará dados necessários para responder as perguntas eliciadas pela hipótese diagnóstica. Sem esses requisitos, o instrumento perde seu valor e o psicopedagogo, seu tempo, pois poderia estar utilizando outro recurso dentro da avaliação, onde o tempo é precioso, visto que tem previsão de sessões para realização do trabalho. Um dos recursos mais utilizados na avaliação das crianças de 6 a 11 anos são as Provas do Diagnóstico Operatório, de Jean Piaget (WEISS, 1994, anexo 1). Elas são utilizadas para verificação do AN02FREV001/ REV 4.0 47 47 estágio no qual a criança se encontra, se está apta ou não para o processo de alfabetização, por exemplo. Segundo Piaget, por meio de seus estudos e investigações, a capacidade da criança de pensar e raciocinar progrediapor meio de uma série de estágios qualitativos distintos. Dividiu o desenvolvimento cognitivo em quatro estágios centrais (e em diversos subestágios dentro de cada um). São eles: sensório-motor (do nascimento até 2 anos); pré-operatório (dos 2 aos 7 anos); operatório-concreto (dos 7 aos 11 anos) e operatório formal (dos 11 anos em diante). PROVAS DO DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos Nas provas de conservação, o objetivo é a verificação deste conceito com diversos materiais (líquidos, massa plástica, fios), verificando outros conceitos como volume, massa e comprimento. Por exemplo, mesmo havendo o espaçamento das fichas, resultando em uma ocupação de espaço maior, a criança deverá perceber que o número de fichas continua o mesmo. Esse conceito é muito necessário em seu desenvolvimento escolar, sobretudo na matemática. Veja os procedimentos a seguir. Material: Vinte fichas do mesmo formato e tamanho, sendo dez de cada cor. Podem ser tampinhas de garrafa pet ou recortes de papelão colorido. Desenvolvimento: Primeira situação: Pedir para que a criança escolha uma coleção de fichas. O examinador alinha sobre a mesa sete de suas fichas e pede que a criança faça uma coleção de igual número com suas próprias fichas. AN02FREV001/ REV 4.0 48 48 TAMPINHAS ALINHADAS <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Registrar o que é feito pela criança em todas as provas. Segunda situação: O examinador espaça ou aproxima as fichas de sua coleção, sem mexer na outra fileira de fichas e pergunta se tem o mesmo número de fichas, onde tem mais, onde tem menos, e como a criança chegou a essa conclusão. TAMPINHAS ESPAÇADAS <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Contra-argumentação: O examinador provocará uma reação da criança afirmando o contrário de sua resposta inicial. Para resposta conservativa, diz: “Veja, esta linha está mais comprida, terá mais fichas?” Para a não conservativa: “Você se lembra, antes as duas fileiras tinham a mesma quantidade de fichas, o que você acha agora?” TAMPINHAS AGRUPADAS http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 49 49 <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Pergunta de quantidade: “Conte as vermelhas que sobraram com você”, ao mesmo tempo em que esconde as que têm na própria mão e pergunta: “Quantas eu tenho na mão? Como sabe?” 3ª situação: Depois de reunir todas as fichas, o examinador coloca seis fichas azuis em círculo, procedendo daí em diante como nas situações anteriores e fazendo o mesmo tipo de pergunta. TAMPINHAS DISPOSTAS EM OUTRA CONFIGURAÇÃO <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Acesso em: 25 ago. 2010. Procedimentos avaliativos 1. Condutas não conservativas (esperadas até aproximadamente 4 ou 5 anos) – Nível 1. Nas duas situações, a criança pode fazer uma contagem, uma correspondência termo a termo ou global ou qualquer disposição figural. Essas respostas são não conservativas. Poderá ou não resolver corretamente a questão da quantidade. 2. Condutas intermediárias – Nível 2. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 50 50 As coleções (primeira e segunda situações são constituídas por correspondência termo a termo de forma correta). As perguntas do examinador dão margem às seguintes condutas: a) resposta conservativa para uma situação e não para outra. b) vacilações no julgamento durante cada situação: “Tem mais azuis... não, vermelhas... não é igual?” Não justifica com argumentos claros e precisos as respostas de conservação. Resolve corretamente a questão da quantidade. AN02FREV001/ REV 4.0 51 51 Nível 3. Condutas conservativas (esperadas desde aproximadamente 5 anos) – Quando a criança apresenta condutas conservativas, ela deverá justificar com um ou vários argumentos: a) de identidade – “tem a mesma coisa, você não tirou nem botou nada... você só apertou... você só afastou.” b) de reversibilidade – “se você botou as vermelhas do jeito do azul fica igual... se você encolher ou esticar de novo os azuis vai ficar igual de novo.” c) de compensação – “você fez mais comprido, mas as fichas estão mais longe umas das outras (ou estão mais perto).” Conservação das quantidades de líquidos Também conhecida como transvasamento, que é a passagem de líquidos de um recipiente para o outro. Material: - 2 vasos iguais A1 e A2; - 1 vaso mais fino e alto B; - 1 vaso mais largo e baixo C; - 4 vasinhos iguais D1, D2, D3, D4; - 2 copos contendo líquidos de cores diferentes. PEQUENOS VASOS UTILIZADOS NA CONSERVAÇÃO DAS QUANTIDADES DE LÍQUIDOS AN02FREV001/ REV 4.0 52 52 <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Desenvolvimento: 1. O examinador faz a criança constatar que os dois recipientes (A1 e A2) são iguais. Despeja água em A1. Pede à criança que despeje água em A2 na mesma quantidade que está em A1. A seguir: “Se você beber o que está em A1 e eu o que está em A2, será que vamos beber a mesma quantidade?” VASOS PARA VERIFICAR QUANTIDADE DE LÍQUIDO <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. 2. Primeiro transvasamento – Despeja-se a água de A1 no vidro B: “Será que agora vamos beber a mesma quantidade? Um tem mais que o outro? Um tem menos que o outro?” Pedir uma explicação: “Como sabe? Como descobriu? Pode me mostrar?” http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 53 53 PRIMEIRO TRANSVASAMENTO <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Contra-argumentação: O examinador provocará uma reação da criança afirmando sempre o contrário de sua resposta, como na primeira parte da prova. Retorno empírico: “Se eu puser o que está em B de volta no A1, será que vai ter a mesma coisa para beber?” Se a criança não acertar, fazer o retorno empírico, igualando A1 e A2. Segundo transvasamento: Despejar a água de A1 em C e proceder como no primeiro transvasamento quanto à contra-argumentação e ao retorno empírico. SEGUNDO TRANSVASAMENTO <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Terceiro transvasamento: Despejar o líquido de A1 em quatro vidrinhos e proceder como nos transvasamentos anteriores. TERCEIRO TRANSVASAMENTO http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 54 54 <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Procedimentos avaliativos: 1. Condutas não conservativas (esperadas até aproximadamente cinco ou seis anos) – Nível 1. Em cada transvasamento a criança considera um dos vidros como tendo mais líquidos. Diante da contra-argumentação, mantém a resposta ou troca para outro vidro. O problema do retorno empírico pode ser resolvido corretamente ou não. 2. Condutas intermediárias – julgamentos oscilando entre conservação e não conservação – Nível 2. No mesmo transvasamento, a criança julga as mesmas quantidades ora como iguais, ora como diferentes. Os julgamentos se alternam de um transvasamento para o outro, ora conservando, ora não conservando. Isto se deve à contra-argumentação. As justificativas são pouco claras e incompletas. O problema do retorno empírico é resolvido corretamente. 3. Condutas conservativas (esperadas a partir de aproximadamentesete anos) – Nível 3. Para cada transvasamento, as quantidades de líquidos são consideradas iguais, sendo a criança capaz de dar uma ou mais justificativas. O julgamento de conservação é mantido apesar das contra- argumentações. Conservação da quantidade de matéria (quantidade contínua) Material: Duas bolas de massa plástica de cores diferentes (diâmetro aproximado de Desenvolvimento: O examinador pede que a criança faça duas bolas que tenham a mesma quantidade de massa. “Se fossem bolinhos, e a gente pudesse comê-los, seria preciso que houvesse a mesma quantidade http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 55 55 para comer. O que você deve fazer para ficarem iguais? Para uma não ter mais nem menos massa que a outra?” MASSAS DEVEM SER FEITAS EM TAMANHOS IGUAIS rimeira transformação: transforma-se uma das bolas (a do examinador) em uma salsicha. “Será que agora tem a mesma quantidade de massa na bola e na salsicha ou tem mais na bola ou mais na salsicha? Como você sabe? Você pode me explicar? Você pode me mostrar isso?” <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Contra-argumentação: Mesmo procedimento das provas anteriores. Retorno empírico: Mesmo procedimento das provas anteriores. Segunda transformação: transforma-se a mesma bola (do examinador) em uma bolacha e procede-se como na primeira transformação quanto à contra- argumentação, terminando com o retorno empírico. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 56 56 Terceira transformação: fragmenta-se a bola inicial em cinco pedacinhos e procede-se como nas outras transformações. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Procedimentos avaliativos: 1. Condutas não conservativas (esperadas até aproximadamente cinco ou seis anos) – Nível 1. Em cada transformação, uma das duas quantidades é julgada maior: “Tem mais na salsicha porque é mais comprida. Ou tem mais na bola porque é mais alta.” Ante as contra-argumentações do examinador, a criança ou mantém o seu julgamento, ou troca, de modo a que a outra quantidade seja maior. O retorno empírico pode ser resolvido corretamente ou não. 2. Condutas intermediárias – Nível 2. Os julgamentos das crianças oscilam entre conservação e não conservação, aparecendo de diferentes maneiras: a) por uma mesma transformação, a criança julga alternadamente as quantidades como iguais e diferentes; b) por diversas transformações, os julgamentos se alternam ora de conservação ora de não conservação; c) a contra-argumentação do examinador provoca vacilação e alternância de julgamentos; d) as justificativas de conservação são pouco explícitas e incompletas. o problema do retorno empírico é resolvido corretamente. 3. Condutas conservativas (esperadas aproximadamente a partir de sete anos) – http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 57 57 Nível 3. Em todas as transformações, as quantidades são sempre julgadas iguais. A criança mantém o julgamento de conservação apesar da contra-argumentação do examinador. Conservação do comprimento – Material: Dois fios flexíveis (barbante ou lã) de comprimentos diferentes (cerca de 10 e 15 centímetros). – Desenvolvimento: A criança é levada a constatar e a afirmar a desigualdade dos fios A e B e fazer o julgamento de que A é maior que B. Os fios podem ser comparados a estradas: “Este caminho A é do mesmo comprimento, mais comprido ou menos comprido que B?” FIOS DE TAMANHOS DIFERENTES USADOS NO PROCEDIMENTO <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. PRIMEIRA TRANSFORMAÇÃO <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 58 58 SEGUNDA TRANSFORMAÇÃO <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Procede-se da mesma forma como nas provas anteriores quanto ao desenvolvimento, contra- argumentação, retorno empírico e procedimentos avaliativos. Conservação de peso Material: Duas bolas de massa plástica de cores diferentes e uma balança com dois pratos. Desenvolvimento: O examinador verifica se a criança conhece as relações de peso indicadas pela balança, usando objetos diversos (pedra, apontador, bolas de massa, etc.). O examinador pede que a criança faça duas bolas que tenham o mesmo peso, para isso usando a balança. BALANÇA USADA PARA QUE A CRIANÇA MOSTRE AS RELAÇÕES DE PESO http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 59 59 <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Procede-se da mesma forma como nas provas anteriores quanto ao desenvolvimento, contra- argumentação, retorno empírico e procedimentos avaliativos. Conservação do volume http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 60 60 I. Material: Dois vidrinhos iguais com água até o mesmo nível, duas bolas de massa plástica. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 61 61 <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Classes – mudança de critério (dicotomia) Nesta prova, são avaliados quais critérios a criança consegue perceber para separar as peças apresentadas (cor, tamanho, forma, etc.), sempre em dois grupos (dicotomia). – Material: - 5 círculos vermelhos de 2,5 cm de diâmetro; - 5 círculos azuis de 2,5 cm de diâmetro; - 5 círculos vermelhos de 5 cm de diâmetro; - 5 círculos azuis de 5 cm de diâmetro; - 5 quadrados vermelhos de 2,5 cm de lado; - 5 quadrados azuis de 2,5 cm de lado; - 5 quadrados vermelhos de 5 cm de lado; - 5 quadrados azuis de 5 cm de lado; - 2 caixas planas de mais ou menos 4 a 5 cm de altura e uns 12 cm de lado. <99TTP://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 62 62 – Desenvolvimento: Primeira fase: O examinador coloca as fichas em desordens sobre a mesa e pede que a criança as descreva: “Você pode me dizer o que está vendo?” Segunda fase (classificação espontânea): “Você pode pôr juntas todas as fichas que combinam?” Após terminar perguntar à criança porque separou daquela forma. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Dicotomia: “Agora gostaria que você fizesse apenas dois grupos e os colocassenessas duas caixas”. Após o término, perguntar por que executou daquela forma. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Primeira mudança de critério: “Será que você poderia arrumar em dois grupos diferentes?” Se a criança repetir o primeiro critério, pedir para que crie uma nova forma de separação. Se for preciso, o examinador pode iniciar uma nova classificação para a criança continuar. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 63 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Segunda mudança de critério: “Será que você ainda poderia separar de um modo diferente fazendo dois novos grupos?” <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. – Procedimentos avaliativos: 1. Coleções figurais (esperadas desde quatro ou cinco anos) – Nível 1. As crianças arrumam as fichas, estruturando figuras de trens, casas, bonecos, etc. Podem também arrumar as fichas que tenham alguma semelhança, mudando sempre de critério e não utilizando todas. 2. Início de classificação (esperadas aproximadamente a partir de cinco ou seis anos) – Nível 2. As crianças conseguem fazer pequenos grupos não figurais, segundo diferentes critérios, mas são coleções justapostas, sem ligação entre si. Num desenvolvimento maior, as crianças podem conseguir um começo de reagrupamento dos subgrupos em classes gerais, sem conseguirem uma antecipação de critérios. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 64 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 3. Dicotomia segundo os três critérios – Nível 3. As crianças iniciam a tarefa já antecipando as possibilidades, conseguem fazer e recapitular corretamente duas dicotomias sucessivas, segundo dois critérios, o terceiro critério só sendo descoberto com incitação do examinador. Num desenvolvimento maior, os três critérios são antecipados e utilizados espontaneamente. Quantificação da inclusão de classes Nesta prova, verificamos a capacidade da criança em perceber grupos (flores) e subgrupos (rosas e margaridas). I– Material: Ramos de margarida e rosas. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. II– Desenvolvimento: 1. O examinador verifica se a criança conhece o nome das flores e se conhece o termo genérico “flores”. 2. Perguntas: a) Neste ramo tem mais margaridas ou mais flores? Como é que você sabe? b) Eu vou fazer um ramo com todas as margaridas e você vai fazer um ramo com todas as flores. Quem vai fazer o ramo maior? Como é que você sabe? III-Procedimentos avaliativos: http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 65 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 1. Ausência de quantificação inclusiva (esperadas até aproximadamente cinco ou seis anos) – Nível 1. A criança faz sistematicamente a comparação das duas subclasses e responde então que há mais margaridas do que flores. Costuma errar sobre a subtração de subclasses. 2. Condutas intermediárias – Nível 2. Observa-se hesitação na resposta à pergunta 1. 3. Existência da quantificação inclusiva (esperada aproximadamente a partir de sete ou oito anos) – Nível 3. A criança responde corretamente às perguntas. Intersecção de classes Nesta prova, verificamos a capacidade da criança em classificar e relacionar características semelhantes. II– Material: - 5 círculos azuis de 2,5 cm de diâmetro. - 5 círculos vermelhos também de 2,5 cm de diâmetro. - 5 quadrados vermelhos de 2,5 cm de lado. - 1 folha de cartolina ou papel E.V.A. com dois círculos em intersecção, sendo que um preto e outro amarelo. Observação: os cinco círculos devem poder entrar na intersecção. II– Desenvolvimento: 1. O examinador dispõe as fichas nos círculos em intersecção. AN02FREV001/ REV 4.0 66 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Pede-se para que a criança observe a disposição, descreva as fichas e pergunta: “Por que você acha que eu pus as redondas vermelhas no meio?” 2. Perguntas feitas pelo examinador: a) “Há mais fichas vermelhas do que fichas azuis?” b) “Há mais fichas quadradas ou fichas redondas?” c) “Há a mesma coisa, mais ou menos fichas redondas do que fichas vermelhas?” d) “Há a mesma coisa, mais ou menos fichas quadradas do que vermelhas?” e) (Perguntas da intersecção) f) Após cada resposta da criança, o examinador diz: “Como é que você sabe?”, “Você pode me mostrar?” I – Procedimentos avaliativos (esperados aproximadamente desde quatro ou cinco anos) 1. As perguntas feitas sobre classes separadas são respondidas com acerto. As de inclusão e intersecção não são compreendidas nessa faixa de idade. As perguntas suplementares também revelam erros. Nível 1. 2. A partir de seis anos a criança faz acertos nas perguntas suplementares, mas hesita nas respostas de inclusão e intersecção, faz repetições e pode dar algumas respostas corretas. Nível 2. 3. Crianças a partir de sete ou oito anos dão respostas corretas desde a primeira vez. Nível 3. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 67 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA Seriação de bastonetes O conceito de seriação é importante para desenvolvimento de antecessor, sucessor. I – Material: Dez palitos com aproximadamente 1 cm de largura com uma diferença de 0,6 mm de altura entre um e outro, sendo que o primeiro tem aproximadamente 11,5 cm. II– Desenvolvimento: O examinador dá à criança os dez bastonetes em desordem para que tome conhecimento do material. Seriação a descoberto: “Você vai fazer uma escadinha com todos esses pauzinhos, colocando- os em ordem do menor para o maior”. Se a criança não conseguir, o examinador pode, eventualmente, fazer a demonstração de uma série inicial com três pauzinhos. <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Verificação da exclusão: se o sujeito acertar a seriação a descoberto, o examinador pode pedir que feche os olhos e, ao abri-los, descubra o local, a posição, em que estava o bastonete retirado pelo examinador da “escadinha” feita pelo sujeito. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 68 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Seriação oculta atrás do anteparo: Se o sujeito acertou a seriação, pode-se fazer também de outra forma: “Agora sou eu quem vou fazer a escadinha atrás dessa papelão, você vai me dando os pauzinhos um a um e eu vou colocando aqui, na ordem. Registra-se a maneira de escolher e a ordem que foi dada ao examinador. III– Procedimentos avaliativos 1. Ausência de seriação – Nível 1. O sujeito fracassa nas suas tentativas de ordenar. 2. Ausência de séries (três a quatro anos). A criança não entende a proposta e coloca os bastões em qualquer ordem, justapondo-os. 3. Esboço de séries (quatro ou cinco anos): a criança faz tentativas diversas; pares (grandes e pequeno), séries de três ou quatro bastões, mas não coordena as diferentes séries entre si, ou não consegue intercalar os outros. Faz uma escada sem considerar o tamanho dos bastões, mas só a arrumação da parte superior, imitando uma escadinha. 4. Condutaintermediárias (aproximadamente cinco ou seis anos) – Nível 2. Em que o sujeito vai, por ensaio e erro, compondo a série; compara cada bastão com todos os demais até achar o que serve. É uma seriação intuitiva por regulações sucessivas. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 69 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 5. Êxito obtido por método operatório (aproximadamente seis ou sete anos) – Nível 3. O sujeito antecipa com facilidade a escada, fazendo metodicamente a sua construção, colocando primeiro os bastões menores e a seguir em graduação até o final. Neste nível faz a descoberta, atrás do anteparo, exclui ou inclui bastões e constrói espontaneamente a linha de base. Combinação de fichas duplas para pensamento formal Para verificar a capacidade de pensar logicamente sobre proposições abstratas e testar hipóteses sistematicamente. É aplicada a partir dos 11 anos. Material: Seis fichinhas de plástico ou cartolina de cores diferentes . <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Desenvolvimento: O examinador pede que o sujeito faça com as seis fichas o maior número possível de duplas, sem repetir. É preciso que se veja se o sujeito entendeu bem a atividade que irá fazer. É válido fazer a demonstração inicial com um par. O examinador deve observar e registrar o método de trabalho e quais critérios usou para chegar ao resultado, assim como todas as verbalizações. Procedimentos avaliativos: 1. Ausência de capacidade combinatória – Nível 1. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 70 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 2. Condutas intermediárias – Nível 2. 3. Condutas operatórias revelando capacidade combinatória – Nível 3. O sujeito antecipa a possibilidade combinatória, mediante um sistema completo e metódico, chegando a descobrir as 30 duplas. Além disso, deixa evidente um critério para estabelecer o total de combinações. Permutações com um conjunto determinado de fichas Para o pensamento formal. Aplicada a partir de 11 anos. Material: Fichinhas de cores diferentes Desenvolvimento: O examinador pede ao sujeito que faça o maior número de permutações com as fichas, usando sempre 4 fichas, em ordem diferente. Como na prova 11, verificar a compreensão do pedido e registrar o método de realização e todas as falas do sujeito. Procedimentos avaliativos: 1. Ausência da capacidade de permuta – Nível 1. 2. Condutas intermediárias – Nível 2. 3. Condutas de realizações de todas as permutações possíveis – Nível 3. O sujeito realiza permutações, antecipando as possibilidades de um processo sistemático, ordenado. Realiza de forma ordenada as permutações. AN02FREV001/ REV 4.0 71 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA Outro recurso utilizado para avaliação psicopedagógica da criança de 6 a 11 anos são os blocos lógicos. Constitui-se de 48 peças, que combinam quatro atributos em cada uma sendo tamanho (grande e pequeno), espessura (grosso e fino), cor (vermelho, azul e amarelo) e forma (quadrado, círculo, retângulo e triângulo). <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. Existem diversos jogos realizados com esse material, porém as formas mais comuns dentro da avaliação psicopedagógica são, em primeiro lugar, deixar a criança explorar o material de forma livre, criando casinhas e figuras diversas. Num segundo momento, pede-se à criança que separe as peças como achar melhor. Caso ela divida só por cores, por exemplo, perguntar se há outra forma de separação, e assim por diante até ela responder que não ou até completar todos os critérios. Como objetivos, temos a organização do pensamento, assimilação de conceitos básicos de cor, forma e tamanho, e realização de atividades mentais de seleção, comparação, classificação e ordenação. Outro instrumento é a Escala Cuisenaire. É constituída de barras de cores e tamanhos diferentes. A menor tem 1 centímetro e representa 1 unidade; a segunda tem 2 centímetros e representa o número 2 e assim por diante, até a maior, que tem 10 centímetros e representa o número 10. As cores que correspondem a cada número são: madeira (1), vermelho (2), verde (3), lilás (4), amarelo (5), verde-escuro (6), preto (7), marrom (8), azul (9) e laranja (10). É utilizado com crianças de 3 a 11 anos, e, de acordo com cada idade, há um procedimento: brincar com as barras para construir objetos diversos, reconhecer as cores, comparar os tamanhos, associação de números, tamanhos e cores, realização de adição, subtração, divisão e multiplicação. Por meio dele conseguimos avaliar se a criança possui capacidade de generalizar, analisar, sintetizar, inferir, formular hipóteses, deduzir, refletir e argumentar. http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 72 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/>. O Material Dourado também permite trabalhar os conceitos e operações matemáticas no concreto, permitindo à criança a passagem para o pensamento abstrato. Sequências Lógicas de qualquer material e tema são sempre interessantes para o trabalho psicopedagógico. Existem as sequências simples, com apenas duas figuras e perguntamos à criança “o que vem antes e o que vem depois?”. Existem as sequências lógicas mais elaboradas, com três ou quatro figuras para compor a sequência. Pode-se aproveitar esta atividade para solicitar à criança que verbalize essa sequência, ou seja, que conte o que está acontecendo. Partindo daí podemos perceber se a criança tem uma postura descritiva, se ela cria história sobre a sequência ou se atém aos fatos de uma forma simples. Para aprofundar essas questões, temos o desenho livre com história, que pode ser aplicado em crianças e adolescentes de qualquer idade. É solicitado à criança que faça um desenho livre; quando o desenho ficar pronto, pedimos que conte uma história. Os dados que forem interessantes para a prática pedagógica devem ser explorados por meio de perguntas para complemento de informação. Podemos perceber, nesta atividade, questões psicológicas, conflitos emocionais, que não devem ser aprofundados caso não sejam pertinentes à área psicopedagógica, mas deve constar no encaminhamento ao psicólogo quando da entrega do informe psicopedagógico. Outro desenho que pode ser solicitado à criança ou ao adolescente é o Par Educativo, sistematizado por Malvina Oris e Pichona Ocampo. Solicitamos que a criança/adolescente desenhe uma pessoa que aprende e uma que ensina, sugere- se que ela formule uma história envolvendo esses dois personagens; pode ser oral ou por escrito. É possível interpretar como caminham essas relações entre professor e aluno, o papel vivido na escola, em turma, as rejeições às situações escolares, ameaça da figura do professor, entre outros. A Coleção Método Horizontes, do autor Neda Lian Branco Martins é um instrumento padronizado bastante completo para crianças de seis a oito anos. Tem como objetivo avaliar as http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/provas_operatoriasfotos.htm/ AN02FREV001/ REV 4.0 73 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA seguintes características: motricidade fina, motricidade geral, motricidade especifica, nível de percepção e discriminação, universo conceitual e vivencial, equilíbrio estático e dinâmico, ritmo de trabalho, oscilação de sua atenção e concentração, universo vivencial, nível de independência, nível de linguagem semântica, fonológico, estrutural, domínio dos verbos e circunstâncias e conhecimentosdas formas, reconhecimento das cores. Foi com base na aplicação desse material que o Informe Psicopedagógico de N. F. (Módulo III) foi elaborado, juntamente com a aplicação de desenho livre com história. Especificamente para os adolescentes temos os seguintes instrumentos: Entrevista livre – na qual o adolescente falará sobre o motivo que o levou até ali e depois discorrerá sobre os temas pertinentes ao atendimento psicopedagógico: seus conflitos, ambições, projetos, dúvidas, prazeres, etc. Tem como objetivo levantar dados do dia a dia do adolescente, seus comportamentos benéficos e atitudes que precisam ser modificadas. Desenho da figura humana – traz muito da configuração do adolescente, seu corpo, como se coloca socialmente, etc. Pode ser solicitado que escreva uma história sobre essa figura, trazendo mais informações que poderão ser úteis para o processo de avaliação. Desenho da família prospectiva e visão de futuro – são dois tipos de desenho que possuem objetivos semelhantes. No primeiro, queremos ver como o adolescente se imagina, juntamente com os membros de sua família, daqui a cinco ou dez anos. O segundo é o mesmo procedimento, porém sozinho, com suas conquistas, opções profissionais, etc. Tem como objetivo visualizar as aspirações do adolescente, e conflitos atuais sejam familiares ou intrínsecos. Técnica das frases incompletas (Boholavsky) – as frases podem sofrer variações de acordo com o que se quer perguntar. Consiste num excelente instrumento para se conhecer o jovem, bem como para seu próprio autoconhecimento. Segue modelo abaixo: Técnica das frases para completar 1. Eu sempre gostei de... 2. Me sinto bem quando... 3. Se estudasse .........................seria... 4. Às vezes acho melhor... 5. Meus pais gostariam que eu... 6. Me imagino no futuro fazendo... 7. No Ensino Médio sempre... 8. Quando criança queria... AN02FREV001/ REV 4.0 74 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 9. Quando penso no vestibular... 10. Meus professores pensam que eu... 11. No mundo em que vivemos, vale mais a pena... do que... 12. Se não estudasse.................seria... 13. Prefiro..........................a... 14. Comecei a pensar no futuro... 15. Não consigo me ver fazendo... 16. Quando penso na universidade... 17. Minha família... 18. Escolher sempre me fez... 19. Uma pessoa que admiro muito é... por... 20. Minha capacidade é... 21. Meus colegas pensam que eu... 22. Estou certo de que... 23. Se eu fosse... poderia... 24. Sempre quis... , mas não poderei fazer... 25. Quanto ao mercado de trabalho... 26. O mais importante na vida... 27. Tenho mais habilidade para... 28. Quando criança meus pais queriam... 29. Acho que poderei ser feliz se... 30. Eu... Nome: Escolaridade: Data: Técnica do curtograma – uma técnica simples de autoconhecimento, que proporciona ao adolescente reconhecer seus gostos e interesses. Consiste em quatro quadrantes, cada qual com uma proposta: Gosto e faço; gosto e não faço; não gosto e faço; não gosto e não faço. Em cada um deles deve-se colocar três a cinco coisas que se encaixem na proposta: namoro, esporte, escola, lazer, etc. Técnica das colagens – de acordo com um tema dado pelo psicopedagogo, o adolescente deve realizar um quadro com colagens de revistas que se relacionem com o tema. O momento final, onde o adolescente tem que explicar porque relacionou as figuras com o tema é um momento rico em AN02FREV001/ REV 4.0 75 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA informações. Tudo deve ser levado em consideração: a escolha das imagens, se colorida ou preto e branco, se com objetos e/ou pessoas, etc. Essa colagem pode ser feita também em um papel grande em metro: pede-se para que o adolescente deite-se sobre o papel, passamos uma caneta em seu contorno e depois ele irá preencher esse contorno com colagens e desenhos. Facilita a formação e aceitação da nova imagem corporal e a organiza mentalmente. Avaliação do desempenho escolar – acompanhar o desempenho do aluno na sala de aula, as lições de casa, avaliações e trabalhos escolares. Levar em conta a aquisição de conteúdos, a compreensão de instruções orais e escritas, compreensão de textos, fundamentação de raciocínios e procedimentos, resolução das tarefas, tipo de erro, atitude frente ao erro, produções escritas e atitude frente à dúvida. (VINOCOUR apud OLIVEIRA e BOSSA, 1998). Após o diagnóstico, passar as orientações necessárias para melhor desempenho, como vimos anteriormente. Sempre que for lidarmos com adolescentes, precisamos estar cientes de todas as características dessa fase, que se caracteriza por uma verdadeira transformação biopsicossocial. Não conseguiremos realizar uma abordagem realmente eficiente se deixarmos de lado questões como sexualidade, autoestima devido às mudanças corporais, a importância de pertencer a um grupo, as testagens que realiza com os adultos em busca de sua própria identidade. TRANSTORNO, DISTÚRBIO, DIFICULDADE OU DOENÇA? Transtornos mentais são concebidos como síndromes, padrões comportamentais ou psicológicos clinicamente importantes que ocorrem num indivíduo e estão associados a sofrimento ou incapacitação, ou com um risco significativamente aumentado de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade. A distinção feita entre os termos dificuldades e distúrbios está baseada na concepção de que o termo “dificuldade” está mais relacionado a problemas de ordem psicopedagógica e/ou socioculturais; ou seja, o problema não está centrado apenas no aluno, sendo que essa visão é mais frequentemente utilizada em uma perspectiva preventiva. Por outro lado, o termo “distúrbio” está mais vinculado ao aluno, na medida em que sugere a existência de comprometimento neurológico, sendo mais utilizado pela perspectiva clínica ou remediativa. Doença é um processo negativo de adaptação da pessoa ao meio ambiente manifestado pela preponderância dos fatores desfavoráveis em interação com os mecanismos de defesa do organismo. AN02FREV001/ REV 4.0 76 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA RECURSOS PSICOPEDAGÓGICOS E AMBIENTE DE TRABALHO Quando se trabalha com crianças, faz-se necessário um local adequado com recursos diversificados para que a criança se utilize deles para melhor se comunicar. Os recursos mais adequados para se obter uma situação lúdica – ou seja, uma situação onde, por meio do brincar, a criança se comunica e entra em contato com seus conflitos, medos, angústias e dificuldades – são os jogos. A utilização adequada de jogos e brincadeiras existentes na mídia, tanto impressa quanto televisiva, nas papelarias, lojas, internet, enfim, qualquer recurso lúdico, quando bem utilizado e com o enfoque adequado para a faixa etária, trazem inúmeros resultados benéficos. Para isso, o psicopedagogo deve ter uma boa noção das fases de desenvolvimento humano, suas mudanças físicas e emocionais; além de conhecer a cultura de seu cliente, o que influenciará em seus gostos e interesses, como também na faixa econômica que essa família se encontra, pois se for apresentados recursos muito elaborados, a criança poderá ficar deslumbrada com o recurso, não o utilizando da forma correta e sendo um recurso inútil para o quê se propôs. Por esse motivo, é necessário que haja um equilíbrio na aquisição de materiais escolares dentro do consultório: lápis de cor e preto, cola, tesoura, apontador, borracha, devem ser materiais simples, para que a criança não se disperse e faça do recurso um brinquedo (WEISS, 1999). Atualmente, um obstáculo que tem chegado aos consultórios é a dificuldade de a criança criar. Mas, se observarmos à nossa volta, as crianças de hoje tem tudo pronto, não precisam imaginar. Para trabalhar essa capacidadeda criança de “viajar”, um dos recursos são os jogos confeccionados com sucata e o livre uso desse material pela criança para criações diversas. E também os contos de fada: Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e os Sete Anões, Cinderela, O Gato de Botas, Alladin, Ali-Babá e os Quarenta Ladrões, Os Três Porquinhos, histórias que as crianças da atualidade muitas vezes não sabem contar. Além da AN02FREV001/ REV 4.0 77 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA questão da criatividade, podem-se trabalhar também os valores morais por meio dessas histórias, o reconto e a dramatização com fantoches ou fantasias, entre outros. OBSERVAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES LÚDICAS Veja um exemplo de questionário para os registros das sessões relativo às atividades lúdicas. Paciente: Data: 1. A escolha do material e da brincadeira (atividade) - Atividade e material que repetem a situação escolar, sem criatividade: ler livros, desenhar ou escrever algo, repetir dobraduras que aprendeu na escola, recortar e colar como pesquisa escolar, escrever contas automaticamente, etc. - Seleciona material figurativo e faz guerras, fazenda, lojas, etc. - Busca tintas, massa plástica, pinos e blocos e tenta criar alguma coisa. - Escolhe material de sucata e transforma-o imaginando coisas novas. 2. O modo de brincar - Usa o material mais ao alcance da mão, não explorando os restantes. - Explora todo o material e depois se fixa em alguma coisa. - Escolhe materiais planejando uma brincadeira (“vai sair um elevador”, e pega uma caixa e um barbante para realizá-lo). - Faz estimativa, faz medidas e cálculos ou não. - Estrutura uma brincadeira com começo, meio e fim, com coerência interna, ou coloca aleatoriamente os objetos sem uma antecipação e posteriormente atribui ou não um significado; dá ou não um uso ao que fez. AN02FREV001/ REV 4.0 78 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA - Tem flexibilidade no uso dos objetos (o mesmo objeto é trem, fogão, régua ou muro), modificando-o conforme a necessidade; classifica os objetos (grupo de soldadinhos de pé e de soldadinhos ajoelhados, mistura-os e separa em dois exércitos em função das cores) ou mantém uma brincadeira estereotipada e perseverante, usando o tempo disponível na mesma atividade sem evoluir no seu conteúdo, apenas repetindo-a (monta sempre a mesma casa, recorta o mesmo molde, pega a mesma revista, usa o mesmo jogo, etc.). - Faz brincadeiras criativas ou repete situações convencionais; parte de coisas conhecidas e as amplia. - Começa com uma atividade e a interrompe, passando a outra, sem nunca concluir a primeira, ficando apenas na exploração de objetos. - Permanece concentrada durante a brincadeira; se mantém continuidade na brincadeira de uma sessão para outra, ou se abandona o que estava fazendo e na sessão seguinte ignora o que já fez (construção interrompida, desenho inacabado). - Faz, na brincadeira, mais ações de desmanchar, separar, dividir e cortar do que reunir, construir, colar e juntar. - Faz, num jogo dramático, os vários papéis ou se solicita que o terapeuta participe e, neste caso, quais os papéis que escolhe para si. - Se resolve as situações problemáticas que surgem e como o faz (papelão que se rasga, pino que quebra, roda que cai, uma caixa para prender em um tubo, etc.). - Usa o corpo na medida do necessário, movimentando-se, trocando de posição, ocupando bem o espaço; se usa como parte do jogo; se usa a coordenação grossa e fina necessária à atividade. 3. A relação com o terapeuta - Se brinca sozinho, concentrado e ignorando o terapeuta. - Se brinca sozinho, mas olhando constantemente para o terapeuta. - Se fica dependendo do terapeuta para brincar, pedindo sempre a sua ajuda. - Se pede eventualmente a ajuda do terapeuta, quando esta parece necessária. - Se só escolhe brincadeiras que necessitam da participação do terapeuta como parceiro. AN02FREV001/ REV 4.0 79 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA O questionário apresentado foi montado com base nos dados fornecidos por Weiss (1994). É de suma importância para os registros das sessões, auxiliando a sistematizar o trabalho do psicopedagogo e acompanhar a evolução de seus clientes. Um importante recurso psicopedagógico é a observação de sala de aula, como já foi dito em módulos anteriores, que pode ser realizada pelo psicopedagogo clínico, quando trata de um caso específico em seu consultório e, após conversa com a direção/coordenação escolar e professora da sala recebe autorização para realizar a observação; ou pelo psicopedagogo escolar, quando este realiza também um trabalho pontual, visando à observação de um aluno somente, ou de um grupo, com objetivo preventivo. Este trabalho de observação do psicopedagogo escolar pode ser solicitado pela coordenação/direção, pela professora, pelos pais, ou quando o próprio profissional sente a necessidade diante do seu projeto de trabalho dentro desta instituição. Lembrando que o psicopedagogo pode trabalhar dentro da escola com um enfoque clínico também. De acordo com a matéria publicada na revista Nova Escola (junho/julho 2010), durante a observação em sala de aula, é preciso verificar como se desenvolvem as interações entre professores, alunos e conteúdos e de que forma elas podem se tornar tema da formação continuada na escola. A seguir, estão algumas questões que podem servir de roteiro para essa prática. Relacione as frases com destaque colorido com as explicações nos tópicos seguintes do quadro. Pauta de observação de sala de aula Nome do professor ___________________________ Disciplina __________________________________ Conteúdo da aula ____________________________ Data da observação __________________________ 1. A interação entre os alunos e o conteúdo - O conteúdo é adequado às necessidades de aprendizagem da turma? AN02FREV001/ REV 4.0 80 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA - As atividades e os problemas propostos são desafiadores e proveitosos para todos os alunos ou para alguns foi muito fácil e, para outros, muito difícil? - Há a retomada de conhecimentos trabalhados em aulas anteriores como um ponto de partida para facilitar novas aprendizagens ou as atividades apenas colocam em jogo o que já é conhecido pela turma? - Os recursos utilizados são adequados ao conteúdo? - Como está organizado o tempo da aula? Foram reservados períodos de duração suficiente para os alunos fazerem anotações, exporem as dúvidas, debaterem e resolverem problemas? 2. A interação entre o professor e os alunos - Os objetivos de aprendizagem de curto e longo prazos dos conteúdos em questão estão claros para a turma? - As propostas de atividades foram entendidas por todos? Seria necessário o professor explicar outra vez e de outra maneira? As informações dadas por ele são suficientes para promover o avanço do grupo? - As intervenções são feitas no momento certo e contêm informações que ajudam os alunos a refletir? - O professor aguarda os alunos terminarem o raciocínio ou demonstra ansiedade para dar as respostas finais, impedindo a evolução do pensamento? - As hipóteses e os erros que surgem são levados em consideração para a elaboração de novos problemas? - As dúvidas individuais são socializadas e usadas como oportunidades de aprendizagem para toda a turma? 3. A interação dos alunos com os colegas - Os alunos se sentem à vontade para colocar suas hipóteses e opiniões na discussão? - Nas atividades em dupla ou em grupo, há uma troca produtiva entre os alunos? - Com que critérios a classe é organizada? - Os alunos escutam unsaos outros? AN02FREV001/ REV 4.0 81 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA Para pensar em novas abordagens Problemas adequados são os que representam um desafio possível. Ou seja, não podem ser tão fáceis a ponto de serem solucionados sem esforço nem tão difíceis que se tornem desestimulantes. Quando 80% da turma acertam sem dificuldade as questões propostas, é hora de lançar novos desafios. Se mais da metade não encontra solução, é preciso orientar o professor para que ele tente novas abordagens e ajudá-lo a diversificar as atividades. Como usar bem o material pedagógico Mapas, slides, ilustrações, fotos e vídeos precisam ser adequados ao conteúdo trabalhado, utilizados em momentos certos e ter qualidade técnica. Quando alguma dessas coisas não acontece, busque com o professor novas ferramentas ou indique maneiras mais eficientes de usar as já disponibilizadas pela escola. No caso de recursos tecnológicos, é sempre recomendável testá-los antes da aula. Em busca de clareza e objetividade Muitas dificuldades que aparecem durante os momentos de aprendizagem têm origem em uma proposta confusa, mal elaborada ou comunicada de forma ineficiente. Durante a observação, anote as falas do professor para posteriormente discutir a clareza e a pertinência das propostas. Para torná-las mais claras, geralmente são necessárias mudanças simples, como a substituição das palavras difíceis. Fazer do erro uma oportunidade de ensinar Durante a observação, anote os erros e as dúvidas apresentados pelos alunos e verifique se o professor consegue fazer com que as dificuldades individuais sejam oportunidades de avanço para todo o grupo. Os erros e as intervenções dos professores também podem ser registrados para a tematização da prática durante os encontros coletivos e os individuais. Ajuda na formação de grupos AN02FREV001/ REV 4.0 82 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA É preciso observar se as duplas ou os grupos foram formados aleatória ou intencionalmente. A escolha dos pares precisa ser planejada e a formação vai variar de acordo com os conteúdos. Ao perceber que um agrupamento não é produtivo, analise com o professor o perfil dos alunos e ajude a montar outros mais eficazes. Para cada situação, um grupo Ao perceber uma inadequação entre a organização da sala e o conteúdo, você pode indicar, na devolutiva, outras formas de dispor os alunos. Em roda, em duplas, trios ou quartetos. A forma como a turma trabalha deve estar relacionada aos objetivos pedagógicos. Geralmente, grupos grandes servem para socializar estratégias, mas não para trocar informações. Já quando o objetivo é colocar os conhecimentos de cada aluno em jogo, o melhor são as atividades individuais. O psicopedagogo pode treinar os professores para realizar registros de comportamento dos alunos. Pode ser usado material padronizado, como a Coleção Escala de Avaliação do Comportamento Infantil para o Professor (EACI-P), de Gilberto Ney Ottoni de Brito. De acordo com a resenha, o teste tem por objetivo fornecer informação na fase de triagem que possa assistir clínicos e pesquisadores na compreensão de algumas dimensões importantes do comportamento da criança. É um instrumento individual de fácil aplicação pelo professor, que fornece uma estimativa do funcionamento da criança na escola em relação a oito dimensões diferentes de comportamento: - hiperatividade; - problema de conduta; - funcionamento independente; - socialização positiva; - inatenção; - neuroticismo; - ansiedade; - socialização negativa. Para cada item da escala, o professor é solicitado a responder da maneira mais breve possível e considerar na sua resposta o comportamento da criança em relação ao de uma criança teoricamente "média", do mesmo sexo e idade daquela que está sendo avaliada. http://www.vetoreditora.com.br/site/produtos/testes/detalhe/?id=398 http://www.vetoreditora.com.br/site/produtos/testes/detalhe/?id=398 AN02FREV001/ REV 4.0 83 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA A Escala de Avaliação do Comportamento Infantil para o Professor (EACI-P) é um instrumento individual de fácil aplicação ou preenchimento pelo professor, que fornece uma estimativa do funcionamento da criança na escola em relação a cinco dimensões diferentes de comportamento, desde a idade de 4 anos até idades superiores a 14 anos. Além do questionário padronizado, podem ser utilizados questionários como o sugerido a seguir: Avaliação comportamental Nome do aluno: Idade: Escola: Ano: 1. Em relação ao rendimento escolar o aluno apresenta: a) Constante evolução. b) Não apresenta evolução. c) Evoluiu até certo ponto, depois parou. d) Não realiza as atividades propostas em sala. Observações: _______________________________________________________ 2. Quanto ao ritmo de trabalho: a) É lento. b) É rápido. c) É normal. Observações: _______________________________________________________ 3. Em relação à qualidade dos trabalhos apresentados pelo aluno: AN02FREV001/ REV 4.0 84 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA a) É satisfatória, seus trabalhos são limpos e bem realizados. b) Inicia o trabalho, mas não os conclui. c) Faz mal feito, sem o mínimo de cuidado. d) Os erros são apagados com frequência. Observações: ________________________________________________________ 4. Com relação à frequência escolar: a) É assíduo. b) Apresenta faltas constantes. c) Apresenta atrasos constantes. Observações: ______________________________________________________ 5. Em relação às suas dificuldades: a) Não realiza perguntas quando apresenta dúvidas. b) Pede auxílio da professora. c) Outros comportamentos. Especificar: ____________________________ Observações: ______________________________________________________ 6. Seu relacionamento com a professora pode ser considerado: a) Bom. b) Regular. c) Ruim. Observações: _____________________________________________________ 7. Quando é chamada a atenção: a) Chora. b) Agride. c) Ignora. d) Mostra-se magoado. AN02FREV001/ REV 4.0 85 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA e) Argumenta. Observações: _____________________________________________________ 8. Em relação à sua memória: a) Boa, sem dificuldade. b) Ruim, com dificuldade. c) Não foi observado. Observações: ______________________________________________________ 9. Em relação à sua atenção: a) Boa, sem dificuldade. b) Ruim, com dificuldade. c) Não foi observado. Observações: _______________________________________________________ 10. Em relação à sua percepção: a) Boa, sem dificuldade. b) Ruim, com dificuldade. c) Não foi observado. Observações: _____________________________________________________ 11. Sua capacidade visual: a) Parece normal. b) Apresenta dificuldade. c) Não foi observado. Observações: ______________________________________________________ AN02FREV001/ REV 4.0 86 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 12. Sua capacidade auditiva: a) Parece normal. b) Apresenta dificuldade. c) Não foi observado. Observações: _______________________________________________________ 13. O vocabulário e a pronúncia são: a) Adequados. b) Inadequados. c) Prejudicados por troca de letras. d) Apresenta gagueira. Observações: _____________________________________________________ 14. Costuma isolar-se? Se sim, de que forma? _____________________________________________________________15. Quais as atividades preferidas? _____________________________________________________________ 16. Quais as atividades rejeitadas? _____________________________________________________________ 17. Gosta de liderar as atividades em grupo? ____________________________________________________________ 18. Apresenta algum sentimento de menos valia? ____________________________________________________________ 19. Apresenta dificuldades para reproduzir fatos? _____________________________________________________________ AN02FREV001/ REV 4.0 87 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 20. Domina os conceitos básicos de: Tempo ( ) Lugar ( ) Espaço ( ) Quantidade ( ) Tamanho ( ) Observações: _____________________________________________________ 21. Correlaciona experiências adquiridas com situações novas? _________________________________________________________________ 22. Apresenta cansaço durante as atividades? _________________________________________________________________ 23. Obedece às ordens e regras combinadas previamente junto da professora? ___________________________________________________________________ Este relatório deve integrar o material do psicopedagogo ao realizar a visita inicial na escola. O ambiente de trabalho psicopedagógico deve ser tranquilo, sem barulhos, sem grandes movimentações, pois as crianças precisam aumentar sua atenção e não dispersar-se. A seguir, a partir de um consultório psicopedagógico, são apontados alguns pontos que são primordiais para seu bom funcionamento e bom desempenho profissional. São recursos que facilitam a atuação do psicopedagogo junto das crianças e adolescentes. Estante multiuso: A estante ideal para o trabalho do psicopedagogo é no modelo sem portas, pois as crianças e adolescentes podem se sentir mais à vontade ao chegar ao consultório do que quando se deparam com uma série de armários fechados, além da ideia de liberdade e proposta do trabalho que, ao utilizar os jogos, prima pela saúde, eliminando medos e associações com outros profissionais. A mesma impressão é passada aos pais, além de poderem visualizar os recursos de que o psicopedagogo dispõe para o trabalho com seu filho, tranquilizando-os. Deixar fechado somente as pastas com os registros das sessões e prontuários em arquivo próprio, pois isto dá segurança aos clientes de que suas produções não serão vistas por outras pessoas. AN02FREV001/ REV 4.0 88 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA Ter à mão livros para consulta de diversas matérias, dicionários, gramáticas, enfim, aquelas publicações que são imprescindíveis aos estudantes em qualquer faixa etária. Os jogos e materiais pedagógicos necessários às atividades psicopedagógicas, como massinha, lápis de cor, giz de cera, tintas guaxe e de tecido, pincéis, cola, tesoura, alfabeto móvel, folhas diversas, apontador, borracha, entre outros, devem ficar na parte intermediária e final da estante, para que a criança, quando autorizada pelo profissional, tenha livre acesso. É importante que em algumas sessões as crianças dirijam esse momento, pois, assim, teremos uma demonstração de como está sua autonomia, seus interesses, seu comportamento em geral (se agitado, com vontade de destruir os brinquedos, se insatisfeito, trocando constantemente de jogos, etc.). A customização de peças de roupas levadas pela própria criança para que realize a pintura é uma técnica utilizada para trabalhar questões como rótulos de crianças “desastradas” e que, por consequência, têm baixa autoestima. Por meio desta técnica, podemos mostrar à criança que ela consegue realizar certas atividades que demandam maiores cuidados e que consegue produzir um bom trabalho. É necessário ter uma variedade de jogos que trabalham diversas áreas cognitivas das crianças e adolescentes: alfabetização, coordenação motora, tempo para execução, raciocínio, lógica, antecipação, vocabulário, conhecimentos gerais, matemática, uso do dinheiro, ciências, conceitos diversos, gramática e ortografia, localização espacial e temporal, memorização, criatividade, entre outros. Os livros paradidáticos devem sempre estar ao alcance das crianças para estímulo à leitura. Manter livros com recursos diferentes, como sonorização, montagem de cenas com adesivos ou imãs, para crianças menores; livros tipo RPG (role playing game, traduzido como jogo de interpretação de personagens), aventura solo, chamam bastante a atenção dos adolescentes, ao mesmo tempo em que se trabalha a responsabilidade, pois no jogo, cada escolha leva a uma consequência, que pode ser a morte do personagem da história, culminando no fim da mesma. Além de decorar o ambiente, a amarelinha é um jogo que chama a atenção de qualquer faixa etária e gênero, desde que seja neutra, sem motivos femininos. Uma boa oportunidade de mexer o corpo, sendo que muitos não têm habilidades, mas como estão num espaço só deles, tentam utilizar o brinquedo e gostam da experiência, além de ser um elemento riquíssimo para avaliação de sequência numérica, localização espacial e temporal, equilíbrio estático, coordenação motora, entre outros. AN02FREV001/ REV 4.0 89 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA A caixa lúdica pode ser um espaço para conter fantoches, máscaras, fantasias, enfim, tudo o que a criança pode utilizar para criar histórias, dramatizar, enfim, colocar sua criatividade em funcionamento. Outro recurso que tem chamado muito a atenção das crianças e adolescentes são as criações com sucata. Esse momento de criação para algumas crianças traz tranquilidade e introspecção e pode ser muito útil para acalmar crianças hiperativas, agitadas, ou agressivas. O profissional pode sentar com a criança, mostrando que está à disposição para algo que precisar, situação que será transportada para o atendimento psicopedagógico, entendendo que o profissional será alguém que irá auxiliá-lo, facilitando a formação de vínculo e posterior intervenção. Para estes momentos de criação, o chão é o melhor lugar. Utilize-se de tapetes de EVA. Este, com o alfabeto, é um recurso psicopedagógico importante, tanto para crianças em processo de alfabetização para identificação e associação das letras a figuras, quanto para crianças e adolescentes com dificuldades de procurar palavras em dicionário, que contenham distúrbios comprovados, como a dislexia, falha no processamento auditivo, entre outros. O consultório deve, além de oferecer os recursos psicopedagógicos adequados, oferecer conforto para que haja o mínimo de interrupções possíveis durante a sessão. Água para beber, banheiro próximo e com pia para lavar a mão e utensílios como pincéis, etc. facilitam o andamento da sessão. O quadro branco é um recurso que remete imediatamente à escola. Quebrar essa barreira do cliente é importante utilizando o quadro, primeiramente, para desenhos livres e para brincadeiras como a “forca”. Para isso, tenha pincéis de diversas cores, façam um desenho em conjunto (facilitador de formação de vínculo), enfim, explorar todas as possibilidades do quadro em forma de aprendizagens significativas irá trazer um desbloqueio para a sala de aula como consequência, facilitando a aprendizagem de novos conteúdos na escola. Weiss (p. 75, 1994) sugere uma seleção de material que pode conter num consultório para as sessões lúdicas, que dependerá do objetivo específico da sessão, do tempo disponível e da idade da criança. - folhas de papel (pautadas, lisas, brancas e coloridas), lápis, apontador, régua, lápis de cor, canetinhas hidrocor, cola, tesoura, revistinhas, livros; AN02FREV001/ REV 4.0 90 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA -material para carpintaria e construções (madeiras, pregos, tachinhas, arames, ferramentas, etc.); - material de sucata (embalagens vazias, caixinhas, carretéis, rolhas, retalhos, fios, etc.); - blocos de madeira ou plástico, pinos de encaixe; - tintas diversas, massa plástica, cola plástica colorida; - fantoches, miniatura, animais, flores, bonecos, pires, xícaras; - jogos comerciais estruturados. Mais opções: - jogos pedagógicos de alinhavo, laços, botões, zíperes; - kit vida prática (cozinha, ferramentas, médico, bebê, entre outros); - casinha de boneca com família de pano; - fantoches ou dedoches diversos; - kits de bijuterias; - alfabeto móvel em madeira ou papel cartão. Há uma infinidade de materiais que podem ser trabalhados dentro de uma sessão de apoio ou acompanhamento psicopedagógico. Ao profissional que se interessar em trabalhar nessa área são necessários contínuos aperfeiçoamentos sobre o desenvolvimento humano, os novos distúrbios, síndromes e transtornos descobertos, bem como as falhas biológicas e as dificuldades sociais atuais. Como exemplo, citamos a Vigorexia, a Síndrome de Asperger, a Falha no Processamento Auditivo, o Cyberbuylling. Diante desse panorama, de novas descobertas e cada vez mais necessidades do profissional diante das dificuldades educacionais apresentadas por pais, professores e alunos, é um profissional requisitado e que tem um enorme campo de trabalho, desde que as técnicas utilizadas e seu ambiente de trabalho estejam de acordo com a demanda a qual atende. AN02FREV001/ REV 4.0 91 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA REFERÊNCIAS ASSUNÇÃO, Elisabete da; COELHO, Maria Tereza. Problemas de aprendizagem. São Paulo: Ática, 2002. BARBOSA, Laura Monte Serrat. A História da Psicopedagogia contou também com Visca. In: Psicopedagogia e Aprendizagem. Coletânea de reflexões. Curitiba: 2002. BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. CAMARGO, Alzira Leite Carvalhais. O discurso sobre a avaliação escolar do ponto de vista do aluno. Rev. Fac. Educ., São Paulo, v. 23, n. 02/01, jan. 1997. 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