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Impactos causados pela individualização da carreira profissional do trabalhador

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Aluna: Vanessa Suelen Silva reis Lima
E-mail: vanessuelen@hotmail.com
Impactos causados pela individualização da carreira profissional do trabalhador. 
Vanessa Suelen Silva Reis Lima
Palavras-chave: Profissional. Trabalho. Individualização. Mercado.
Introdução
Sucesso, transformação empresarial, equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, qualidade de vida, idade, progressão profissional e sustentabilidade, foram os principais temas abordados durante a entrevista feita ao professor francês Jean-François Chanlat por Maria Ester de Freitas.
Houve um tempo onde as organizações eram as principais responsáveis pela trajetória profissional do indivíduo, desde o seu desenvolvimento, promoções, adequação até a aposentadoria. Com o passar dos anos, assistimos a mudança e a inversão deste cenário, transformando o indivíduo em o responsável principal da sua carreira profissional. Somos incentivados a estudar, realizar cursos, certificações, pós graduações e tudo o que for possível para adquirir conhecimento alavancarmos a nossa carreira no mercado de trabalho.
Muitas consequências surgiram com a individualização do trabalho, que é uma das consequências da fragilidade das relações trabalhistas que por sua vez, resulta na diminuição do comprometimento do trabalhador para com as empresas. O desrespeito às leis trabalhistas, grandes jornadas de trabalhos e salários insatisfatórios, fazem com que os trabalhadores não queiram estreitar vínculos com as organizações, buscando melhores colocações no mercado, e em paralelo, causando rotatividade organizacional.
 
Nos deram o controle da nossa carreira profissional, mas não a decidimos sozinhos.
Por mais que possamos escolher com o que trabalhar e a forma de trabalhamos, não conseguimos adaptar o mercado ao nosso sistema de trabalho, precisamos nos moldar a ele, temos que surfar conforme a onda do mercado profissional. Ainda que tenhamos a possibilidade de escolher entre trabalhar por conta própria ou em uma empresa, não conseguimos escolher a nossa remuneração, nem as horas de trabalho – por mais que tenhamos flexibilidade e poder decisão sobre a hora que iniciamos e que finalizamos o trabalho – e nem temos controle sobre as constantes mudanças que ocorrem no espaço-tempo. 
Ao nos depararmos com os desafios econômicos, sociais e ambientais presentes em nossa sociedade, percebemos que a adaptações e inovações serão sempre constantes no cenário empresarial. Diminuir despesas, aumentar receitas, valorizar e reconhecer as pessoas e diminuir e/ou eliminar os impactos ambientais das organizações estarão sempre em pauta. A busca do lucro pelas organizações não pode anular ou diminuir a importância do capital humano. Cada vez mais buscamos valorização, satisfação e responsabilidade ambiental dentro de uma empresa.
Qualidade de vida, satisfação profissional e responsabilidade ambiental são os três principais pilares estabelecidos pelos trabalhadores que confrontam diretamente os desafios econômicos, sociais e ambientais enfrentados pelas organizações. As organizações que são eleitas as melhores para se trabalharem, são as mesmas que voltam as suas atenções para os seus colaboradores com ações humanizadas e focadas na qualidade do ambiente de trabalho e desenvolvimento do profissional e pessoal do indivíduo.
Quando olhamos com atenção para a necessidade de ações sustentáveis, visualizamos que zelar pelo meio ambiente é uma forma inovação. Afinal, ao pensar em possibilidades sustentáveis novos mercados são criados, novos públicos são atendidos, novas tendências são criadas e novas necessidades são atendidas. A inovação sem sustentabilidade é apenas um retrocesso.
O filósofo francês Jean-Pierre Dupuy ao criar a noção de “catastrofismo esclarecido” dizia que o colapso da sociedade é uma possibilidade real, logo, deveríamos antecipar ações para evitá-las. Ações voltadas para a capacitação, desenvolvimento e acolhimento do indivíduo se tornaram bem vistas para evitar a rotatividade de colaboradores. E ações sustentáveis são primordiais para preservamos o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida.
Para Jean-François Chanlat (2008, p. 66) as modernas práticas gerenciais, como modernização de fábricas, reestruturações, deslocalização e redirecionamento estratégico, dificilmente são capazes de gerar comprometimento a médio ou longo prazo. E ao somarmos os fatores citados com o descumprimento de leis trabalhistas, insatisfação, exaustação, condições inadequadas de trabalho, altas metas comerciais, instabilidade, rotatividade e estresse compreendemos melhor o porquê de as expectativas do trabalhador serem de curto prazo.
“Em meu modo de ver, uma carreira bem-sucedida é a que permite uma pessoa realizar-se em seu trabalho, fazendo coisas de que gosta e alcançando seus objetivos”. (JEAN-FRANÇOIS CHANLAT, 2008, p. 67) É difícil discordar deste pensamento de Jean, ainda que tenhamos fatores que influenciem na definição de sucesso profissional de cada um. O meio que pertencemos, os nossos objetivos, o sucesso que assistimos das pessoas que estão ao nosso redor e que admiramos, também são fortes balizadores de sucesso profissional.
A gestão individual de carreiras apesar de permitir que o indivíduo tome decisões que antes não eram possíveis, também trazem impactos negativos como a competição entre colegas de trabalho, enfraquecimento do trabalho em equipe, estresse, metas inalcançáveis estabelecidas pelas organizações a fim de desafiar os colaboradores provocando rivalidade entre os colegas, estresse, ansiedade e imprevisibilidade do futuro são exemplos dos efeitos nocivos desta nova gestão trabalhista.
O aumento da expectativa de vida também é um ponto bastante relevante quando o assunto é mercado de trabalho, que por muito tempo estigmatizou que pessoas com mais idade são resistentes a mudanças e não se adequariam as mudanças tecnológicas sofridas nos últimos tempos. Atualmente, podemos perceber o aumento da absorção de profissionais sênior pelas organizações devido a experiência já acumulada. É um avanço muito significante, ainda que muitas pessoas tenham dificuldade de se recolocar no mercado de trabalho formal após alcançarem cinquenta anos. . 
Considerações Finais
Após as reflexões feitas com base na leitura da entrevista de Jean-François Chanlat, foram apresentadas conclusões no decorrer do texto, evidenciando as consequências do gerenciamento individual da trajetória profissional, onde o indivíduo se tornou o responsável principal da sua própria carreira. Até aqui, foram relacionadas as falas do entrevistado ao cenário atual, num processo de análise das situações, com citações do autor e as contribuições trazidas pela pesquisa.
Referências
CHANLAT, Jean-François. Entrevista: Jean-François Chanlat. Entrevista concedida a Maria Ester de Freitas. Especial: Carreiras, volume 7, número 1, p. 62 – 69.

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