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Livro Texto - Unidade I (1)

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Autoras: Profa. Juliana Alves Garcia 
 Profa. Márcia Cristina Pena Figueiredo 
 Profa. Erika Simone Lopes
Colaboradores: Prof. Flávio Buratti Gonçalves
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Citopatologia e 
Citologia Clínica
Professoras conteudistas: Juliana Alves Garcia / 
Márcia Cristina Pena Figueiredo / Erika Simone Lopes
Juliana Alves Garcia
Graduada em Biomedicina pelo Centro Universitário Barão de Mauá (2000-2003) e mestre em Ciências (área de concentração: 
Infectologia em Saúde Pública) pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de 
Estado da Saúde (PPG-CCD-SES). Possui habilitação nas áreas de Análise Ambiental, Citologia Oncótica e Patologia Clínica (Análises Clínicas).
Atuou no setor de Microbiologia e Parasitologia do Grupo Fleury (2006-2011), possui curso de Capacitação Profissional em Pesquisa 
Clínica pela Invitare Pesquisa Clínica e de Gestão em Saúde pelo CRBM 1/SP (2010), além de formação de Auditor Interno ISO 9001:2008 
pela Formato Clínico (2011).
Atualmente, é professora adjunta I e coordenadora auxiliar do curso de Biomedicina, campus Anchieta, na Universidade Paulista. 
Desde 2015, leciona na Universidade Paulista para os cursos da graduação de Biomedicina, nas seguintes disciplinas: Biossegurança, 
Parasitologia, Parasitologia Clínica, Coleta de Material Biológico, Métodos e Técnicas em Análises Clínicas, Gestão Laboratorial e Controle 
de Qualidade, Microbiologia Básica e Interpretação Clínica e Laboratorial.
Márcia Cristina Pena Figueiredo
Biomédica formada pela Universidade de Marília, mestre em Pesquisa e Desenvolvimento (Biotecnologia Médica) pela Universidade 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005) e doutora em Oncologia na Fundação Antônio Prudente - A. C. Camargo Cancer Center 
(2014). Atualmente, é docente e coordenadora auxiliar do curso de Biomedicina (Campus Norte) na Universidade Paulista. Desde 2015, 
leciona na Universidade Paulista para os cursos da graduação de Biomedicina, nas seguintes disciplinas: Hemoterapia, Hematologia, 
Biossegurança, Citopatologia e Citologia Clínica, Biomedicina interdisciplinar, Métodos e Técnicas em Análises Clínicas.
Erika Simone Lopes
Graduada em Ciências Biológicas (Modalidade Médica) pela Centro Universitário Barão de Mauá (1999), habilitada em Análises Clínicas 
e Citologia Oncótica, mestre pela Universidade Estadual de Campinas (2007). Atuou como citologista no Laboratório de Citopatologia do 
CAISM/Unicamp (2002/2008). Atualmente, é prestadora de serviço para o Laboratório de Patologia na área de citopatologia diagnóstica. 
No ambiente universitário, foi coordenadora de curso de Biomedicina da Universidade Paulista, Campus Jundiaí (2007-2013). Como 
docente universitária, ministra aulas nas disciplinas de Citologia, Histologia e Embriologia, Citopatologia, Fisiopatologia, Reprodução 
Humana, Biossegurança.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
G216c Garcia, Juliana Alves.
Citopatologia e Citologia Clínica / Juliana Alves Garcia, Márcia Cristina 
Pena Figueiredo, Erika Simone Lopes. – São Paulo: Editora Sol, 2020.
136 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Citopatologia. 2. Cérvico-vaginal. 3. Vias respiratórias. I. Garcia, 
Juliana Alves. II. Figueiredo, Márcia Cristina Pena. III. Lopes, Erika Simone. 
IV. Título.
CDU 576.385
U508.49 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Talita Lo Ré
 Giovanna Oliveira
Sumário
Citopatologia e Citologia Clínica
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA DA CITOPATOLOGIA EM MEDICINA PREVENTIVA. 
CONTEXTUALIZAÇÃO DO LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA ........................................................... 11
1.1 Histórico e importância da citopatologia na biomedicina .................................................. 11
1.2 Histórico e importância da citopatologia em medicina preventiva ................................ 13
1.3 Contextualizando o laboratório de citopatologia ................................................................... 15
1.3.1 Controle de qualidade dos exames citopatológicos: 
avaliação pré-analítica e tipos das amostras ......................................................................................... 23
1.3.2 Transporte .................................................................................................................................................. 25
1.3.3 Critérios de aceitação e rejeição de amostras ............................................................................. 25
2 ANATOMIA DO APARELHO GENITAL FEMININO .................................................................................. 28
2.1 Histologia do aparelho genital feminino .................................................................................... 30
2.1.1 Vulva ............................................................................................................................................................ 30
2.1.2 Vagina .......................................................................................................................................................... 30
2.1.3 Ovários e tubas uterinas ...................................................................................................................... 31
2.1.4 Útero ............................................................................................................................................................ 31
3 COLETA E PROCESSAMENTO DE MATERIAL PARA EXAME CITOPATOLÓGICO ......................... 34
3.1 Coleta de Papanicolau ........................................................................................................................ 34
3.1.1 Preparação da lâmina para o exame citopatológico ................................................................ 36
3.1.2 Coleta de material em meio líquido ................................................................................................ 38
3.2 Colorações de Papanicolaou e coloração de Shorr ................................................................ 40
4 ANÁLISE DA CITOPATOLOGIA CÉRVICO-VAGINAL EM DIVERSAS CONDIÇÕES....................... 41
4.1 Análise da citopatologia cérvico-vaginal em condições 
hormonais basais, pré-menarca, gravidez e menopausa ............................................................. 42
4.1.1 Pré-menarca ............................................................................................................................................. 42
4.1.2 Gravidez ......................................................................................................................................................44
4.1.3 Menopausa ................................................................................................................................................ 44
4.2 Padrões citológicos nas diferentes fases da vida da mulher .............................................. 45
4.3 Análise da citopatologia cérvico-vaginal em condições inflamatórias, 
infecciosas (bacterianas, fúngicas, infecções por protozoários) ............................................... 47
4.3.1 Infecções bacterianas ............................................................................................................................ 48
4.4 Análise da citopatologia cérvico-vaginal em condições de 
infecções virais (herpes, HPV) ................................................................................................................. 51
4.4.1 Tipos de HPV ............................................................................................................................................. 52
4.4.2 Manifestações clínicas da infecção pelo HPV ............................................................................. 54
4.4.3 Características citológicas da infecção pelo HPV ...................................................................... 55
4.4.4 Outros métodos diagnósticos na detecção pelo HPV .............................................................. 56
4.4.5 HPV e vacinas ........................................................................................................................................... 56
Unidade II
5 CLASSIFICAÇÕES DO EXAME CITOPATOLÓGICO CÉRVICO-VAGINAL .......................................... 64
5.1 Classificação de Papanicolau ........................................................................................................... 64
5.2 Classificação de Reagan .................................................................................................................... 64
5.3 Classificação de Richart ..................................................................................................................... 64
5.4 Classificação de Bethesda ................................................................................................................. 65
5.5 Nomenclatura brasileira para laudos citopatológicos cervicais ........................................ 69
5.5.1 Tipos de amostra ..................................................................................................................................... 70
5.5.2 Adequabilidade da amostra ................................................................................................................ 70
5.5.3 Material examinado, dentro dos limites de normalidade ...................................................... 71
5.5.4 Alterações benignas das células (ativas ou reparativas) ......................................................... 71
5.5.5 Presença de metaplasia escamosa imatura no resultado ...................................................... 71
5.5.6 Anormalidades (atipias) celulares .................................................................................................... 71
5.5.7 Anormalidades de células escamosas ............................................................................................. 72
5.5.8 Anormalidades de células glandulares endocervicais .............................................................. 72
5.5.9 Alterações em células escamosas ..................................................................................................... 73
6 ACHADOS ENCONTRADOS NO EXAME CITOPATOLÓGICO CÉRVICO-VAGINAL....................... 75
6.1 Células escamosas atípicas ............................................................................................................... 75
6.2 Células glandulares atípicas ............................................................................................................. 76
6.3 Graduação das lesões cérvico-vaginais ....................................................................................... 77
6.3.1 Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau ............................................................................... 77
6.3.2 Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (NIC 3/carcinoma in situ) .............................. 78
6.4 Neoplasias malignas cérvico-vaginais ......................................................................................... 79
6.4.1 Carcinoma escamoso (epidermoide) invasor ............................................................................... 79
6.4.2 Adenocarcinoma endocervical in situ ............................................................................................ 80
6.4.3 Adenocarcinoma endocervical invasivo ........................................................................................ 81
6.4.4 Adenocarcinoma endometrial ........................................................................................................... 82
6.5 Outros métodos diagnósticos complementares à citopatologia cérvico-vaginal ..... 83
6.5.1 Citologia em meio líquido ................................................................................................................... 83
6.5.2 Reação de cadeia de polimerase (PCR) .......................................................................................... 85
6.5.3 Captura híbrida ........................................................................................................................................ 86
6.5.4 Imuno histoquímica ............................................................................................................................... 86
Unidade III
7 CITOPATOLOGIA E VIAS RESPIRATÓRIAS: ANATOMIA E HISTOLOGIA 
DO SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................................................................... 91
7.1 Células do pulmão ............................................................................................................................... 92
7.2 Coleta e confecção dos esfregaços ............................................................................................... 94
7.2.1 Punção ........................................................................................................................................................ 94
7.2.2 Escovados ................................................................................................................................................... 96
7.2.3 Lavados ....................................................................................................................................................... 97
7.2.4 Materiais obtidos espontaneamente .............................................................................................. 97
7.3 Tipos de amostras ................................................................................................................................. 98
7.3.1 Adequabilidade das amostras ............................................................................................................ 99
7.4 Análise da citologia normal do sistema respiratório e citopatologia 
neoplásica do sistema respiratório ....................................................................................................... 99
7.4.1 Cânceres pulmonares de pequenas células ................................................................................100
7.4.2 Cânceres pulmonares de células não pequenas .......................................................................101
8 CITOPATOLOGIA DA MAMA: ANATOMIA E HISTOLOGIA DA MAMA ..........................................103
8.1 Coleta e confecção dos esfregaços, análise da citologia normal da 
mama e citopatologia neoplásica da mama ...................................................................................106
8.1.1 Carcinoma in situ ..................................................................................................................................1088.1.2 Carcinoma invasor ................................................................................................................................109
8.1.3 Carcinoma ductal .................................................................................................................................. 110
8.2 Citopatologia do trato urinário: anatomia e histologia do trato urinário .................110
8.2.1 Coleta e confecção dos esfregaços ............................................................................................... 112
8.2.2 Análise da citologia normal do trato urinário e citopatologia 
neoplásica do trato urinário ........................................................................................................................ 113
9
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina tem como objetivo atualizar você, aluno, possuindo grande aplicabilidade no diagnóstico 
de doenças, especialmente na detecção de lesões cancerosas. A citologia oncótica tem por objetivo 
analisar as células de forma individualizada, intervindo na detecção de células anormais. Para um 
diagnóstico confiável, por meio da técnica de citologia, são fundamentais a realização de uma coleta 
de material adequada, a preparação correta das lâminas e uma análise fidedigna do material. A área de 
citologia oncótica é uma importante área de atuação, porém ainda é pouco difundida, o que justifica 
nosso interesse no presente tema.
Ao término deste estudo, o futuro graduado deverá: compreender o processo de citopatologia 
clínica (esfoliativa ou oncótica) nas diversas doenças que acometem os seres humanos; identificar 
e compreender o processo de coleta e as análises de material cérvico-vaginal e de outros materiais 
celulares de qualquer tecido ou área do corpo humano por meio de métodos, marcações e colorações 
padronizadas; compreender o diagnóstico das principais doenças infecciosas e as principais formas 
malignas e benignas de lesões que ocorrem no trato genital feminino, bem como a prática laboratorial 
de citologia esfoliativa.
Bons estudos!
INTRODUÇÃO
A presente disciplina tem como base aprender os recursos de apoio diagnóstico em citopatologia e 
de interpretação de exames patológicos e normais utilizados no laboratório.
Este livro-texto disponibiliza, assim, o conhecimento de técnicas e orientações necessárias na rotina 
em serviço de citopatologia, além de explicações referentes a uma adequada coleta de materiais e 
interpretação de resultados e noções de escrutínio e interpretações dos exames citopatológicos dos 
diversos sistemas estudados.
Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de realizar uma análise dessas condutas e 
interferir, de forma eficaz, na compreenção no processo de citopatologia clínica (esfoliativa ou oncótica) 
nas diversas doenças que acometem os seres humanos, atuando de modo relevante na promoção e 
orientação da saúde.
11
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
Unidade I
1 HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA DA CITOPATOLOGIA EM MEDICINA PREVENTIVA. 
CONTEXTUALIZAÇÃO DO LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA
1.1 Histórico e importância da citopatologia na biomedicina
A Biomedicina começou no Brasil em 1966. Desde seu início, o curso passou por inúmeras mudanças 
curriculares, ampliando as suas habilitações e qualificando seus profissionais na área de saúde. Pela 
primeira vez, a categoria biomédica contribui para um projeto interministerial (MEC/MS), fundamental 
para o sucesso dos programas de saúde no país e da própria formação profissional (CFBM, [s.d.]b).
A atuação dos biomédicos com os órgãos governamentais (Ministério da Educação, Ministério do 
Trabalho), a classe política (Câmara dos Deputados e Senado Federal) e a busca dos seus direitos culminou 
na Exposição Interministerial (Saúde, Educação, Trabalho), que elaborou o Projeto de Lei n. 1660/75. 
O resultado fez com que a categoria despontasse forte e coesa, vendo sua pretensão materializada nas 
leis n. 6684/79 e n. 6686/79 (e sua posterior alteração com a Lei n. 7135/83, que permitiu a realização 
de análises clínicas aos portadores de diploma de Ciências Biológicas – Modalidade Médica, bem como 
aos diplomados que ingressaram no curso em vestibular realizado até julho de 1983); no Decreto 
n. 88.394/83, que regulamentou a profissão e a atuação dos Conselhos Federal e Regionais de 
Biomedicina; e na Resolução n. 86 do Senado Federal, de 24 de junho de 1986, ratificando o acordo 
realizado no Supremo Tribunal Federal, assegurando definitivamente o direito do profissional biomédico 
de exercer as análises clínico-laboratoriais.
Hoje a Biomedicina tem 30 habilitações, entre elas a citopatologia oncótica, conforme resoluções 
n. 78 (CFBM, 2002a) e n. 83 (CFBM, 2002b), de 29/04/2002, do Conselho Federal de Biomedicina, e está 
referendada como profissão da área da saúde de acordo com a Resolução n. 287 do Conselho Nacional 
de Saúde/Ministério da Saúde e pelo Ministério da Educação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).
Segundo o Manual do Biomédico (CRBM1, 2017) disponibilizado pelo Conselho Regional de 
Biomedicina Primeira Região, a habilitação em citologia oncótica vem cada vez mais abrindo 
possibilidades para o aprimoramento e crescimento profissional do biomédico. Para a área de citologia, 
as disciplinas relacionadas são anatomia humana, anatomia patológica, fisiologia humana, embriologia, 
citologia, biologia celular, histologia e química geral e para a competência profissional, realizar a 
avaliação citológica do material esfoliativo (citologia esfoliativa), ou seja, realizar coleta de material 
cérvico-vaginal/microflora e leitura da respectiva lâmina.
Na anatomia patológia, o biomédico tem condições de realizar os seguintes procedimentos: 
macroscopia, microtomia, diagnósticos histoquímicos e imuno-histoquímicos, técnicas de biopsias de 
congelação, técnicas de necropsia, diagnóstico molecular e processamento das amostras histopatológicas. 
12
Unidade I
Na citologia esfoliativa, o estudo é das células esfoliadas ou desprendidas de um tecido de revestimento. 
Trata-se de exame de alta especificidade, alta sensibilidade, baixo custo, rapidez e facilidade de execução, 
dispensando anestesia prévia. Exemplo: a técnica de Papanicolau, aliada aos conhecimentos profissionais, 
possibilita excelência na avaliação do grau de alteração do epitélio escamoso cervical e tem ajudado a 
diminuir a incidência de câncer de colo uterino (CFBM, 2009).
A Resolução n. 78 (CFBM, 2002a), de 29 de abril de 2002, que dispõe sobre o ato profissional biomédico, 
fixa o campo de atividade do Biomédico e cria normas de Responsabilidade Técnica. No Capítulo II, 
artigos 2 e 3, é dito que, para o reconhecimento das habilitações elencadas, além da comprovação em 
currículo, deverá o profissional comprovar a realização de estágio mínimo, com duração igual ou superior 
a 500 horas, em instituições oficiais, ou particulares, reconhecidas pelo órgão competente do Ministério 
da Educação ou em laboratórios conveniados com instituições de nível superior, ou especialização ou 
curso de pós-graduação reconhecido pelo MEC. Segundo o artigo 7, os biomédicos poderão realizar 
toda e qualquer coleta de amostras biológicas dos diversos exames, assim como supervisionar os 
respectivos setores de coleta de material biológicos de qualquer estabelecimento a que isso se destine 
– excetuam-se as biopsias, coleta de líquido céfalo-raquidiano (líquor) e punções para obtenção de 
líquidos cavitários em qualquer situação. O texto dispõe ainda sobre o rol de atividades para fins 
de inscrição e fiscalização dos profissionais biomédicos, técnicos, tecnólogos nas áreas de acupuntura, 
estética, citologia e anatomia patológica e imagenologia, junto aos conselhos regionais de biomedicina. 
Nessa normativa, estão descritas todas as atividades que o biomédico poderá realizar, entre elas:
• Metodologias em citopatologia:
— Colheita de cérvico-vaginal, preparo das amostras e metodologias de coloração.
— Técnicas avançadas em citopatologia.
— Citologia em meiolíquido, imunocitoquímica, colorações especiais, biologia molecular (análise 
genômica e proteômica).
• Diagnóstico citopatológico:
— Citologia cérvico-vaginal.
— Citologia mamária.
— Citologia de derrames cavitários e líquido cefalorraquiano.
— Citologia do trato respiratório (escarro e lavados).
— Citologias urinárias, citologia anal.
— Citologia de produto de punção aspirativa, raspados e escovados.
13
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
— Citologia de diversos sítios.
— Controle da qualidade interna e externa.
— Gestão em laboratório de citologia e anatomia patológica.
— Gerenciamento de programas de prevenção e saúde pública.
— O profissional biomédico tem responsabilidade pela análise das amostras citológicas, bem como 
por firmar o respectivo laudo.
1.2 Histórico e importância da citopatologia em medicina preventiva
O desenvolvimento da citologia está associado com o desenvolvimento das lentes ópticas e sua combinação 
para construir o microscópio composto. Em 1665, Robert Hooke, por meio de lentes de aumento, observou 
que fragmentos de cortiça eram compostos de pequenas cavidades em formato poliédrico, as quais foram 
denominadas células. Essa foi a primeira vez que tal terminologia foi utilizada. A partir das constatações de 
Hooke, outros pesquisadores reproduziram a mesma informação (ROBERTIS; HIB, 2001).
A partir dessas descobertas, o avanço da citologia foi rápido. Quando observamos a história da 
biologia celular no século passado e no início deste, vemos que o conhecimento se desenvolveu em 
função de dois motivos principais: primeiro, pelo aumento do poder de resolução dos instrumentos 
de análise e pelo desenvolvimento de novas tecnologias; segundo, pela convergência da citologia com 
outros ramos de investigações biológicas, como genética, fisiologia, bioquímica e imunologia.
George Papanicolau nasceu em 13 de maio de 1883, na Grécia. Especializou-se em música e 
humanidades pela Universidade de Antenas, mas seu pai, médico, estimulou-o a seguir medicina. 
Formando-se na Faculdade de Medicina em 1904, após cumprir o serviço militar como cirurgião, 
retornou à sua cidade natal para cuidar de pacientes com lepra. Apesar da carreira médica, sonhava 
em se estabelecer como pesquisador e, em 1910, recebeu o título de PhD em Zoologia na Universidade 
de Munique. No ano seguinte foi morar em Mônaco e trabalhou como fisiologista no famoso Instituto 
Oceanográfico. Durante a Guerra dos Bálcãs, em 1912, retornou ao serviço militar. Em 1913, já casado, 
emigrou com sua esposa para Nova York, com poucos recursos e sem dominar o inglês. A esposa foi 
trabalhar como costureira, e o médico-cientista, como vendedor de tapetes. Posteriormente, trabalhou 
num jornal grego e tocou violino em restaurantes até conseguir emprego na Faculdade de Medicina 
da Cornell University. Estudou o ciclo reprodutivo, utilizando o esfregaço da secreção vaginal em 
porquinhos-da-índia, tendo observado ao microscópio uma grande variedade de formas celulares 
diretamente relacionadas à fase do ciclo. Em 1917, Papanicolau descobriu como ocorria o processo de 
ovulação, o que também o levou a relatar que existiam variações de padrões e sequências citológicas 
diferentes que determinavam o ciclo ovariano e menstrual. Em 1920, ele elaborou uma técnica para 
estudar as células vaginais e do colo uterino, denominada método de citologia esfoliativa, a qual ainda 
hoje é utilizada no combate ao câncer de colo uterino. Devido à época em que expôs seu trabalho, 
apesar de a metodologia se mostrar eficaz, ela não foi completamente aceita, visto o preconceito e 
o temor da exposição feminina. Anos depois, sua técnica passou a ser considerada uma ferramenta 
14
Unidade I
excepcional para a detecção precoce do câncer cervical, o que se repete até os dias de hoje (CARVALHO; 
QUEIROZ, 2010).
Em 1925 ele identificou células cancerígenas no esfregaço vaginal de uma voluntária. Diante da 
relevância da descoberta, examinou outras mulheres sabidamente com câncer de útero, confirmando 
esse diagnóstico no esfregaço vaginal. Apresentou sua técnica simples e eficaz em 1928, mas seu trabalho 
foi desprezado pelos dez anos seguintes. Em 1939, conseguiu iniciar o exame do esfregaço vaginal 
em mulheres no Hospital de Nova York, detectando um número considerável de cânceres precoces. 
Papanicolau passou a próxima década lutando para provar o valor dos testes e treinando técnicos 
e patologistas para interpretar esses esfregaços. No seu trabalho “O valor diagnóstico do esfregaço 
vaginal no diagnóstico do câncer do útero”, publicado em 1941 no American Journal of Obstetrics 
and Gynecology (PAPANICOLAOU; TRAUT, 1941), demonstrou os diferentes tipos de células malignas 
encontrados em pacientes com câncer. Humildemente escreveu que ainda não tinha encontrado uma 
prova diagnóstica infalível, mas sabia que sua experiência estava de acordo com o resultado das biopsias 
(PAPANICOLAOU; TRAUT, 1941). Alguns eminentes ginecologistas reagiram à publicação, sugerindo que 
o exame não estava sendo usado em nenhum serviço de ginecologia. Vida dura desse humanista, que 
preferiu a penumbra de seu laboratório aos holofotes, isso porque ele buscava fazer algo digno de um 
homem ético e forte, e não a riqueza. Nesse mesmo ano, Papanicolaou criou a primeira terminologia 
(classe I, II, III, IV e V) para classificar células normais e diferentes tipos de alterações citológicas 
encontradas na cérvice. Não desanimou e continuou ensinando a importância de um trabalho sério, 
dedicado e baseado na disciplina. Escreveu mais de 150 artigos científicos, recebeu diversos prêmios, 
tendo sido indicado por cinco vezes ao Nobel de Medicina, nunca tendo ficado clara a razão de jamais 
ter sido o escolhido. Tornou-se professor emérito da Cornell, em 1951, e dez anos depois foi dirigir o 
Instituto do Câncer de Miami, mas faleceu três meses após, devido a um infarto do miocárdio.
O teste de Papanicolau é um dos avanços mais consideraveis no controle do câncer, sendo 13 de 
maio, dia do nascimento de Papanicolau, consagrado como o Dia Mundial do Citopatologista. Desde 
a implantação do rastreamento do câncer de colo uterino pelo exame de Papanicolau, vários países, 
entre eles o Brasil, conseguiram reduzir drasticamente a taxa de mortalidade. Na década de 1980, o 
médico alemão Harald zur Hausen demonstrou a relação do papilomavírus humano (HPV) com o câncer 
de colo do útero e, em 2008, ganhou o prêmio Nobel de Medicina. Devido a sua descoberta, surgiu 
o desenvolvimento de vacinas profiláticas para o HPV. Na expectativa de diminuir a incidência e a 
mortalidade pelo câncer de colo do útero, nos últimos anos o Ministério da Saúde implantou programas 
voltados à saúde da mulher com foco na prevenção do câncer do colo uterino, através de diagnóstico 
precoce, profilaxia e também da vacina contra HPV inserida no calendário nacional de vacina para 
jovens. O câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos do HPV. No Brasil, 
representa um grande problema de saúde pública e, segundo as estimativas do Instituto Nacional de 
Câncer (Inca), é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina e a quarta causa de 
morte em mulheres. Ainda segundo dados do Inca, estima-se que ocorram no Brasil cerca de 20 mil novos 
casos de câncer de colo uterino, com um índice de mortalidade estimado em 6 mil casos (INSTITUTO 
NACIONAL DO CÂNCER, 2018). Apesar dos avanços no diagnóstico de lesões com potencial de evolução 
cancerosa, o exame de citologia oncótica, popularmente conhecido como Papanicolau, continua a ser 
o exame de melhor custo benefício para identificar casos que necessitam de encaminhamento para 
colposcopia e biopsia (ELEUTÉRIO et al., 2004; TUON et al., 2002).
15
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
A citologia oncótica é a análise microscópica das características das células de nosso corpo em 
qualquer localização, a fim de detectar lesões tumorais. É um método de rastreamento do câncer de 
colo uterino utilizadodesde 1950 em diversos países na busca de alterações cervicais em mulheres 
sexualmente ativas (MÜLLER; MAZIERO, 2010). A citologia oncótica possui sua importância na prevenção 
e no diagnóstico do câncer de colo uterino como um exame simples e barato que tem a capacidade de 
detectar lesões pré-neoplásicas do colo do útero, possibilitando ao clínico intervir no desenvolvimento 
do carcinoma invasor (ressaltando que a citologia oncótica também é utilizada para rastreamento de 
outros tipos de cânceres que não o uterino).
1.3 Contextualizando o laboratório de citopatologia
O laboratório clínico que realiza exames citopatológigos deve estar limpo, bem iluminado e bem 
ventilado. A área de preparação de amostras deve estar separada daquela onde espécimes são avaliados, 
e os microscópicos binoculares devem ser de boa qualidade, em quantidade suficiente e sob um contrato 
de serviço de manutenção periódica. A organização dos móveis, como mesas e cadeiras dos citologistas, 
deve ser bem planejada para garantir conforto aos profissionais e preservá-los de riscos ergonômicos. 
Todos os programas de estabelecimentos assistenciais de saúde devem ser compatíveis com a disposição 
de normas – particularmente, a RDC n. 50/2002 (ANVISA, 2002) –, além de atender a todas as outras 
prescrições adequadas ao objeto de uma padronização estabelecida em códigos, leis, decretos, portarias 
e normas federais, estaduais e municipais (HINRICHSEN, 2018).
A RDC n. 302 (ANVISA, 2005) dispõe sobre o regulamento técnico para o funcionamento de 
laboratórios clínicos. Do ponto de vista ético e legal, essa RDC é de grande importância para a área 
laboratorial, pois normatiza e oferece uma diretriz mínima, a qual os laboratórios são obrigados a seguir. 
Teoricamente, os laboratórios devem cumprir metas mínimas de qualidade, organização e preços.
A fase imediatamente anterior à coleta de sangue para exames laboratoriais, definida na RDC n. 302 
como a fase que se inicia com a solicitação da análise, passando pela obtenção da amostra e finalizando 
quando se inicia a análise propriamente dita, deve ser objeto de atenção por parte de todas as pessoas 
envolvidas no atendimento dos pacientes, com a finalidade de prevenir a ocorrência de falhas ou a 
introdução de variáveis que possam comprometer a exatidão dos resultados.
Agora, vamos aos pontos principais sobre a RDC n. 302. Essa resolução é aplicável a todos os serviços 
públicos ou privados que realizam atividades laboratoriais na área de análises clínicas, patologia clínica 
e citologia. Suas condições gerais são:
• Organização:
— O laboratório clínico e o posto de coleta devem possuir alvará atualizado expedido pelo órgão 
sanitário competente.
— O laboratório e o posto de coleta devem possuir um responsável técnico legalmente habilitado 
(farmacêutico, médico e biomédico).
16
Unidade I
— O profissional legalmente habilitado poderá ser o responsável técnico de apenas dois locais 
(laboratório e posto de coleta).
— Todo laboratório clínico e posto de coleta deve estar inscrito no Cadastro Nacional de 
Estabelecimentos de Saúde (CNES).
— Toda a supervisão e a responsabilidade pelo laboratório e pelo posto de coleta, em relação 
à organização, à confidencialidade, ao treinamento de pessoal etc., caberão à direção e ao 
responsável técnico.
— O laboratório e o posto de coleta devem dispor de instruções escritas das rotinas e informações 
aos clientes.
• Recursos humanos:
— Devem ser mantidos os registros de formação e qualificação dos profissionais compatíveis com 
as funções desempenhadas.
— O laboratório deve promover treinamento e educação permanente aos funcionários e manter 
o registro.
— Os profissionais devem ser vacinados contra hepatite B, tétano e difteria.
— A admissão deve ser precedida do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
— Deve-se realizar anualmente o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).
• Infraestrutura:
— A infraestrutura deve obedecer à RDC n. 50 (ANVISA, 2002) e à RDC n. 189 (ANVISA, 2003).
• Processos operacionais:
— O laboratório e o posto de coleta devem disponibilizar ao paciente instruções escritas ou 
verbais, em linguagem acessível, orientando-o bem.
— O laboratório e o posto de coleta devem exigir um documento oficial com foto do paciente no 
momento do atendimento.
— Devem ser estabelecidos critérios para aceitação e rejeição de amostras.
— São exigidas várias informações para o cadastro dos pacientes: nome, idade, sexo, telefone, 
contato (quando menor de idade), anotação de medicamentos utilizados e data prevista para 
entrega de resultados.
17
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
— É obrigatória a identificação do nome do funcionário que efetuou a coleta.
— Devem ser realizadas as instruções para o recebimento e a coleta de amostras.
— Devem ser realizadas as instruções escritas para o transporte das amostras.
— Deve-se evitar o transporte de amostras em áreas comuns de circulação.
— A terceirização do transporte deve ter contrato formal.
— O laboratório e o posto de coleta devem dispor de uma lista de exames e atividades realizados 
naquela unidade.
— O laboratório deve monitorar a fase analítica por meio de controle interno e externo da qualidade.
— O laboratório deve manter o cadastro dos laboratórios de apoio, possuir contrato formal e 
avaliar a sua qualidade.
— O laboratório deve manter contrato formal com os laboratórios de apoio, bem como indicar 
quais exames são enviados.
— O laboratório de apoio deve estar de acordo com a resolução de responsabilidade de quem contrata.
— Os laudos devem ser arquivados por cinco anos.
— Os testes laboratoriais remotos (TLR) devem estar vinculados a um laboratório.
— O responsável técnico pelo laboratório é também responsável por todos os TLR realizados 
dentro da instituição, mesmo em unidade móvel.
— A realização de TLR está condicionada à liberação do laudo.
• Equipamentos e instrumentos:
— O laboratório deve possuir equipamentos de acordo com a sua complexidade e sua demanda.
— Devem ser mantidas as instruções escritas referentes aos equipamentos em língua portuguesa.
— Deve haver o registro de manutenções preventivas e corretivas.
— Os equipamentos de medição devem ser calibrados.
— Deve haver o registro de temperatura.
18
Unidade I
— Deve ser registrada a compra de produtos para diagnósticos, a fim de garantir a rastreabilidade.
— Os produtos para diagnósticos devem estar registrados na Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Anvisa).
• Biossegurança:
— Devem ser disponibilizadas para os funcionários instruções escritas de biossegurança.
— Deve haver instruções de uso de equipamento de proteção individual (EPI) e equipamento de 
proteção coletiva (EPC).
— Deve haver o manuseio e o transporte de material biológico.
— Instruções para limpeza e desinfecção devem ser escritas.
— Os saneantes usados para o processo de limpeza devem estar regularizados pela Anvisa.
• Controle de qualidade:
— Os controles de qualidade interno e externo devem ser documentados.
— O controle interno deve ser realizado com as amostras de soros, que são controles comerciais 
e regularizados pela Anvisa.
— Formas alternativas são aceitas desde que descritas na literatura e que permitam a avaliação 
da precisão do equipamento.
— O laboratório deve manter o registro dos controles internos.
• Controle externo:
— O laboratório deve participar dos ensaios de proficiência para todos os exames realizados na 
sua rotina.
— Os resultados devem ser anotados, e devem ser tomadas providências quando houver 
não conformidades.
— O laboratório clínico deve participar dos ensaios de proficiência para todos os exames realizados 
na sua rotina.
— Para os exames não contemplados pelos programas do ensaio de proficiência, o laboratório deve 
adotar formas alternativas de controle externo de qualidade descritas na literatura científica.
19
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
• Liberação de laudos:
— O laboratório deve possuir uma instruçãoescrita sobre a liberação de laudos.
— O laudo deve ser legível e assinado por um profissional legalmente habilitado (farmacêutico, 
biomédico ou patologista).
— Um laudo deve conter dados mínimos: nome do exame, tipo de amostra, método analítico, 
unidade de medição, valores de referência, limitações da técnica e dados para interpretação.
— Amostras com restrição devem constar no laudo.
A RDC n. 306/2004 (ANVISA, 2004b) é um regulamento técnico que dispõe sobre o gerenciamento 
de resíduos de serviços de saúde, abrangendo não somente o lixo infectante, mas todas as categorias de 
resíduos, inclusive os não infectantes.
O regulamento se aplica a todos os geradores de resíduos de serviços de saúde (RSS). Todo gerador 
de resíduos deve elaborar, assim, um plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (PGRSS), 
que deve ser baseado na característica dos resíduos gerados e na sua classificação. A seguir, destacamos 
alguns pontos da RDC n. 306.
• O transporte interno de resíduos deve seguir o roteiro definido e ser feito em horários não 
coincidentes com fluxo de pessoas ou atividades.
• O transporte deve ser feito de acordo com o grupo de resíduos.
• Os recipientes para o transporte de resíduos devem ser providos de tampa articulada ao próprio 
corpo do equipamento e rodas, além de serem identificados com o símbolo de acordo com os 
resíduos neles contidos.
• Compete aos serviços de saúde a elaboração do PGRSS.
• Deve ser requerida às empresas prestadoras de serviços terceirizadas (empresas de recolhimento 
de resíduos) a apresentação de licença ambiental para o tratamento ou a disposição dos resíduos de 
serviços de saúde.
• Devem ser solicitados aos órgãos públicos responsáveis pela execução da coleta: transporte, 
tratamento ou disposição final dos resíduos e documentação que identifique a conformidade 
com as orientações dos órgãos de meio ambiente.
• Deve ser mantido o registro de operações de venda e/ou doação dos resíduos destinados à reciclagem.
A RDC n. 306 classificou os resíduos em cinco grupos: A, B, C, D e E. Os resíduos do Grupo A são 
separados em:
20
Unidade I
• A1: culturas e estoque de micro-organismos, meios de cultura, materiais para inoculação de 
culturas, resíduos de vacinação, sobras de amostras de laboratórios, entre outros.
• A2: carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais, cadáveres de 
animais, peças de anatomopatológicos, entre outros.
• A3: peças anatômicas humanas (membros), produto de fecundação sem sinais vitais com peso 
menor que 500 gramas, estatura menor que 25 cm ou idade inferior a 20 semanas e que não 
tenha sido requerido pelos seus familiares.
• A4: sobras de amostras de laboratórios, recipientes com fezes, urina, secreção, peças de 
anatomopatológicos, peças anatômicas, vísceras e bolsas transfusionais vazias.
• A5: materiais biológicos de indivíduos ou animais com suspeita ou certeza de contaminação 
com príons.
Já o Grupo B, de resíduos de produtos químicos, se organiza da seguinte forma:
• Resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, quando não forem 
submetidos ao processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a 
tratamento ou disposição final específicos.
• Resíduos químicos que não representam risco à saúde ou ao meio ambiente não necessitam 
de tratamento, podendo ser submetidos a processos de reutilização, recuperação ou reciclagem. 
Devem ser encaminhados para sistemas de disposição final de licenciamento.
• Resíduos no estado líquido podem ser lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor 
desde que atendam às diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais e gestores de recursos 
hídricos e saneamento competentes.
• Os resíduos químicos dos equipamentos automáticos de laboratórios clínicos e dos reagentes 
de laboratórios clínicos, quando misturados, devem ser analisados pelo maior risco ou conforme 
as instruções contidas na ficha de informações de segurança de produtos químicos (FISPQ) e 
tratados conforme o item 11.2 ou 11.18 da RDC.
Quanto ao Grupo C, cabe saber:
• Diz respeito a rejeitos radioativos, inclusive sobras de alimentos provenientes de pacientes 
submetidos a terapia com iodo radioativo.
• O recipiente com rodas de transporte interno de rejeitos radioativos, além das especificações 
contidas em RDC, deve possuir um sistema de blindagem com tampa para acomodação de sacos 
de rejeitos radioativos, devendo ser monitorado a cada operação de transporte e submetido à 
descontaminação, quando necessário. Independentemente de seu volume, não poderá possuir 
21
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
válvula de drenagem no fundo. Deve, ainda, conter a identificação com inscrição, símbolo e cor 
compatíveis com o resíduo do Grupo C.
Com relação aos resíduos do Grupo D, vale ressaltar:
• Para os resíduos do Grupo D, destinados à reciclagem ou reutilização, a identificação deve ser 
feita nos recipientes e nos abrigos de guarda de recipientes utilizando-se o código de cores e suas 
correspondentes nomeações, baseadas na Resolução Conama n. 275/2001 (CONAMA, 2001), e 
símbolos do tipo de material reciclável:
— Azul: papéis.
— Amarelo: metais.
— Verde: vidros.
— Vermelho: plásticos.
— Marrom: resíduos orgânicos.
• Para os demais resíduos do Grupo D, deve ser utilizada a cor cinza nos recipientes.
• Caso não exista processo de segregação para reciclagem, não haverá exigência para a padronização 
de cor dos recipientes.
• São admissíveis outras formas de segregação, acondicionamento e identificação dos recipientes 
desses resíduos para fins de reciclagem, de acordo com as características específicas das rotinas 
de cada serviço, devendo estar contempladas no PGRSS.
Sobre os resíduos do Grupo E, é necessário saber:
• Trata-se de materiais perfurocortantes.
• Devem ser acondicionados em recipientes rígidos, resistentes à punctura, à ruptura e ao vazamento, 
e com tampa, além de serem devidamente identificados.
• É proibido reencapar agulhas.
• O abrigo de resíduos deve ser de alvenaria, revestido de material liso, impermeável, lavável e de 
fácil higienização, com aberturas para ventilação, com tela de proteção contra insetos, roedores 
e vetores.
• Os serviços geradores de resíduos de saúde devem manter o programa de educação continuada.
22
Unidade I
A RDC n. 222/2018 (ANVISA, 2018) é a nova resolução que dispõe sobre o gerenciamento dos 
resíduos de serviços de saúde, após ser revogada a RDC n. 306/2004 (ANVISA, 2004b), com a qual os 
profissionais de saúde trabalharam nas instituições de saúde do país nos últimos 14 anos. Geralmente, 
as mudanças impulsionadas no gerenciamento de RSS são relativas a uma gestão tanto mais didática 
quanto mais objetiva em relação à RDC n. 306/2004, com menor citação de outros normativos. Vejamos, 
resumidamente, alguns itens importantes.
No início, mais precisamente no Capítulo I, Seção I, Artigo 2º, em que se descreve a finalidade de 
dimensão da Resolução, destaca-se:
Esta Resolução se aplica aos geradores de resíduos de serviços de saúde – 
RSS cujas atividades envolvam qualquer etapa do gerenciamento dos RSS, 
sejam eles públicos e privados, filantrópicos, civis ou militares, incluindo 
aqueles que exercem ações de ensino e pesquisa (ANVISA, 2018).
Os tipos de serviços de saúde e de ensino, para os quais a legislação atua, não eram descritos na RDC 
n. 306/2004 (ANVISA, 2004b).
Outro ponto de destaque, ainda nesse Artigo 2º, refere-se à amplitude de quem são os geradores 
de RSS agora incluídos: “serviços de piercing e salões de beleza e estética” (ANVISA, 2018). É muito 
oportuna a inclusão desses dois serviços, considerando que o risco à saúde é específico às atividades 
que desenvolvem.
Agora, na nova RDC, pode ser compartilhado o local chamado expurgo para o armazenamento 
temporário dos RSS. Porém, só é permitido para os resíduos dos Grupos A, D e E, e a área deverá ser 
compatível com os três tipos de resíduos.
Outra novidade na atual RDC é aespecificação dos tipos de resíduos armazenados nesse “abrigo 
temporário de RSS” compartilhado com a “sala de utilidades” ou “expurgo”, os quais não eram citados 
anteriormente. A RDC n. 222 traz algumas modificações, principalmente com relação ao Grupo A (mais 
especificamente aos subgrupos A1, A2 e A3): todas as descrições de tratamento e acondicionamento desses 
tipos de resíduos estão muito resumidas. Nesse sentido, a nova RDC apresenta um texto mais genérico.
Quanto ao Grupo B, a legislação exclui qualquer citação sobre a geração de resíduos das atividades 
assistenciais domiciliares, item que era pontuado na RDC anterior (capítulo VI, “Manejo de RSS”).
No que concerne ao Grupo C, há a reestruturação de todos os itens sobre resíduo radioativo, e as 
características dos recipientes para acondicionamento não são mais descritas na atual legislação.
No que se refere ao Grupo D, fica excluída a simbologia de cores para segregação dos diferentes tipos 
de resíduos desse grupo, a qual era contemplada na RDC n. 306. Um ponto positivo, por outro lado, é 
a inclusão, nesse grupo, do “descarte dos equipamentos de proteção individual (EPIs), desde que não 
contaminados por matéria biológica, química ou radioativa” (ANVISA, 2018), algo que não era descrito 
na RDC anterior.
23
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
Destaca-se, ainda, na nova resolução, a ampliação da lista dos tipos de resíduos que podem ser 
classificados como tais, como as forrações de animais de biotérios sem risco biológico associado, os 
resíduos recicláveis sem contaminação biológica, química e radiológica associada e os pelos de animais, 
não citados na legislação anterior.
Por fim, no Grupo E, também eliminou-se qualquer citação sobre a geração de resíduos das 
atividades assistenciais domiciliares, o que, mais uma vez, é um ponto muito negativo na assistência 
de saúde domiciliar. Ainda nesse grupo dos perfurocortantes, a nova RDC retira o segundo critério 
– “nível do preenchimento deve ficar a 5 cm de distância da boca do recipiente” –, estabelecido para o 
nível de preenchimento dos recipientes de acondicionamento desse material (ANVISA, 2004b), ficando 
apenas com um único critério e sendo alterado (era 2/3) aquele que menciona: “devem ser substituídos 
de acordo com a demanda ou quando o nível de preenchimento atingir 3/4 (três quartos) da capacidade” 
(ANVISA, 2018).
A RDC n. 222 também descreve que seringas e agulhas podem ser desconectadas, desde que com o 
auxílio de dispositivo de segurança, mantendo a proibição anterior de desconexão de seringas e agulhas 
de forma manual.
Em linhas gerais, a nova RDC (ANVISA, 2018) exclui a citação de todas as outras legislações paralelas 
a ela, as quais eram referidas na RDC n. 306, como o Conama, a ABNT e o Ministério do Trabalho, 
substituindo-as sempre pelo termo “conforme normas ambientais vigentes” etc. Quanto à disposição 
final dos RSS, também genericamente se refere sempre ao termo “disposição final ambientalmente 
adequada”. O capítulo relacionado à saúde ocupacional foi bastante resumido na atual legislação.
1.3.1 Controle de qualidade dos exames citopatológicos: avaliação pré-analítica e tipos 
das amostras
O controle da qualidade nessa fase analisa o registro do material recebido, a preparação, a coloração 
e a montagem das lâminas, a manutenção dos equipamentos e microscópios, bem como os registros de 
informações de pessoal, sua qualificação e seu treinamento (CERVIX..., 2005).
O primeiro passo é o preenchimento correto do formulário de requisição do exame citopatológico 
com letra legível e com todas as informações relacionadas aos dados pessoais e da Unidade de Saúde 
corretos. Todas as amostras (ou materiais) dos pacientes devem ser identificadas de modo que se possa 
fazer, se necessário, uma rastreabilidade (MOTTA; CORRÊA; MOTTA, 2001).
Para realizar o cadastro do paciente, é obrigatório solicitar um documento com foto que afirme a 
sua identificação. O cadastro em questão deve conter as seguintes informações: número interno de 
identificação do paciente no laboratório; nome do paciente; idade ou data de nascimento; procedência 
(se paciente ambulatorial ou hospitalar); telefone; endereço; data e horário de cadastro; nome do 
profissional solicitante; exames solicitados e tipo de amostras (SBPC/ML, 2010).
No setor de recepção e cadastro das amostras, deve-se observar cuidadosamente a compatibilidade 
das informações do formulário de requisição de exame citopatológico, padronizado pelo Ministério da 
24
Unidade I
Saúde para as ações de controle do câncer do colo do útero com a identificação obrigatória das lâminas 
e, se possível, nos frascos ou recipientes contendo as amostras. Devem ser anotadas as condições do 
material (lâmina quebrada, ausente, sem requisição etc.). As lâminas e as requisições devem ser entregues 
juntamente com uma listagem em duas vias contendo o nome das mulheres. O profissional da recepção 
deve conferir, datar e assinar as vias de listagem e devolver uma das vias ao portador para ser arquivada 
(INCA, 2016).
Segundo o Manual de Gestão da Qualidade para Laboratório de Citopatologia, (INCA, 2016), as 
amostras, após coletadas e fixadas de forma adequada, devem ser acondicionadas corretamente. Os 
recipientes usados para a acomodação do material dependem do tipo do fixador utilizado, por exemplo: 
caixas de papelão, madeira ou plástico são apropriadas para o transporte das lâminas fixadas com 
fixador de cobertura e tubetes com tampa de rosca para os esfregaços fixados em álcool, com tubetes 
individualizados para cada paciente, sendo desaconselhado o uso de recipientes contendo várias lâminas 
separadas por clipes.
Tavares et al. (2007) recomendam, para garantir a rastreabilidade, que o laboratório deve dispor de 
um sistema de informática que permita a identificação da hora do recebimento e também a da coleta 
da amostra, além do nome do funcionário que realizou a coleta ou recebeu a amostra, identificando-a 
por ordem numérica e anual, para localizar facilmente todo o seu caminho dentro do laboratório, desde 
a recepção até a emissão do laudo. O sistema de qualidade deve conter os requisitos para avaliar a 
qualidade desde a recepção até o tempo de entrega do resultado do exame. Por isso, é importante 
observar o atendimento da recepção, realizar pesquisas de opinião sobre o atendimento, oferecer urnas 
para coleta de informações sobre satisfação do cliente, utilizar gráficos para demonstrar a quantidade e 
a fequência de solicitação de novas amotras de queixas sobre a clareza dos resultados.
A Sociedade Brasileira de Citologia Clínica e a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (2001) 
sugerem se devem se treinar os profissionais envolvidos no desenvolvimento de tarefas para facilitar 
e garantir a qualidade do produto (laudo citopatológico), bem como o desempenho de todos aqueles 
que coordenam e executam as tarefas, sendo necessário elaborar um conjunto de procedimentos e 
instruções de trabalhos específicos da especialidade da citopatologia.
De acordo com a Resolução n. 1472/97 do Conselho Federal de Medicina (CFM, 2007), as lâminas 
de exames citopatológicos (negativas ou positivas para malignidade) devem ser mantidas em arquivo 
por cinco anos no próprio laboratório ou entregues ao paciente ou a seu responsável legal devidamente 
orientados quanto a sua conservação e mediante comprovante que deverá ser arquivado durante o 
período anteriormente mencionado. Quanto aos laudos diagnósticos, eles poderão ser arquivados 
indefinidamente em arquivo informatizado. As lâminas devem ser arquivadas em ordem numérica, 
sendo aconselhável um arquivo independente para lâminas positivas e negativas, para facilitar a sua 
pesquisa e resgate quando solicitado pela paciente.
Para a segurança do arquivo, é necessário o acesso restrito a esse setor, com protocolo de entrada e 
saída das lâminas. A solicitação das lâminas pela paciente deve ser atendida e registrada em documento 
específico, no qual deve constar, de modo claro,a transferência e a responsabilidade pela guarda da lâmina.
25
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
1.3.2 Transporte
O laboratório deverá oferecer, por escrito, instruções para o transporte de amostras, respeitando 
a especificidade de cada material biológico, com condições de temperatura, conservação, integridade 
e estabilidade da amostra, bem como utilizar recipiente de amostras isotérmico, impermeável e 
higienizável, identificado com a simbologia de risco biológico e com nome do laboratório ou posto de 
coleta responsável. As amostras devem ser coletadas, fixadas corretamente e enviadas ao laboratório 
para a realização dos exames citopatológicos. Antes da coleta, a retirada do excesso de secreção do colo 
do útero evita o aparecimento de fatores ofuscados, como esfregaços com áreas espessas inadequadas 
à avaliação citopatológica (MICKEE, 1997).
Para o transporte de esfregaços fixados com fixadores úmidos (etanol a 96%), esses devem permenecer 
individualmente em seus respectivos tubetes, os quais devem ser acondicionados em embalagens que 
garantam não derramar ou evaporar o fixador. As amostras fixadas com álcool a 96% mantêm-se em 
boa conservação por uma ou mais semanas. Já aquelas que utilizam fixadores e camada (propilenoglicol 
e etanol) conservam-se por apenas uma semana. As amostras em meio líquido podem ser armazenadas 
em tempertura ambiente por até 60 dias, sendo o pellet estável por até 14 meses (TAKAHASHI, 1973; 
DIGENE, 2002).
As amostras a serem enviadas a laboratórios distantes do local da coleta devem ser fixadas 
com fixadores de cobertura (propilenoglicol ou smiliar) à temperatura ambiente e acondicionadas 
individualmente em pequenas caixas de papelão, corretamente identificadas com o nome da paciente 
e da unidade responsável pelo encaminhamento. Devem ser seguidas as normas de biossegurança 
no transporte desses materiais, assim como em casos de intercorrências no transporte de amostras 
biológicas devem-se seguir os protocolos de urgência e emergência (CONSOLARO; ENGLER, 2016).
 Observação
Se houver algum acidente durante o transporte das caixas com o material 
fixado, se o prejuízo for a perda do material por quebra da lâmina, por 
exemplo, o funcionário deverá recolher as lâminas com luvas apropriadas 
para evitar ferimento. As amostras líquidas devem ser transportadas em 
caixas térmicas para evitar mudança de temperatura.
1.3.3 Critérios de aceitação e rejeição de amostras
Em caso de rejeição da amostra na fase pré-analítica, deve-se fazer o registro das inconformidades, 
pois o relato da inadequação da amostra é um procedimento fundamental na busca da qualidade 
(KHAWALI, 2012).
Devem ser rejeitadas as amostras que não estejam em conformidade com os critérios mínimos 
necessários para a realização da análise do exame citopatológico, listados a seguir:
26
Unidade I
• Dados ilegíveis na identificação da amostra.
• Falta de identificação ou identificação incorreta da amostra.
• Divergência entre as informações da requisição e da lâmina.
• Lâminas quebradas.
• Requisições não padronizadas de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde.
• Ausência de dados referente à anamnese e ao exame clínico.
• Ausência de identificação e assinatura do profissional responsável pela coleta.
• Ausência do nome e/ou CNES do serviço de saúde responsável pela coleta.
A descrição da rejeição da amostra é um procedimento fundamental, podendo, sempre que possível, 
ser corrigido ou providenciada nova coleta. Deve ser destacado ainda que a rejeição de um material 
significa um gasto sem resultado e que todo o esforço feito pela mulher para realizar o exame foi 
perdido (MILLER et al., 2000).
Segundo o manual técnico para prevenção do câncer do colo do útero (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2002), a amostra colhida, ao ser examinada no laboratório, será classificada em: amostra insatisfatória; 
amostra satisfatória, mas limitada; amostra satisfatória.
Uma amostra será considerada insatisfatória quando houver:
• ausência de identificação na lâmina ou na requisição;
• lâmina quebrada ou com material mal fixado;
• células escamosas bem preservadas cobrindo menos de 10% de superfície da lâmina;
• obscurecimento por sangue, inflamação, áreas espessas, má fixação, dessecamento etc., que 
impeçam a interpretação de mais de 75% das células epiteliais.
Nesses casos, não é possível obter diagnóstico e por isso o exame deve ser repetido.
Uma amostra será considerada satisfatória, mas limitada, quando houver:
• falta de informações clínicas pertinentes;
• ausência ou escassez de células endocervicais ou metaplásicas representativas da junção 
escamocolunar (JEC) ou da zona de tranformação;
27
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
• esfregaço purulento, obscurecido por sangue, áreas espessas, dessecamento etc., que impeçam a 
interpretação de, aproximadamente, 50% a 70% das células epiteliais.
Para o Ministerio da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013), a adequabilidade da amostra, na atual 
nomenclatura citológica brasileira, é definida como satisfatória ou insatisfatória. O termo anteriormente 
utilizado, “satisfatório, mas limitado”, foi abolido (INCA, 2006a).
É considerada insatisfatória a amostra cuja leitura esteja prejudicada pelas razões expostas a 
seguir, algumas de natureza técnica e outras de amostragem celular, podendo ser assim classificada 
(MARTIN-HIRSCH, 2010):
• material acelular ou hipocelular (menos de 10% do esfregaço);
• leitura prejudicada (mais de 75% do esfregaço) por presença de: sangue, piócitos, artefatos de 
dessecamento, contaminantes externos ou intensa superposição celular.
Nesse caso, a recomendação é que a mulher repita o exame entre 6 e 12 semanas com correção, 
quando possível, do problema que motivou o resultado insatisfatório.
Segundo o Ministério da Saúde (2013), amostra satisfatória para avaliação corresponde à amostra 
que apresenta células em quantidade representativa, bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que 
sua observação permita uma conclusão diagnóstica. Podem estar presentes células representativas dos 
epitélios do colo do útero: células escamosas; células glandulares (não inclui o epitélio endometrial); 
células metaplásicas.
No caso de gestantes, mulheres na pós-menopausa, mulheres histerectomizadas, sem história de 
atividade sexual ou imunossuprimidas, os critérios de aceitação e rejeição de amostras requerem outros 
tipos de recomendações. Segundo as Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do 
útero (INCA, 2011b), as recomendações para gestantes (a periodicidade e faixa etária) são as mesmas 
que para as demais mulheres, devendo sempre ser considerada uma oportunidade a procura ao serviço 
de saúde para realização de pré-natal.
Para mulheres na pós-menopausa, recomenda-se serem rastreadas de acordo com as orientações 
para as demais mulheres. Se necessário, deve-se proceder à estrogenização previamente à realização da 
coleta. O rastreamento citológico em mulheres menopausadas pode levar a resultados falso-positivos 
causados pela atrofia secundária ao hipoestrogenismo, gerando ansiedade na mulher e procedimentos 
diagnósticos e terapêuticos desnecessários.
A recomendação para mulheres submetidas à histerectomia total por lesões benignas, sem história 
prévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, pode ser excluída do rastreamento, 
desde que apresentem exames anteriores normais. Em casos de histerectomia por lesão precursora ou 
câncer do colo do útero, a mulher deverá ser acompanhada de acordo com a lesão tratada.
28
Unidade I
 Lembrete
Quando se tem uma amostra insatisfatória, deve-se orientar a paciente 
a repetir o exame entre 6 e 12 semanas com correção, quando possível, do 
problema que motivou o resultado insatisfatório.
2 ANATOMIA DO APARELHO GENITAL FEMININO
O trato genital feminino é constituído pelos órgaõs genitais externos e pela vulva; os internos, pela 
vagina, pelo útero, pelas tubas uterinas (trompas de Falópio) e pelos ovários, queestão especificados 
no interior da cavidade pélvica. A genitália externa contém um conjunto de formações que protegem o 
orifício externo da vagina e o meato uretral ou urinário. Pode ser dividido nas seguintes partes: clitóris, 
vestíbulo, pequenos e grandes lábios.
Útero
Canal 
endocervical
Ectocérvice
Vagina
Junção 
escamocolunar
Epitélio 
escamoso
Epitélio 
endocervical
Epitélio do 
endométrioOvário
Tuba uterina
Figura 1 – Estruturas do sistema reprodutor feminino
A vulva forma os genitais externos do trato genital feminino, e se estende desde o monte de Vênus 
até a região do períneo. É formada pelo monte de Vênus, pelos grandes e pequenos lábios, pelo clitóris, 
prepúcio, vestíbulo, meato uretral, glândulas de Bartholin e de Skene (parauretrais) e pelo introito (óstio) 
vaginal, onde está localizado o hímen (CONSOLARO; ENGLER, 2016).
A vagina é um órgão tubular musculomembranoso que se estende do óstio externo do útero até o 
vestíbulo da genitália externa, com comprimento que varia de 7 cm a 9 cm. Tem como missão concender 
a passagem do feto durante o parto, a descamação do sangue do fluxo menstrual mensal e a penetração 
do pênis na relação sexual. Estruturalmente é formada por uma parede composta de três camadas: a 
mucosa, a muscular e a adventícia. O clitóris, o bulbo do vestíbulo e as glândulas anexas são estruturas 
acessórias que compõem o sistema genital feminino e são de vital importância na sexulidade feminina 
e na produção das secreções mucocervicais.
29
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
Os ovários são as gônadas femininas, que mostram variações de tamanho de acordo com cada 
indivíduo ou com a fase do ciclo menstrual em que se encontram. Estão situados na cavidade pélvica, 
um de cada lado do útero, e interligados pelas trompas uterinas. São incumbidos da produção dos 
hormônios sexuais femininos (progesterona e estrógeno), assim como da produção do gameta feminino.
As tubas uterinas são as estruturas que ligam o útero aos ovários, através das fímbrias. Podem 
ser distribuídas em quatro partes: a intramural, o istmo, a ampola e o infundíbulo. Suas paredes são 
formadas por três camadas: a mucosa, a muscular e a serosa, que irão promover sua função de captar o 
ovócito liberado pelo ovário e conduzi-lo na direção do útero.
O útero é o órgão responsável por receber o óvulo fecundado, nutri-lo e protegê-lo para que o feto 
se desenvolva apropriadamente. O útero é formado por três camadas: a mais interna, ou endométrio, 
que é revestida por uma mucosa responsável pela produção do muco; a média, ou miométrio, que é 
constítuida por uma espessa parede, rica em fibras musculares lisas e em fibras colágenas; e a mais 
externa, ou perimétrio, que é uma camada serosa (BARROS et al., 2012).
Fundo do útero
Corpo do útero
Tuba uterina
Ovário
Endométrio
Colo do útero
Figura 2 – Estrutura do útero
O colo uterino é definido por dois orifícios conhecidos como: óstio interno, que fica em contato com 
o istmo do útero, e o óstio externo, que se liga com o canal vaginal. A parede do colo do útero é formada 
por duas camadas: a endocérvice e a ectocérvice. Internamente, o útero é um órgão oco, fibromuscular, 
e suas dimensões variam de acordo com idade, estimulação hormonal e número de gestações.
O útero é dividido em: corpo do útero, região que demonstra maior volume e apresenta forma triangular; 
colo do útero, região mais estreita, em forma de canal, conhecida como canal cervical ou cérvice; istmo do 
útero, que é a região que se encontra na parte inferior do corpo do útero; fundo do útero, região que fica 
acima do eixo que liga as duas implantações das tubas uterinas (BARROS et al., 2012).
30
Unidade I
Área de 
ampliação
Ovário esquerdoOvário direito
Colo do útero
Visão do 
examinador 
(inferior) do 
colo do útero
Parede 
vaginal
Abertura no 
cervix para 
o útero
Miométrio
Endométrio
Útero
Colo do 
útero
Vagina
Figura 3 – Esturtura do útero
2.1 Histologia do aparelho genital feminino
2.1.1 Vulva
O monte de Vênus, localizado à frente pubiana, é rico em tecido adiposo e recoberto por pelos. 
Os grandes lábios são formados por duas pregas espessas de pele, também cobertos por pelos, e se 
expandem do monte de Vênus até o períneo. Os pequenos lábios estão localizados entre os grandes 
lábios e duas pregas menores de pele, demonstrando ausência de pelos. Seu epitélio é estratificado 
pavimentoso queratinizado, assim como a face interna dos grandes lábios e o clitóris, estrutura erétil 
e que apresenta inúmeras terminações nervosas. O vestíbulo é onde se localiza a entrada da vagina. As 
glândulas Skene estão localizadas em ambos os lados do meato urinário. Por fim, localizadas, uma a 
cada lado do vestíbulo, existem as glândulas de Bartholin, também chamadas de glândulas vestibulares 
menores (CONSOLARO; ENGLER, 2016).
2.1.2 Vagina
A parede vaginal é formada por três camadas: mucosa interna; constituída de epitélio 
pavimentoso estratificado; uma mucosa muscular intermediária, composta de musculo liso; e uma 
camada externa, de tecido conjuntivo denso. O epitélio da camada mucosa contém glicogênio e 
está dividido nas seguintes camadas: basal (uma camada de células), parabasal (de duas a cinco 
camadas de células), intermediária e superficial, com número de camadas variável. Abaixo desse 
epitélio, localiza-se a lâmina própria, formada por tecido conjuntivo, fibras elásticas, nervos e 
alguns vasos sanguíneos. Durante o período de amamanetação e na pós-menopausa, esse epitélio 
sofre atrofia e tem seu número de camada celulares reduzido. A parede não possui glândulas, 
mas a superfície da mucosa é mantida úmida pelo muco secretado pelas glândulas uterinas, pelas 
glândulas endocervicais e pelas glândulas de Bartholin, no vestíbulo. O epitélio vaginal responde 
31
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
às mudanças cíclicas durante o ciclo menstrual, sendo a diferenciação estimulada por estrógenos 
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).
2.1.3 Ovários e tubas uterinas
Os ovários são revestidos por um epitélio simples cúbico intercalado com áreas de epitélio 
pavimentoso. A túnica albugínea fica logo abaixo desse epitélio e se define pela presença de tecido 
conjuntivo denso sem vasos, pois são nessas estruturas medulares e corticais que encontramos as células 
intersticiais (ou de Leydig) responsáveis pela produção dos hormônios sexuais através dos estímulos das 
gonadotrofinas. A região medular do ovário é formada por tecido conjuntivo frouxo, vasos sanguíneos 
e células hilares (intersticiais); e a região cortical é rica em folículos ovarianos (ovócitos), corpo-lúteo e 
células intersticiais (BARROS et al., 2012).
A parede das tubas é formada por uma camada mucosa, sustentada pela própria lâmina, uma 
camada muscular e uma camada serosa. O epitélio de revestimento das tubas uterinas é cilíndrico, 
simples, com células ciliadas e secretoras, que respondem ao controle hormonal. A presença de cílios, 
junto com os movimentos peristálticos das tubas uterinas, auxilia no impulso do ovócito em direção ao 
útero (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).
2.1.4 Útero
O colo uterino é revestido por epitélios escamosos e colunares estratificados não queratinizados. 
Esses dois tipos de epitélio ficam na junção escamocolunar. A parede do colo do útero é formada 
por duas camadas: a endocérvice e a ectocérvice. A endocérvice é uma camada mucosa, formada por 
um epitélio colunar simples mucossecretor, que é responsável pela produção do muco cervical; e a 
ectocérvice é constituída por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado, que se assemelha 
ao da vagina. A ligação da ectocérvice e da endocérvice recebe o nome de junção escamocolunar (JEC), 
podendo ter sua localização alterada de acordo com o estado hormonal, gestacional, parto vaginal e/ou 
trauma (BARROS et al., 2012).
Epitélio escamoso estratificado não queratinizado
Frequentemente, uma área grande da ectocérvice está recoberta por um epitélio escamoso 
estratificado não queratinizado que contém glicogênio.É opaco, tem múltiplas (de 15 a 20) camadas de 
células e é de coloração rosa pálido. Esse epitélio é nativo da área formada durante a vida embrionária, 
e é denominado epitélio escamoso original ou nativo, ou pode ter sido recém-formado como epitélio 
escamoso metaplásico no início da vida adulta.
A composição histológica do epitélio escamoso do colo uterino revela, ao fundo, uma única camada 
de células basais arredondadas com grandes núcleos de coloração escura e citoplasma escasso, unida à 
membrana basal. As células basais dividem-se e maturam para formar as próximas camadas chamadas de células 
parabasais, que também têm núcleos relativamente grandes. As células das camadas intermediária e superficial 
possuem grande quantidade de glicogênio em seu citoplasma (SELLORS; SANKARANARAYANAN, 2004).
32
Unidade I
Epitélio colunar
O canal endocervical é recoberto pelo epitélio colunar (às vezes denominado epitélio glandular). É constítuido 
por uma única camada de células altas com núcleos de coloração escura próxima à membrana basal. Por ter uma 
só camada de células, tem uma altura menor que o epitélio escamoso estratificado do colo uterino (SELLORS; 
SANKARANARAYANAN, 2004; BARROS et al., 2012).
Junção escamocolunar
A junção escamocolunar apresenta-se como uma linha bem definida com um degrau, em razão 
da distinção de altura dos epitélios escamoso e colunar. A localização da junção escamocolunar com 
associação ao orifício cervical externo varia durante a vida da mulher por motivos como idade, estado 
hormonal, trauma ao nascimento, uso de anticoncepcionais orais e certas condições fisiológicas, como 
gravidez. A junção escamocolunar visível durante a infância, a perimenarca, após a puberdade e o início 
do período reprodutivo, é denominada junção escamocolunar original, porque reproduz a junção entre 
o epitélio colunar e o epitélio escamoso “original” formado durante a embriogênese a e vida intrauterina 
(CONSOLARO; ENGLER, 2016; BARROS et al., 2012).
Zona de transformação
A região que se estende entre a JEC original e a funcional denomina-se zona transformação. Esse 
espaço é revestido por epitélio escamoso metaplásico, produtor de glicogênio que se forma a partir da 
proliferação das células de reserva. As células metaplásicas são cuboides, subcolunares e indiferenciadas. 
Sua origem não está bem estabelecida, mas acredita-se que se formem a partir do epitélio cilíndrico, 
em resposta ao pH ácido vaginal. A identificação da zona de transformação durante a coleta do exame 
citológico é de grande importância, pois é nessa região que se estabelece a maioria das lesões precursoras 
do câncer de colo do útero (CONSOLARO; ENGLER, 2016).
A seguir são explicitadas as características das células do epitélio escamoso quando observadas nos 
esfregaços cérvico-vaginais (BARROS et al., 2012).
Células basais
Essas células são diferentemente vistas nos esfregaços cérvico-vaginais de mulheres com atrofia 
intensa na pós-menopausa ou quando há ulceração da mucosa. As células basais correspondem às 
menores células epiteliais, tendo mais ou menos o tamanho de um leucócito. A sua forma é redonda ou 
oval, com citoplasma escasso, corado fortemente em azul ou verde. O núcleo é redondo, central, com 
cromatina grosseiramente granular igualmente distribuída, às vezes revelando um pequeno nucléolo. 
Essas células usualmente descamam em pequenos agrupamentos.
Células parabasais
Essas células são raras nos esfregaços de mulheres na fase reprodutiva, é possível ocorrerem distúrbios 
hormonais e casos de erosão ou ulceração da mucosa. Por outro lado, prevalecem em situações de 
33
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
deficiência estrogênica (epitélio atrófico), como na infância, na lactação e na menopausa. As células 
parabasais com 15 a 20 micrômetros são bem maiores que as células basais, arredondadas ou ovaladas, 
com citoplasma denso, cianofílico (corado em azul ou verde), parcialmente escasso. O núcleo redondo 
ou ovalado mede entre 8 e 13 micrômetros, ocupando cerca de metade do volume da célula. A cromatina 
é granular, sem evidência de nucléolo.
Células intermediárias
São as células mais gerais nos esfregaços cérvico-vaginais no período pós-ovulatório do ciclo 
menstrual, durante a gravidez e no início da menopausa. A sua ascendência é relacionada à ação da 
progesterona ou aos hormônios adenocorticais. O tamanho das células intermediárias varia de 
30 a 60 micrômetros, e o citoplasma é abundante, transparente, poligonal e cianofílico, com uma 
coloração menos intensa do que aquela observada nas células parabasais. As células intermediárias 
mostram tendência a pregueamento das bordas citoplasmáticas. Os núcleos dessas células são vesiculares, 
medindo cerca de 10 a 12 micrômetros, redondos ou ovais, com membrana cromatínica ou borda 
nuclear claramente visível e cromatina finamente granular regularmente distribuída com cromocentros. 
O corpúsculo de Barr (cromatina sexual) é eventualmente identificado.
As células naviculares representam uma variante das células intermediárias. Elas são elipsoides, com 
bordas citoplasmáticas espessadas e ricas em glicogênio, que se cora habitualmente em castanho. Os 
núcleos são excêntricos. As células naviculares são comuns na gravidez e podem aparecer em outras 
condições em que há acentuado estímulo progestacional.
Células superficiais
Representam as células mais comuns em esfregaços cérvico-vaginais no período ovulatório do ciclo 
menstrual, após terapêutica estrogênica e nas pacientes com tumor ovariano funcionante (produtor 
de estrógeno). O tamanho dessas células varia de 40 a 60 micrômetros, são poligonais, o citoplasma 
é transparente, eosinofílico, e apresentam núcleo picnótico. O núcleo picnótico é caracterizado pela 
condensação da cromatina que se torna escura. O diâmetro nuclear raramente excede 5 micrômetros. 
Logo que a total maturação do epitélio ocorre como resultado da atuação dos estrógenos, a picnose 
nuclear em células maduras superficiais representa a evidência morfológica da atividade estrogênica. 
A propriedade do citoplasma de corar em rosa é relacionada a sua afinidade química com a eosina, um 
corante ácido utilizado na técnica de Papanicolau. Contudo, a coloração eosinofílica não é específica, 
e o citoplasma pode assumir as cores azul ou verde. No citoplasma das células superficiais, podem ser 
vistos grânulos pequenos (grânulos querato-hialinos) escuros, considerados precursores de queratina, 
que, contudo, não é produzida em condições normais.
Para diferenciar uma célula intermediária de uma superficial é fundamental a análise da estrutura 
nuclear. Enquanto o núcleo da célula intermediária é vesicular com cromatina delicada uniformemente 
distribuída e cromocentros (condensações de cromatina), o núcleo da célula superficial é picnótico, ou 
seja, com cromatina condensada, sem evidência de granulação.
34
Unidade I
Superficial
Intermediária
Parabasal
Basal
Figura 4 – Epitélio escamoso estratificado da ectocérvice
3 COLETA E PROCESSAMENTO DE MATERIAL PARA EXAME CITOPATOLÓGICO
3.1 Coleta de Papanicolau
Segundo o Manual de Citopatologia Diagnóstica (GAMBONI; MIZIARA, 2013), as condições para a 
coleta de uma amostra citológica que apresente requisitos ideais de avaliação são: o exame não deve 
ser efetuado durante a menstruação ou antes de 3 dias após o fim do último período menstrual; nas 
48 horas anteriores ao exame, a paciente não deve ter feito duchas vaginais, ter tido relações sexuais 
ou ter utilizado absorventes internos, cremes, espermicidas ou medicamentos pela via vaginal, assim 
como não deve ter sido submetida a procedimentos ginecológicos (colposcopia, ecografia transvaginal, 
endoscopia ginecológica ou histeroscopia). Se a paciente estiver com amenorreia ou na menopausa, 
o exame pode ser executado a qualquer momento. Em caso de realização de biópsia ou outro tipo de 
manobra no colo uterino, é preciso esperar, pelo menos, 20 dias antes de efetuar a coleta.
O Manual Técnico para o Cuidado do Câncer

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