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Maria Cristina P. Gattai Recrutamento e seleção: decisões de contratação Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Jeane Passos de Souza – CRB 8a/6189) Gattai, Maria Cristina Pinto Recrutamento e seleção: decisões de contratação / Maria Cristina Pinto Gattai. – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-85-396-2180-4 (ePub/2018) e-ISBN 978-85-396-2181-1 (PDF/2018) 1. Recursos Humanos: Recrutamento e seleção de pessoal 2. Administração de pessoal I. Título. II. Série 17-707s CDD-658.311 BISAC BUS030000 Índice para catálogo sistemático 1. Recursos Humanos : Recrutamento e seleção 658.311 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . RECRUTAMENTO E SELEÇÃO: DECISÕES DE CONTRATAÇÃO MARIA CRISTINA P. GATTAI M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. 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Sumário Capítulo 1 Subsistemas de Recursos Humanos, 7 1 O que é uma organização?, 8 2 A organização como sistema, 9 3 Origem da área de administração de pessoas, 12 4 A área de Recursos Humanos, 15 Considerações finais, 20 Referências, 21 Capítulo 2 Subsistema de provimento, 23 1 A relevância da área de Recursos Humanos, 24 2 A importância do subsistema de provimento, 28 3 O processo de prover pessoas: do enfoque tradicional ao moderno, 31 4 O subsistema de provimento de pessoas e seus processos, 32 Considerações finais, 34 Referências, 35 Capítulo 3 O mercado de trabalho e de recursos humanos e a questão da empregabilidade, 37 1 O mercado de trabalho, 38 2 O mercado de recursos humanos, 43 3 Relação entre os mercados, 45 4 Empregabilidade, 48 Considerações finais, 54 Referências, 54 Capítulo 4 Planejamento de recursos, 57 1 Planejamento, 58 2 Planejamento de RH, 65 3 Os cinco modelos de planejamento de RH, 66 4 Fatores que influenciam no planejamento de RH, 71 Considerações finais, 76 Referências, 77 Capítulo 5 Recrutamento de pessoal – parte 1, 79 1 O que é recrutamento?, 80 2 Fontes de recrutamento, 84 3 Meios de recrutamento, 92 Considerações finais, 99 Referências, 100 Capítulo 6 Recrutamento de pessoal – parte 2, 101 1 O processo de recrutamento, 102 2 Indicadores organizacionais, 109 Considerações finais, 113 Referências, 114 Capítulo 7 Seleção de pessoal, 115 1 O que é seleção?, 116 2 Seleção como um processo de comparação, 117 3 O processo seletivo como um sistema, 119 4 As etapas do processo seletivo, 123 5 Feedback aos demais candidatos, 133 Considerações finais, 134 Referências, 136 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Capítulo 8 Análise de currículo, 137 1 O que é um currículo?, 138 2 A importância do currículo, 140 3 Como elaborar um currículo, 141 4 Elementos de um currículo, 143 5 Tipos de currículo, 145 6 Como analisar um currículo, 149 Considerações finais, 152 Referências, 153 Capítulo 9 Testes para seleção, 155 1 O uso de testes, 156 2 A palavra “teste” e seu significado, 158 3 Testes utilizados em seleção, 160 Considerações finais, 173 Referências, 173 Capítulo 10 Entrevista de seleção, 175 1 A entrevista de seleção, 176 2 Tipos de entrevistas, 178 3 Etapas da entrevista de seleção, 184 4 Dados a serem investigados na entrevista, 189 5 O que perguntar em uma entrevista de seleção, 191 Considerações finais, 193 Referências, 193 Capítulo 11 Dinâmicas de grupo, 195 1 Os conceitos de grupo, dinâmica de grupo e técnicas de grupo, 196 2 Os mitos sobre as dinâmicas de grupo, 197 3 Fases de uma sessão de dinâmica de grupo, 198 4 Técnicas mais utilizadas, 206 Considerações finais, 207 Referências, 208 Capítulo 12 Provimento e seleção por competências, 211 1 O conceito de competência, 212 2 O que é seleção por competências?, 215 Considerações finais, 230 Referências, 231 Capítulo 13 Avaliação dos processos de recrutamento e seleção, 233 1 O conceito de avaliação, 234 2 Eficiência e eficácia, 235 3 Outros indicadores de avaliação da área de recrutamento e seleção, 244 Considerações finais, 256 Referências, 257 Capítulo 14 Tendências na seleção de pessoal, 259 1 O impacto da tecnologia, 260 2 Tendências nos processos de recrutamento e seleção, 261 Considerações finais, 270 Referências, 271 Capítulo 15 Processos de seleção de trainees e cargos executivos, 273 1 O que é ser trainee, 274 2 O programa de trainee, 276 3 O programa de formação de trainees, 278 4 Seleção de trainees, 278 5 Seleção para cargos executivos, 282 Considerações finais, 283 Referências, 284 Capítulo 16 Integração: fechando o processo de provimento, 285 1 Princípios que permeiam uma contratação, 286 2 A decisão da contratação, 288 3 O processo de integração do novo funcionário, 292 Considerações finais, 298 Referências, 300 Sobre a autora,303 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Subsistemas de Recursos Humanos Este livro se estrutura em dezesseis capítulos e tem por objetivo desenvolver conceitos, métodos, técnicas e ferramentas dos processos de atração e captação de pessoas. Possibilita, ainda, ao leitor, analisar as novas tendências nessa área, como a intermediação pela tecno - logia e os processos inovadores de seleção de trainees e executivos, por exemplo. Neste primeiro capítulo, vamos analisar o que é uma organização e compreender o que a faz ser entendida como um sistema. Vamos estudar também a origem da área de Recursos Humanos (RH) e os subsistemas que a compõem, com seus processos de agregar, apli- car, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas. E vamos apresentar em que contexto surge essa importante área e qual o papel desempenhado por ela na estrutura das organizações. 8 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 O que é uma organização? A palavra organização deriva do grego organon e significa instrumen- to, utensílio, órgão ou aquilo com que se trabalha. Esse significado atri- buído à palavra faz muito sentido se considerarmos que até a Revolução Industrial as empresas eram vistas como sistemas fechados, os quais consideravam o funcionário apenas como uma ferramenta ou a exten- são de uma máquina, sem levar em consideração seu papel humano e social (CHIAVENATO, 2004). Uma organização, seja ela de bens ou serviços, somente se realiza com a participação conjunta de diversos parceiros de negócio, igual- mente importantes, cada qual contribuindo com algum tipo de recurso. São eles: Figura 1 – Parceiros de uma organização FORNECEDORES Com as matérias-primas, os insumos básicos e a tecnologia. INVESTIDORES Com o capital e os investimentos que garantem o aporte financeiro para a aquisição de recursos. FUNCIONÁRIOS Com seus conhecimentos, habilidades e atitudes, proporcionando decisões e ações que dinamizam a organização. CLIENTES Adquirindo os produtos ou serviços que atendam às suas necessidades. 9Subsistemas de Recursos Humanos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Para Daft (2002, p. 11), organizações “são entidades sociais que são dirigidas por metas, são desenhadas como sistema de atividades delibe- radamente estruturadas e coordenadas e são ligadas ao ambiente exter- no”. Essas atividades (ou funções administrativas) são distribuídas pelas diversas áreas de uma organização, como Marketing, Vendas, Produção, Finanças e Recursos Humanos. Todas as funções são importantes e dependentes umas das outras. A fim de que essas funções sejam aplica- das, é necessário que essas áreas trabalhem de forma sistêmica. 2 A organização como sistema Sistema é o conjunto de elementos unidos por alguma forma de in- teração ou interdependência (SANDRONI, 1996). A organização é um sistema, e os vários elementos (ou as áreas) que a compõem formam subsistemas, cada qual com um conjunto menor de partes. Um sistema pode ser fechado ou aberto. • Fechado: no sistema fechado a organização se apresenta como indiferente à influência ambiental e não interage com o ambiente externo. Alguns exemplos de sistemas fechados, que remontam à década de 1960, são o Centro de Processamento de Dados (CPD), o Departamento de Pessoal (DP) e o Almoxarifado, com suas formas antigas de administração da informação, de pessoas e de materiais; portanto, os sistemas fechados normalmente es- tão vinculados a um modelo de gestão autoritária. • Aberto: nesse sistema ocorrem permutas da organização com o meio em que ela está inserida. A organização realiza ações de forma transparente em suas operações cotidianas de entradas (inputs), processamentos, saídas (outputs) e respectivos relacio- namentos, possibilitando uma dinâmica de funcionamento sistê- mica e integrativa. Os sistemas abertos propiciam muitos facili- tadores, como gestão e administração participativas; mudanças 10 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . e adaptações internas; produtividade e qualidade nos serviços e produtos; capacidade de administrar diferenças ambientais, or- ganizacionais e comportamentais; perenidade e melhoria dos negócios; lucro e competitividade empresarial. Um exemplo de sistema aberto é a moderna gestão de tecnologia da informação com foco empresarial. Frequentemente os sistemas abertos es- tão vinculados a um modelo de gestão participativa. O sistema é caracterizado por cinco elementos denominados entra- da (input), saída (output), transformação (troughput), retorno (feedback) e ambiente (environment), conforme indica a figura 2. Figura 2 – Organização enquanto sistema aberto Recursos Retorno ORGANIZAÇÃO Entrada Trasformação Saída Produtos e serviços Mercado consumidor AMBIENTE EXTERNO Vejamos mais detalhadamente cada um dos elementos que com- põem uma organização: 11Subsistemas de Recursos Humanos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Entrada (input): caracteriza-se pelo recebimento dos recursos ne- cessários para a organização poder operar. Em outras palavras, é tudo o que o sistema recebe do mundo exterior, como informa- ção, energia, materiais, pessoas. • Transformação (throughput): é o mecanismo de conversão das entradas em saídas, isto é, na produção de um resultado. Por exemplo, o sistema de fabricação de carros ou o processo de desenvolvimento de um projeto arquitetônico em AutoCad. • Saída (output): é o resultado final da operação de um sistema; é a exportação do resultado das operações de uma organização para o meio externo. Como exemplos de saídas temos produtos (automóveis) e serviços (projeto de um edifício residencial), como também informações, lucro, pessoas preparadas e treinadas, pessoas aposentadas, poluição, detritos, etc. • Retorno (feedback): é o mecanismo segundo o qual uma parte da energia de saída de um sistema volta à entrada. Também de- nominada de retroalimentação ou realimentação, é um subsiste- ma de comunicação de retorno daquilo que saiu da organização e que volta para o sistema sob diversas formas, como informação, pesquisa de mercado, atendimento ao consumidor, devolução de produto, etc., influenciando de alguma maneira a empresa, seja para incentivá-la (retorno positivo), seja para inibi-la (retorno ne- gativo). O retorno possibilita que a organização efetue correções, adequando suas entradas e saídas, com objetivo de regular seu funcionamento. • Ambiente (environment): é o contexto, o meio que envolve exter- namente a empresa. Enquanto sistema aberto, a organização recebe suas entradas (inputs) do ambiente, transforma-ose de- volve-os ao ambiente por meio de saídas (outputs). Como, en- tre ambos, existe constante interação, sistema e ambiente são interdependentes. 12 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 3 Origem da área de administração de pessoas Durante o século XX, as organizações passaram por três diferentes fases, ou eras, denominadas industrialização clássica, industrialização neoclássica e informação, cada qual com uma área responsável pela administração das pessoas que nelas trabalhavam e com estrutura or- ganizacional, cultura e visão de pessoas bem características. Vejamos cada uma delas a seguir: 3.1 Era da industrialização clássica (de 1900 a 1950) Período marcado pela Revolução Industrial. A estrutura organiza- cional assumia o formato piramidal, com centralização do poder e das decisões no topo da pirâmide e excesso de burocracia – e de normas in- ternas –, visando disciplinar o comportamento dos funcionários. A cul- tura organizacional se preocupava em manter vivo o passado, com seus valores, seus heróis e suas tradições. As pessoas eram vistas como re- cursos de produção, no mesmo nível que outros recursos, como capital, equipamentos e maquinário. A área que cuidava da administração dos funcionários denominava- -se Relações Industriais. Como o principal mote era servir à tecnologia, o trabalhador era considerado uma continuação da máquina. 3.2 Era da industrialização neoclássica (de 1950 a 1990) Após a Segunda Grande Guerra Mundial, o período foi marcado por um intenso processo de mudança, que levou as transações comer- ciais locais a passar para regionais e, posteriormente, de regionais para 13Subsistemas de Recursos Humanos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. internacionais, com acirrada competição entre as organizações. Com o aquecimento do mercado consumidor exigindo respostas rápidas das organizações, o antigo modelo piramidal burocrático e centralizador torna-se muito vagaroso no acompanhamento das mudanças que se multiplicavam no ambiente externo. A estrutura organizacional piramidal cede espaço para a matricial e concede às organizações uma estrutura lateral de departamentalização por produtos ou serviços, a fim de permitir inovação, dinamismo e maior competitividade. No entanto, como esse tipo de estrutura impedia o correto funcionamento da estrutura funcional, surgem outros tipos, como a fragmentação das organizações em unidades de negócios, tornando-as mais céleres. A cultura organizacional deixa de privilegiar o passado e as tradi- ções e passa a focalizar o presente e a inovação. As pessoas são vis- tas como recursos vivos, e não mais como fatores de produção. A área de relações industriais ganha nova visão e passa a ser denominada de Administração de Recursos Humanos. A tecnologia se desenvolve signi- ficativamente, influenciando a vida das organizações e das pessoas. 3.3 Era da informação (desde 1990) Sua principal característica são as mudanças rápidas e inesperadas, com a tecnologia transformando o mundo em uma grande aldeia global e aumentando ainda mais a competitividade entre as organizações. Os processos organizacionais tornam-se mais importantes do que a própria estrutura organizacional, encontrada no formato de departa- mentos ou divisões. Assim, essa estrutura vira algo provisório, alteran- do-se conforme a necessidade. Os cargos e as funções passam a ser sistematicamente redesenhados; os produtos e os serviços passam a ser modificados no intuito de atender às necessidades do cliente. 14 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A estrutura organizacional se apresenta não mais por meio de depar- tamentos ou matrizes, mas por meio de times de trabalho multifuncio- nais com atividades provisórias voltadas a objetivos definidos, funcio- nando sem limites de tempo, espaço ou distância. O capital financeiro deixa de ser o recurso mais importante e cede lugar ao conhecimento das pessoas. As pessoas, por sua vez, deixam de ser consideradas re- cursos (humanos) organizacionais e passam a ser vistas como seres competentes, inteligentes, dotados de conhecimentos, habilidades, per- sonalidades e aspirações. A Administração de Recursos Humanos cede lugar para a Gestão de Pessoas, ou os Recursos Humanos (RH), como ainda é conhecida. A cultura organizacional sofre impacto do mundo exterior e privilegia a mudança e a inovação voltadas ao futuro e ao destino da organização. Quadro 1 – Etapas de desenvolvimento das organizações ETAPAS INDUSTRIALIZAÇÃO CLÁSSICA INDUSTRIALIZAÇÃO NEOCLÁSSICA INFORMAÇÃO ABRANGÊNCIA De 1900 a 1950 De 1950 a 1990 A partir de 1990 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Piramidal Matricial Equipes multifuncionais CULTURA ORGANIZACIONAL Foco no passado Foco no presente Foco no futuro VISÃO DE PESSOA Fator de produção Recursos organizacionais Seres humanos competentes DENOMINAÇÃO Relações Industriais Administração de Recursos Humanos Administração de Pessoas, ou Gestão de Pessoas, ou Recursos Humanos (RH) Fonte: adaptado de Chiavenato (2000, p. 31). 15Subsistemas de Recursos Humanos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. IMPORTANTE A gestão de pessoas representa a maneira como as orga- nizações procuram lidar com as pessoas que trabalham em conjunto, em plena era da informação. Não mais como recursos organizacionais que precisam ser passivamente administrados, mas como seres inteligentes e proativos, capazes de responsabilidade e de iniciativa e dotados de habilidades e de conhecimentos que ajudam a administrar os demais recursos organizacionais inertes e sem vida própria. Não se trata mais de administrar pessoas, mas de administrar com as pessoas. Esse é o novo espírito, a nova concepção (CHIAVENATO, 2000, p. 30). 4 A área de Recursos Humanos A área de Recursos Humanos de uma organização é considerada um sistema integrado, isto é, um conjunto de partes (subsistemas) rela- cionadas entre si, cujos processos têm como foco a gestão das pessoas em seu ambiente de trabalho. Considera os funcionários como ferra- menta de sustentação dos objetivos organizacionais, e os indivíduos como parceiros significativos do processo produtivo e social. Cada subsistema trata de processos distintos, no entanto todos são interligados e contribuem para o resultado global, desde que estejam articulados e sintonizados entre si e com os demais sistemas e subsiste- mas da organização, evidenciando-se a relevância da área de Recursos Humanos para o alcance dos resultados de negócios e a necessidade de avaliar seus indicadores de eficiência e eficácia (CHIAVENATO, 2006). Vejamos cada um deles: 16 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Rede S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Figura 3 – Sistema de Recursos Humanos e seus subsistemas Monitorar Agregar Recompensar Desenvolver Manter Aplicar RH • Agregar pessoas: subsistema responsável pelos processos de inclusão (ou de provisão, ou de suprimento, como também é denominado) de novos funcionários na organização ou dos pro- cessos de movimentação interna de funcionários por meio de ações de recrutamento e seleção. O processo de Recrutamento refere-se à captação de profissionais do mercado de recursos humanos (interno ou externo) e à triagem daqueles que atendem aos requisitos da vaga. O processo de Seleção tem por objetivo selecionar, entre os aprovados na triagem, os melhores profis- sionais para a vaga em aberto na organização, utilizando-se de técnicas seletivas que, se bem aplicadas, geram resultados posi- tivos para a organização. • Aplicar pessoas: responsável pela descrição, pela análise e pelo posicionamento dos cargos na estrutura formal da organização, além de pela Avaliação de Desempenho dos funcionários de acor- do com as funções. 17Subsistemas de Recursos Humanos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Recompensar pessoas: responsável pela gestão da remunera- ção, dos benefícios e dos serviços que a organização concede aos seus funcionários, com o objetivo de incentivá-los e satisfa- zer suas necessidades individuais mais elevadas. Inclui remune- ração, benefícios e serviços: ◦ Remuneração: envolve todas as formas de pagamento e de recompensas dadas aos funcionários (remuneração básica, incentivos salariais e remuneração indireta, isto é, os benefí- cios), sejam elas financeiras ou não. ◦ Benefícios: são facilidades, vantagens ou serviços que a or- ganização oferece aos seus funcionários, visando poupar-lhes esforços adicionais ou preocupação. São financiados (parcial ou totalmente) pela empresa, constituindo, assim, uma forma de remuneração indireta. Podem ser de dois tipos: compulsó- rios, aqueles concedidos por exigência da lei ou de acordos sindicais, como o 13o salário, o abono de férias, o vale-trans- porte; ou espontâneos, aqueles que variam conforme os inte- resses e as possibilidades da organização, como assistência médica, assistência odontológica, previdência privada, ações da empresa, etc. ◦ Serviços: são os benefícios concedidos na forma de serviços ou facilidades, disponibilizados diretamente ao funcionário. São exemplos de serviços: refeitórios, lanchonetes, acesso a clubes, serviços sociais, horários flexíveis, etc. • Desenvolver pessoas: está relacionado a processos voltados para a capacitação e o desenvolvimento profissional dos funcio- nários. Incluem treinamento, desenvolvimento, desenvolvimento organizacional e programas de comunicação. ◦ Treinamento de pessoal: é a educação profissional aplicada de maneira sistemática e organizada, que visa adaptar a pessoa ao trabalho, preparando-a adequadamente para o exercício do cargo atual. 18 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . ◦ Desenvolvimento de pessoal: conjunto de experiências de aprendizagem oferecidas pela organização com o objetivo de preparar o funcionário para futuras oportunidades de cres- cimento profissional. ◦ Desenvolvimento Organizacional (DO): visa à mudança de ati- tudes, valores e crenças dos funcionários da organização. ◦ Programas de comunicação: incluem ações que possibilitam o relacionamento célere e transparente, da direção da organi- zação com seu público interno e entre os componentes que os integram. Inclui a comunicação descendente (que flui da alta direção para os funcionários), a comunicação horizontal (en- tre os mesmos segmentos do público interno) e a ascendente (que flui dos funcionários para a alta direção). • Manter pessoas: subsistema de Recursos Humanos cuja res- ponsabilidade é criar adequadas condições ambientais e psico- lógicas para que os funcionários desenvolvam suas atividades a contento. Significa oferecer aos funcionários higiene e seguran- ça do trabalho, qualidade de vida no trabalho e estudo de clima organizacional. ◦ Higiene e segurança no trabalho: conjunto de atividades que visam garantir condições de trabalho sem prejuízo da saúde dos trabalhadores. Enquanto a higiene refere-se às normas e aos procedimentos que visam à proteção da integridade física e mental do trabalhador, a segurança do trabalho é o conjun- to de medidas voltadas à prevenção de acidentes, seja pela eliminação das condições de trabalho inseguras, seja pelas práticas preventivas. ◦ Qualidade de vida no trabalho: visa contribuir para a garantia da satisfação dos funcionários com o ambiente corporativo e com as atividades que exercem em seu dia a dia profissional. Suas ações incluem desde um adequado processo seletivo e 19Subsistemas de Recursos Humanos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. oportunidades de desenvolvimento e de carreira na organiza- ção, até adequado sistema de remuneração, etc. ◦ Clima organizacional: por meio de pesquisas sistemáticas, visa identificar o que os funcionários pensam e sentem a res- peito de vários aspectos da empresa e, com base nos dados levantados, tomar decisões estratégicas com vistas a melho- rias da realidade organizacional. • Monitorar pessoas: subsistema responsável pelos processos que garantem o acompanhamento e o controle das atividades desenvolvidas pelos funcionários e pela verificação dos resulta- dos alcançados por meio de bancos de dados, sistemas de infor- mações gerenciais, auditoria de Recursos Humanos e auditoria trabalhista. 4.1 Objetivos da área de Recursos Humanos Todos os subsistemas de Recursos Humanos estão imbricados entre si de tal forma que se influenciam de maneira recíproca. Dar maior importância a um subsistema em detrimento dos demais pode acarretar prejuízos, principalmente a perda dos efeitos sinérgicos de sua atuação conjunta. Essa sinergia entre os subsistemas é condição necessária para que a área de Recursos Humanos atinja seus principais objetivos que, de acordo com Chiavenato (2004), são: a. Garantir um conjunto de normas e procedimentos alinhados com os princípios organizacionais e em consonância com a Legislação Trabalhista. b. Desenvolver sistemas que garantam ampla divulgação interna das oportunidades de emprego e desenvolvimento de carreira. c. Dar suporte aos outros sistemas da organização, visando facilitar os processos de Gestão de Pessoas. 20 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . d. Garantir adequados processos de recrutamento, seleção e desen- volvimento de pessoas.e. Desenvolver e fazer a gestão de instrumentos que permitam uma remuneração competitiva a todos os funcionários. f. Buscar sempre a diversidade, na composição das equipes, nos valores, nos estilos de vida e na formação e na orientação profissional. g. Considerar as pessoas e a organização como seres espirituais e ajudá-las em seu processo de desenvolvimento. h. Considerar as ações de treinamento como importante ferramenta para retenção do capital humano. i. Dignificar o trabalho e o ser humano. A área de Recursos Humanos é de vital importância para as orga- nizações, pois, se de um lado ela lhe dá o suporte necessário para que seus objetivos sejam alcançados, de outro ela se preocupa em oferecer ao funcionário um ambiente com melhor qualidade de vida no trabalho. Considerações finais Neste capítulo foi apresentado o conceito de organização e sua clas- sificação em sistema aberto e fechado. A organização é um sistema maior composto de sistemas menores (departamentos ou divisões), cada qual com uma série de processos sob suas responsabilidades. Todos os sistemas de uma organização são importantes, assim como são importantes os subsistemas que os compõem. A área de Recursos Humanos contém seis subsistemas que se influenciam de modo recíproco. São eles: agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas. 21Subsistemas de Recursos Humanos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Historicamente, a área de Recursos Humanos surge em 1900 sob a denominação de Relações Industriais, bastante influenciada pela visão de ser humano da época, que o considerava um instrumento de traba- lho. Em 1950, com o fim da Segunda Grande Guerra, um forte processo de mudança modifica as relações comerciais e a forma como as orga- nizações se estruturam. Isso acabou gerando grandes mudanças tam- bém na área de Recursos Humanos, que compreendia o ser humano como mais um recurso organizacional. Nessa época a área passa a ser denominada Administração de Recursos Humanos. Em 1990, grandes mudanças no cenário econômico mundial mo- dificam as relações comerciais, agora globalizadas, afetando a área de Recursos Humanos, que passa a considerar o ser humano como um ser inteligente, dinâmico e criativo. A denominação da área passa a ser Administração de Pessoas, ou Gestão de Pessoas, ou Recursos Humanos (RH), e sofre grande impacto da tecnologia. Essas mudanças pelas quais a área de Recursos Humanos passou ao longo de sua história são naturais e até mesmo esperadas, pois, considerando-se que as relações de trabalho se modificam ao longo do tempo, cabe à área repensar sua visão de ser humano, a forma como se estrutura, seus subsistemas e seus processos a fim de atender, de um lado, os objetivos da organização e, de outro, os objetivos pessoais do trabalhador dentro de um ambiente que privilegie a qualidade de vida. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ____________. Teoria geral da administração. 7. ed. São Paulo: Campus Elsevier, 2004. ____________. Recursos humanos: o capital humano das organizações. São Paulo: Atlas, 2006. 22 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . DAFT, Richard L. Organizações: teoria e projetos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. SANDRONI, Paulo. Dicionário de administração e finanças. São Paulo: Best Seller, 1996. 23 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 2 Subsistema de provimento Este capítulo está organizado em quatro itens. O primeiro aborda a relevância da área de Recursos Humanos para as organizações. O segundo ressalta a importância do subsistema de provimento para a área de Recursos Humanos e para a organização. O terceiro apresen- ta os diferentes enfoques atribuídos a esse subsistema, comparando o tradicional, micro-orientado, com o moderno, macro-orientado. Aborda também o conceito de stakeholders e a importância de o profissional de Recursos Humanos identificá-los, conhecê-los e envolvê-los nos pro- cessos de decisão. Outro assunto tratado nesse item são os conceitos de linha e staff. O último tema apresenta, no quarto item, os três proces- sos que compõem o subsistema de provimento de pessoas: recruta- mento, seleção e integração do novo funcionário. 24 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 A relevância da área de Recursos Humanos A área de Recursos Humanos é responsável pelo conjunto de políti- cas e práticas nos assuntos relacionados a pessoas e sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e da organi- zação. Essa área vem ganhando cada vez mais espaço e importância dentro das Ciências Humanas e Administrativas. O ser humano economicamente ativo passa a maior parte do seu tempo trabalhando. Ele trabalha nas melhores horas do seu dia, nos me- lhores anos de sua vida; e gasta muito do seu tempo livre se deslocando para a empresa ou mesmo se aperfeiçoando a fim de melhor desempe- nhar suas funções ou galgar melhores oportunidades de carreira. Além de o funcionário gastar parte de sua existência na empresa, ele possui necessidades e desejos que procura satisfazer por intermédio dela. Dessa forma, evidencia-se a importância que a área de Recursos Humanos assume dentro das organizações de ser a responsável pelas políticas e pelos processos de gestão das pessoas que nela trabalham e de garantir o adequado ambiente laboral. De acordo com Milkovich e Boudreau (2008, p. 19): Ainda que as instalações físicas, os equipamentos e os recursos financeiros sejam necessários para as organizações, as pessoas – os recursos humanos – são particularmente importantes. Os Recursos Humanos (RH) trazem o brilho da criatividade para a empresa. As pessoas planejam e produzem os produtos e servi- ços, controlam a qualidade, vendem os produtos, alocam recursos financeiros e estabelecem as estratégias e [os] objetivos para a or- ganização. Sem pessoas eficazes, é simplesmente impossível para qualquer empresa atingir seus objetivos. Por meio dos seis subsistemas interligados, já apresentados no ca- pítulo anterior, a área de Recursos Humanos busca garantir o suces- so organizacional com estratégias e ações que, de um lado, garantam o comprometimento dos funcionários para o atingimento das metas organizacionais e, de outro, garantam o atendimento das necessida- des dos funcionários. Trata-se, portanto, de uma área que tem como 25Subsistema de provimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. particularidade a missão de conciliar desejos das empresas e dos fun- cionários. De certa forma, podemos entender aárea de RH como uma balança. Figura 1 – Papel da área de Recursos Humanos FUNCIONÁRIO ORGANIZAÇÃO RH Analisando essa representação, a área de RH seria uma balança que busca o equilíbrio entre os interesses da organização e os interesses do funcionário. As estratégias de atuação da área de Recursos Humanos devem ser bem planejadas e ponderadas. Além disso, devem considerar sempre os interesses de ambos os lados da balança, pois, se pender mais para a organização sem considerar as necessidades dos funcionários (seu principal stakeholder), poderá gerar um clima de desmotivação e des- crédito, como bem observado por Rastely (et al. 2016, p. 66): Está cada vez mais claro que a aproximação entre empregados e empresas é saudável para ambas as partes, afinal o stakeholder responsável pela efetividade do processo produtivo é o próprio funcionário. São pessoas que “rodam” a engrenagem da “máquina” empresarial em qualquer um dos setores onde estas organizações se situam, não importando se visam ou não ao lucro. Portanto, ga- rantir a satisfação das pessoas é um dos passos que aproximam as empresas da sobrevivência no mercado. De acordo com Chiavenato (2008), a fim de que a organização atinja eficácia organizacional, ela deve atender a algumas condições básicas, das quais três merecem destaque: 26 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1. O alcance dos seus objetivos. 2. A manutenção do sistema interno. 3. A adaptação ao ambiente externo. Essa eficácia depende também de suas múltiplas relações com os diversos stakeholders com os quais mantém relações, como os ges- tores, os funcionários, os acionistas, a tecnologia, os fornecedores, os consumidores, os crediaristas, o governo, a comunidade, entre outros, com interesses conflitantes ou até mesmo antagônicos. Essa eficácia pode ser ilustrada na figura 2, que apresenta a organi- zação no cerne da influência, influenciando e sendo influenciada pelos vários stakeholders, alguns em uma relação mais próxima e até mesmo íntima – como os gestores e os funcionários –, localizados no micro- ambiente, e outros em uma relação mais distante socialmente, no ma- croambiente, como o governo, a globalização, as tendências mundiais, mas nem por isso deixando de influenciar e serem influenciados pela organização. Figura 2 – Eficácia organizacional MUN DIA IS M U D A N ÇA S GLOBALIZA Ç Ã O TENDÊNCIAS Social Eco n ô m ico Demográfi co P o lít ic o . MUND IAI S M U D A N Ç A S GLOBA LIZA Ç Ã O TENDÊNCIAS Social E co n ô m ic o Demográfic o P o lí ti c o . P es so as Tecnolog ia Estrutura . ORGANIZAÇÃO P e ss oa s Tecnolo g ia Estrutura 27Subsistema de provimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. PARA SABER MAIS Procure o significado de stakeholder em um dicionário on-line e reflita sobre os diversos stakeholders que uma organização possui. A área de Recursos Humanos é de extrema relevância para que a organização atinja patamares elevados de eficácia organizacional, contribuindo não somente para sua sobrevivência como também pos- sibilitando que exerça de forma exitosa seu papel na sociedade. Para Chiavenato (2008), a área de Recursos Humanos contribui para a eficá- cia organizacional na medida em que: a. Ajuda a organização a alcançar seus objetivos e a realizar sua missão: por meio do profundo conhecimento do negócio da orga- nização e de suas implicações na gestão de pessoas. b. Proporciona competitividade à organização: por meio do adequa- do emprego das competências da força de trabalho. c. Proporciona à organização empregados bem treinados e bem motivados: reconhece os funcionários, recompensa o bom de- sempenho, adota políticas de remuneração justa e equitativa, divulga os objetivos das avaliações e a forma como são avalia- dos, incentiva o desenvolvimento profissional. d. Aumenta a autoatualização e a satisfação dos empregados no trabalho: proporciona trabalho adequado às competências dos funcionários e em sintonia com a identidade das pessoas. e. Desenvolve e mantém qualidade de vida no trabalho: cuida dos aspectos ligados às atividades laborais e ao ambiente de traba- lho, satisfazendo as necessidades individuais do funcionário. f. Administra a mudança: desenvolve novas estratégias, programas e soluções flexíveis e em sintonia com o momento vivido pela organização e seu ambiente externo. 28 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . g. Mantém políticas éticas e comportamento socialmente respon- sável: adota ações transparentes, confiáveis e éticas, garantindo a diversidade em seu quadro de colaboradores, sem discrimina- ção e com garantia de seus direitos básicos. Como sabemos, no intuito de implementar tais ações, a área de Recursos Humanos se estrutura em subsistemas. Um desses subsis- temas é o de provimento, responsável por atrair profissionais capaci- tados e alimentar todos os demais sistemas da organização. A seguir vamos entender um pouco mais da contribuição dele para a área. 2 A importância do subsistema de provimento Antes de apresentar o subsistema de provimento de pessoas, con- vém compreender termos como provimento e prover. De acordo com o Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa on-line, o vocábulo “provimento” significa: [....] Ato ou efeito de prover; abastecimento, provisão. [...] Atenção ou cuidado que se tem com algo; preocupação. [...] Preenchimen- to de cargo ou de função pública por nomeação, promoção ou remoção. Já o verbo “prover” significa: Tomar providências acerca de; dispor, providenciar. [...] Abastecer (-se) do que for necessário para determinada situação; munir(-se). [...] Nomear alguém para um cargo ou uma função. [...] Preencher um cargo por nomeação ou indicação. [...] Acudir ou atender face à necessidade; suprir. Prover pessoas significa, então, tomar as providências necessárias para fornecer a organização de candidatos capazes o suficiente para ocuparem as vagas em aberto, suprindo as necessidades da organiza- ção contratante. 29Subsistema de provimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Na estrutura da área de Recursos Humanos, há um subsistema (ou área) responsável pela política e pelas ações de recrutamento e seleção de profissionais, que objetiva compor o quadro funcional de colabora- dores da organização. Esse subsistema também é conhecido como agregar ou prover pessoas e constitui o conjunto de processos que definem a forma de ingresso de pessoal na organização e a maneira como os funcionários se movimentam na empresa. IMPORTANTE Uma adequada representação desse importante subsistema de RH seria uma porta. É ela que permitirá a entrada de novos colaboradores qualificados e capazes de ajustar suas características e competênciaspessoais com as características da cultura da organização que o está contratando. As empresas estão cada vez mais cientes de que a contratação de profissionais pouco especializados em sua área de atuação, ou com atitudes e comportamentos não condizentes com seus princípios e va- lores, prejudica seu sucesso tanto do ponto de vista financeiro quanto de sua imagem junto à comunidade. Independentemente do tipo de segmento de mercado em que as empresas atuam, ou de serem de grande ou de pequeno porte, nacio- nal ou multinacional, a contratação dos funcionários constitui a base sólida para sua excelência, e as boas decisões de contratação fazem a diferença. De acordo com Marras (2003), existem alguns acontecimentos que levam a organização a demandar um processo de recrutamento e se- leção de novos profissionais ou de promover a movimentação interna entre seus funcionários. São eles: a rotatividade (turnover) e o aumento do quadro de pessoal, seja esse aumento planejado ou circunstancial. 30 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Para Chiavenato (2009), a rotatividade é o termo utilizado no intuito de definir o intercâmbio de pessoas existente entre a organização e o ambiente e a relação existente entre a quantidade de pessoas que deixam a empresa por algum motivo, seja porque pediram demis- são ou porque foram demitidas. Essa relação é expressa em “índices mensais ou anuais para permitir comparações, seja para desenvolver diagnósticos, promover providências ou ainda com caráter preditivo” (CHIAVENATO, 2009, p. 40). Rastely et al. (2016, p. 67) afirmam que Nenhuma organização sobrevive sem resultados positivos, resul- tados estes gerados por funcionários comprometidos com a em- presa. Um recrutamento e [uma] seleção eficazes e eficientes, identificando a pessoa adequada para cada posto de trabalho, são essenciais para a garantia de qualquer empreendimento. O subsistema de provimento beneficia não só a organização que contrata funcionários compatíveis com as competências esperadas para o cargo, mas também os próprios funcionários, que têm a oportu- nidade de demonstrar suas competências, desenvolver suas potencia- lidades, formar vínculos, aumentar sua empregabilidade e desenvolver uma carreira. Em tempos remotos, a escolha dos candidatos ideais para serem contratados pela empresa era baseada na experiência profissional an- terior que eles apresentavam ou pelo desempenho acadêmico que pos- suíam, caso a comprovada experiência não fosse um requisito para o cargo. Em tempos ainda mais remotos, os critérios de seleção eram vinculados às características intelectuais dos candidatos, que eram submetidos a testes quantitativos, provas objetivas e testes práticos. Hoje, esse cenário mudou. A busca atual das organizações é por pessoas com competências e potenciais analisados por meio de vá- rios instrumentos quantitativos e qualitativos, além de análises do perfil comportamental. 31Subsistema de provimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 3 O processo de prover pessoas: do enfoque tradicional ao moderno O processo de prover pessoas constitui o primeiro grupo de proces- sos da área de Recursos Humanos e apresenta grande variabilidade nas organizações: enquanto algumas utilizam processos tradicionais e até mesmo ultrapassados, outras utilizam processos mais avançados, modernos e até sofisticados para atrair e selecionar pessoas que com- porão o quadro de colaboradores da organização. O enfoque mais tradicional do processo de prover pessoas é micro- -orientado (CHIAVENATO, 2000, p. 98), isto é, para cada cargo a ser preenchido um processo seletivo é disparado com o objetivo de preen- chê-lo. Via de regra, o processo é desenvolvido quase que inteiramente pela área de Recursos Humanos (staff), restando pouca liberdade de decisão aos gerentes de linha. Nesse tipo de enfoque, predominam mais os aspectos operacionais e burocráticos do processo. Busca-se manter o status quo (ou situação atual) da organização. No enfoque moderno, a visão da área de agregar pessoas é macro- -orientada (CHIAVENATO, 2000, p. 98), servindo às necessidades or- ganizacionais não somente em curto prazo, mas também em longo prazo. Nesse sentindo, o subsistema de provimento busca a contínua melhoria do capital humano, acreditando na criatividade e na inovação como fatores fundamentais para a mudança organizacional. A eficácia organizacional é conquistada por meio da provisão de pessoas com no- vas habilidades e competências. O processo de agregar pessoas é res- ponsabilidade de linha, com os gestores participando e se envolvendo durante todo o processo. 32 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Quadro 1 – Abordagem tradicional e moderna do subsistema de provimento de pessoas ABORDAGEM TRADICIONAL ABORDAGEM MODERNA Micro-orientado Enfoque operacional Curto prazo Conservantismo Centralizado no RH Macro-orientado Enfoque estratégico Longo prazo Criatividade e inovação Descentralizado Fonte: adaptado de Chiavenato (2000, p. 98). PARA SABER MAIS Sobre os conceitos de staff e linha: Staff – adjetivo atribuído a uma área, ou um profissional, da empresa que serve de apoio ou que presta assessoria e recomendações a ou- trem, mas não tem o comando ou o poder de decisão. Linha – adjetivo atribuído à área ou ao profissional da empresa que tem o poder de tomar decisões. A linha pode aceitar ou não as recomenda- ções do staff em suas decisões. 4 O subsistema de provimento de pessoas e seus processos O subsistema de provimento de pessoas (ou agregar pessoas) é res- ponsável pelos processos de recrutamento e de seleção das pessoas que vão compor o quadro de colaboradores da organização. Em algu- mas empresas, esse subsistema também inclui o processo de integra- ção de candidatos, enquanto para outras essa é uma ação do subsiste- ma desenvolver pessoas. Este capítulo apresenta esses processos de forma sintética. Haverá outros capítulos específicos para cada um deles. 33Subsistema de provimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 4.1 Recrutamento O processo de recrutamento é definido como o conjunto de ativi- dades desenhadas para atrair candidatos qualificados do mercado de recursos humanos, despertando neles o interesse de se candidatarem a uma posição em aberto na organização. Para Milkovich e Boudreau (2008, p. 162), “Recrutamento é o processo de identificação e atração de um grupo de candidatos, entre os quais serão escolhidos alguns para posteriormente serem contratados”. Entre as atividades de recrutamento destacam-se: alinhamento do perfil da vaga com o gestor da área (cliente interno); decisão pelo tipo de recrutamento a ser realizado (interno, externo ou misto); divulgação da vaga no mercado de recursos humanos potenciais; recepção doscurrículos; análise dos currículos; avaliação do processo de recruta- mento. Depois de atraídos do mercado de recursos humanos (interno ou externo), os candidatos potenciais mais próximos ao perfil da vaga são encaminhados para o processo de seleção. 4.2 Seleção É o processo de coleta de informações dos candidatos potenciais atraídos pelo processo de recrutamento. Envolve a escolha cuidado- sa das técnicas de seleção mais adequadas para avaliar e permitir a comparação entre os vários candidatos, entre elas: triagem, entrevista, provas de conhecimentos, testes psicométricos, testes de personali- dade, técnicas de simulação, dinâmica de grupo, entrevista com o gestor da área. 4.3 Integração Após o candidato selecionado ser efetivamente contratado pela or- ganização, ele é encaminhado para realizar o treinamento de integração. 34 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Nesse dia, são apresentados a todos os novos contratados a missão, a visão e os princípios da organização; os direitos e deveres dos funcio- nários; os benefícios; as normas de segurança e outras informações sobre o funcionamento da organização e sua cultura, visando tornar os primeiros dias do funcionário na empresa mais acolhedores. Considerações finais A área de Recursos Humanos é responsável pelas relações de em- prego que influenciam a eficácia dos funcionários e da organização. Sua missão se dá por meio do contato que desenvolve com os dife- rentes stakeholders da organização, internos e externos, identificando necessidades e desenvolvendo políticas e práticas nos assuntos rela- cionados a pessoas que apresentem interesses conflitantes e até mesmo antagônicos. A área se estrutura em vários subsistemas, sendo um deles o res- ponsável pelo provimento de funcionários competentes capazes de contribuir com a eficácia organizacional, resultado de três fatores: do alcance dos objetivos organizacionais; da manutenção do sistema interno que contribua com o clima organizacional motivador; e da adaptação da organização ao ambiente externo. Alguns fatores levam a organização a acionar um processo de re- crutamento e seleção. Entre eles merecem destaque a rotatividade (turnover) e o aumento do quadro de pessoal. Quando um processo de recrutamento e seleção é bem conduzido, não só a organização se beneficia com a contratação de novos funcio- nários com maior aderência às exigências do cargo, mas também os próprios funcionários são beneficiados, pois terão a oportunidade de desenvolver suas potencialidades e planejar suas carreiras na própria empresa, contribuindo para a diminuição da rotatividade. 35Subsistema de provimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Funcionários adequadamente recrutados, selecionados e integrados à organização constituem um dos principais fatores para que ela atinja seus resultados. Cuidar das pessoas é cuidar do mais importante pa- trimônio organizacional. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. Edição compacta. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ____________. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organi- zações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. ____________. Planejamento, recrutamento e seleção: como agregar talentos à empresa. São Paulo: Manole, 2009. MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. São Paulo: Futura, 2003. MILKOVICH, George T.; BOUDREAU, John W. Administração de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2008. PROVIMENTO. In: DICIONÁRIO Michaelis da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 14 dez. 2017. RASTELY, Rita de Cássia Sales et al. O subsistema de provisão de recursos humanos e sua contribuição para o sucesso organizacional. Revista Diálogos & Ciências, ano 16, n. 38, dez. 2016. Disponível em: <http://periodicos.ftc.br/ index.php/dialogos/article/view/248/PDF%204>. Acesso em: 31 jan. 2017. 37 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 3 O mercado de trabalho e de recursos humanos e a questão da empregabilidade O conteúdo deste capítulo está organizado em quatro partes. Vamos iniciar abordando o conceito de mercado de trabalho e analisando seu impacto sobre as práticas de recursos humanos e também sobre os candidatos. O segundo tema apresenta o conceito de mercado de recursos huma- nos e analisa a relação entre as suas duas situações de oferta e procura. Com base nessas definições será possível relacionar esses dois mercados, de trabalho e de recursos humanos, e discutir a taxa de desemprego e seu impacto nos dois mercados. Por fim, vamos apresentar a questão da empregabilidade, isto é, a capacidade de tornar-se empregado ou de conseguir um novo emprego. 38 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 O mercado de trabalho Antes de estudarmos os conceitos de mercado de trabalho e de mercado de recursos humanos, convém definir o que é mercado. Mercado pode ser entendido como o ambiente adequado e favorável a troca de bens e serviços. Um ambiente em que vendedores e compra- dores estabelecem uma relação comercial com o objetivo de realizar transações comerciais. De acordo com Kotler (2012), mercado é um local, ou uma arena, em que ocorrem trocas potenciais. Em outras palavras, consiste de todos os potenciais compradores que, em função de suas necessidades, se disponibilizam a efetuar uma troca que atenda a essas necessidades ou a seus desejos. O tamanho do mercado varia de acordo com a quantidade de pro- dutos/serviços ofertados e a quantidade de pessoas que têm interesse neles e recursos para adquiri-los. É essa relação de oferta e procura que determina, ainda, outras questões do mercado. Um produto/serviço que é muito ofertado e não tem procura tende a diminuir o seu valor, já um produto/serviço que possui mais demanda do que oferta tende a aumentar seu valor. Esse conceito aplica-se tanto às trocas que envolvem recursos fi- nanceiros como às que não envolvem. Por exemplo: um artista plástico que troca sua arte por uma determinada quantia de dinheiro, ou então um candidato a um cargo político, que faz promessas a um mercado de eleitores em troca de seus votos. O mercado de trabalho e de recursos humanos é o ambiente adequa- do e favorável em que há pessoas querendo “vender” sua mão de obra e outras querendo “comprar”, isto é, contratar. Nesse mercado, a moeda de troca, de um lado, é o salário e, de outro, são as competências do candidato. 39O mercado de trabalho e de recursos humanos e a questão da empregabilidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 1 – Mercado de trabalhoe mercado de recursos humanos Mercado de recursos humanos Mercado de trabalho ESTA MOS CON TRAT AND O ESTAMOS CONTRATANDO 1.1 O que é mercado de trabalho O mercado de trabalho se caracteriza pelas oportunidades de em- prego disponibilizadas. Esse mercado pode ser de dois tipos: de oferta ou de procura, os quais vamos entender a seguir. A situação de oferta é aquela em que há abundância de oportunida- des de emprego, ou seja, várias vagas são divulgadas nos quadros de aviso de uma agência de emprego, por exemplo, e poucos candidatos se interessam por ela. Nesse caso o candidato pode escolher onde quer trabalhar e até mesmo ficar em dúvida entre aceitar ou não uma pro- posta, de acordo com salário, benefícios, localização, tipo de empresa e outras informações, as quais pesarão na sua decisão. Já na situação de procura, há escassez de oportunidades de empre- go. Nesse caso, como há poucas oportunidades de trabalho, não raras vezes o candidato aceita trabalhar em empresas mais distantes, com salário abaixo das suas expectativas e com poucos benefícios. Na situação em que o mercado de trabalho é de procura, os profis- sionais que possuírem diferenciais terão mais chances de se destacar. 40 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Figura 2 – As situações do mercado de trabalho Oferta Procura Mercado de trabalho * Abundância de oportunidade de emprego * Escassez de oportunidade de emprego PARA PENSAR Do ponto de vista da organização que está contratando, qual a melhor situação de mercado de trabalho: em oferta ou em procura? E para o candidato, qual seria a melhor opção? Essas duas situações do mercado de trabalho afetam diretamente a área de Recursos Humanos e os candidatos que procuram emprego. A seguir vamos analisar esses impactos. Você perceberá que, para a organização, o ideal é o mercado de tra- balho em situação de procura, pois a concorrência com outras empre- sas pelo mesmo candidato é menor, o que significa dizer que há mais candidatos procurando oportunidades de emprego do que ofertas de trabalho. Para o candidato a situação do mercado de trabalho em procura diminui suas chances de conquistar um emprego, pois as vagas de emprego existem em menor quantidade, ou seja, essa mes- ma situação do ponto de vista do candidato é ruim, pois diminui suas chances de conquistar um trabalho, uma vez que há mais candidatos e poucos vagas de emprego. Mas essa situação de oferta e de procura também afeta as práticas de Recursos Humanos. Vejamos como. 41O mercado de trabalho e de recursos humanos e a questão da empregabilidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 1.2 O impacto do mercado de trabalho sobre as práticas de RH Vamos começar analisando como as situações do mercado de tra- balho afetam diretamente as práticas de Recursos Humanos, sobretu- do a área de recrutamento e seleção. Em uma situação de oferta, a área de recrutamento e seleção deve planejar com mais cuidado seus processos seletivos, considerando as necessidades de investir mais em fontes alternativas de recrutamento de candidatos, a fim de atraí-los para a vaga; de definir requisitos de seleção mais flexíveis e de investir mais em processos de recrutamen- to interno, pois, como vimos anteriormente, nessa situação são várias empresas buscando os mesmos candidatos. Além disso, cabe à organização revisar a oferta salarial, no intuito de torná-la mais estimulante, e investir mais em benefícios sociais, a fim de aumentar o poder de atração e retenção de candidatos. Além disso, ela deve investir mais em Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas, para compensar o perfil de candidato abaixo das expectativas do perfil da vaga. Por exemplo: se um requisito para a vaga é o domínio do Excel, a empresa pode contratar profissionais sem esse conhecimento e pro- porcionar ao contratado um treinamento específico sobre o assunto. Porém, quando a situação do mercado de trabalho é de procura, o investimento em fontes de Recrutamento é mais baixo. Além disso, os critérios de seleção (perfil da vaga) podem ser mais rigorosos, e a empresa pode optar por efetuar recrutamento externo. Não há neces- sidade de alteração da oferta salarial ou de incremento dos benefícios sociais para aumentar o poder de atração de candidatos. Os investi- mentos em Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas também são menores, pois, com a abundância de candidatos, eleva-se o perfil da vaga no intuito de se contratar o profissional completo. 42 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Quadro 1 – Mercado de trabalho em oferta e em procura do ponto de vista da empresa MERCADO DE TRABALHO EM OFERTA EM PROCURA 1. Investimento em fontes de recrutamento Alto Baixo 2. Critérios de seleção Mais flexíveis Mais rígidos 3. Tipo de recrutamento Interno Externo 4. Poder de atração pela remuneração e pelos benefícios Maior Menor 5. Investimentos em Treinamento e Desenvolvimento Maior Menor 1.3 O impacto do mercado de trabalho sobre os candidatos O comportamento dos candidatos que procuram emprego também se modifica em função da situação do mercado de trabalho. Quando a situação é de oferta, em que o candidato se depara com excesso de oportunidades, os profissionais se arriscam a mudar mais de emprego, o que contribui para a elevação do índice de turnover da empresa. A situação é propícia para a reivindicação de melhores salá- rios e benefícios. Já quando a situação é de procura e o candidato se depara com escassez de oportunidades de emprego, há muita concorrência, os sa- lários diminuem, e a submissão a cargos de menor equiparação às qua- lificações é maior. Os profissionais empregados são mais disciplinados e procuram evitar atritos, a fim de não serem desligados da empresa. 43O mercado de trabalho e de recursos humanos e a questão da empregabilidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Quadro 2 – Mercado de trabalho em oferta e em procura do ponto de vista do candidato MERCADO DE TRABALHO EM OFERTA EM PROCURA 1. Vagas de emprego Excesso Escassez 2. Remuneração e benefícios Melhores Mais baixos 3. Índice de rotatividade Alto Baixo 2 O mercado de recursos humanos Assim como o mercado de trabalho, o mercado de recursos huma- nos se caracteriza pelos profissionais disponíveis ou interessados por uma vaga na organização e também pode ser de dois tipos: de oferta ou de procura. Figura 3 – As situações do mercado de recursos humanos Oferta Procura Mercado de recursos humanos * Abundância de candidatos * Escassez de candidatos O mercado de recursos humanos em situação de oferta é aquele em que há abundância de candidatos a uma oportunidade de emprego. Nesse caso, a organização pode escolher o candidato mais completo em relação ao perfil da vaga e oferecer menor salário e menos benefí- cios, pois adificuldade do candidato em conquistar uma colocação no mercado de trabalho o conduzirá a aceitar a proposta feita pela orga- nização. Por outro lado, as pessoas que trabalham na empresa dificil- mente pensarão em concorrer a novas oportunidades do mercado de trabalho, pois estão cientes da dificuldade que terão em competir com vários profissionais que concorrerão a mesma vaga. 44 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Nesse sentido, o índice de absenteísmo (ausência no trabalho) é menor quando a situação do mercado de recursos humanos está em oferta. Por outro lado, as pessoas empregadas se mantêm nos atuais empregos, mesmo que isso represente que não se desenvolverão pro- fissionalmente, pois é temeroso arriscar uma nova chance em outra organização quando o mercado se encontra em situação de oferta. O mercado de recursos humanos em situação de procura é aquele em que há escassez de profissionais disponíveis ou interessados pela oportunidade de emprego disponibilizada pela organização. Nesse caso, cabe à organização rever o salário, os benefícios sociais e até mesmo o perfil da vaga, a fim de aumentar a probabilidade de preencher essa posição. Não raras vezes, há necessidade de se investir mais em processos de recrutamento interno do que em externos. Do ponto de vista do candidato, esse é o momento mais apropriado para negociar melhores salários e benefícios. É também um contexto apropriado para os pro- fissionais que pensam em mudar de emprego em busca de desenvol- vimento profissional. Quadro 3 – Mercado de recursos humanos em oferta e em procura MERCADO DE RECURSOS HUMANOS EM OFERTA EM PROCURA 1. Quantidade de candidatos Excesso Escassez 2. Conquista do emprego Difícil Fácil 3. Pretensões salariais dos candidatos Rebaixado Elevado 4. Índice de absenteísmo Baixo Alto 5. Tipo de orientação Sobrevivência Desenvolvimento profissional 45O mercado de trabalho e de recursos humanos e a questão da empregabilidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Conforme é observado no quadro 3, a situação de mercado de tra- balho em oferta ou procura afeta o clima organizacional e os índices de absenteísmo e de rotatividade de uma empresa. Em uma situação de recessão, por exemplo, os funcionários não se arriscarão a conquistar um novo emprego. Pra que arriscar o certo pelo incerto, não é mesmo? Nesse sentido, não farão reivindicações por melhores salários ou be- nefícios. Já em uma situação inversa, de crescimento econômico e de várias oportunidades de trabalho, os funcionários terão um comporta- mento diferente. 3 Relação entre os mercados Você pode estar se perguntando qual a importância de estudar os dois mercados: de trabalho e de recursos humanos. As organiza- ções buscam profissionais com determinado perfil para ocuparem as posições de trabalho em vacância. Os profissionais que fazem parte do mercado de recursos humanos buscam oportunidades de traba- lho que sejam mais atrativas. A vaga disponível em uma empresa só será ocupada quando ocorrer o correto pareamento de interesses entre esses dois protagonistas. Portanto, a importância dos dois mercados está diretamente rela- cionada com o tempo de preenchimento das vagas disponíveis e com as estratégias de atração e de novos profissionais adotadas pela or- ganização. Podemos afirmar, então, que a situação de oferta do mer- cado de trabalho é equivalente à situação de procura do mercado de recursos humanos? Quando uma situação acontece de um lado, a situação inversa acontece do outro? O mercado de recursos humanos, via de regra, funciona como um espelho do mercado de trabalho: enquanto um está em oferta, o outro está em procura. 46 Recrutamento e seleção: decisões de contratação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Figura 4 – Relação entre os dois mercados Candidatos disponíveis Cargos preenchidos Vagas disponíveis Mercado de recursos humanos Mercado de trabalho Vários são os fatores que afetam esses dois mercados, como a glo- balização da economia, a tecnologia, a inflação, os incentivos fiscais, os impostos, etc. Entre eles destaca-se a taxa de desemprego: quanto maior a taxa, mais fácil será para a empresa recrutar e selecionar bons candidatos. PARA PENSAR Como você define desemprego? Sua primeira resposta pode ser a seguin- te: desempregado é todo cidadão que não está trabalhando no momento. Se você compartilha dessa definição, seria interessante continuar a lei- tura deste texto, pois, para o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) esse conceito tem outras características, e seu cálculo é muito impor- tante para as políticas públicas de incentivo às empresas de manterem seus quadros de funcionários sem demissões, pois, dessa forma, a taxa de desemprego não aumentaria. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o cálculo da taxa de desemprego no país considera-se desempre- gado a pessoa que procurou trabalho no período de um mês antes da 47O mercado de trabalho e de recursos humanos e a questão da empregabilidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. realização da pesquisa, a qual identifica a taxa de desemprego do país, sendo contabilizada como parte da População Desocupada (PD), ou, em outras palavras, como desempregada. As pessoas que procuraram emprego em um período superior a um mês da data da realização do levantamento feito pelo Instituto são con- sideradas desalentadas (e não desempregados) e contabilizadas como parte da População Não Economicamente Ativa (PNEA) dentro da População em Idade Economicamente Ativa (PIA), isto é, aquelas com idade entre 10 e 65 anos. São vários os fatores que influenciam a taxa de desemprego do país: • Produto Interno Bruto (PIB): em situações de PIB mais elevado, as empresas vendem mais seus produtos e serviços e contra- tam mais funcionários a fim de suprir a demanda. Por outro lado, quando o PIB tem crescimento muito baixo ou até mesmo negati- vo, as empresas vendem menos e contratam menos. • Salário mínimo: com a existência de uma lei que determina o va- lor do salário mínimo a ser pago aos trabalhadores e quando seu valor é percebido pelas empresas como alto, isso contribui para a elevação da taxa de desemprego, pois, quanto maior o valor do salário mínimo, maiores serão os custos trabalhistas. • Produtividade: se o índice de produtividade aumenta, as empre- sas tendem a contratar mais funcionários; se, por outro lado, esse índice cai, a empresa tende a contratar menos. • Inflação: quando em alta, o custo dos produtos e serviços au- menta e, com isso, as vendas diminuem, diminuindo também as ofertas de emprego. Um balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a taxa de desemprego no Brasil, no quarto trimestre de 2016, chegou a 12%, isto é, a 12,3 milhões de 48