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Cartilagem e Meniscos Giovanna Lopes - “Artrose” é um processo contínuo, irreversível e inflamatório de destruição da cartilagem. - Como consequência dessa destruição cartilaginosa, a doença também irá diminuir o arco de movimento do joelho do paciente. - É uma doença de idoso. Destruição da cartilagem - A definição da osteoartrite é ainda um grande desafio. Substanciais diferenças na prevalência e incidência dessa doença podem ocorrer, se para sua definição forem utilizadas apenas alterações radiográficas, sintomas ou uma combinação de ambos. - Com base nas atuais evidências, a osteoartrite – artrose ou osteoartrose – é, geralmente, uma doença progressiva nas articulações sinoviais que representa a falha no reparo de danos articulares resultantes de estresses que podem ter iniciado por anormalidades em qualquer dos tecidos articulares, incluindo cartilagem articular, osso subcondral, ligamentos, meniscos (quando presentes), músculos periarticulares, nervos periféricos ou sinóvia. - Isso, por fim, resulta no colapso da cartilagem e do osso, causando sintomas de dor, rigidez e incapacidade funcional. - As definições radiológicas utilizam-se de classificações com base na presença de osteófitos, diminuição do espaço articular ou combinação de ambos. - A osteoartrite é a forma mais comum de doença articular. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 10% da população mundial acima de 60 anos apresenta graves problemas clínicos decorrentes da osteoartrite. - A prevalência da doença como um todo é muito correlacionada com a idade. Independentemente de como ela é definida, é incomum em adultos abaixo de 40 anos e de grande prevalência em indivíduos acima de 60 anos. - Nas mulheres, especialmente após os 50 anos, a osteoartrite é mais prevalente do que nos homens e tem distribuição mais difusa. - A população brasileira de indivíduos acima de 60 anos passou de pouco mais de 7 milhões, em 1980, para 19,2 milhões, em 2010, e é provável que chegue a 60 milhões em 2050. - Haverá, portanto, grande aumento do número de casos de osteoartrite, considerando que sua prevalência tem relação direta com o aumento da idade da população. - A osteoartrite pode ser dividida em primária (idiopática) ou secundária. - A forma idiopática pode ser classificada em localizada ou generalizada (quando acomete três ou mais articulações). - É possível dividir a osteoartrite idiopática do joelho em compartimento medial, compartimento lateral e compartimento patelofemoral. - A dor na artrose primária é do tipo mecânica. Essa dor inicia logo pela manhã devido à imobilidade do período noturno, apresenta momentos de melhora durante o dia e torna-se pior à tarde, devido aos esforços. É a dor relacionada ao movimento. - Apresenta início insidioso e incapacidade progressiva. No início da patologia, os sintomas estão relacionados à prática de esforço físico e, com a evolução, a dor aparece mesmo em repouso. - É frequente a presença de crepitação e derrame de repetição. - O aumento da idade piora o quadro clínico das artroses primária e secundária. - Em 1986, o American College of Rheumatology estabeleceu uma lista de critérios diagnósticos para a osteoartrite dos joelhos. Esses critérios são os mais usados atualmente para definir um paciente como portador de osteoartrite e possuem boa reprodutibilidade. - Em 1957, Kellgren e Lawrence propuseram uma classificação radiológica da osteoartrite baseados nas seguintes características radiológicas, consideradas evidências da doença: o Formação de osteófitos nas margens da articulação ou, no caso dos joelhos, nas espinhas tibiais. o Ossículos periarticulares. o Estreitamento da cartilagem articular em associação com esclerose do osso subcondral. o Pequenas áreas pseudocísticas com paredes escleróticas geralmente situadas no osso subcondral. o Forma alterada das margens ósseas. - Os autores, então, classificaram a osteoartrite em cinco graus: o Grau 0: nenhuma o Grau 1: duvidosa o Grau 2: mínima o Grau 3: moderada o Grau 4: grave - Portanto, o grau 0 indica ausência de alterações radiográficas de osteoartrite, e o grau 2 indica que a doença está presente, com acometimento mínimo. - Em 1968, Ahlback elaborou uma classificação radiológica que, depois, foi modificada por Keyes e colaboradores (essa classificação é mais usada por ortopedistas para avaliar o grau de acometimento radiográfico e para acompanhamento da progressão da patologia, assim como auxiliar na programação cirúrgica. Classificação de Ahlback - As radiografias simples são os principais exames de imagem utilizados para diagnóstico da artrose e para o planejamento cirúrgico. - As radiografias devem ser realizadas em anteroposterior com apoio monopodal, perfil em 30º e incidência de Rosenberg. - Na incidência de Rosenberg, o joelho está em 45º de flexão (com carga) e sua face anterior apoiada no chassi; os raios têm incidência posteroanterior, inclinação podal de 10º e estão afastados em um metro do chassi. - A radiografia panorâmica dos membros inferiores também é de fundamental importância para a avaliação correta dos eixos anatômico e mecânico dos membros inferiores. Sabe-se que o mau alinhamento do membro inferior é grande fator de risco para progressão da doença, sendo que o alinhamento em varo aumenta o risco de artrose no compartimento medial e o alinhamento em valgo no compartimento lateral. Artrose leve Artrose moderada Artrose grave - Outros exames podem ser solicitados, como tomografia, cintilografia e RM, sendo solicitados principalmente nas artroses secundárias. - A RM pode ser útil para auxiliar no diagnóstico de lesão degenerativa meniscal e fratura por insuficiência do osso subcondral. - História Clínica (idoso, dor em caminhadas curtas, limitação de movimento...). - Radiografia com apoio monopodálico – faz pressão no compartimento desgastado (mostra desgaste ósseo e da cartilagem). - USG (mostra derrame articular e tendinite). - RM (em casos especiais, serve para avaliar cartilagem, meniscos e partes moles). - O ortopedista não deve basear sua conduta considerando apenas o diagnóstico radiológico, pois a correlação entre a alteração radiográfica e a sintomatologia é fraca. - Um levantamento nacional norte-americano encontrou uma prevalência de 37,4% de osteoartrite radiológica em indivíduos acima dos 60 anos. A mesma pesquisa apontou prevalência de 12,1% da doença quando considerados sintomas e alterações radiológicas. - É necessário, portanto, um diagnóstico mais preciso sobre a verdadeira capacidade funcional do paciente e o impacto que a doença está causando sobre sua qualidade de vida. - O diagnóstico funcional é feito por meio de questionários de dor, função e qualidade de vida, além de testes de desempenho. - Uma maneira simples de objetivar o tamanho da dor do paciente é aplicando a escala visual da dor. - Para avaliação da qualidade de vida, existem alguns questionários que podem ser usados, como o SF-36. Pode-se avaliar a função com questionários de função reportada, como WOMAC, KSS, KOOS, Lequesne, ou ainda com testes de desempenho, destacando-se os testes de “caminhada de seis minutos”, “sentar e levantar”, “sentar, caminhar e voltar a sentar”. Assim, é possível ter maior percepção sobre a extensão da limitação gerada pela doença, além da definição mais precisa dos alvos terapêuticos, ou seja, alterações que permitem intervenção, sejam elas não farmacológicas, farmacológicas ou cirúrgicas. - Fatores de risco, como gênero, idade, trauma, uso excessivo, genética e obesidade contribuem para iniciar o processo de lesão nos diferentes componentes da articulação. - Os processos bioquímicos causadores da osteoartrite envolvendo a cartilagem, o osso e a sinóvia podem agir em conjunto e destruir esses mesmos três componentes. - Já é bem estabelecidoque a cartilagem, o osso e a sinóvia são os três principais tecidos atingidos pelos mecanismos patológicos da osteoartrite. - A cartilagem recebe mais atenção no estudo da osteoartrite devido à grosseira destruição encontrada em espécimens patológicos e estudos de imagem e também por conta da imensa quantidade de processos biológicos nela ativados. - Eventos-chave que ocorrem na cartilagem incluem o desbalanço metabólico e o surgimento de sinalizadores de degradação, estimulados por cascatas de citocinas, e a produção de mediadores inflamatórios. - Diversos estudos têm focado o papel do osso subcondral na patogênese da osteoartrite. - Apesar de grosseiras nos estágios finais, com a formação de osteófitos e deformidades, as mudanças ósseas ocorrem cedo no curso da doença. - Em estudos radiográficos, o aumento do turnover do osso subcondral ocorreu até cinco anos antes do aparecimento de alterações radiográficas. - A sinovite ocorre mesmo nos estágios iniciais da osteoartrite e pode ser subclínica. Estudos artroscópicos demonstram alterações na sinóvia em até 50% dos pacientes com a doença, muitos dos quais não apresentavam sinais clínicos de sinovite. Técnicas mais novas utilizando RM de alta resolução têm demonstrado que a inflamação sinovial é mais comum do que se imaginava. - A comunidade internacional ainda encontra-se muito dividida quanto ao exato mecanismo da doença. Trata-se de patologia complexa resultante de uma interação de diversas causas e fatores. Considerar o problema como puramente mecânico ou puramente inflamatório parece uma tentativa de simplificar algo que não é simples. - O tratamento da artrose deve ser integral e individualizado. - O conceito fundamental é que se trata da falência da articulação como um todo, de um órgão complexo, composto não apenas por cartilagem, mas por diversos tecidos, como sinóvia, osso subcondral, cápsula, meniscos, músculos e tendões. - A terapêutica, portanto, deve ser holística e abranger os mais diversos aspectos da doença. - Mais de 50 terapias não farmacológicas, farmacológicas e cirúrgicas para osteoartrite de joelho e quadril são descritas na literatura médica. - Todos os guias de tratamento apontam para três intervenções que devem ser o núcleo do tratamento do paciente com artrose: educação do paciente, atividade física e emagrecimento. - Além desse tripé fundamental, o tratamento ideal ocorre por meio da combinação de medidas não farmacológicas, farmacológicas e cirurgia. - Todos os pacientes com osteoartrite devem ter acesso à informação e educação quanto aos objetivos do tratamento e a importância de mudanças no estilo de vida, exercícios, adequação das atividades, redução de peso e outras medidas para diminuir o impacto sobre as articulações lesadas. - O foco inicial deve ser em autocuidado e tratamentos dirigidos ao paciente, em vez de terapias passivas realizadas por profissionais de saúde. Depois, deve ser enfatizado o incentivo para aderência ao regime terapêutico não farmacológico. - O objetivo do tratamento da osteoartrose é a restauração da homeostasia tecidual pela recuperação do equilíbrio muscular, desenvolvendo o envelope de função. - Pode-se realizar esse feito com a introdução de programas de exercícios que melhorem a força e a elasticidade muscular dos membros inferiores. - Os pacientes devem ser encorajados a praticar e manter a prática regular de exercícios aeróbios, fortalecimento muscular e ganho de amplitude de movimento (fazer exercícios de baixo impacto, principalmente na água). - Pacientes com osteoartrite sintomática podem se beneficiar do encaminhamento à fisioterapia para avaliação e instrução de exercícios apropriados para reduzir a dor e aumentar a capacidade funcional. - Deve-se dar preferência a atividades de baixo impacto, como exercícios na água, bicicleta ergométrica e academia com intensidade moderada e respeitando ângulos de proteção articular. - A relação entre o índice de massa corporal (IMC) e a osteoartrite de joelhos é de grande relevância, pois a obesidade importante fator de risco para a doença que atinge os joelhos, é potencialmente modificável. - Além disso, esse aspecto da doença merece atenção devido ao grande aumento de sobrepeso e obesidade observados no mundo nas últimas décadas. - A perda de peso reduz a dor e melhora a função física dos pacientes com osteoartrite, devendo, portanto, ser encorajada. - O uso de bengalas e andadores também é recomendado para osteoartrite sintomática dos joelhos em todas as diretrizes existentes. - Os pacientes devem ser instruídos para utilizar da forma correta uma bengala ou muleta na mão contralateral, sendo preferíveis, muitas vezes, andadores para pacientes com doença bilateral. - O uso de órteses ou palmilhas também é indicado para pacientes com desvio de eixo em varo ou valgo. - Medidas fisioterápicas, como estimulação elétrica transcutânea nervosa (TENS), calor e crioterapia são muito usadas no tratamento. Porém, as evidências que suportam tais terapias são muito limitadas. - Acupuntura é a modalidade de tratamento com comprovado benefício no alívio da dor na osteoartrite. - Outras terapias de corpo e mente, como yoga, tai chi e qi gong, também podem ser usadas no tratamento, com evidência de melhora. - Nos casos de dor leve ou moderada, deve-se iniciar o tratamento medicamentoso com dipirona ou paracetamol, que, nesse caso, apresenta efeito analgésico semelhante aos anti-inflamatórios comuns (AINEs). - Nos casos de dor moderada para intensa, em pacientes que não melhoraram com uso de analgésicos comuns ou não podem utilizar AINEs, pode-se prescrever um opioide, lembrando que os opioides podem causar constipação e tonturas na população idosa. - Pacientes com osteoartrite sintomática podem fazer uso de anti- inflamatórios não hormonais (AINEs) na menor dose possível e pelo menor tempo possível (no máximo por 7 dias). O uso prolongado deve ser evitado. - Só fazer uso de AINE se o paciente estiver com inflamação ativa e visível. - Tanto os agentes COX-2 seletivos quanto os não seletivos devem ser usados com cautela nos indivíduos com fatores de risco para doença cardiovascular. - Condroprotetores são substâncias com ação no metabolismo da cartilagem. - É limitada a evidência na literatura sobre a capacidade dos condroprotetores em reverter, parar ou até mesmo retardar a evolução da osteoartrite. Sendo assim, o termo “drogas modificadoras da doença osteoartrite” parece exagerado. - Um termo mais adequado para os condroprotetores é symptomatic slow- acting drugs for osteoarthritis, já que são medicamentos que trazem benefício sintomático e apresentam início de ação lento. - Apesar da limitação em relação à capacidade modificadora da doença, a literatura é rica em trabalhos de alto nível de evidência demonstrando benefícios sintomáticos de longo prazo e benefícios adicionais com eficácia global próxima a de anti-inflamatórios e efeito residual (que se mantém mesmo após a suspensão da medicação). - Além disso, outro grande benefício do uso dessa classe de medicamentos na osteoartrite é a diminuição da necessidade de uso de outros analgésicos e anti-inflamatórios pelos pacientes. - Os seguintes condroprotetores merecem destaque: diacereína, que atua principalmente pela inibição dos efeitos da IL-1; glicosamina, que participa da síntese das glicosaminoglicanas, proteoglicanas e hialuronato da cartilagem articular, com resultados controversos dependendo da formulação utilizada; condroitina, que, apesar de bom perfil analgésico, demonstrou pequena (mas significativa) redução na diminuição do espaço articular. - Há também a associação de glucosamina e condroitína, com benefícios demonstrados em pacientes com dor moderada e grave, mas que também apresenta resultados conflitantes, com um estudo demonstrando prejuízo na absorção da glucosamina quandohouve a combinação. - É comprovado que os extratos insaponificáveis de soja e de abacate são inibidores de IL-1, IL-6, IL-8, metaloproteases in vitro e estimuladores do condrócito in vitro. Seu uso reduz a dor, assim como reduz o uso de analgésicos e melhora a função de pacientes com osteoartrite de joelhos. - A cloroquina apresenta efeito de supressão da produção de NO induzida por IL-1. Inicialmente, sua indicação foi para osteoartrite erosiva de mão e, depois, passou a ser usada em outras formas da doença. Por tratar-se de fármaco com efeitos colaterais que exigem acompanhamento profilático, deve apenas ser manuseado por profissionais com experiência na utilização. - O colágeno hidrolisado tem efeito analgésico de longo prazo e, por disponibilizar altas concentrações de aminoácidos específicos, tem a capacidade de aumentar a produção de colágeno tipo 2 e proteoglicanos pelo condrócito. - O colágeno tipo 2 em doses mínimas é capaz de diminuir a resposta inflamatória articular através de um mecanismo de tolerância oral, podendo também ser usado em doses diminutas. - Atualmente, essa modalidade de tratamento é muito recomendada para pacientes com osteoartrite dos joelhos, sobretudo na presença de sinais inflamatórios com derrame articular. - Apesar de relatos de condrotoxicidade, trata-se de uma modalidade de tratamento segura, de ação rápida, com melhora da dor já na primeira semana e que pode durar até três ou quatro semanas. - Diversos ensaios clínicos e metanálises já comprovaram sua segurança e eficácia, mas o benefício a longo prazo ainda não foi bem estabelecido. - A viscossuplementação, injeção intra-articular de derivados do ácido hialurônico, é um procedimento simples e pode ser realizado em ambulatório. - Traz benefícios para dor e função, alterando de modo favorável o curso da doença e melhorando de forma quantitativa e qualitativa a cartilagem articular. - Apresenta bom perfil de segurança e favorável relação custo-efetividade, sendo indicada tanto para osteoartrite quanto após um procedimento artroscópico. - Hoje, recomenda-se a adição de 1 mL de triancinolona à viscossuplementação. - Artrose Leve -> Infiltração intra-articular de corticoide ou ácido hialurônico ou Videoartroscopia (mais invasivo). - Artrose Leve ou Moderada -> Osteotomias (realinhamento ósseo). Geno varo (achatamento e afundamento medial) - Artrose Moderada ou Grave -> Normoeixo com prótese unicompartimental. - Artrose Grave -> Prótese Total do Joelho e reabilitação funcional. A mobilidade não fica 100%, mas consegue dar qualidade de vida para o paciente e diminuir sua dor - O tratamento cirúrgico é indicado quando há falha do tratamento conservador. - No planejamento, deve-se considerar a idade do paciente, a demanda física, a expectativa com os resultados do tratamento, o tipo de artrose, o peso corporal, as comorbidades e a evolução da doença. - Algumas das opções de cirurgia disponíveis são artroscopia, osteotomia e artroplastia. - Até o ano de 2002, a artroscopia era utilizada de maneira indiscriminada no tratamento da osteoartrite, seja na forma de debridamento articular, seja na forma de meniscectomia parcial nas lesões degenerativas do menisco medial. - O trabalho de Moseley e colaboradores mudou de uma vez por todas o papel da artroscopia no tratamento da osteoartrite, não encontrando benefício em relação aos pacientes que receberam uma falsa artroscopia. - Portanto, hoje a artroscopia é procedimento de exceção no tratamento de pacientes com osteoartrite e deve ser reservada para casos agudos de bloqueio articular que ocorre por interposição de fragmento de menisco ou por corpo livre intra-articular. - Nos casos em que essa é a queixa principal, a retirada melhora o quadro, mas o paciente deve manter todas as outras intervenções. - O alinhamento anatômico normal do joelho varia de 5 a 7° de valgo. - Quando esse eixo está desviado em varo ou valgo, promove aumento da carga nos compartimentos tibiofemoral medial ou lateral, respectivamente. - O aumento de carga localizado pode evoluir com desgaste articular e artrose. - O objetivo das osteotomias é restabelecer o alinhamento do membro, distribuir melhor a carga entre os compartimentos, promover alívio dos sintomas e retardar a progressão da artrose. - O desvio em varo é tratado com a correção na tíbia proximal, por meio de uma osteotomia valgizante tibial alta, que pode ser de fechamento lateral ou abertura medial. - Quando o desvio é em valgo, a correção é no fêmur. - O desvio em valgo pode ser tratado com osteotomia na tíbia desde que não provoque inclinação da interlinha articular (até 10º de valgo pode ser corrigido na tíbia). - A osteotomia tem sua melhor indicação nas artroses pós-traumáticas, em pacientes mais jovens e ativos. É contraindicada nos casos em que ocorre desaparecimento do espaço articular, subluxação da tíbia, artrose femoropatelar (maior que grau I de Ahlback) e presença de osteófito posterior. - Na artroplastia total de joelho (ATJ), é realizada a substituição das superfícies articulares por peças metálicas e de polietileno. - É indicada na falha do tratamento conservador nos casos de artrose avançada que acomete mais de um compartimento. - Geralmente, está indicada em pacientes com idade acima de 60 anos. Em casos de artrose secundária, as indicações podem não respeitar esse limite de idade. - É considerada uma cirurgia de alto custo que apresenta resultados funcionais muito positivos, mas que tem complicações. - É mais realizada em mulheres (60%), nas quais o resultado funcional é melhor. - O objetivo da cirurgia é criar um espaço retangular em extensão e flexão onde será colocado o implante. Isso é obtido com cortes ósseos e balanço ligamentar adequados. - Outro objetivo é corrigir os desvios de eixo. - A cirurgia apresenta taxa de 5 a 55% de complicações. Uma metanálise recente mostrou 18,5% de complicações. - São encontradas limitação de arco de movimento, dor residual, infecção, luxação patelar, fratura periprotética, entre outros. Os problemas mais comuns são femoropatelares. - Existem fatores que afetam diretamente o resultado, como a escolha adequada do paciente, o tipo de artrose, as doenças associadas, a técnica cirúrgica, o material utilizado e a reabilitação realizada. - O arco de movimento final é dependente do arco de movimento pré- operatório. - Existem próteses que preservam ou não o ligamento cruzado posterior (LCP), e próteses de plataforma fixa ou móvel. A literatura não mostra diferença entre esses tipos. - Nos casos em que a artrose é localizada em um dos compartimentos femorotibiais, pode-se utilizar as artroplastias unicompartimentais. - Esse tratamento é indicado para pacientes com ligamento cruzado anterior íntegro, arco de movimento mínimo de 5 a 90º, varo menor que 7º e valgo menor que 15º. - Pode ser indicada em pacientes mais jovens que talvez evoluam para uma artroplastia total no futuro ou em indivíduos mais idosos, para os quais será o tratamento definitivo. - Soltura Asséptica = depois de uns dias de uso, a prótese se solta devido a alguma inexperiência ou falta de habilidade do cirurgião. - Soltura Séptica = a prótese se solta devido a alguma infecção bacteriana. - Ambas as condições causam muita dor ao paciente e é difícil de diferenciar. - Dor residual. - Fratura ao redor da prótese. - Em casos de soltura de prótese, se faz a revisão da prótese total do joelho, a colocando de novo, dessa vez com hastes intra-ósseas.