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3° período Eduardo Zanella Tx 1 APG 2 1. COMPREENDER AS CAUSAS DA HAS SECUNDÁRIA 2. ENTENDER AS COMPLICAÇÕES OCASIONADAS PELA HAS 3. EXPLICAR COMO OCORRE AS HIPERTOFRIAS CARDÍACAS 4. COMPREENDER OS TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS (MECANISMO DE AÇÃO) E NÃO FARMACOLÓGICOS DA HAS 5. CITAR A IMPORTÂNCIA DO PACIENTE ADERIR AO TRATAMENTO 1. COMPREENDER AS CAUSAS DA HAS SECUNDÁRIA a elevação da pressão arterial em consequência de outra condição patológica. Contrariamente à hipertensão primária, muitas condições causadoras de hipertensão secundária podem ser corrigidas por cirurgia ou tratamento clínico específico. A hipertensão secundária tende a ser observada em pessoas com menos de 30 e mais de 50 anos de idade. Cocaína, anfetaminas e outras drogas ilícitas podem causar hipertensão significativa, assim como os agentes simpaticomiméticos (descongestionantes, anorexígenos), a eritropoetina e o alcaçuz (incluindo alguns tipos de tabaco para mascar contendo alcaçuz como um dos ingredientes). Entre as causas mais comuns de hipertensão, estão a doença renal (i. e., hipertensão renovascular), os distúrbios dos hormônios corticais suprarrenais, o feocromocitoma, a coarctação da aorta e o uso de anticoncepcionais orais. Com o papel dominante assumido pelo rim na regulação da pressão arterial, não surpreende que a maior causa isolada de hipertensão secundária seja a doença renal. Diminuição na formação de urina, retenção de sal e água, além de hipertensão incluem as complicações comuns dos distúrbios renais agudos, como glomerulonefrite aguda, insuficiência renal aguda e obstrução aguda do trato urinário. A hipertensão também ocorre comumente com pielonefrite crônica, doença renal policística, nefropatia diabética e doença renal em estágio terminal. Em idosos, um início súbito de hipertensão secundária com frequência está associado à doença aterosclerótica dos vasos sanguíneos renais; A hipertensão renovascular se refere à hipertensão causada pela redução do fluxo sanguíneo renal e pela ativação do mecanismo da renina-angiotensina-aldosterona. É a causa mais comum de hipertensão secundária, sendo responsável por 1 a 2% de todos os casos de hipertensão. Como consequência da diminuição do fluxo sanguíneo renal observada com a doença renovascular, o rim afetado libera quantidades excessivas de renina, aumentando os níveis circulantes de angiotensina II. A angiotensina II, por sua vez, atua como um vasoconstritor para o aumento da RVP, e como um estímulo para o aumento dos níveis de aldosterona e da retenção de sódio pelo rim. Um ou ambos os rins podem estar afetados. Com o envolvimento da artéria renal de um dos rins, o rim não afetado fica sujeito aos efeitos deletérios da elevação da pressão arterial; Dois tipos principais de doença renovascular foram descritos – aterosclerose da artéria renal proximal e displasia fibromuscular, uma doença vascular não inflamatória que afeta as artérias renais e os vasos da sua ramificação. A estenose aterosclerótica da artéria renal é observada com mais frequência em idosos, em particular naqueles com comorbidades da aterosclerose. A displasia fibromuscular é mais comum nas mulheres e tende a ocorrer nas faixas etárias mais jovens, frequentemente entre 30 e 50 anos de idade. Os mecanismos patogênicos não estão claros, contudo a incidência tende a aumentar na presença de fatores ambientais como o tabagismo. Distúrbios dos hormônios adrenocorticais > O aumento dos níveis de hormônios adrenocorticais também pode ocasionar a hipertensão, em consequência da retenção renal de sal e água induzida por hormônios. O hiperaldosteronismo primário (produção excessiva de aldosterona resultante de 3° período Eduardo Zanella Tx 2 hiperplasia adrenocortical ou adenoma) e níveis excessivos de glicocorticoides (doença ou síndrome de Cushing) tendem a elevar a pressão arterial; Feocromocitoma > O feocromocitoma é um tumor do tecido cromafínico, o qual contém células nervosas simpáticas que são coradas com sais de cromo e liberam catecolaminas. O tumor está mais comumente localizado na medula da suprarrenal, mas pode surgir em outros locais, como os gânglios simpáticos, onde existe tecido cromafínico. Embora seja rara, a presença de um feocromocitoma pode causar crises hipertensivas sérias; Coarctação da aorta > A coarctação da aorta é uma condição congênita envolvendo um estreitamento na área do arco aórtico. O estreitamento aórtico aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo e isso eleva a pressão no ventrículo esquerdo, em uma tentativa de superar a resistência. Como as artérias subclávias tipicamente têm origem acima do ponto de estreitamento, o resultado é o desenvolvimento de hipertensão nos membros superiores e uma pressão arterial normal ou baixa nos membros inferiores. A coarctação pode ser reparada cirurgicamente, com o objetivo de remover a restrição ao fluxo pela aorta e normalizar a pressão arterial; Anticoncepcionais orais > O uso de anticoncepcionais orais é uma causa comum de hipertensão secundária em mulheres jovens. A causa do aumento da pressão arterial não está muito clara, embora haja indícios de que a causa provável seja a expansão do volume, uma vez que tanto os estrogênios quanto as progesteronas sintéticas contidas nas pílulas anticoncepcionais orais causam retenção de sódio. Felizmente, a hipertensão associada aos anticoncepcionais orais normalmente desaparece após a descontinuação do medicamento, ainda que isso possa demorar 3 meses. 2. ENTENDER AS COMPLICAÇÕES OCASIONADAS PELA HAS Coração: cardiopatia hipertensiva descrita no objetivo acima. Pode levar a angina (dor no peito decorrente da insuficiência coronariana), doença arterial coronária, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas e morte súbita. Vasos sanguíneos: A alta pressão do sangue é altamente lesiva as células endoteliais dos vasos sanguíneos. Isso provoca o desenvolvimento de aterosclerose nas grandes e médias artérias e arteriosclerose hialina e hiperplásica nas pequenas artérias e arteríolas. Arteriosclerose hialina: lesão do endotélio seguido do acumulo de proteínas plasmáticas junto ao extravasamento de proteínas do material extracelular produzidas pelas células musculares lisas em resposta ao estresse hemodinâmico da HA benigna. Arteriosclerose hiperplásica: na HA grave, a lesão do endotélio causa morte celular fazendo com que as células musculares lisas se proliferem criando lâminas concêntricas ao redor da íntima “aspecto casca de cebola”, espessando a parede do vaso e diminuindo a luz. As células musculares lisas possuem membranas basais espessadas, acompanhadas por depósitos fibrinoides e necrose da parede dos vasos. Aterosclerose: é uma lesão basicamente da íntima, composta de uma capa fibrosa e um núcleo ateromatoso, os constituintes da placa incluem células musculares lisas, matriz extracelular, células inflamatórias, lipídeos e restos necróticos. Rim: hipertensão crônica leva à nefroesclerose, causa comum de doença renal crônica. A lesão dos rins é produzida por diversos mecanismos. Uma das formas mais significativas de a hipertensão causar lesão renal é por hipoperfusão glomerular, a qual promove glomeruloesclerose e fibrose tubulointersticial. Outro mecanismo estudado inclui a disfunção endotelial decorrente da elevação da pressão glomerular. O papel importante da hipertensão está na aceleração da evolução de outros tipos de doença renal, em particular da nefropatia diabética. 3° período Eduardo Zanella Tx 3 Cérebro: demência e comprometimento cognitivo são mais frequentes em hipertensos.A hipertensão, em particular a hipertensão sistólica, é um importante fator de risco para acidente vascular encefálico e hemorragia intracerebral em função, geralmente, do estreitamento e a esclerose das artérias penetrantes de pequeno calibre nas regiões subcorticais do cérebro. Acredita-se que essas alterações contribuam para a hipoperfusão, perda da autorregulação do fluxo sanguíneo e comprometimento da barreira hematoencefálica, finalmente levando à desmielinização da substância branca, atrofia da área cortical específica, causando doenças como a demência. Olho: a retinopatia hipertensiva afeta a retina induzindo uma série de alterações microvasculares. O olho de um hipertenso inicialmente apresenta aumento do tônus vasomotor, que causa estreitamento arteriolar generalizado. Com a persistência da hipertensão, as alterações arterioscleróticas se agravam e incluem a hiperplasia da parede média, espessamento da íntima e degeneração hialina. A longo prazo, essas alterações podem causar lacerações arteriovenosas (AV) mais graves e cegueira. Aumentos agudos na pressão arterial podem levar a hemorragias, microaneurismas e exsudatos rígidos. Existe uma forte associação entre retinopatia e hipertensão. Esse órgão-alvo deve ser avaliado regularmente em pessoas hipertensas, para evitar a lesão ocular extensiva. 3. EXPLICAR COMO OCORRE AS HIPERTOFRIAS CARDÍACAS O crescimento hipertrófico dos cardiomiócitos é a resposta primária pela qual o coração reduz o estresse na parede do VE imposto pela sobrecarga de pressão. Envolve a estimulação de cascatas de sinalização intracelular que ativam a expressão gênica e promovem a síntese proteica, a estabilidade proteica ou ambas, com consequente aumento do conteúdo proteico e do tamanho e organização das unidades geradoras de força (sarcômeros), que, por sua vez, levam a aumento do tamanho de cardiomiócitos individuais. Em muitos casos, mas não necessariamente em todos, a magnitude do crescimento dos cardiomiócitos determinará que a massa do VE aumente e, assim, a HVE se desenvolva. Além disso, há alterações nas proteínas sarcoméricas que regulam a rigidez passiva dos cardiomiócitos (por exemplo, titina). Os mecanismos pelos quais o estiramento mecânico dos cardiomiócitos é transduzido através da membrana celular não são claros. Eles provavelmente envolvem canais iônicos sensíveis ao estiramento, um trocador de Na+/H+, integrinas e moléculas que interagem com a integrina e outros sensores de estiramento internos e ligados à membrana em uma rede complexa que liga a matriz extracelular (ECM), o citoesqueleto, o sarcômero. Proteínas de manipulação de Ca2+ e o núcleo. Mecanismos humorais locais ativados em condições de sobrecarga de pressão, incluindo neuro-hormônios como catecolaminas e angiotensina II, bem como fatores de crescimento e citocinas liberadas por não cardiomiócitos, como fibroblastos, células vasculares e células sanguíneas, também podem desempenhar um papel na ativação da expressão gênica e promoção da hipertrofia do cardiomiócito por meio de receptores de membrana específicos, embora sua importância quantitativa não tenha sido determinada. Devido às inter-relações das respostas dos cardiomiócitos aos estímulos hipertróficos, é provável que envolvam mediadores comuns. Por exemplo, foi relatado recentemente que o MRTF (fator de transcrição relacionado à miocardina)-A medeia tanto o estiramento mecânico quanto a estimulação neuro-hormonal induzida por genes e respostas hipertróficas em cardiomiócitos. Evidências experimentais apoiam a noção de que a reprogramação genética associada à hipertrofia de cardiomiócitos não pode mais ser considerada como um processo adaptativo. De fato, as alterações genéticas que acompanham a hipertrofia de cardiomiócitos se traduzem em desarranjos no metabolismo energético, ciclo contrátil e acoplamento excitação-contração, citoesqueleto e propriedades da membrana. Essas alterações determinam a disfunção mecânica, que, por sua vez, fornece a base para o mau funcionamento dos cardiomiócitos, que está associado à HVE e predispõe o VE à disfunção diastólica ou sistólica. Por exemplo, a análise de achados experimentais sugere que o crescimento hipertrófico do cardiomiócito está associado a 3° período Eduardo Zanella Tx 4 alterações metabólicas que resultam em redução da oxidação de ácidos graxos e aumento do uso de glicose, disfunção da cadeia de transporte de elétrons mitocondrial e subsequente diminuição na produção de ATP. O remodelamento cardíaco ocorre principalmente pela ação de três hormônios, aldosterona, angiotensina- II e noradrenalina, portanto, o pilar do tratamento está relacionado à inibição desse eixo. A noradrenalina gera injúria do miócito, pois, com o tempo o estímulo excessivo leva ao alongamento da fibra e hipofuncionamento dos receptores. O aumento muscular reduz a reserva coronariana e consequentemente auemnta o risco de isquemia nesse tecido. Com isso os betabloqueadores são fundamentais para evitar o remodelamento cardiaco. Exitem receptores beta-adrenérgicos tipo 1, que estão no miocárdio e possuem a função de controlar o cronotropismo e inotropismo, e existem receptores beta-adrenérgicos tipo II, que possuem a função de regular a musculatura lisa vascular e portanto influenciam a resistência vascular periférica Tipos de Hipertrofia: Hipertrofia concêntrica: novos sarcômeros em paralelo (transversal). Aumento de matriz extracelular, mitocôndrias e ribossomos. Parede mais grossa; Hipertrofia excêntrica: novos sarcômeros em série (longitudinal), parede mais fina. 3° período Eduardo Zanella Tx 5 4. COMPREENDER OS TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS (MECANISMO DE AÇÃO) E NÃO FARMACOLÓGICOS DA HAS TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO: Importante coadjuvante do medicamentoso, devendo ser indicado para TODOS os hipertensos; Ganho ponderal está associado a um aumento da PA / obesidade central (aumento da CA); A dieta mais ideal é a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) → rica em frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura, e pobre em carne vermelha, doces e bebidas adoçadas; Consumo de sódio: a meta é um máx. de 2 g/dia de sódio; O consumo habitual e excessivo de álcool aumenta a PA (mecanismo: ativação adrenérgica central por efeito direto do etanol); Prática de exercícios físicos; 3° período Eduardo Zanella Tx 6 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: De acordo com a literatura médica, existem cinco classes de anti-hipertensivos de 1a linha: 1. Diuréticos (DIU); 2. Bloqueadores de Canais de Cálcio (BCC); 3. Inibidores da ECA (IECA); 4. Bloqueadores do Receptor de Angiotensina II (BRA); 5. Betabloqueadores (BB). É bom lembrar que a maioria dos hipertensos necessitará de dois ou mais agentes anti-hipertensivos... DIURÉTICOS: Preferência pelos tiazídicos em baixas doses, poucos efeitos colaterais; De alça apenas em DRC avançada e/ou edema; Mecanismo de ação dos tiazídicos (HIDROCLOROTIAZIDA): Principal efeito colateral é a hipocalemia → risco de morte súbita por arritmias; 3° período Eduardo Zanella Tx 7 Mecanismo de ação dos diuréticos de alça (FUROSEMIDA): ao bloquearem a reabsorção de Na/K/2Cl no ramo ascendente espesso da alça de Henle, os DIU de alça promovem uma natriurese muito mais intensa que os tiazídicos; Mecanismo de ação dos diuréticos poupadores de K+ (ESPIRONOLACTONA): bloqueiam diretamente o receptor de aldosterona (é no túbulocoletor que ocorre a reabsorção de sódio em troca da secreção de K+ e H+, por ação da aldosterona). BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO: Bloqueiam canais de cálcio presentes na membrana de certos tipos celulares, reduzindo o influxo de cálcio para o citoplasma; Di-hidropiridínicos (ANLODIPINA): são vasosseletivos → vasodilatação e redução da RVP; Não di-hidropiridínicos (VERAPAMIL): são cardiosseletivos → redução do DC. INIBIDORES DA ENZINA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (CAPTOPRIL): Reduzem a formação de angiotensina II a partir da angiotensina I, reduzindo também a degradação de bradicinina (vasodilatador endógeno), a qual é igualmente mediada pela ECA. O resultado final é uma vasodilatação arterial periférica (queda da RVP). Principal efeito colateral é a tosse seca. BLOQUEADORES DO RECEPTOR DE ANGIOTENSINA II (LOSARTAN): Bloqueiam o receptor AT1 de angiotensina II (responsável pelos efeitos de vasoconstrição, proliferação celular e liberação de aldosterona pelo córtex adrenal). Com isso os níveis de angiotensina II tendem a aumentar na circulação, o que acaba estimulando os receptores AT2, que possuem efeito vasodilatador. BETABLOQUEADORES (PROPRANOLOL): 3° período Eduardo Zanella Tx 8 Bloqueio do beta-1 (coração) → diminuição do cronotropismo e inotropismo + ~diminui a secreção de renina; Bloqueio do beta-2 (vasos, brônquios e hepatócitos) → vasoconstrição, broncoconstricção e inibição da liberação hepática de glicose estimulada por catecolaminas 5. CITAR A IMPORTÂNCIA DO PACIENTE ADERIR AO TRATAMENTO A adesão abaixo do ideal, que inclui a falha em iniciar a farmacoterapia, em tomar os medicamentos com a frequência prescrita e em persistir na terapia a longo prazo, é um fator bem reconhecido que contribui para o mau controle da pressão arterial na hipertensão. Várias categorias de fatores, incluindo fatores demográficos, socioeconômicos, condições médico-comportamentais concomitantes, relacionados à terapia, à equipe de saúde e ao sistema, e fatores do paciente estão associados à não adesão. A importância da adesão ao tratamento da HAS é centrada, principalmente, na diminuição da mortalidade pela doença.
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