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Avaliação e Manejo de pacientes com Hipertensão arterial Avaliação e Manejo de pacientes com Hipertensão arterial Fisiologia da Regulação da Pressão Arterial A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença crônico degenerativa não transmissível. Não tem caráter agudo. E se caracteriza por níveis pressóricos elevados. Não tem cura, porém tem controle. 1) Equação da pressão arterial: PA = DC x RPT (resistência vascular periférica) Débito cardíaco → Volume sistólico x Frequência cardíaca, ou seja, tudo que debita do coração, o que é ejetado. Resistência Vascular Periférica (RPT) → A resistência vascular periférica é definida como a resistência desempenhada pelos vasos sanguíneos em relação ao fluxo sanguíneo. A resistência periférica descreve a quantidade de (ou a falta de) "elasticidade" nas paredes dos vasos. O raio interfere muito o cálculo por estar associado ao diâmetro dos vasos. 2) Sistemas Reguladores da PA - Reflexo Barorreceptor (Neural) - Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (Hormonal) - Quimiorreceptores Centrais (sensíveis a mudanças na pressão parcial de C02) e Periféricos (sensíveis a mudanças na pressão parcial de O2)→ localizam-se na medula e respondem às alterações químicas no sangue. Esses receptores respondem a um aumento ou diminuição no pH e transmitem uma mensagem aos pulmões para modificar a profundidade e, em seguida, a frequência da ventilação, visando corrigir o desequilíbrio. - Barorreceptores Cardiopulmonares (detectam variações do volume sanguíneo) (excreção de sódio e água) Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 13 3) Sistema Neural de Regulação: Reflexo Barorreceptor Os barorreceptores são sensores de pressão, localizados nas paredes do seio carotídeo e do arco aórtico. Eles transmitem informações sobre a pressão arterial aos centros vasomotores cardiovasculares no tronco encefálico. Os barorreceptores do seio carotídeo são reativos aos aumentos ou diminuições da pressão arterial, enquanto os barorreceptores do arco aórtico são principalmente sensíveis aos aumentos da pressão arterial. Eles funcionam como mecanorreceptores, que percebem a variação da pressão arterial por meio do estiramento / distensão muscular . Os barorreceptores são reflexos rápidos visam manter a PA constante por meio de alterações nas aferências do sistema nervoso simpático e parassimpático. Trajetória do barorreflexo: a) Detecção de alteração na PA pelos barorreceptores. b) Estímulo é enviado ao tronco cerebral pelo nervo vago (que faz parte do parassimpático, logo, vai responder sobre alterações para mais/ aumentos) ou glossofaríngeo (responde em alterações para menos/ diminuição bruscas). c) Integração das informações detectadas no núcleo trato solitário (situa-se na parte caudal e dorsomedial do bulbo). O NTS é a principal região do sistema nervoso central que processa informação aferente visceral veiculada pelos nervos glossofaríngeo, facial, vago e trigêmeo → vai comandar alterações nos centros motores. d) Ativação das fibras simpáticas ou das fibras parassimpáticas Parassimpático: as suas fibras terminam no nó sinoatrial; o que causa uma bradicardia (diminuição da frequência, e consequentemente temos a redução da pressão arterial. Simpático: vai atuar de 4 formas: 1. Analogamente ao sistema nervoso parassimpático, o simpático também irá atuar no Nó sinoatrial aumentando a frequência cardíaca e consequentemente a pressão arterial. 2. Também atua na musculatura cardíaca de forma a aumentar a força de contralidade do coração, e assim aumenta o débito cardíaco que reflete no aumento da pressão arterial. Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 14 3. O mais importante, o sistema nervoso simpático possui fibras nas arteríolas (os vasos que mais contribuem para a resistência periférica total) e causa uma vasoconstrição na musculatura, aumentando assim a resistência periférica. A RPT é inversamente proporcional a quarta potência do raio, sendo assim há uma alteração mais significativa. 4. Por último, atuam realizando uma vasoconstrição no leito venoso. (Um sistema tem o sinal aumentando enquanto o outro tem seu sinal diminuído). 4) Sistema Hormonal de Regulação: Renina – Angiotensina - Aldosterona É um sistema lento da regulação arterial. O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) regula funções essenciais do organismo, como a manutenção da pressão arterial, balanço hídrico e de sódio. A lógica fundamental que preside o funcionamento do sistema é responder a uma instabilidade hemodinâmica e evitar a redução na perfusão tecidual sistêmica. Ele responde basicamente a redução da pressão arterial, tentando agir para elevar a pressão arterial. - Diminuição da pressão arterial que é detectada por mecanorreceptores nas arteríolas aferentes renais. - Os sinais detectados chegam as células da justaglomerular que por sua vez iniciam a secreção de renina. - A Renina circulante no plasma irá catalisar a transformação do Angiotensinogênio em Angiotensina 1 - A Angiotensina 1 ao chegar nos rins e nos pulmões é transformada pela ECA em Angiotensina 2. A Angiotensina 2 realiza: - Vasoconstrição nas arteríolas. - Estimula a secreção da aldosterona que amplifica seu próprio efeito ao aumentar a retenção de sódio e de água -> aumenta o volume sanguíneo -> aumentando a pressão arterial. - Atua no hipotálamo estimulando a sede e a ingestão de água. - Atua no rim estimulando o trocador sódio- hidrogênio, o que aumenta a reabsorção de sódio e bicarbonato que por sua vez aumenta a reabsorção de água e assim tem-se o aumento do volume sanguíneo e da PA. A aldosterona é um hormônio que estimula a retenção de sódio (sal) e a excreção de potássio pelos rins. A renina é liberada pelos rins, enquanto que a enzima conversora de angiotensina (ECA) é encontrada no endotélio vascular em vários https://pebmed.com.br/covid-19-modulacao-de-ace2-pode-explicar-a-origem-dos-efeitos-extrapulmonares/ https://pebmed.com.br/covid-19-modulacao-de-ace2-pode-explicar-a-origem-dos-efeitos-extrapulmonares/ Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 15 órgãos. É liberada pelos rins no vaso sanguíneo em caso de hipotensão ou de hipovolemia. → No sangue, a renina quebra o Angiotensinogênio transformando-o em Angiotensina I, que migra pela circulação. →Ao passar pelos vasos pulmonares, a angiotensina I interage com a ECA presente nas células endoteliais, principalmente dos pulmões transformando-se em Angiotensina II. → A angiotensina II vai para os rins via corrente sanguínea, onde, nos capilares dos túbulos dos néfrons, estimulará principalmente a constrição da arteríola eferente, resultando em aumento da TFG (Taxa de filtração glomerular), e, conseqüentemente aumentando a pressão. →Simultaneamente, a angiotensina II também se dirige ao córtex das glândulas suprarrenais (ou adrenais), estimulando a libertação do hormônio aldosterona, que se dirige aos rins, no túbulo contornado distal dos néfrons e estimula mais ainda a reabsorção de sódio e água, aumentando a volemia e a pressão. →Após realizar sua função, a angiotensina II é convertida em angiotensina III (inativa), e essa sofre ação de angiotensinases, sendo degradada em vários aminoácidos que serão reaproveitados pelo nosso organismo. Farmacologia dos Anti-hipertensivos A hipertensão arterial ou pressão alta, é uma doença que ataca os vasos sanguíneos, coração, cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins. Ocorre quando a medida da pressão se mantém frequentemente acima de 140 por 90 mmHg. Para ser caracterizada como doença é necessário ter uma pressão persistente acima de 140x90 mmHg. Possui etiologia multifatorial como: -Genéticos - Ambientais (Hipertensão primária/essencial, ou seja, sem causa definida) - 10% dos casos das doenças hipertensivas estão relacionadas a doenças renais, cardiovasculares, endócrinos etc. As drogas anti-hipertensivas ou atuam sobre o débito cardíaco ou sobre a resistência vascular periférica. 2 mecanismos de regulação: - Barorreceptores do seio carotídeo (estimulam o sistema nervoso autônomo simpático) Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 16 - Sistema renina-angiotensina- aldosterona São 6 classes farmacológicas: a) Antagonistas Adrenérgicos/ Simpatolíticos: os simpatolíticos atuam como antagonistas do sistema nervoso simpático, assim diminuem o tônus vascular simpático ou diminuem o débito cardíaco. Atuam reduzindo a hipertensão e diminuem as chances de angina ocasionada por exercícios. Exemplos: acebutolol, atenolol, betaxolol, bisoprolol, esmolol, metoprolol e nebivolol. Exemplos de agonistas alfa-2 adrenérgicos: são um grupo de medicamentos que podem prevenir o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Agonistas Alfa 2 (depressores do SNC) diminui a liberação de noradrenalina, um feedback negativo, assim reduz o tônus vascular simpático; fármacos como Metildopa e Clonidina. b) Beta bloqueadores: os receptores B1 estão presentes principalmente no coração e o seu bloqueio reduz a frequência cardíaca e da contralidade, assim diminuindo o débito cardíaco. O Receptor Beta2 também é responsável pela estimulação da produção de renina (elevando a pressão arterial), se você bloqueia o receptor B2 temos a inibição da produção de renina e assim a diminuição da pressão arterial. Exemplos: Propanolol (não seletivo), Atenolol (Beta 1 seletivo). c) Bloqueadores Alfa 1: presentes na musculatura lisa dos vasos, seu bloqueio realiza a redução do tônus vascular, dilatando os vasos. Exemplos: Prazosin e Doxazosin. d) Vasodilatadores de ação direta: ativam a guanilil-ciclase que transforma GMP em GMPc que é responsável por estimular a liberação de vasodilatadores como o óxido nítrico. NITROPRUSSETO DE NA+ este fármaco dilata tanto a arteríola (redução da resistência vascular) quanto a veias (diminuição do débito cardíaco) reduzindo de forma eficaz a pressão arterial. USADO EM EMERGÊNCIAS HIPERTERNSIVAS. e) Bloqueadores do canais de potássio: indiretamente bloqueia os canais de cálcio. Exemplo: Minoxidil (causa isortismo), Diazóxido. f) Bloqueadores do canal de Ca2+: redução/bloqueio da contração muscular, inclusive da musculatura lisa dos vasos, são usados como antiarrítmicos. Exemplos: Verapamil, Nifedina e Diltiazem. g) Inibidores da ECA (IECA): O principal é o de diminuir a produção de angiotensina II. Como consequência, pode-se observar a redução na produção de aldosterona. Exemplos: Captopril, Enalapril. h) Antagonistas do receptor de Angiotensina 2/ BRA : têm ação vasodilatadora pelo bloqueio da angiotensina II. A redução da PA por esses fármacos é semelhante a dos IECA; são considerados opção terapêutica para pacientes com intolerância aos IECA e podem ser usados em associação com outros anti-hipertensivos. Exemplos: Losartana e Valsartana. Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 17 Prevalência de diagnóstico de enfermagem na hipertensão arterial sistêmica Atualmente, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é mais prevalente em homens até os 50 anos, após essa idade, inverte-se a relação. No Brasil, a HAS afeta mais de 30 milhões de pessoas. Essa patologia é caracterizada como o fator mais importante para o risco de desenvolvimento das Doenças Cardiovasculares (DCVs). Os fatores que mais influenciam na instalação de HAS e das DCVs, destacam-se aqueles mutáveis (consumo de bebida alcóolica e tabagismo, sedentarismo, má alimentação, obesidade, uso excessivo do sal e dislipidemias) e não mutáveis (idade, gênero, etnia, hereditariedade). Fatores de risco à instalação da hipertensão arterial Os fatores de risco (FRs) são elementos que podem levar a uma doença ou podem contribuir para o adoecimento ou para o agravo da saúde. Considerando que a HAS é uma condição clínica multifatorial e que essa doença contribui para uma elevada mortalidade em todo o Brasil, conhecer os fatores de risco (FRs) torna-se essencial para a redução desse problema de saúde pública relevante. Os FRs podem ser agrupados em: - mutáveis → podem ser modificados ou atenuados por mudanças no estilo de vida como alterações no consumo de bebida alcoólica, tabagismo, sedentarismo, hábitos alimentares, presença de dislipidemias. - não mutáveis → não podem ser modificados, pois já fazem parte do indivíduo. Exemplo: idade, sexo, raça e história familiar. Etiopatogenia do quadro hipertensivo a) Ação do tabaco na gênese da hipertensão Quando uma pessoa fuma um cigarro, sua pressão arterial (PA) e sua frequência cardíaca (FC) permanecem elevadas por, aproximadamente, 15 minutos. O tabaco (nicotina) é um potencial agente lesivo endotelial. A nicotina contida no tabaco, ao ser inalada, exerce uma ação agonista sobre os receptores da acetilcolina, determinando, mesmo em pequenas doses, vasoconstrição periférica e posterior aumento da resistência vascular. Ou seja, a nicotina possui um efeito colinérgico intenso sobre o sistema nervoso central, estimulando o aumento da produção de dopamina, adrenalina, vasopressina e outras endorfinas, tudo isso acarreta a elevação da FC e da PA. A Nicotina também potencializa os efeitos do sistema nervoso autônomo simpático por ocasionar elevação plasmática de epinefrina e norepinefrina. Tal fato se atribui à elevação das catecolaminas e da endotelina em virtude da estimulação da neurotransmissão simpática, atribuída a nicotina. A nicotina, portanto, atuará de três maneiras distintas, a saber: - Diretamente sobre o SNC - Estimulando a transmissão no gânglio simpático - Estimulando diretamente a liberação de catecolaminas pelas terminações nervosas das fibras simpáticas e pela medula adrenal. Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 18 A Nicotina diminui de modo irreversível a ação do óxido nítrico sintetase (NOS) assim tendo efeito sobre a função endotelial e a aterogênese. Portanto, os efeitos da nicotina dificultam o processo das células endoteliais, em modular o tônus da musculatura lisa vascular, prejudicando o relaxamento muscular. Aumentando a resistência vascular e do Inotropismo cardíaco. b) Ação do estresse emocional na gênese da hipertensão O estresse está relacionado a suportar determinada carga, peso, tensão. Os agentes estressores podem afetar a homeostase interna. O estresse pode gerar uma agressão ao organismo que, consequentemente, poderá afetar os sistemas endócrino, metabólico, cardiovascular, imunológico e o aparelho digestivo, entre outros sítios orgânicos. Entre os eventos que podem atuar como agentes estressores, destacam-se os do meio externo como frio, calor, raiva, dor, traumas (biogênicos), e os do meio interno (psicoemocionais), os quais são intrínsecos a cada indivíduo, como por exemplo, a ansiedade. Possíveis mecanismos: - Ativação de mecanismos nervosos centrais com o envolvimento do hipotálamo e subsequente ativação do SNA-S, com o qual há reflexo sobre a glândula adrenal - Ativação de mecanismos nervoso centrais que acionam o hipotálamo, produzindo interação de respostas com partes superiores do SNC e manifestação de atividades e percepções mentais. c) Outros mecanismos de alteração Em função da atividade nervosa, a PA pode se elevar, já que há interação entre os diferentes mecanismos, os quais produzirão efeitos mais relevantes a seguir: ➔ Produção e liberação excessiva de substâncias vasoconstritoras, como epinefrina, norepinefrina,corticoides e vasopressina; ➔ Aumento do inotropismo e cronotropismo cardíaco; ➔ Aumento da resistência vascular periféricas (RVP) decorrente da vasoconstrição; ➔ Aumento da volemia; ➔ Arteriosclerose pelo o aumento da RVP; ➔ Movimentos inspiratórios profundos, assim, pela pressão negativa intrapulmonar existente no momento da inspiração, haverá incremento do retorno venoso (RV), determinando maior necessidade contrátil ao músculo cardíaco para propelir a volemia; ➔ Aumento da FC por estímulo excitatório sobre o nódulo sinusal. d) Ação do consumo excessivo de sal na gênese da hipertensão A principal hipótese à gênese da hipertensão mediada pelo consumo excessivo de sal funda-se em uma causa genética. Na hipertensão genética sal-sensível, a capacidade renal em excretar o sódio encontra-se defeituosa. Para conseguir eliminar o excedente desse eletrólito, um mecanismo primário de elevação da PA é acionado até o ponto em que ocorra excreção, reestabelecendo o balanço entre a ingesta e a eliminação. Nesse caso, o consumo excessivo de Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 19 sódio resultará na piora dessa resposta e, assim, ocorrerá a elevação sobreposta da PA. Os indivíduos que são particularmente sensíveis ao sódio na dieta são chamados de “sal sensíveis”. Estes obtêm maior grau de redução na pressão arterial (PA) com a restrição de sódio na dieta. Entretanto, a redução do sódio na dieta pode reduzir a PA tanto em hipertensos quanto em normotensos e melhorar a resposta à maioria das terapias anti-hipertensivas. Além da redução das cifras pressóricas, a redução do sódio na dieta pode reduzir o risco de doença cardiovascular. Portanto, recomenda-se reduzir a ingestão de sódio na dieta para todos os hipertensos. Na população geral, recomenda-se a redução do sódio na dieta com objetivo de prevenir a hipertensão e reduzir o risco de eventos cardiovasculares adversos. e) Ação do sedentarismo, da obesidade e da má alimentação na gênese da hipertensão É fato já conhecido que a falta de atividade física é elemento preponderante à instalação da obesidade, bem como da hipertensão. Portanto, o sedentarismo pode constituir-se em um fator predisponente para a obesidade. A obesidade tem se mostrado predominante e tem se observado maior depósito de gordura na região abdominal, a qual possui intensa atividade metabólica anormal, caracterizando a síndrome metabólica (ou plurimetabólica). Incluem-se como componentes clínicos da obesidade: - Intolerância à glicose; - Diabetes melito tipo 2; - Hipertensão; - Aterosclerose. O aumento da gordura abdominal (e também visceral) caracteriza-se por uma atividade lipogênica e lipolítica muito acelerada. Assim, há elevação dos ácidos graxos livres (AGLs) circulante, que, em níveis elevados na circulação portal, facilitam a síntese de triglicerídeos hepáticos, produzindo hiperlipidemia, resistência à insulina, intolerância à glicose, hipertensão e aterosclerose. A gordura abdominal (centrípeta) pode afetar o desempenho do ventrículo esquerdo (VE). Isso se explica pela ocorrência da elevação no índice de dimensão diastólica e do volume sistólico, refletindo em um estado hipervolêmico. Complicações da Hipertensão Arterial A permanência de índices pressóricos elevados no organismo por longo período de tempo cria um meio interno factível à instalação de complicações conhecidas como: - Doenças cerebrovasculares com a progressão aos acidentes vasculares encefálicos, sejam isquêmicos ou hemorrágicos; - Doença arterial coronariana com possível instalação do infarto agudo do miocárdio; - Insuficiência cardíaca; - Doença arterial obstrutiva periférica de membro inferior, a qual compromete a perfusão e a nutrição tecidual do membro inferior afetado. Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 20 Conceitos Básicos Para o diagnóstico de HAS deve-se fazer um mapeamento da pressão arterial do paciente.. Um único valor isolado NÃO dá diagnóstico de hipertensão. Quando utilizadas as medidas de consultório, o diagnóstico deverá ser sempre validado por medições repetidas, em condições ideais, em duas ou mais ocasiões, e confirmado por medições fora do consultório (MAPA ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem sinais e sintomas sugestivos de lesões de órgãos alvo. A Hipertensão ocorre por diversos fatores, genéticos/epigenética, ambientais, determinantes sociais etc. A combinação desses fatores leva a pessoa a ter problemas de saúde. A prevalência de hipertensão arterial se relaciona com o cuidado pessoal com a saúde, os homens possuem menos cuidado com a saúde e logo possuem o maior quantitativo dos casos de HAS. Mecanismo neural da PA: - Reflexo barorreceptor - SN Simpático (estimulante) - SN Parassimpático (inibitório/relaxante) Mecanismo humoral: Sistema Renina- Angiotensina – Aldosterona ADH/Vasopressina → aumenta a reabsorção renal de água e diminui a diurese. Aldosterona → liberada pela supra renal, ela aumenta a retenção de sódio e aumenta excreção de potássio, aumenta a captação de água. Angiotensina 2 → aumenta a reabsorção renal de água e faz vasoconstrição. Renina → as células justaglomerulares do rim liberam Renina que transforma Angiotensinogênio em Angiotensina 1 ECA → enzima conversora da angiotensina 1 em Angiotensina 2 ❖ No detecção da diminuição da PA = Aumento da vasoconstrição, Aumento de sódio e água, Aumento da PA. ❖ Na detecção do aumento da PA = Diminuição da reabsorção de sódio e água, Diminuição da vasocontrição, Diminuição da PA Fisiopatologia da HAS Mecanismo renal: - Retenção de Na e H20 - Diminuição da superfície de filtração - Sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) Mecanismo genético: risco genético é transmitido de forma poligênica, fenótipo hipertensivo. Fatores dietéticos e ambientais: consumo de sódio e potássio Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 21 túbulo contorcido distal* Hipertensão Primária ou Essencial É a pressão arterial elevada (superior a 140/90 mmHg sem qualquer causa identificável, sem causa definida. Compreende 90% dos casos de HAS. A hipertensão primária é a mais comum em adultos e está relacionada à predisposição genética, sobrepeso e obesidade, fatores ambientais e hábitos de vida não saudáveis. Os mecanismos subjacentes à hipertensão primária não estão totalmente elucidados. Hipertensão Arterial Secundária Forma de HA identificável, que pode ser tratada com uma intervenção específica, a qual determina a cura ou melhora do controle pressórico. A HAS é considerada secundária quando há uma doença de base ou causa subjacente à hipertensão. Dentre as causas mais comuns temos as doenças do parênquima renal, hiperaldosteronismo, hipertensão renovascular, afecções endócrinas, tumores (feocromocitoma e neuroblastoma) e uso de medicamentos ou drogas ilícitas que elevam a PA. A hipertensão secundária tem prevalência de 3 a 5 % em pacientes adultos, sendo mais comum em pacientes pediátricos, com sua prevalência variando conforme o local de atendimento da criança. Os portadores de HA Secundária estão sob maior risco de DCV e Doença Renal, apresentam maior impacto nos órgãos-alvo, devido a níveis mais elevados e sustentados de PA, bem como por ativação de mecanismos hormonais e moleculares. Associada/relacionada a uma patologia. Pico Hipertensivo → Quadro agudo sendo então tratável. Estratificação de risco cardiovascular Quantificar a probabilidade de determinado indivíduo desenvolver Doença Cardiovascular (DCV) em um determinado período de tempo é parte Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 22 essencial do processo e pode nortear estratégicas preventivas e de tratamento.Em indivíduos acima de 18 anos, a PA deve ser medida em toda consulta por profissionais da saúde devidamente capacitados. Recomenda-se, pelo menos, a medição da PA a cada dois anos para os adultos com PA ≤ 120/80 mmHg, e anualmente para aqueles com PA > 120/80 mmHg e < 140/90 mmHg. A VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010) valorizou a estratificação de risco, baseada nos seguintes itens: • reconhecimento dos fatores de risco cardiovasculares, • fatores adicionais para a HAS, • identificação de lesões em órgãos-alvo e • identificação de lesões subclínicas destes órgãos. Os fatores de risco adicionais para a HAS representam: - Homens com idade acima de 55 anos e - Mulheres acima de 65 anos; - Tabagismo; - Dislipidemias, especialmente, triglicérides acima de 150 mg/dL, LDL-colesterol maior que 100 mg/dL e HDLcolesterol menor que 40 mg/dL; - Presença de diabetes mellitus e - História familiar prematura de doença cardiovascular (em homens com idade menor que 55 anos e mulheres com idade menor que 65 anos). A idade, o sexo, o nível pressórico arterial elevado, o tabagismo, a dislipidemia e o diabetes são sabidamente os principais fatores de risco clínicos para se desenvolver DCV. A estratificação (que se dá por pontos em tabelas) avalia o risco do paciente de ter um evento cardiovascular. Por isso as condições associadas devem ser identificadas. AVC hemorrágico → grandes riscos de sequelas. AV isquêmico → formação de trombos, riscos cardiovasculares. *Paciente diabético tem risco cardiovascular DOBRADO* Exame ideal de urina→ não ter proteína, nem glicose e nem sangue. Tratamento medicamentoso (parte 2) Mais comuns: diuréticos tiazídicos, bloqueadores de angiotensina, bloqueadores do canais de cálcio e betabloqueadores. - Hidroclorotiazida, principal antidiurético Tiazídico. - Diuréticos de alça são mais potentes, utilizados em pacientes congestos, como de Insuficiência renal crônica, Insuficiência cardíaca e Estados de edema. Ex: Furosemida e Bumetanida. - Pacientes que fazem uso de antidiurético podem ter um desequilíbrio hidroeletrolítico, assim pode-se fazer uso associado dos Diuréticos poupadores de potássio. Ex: Espironolactona - Bloqueadores dos canais de cálcio como di- hidropiridínicos; Anlodipino e Nifedipina, possuem efeitos adversos como edema. Evitar o uso em pacientes com insuficiência cardíaca. Pode provocar edema de membros inferiores. BRAS e IECAS não podem ser prescritos para gestantes. Obs: Três drogas são usadas classicamente no tratamento de crises hipertensivas na Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 23 gestação: Labetalol (bloqueador adrenérgico), Nifedipina ( bloqueador dos canais de cálcio) e Hidralazina (diurético tiazídico). - Inibidores da enzima de conversora da angiotensina (IECA) mais utilizados é o Captopril e Enalapril. - Bloqueadores dos receptores de Angiotensina 2 (BRAS) o mais usado é a Losartana. - Betabloqueadores não cardiosseletivos (pulmão e coração) como o Propanolol. - Betabloqueadores cardiosseletivos como o Metoprolol. - Simpatolíticos de ação central temos Metildopa e Clonidina. - Vasodilatador direito temos a Hidralazina uso endovenoso tem ação mais direta. Cadernos de Atenção Básica – nº 15 Hipertensão Arterial Sistêmica Diagnóstico de Enfermagem (NANDA 2021-2023) • Estilo de vida sedentário - 00168 • Comportamentos ineficazes de manutenção da saúde - 00292 • Gestão ineficaz da saúde - 00078 (antigo “controle ineficaz de saúde) (não aceita ou não trata a doença) • Risco de pressão arterial instável • Conhecimento deficiente - 00126 (informações incorretas ou insuficiente, interesse insuficiente) (paciente não tem conhecimento do risco da patologia) • Dor aguda - 00132 • Ansiedade - 00146 (estressores e necessidades não atendidas, inquietação etc) Pico hipertensivo + ausência de diurese eficaz → pode levar a lesão de órgão alvo (p. ex: Rim), é caracterizado como Emergência Hipertensiva. A Estratificação de risco pode ser feito pelo enfermeiro e por outros profissionais. ANGINA → administração de opioide ou outros analgésicos. Inflamação → controle da dor com analgésicos. URGÊNCIA HIPERTENSIVA → Não há danos aos órgãos-alvos (cérebro, coração, rins e pulmões). Dandara Leal,2022 Dandara Leal,2022 24 EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVA → Há DANOS nesses órgãos. Sintomas: HAS Primária → crise silenciosa HAS Secundária → sintomas estão associados com doenças subjacentes. Crise hipertensiva → confusão mental, tontura, cefaleia, dor torácica, dispneia. Tratamentos: mudanças no estilo de vida (dieta e afins), exercícios físicos, redução do estresse, tratamento medicamentoso. REFERÊNCIAS: 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 58 p. – (Cadernos de Atenção Básica; 16) (Série A. Normas e Manuais Técnicos) 2. Oficina-3-Estratificacao-risco-clinico- para-HAS-e-DRC (documento em word) 3. Aula ministrada pelo professor Tiago de Oliveira Nogueira
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