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A prática de Libras Apresentação A Língua Brasileira de Sinais (Libras), com a aprovação da Lei n.o 10.436, é reconhecida como forma de comunicação e expressão da comunidade surda brasileira desde 2002. Composta por fonologia, morfologia e sintaxe espacial próprias, a Libras se configura como uma língua viso-espacial. Assim como outras línguas, seu aprendizado é favorecido quando a criança surda é exposta ao seu uso o mais cedo possível, por meio das experiências visuais, vai se constituindo como membro da comunidade surda. Porém, além da Libras, a comunidade surda possui outros elementos que, por meio de experiências visuais, proporcionam momentos de lazer e diversão, como piadas, histórias, jogos esportivos, encontros e outros. Hoje, ainda são muitos os desafios encontrados pelas pessoas que fazem uso da língua de sinais, visto que, a maioria da população não a domina. Dessa forma, as pessoas com surdez precisam buscar diferentes recursos para se comunicar, usando, muitas vezes, a escrita do português ou até mesmo a mímica para que sejam entendidas pelos ouvintes ou para que possam compreender o que querem lhes dizer. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai reconhecer que a pessoa surda se constitui e interage com o mundo por meio da experiência visual, descrever a experiência visual dos surdos, a partir de uma perspectiva sociocultural e linguística, e identificar a influência da linguagem viso-espacial no desenvolvimento cognitivo da criança surda. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer que a pessoa surda se constitui e interage com o mundo por meio da experiência visual. • Descrever a experiência visual dos surdos, a partir de uma perspectiva sociocultural e linguística. • Identificar a influência da linguagem viso-espacial no desenvolvimento cognitivo da criança surda. • Desafio A língua de sinais é, predominantemente, visual; os sinais são compostos por meio de: configuração de mãos (CM); movimento (M); locação (L); ponto de articulação (PA) e expressões não-manuais (ENM). Nesta última, entram expressões faciais e corporais. Todos esses elementos proporcionam o aprendizado e desenvolvimento da Libras. Um menino surdo de 7 anos de idade, filho de pais ouvintes que não usam Libras, está frequentando o 1.o ano do ensino fundamental de uma escola regular. Na sala de aula, além da professora titular da turma, o menino tem auxílio de uma professora de apoio. Porém, nenhuma das duas professoras tem o conhecimento e fluência da língua de sinais, elas estão buscando aprender. Infelizmente, essa situação é muito comum nas escolas; então, você pode se deparar com esse cenário em algum momento da sua atuação profissional. Quais elementos devem ser usados nos recursos, para auxiliar no processo de alfabetização desse aluno, levando em consideração a influência da linguagem viso-espacial no desenvolvimento cognitivo da criança surda? Lembre-se: a alfabetização da criança precisa se dar por meio do português escrito e da língua de sinais, como forma de expressão e recepção de informações. Infográfico Viver no mundo do som é comum para a maioria das pessoas que são ouvintes, mas como será para aquelas que não escutam nada ou escutam pouco, ou seja, para as pessoas com surdez? Nascer e viver no silêncio faz com que essa população precise recorrer a diferentes meios e formas de compreender o que está ao seu redor, fazendo uso, assim, da visão para atividades como prestigiar uma música, ver televisão, assistir a um filme no cinema, dentre tantas outras situações, nas quais se depende do som para compreender o que acontece. No Infográfico, você vai ver alguns exemplos de situações em que a comunidade surda se diferencia da comunidade ouvinte. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/b00547f7-255e-440f-841e-9cb963c71ddf/5aabf841-64c9-48af-9f5a-f3c6f0378245.jpg Conteúdo do livro As experiências visuais são parte integrante da formação cognitiva e da identidade das pessoas com surdez. Na maioria das vezes, é por meio delas, que se dá a interação com o mundo. O processo de aquisição de língua, a comunicação e as relações que se estabelecem, também são permeadas pelas experiências visuais. A comunidade surda se constitui de diferentes artefatos culturais, a língua de sinais é apenas um deles. São peças teatrais, piadas, jogos esportivos, encontros e tantos outros momentos de trocas que integram. No capítulo, A prática de Libras, da obra Língua Brasileira de Sinais, base teórica dessa Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer alguns desses aspectos e perceber que, tanto ouvintes, quanto surdos compartilham de vivências muito próximas em sua organização, diferindo apenas da forma como a informação é expressa ou recebida. Boa leitura. LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Fernanda Cristina Falkoski A prática de Libras Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer que a pessoa surda se constitui e interage com o mundo por meio da experiência visual. Descrever a experiência visual dos surdos a partir de uma perspectiva sociocultural e linguística. Identificar a influência da linguagem visioespacial no desenvolvimento cognitivo da criança surda. Introdução Neste capítulo, você refletirá acerca de como as experiências visuais são fundamentais para a pessoa com surdez e como auxiliam na comunicação e na aprendizagem. Ouvintes são tão acostumados a viver no mundo barulhento que nem percebem a importância que isso tem em seu dia a dia. Por exemplo, ouvir música e ao mesmo tempo realizar outra tarefa é algo muito comum. Já para o surdo, ir ao teatro ou ao cinema e conse- guir acompanhar a fala e as ações que acontecem ao mesmo tempo é muito difícil. É preciso fazer escolhas, ou olhar para o intérprete, quando tiver, ou tentar apenas acompanhar os movimentos e, assim, buscar a compreensão do que está acontecendo. Em alguns dias não estamos bem, de saúde ou porque algo aconte- ceu, e, ao chegar ao trabalho ou à escola, por exemplo, optamos por ficar mais quietos e esperar que ninguém perceba. Entretanto, quando tem uma pessoa com surdez por perto, isso se torna praticamente impossível, pois a primeira pergunta que surge é: o que você tem? Está tão triste hoje. Para as pessoas com surdez, nossas expressões faciais e corporais, na maioria das vezes, dizem mais do que qualquer palavra ou sinal. Por isso, quando passamos a conviver mais com surdos, precisamos nos atentar a esses simples detalhes, que, na verdade, fazem muita diferença. Para o surdo, no entanto, isso também precisa ser aprendido, assim como para os ouvintes que ingressam na comunidade surda. Por isso, quanto mais cedo a criança surda estiver em contato com a língua de sinais, conhecer e vivenciar experiências com surdos, tanto na escola quanto na sociedade no geral, maiores serão as possibilidades de de- senvolver sua identidade surda Experiências visuais: formas de interagir e se constituir com o outro A diferença é algo positivo, pois somos todos diferentes e, ao mesmo tempo, nos constituímos por meio dessas diferenças. Olhar a surdez por esse viés favorece a compreensão de que os sujeitos surdos se diferenciam dos ouvintes, sim, talvez pela comunicação, pelo modo de agir ou simplesmente pelo modo de ver o mundo, mas eles não deixam de ser seres humanos como qualquer outro. “Entender a surdez e os surdos a partir da diferença signifi ca uma inversão do olhar da exclusão pelo isolamento no mundo do silêncio, passando a entender a surdez como uma experiência e uma representação visual [...]” (GIORDANI, 2012, p. 66). A lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, reconheceu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como forma de expressão da comunidade surda nacional, garantindo maior visibilidade àessa população. A lei (BRASIL, 2002, documento on-line) defi ne Libras como “[...] sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria”, transmissor de ideias e fatos e oriundo da comunidade surda do Brasil. A comunidade ouvinte tem seus costumes e hábitos permeados por expe- riências auditivas, já a comunidade surda, por meio de experiências visuais. Ambas se compõem de artefatos culturais muito parecidos, diferenciados, em sua maioria, pela forma de expressão e recepção das informações. Por exemplo, para o ouvinte, o sentido da música está na melodia que acompanha a letra, e, sem isso, torna-se difícil compreendê-la. Já para o surdo o que passará essa “melodia” será a forma de sinalizar, o movimento corporal e a composição de sinais do intérprete é que possibilitarão que a emoção seja ou não sentida pelo surdo. Cada ritmo precisa ser sinalizado com um movimento corporal diferenciado, por exemplo, quando for pagode, o corpo precisa se movimentar da forma como a melodia é percebida pelo ouvinte. Assim acontece com cada estilo musical, por isso nem todo profissional se dispõe a traduzir uma música, pois precisa mergulhar e se apropriar daquele ritmo para conseguir repassar. Quando isso não acontece, se torna apenas uma simples sinalização, e não uma música em Libras. A prática de Libras2 No caso das histórias, quando narradas oralmente, a fala das persona- gens, a mudança de uma para outra, a organização da história e o gênero são percebidos pela entonação de quem lê ou conta. O ouvinte percebe quando não há um preparo prévio ou quando a pessoa que narra a história não o faz com destreza. Quando elas são narradas ou contadas por meio da língua de sinais, esses aspectos são passados por meio do corpo. Inicialmente, é feita a organização da história no espaço, ou seja, os elementos que a compõe vão sendo distribuídos no espaço, à frente de quem sinaliza. A partir disso, toda a história vai se construindo, e, para demonstrar quando um ou outro personagem está falando, o posicionamento é usado, o que se dá por um leve movimento de corpo; em relação à entonação, ela ocorre por meio da intensidade dos sinais e do uso das expressões faciais e corporais. Outro exemplo são os jogos, para os quais existem diferentes modalidades: olímpiada, copa do mundo, competições em cada modalidade esportiva, entre outros, pensando nos ouvintes. A comunidade surda normalmente organiza uma olímpiada escolar ou olímpiada de surdos, a primeira organizada entre escolas e instituições de ensino que atendam surdos, já a segunda conhecida como Surdolimpíadas. Elas ocorrem a cada 4 anos em um país diferente, sendo importante destacar que são diferentes modalidades disputadas e que o Brasil vem se destacando ano após ano; agora também têm sido organizadas no Brasil, entre os estados. Muito se discute o motivo de fazer separado de outras pessoas com deficiência, porém, quando se pensa na principal diferença do surdo para os ouvintes, aí começa a fazer sentido: a língua. Principalmente se pensar na organização das regras e instruções que são feitas por meio da língua de sinais: não seria justo e fácil que, em um jogo entre surdos e ouvintes, o primeiro grupo recebesse dicas e orientações auditivas durante todo o jogo, e o segundo grupo, não. Ao falar desse tópico, torna-se necessário fazer uma ressalva quanto à divulgação esportiva, visto que dificilmente os noticiários trazem notícias ou a cobertura desses encontros de pessoas surdas, pois ainda se dá pouca importância para esses eventos, mesmo sendo de conhecimento da sociedade a existência de uma comunidade surda. Acesse o link a seguir para ler mais sobre as Surdolimpíadas. https://qrgo.page.link/ChrQM 3A prática de Libras Observar esses aspectos consiste em olhar para a diferença, perceber que não são músicas, histórias ou jogos diferentes, mas sim a forma como acontecem e são organizados. Em algumas situações, é possível contar com a tradução e a interpretação sem grandes prejuízos, já em outras, não. Esse fator precisa ser levado em consideração, pois nem sempre a diferença se resolve apenas com a presença de um intérprete. É diferente um surdo assistir a uma peça de teatro com personagens sinalizando e assistir a mesma peça com intérprete. No primeiro caso, se olhar para a fala-sinalização, perderá a ação, e vice-versa. Além dessas diferenças, outra que se destaca muito é a língua utilizada pela comunidade. De acordo com Giordani (2012, p. 71), “A comunidade de surdos se identifica essencialmente pela língua que usa [...]”, essa língua é que auxiliará, juntamente com outros aspectos culturais, na construção da identidade surda. No caso do Brasil, usa-se a Língua Brasileira de Sinais, também conhecida como Libras. Todavia, deve-se deixar claro que cada país tem a sua língua, porém todas seguem basicamente os mesmos princípios quanto à sua composição de fonologia, morfologia e sintaxe. O ser humano não nasce sabendo e dominando os conhecimentos necessá- rios para viver em sociedade, esses conhecimentos precisam ser ensinados e aprendidos. As possibilidades de aprendizagem e de ensino estão disponíveis para todas as pessoas? Sim, a possibilidade de aprender sempre está disponível. No entanto, elas nem sempre são proporcionadas, principalmente, para a criança com deficiência. Muitas vezes, julga-se que algumas pessoas não podem ou não conseguem aprender. Segundo Mazzotta e D’antino (2011, p. 379): Situações de segregação, marginalização ou exclusão, de quem quer que seja, concretizam atitudes que se configuram como violência simbólica. [...] Historicamente, as pessoas que apresentam diferenças muito acentuadas em relação à maioria das pessoas constituem-se alvo das mais diversas estratégias de violência simbólica. Um dos segmentos populacionais reiteradamente colocados nessa posição tem sido o composto de pessoas com deficiências físicas, mentais, sensoriais ou múltiplas, além daquelas que apresentam outros transtornos de desenvolvimento. As pessoas com surdez já passaram por diferentes momentos ao longo dos tempos, e aos poucos estão construindo e conquistando o seu espaço na sociedade, porém essa não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, paciência e muita compreensão. Entretanto, também exige que as pessoas em geral se coloquem no lugar do surdo, desenvolvam a empatia, o respeito ao próximo. Toda pessoa tem direito a aprender, mas é fundamental ter alguém que ensine, e esse papel precisa ser desempenhado pela sociedade. A prática de Libras4 Segundo Kraemer (2012, p. 84), “São as diversas condições sociais, econô- micas, culturais, tecnológicas que interferem na constituição de cada indivíduo. A partir de suas interações e das condições que possibilitam essas interações, cada sujeito internaliza formas específicas de se relacionar com os outros, com o meio e com ele próprio [...]”. No entanto, para que isso aconteça, a sociedade precisa estar disposta a se tornar mais acessível e mais inclusiva verdadeiramente, não apenas dizendo que existem escolas inclusivas ou que existe acessibilidade para algumas situações e pessoas. Precisamos construir, ou melhor, tornar, a sociedade de todos, para todos. Quantas vezes se encontra alguém que saiba a língua de sinais ou um intérprete em qualquer lugar? Todos os serviços estão disponíveis à comunidade em geral? Uma consulta médica, uma sessão de cinema, uma instituição bancária, entre outras, têm meios para atender à comunidade surda? Independentemente de ser uma pessoa que não precise de adequações ou uma que precise, aqui, nesse caso, esse preparo seria por meio do uso da língua de sinais. Até mesmo em escolas e instituições que oferecem cursos na área e que se dizem preparadas para atender à diferença, na verdade, não estão. Poderiam ser relatadas diversas histórias de surdos em relação a esses espaços, mas penso ser importante apenas destacar que, ao mesmo tempo que estamos evoluindo, com novasdescobertas, novas tecnologias, estamos deixando de lado o mais importante: o ser humano que precisa da proximidade, do contato visual, do olho no olho para receber e expressar informações, sentimentos, emoções ou desejos. Foram criados diversos aplicativos que visam ao de- senvolvimento tecnológico da comunicação, mas as pessoas esquecem que a comunicação precisa ser feita entre pessoas, não por meio de aparelhos, mas sim pessoalmente. Um aplicativo, por exemplo, não usa expressão facial ou corporal ao dar um sinal. Pensando na prática, o sinal de “triste” não é composto apenas por uma configuração de mão, articulação ou ponto de contato. Ele necessariamente precisa da expressão fácil de tristeza e da expressão corporal de encolhimento, ou seja, o sinal, para ter seu sentido compreendido, necessita de todos esses parâmetros. Língua de sinais: artefato cultural e social O uso da língua de sinais parte do pressuposto da interação visual, ou seja, os sinais são produzidos e recebidos de forma visual ou tátil, no caso de quem, além de não ouvir, também não enxerga, conhecidos como pessoas 5A prática de Libras com surdocegueira. Por vezes, o ouvinte não se dá conta de aspectos simples na comunicação, mas que fazem toda a diferença para a pessoa surda, como a forma de sinalizar, a composição da frase e dos personagens no espaço, a vestimenta e os acessórios utilizados durante a fala. O termo fala é utilizado tanto na modalidade oral quanto na sinalizada, pois quem sinaliza também fala, porém de outra forma. Faz-se necessário mencionar um grupo que tem começado a aparecer mais na sociedade e que, de certa maneira, muitas vezes faz parte da comunidade surda: as pessoas com surdocegueira — principalmente quando nascem surdas e vão perdendo a visão com o passar dos anos. Existem dois movimentos distintos, aqueles que se consideram pessoas com surdocegueira e aqueles que se consideram surdos com baixa visão. Dessa forma, é preciso compreender que a forma de comunicação se aproxima muito da comunidade surda, porém, nesses dois casos, ou a pessoa fará uso da língua de sinais tátil, ou da língua de sinais em campo reduzido. Contudo, da mesma forma, os parâmetros da língua devem ser respeitados e seguidos para que haja sua correta compreensão. De acordo com Paixão e Alves (2018, p. 48), “A visão de que a comuni- dade surda é uma minoria linguística é muito importante porque interfere no modo de lidar com a surdez, sobretudo, na educação e no modo de interagir com o surdo. Por outro lado, demonstra um modo de constituir-se surdo [...]”. Hoje, no Brasil, pode-se dizer que ainda são poucos os ouvintes usuários da Libras, embora tenham sido criados cursos envolvendo o aprendizado da língua. Todavia, as dificuldades persistem, pois situações como ir a um médico ou a uma loja acabam tornando difícil a vida da pessoa com surdez, devido ao fato de esta depender sempre de um intérprete ou fami- liar que saiba a língua e possa fazer a mediação, o que faz haver sempre a dependência de alguém. Com o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais como forma de comunicação da comunidade surda, muitos foram os avanços conquistados. A inserção da disciplina nos cursos de formação de professores e de fonoaudio- logia, a oferta e o aumento de procura por cursos na área também são indícios A prática de Libras6 de uma preocupação. Paixão e Alves (2018) ainda abordam o aspecto positivo da difusão da língua de sinais e, consequentemente, os espaços ocupados por surdos que antes eram destinados apenas a ouvintes. Hoje, por exemplo, se ouve falar de surdos na faculdade, no mestrado e no doutorado, inclusive ocupando cargos de mais destaque, não só de empacotador de mercado ou na produção de empresas, como somente acontecia. A sociedade tem muito a evoluir ainda, pois, em espaços básicos de saúde e educação, na maioria das vezes, não há a garantia de comunicação ou, então, recursos visuais que possibilitem a compreensão por parte da pessoa surda. Pense no momento da consulta médica, aquela em que você já se sente constrangido só de precisar falar com alguém sobre o seu problema, e ainda precisa ter uma segunda pessoa que possa sinalizar ou explicar o que você está sentindo ou o que está acontecendo, de modo que se tornam momentos desconfortáveis para todos os envolvidos, não só para o surdo. Além da sinalização, a Libras possui uma forma de ser escrita, o sistema SignWriting. Esse sistema é pouco utilizado dentro da comunidade surda, devido à sua complexidade, pois faz-se necessário desenhar o sinal com toda a sua composição: configuração de mão, ponto de articulação e movimento, ou seja, incluindo as expressões faciais e corporais. No entanto, segundo Paixão e Alves (2018, p. 48), esse sistema poderia ser utilizado “[...] para o letramento do surdo, uma vez que, é um sistema de fácil aprendizagem pelo surdo e que o letramento amplia o desenvolvimento do pensamento [...]”. En- tretanto, ele se torna mais demorado do que a escrita por meio do português, o que faz a maioria dos surdos optar por não utilizá-lo. Nessa linha é que as escolas bilíngues surgem: para garantir o aprendizado da língua de sinais como primeira língua e do português escrito como segunda. No entanto, não é bem assim que tem acontecido, uma vez que, mesmo tendo uma proposta bilíngue, a maioria das instituições acaba não a colocando na prática, e, quando o surdo chega em locais que precisa também dominar o português escrito, acaba não dando conta. Existem muitas discussões a respeito do local mais adequado para os surdos estudaram: escola inclusiva ou escola especial bilíngue. A partir de vários estudos, tem-se apontado os benefícios de a criança estudar na escola onde sua língua esteja em evidência em todos os espaços e momentos enquanto estiver formando seu desenvolvimento inicial. Pensar na escola inclusiva é, além de garantir a presença de um intérprete ou professor bilíngue em sala de aula durante todos os momentos, favore- cer o aprendizado da língua de sinais pelos alunos da turma, professores, funcionários e, quando possível, estendê-la a todos os alunos da escola. Pro- 7A prática de Libras fessores que reclamam da não participação de seus alunos surdos nas aulas, professores que dizem que surdo só se interessa pelo que quer e não aceita o que ouvintes dizem não compreendem que a falta de comunicação, a falta de fluência em Libras por todos os envolvidos possa ocasionar, sim, a falta de interesse. O aluno surdo não consegue participar de todos os momentos da escola “sozinho”, pois, para interagir com seus colegas ou outros alunos e com seu professor, ele precisa de alguém que conheça a língua e possa fazer a mediação sempre. Segundo Thoma (2012, p. 97): As escolas têm sido apontadas como o lugar onde as comunidades emergem, e muitos as defendem como sendo de crucial importância para uma educação bilíngue que reconheça a surdez como diferença linguística e cultural, pois é no encontro com outros surdos que as crianças surdas se percebem como diferentes e não como deficientes e inferiores. Quando isoladas e convivendo apenas com ouvintes, essas crianças tendem a se olhar e a se narrar de modo negativo, como sujeitos incompletos, deficitários, inferiores. Conviver com seus pares, com aqueles que compartilham da mesma forma de pensar, que usam a mesma língua, que têm costumes muito parecidos é o que empodera o surdo e lhe dá status de integrante e participante de uma comunidade, da sociedade, e não de apenas ser mais um, de alguém que compartilha de um mesmo espaço e que segue todas as regras e convenções de pessoas que não compreendem seu jeito de ser e agir. O surdo acaba desenvolvendo e aprendendo diferentes formas de interagir com o outro: usando mímica, gestos, desenhos e escrita conseguem entender e se fazer entender. Quando o aluno surdo quer permanecer em escola e espaços de ouvintes, ele se esforça, porém quando quer permanecer com os seus,acaba por frequentar apenas escolas especiais de surdos, clubes ou associações onde a sua língua é respeitada e tem o status de língua materna. Acesse o link a seguir para ler o artigo “Forma de vida surda e seus marcadores culturais”, de Witchs e Lopes (2018). https://qrgo.page.link/vvs3R A prática de Libras8 Influências da linguagem visual para o desenvolvimento cognitivo da criança com surdez A aquisição da linguagem e, consequentemente, o desenvolvimento da língua de sinais serão possíveis para a criança que for exposta a situações e ambientes onde esses aspectos estejam em evidência. A linguagem visual exerce uma forte infl uência no desenvolvimento cognitivo da criança. Inicialmente, isso se dá por meio do desenho: [...] a atividade do desenho nos primeiros anos da infância não deveria ser apenas mero passatempo. É importante que, em um determinado momento, os primeiros traços da criança comecem a fazer sentido e trazer algum sig- nificado, e é aí que entra o papel do adulto, da fala e da mediação. O desenho infantil passa a ser significativo pelo ato de nomear (ZERBATO; LACERDA, 2015, p. 429). Enquanto desenha, o mediador vai estabelecendo uma comunicação com a criança com surdez. Normalmente, após uma história infantil, brincadeira ou jogo pedagógico, esse momento, que é tido como lazer e divertimento, pode proporcionar situações ricas de aprendizagens, e não somente da língua. Paixão e Alves (2018) apontam que a língua de sinais se torna um im- portante instrumento de interação para o desenvolvimento humano, sendo necessário dispor de diferentes espaços nos quais ela possa ser adquirida e aperfeiçoada pelo sujeito, principalmente a criança. O primeiro lugar para esse desenvolvimento seria a família, porém sabe-se que a maioria das crianças surdas nasce em famílias de pais ouvintes que não dominam a Libras, o que pode vir a prejudicar muito essas crianças. Em famílias de ouvintes com filhos surdos, um aspecto que pode favorecer muito a comunicação e a interação é o uso das expressões faciais e corporais, pois, mesmo sem dominar a língua, elas estão disponíveis. Algumas vezes associadas a gestos ou mímicas, essas expressões vão construindo o que chamamos de sinais caseiros. Muitas crianças chegam à escola com essa forma de comunicação inicial, que será aperfeiçoada e transformada em uma comunicação formal, possivelmente realizada por meio da língua de sinais. Todavia, destaca-se a importância de já ter vivenciado essas primeiras experiências, que são a base para uma comunicação futura, da mesma forma como acontece com a criança ouvinte, que tem seus primeiros contatos com a língua em casa. Quando a criança entra na escola, essa língua será melhor desenvolvida e aprendida. 9A prática de Libras Segundo Paixão e Alves (2018, p. 51), “A instituição educacional é um espaço de formação humana e sociocultural para os indivíduos que dela participam quando propicia espaços de respeito e promoção de identidade e cultura dos grupos aos quais atende [...]”. Escolas onde se tenha um currículo bilíngue são fundamentais para essas crianças. Contudo, se esse ensino for proporcionado aos outros alunos e funcionários da escola, também favorecerá as relações sociais dessa pessoa com o ambiente no qual está inserida. Pensar no trabalho pedagógico do professor em sala de aula, tendo ou não a presença de intérprete ou professor bilíngue, torna necessário buscar diferentes recursos e materiais que possam facilitar o processo de aprendiza- gem. Focar em aspectos visuais e concretos proporciona aulas interessantes, mas não somente para os surdos, e sim para todos os alunos. O uso de vídeos para a explicação de conteúdos, imagens reais e desenhos, maquetes, enfim, diferentes formas de representação. De acordo com vários estudos, esses recursos e metodologias diferenciados favorecem a aprendizagem não apenas dos alunos surdos, mas de todos que terão acesso. Pode-se pensar no uso de método de experiência de diferentes situações: receitas culinárias, brincadeiras, passeios ou situações, sempre com registro. O uso de histórias também é um importante facilitador desse processo. É necessário propiciar ao aluno que ele seja o protagonista da sua aprendi- zagem, que ele possa ajudar a conduzir as aprendizagens necessárias para cada momento. O profissional da educação precisa estar atento a tudo o que acontece em sala de aula, observar, anotar e refletir são ações básicas de qualquer professor, mas, quando se trabalha com crianças que necessitam de mais recursos, isso se torna fundamental. A partir dos erros e acertos é possível planejar e pensar quais seriam os passos necessários para um maior avanço e desenvolvimento do sujeito. Uma turma que tenha um aluno surdo com certeza terá momentos de aprendizagens mais significativas do que as outras turmas, pois a necessidade de buscar recursos visuais não favorece apenas o ensino de quem não escuta, mas sim de todo e qualquer aluno. Um exemplo que poderia ser pensado para o ensino do sistema solar: o professor utiliza, além da sua explicação falada, vídeos, imagens e até mesmo uma representação por meio de maquete desse sistema solar, com sua composição espacial, suas especificidades, o que faz todos os seus alunos abstraírem e compreenderem o conceito de forma mais rápida e concreta. Por vezes, esquecemos da importância do concreto e do visual. A prática de Libras10 Algumas considerações Refl etir sobre tudo o que acabou de ser apresentado pode favorecer ao professor uma mudança de visão, de postura, não apenas como profi ssional, mas como ser humano. Trocar conhecimentos e aprendizagens na diferença é isso, é aprender com o que o outro tem a oferecer, é usar outra língua, diferentes recursos e ir cada vez mais se aperfeiçoando. A língua de sinais exerce um papel crucial para a pessoa com surdez e a comunidade surda, não apenas por ser o principal meio de comunicação, mas também por dar conta de diferentes aspectos que não são possíveis de outra maneira. As experiências visuais são fundamentais para as pessoas com surdez, pois possibilitam a interação com a comunidade ouvinte e seus pares. Quantas vezes já nos comunicamos por meio de mímica, gestos ou desenhos, quando não sabíamos a língua de sinais e precisávamos nos comunicar com um surdo? Quantas vezes essa também não foi a única opção encontrada por falantes de línguas orais? Contudo, costumamos não dar importância, não dar bola, pois pensa-se que a Libras seja uma língua sem status, sem reconhecimento, o que está totalmente errado. Ela vem, aos poucos, se constituindo enquanto forma de comunicação do surdo e vem conquistando seu espaço na sociedade. Existem diferentes leis que dão conta, no papel, da garantia de direitos, porém, na prática, isso nem sempre acontece, o que precisa mudar. Quando um programa de televisão que deveria ter intérprete não tem, está descum- prindo uma lei de acessibilidade existente. No momento em que as escolas não contam com profissionais qualificados e com formação específica para atender os alunos surdos, está deixando de seguir os documentos legais. Esses são apenas dois exemplos, mas poderiam ser dados tantos outros, devido a tantas falhas que encontramos no sistema e que muitas vezes poderiam ser evitadas se as pessoas exercessem a função de se colocar no lugar do outro. Se eu estivesse nessa situação, como eu agiria? O que eu pensaria? O que faria? Será que eu gostaria de estar em locais onde eu não compreendo o que é dito e comentado, sendo que minha língua é reconhecida como minha forma de expressão? 11A prática de Libras Quando, em uma sala de aula com 27 ouvintes e 2 surdos, o intérprete falta e não tem ninguém com formação que possa desempenhar a função, os alunos permanecem uma manhã ou tarde toda sem compreender nada do que é dito em sala de aula. O professor está explicando um conteúdo muito importante que será assunto da prova, mas ele não preparou nenhumrecurso visual, pois conta apenas com a tradução do intérprete. Num primeiro momento, ele se apavora, tem vontade de sair correndo, pois não sabe o que fazer. Há duas situações: 1. Aquele professor que buscará formas de passar seu conteúdo de modo que todos os alunos consigam apreender as informações: pode usar de desenhos no quadro, pode fazer com que os alunos surdos sentem próximos de ouvintes que saibam de- senhar ou fazer esquemas que tornem o registro do conteúdo com poucas palavras. 2. Aquele professor que pensará “bom, vou fazer o quê, não é problema meu que o profissional tenha faltado, não sou eu quem não escuta. Então vou seguir dando mi- nha aula, falando normalmente e fazendo tudo como se estivesse num dia normal”. Com certeza, nesses dois casos, os alunos que seriam prejudicados são da segunda situação, pois o professor não se colocou no lugar deles e nem buscou formas de fazer aquele momento rico de aprendizagens. Já no primeiro caso toda a turma sairia ganhando, pois os alunos, apenas pelo fato de vivenciarem a preocupação do professor, teriam a possibilidade de mudar sua postura, aprendendo pelo exemplo dado. Que essas reflexes possibilitem outras tantas que se fazem necessárias, bem como possam desencadear uma mudança inicialmente interna e, posteriormente, na sociedade em geral, com cada um fazendo a sua parte e participando da sua forma. BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais — Libras e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 2002. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 3 jun. 2022. GIORDANI, L. F. Educação de surdos: práticas de letramento e significação. In: LOPES, M. C. et al. (org.). Cultura surda & libras. São Leopoldo: Unisinos, 2012. p. 63–78. KRAEMER, G. M. Identidade e cultura surda. In: LOPES, M. C. et al. (org.). Cultura surda & libras. São Leopoldo: Unisinos, 2012. p. 79–86. A prática de Libras12 MAZZOTTA, M. J. S.; D’ANTINO, M. E. F. Inclusão social de pessoas com deficiências e necessidades especiais: cultura, educação e lazer. 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O método de experiência é uma ferramenta que transforma esses momentos de aprendizado em algo significativo e prazeroso para a criança e até mesmo para o adulto. Partindo de situações e momentos que acontecem no seu dia a dia, o aluno interage e vai compreendendo os aspectos que envolvem a libras. Assista ao vídeo da Dica do Professor e você poderá entender como é a proposta do método de experiência e sua aplicabilidade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/011aa156ba2495e2fde81b44e5fe6e56 Exercícios 1) Ser surdo é uma questão de vida, uma forma de ver e interagir com o mundo. As experiências visuais que constituem a pessoa com surdez partem de uma cultura surda, de uma forma diferente de ser, de se expressar, de conhecer o mundo. Pensando a partir de uma perspectiva sociocultural e linguística pode-se afirmar que: A) a surdez é uma experiência visual que traz à pessoa com surdez a possibilidade de constituir sua subjetividade por meio de experiências visuais e cognitivo-linguísticas diversas, mediadas por formas alternativas de comunicação simbólica, que encontra na língua de sinais, seu principal meio de concretização. B) a surdez é uma realidade homogênea e cada sujeito se parece, pelo fato de usar a mesma língua de sinais como forma de comunicação, sua identidade se constitui por compartilhar das mesmas experiências socioculturais ao longo de sua vida. C) a surdez prioriza o uso da língua de sinais como língua natural e única, culturalmente, tem momentos organizados e próprios das pessoas que fazem parte dessa comunidade surda. D) a surdez se caracteriza pela diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, trazendo ao indivíduo uma série de consequências ao seu desenvolvimento, principalmente no que diz respeito ao aprendizado da língua de sinais, sua língua natural. E) a surdez possibilita que as pessoas se desenvolvam de uma forma diferente, usando a leitura labial como forma de comunicação e possibilita participar de qualquer situação cultural por meio da sua visão. 2) Durante um momento de comunicação entre pessoas surdas e ouvintes, quais são os aspectos fundamentais a serem observados, para que haja a correta compreensão de todas as informações, principalmente por serem visuais? A) Faz-se necessário cuidar para que a luz seja bem fraca no ambiente, pois ela não influência na comunicação dos surdos. B) É preciso atentar às expressões faciais e corporais, ao uso de roupas e acessórios que não atrapalhem a compreensão por parte do surdo. C) Durante uma conversa com um surdo, o ouvinte pode sinalizar para o surdo e olhar para os ouvintes. D) O surdo precisa se adaptar às condições do espaço, seja permanecendo em pé ou sentado e tendo objetos ou pessoas que possam atrapalhar sua visão. E) Todo surdo se comunica da mesma forma, não sendo necessários ajustes visuais para que aconteça da melhor maneira. 3) Pensar na surdez, a partir de uma perspectiva sociocultural e linguística, proporciona ao ouvinte algumas experiências comunicacionais que não são habituais e tão perceptivas nas línguas orais. Pode-se pensar nas experiências visuais que o uso da Libras proporciona. Pensando nisso, o que precisa ser levado em conta, principalmente por ouvintes que usam a língua de sinais como sua segunda língua, mas também por surdos? A) Os ouvintes não precisam se preocupar com as expressões faciais e corporais, pois elas não fazem tanto sentido na composição da informação e não agregam em nada aos surdos. B) Os surdos, normalmente, não buscam a compreensão das informações por meio das expressões faciais e corporais do ouvinte. Elas são tidas apenas como um complemento na comunicação. C) Na língua de sinais, diferente das línguas orais, a entonação de voz não é perceptível, pois não existem recursos que possam passar esses aspectospara o surdo. D) Tanto surdos, quanto ouvintes, devem se posicionar de forma que as mãos e expressões faciais possam ser compreendidas, principalmente por elas serem elementos fundamentais da Libras. E) A compreensão da Libras se dá, de uma melhor forma, quando o ouvinte sinaliza de forma robotizada, ou seja, permanece parado no mesmo lugar sem se movimentar, sem usar expressões. 4) Pense na cena: a família ouvinte, de uma criança surda, busca por auxílio na escola para que possa contribuir no processo de aquisição de língua, pois eles não dominam a Libras. O que o professor deveria fazer com essa família? A) Explicar que a língua de sinais vai ser aprendida pela criança com o passar dos anos, que eles não precisam usar em casa e é dever da escola ensinar tanto à criança quanto à família. B) Oferecer folhas com a escrita de palavras que possam ser utilizadas em casa; assim, a criança vai aprendendo a oralizar desde muito cedo e não terá problemas para se comunicar ao longo de sua vida. C) Indicar filmes e livros que mostrem a importância de ensinar a leitura labial e a oralização por parte da criança, pois como a maioria das pessoas não conhece a língua de sinais, ela nem precisa aprender. D) Falar sobre os aspectos negativos que o contato com a comunidade surda pode trazer à criança, principalmente por conhecer seus aspectos culturais. E) Mostrar à família os benefícios que um curso de Libras poderia trazer para a comunicação em casa; os pais aprendendo os sinais, podem usar com a criança e estimulá-la. 5) Ao organizar um momento de atividade dirigida com filme, o professor precisa estar atento a alguns aspectos, quando tiver um aluno surdo em sala de aula. Lembrando que o surdo se constitui de experiências visuais, são a partir delas que a compreensão acontece de uma melhor forma. Quais aspectos precisam ser observados? A) Apagar a luz e deixar o intérprete bem na frente do aluno, para que possa compreender a mensagem. B) Verificar a possibilidade de apagar a luz e também o melhor posicionamento para o intérprete ficar, pensando na compreensão do todo, por parte do aluno. C) Colocar a legenda no filme e deixar que o aluno leia e assista sem nenhuma intervenção de professor ou intérprete. D) Usar tanto a legenda (mesmo com áudio em português), quanto o intérprete, para que o aluno tenha mais informações sobre o filme. E) Deixar o aluno apenas assistir aos movimentos que acontecem no filme e fazer a leitura labial dos personagens que vão interagindo nas cenas. Na prática Sabe-se que a Língua Brasileira de Sinais é utilizada de forma espaço-visual, ou seja, por meio das mãos as mensagens são transmitidas e por meio dos olhos elas são recebidas. Oferecer possibilidades e situações em que a língua esteja em evidência, favorecem o desenvolvimento da pessoa com surdez. Para a criança isso se torna fundamental, pois o contato com experiências visuais auxilia no seu desenvolvimento. Dessa forma, trabalhando um assunto ou tema e apresentando diferentes recursos visuais que possam colaborar no processo de aquisição da linguagem e da língua, a criança vivenciará o uso da libras. Assista ao vídeo do Na Prática e conheça uma proposta de trabalho realizada com um aluno. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/d051ff7b26965421d31df6cd36e3156a Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: 3 Experiência visual Assista o vídeo a seguir, apresentado por uma pessoa surda, que explica sobre as diferenças entre ouvintes e surdos: como o mundo é percebido por esses dois grupos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Você Sabia? - Brincadeiras da Cultura Surda Confira o vídeo a seguir, apresentado por uma pessoa surda, que apresenta algumas possibilidades de brincadeiras a serem realizadas com crianças, a fim de desenvolver experiências visuais e aumentar seu vocabulário. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A pedagogia visual na educação dos surdos: das possibilidades à realização O artigo a seguir apresenta o resultado de uma pesquisa que trata sobre os aspectos visuais na educação de surdos, quais seriam as possibilidades a serem utilizadas dentro da sala de aula, a fim de facilitar o processo de desenvolvimento da língua de sinais e da língua portuguesa. https://www.youtube.com/embed/vLTGKtyZRRw https://www.youtube.com/embed/jdGbzcWIa1A Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Desenho infantil e aquisição de linguagem em crianças surdas: um olhar histórico-cultural Este artigo é um relato de experiência sobre o uso do desenho, mediado pelo professor, para aquisição da língua de sinais. Mostra a importância de se aproveitar todos os momentos de interação com a criança para o seu desenvolvimento. Traz teóricos que abordam o assunto, partindo dos estudos socioculturais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Como o método de experiência pode influenciar positivamente o desenvolvimento cognitivo da criança surda Seja para a criança surda ou para o adulto, as experiências visuais vão se constituir a partir das vivências proporcionadas a eles; quanto mais estiverem expostos a esse contato, mais aprendizagens receberão. Pensar no desenvolvimento cognitivo da criança é buscar diferentes ações para facilitar esse processo, cabe ao professor, em sala de aula, ou à família em casa, pensar e organizar momentos nos quais a língua e o visual estejam em evidência. Um recurso muito positivo para esse desenvolvimento é o método de experiência, partindo de simples ações e situações cotidianas, o adulto pode aproveitar para ensinar e aprender de maneira lúdica. Saiba mais sobre isso na Dica do Professor: Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://silo.tips/download/palavras-chaves-educaao-de-surdos-pedagogia-visual-e-visualidade https://www.scielo.br/j/rbee/a/nkm98F4cZCS63B8XJqrY57s/?format=pdf&lang=pt http://pvbps-sambavideos.akamaized.net/account/2975/3/2019-08-16/video/6d7f3e681d18f48c805d83e6222e4fcc/6d7f3e681d18f48c805d83e6222e4fcc_720p.mp4