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A avaliação do processo ensino-aprendizagem no contexto da Educação Especial na modalidade da Educação de Jovens e Adultos Ivanilda Teresinha Correa1 Marta Rejane Proença Filietaz2 RESUMO A Deficiência Intelectual e/ou Múltipla apresenta-se como um amplo campo de discussão quando se trata da questão educacional, principalmente porque em alguns casos, este tipo de deficiência apresenta junto comorbidades bastante agravantes, o que muitas vezes impede o sujeito de compreender a sua realidade. Nesse sentido, é necessário se repensar no contexto da Educação Especial que tipo de conteúdos deve ser planejado para este educando e de que forma este será avaliado, considerando o seu comprometimento intelectual. Desta forma o trabalho proposto procurou de forma sucinta discutir acerca do processo avaliativo no contexto da Educação Especial na modalidade de Educação de Jovens e Adultos especificando-se que a avaliação deve ser compreendida como um subsídio pedagógico que oportunize ao docente identificar as potencialidades e as dificuldades de aprendizagem do aluno, caracterizando-se como um processo contínuo e de permanente re(construção). Palavras-chave: Deficiência Intelectual; Deficiência Múltipla, Educação Especial; Avaliação. 1 Professora de Educação Especial da Rede Estadual de Ensino do Paraná. E-mail: ivanilda.correa@escola.pr.gov.br 2 Professora Orientadora Doutora da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR). 2 1 INTRODUÇÃO A deficiência intelectual e/ou múltipla ainda é pouco discutida fora do âmbito da Educação Especial, e mesmo dentro desse nível de ensino existem especificidades quanto ao atendimento dos educandos. Desse modo, a proposta deste trabalho é demonstrar o processo de avaliação de alunos com deficiência intelectual e/ou múltipla atendidos na Educação Especial, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. A linha de pesquisa “Avaliação para identificação das necessidades educacionais especiais como mais um recurso para construção do processo de aprendizagem” tem como foco de estudo a análise dos processos de ensino- aprendizagem e avaliação no contexto da Educação Especial. O projeto foi implementado na Escola de Educação Básica Edvair José Leme de Campos, no município de Araucária-Paraná, que atende alunos em período integral, desde os 06 até 70 anos. Trata-se de uma instituição diversificada, tanto pela clientela como pela sua localização, pois é considerada uma escola rural. Sobre o público atendido pela EJA são alunos maiores de 14 anos de idade, que ainda não completaram o Ensino Fundamental, e jovens e adultos maiores de 18 anos, que ainda não concluíram o Ensino Médio. O projeto foi realizado junto aos docentes da instituição e teve como objetivo geral pesquisar acerca dos instrumentos de avaliação utilizados pelos docentes da Educação Especial, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, que atende alunos com Deficiência Intelectual e/ou Múltipla. Quanto aos objetivos específicos, estes apresentam como propósito contextualizar e descrever as principais características da Deficiência Intelectual e/ou Múltipla; investigar os instrumentos de avaliação que norteiam a Educação Especial, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos; demonstrar aos professores participantes da pesquisa a aplicabilidade dos instrumentos avaliativos no processo de ensino-aprendizagem dos alunos com Deficiência Intelectual e/ou Múltiplas; e analisar os instrumentos utilizados pelos docentes para avaliar os alunos da Educação de Jovens e Adultos – EJA com Deficiência Intelectual e/ou Múltipla. A problemática a ser respondida corresponde ao seguinte questionamento: De que forma os instrumentos de avaliação poderão contribuir para a atuação 3 docente na Educação Especial, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos – EJA, que atende alunos com Deficiência Intelectual e/ou Múltipla? Este trabalho apresenta como justificativa discutir junto aos docentes de que forma os alunos com Deficiência Intelectual e/ou Múltipla apropriam-se do processo de ensino-aprendizagem no contexto da modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Além disso, visa demonstrar a importância de processos avaliativos diferenciados que sejam compatíveis com as possibilidades de aprendizado dos sujeitos inseridos nessa modalidade de ensino. A metodologia utilizada para a aplicação do referido projeto foi a pesquisa qualitativa, cuja finalidade é descrita a seguir: A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Aplicada inicialmente em estudos de Antropologia e Sociologia, como contraponto à pesquisa quantitativa dominante, tem alargado seu campo de atuação a áreas como a Psicologia e a Educação. (GERHARDT e SILVEIRA, 2009, p.32) Para fins de fundamentação teórica foi utilizada a pesquisa bibliográfica decorrente da leitura de livros, artigos e materiais publicados na internet. 2 BREVE CONSIDERAÇÃO SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E/OU MÚLTIPLA A deficiência múltipla e/ou intelectual é caracterizada como um conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. (BRASIL, 2006) A atual concepção acerca da deficiência intelectual e/ou múltipla tem como definição os estudos realizados pela Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento (AADID), situada na cidade de Washington, nos Estados Unidos, e consiste na avaliação de três critérios citados por Lima (2008): (a) limitações significativas no funcionamento intelectual; (b) limitações significativas no comportamento adaptativo; (c) manifestação durante o período de desenvolvimento do indivíduo, portanto, na infância ou adolescência. 4 De acordo com Lima (apud AADID, 2008, p.11) a deficiência intelectual caracteriza-se por: “[...] limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, como expresso nas habilidades práticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos dezoito anos”. Já a deficiência múltipla pode ser definida como: O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas. (BRASIL, 2006, p.11) A relação entre a deficiência intelectual e a múltipla é dada conforme a seguinte definição: As pessoas portadoras de deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou mais áreas, caracterizando uma associação entre diferentes deficiências, com possibilidades bastante amplas de combinações. “As pessoas portadoras de deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou mais áreas, caracterizando uma associação entre diferentes deficiências, com possibilidades bastante amplas de combinações”. (PARANÁ, 2015, p. 01) O sujeito com deficiência intelectual e/ou múltipla apresenta vários estágios de desenvolvimento, por isso é consensual dizer-se que não há um parâmetro único para descrever as suas limitações ou potencialidades, mesmo porque aqueles que não possuem comprometimento intelectualsevero podem ser inseridos nas escolas regulares. Entretanto, aqueles com comprometimentos intelectuais mais graves devem ser atendidos em escolas especiais, com currículos e atividades pedagógicas direcionadas individualmente para o seu desenvolvimento. Garghetti et.al. (2013) aponta que até meados do século XVIII a deficiência intelectual era tratada como uma doença mental, sendo que somente a partir do século XIX surgiram os primeiros estudos em relação à deficiência intelectual, por meio das contribuições da área de pedagogia e psicologia, principalmente na Europa. O século XIX tem como referencial as políticas assistencialistas em relação aos deficientes, porém é no século XX que as mudanças em relação à deficiência se consolidam, principalmente tratando-se da inclusão e dos atendimentos especializados em relação à pessoa com deficiência intelectual. 5 Fatores de risco A ocorrência de Deficiência Intelectual e/ou Múltipla não pode ser caracterizada por uma etiologia específica devido à ocorrência de vários fatores de ordem genética que podem provocar a má formação do desenvolvimento cerebral, porém a sua prevalência está associada às seguintes causas já cientificamente comprovadas conforme demonstram Ke e Liu (2015) apontando que as causas mais comuns da deficiência intelectual podem ser divididas em pré-natal (antes do nascimento); perinatal (durante a gravidez) e pós-natal. Entre as causas pré-natal estão as decorrentes de distúrbios cromossômicos, especificamente a Síndrome de Down e a Síndrome do X Frágil. Outrossim, podem ser originárias de erros inatos do metabolismo (galactosemia; fenilcetonúria; doença de Tay-Sachs; síndromes neurocutâneas, como a esclerose tuberosa e a neurofibromatos); origens genéticas (síndrome Laurence-Moon-Biedl); e influências ambientais adversas (desnutrição; síndrome alcoólica fetal, rubéola, sífilis e outras). Em meio às causas perinatal (durante a gravidez), tem-se os seguintes fatores: problemas na gravidez; gestantes com complicações cardíacas ou renais; diabetes e problemas de disfunção placentária; riscos na hora do parto e traumas de causas neonatais (primeiras semanas de vida) que podem ocasionar septicemia, icterícia grave, hipoglicemia e causas infantis como tuberculose, encefalite japonesa, e meningite bacteriana; trauma craniano; exposição crônica ao chumbo; desnutrição grave e prolongada. (KE e LIU, 2015) Os autores ainda ressaltam que as causas pré-natal, perinatal e pós-natal comumente são associadas a três grupos específicos: orgânico, sociocultural e genético, que envolve a Síndrome de Down ou Trissomia do 21 e o grupo do X Frágil. A Síndrome de Down, conforme descrevem Ke e Liu (2015), está associada a uma anormalidade genética no cromossomo 21, por isto denomina-se também de Trissomia do 21. Em geral, as pessoas com Síndrome de Down apresentam deficiência intelectual do subtipo leve, podendo desenvolver várias habilidades cognitivas e sociais. A Síndrome do X Frágil está relacionada à Síndrome de Martin-Bell e à Síndrome de Escalante e associada também ao autismo. Pode causar deficiência 6 intelectual de subtipo profundo e grave, além de geralmente estar ligada a problemas que causam deficiência física. Sua incidência é maior em meninos. Subtipos de deficiência intelectual Os subtipos de deficiência intelectual são categorizados por meio do Quociente de Inteligência (QI) e envolvem a classificação do desenvolvimento das funções intelectuais e de adaptação social do sujeito. A deficiência intelectual apresenta, dessa forma, os seguintes subtipos, segundo descrevem Ke e Liu (2015): PROFUNDO – QI geralmente inferior a 20; atingindo cerca de 2¢ dos casos de deficiência intelectual. Tem como característica a incapacidade de o sujeito cuidar de si e também está relacionado a problemas da linguagem e emoção limitada. Devido aos problemas de saúde associados a deficiências físicas, há apresentam uma baixa expectativa de vida. GRAVE – QI entre 20 e 34, com prevalência entre 3% a 4% dos casos. Os portadores apresentam atraso no desenvolvimento motor e intelectual e têm vocabulário limitado; a realização de atividades depende da ajuda de outras pessoas. MODERADO – QI entre 35 e 49, representando 12% dos casos de deficiência intelectual. Os portadores têm capacidade de comunicação e autonomia na realização de suas atividades. LEVE – QI entre 50 e 69, refletindo 80% dos casos diagnosticados. Os portadores apresentam boa habilidade comunicativa e possuem capacidade para o desenvolvimento de várias habilidades cognitivas, podendo inclusive ser inseridos em atividades remuneratórias. O diagnóstico da Deficiência Intelectual é dado pela avaliação do QI, considerando-se o limite mínimo 70, e comportamentos de ordem adaptativa, que envolvem uma ou mais áreas descritas por Ke e Liu (2015, p.16), entre elas: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, autodireção, habilidades acadêmicas funcionais, trabalho, lazer, saúde e segurança. 7 3 PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E/OU MÚLTIPLA A escolarização de alunos com deficiência intelectual e/ou múltipla está prevista nas políticas de Educação Especial e nas Diretrizes de Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, devendo ser ofertada preferencialmente em classes regulares. Desse modo, como aponta Pletsch (2014), aos alunos com necessidades educacionais especiais deve ser assegurado o direito a práticas pedagógicas diferenciadas que correspondam a sua capacidade cognitiva e intelectual, e ao mesmo tempo oportunize a aprendizagem dos conteúdos disponibilizados em sala de aula. Tratando-se de alunos com comprometimento intelectual severo ou profundo, em geral o atendimento educacional é realizado em instituições de Educação Especial, comumente na modalidade de Educação de Jovens e Adultos – EJA. Sobre essa questão, Haddad e Di Pierro (apud Campos e Duarte, 2011) ressaltam que há um significativo aumento das matrículas na modalidade de Educação de Jovens e Adultos que enfrenta um novo desafio para além da escolarização de adultos que nunca frequentaram os bancos escolares ou ainda abandonaram a sua trajetória escolar. Atualmente a EJA também atende a alunos que, devido as suas limitações intelectuais e físicas, teriam grandes dificuldades em enfrentar as salas de aulas inclusivas na modalidade regular. Segundo Campos e Duarte (2011) os dados do Inep/MEC no ano de 2009 registraram cerca de 34.730 matrículas na EJA, modalidade Ensino Fundamental, de alunos com algum tipo de deficiência; e 3.255 alunos matriculados na EJA, Ensino Médio. Estes dados apontam para a necessidade da discussão dos processos de ensino-aprendizagem de alunos com deficiência intelectual e/ou múltipla no contexto da Educação de Jovens e Adultos. A aprendizagem do aluno com deficiência intelectual acompanhada de deficiências múltiplas envolve a análise das seguintes etapas de desenvolvimento do sujeito: motor, linguístico; perceptivo e adaptativo (socialização e emoções). Para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem de alunos com deficiência intelectual, Falconi e Silva (2014) elaboraram algumas estratégias 8 que os docentes podem utilizar na sala de aula, considerando o nível cognitivo e as potencialidades do aluno, bem como os seguintes aspectos: – Socioafetivo: criar vínculos afetivos a fim de conquistar a confiança do aluno em relação ao educador e aos colegas; – Linguagem e comunicação: trabalhar a imagem corporal por meio do uso de imitação, sons e figuras; trabalhar conceitos por meio de gestos; utilizar brinquedos e instrumentos sonoros; – Cognitivo: envolve a memória, atenção/concentração e noções de tamanho e permanência. Dessa forma, o professordeve propor atividades que envolvam jogos de memorização, identificação de objetos por intermédio de associação, caixa de estimulação, peças teatrais, leitura de histórias, música, números, grandezas e proporções. – Motricidade: fina (manuseio de objetos, atividades com encaixe, ábacos, identificação de diferentes tamanhos e espessuras); grossa (atividades físicas que oportunizem o desenvolvimento motor). Embora as estratégias apresentadas muitas vezes apresentem-se um pouco infantilizadas para o universo da EJA, é necessário considerar-se que grande parte dos alunos que são atendidos fora do contexto da escola regular, principalmente em escolas especiais, apresenta comprometimentos severos. Isso pressupõe que as atividades devem atender todos os aspectos do aluno, desde a alfabetização, quando necessária, até atividades que envolvem cuidados com a higiene pessoal, mobilidade, reconhecimento de formas, cores e números, noções de espaço e lateralidade. São atividades simples, mas que fazem um grande diferencial na aprendizagem do aluno. 3.1 Avaliação A avaliação da aprendizagem constitui-se como tema recorrente das discussões no contexto educacional, principalmente pelo seu caráter diagnóstico e formativo, sendo caracterizada como: Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista reorientá-la para produzir o melhor resultado possível; por isso, não é classificatória nem seletiva, ao contrário, é diagnóstica e inclusiva. O ato de examinar, por outro lado, é classificatório e seletivo e, por isso mesmo, excludente, já que não se destina à construção do melhor resultado possível; tem a ver, sim, 9 com a classificação estática do que é examinado. O ato de avaliar tem seu foco na construção dos melhores resultados possíveis, enquanto o ato de examinar está centrado no julgamento de aprovação ou reprovação. Por suas características e modos de ser, são atos praticamente opostos; no entanto, professores e professoras, em sua prática escolar cotidiana, não fazem essa distinção e, deste modo, praticam exames como se estivessem praticando avaliação. (LUCKESI, 2002, p.82) Para Kraemer (2005) a avaliação no contexto educacional brasileiro constitui-se como um elemento da organização escolar e pedagógica, sendo o principal elemento de sustentação para justificar-se o fracasso escolar. A avaliação ainda caracteriza-se como um conjunto de práticas que objetiva analisar sob diversos enfoques o processo de ensino-aprendizagem. Luckesi (2002) categoriza que exame escolar e avaliação escolar apresentam características diferenciadas, sendo que o primeiro apresenta propriedades específicas devido à necessidade de apresentação do desempenho final do educando. Já a segunda demonstra uma pontualidade desvinculada do processo de aprendizagem, embora seja classificatória categorizando os alunos em aprovados/reprovados, apresentando-se ainda como excludente e seletiva. Embora o autor reconheça a utilidade e a necessidade dos exames nas situações que exigem classificação, como os concursos, e naquelas que requerem certificação de conhecimentos, para ele, a sala de aula é o lugar onde, em termos de avaliação, deveria predominar o diagnóstico como recurso de acompanhamento e reorientação da aprendizagem, em vez de predominarem os exames como recursos classificatórios (LUCKESI apud CHUEIRI, 2008, p.54). Quanto à avaliação, Luckesi (2002) descreve as seguintes características: a avaliação apresenta resultados provisórios, isto é o desempenho alcançado pelos alunos não é definitivo e pode ser revisto ao longo do processo de aprendizagem; a avaliação é processual à medida que o aluno absorve os conteúdos e constrói seu conhecimento; é diagnóstica, pois não se caracteriza por um processo único, ou seja, não é pontual; é inclusiva a medida que considera em seu processo as especificidades de aprendizagem dos educandos. Sobre esta questão cabe citar que: Ou seja, à avaliação interessa o que estava acontecendo antes, o que está acontecendo agora e o que acontecerá depois com o educando, na medida em que a avaliação da aprendizagem está a serviço de um projeto pedagógico construtivo, que olha para o ser humano como um ser em desenvolvimento, em construção permanente. Para um verdadeiro processo de avaliação, não interessa a aprovação ou reprovação de um educando, mas sim sua aprendizagem e, consequentemente, o seu crescimento; daí 10 ela ser diagnóstica, permitindo a tomada de decisões para a melhoria; e, consequentemente, ser inclusiva, enquanto não descarta, não exclui, mas sim convida para a melhoria. (LUCKESI, 2002, p.83) Kraemer (2005) aponta que no atual contexto educacional a avaliação deve ser considerada a partir das seguintes funções: diagnóstica, formativa e somativa conforme demonstrado no quadro abaixo: Quadro 1 – Características das funções de avaliação FUNÇÃO CARACTERÍSTICAS D ia g n ó s ti c a Proporciona informações acerca das capacidades do aluno antes de iniciar um processo de ensino/aprendizagem. Busca a determinação da presença ou ausência de habilidades e pré-requisitos, bem como a identificação das causas de repetidas dificuldades na aprendizagem. A avaliação diagnóstica pretende averiguar a posição do aluno em face de novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e a aprendizagens anteriores que servem de base àquelas, no sentido de obviar as dificuldades futuras e, de resolver situações presentes. F o rm a ti v a Permite constatar se os alunos estão atingindo os objetivos pretendidos, verificando a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das atividades propostas. Representa o principal meio através do qual o estudante passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo para um estudo sistemático dos conteúdos. Estes mecanismos permitem que o professor detecte e identifique deficiências na forma de ensinar, possibilitando reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoa-lo. S o m a ti v a Pretende determinar o grau de domínio do aluno em uma área de aprendizagem, o que permite outorgar uma qualificação que, por sua vez, pode ser utilizada como um sinal de credibilidade da aprendizagem realizada. Pode ser chamada também de função creditativa. Também tem o propósito de classificar os alunos ao final de um período de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento. A avaliação somativa pretende ajuizar do progresso realizado pelo aluno no final de uma unidade de aprendizagem, no sentido de aferir resultados já colhidos por avaliações do tipo formativa e obter indicadores que permitem aperfeiçoar o processo de ensino. Fonte: KRAEMER, 2005, p.03 11 A partir das explanações acerca das funções avaliativas, pode-se perceber que a avaliação diagnóstica apresenta como objetivo principal a identificação das potencialidades e dificuldades do educando, posto que apresenta um caráter preventivo, já que possibilita a identificação precoce das dificuldades de aprendizagem. No caso da avaliação formativa, sua principal característica é a relação entre os processos de ensino e aprendizagem, por meio de feedbacks contínuos a respeito de práticas pedagógicas que possibilitam o aprimoramento do processo de ensino viabilizado por atividades planejadas, com o objetivo de eliminar as dificuldades apresentadas pelos alunos. Sobre a avaliação somativa, sua principal finalidade é a mensuração dos resultados obtidos pelo aluno, mediante práticas que classificam o nível de aprendizado que tiveram. Cabe ainda ressaltar que a avaliação no contexto escolar deve estar relacionada com a proposta curricular da instituição de ensino, devendo ser planejada e repensada ao longo do processo de aprendizagem do educando. 3.2. Avaliação em Educação Especial Como já discorrido,a avaliação tem diferentes funções e deve estar relacionada com o propósito educacional de cada instituição escolar. Porém, tratando-se da Educação Especial, especificamente a modalidade de Educação de Jovens e Adultos – EJA, os propósitos diferenciam-se devido à especificidade de aprendizagem dos educandos. Dessa forma, cabe salientar que o processo avaliativo nesse contexto apresenta como fundamento a seguinte premissa: A avaliação, enquanto processo, tem como finalidade uma tomada de posição que direcione as providências para a remoção das barreiras identificadas, sejam as que dizem respeito à aprendizagem e/ou à participação dos educandos, sejam as que dizem respeito a outras variáveis extrínsecas a eles e que possam estar interferindo em seu desenvolvimento global. (BRASIL, 2006, p.15) Tratando-se especificamente desta clientela, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial Básica (BRASIL, 2001) recomendam que a avaliação tenha como propósito a identificação das necessidades de atendimentos específicos dos educandos, devendo relegar-se o diagnóstico a segundo plano, considerando-se as potencialidades de aprendizagem dos sujeitos. Tais argumentos são referenciados 12 no documento “Saberes e práticas da inclusão: avaliação para identificação das necessidades educacionais especiais” (BRASIL, 2006b), que propõe: Conhecer, compreensivamente, as características dos avaliados irá contribuir para que as decisões acerca do planejamento educacional incluam todas as providências que permitam a remoção de barreiras para a aprendizagem e para a participação. Finalmente, os dados do processo de avaliação servirão para acompanhar os progressos dos alunos, comparando-o com ele mesmo. A avaliação dos progressos dos avaliados está intimamente ligada à oferta educativa, nela incluídos os apoios de que necessita. Os eixos de análise ampliam-se. Além do rendimento- entendido como o que o aluno aprendeu na escola consideram-se todas as suas aquisições, as conquistas que fez, o desenvolvimento de suas habilidades, independentemente de que as tenha logrado na escola ou fora dela. (BRASIL, 2006b, p.31) A avaliação da aprendizagem do aluno com deficiência intelectual/múltipla no contexto da EJA deve ser considerada como observa Magalhães (2013) a partir da observação de alguns fatores como as potencialidades de desenvolvimento motor, grau de desenvolvimento linguístico, socialização, atividades motivadoras e temporalidade, observáveis através da análise de três elementos: o conhecimento intrínseco ao sujeito decorrente das suas experiências escolares e vivenciais; os conteúdos programáticos denominados de objetos de conhecimento e a mediação dos educadores. Sobre esta questão cabe salientar que: [...] essa tríade não existe no vácuo, pois a interação entre os elementos ocorre em contextos como as salas de aula, as escolas que, por sua vez pertencem a um sistema educacional de determinada sociedade. (BRASIL, 2006b, p.39) Nesse sentido, pode-se dizer que a aprendizagem é um processo de construção contínua, cujo objetivo da avaliação é mensurar o nível de abstração de conhecimentos absorvidos pelo sujeito durante a sua etapa de escolarização. Para este fim, pode-se utilizar a Matriz Curricular de Referência para o Sistema de Avaliação de Educação Básica – SAEB (BRASIL, 2006), que permite que estas características sejam analisadas em três níveis diferentes: básico, operacional e global. 13 Quadro 2 – Fatores para análise de níveis de desenvolvimento N ív e l b á s ic o Encontram-se as ações mentais que possibilitam a apreensão das características e propriedades dos objetos, propiciando a construção de conceitos. Citam-se como exemplos de competências nesse nível: observar para levantar dados; identificar, reconhecer, indicar, apontar, dentre diversos objetos, aquele que corresponde a uma descrição; localizar um objeto descrevendo sua posição; N ív e l o p e ra c io n a l As competências traduzem-se por ações mentais coordenadas que pressupõem o estabelecimento de relações entre os objetos, possibilitando: classificar, organizando objetos de acordo com um critério, incluindo classes e subclasses; seriar, organizando objetos de acordo com suas semelhanças ou diferenças; fazer antecipações sobre o resultado de experiências; justificar acontecimentos; N ív e l g lo b a l Encontram-se ações e operações mentais mais complexas que exigem a aplicação dos conhecimentos a situações diferentes e à resolução de problemas inéditos. As seguintes competências, à guisa de exemplos, inserem-se no nível global: analisar determinados objetos com base em princípios, valores; explicar causas e efeitos de determinados fatos e fenômenos; fazer generalizações a partir de leis ou de relações descobertas ou estabelecidas em situações diferentes. Fonte: BRASIL, 2006b, p.36 A análise destes níveis de desenvolvimento do educando tem por objetivo nortear o trabalho do professor em relação ao aluno no âmbito da Educação Especial, pois se consolidam como variáveis que oportunizam a organização de conteúdos e de instrumentos avaliativos como questionários, fichas de observação, entrevistas, relatórios, análise das atividades escolares e análise documental. Contudo, salienta-se que a aplicabilidade destes deve ser uma prática contínua, objetivando a mensuração do nível de abstração de conhecimentos absorvidos pelo sujeito durante a sua etapa de escolarização. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS O projeto de pesquisa do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE abrange a linha de pesquisa Avaliação para identificação das necessidades educacionais especiais como mais um recurso para construção do processo de aprendizagem e tem como objetivo analisar os instrumentos avaliativos para alunos com Deficiência Intelectual e/ou Múltipla matriculados na modalidade de Educação 14 de Jovens e Adultos da Escola de Educação Básica Edvair José Leme de Campos, na Modalidade de Educação Especial, no município de Araucária-Paraná. Para tanto, participaram do projeto 05 docentes que atuam na modalidade da EJA. O trabalho foi desenvolvido juntamente com docentes da referida instituição, com vistas a desenvolver discussões acerca do processo avaliativo voltado para esses sujeitos, tomando como objeto de estudo os instrumentos avaliativos utilizados por eles. Inicialmente, disponibilizou-se a cada participante um pendrive com o material referencial (vídeos e textos), para ser utilizado durante o período de aplicação da proposta. Na primeira etapa ocorreu a oficina 1, na qual discutiu-se o material produzido no Caderno PDE, páginas 03-13, que apresenta uma breve contextualização da Educação Especial e dos principais conceitos acerca da Deficiência Intelectual/Múltipla. Nessa oportunidade também foi apresentado o vídeo “Convivendo com as diferenças” que traz uma breve contextualização sobre os vários tipos de deficiências. Após a leitura do material e a apresentação do vídeo, foi proposta uma discussão acerca da concepção de Educação Especial e a relação com o contexto vivencial dos educadores, discutindo-se também as principais características do aluno com Deficiência Intelectual/Múltipla no contexto da EJA. Finalizou-se a atividade com a distribuição de um questionário contendo as seguintes perguntas: Questão 1: Qual a sua concepção sobre deficiência intelectual e/ou múltipla? Professora 1: Acredito que cada estudante com diagnóstico de DI, quando estimulado, consegue desenvolver as atividades do cotidiano e com certeza cada um possui uma área em que se destaca. Professora 2: A deficiência intelectual ou múltipla impõe ao aluno muitas limitações, tanto na aprendizagem quanto na sua inserção na sociedade. Porém, é necessário compreender que com alguns estímulos estes sujeitos podem desenvolveralgumas atividades e até, dependendo do grau de comprometimento, podem se inserir no mercado de trabalho. Mas isto é bastante raro, devido à falta de socialização, de estímulo da família e do preconceito social. Professora 3: Acreditar no potencial, de acordo com a limitação de cada um, entendendo que a deficiente intelectual ou múltipla tem capacidade de aprender mediante estímulos e respeito a sua temporalidade. 15 Professora 4: Acreditar que o deficiente, mesmo com todos comprometimentos intelectuais, físicos e muitas vezes com agravantes de outros problemas sociais, tem potencialidades que devem ser exploradas através de atividades que sejam coerentes com o seu grau de desenvolvimento. Professora 5: A deficiência intelectual e múltipla é uma série de comprometimentos que impossibilitam o aluno se desenvolver em algumas áreas, principalmente linguagem e raciocínio lógico, mas com atividades diferenciadas é possível que o mesmo desenvolva algumas habilidades intelectuais e motoras. Questão 2: Você possui especialização em Educação Especial? Possui cursos específicos sobre deficiência intelectual/múltipla? Em relação ao primeiro questionamento, sobre especialização na área de Educação Especial, todos os respondentes afirmam terem esta modalidade de capacitação, porém ressaltaram não haver oferta de cursos específicos sobre a deficiência intelectual/múltipla pelo Estado, sendo que apenas 02 possuem cursos específicos na área. Questão 3: Qual a maior dificuldade em relação ao trabalho em sala de aula com esses educandos? De forma geral, os docentes apontaram que são as limitações dos alunos em relação à aprendizagem. Ressaltaram ainda a questão diagnóstica, que exige a adaptação dos recursos em sala de aula. Outra especificidade apontada foi a multiplicidade de problemas apresentados pelos alunos que devem ser trabalhados individualmente, porém como a EJA funciona em classe regular, é necessário adaptar as atividades para que estas contemplem a aprendizagem de forma coletiva. Questão 4: Qual a sua expectativa em relação à aprendizagem dos alunos atendidos? Entre as respostas dadas, 03 respondentes apontaram a questão da necessidade de estímulo permanente para que o aluno desenvolva as suas potencialidades. Outro professor colocou a seguinte resposta: “[...] na área de conhecimento de ciências, a dificuldade dos alunos é reconhecer seu corpo e também desenvolver hábitos de higiene”; já outra respondeu que sendo o aluno “[...] um sujeito único, a expectativa é 16 a de desenvolver sua autonomia, melhorar sua autoestima, auxiliando-o a realizar uma leitura de mundo”. Em relação à questão 1, pode-se perceber que parte dos docentes enfatiza a questão das potencialidades dos educandos, sendo que demonstram conhecimento básico sobre a concepção acerca da deficiência intelectual/múltipla. No que tange à segunda pergunta, todos afirmaram possuir especialização, porém sabe-se da necessidade, como afirmado nas respostas, de oferta de cursos de capacitação específicos, entendendo-se desta forma a amplitude da área de Educação Especial. As questões 3 e 4 são complementares, posto que as docentes relataram em ambas a necessidade de se ofertarem atividades diferenciadas aos educandos, com o objetivo de desenvolver as suas potencialidades; também há citam as particularidades dos alunos. Na segunda etapa da aplicação do projeto, os docentes realizaram previamente a leitura do texto “Avaliação em Educação Especial: o ponto de vista do professor de aluno com deficiência” (OLIVEIRA, A. A. S. e CAMPOS, T. E. Estudos em Avaliação Educacional, v. 16, n. 31, jan./jun. 2005) e da concepção de avaliação proposta no Projeto Político Pedagógico da instituição. A solicitação prévia do material deu-se pela necessidade de antecipação dos temas a serem discutidos no encontro. A respeito da concepção de avaliação proposta no PPP da referida instituição, na modalidade da EJA, consta que: A avaliação do aproveitamento escolar deverá ser processual, diagnóstica e descritiva prevista no Projeto Político Pedagógico da Escola. Todas as atividades pedagógicas deverão ser registradas em Livro de Registro próprio e serão analisadas qualitativamente a aquisição dos conhecimentos e informações decorrentes dos conteúdos curriculares (leitura, escrita e capacidade de resolução de problemas); deverá considerar também o ritmo, estilo e estratégias de aprendizagem de cada educando, bem como o desenvolvimento das habilidades, interesses, atitudes, hábitos de estudo, ajustamento pessoal, afetivo e social e a funcionalidade adaptativa, registrando em relatórios semestrais. O tempo de permanência do educando nessa modalidade dependerá de seu desenvolvimento acadêmico e os ajustes da temporalidade deverão ser realizados de acordo com as necessidades educacionais de cada um. (ARAUCÁRIA, 2015, p.31) As discussões sobre o texto apresentado remeteram-se à análise dos dados obtidos pela pesquisa realizada pelos autores, que apresenta os principais desafios 17 apontados por professores atuantes na rede de Educação Especial da cidade de Marília-SP. Esses docentes indicaram as principais dificuldades em relação ao processo avaliativo de alunos com deficiências. Os docentes participantes do projeto de intervenção realizaram um debate sobre as questões levantadas no texto, relacionando-as com os seus desafios educacionais diários. Na análise do PPP foi levantada a preposição que a avaliação é contínua, processual e diagnóstica, sendo ressaltado que o processo de ensino- aprendizagem dos alunos é construído diariamente e as progressões são consideradas como requisitos para a continuidade dos conceitos a serem desenvolvidos. A última etapa do projeto envolveu a aplicação do Referencial sobre Avaliação da Aprendizagem na Área da Deficiência Intelectual, documento formulado pela Secretaria de Educação Especial do Estado de São Paulo, que possibilita aos docentes analisarem de forma mais precisa a progressão da aprendizagem dos educandos, apresentando como pressuposto a seguinte colocação: Os instrumentos de avaliação devem informar o desenvolvimento atual da criança, a forma como ela enfrenta determinadas situações de aprendizagem, os recursos e o processo que faz uso em determinada atividade. Conhecer o que ela é capaz de fazer, mesmo que com a mediação de outros, permite a elaboração de estratégias de ensino próprias e adequadas a cada aluno em particular (OLIVEIRA e CAMPOS, 2005). No entanto, a avaliação da aprendizagem do aluno com deficiência intelectual tem se caracterizado como um processo complexo devido às especificidades de suas necessidades e de seu desenvolvimento, muitas vezes, bastante diferenciado. As características específicas de alguns quadros de deficiência dificultam a avaliação pedagógica e o estabelecimento das adequações ou adaptações necessárias para se garantir a escolaridade desse aluno. (SÃO PAULO, 2008, p.11) Os docentes escolheram como proposta para análise as áreas de Matemática, Ciências, História, Geografia e Língua Portuguesa. Cabe ressaltar que o referencial adotado tem como foco o Ensino Fundamental, tendo sido adaptado de acordo com a clientela atendida na escola de aplicação. Para fins de análise os docentes escolheram três alunos, sendo que foram usados os Indicadores Avaliativos (quadro 3) como norteadores das habilidades dos educandos. Para averiguação dos conteúdos apreendidos por eles, utilizou-se o Quadro Referencial de Avaliação (anexo 1). 18 Quadro 3 - INDICADORES AVALIATIVOS Percepção Percepção visual Observar se é capaz de distinguir diferenças e semelhanças em objetos, desenhos, entre letras e números. Percepção Espacial-geral Observar se é capaz de perceber distanciamento, posicionamento, espessura, tamanho e direções. Organização pessoal eespacial do aluno em relação ao ambiente. Motricidade Esquema corporal Observar condições de equilíbrio motor, a capacidade de aplicar conceitos espaciais e de lateralidade em seu próprio corpo, se é capaz de reproduzir estruturas rítmicas Coordenação grafomanual Observar a qualidade dos traçados realizados com instrumentos grossos e finos, representação gráfica esquemática ou reconhecível. Desenvolvimento Verbal Compreensão verbal Compreensão de diálogo, entendimento das palavras e seus significados aplicados, definição de palavras por suas características, compreensão do significado de uma leitura oral de um texto ou explicação. Raciocínio verbal Compreensão de relações de igualdade e diferença entre duas ou mais palavras, compreende relações entre o essencial e secundário num texto ou numa história. Fluência verbal Faz relatos do cotidiano ou de histórias com sequência lógica e compreensiva, inventa frases, descreve cenas, faz narrativas orais, manifesta e explica seus pensamentos ou ideias. Áreas mnemônicas Memória visual Reconhece lugares conhecidos e desconhecidos, reconhece itinerários de seu cotidiano, lembra-se de narrativas e reconta histórias oralmente, repete uma sequência de palavras significativas. Memória verbal e numérica Relata coisas que fez durante o dia em sequência temporal correta, é capaz de dar recados em ambiente familiar ou escolar, repete frases complexas, reconhece datas significativas como: aniversário, páscoa e natal. Sabe dizer a sua idade e reconta contos e histórias com suas próprias palavras. Desenvolvimento socioemocional Observar Integração ao grupo, aspectos de colaboração e atividades no grupo, timidez excessiva, estado emocional, reação à frustrações, enfrentamento de medos e inseguranças. Fonte: São Paulo, 2008, p.62 19 Na análise da área de Matemática, os conteúdos referem-se aos eixos: números, resolução de problemas; espaço e formas. Na avaliação, chegou-se à seguinte conclusão: todos os alunos realizam sozinhos a leitura e escrita numérica de 01 até 10; no quesito de classificação (maior, menor, crescente e decrescente), apenas um consegue realizar, com ajuda, problemas envolvendo estes conteúdos, sendo que dois apresentam dificuldades nesta área; em relação a operações numéricas (adição e subtração), os alunos conseguem, com ajuda, realizar operações envolvendo apenas operações simples, pois necessitam de ajuda de material como ábaco; na relação das figuras geométricas todos conseguem realizar reconhecimentos envolvendo quadrado e redondo, apresentando maiores dificuldades em relação a outras figuras. Na disciplina de Língua Portuguesa, os conteúdos correspondem aos eixos: leitura, escrita e produção de textos. Quanto à escrita, todos os alunos conseguem escrever o nome, sendo que as docentes colocaram que alguns já conseguem realizar pequenas produções textuais, e que todos escrevem com caixa alta; na interpretação textual, dois alunos conseguem relacionar texto e contexto (título, personagens, figuras) com apoio. Nos conteúdos de Ciências os eixos pertencem às categorias: saúde, natureza e sociedade. Pertinente aos conteúdos de saúde, estes se encontram relacionados às questões de higiene, conteúdo constantemente retomado devido às limitações dos alunos no tocante à prática de banho, escovação e troca de roupas. Entre os três alunos, apenas um demonstra autonomia nesse requisito; quanto aos outros, é necessário a retomada constante em relação ao tema. Esta é uma característica de boa parte dos alunos adultos, que muitas vezes têm resistência em relação às práticas de higiene, e este trabalho é reforçado pela escola. Sobre os fenômenos naturais, todos reconhecem as variações de tempo e temperatura. Na categoria a respeito da identificação de materiais e objetos industrializados, também é necessária a retomada diária, evitando, assim, acidentes domésticos ligados à ingestão de produtos ou mesmo à inalação de produtos tóxicos. O eixo Natureza e Sociedade também compõe a área de Geografia e História. Em Geografia, procurou-se avaliar a questão de localização e paisagens do cotidiano. Todos os alunos conseguem realizar uma breve descrição entre o trajeto de casa e da escola, conseguindo fazer o desenho do itinerário; apresentam 20 facilidade em compreender as localizações dentro e fora, baixo e cima. Esta facilidade deve-se às brincadeiras realizadas como lenço atrás, galinha choca e outras que oportunizam o desenvolvimento dessas habilidades de localização. Em relação ao desenho de paisagens do cotidiano, os alunos conseguem realizá-lo com apoio direcionado. Na disciplina de História, os conteúdos referem-se ao tempo histórico, por isso foram avaliadas questões como datas comemorativas, festas e atividades realizadas com calendário. Os alunos têm boa percepção dessas noções, posto que, por exemplo, as datas comemorativas são estimuladas na escola por meio de atividades diferenciadas. Os conteúdos escolhidos pelos docentes, como descrito por eles próprios, têm relação com a avaliação diária de sua aprendizagem, sendo que o planejamento é flexível e adaptado ao longo do período letivo e tem como objetivo o desenvolvimento da autonomia, da socialização e, principalmente, das competências que promovam a sua independência enquanto sujeito. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento do projeto foi bastante gratificante, pois oportunizou discutirem-se tópicos que muitas vezes acabam sendo deixados de lado na prática diária da escola, devido às limitações de estrutura e tempo dos docentes para organizar-se em grupos para esses momentos pedagógicos. As atividades realizadas consolidaram-se dentro do cronograma estipulado e os resultados foram além do esperado, pois houve reciprocidade dos docentes na leitura dos textos e na aplicação dos instrumentos avaliativos. Pode-se considerar que as aplicações dos indicadores avaliativos correspondem à realidade da EJA, pois os alunos apresentam diferenciações nos níveis de aprendizado e as atividades acabam sendo adequadas a cada um, o que reflete o caráter de especificidade da Educação Especial. Particularmente sobre a avaliação no âmbito da Educação Especial, é necessário compreender que o processo caracteriza-se como um processo complexo, exigindo, dessa forma, que o docente tenha conhecimento das necessidades e do nível de desenvolvimento de cada educando atendido, já que, 21 diferentemente do ensino regular, é necessário que os planejamentos sejam individualizados com vistas a atender a singularidade de cada sujeito. REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. P. et.al. 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Vivencia em grupo e percebe com ajuda, situações-problema que envolve relações entre números (maior, menor, crescente, decrescente), Vivencia e resolve situações- problema, envolvendo operações matemáticas (adição e subtração) Relacionar com orientação direta as figuras geométricas Área de conhecimento: Língua Portuguesa Expectativas de aprendizagem Realiza Realiza parcialmente Realiza com ajuda Não realiza Escreve seu próprio nome a partir do modelo (ficha) Realizar produções de escrita através de hipóteses iniciais do sistema de escrita Distingue as letras do alfabeto Realiza a leitura do texto com apoio Produz texto a partir de uma referência textual sem apoio Área de conhecimento: Ciências Expectativas de aprendizagem Realiza Realiza parcialmente Realiza com ajuda Não realiza Identifica, no ambiente conhecido, diferentes recursos naturais (água, ar, vento, solo, calor e luz solar) por meio de observações diretas, fotos e ilustrações, e sob orientação do professor Identifica responsabilidades para a manutenção do ambiente saudável em locais de uso individual e coletivo Identifica no ambiente próximo (sala de aula, escola, casa) diferentes elementos tanto do mundo natural como construídos pelo ser humano. Observa e identifica no ambientepróximo (materiais, equipamentos, objetos e produtos industrializados), reconhecendo 25 diferentes funções, usos e localização. Valorizar atitudes de higiene promovendo a saúde individual e dos grupos a que pertencem (sala de aula, escola e casa). Área de conhecimento: Geografia Expectativas de aprendizagem Realiza Realiza parcialmente Realiza com ajuda Não realiza Percebe e registra com ajuda, os percursos diários, entre a casa e a escola Localiza com ajuda, nos desenhos dos trajetos, informações como pontos de referência de seu bairro Desenvolve através de vivências e orientações diretas, noções de localização espacial (dentro e fora, ao lado, entre), e orientação (esquerdo e direito) Observa e desenha objetos em diferentes posições: verticais (de cima para baixo), laterais e frontais Descreve e desenha os objetos e fenômenos observados nas paisagens do cotidiano Área de conhecimento: História Expectativas de aprendizagem Realiza Realiza parcialmente Realiza com ajuda Não realiza Utiliza em atividades de grupo e com ajuda dos colegas, medições e marcadores de tempo cronológico nas suas relações com acontecimentos vividos para apreender noções de tempo vivido Vivenciar as formas de convívio social compartilhadas nas brincadeiras e festas em diferentes tempos Reconhece mudanças e permanências em hábitos culturais vividos no decorrer de determinado tempo (semana, mês) Reconhece mudanças e permanências dos acontecimentos ao longo do ano Marca através de orientação do professor, os diferentes momentos da vida doméstica e da classe no que se refere às festas, brincadeiras e jogos, utilizando marcadores de tempo
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