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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/360194192 Semiologia oftálmica veterinária: Revisão Article in PubVet · April 2022 DOI: 10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 CITATIONS 0 READS 36 10 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: ULTRASOUND View project Veterinary Neuropathology View project Ana Luiza Nunes Galdino Universidade Federal do Acre 5 PUBLICATIONS 0 CITATIONS SEE PROFILE Soraia Souza Universidade Federal do Acre 38 PUBLICATIONS 94 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Soraia Souza on 08 August 2022. 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Rio Branco – AC. Brasil. 2Professor da Universidade Federal do Acre- UFAC, Departamento de Medicina Veterinária. Rio Branco – AC. Brasil. 3Professora da Universidade Federal do Paraná UFPR, Departamento de Medicina Veterinária. Curitiba - PR. Brasil. *Autor para correspondência, E-mail: brenda.bastos@sou.ufac.br Resumo. A semiologia é a área de estudo que provê a metodologia do exame clínico, interpreta sintomas e reúne elementos necessários para o diagnóstico e a evolução do caso de um animal enfermo. Nos últimos anos, com o avanço de técnicas e publicações de estudos na área de oftalmologia, possibilitou-se grandes conquistas nesta especialidade veterinária, permitindo assim a identificação precoce de doenças oculares. Apesar de médicos veterinários utilizarem tecnologia especializada, um exame oftálmico pode ser realizado com o uso de equipamentos simples e de forma completa. Objetivou-se com este trabalho realizar um levantamento bibliográfico acerca da semiologia oftálmica em animais domésticos, destacando pontos cruciais na realização do exame oftálmico, tais como instrumentação utilizada, técnicas diagnósticas, principais testes utilizados e particularidades do sistema visual dos animais domésticos. A abordagem diagnóstica em oftalmologia deve ser realizada de forma metódica. A anamnese, a inspeção visual e os principais testes e exames adotados são indispensáveis à condução do caso clínico e ao sucesso da abordagem terapêutica. Conclui-se, então, que é de suma importância a realização de trabalhos com a temática de semiologia oftálmica veterinária, auxiliando profissionais no exame clínico e, posteriormente, no diagnóstico e tratamento adequado. Palavras-chave: Animais, oftalmologia, propedêutica Veterinary ophthalmic semiology: Review Abstract. Semiology is the field of study that provides the methodology of clinical examination, interprets symptoms and gathers elements necessary for the diagnosis and evolution of the case of a sick animal. In recent years, with the advancement of techniques and publications of studies in the field of ophthalmology, great achievements have been made in this veterinary specialty, thus allowing the early identification of eye diseases. Although veterinarians use specialized technology, an eye exam can be fully performed with the use of simple equipment. The objective of this work was to carry out a bibliographical survey about ophthalmic semiology in domestic animals, highlighting crucial points in the performance of the ophthalmic examination, such as instrumentation used, diagnostic techniques, main tests used and particularities of the visual system of domestic animals. The diagnostic approach in ophthalmology must be carried out methodically. The anamnesis, visual inspection and the main tests and exams adopted are essential for conducting the clinical case and for the success of the therapeutic approach. It is concluded, then, that it is of paramount importance to carry out works with the theme of veterinary ophthalmic semiology, assisting professionals in the clinical examination and, subsequently, in the diagnosis and proper treatment. Keywords: Animals, ophthalmology, propaedeutics https://doi.org/10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 http://www.pubvet.com.br/ mailto:brenda.bastos@sou.ufac.br http://lattes.cnpq.br/4036175473178259 https://orcid.org/0000-0003-2641-7544 http://lattes.cnpq.br/3837896971486441http://lattes.cnpq.br/4351195007259779 http://lattes.cnpq.br/3704557269799089 http://lattes.cnpq.br/5459838333035461 http://lattes.cnpq.br/0959632660168805 http://lattes.cnpq.br/9670585762676329 http://lattes.cnpq.br/3745853479936045 http://lattes.cnpq.br/1125581925806977 http://orcid.org/0000-0002-5080-7799 http://lattes.cnpq.br/0089650879670803 https://orcid.org/0000-0002-2673-2264 Bastos et al. 2 PUBVET DOI: 10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 Introdução Na Medicina Veterinária, a especialidade de oftalmologia exige que o clínico geral, além de contar com conhecimentos anatomofisiológicos do sistema visual dos animais deve associar a capacitação técnica para a realização de um exame oftalmológico acurado (Feitosa, 2014). Nos últimos anos, com o avanço de técnicas e publicações de estudos na área de oftalmologia, possibilitou-se grandes conquistas nesta especialidade veterinária, permitindo assim a identificação precoce de doenças oculares (Leite et al., 2013). O exame oftálmico deve ser executado de maneira metódica, sempre associando os sinais clínicos à história clínica do animal. Para obter o diagnóstico oftálmico preciso é necessária a conciliação de boa base teórica em oftalmologia, habilidade com a instrumentação e investigação minuciosa da manifestação clínica em questão (Peiffer & Petersen-Jones, 2001). O processo de envelhecimento dos animais domésticos leva a diversas alterações e patologias nos componentes oculares, principalmente nas estruturas da retina e cristalino. Dessa forma, o oftalmologista veterinário deve buscar alternativas terapêuticas, visto que muitas dessas enfermidades não possuem tratamento e muitas vezes sua evolução é muito rápida, a exemplo da esclerose nuclear (Souza et al., 2016). Para o aperfeiçoamento dessa abordagem, é necessária a compreensão da epidemiologia das oftalmopatias para adoção de medidas profiláticas (Oliveira et al., 2014). Objetivou-se com este trabalho realizar um levantamento bibliográfico acerca da semiologia oftálmica em animais domésticos, destacando pontos cruciais na realização do exame oftálmico, tais como instrumentação utilizada, técnicas diagnósticas, principais testes utilizados e particularidades do sistema visual dos animais domésticos. Conceitos de semiologia e oftalmologia A semiologia é a área de estudo que provê a metodologia do exame clínico, interpreta sintomas e reúne elementos necessários para o diagnóstico e a evolução do caso de um animal enfermo. A palavra semiologia vem do grego, sēmeîon (sintomas/sinais) e logía (ciência/estudo) (Feitosa, 2014). É subdividida em Semiotécnica, que se trata do uso de recursos para avaliar o paciente, sejam os humanos como olhos, olfato, tato e audição ou exames modernos como diagnóstico por imagem, exames gráficos, entre outros. A semiotécnica pode ainda ser dividida em física, determinando alterações anatômicas por meios físicos; funcional, determinando alterações funcionais por meio de registros gráficos; e experimental, a qual promove alterações orgânicas para comprovar o diagnóstico. A clínica propedêutica é a reunião dos dados obtidos no exame do animal, a partir dele o médico veterinário fará a interpretação e análise para o diagnóstico (Feitosa, 2014). E a Semiogênese, a qual objetiva a busca para explicar os mecanismos pelos quais os sintomas aparecem e se desenvolvem (Feitosa, 2014). A oftalmologia é o estudo dos olhos, um órgão sensorial que está constantemente recebendo informações externas para o sistema nervoso central (Junqueira & Carneiro, 2013). Conceitos gerais sobre anatomia ocular A visão é baseada em um processo complexo, o qual envolve todas as estruturas oculares, inclusive componentes anexos, assim como diversas regiões do encéfalo (Köning & Liebich, 2011). Embora a visão possa ser dividida em componentes individuais, a experiência visual plena é dotada de uma síntese de todas essas partes em uma percepção unificada da realidade (Maggs et al., 2017). O bulbo ocular é composto por três túnicas delgadas que o envolvem em seu interior, são elas: túnica fibrosa, túnica vascular e túnica interna. A túnica fibrosa é composta de tecido colágeno que contribui amplamente na morfologia ocular. Essa região é formada por duas estruturas denominadas esclera e córnea. Essas unem-se em uma região denominada limbo. A túnica vascular é composta de tecido conectivo, fibras elásticas e é altamente vascularizada é formada por três componentes: coroide, o corpo ciliar e a íris. E por fim, a túnica interna é caracterizada pela retina (Köning & Liebich, 2011). Esclera A esclera é a face posterior e opaca da túnica fibrosa, consiste em uma densa rede de fibras colágenas e elásticas, geralmente brancas, podendo apresentar tonalidade azulada ou cinza (Dyce et al., 2004). Na Semiologia oftálmica veterinária 3 PUBVET v.16, n.04, a1082, p.1-18, Abr., 2022 junção entre a córnea e a esclera, a face interna escleral possui o anel da esclera, onde é fixado o músculo ciliar. Enquanto que a face externa possui o sulco da esclera. O seio venoso escleral, entre a face interna e externa, é o local responsável por drenar o humor aquoso, importantíssimo para a regulação da pressão ocular. No caso de obstrução da passagem do humor, ocorre o aumento da pressão intraocular, condição que pode levar ao glaucoma (Köning & Liebich, 2011). Córnea A córnea é uma estrutura transparente que permite a passagem de luz pelo globo ocular (Sanchez et al., 2020). Caracteriza-se por ser uma estrutura avascular. Sua nutrição é fornecida pelos vasos sanguíneos presentes no limbo e de regiões adjacentes da câmara anterior (Junqueira & Carneiro, 1997). O endotélio da córnea é responsável pela filtração de fluidos excedentes, e quando não há esse processo, há o surgimento de edemas. Apesar de ser avascular, a córnea é extremamente inervada, por esta razão os pacientes demonstram imenso desconforto quando injúrias acometem essa estrutura (Leite et al., 2013). Essas terminações nervosas são essenciais no teste do reflexo corneal, que oclui as pálpebras quando a córnea é tocada. Esse reflexo é muito utilizado no monitoramento de anestesia profunda (Dyce et al., 2004). Coroide A coroide está localizada posteriormente a esclera, a revestindo desde o nervo óptico ao limbo (Dyce et al., 2004). É intensamente pigmentada devido a uma rede de vasos sanguíneos agregada ao tecido conjuntivo (Junqueira & Carneiro, 2013). Ela subdivide-se em quatro lâminas: supracorioide; vascular; corioideocapilar e basilar. Em sua porção dorsal está o tapete lúcido, o qual é celular em carnívoros e fibroso em herbívoros. Essa estrutura é responsável por auxiliar a visão noturna e tem aparência iridescente (König & Liebich, 2011). Corpo ciliar Próximo ao limbo, o corpo ciliar é um segmento espessado da coroide. Sua principal característica é o anel em relevo (Junqueira & Carneiro, 2013). Do corpo ciliar surgem os processos ciliares que convergem em direção à lente, há cerca de 70 a 80 em cães e até mais de 100 em bovinos e equinos. O corpo ciliar, ainda, é um anel simétrico em carnívoros (ou pequenos animais) e assimétrico nos ruminantes e equinos (grandes animais). No corpo há ainda o músculo ciliar que altera seu formato para focar em diferentes distâncias (König & Liebich, 2011). Íris A íris, uma continuação do corpo ciliar, consiste em três camadas: uma camada epitelial na parte posterior da córnea; a segunda camada possui o estroma com dois músculos lisos, esfíncter e dilatador da pupila; e a terceira camada sendo a parte irídica da retina. A íris ainda possui células pigmentadas que podem proteger a retina da luminosidade intensa, além da sua coloração determinar a cor que o olho possui, a depender do número de células pigmentadas presentes (Dyce et al., 2004). Retina A túnica nervosa do bulbo ocular, que contém células fotossensíveis e é conhecida como retina, se tratade um prolongamento do diencéfalo que permanece conectado devido ao nervo óptico, componente do sistema nervoso (Dyce et al., 2004). A retina pode ser dividida em parte cega, que reveste a camada anterior e não apresenta pigmentos, e parte óptica, camada posterior e altamente pigmentada (Junqueira & Carneiro, 2013). Ambas as partes são delimitadas pela chamada ora serrata. Há ainda três neurônios que podem ser encontrados na parte nervosa da retina (Köning & Liebich, 2011). Corpo vítreo O corpo vítreo é a maior estrutura do globo ocular, ocupa cerca de 75% de toda a região. Localiza- se entre a lente (ou cristalino) e a retina. Estão entre suas funções a difusão de nutrientes e a retirada de Bastos et al. 4 PUBVET DOI: 10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 metabólitos tóxicos de outros segmentos do olho (Krishnan et al., 2020). Consiste em um gel viscoelástico incolor que é composto basicamente de água, ácido hialurônico e fibrilas colágenas (Leite et al., 2013). O corpo vítreo é praticamente acelular, mas apresenta uma pequena quantidade de hialócitos, que são capazes de produzir fibras proteicas, essas fibras auxiliam em sua sustentação e determinam sua característica gelatinosa (Köning & Liebich, 2011). Aparelho lacrimal A glândula lacrimal é o principal componente deste sistema, tem aparência em forma de diamante e está localizada na face dorsolateral do globo ocular (Gelatt, 2003; Whitley & Gilger, 2003). As lágrimas fluem sobre a córnea e são drenadas pelo ducto nasolacrimal. O fluxo pleno do filme lacrimal pela córnea é vital para o perfeito funcionamento dessa estrutura (Cunningham, 2011). As glândulas meibomianas (ou glândulas tarsais) são glândulas sebáceas localizadas próxima as pálpebras inferiores, sua principal função é por produzir compostos oleosos presentes na camada lipídica do filme lacrimal, evitando assim que a lágrima evapore facilmente (Kitamura et al., 2020). Exame oftálmico O exame ocular é de imensa gratificação para o médico veterinário que o realiza, pois, a inspeção visual é realizada como em nenhum outro órgão, permitindo até que o diagnóstico clínico seja feito instantaneamente durante a consulta clínica (Gould & McLellan, 2012). A proficiência deste exame é crítica para pacientes, como o gato, que venham a apresentar doenças oculares ou distúrbios sistêmicos. Apesar de médicos veterinários utilizarem tecnologia especializada, o exame oftálmico pode ser realizado com o uso de equipamentos simples e de forma completa (Stiles & Kimmitt, 2016). O exame também pode, inclusive, prover sinais e informações sobre os demais órgãos. Por exemplo, o exame ocular, além de verificar os reflexos neuro oftálmicos também permite a inspeção do nervo óptico. O exame fundico permite a inspeção do sistema cardiovascular pela visualização das veias e artérias. A fundoscopia é uma maneira rápida e de baixo custo capaz de visualizar a possível presença de hipertensão em gatos idosos. Ainda é possível, através de hemorragias da conjuntiva ou da retina, perceber uma coagulopatia sistêmica, além é claro das enfermidades que têm seus sinais oculares no começo da doença, como a catarata para a diabetes mellitus e a icterícia em doenças hepáticas (Gould & McLellan, 2012). Contenção dos animais para a realização dos exames oftalmológicos Para a realização do exame oftálmico os animais devem ser submetidos a uma boa contenção física. É preferível que o tutor o faça para que ele se sinta mais confortável e não o leve a estresse desnecessário (Gould & McLellan, 2012). Considerando a proximidade do animal e o médico veterinário (Figura 1) é recomendável o uso de focinheiras e mordaças, visando a segurança de todos os presentes. Quando o animal é agressivo ou a contenção física não é suficiente, pode-se fazer o uso de contenção química com tranquilizantes ou fenotiazínicos (Feitosa, 2014). No entanto, deve-se levar em consideração os efeitos que a maioria dos medicamentos podem causar, como a alteração da pressão intraocular e dos resultados dos testes lacrimais, assim podem influenciar negativamente o exame oftalmológico (Gould & McLellan, 2012). Dentre os fármacos mais utilizados na contenção química de pequenos animais pode-se destacar a associação de medetomidina ou dexmedetomidina e butorfanol para cães. Em gatos, a combinação de cetamina e midazolam ou medetomidina, cetamina ou opioides pode ser utilizada (Gould & Mclellan, 2012). Em gatos, a contenção física deve ter atenção especial pois estes animais se estressam muito facilmente. Pequenas pausas durante o exame, a presença do tutor e adesão do chamado manejo cat friendly (Figura 2) podem ajudar na realização plena do procedimento (Stiles & Kimmitt, 2016). Semiologia oftálmica veterinária 5 PUBVET v.16, n.04, a1082, p.1-18, Abr., 2022 Figura 1. Realização do exame de biomicroscopia através do uso de lâmpada de fenda, note a proximidade entre o paciente e o médico veterinário. Fonte: Gould & Mclellan (2012). Figura 2. Realização de exame utilizando um oftalmoscópio em gato, sem utilização de demasiada contenção física. Fonte: Stiles & Kimmitt (2016). Ambiente para realização do exame oftálmico Primeiramente, o exame deve começar em ambiente iluminado, para em seguida ser conduzido em ambiente completamente escuro (Martins & Galera, 2011), preferencialmente em sala escura ou box apropriado e luz artificial, dessa forma, haverá menores reflexos interferentes. Em cavalos, uma vez sedado, o examinador pode cobrir a própria cabeça e a do animal com um cobertor ou pano escuro (Maggs et al., 2017). É necessário, também, que o consultório seja silencioso, e no caso do gato a contenção deve ser baixa (a depender do comportamento do animal) e com pequenas pausas entre os procedimentos para que o animal não fique muito estressado (Stiles & Kimmitt, 2016). Para acalmar cães e gatos, também é possível utilizar música no consultório. Cães ficam menos ansiosos ao ouvir música clássica, e gatos podem ficar menos ansiosos e estressados ao ouvir músicas específicas para eles, com vocalizações felinas, mantendo assim um comportamento adequado para o exame clínico (Hampton et al., 2020). Histórico clínico A obtenção da história clínica completa e detalhada é crucial na abordagem e orientação para o diagnóstico oftálmico. O primeiro questionamento é a razão pela qual o tutor encaminhou o animal para o exame, descartando a coleta de dados irrelevantes ao quadro clínico do paciente (Maggs et al., 2017). Na realização da anamnese oftálmica, a princípio deve ser direcionada à queixa principal do animal, sendo pontuados os sinais clínicos, comorbidades, tratamentos anteriores e em curso e cirurgias prévias (Maggs et al., 2017). Fatores como espécie, raça, pelagem e idade, podem ser sugestivos para diagnósticos e diagnósticos diferenciais já que algumas patologias ocorrem com maior frequência em algumas espécies a exemplo da anormalidade do olho do Collie. Alguns padrões raciais podem ser fatores predisponentes, como é o caso de ceratites por exposição em animais braquicefálicos, como os Pugs e Bulldogs (Martins & Galera, 2011). Cães de meia idade ou idosos tendem a ter casuística maior nos casos de ceratoconjuntivite seca, enquanto em animais jovens é observada a incidência da protrusão da glândula da terceira pálpebra (Martins & Galera, 2011). Outro ponto a ser observado é a quantidade de animais que residem no ambiente e se estes têm acesso à rua. Gatos que são contactantes de outros animais apresentam grande potencial de ser acometidos por doenças infecciosas específicas que possuem manifestações clínicas oculares (Gould & McLellan, 2012). Bastos et al. 6 PUBVET DOI: 10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 Ficha oftalmológica Segundo Gould & McLellan (2012), a ficha oftalmológica é essencial na realização da consulta oftálmica. Tal ficha serve para a adoção de uma sequênciacorreta na execução de exames e na obtenção de parâmetros clínicos, sendo, então, especificada para os padrões oculares. A sequência oftalmológica deve ser feita de fora para dentro. Isso ocorre para que não ocorram interferências de um exame no outro. Sendo assim, espera-se que ao final da ficha se obtenha o possível diagnóstico e o protocolo de tratamento. No quadro 1 é possível observar um modelo de ficha oftalmológica adaptado de Feitosa (2014). Quadro 1. Ficha oftalmológica adaptada de Feitosa (2014). Nome do Animal: Espécie: Nome do Proprietário: Sexo: Data: Raça: Local do Exame: Idade: Médico Veterinário: Histórico: Anamnese/Exame Clínico: Olho Direito Olho Esquerdo Reflexos: ( ) Direto ( ) Consensual ( ) Ameaça Reflexos: ( ) Direto ( ) Consensual ( ) Ameaça Exame: ( ) Microbiologia ( ) Citologia Exame: ( ) Microbiologia ( ) Citologia Teste da Lágrima de Schirmer: mm/min Teste da Lágrima de Schirmer: mm/min Tonometria de Indentação: mmHg Tonometria de Indentação: mmHg Tonometria de Aplanação: mmHg Tonometria de Aplanação: mmHg Pálpebra: Pálpebra: 3ª Pálpebra: 3ª Pálpebra: Aparelho Lacrimal: Aparelho Lacrimal: Teste de Floculação de Lágrima: Teste de Floculação de Lágrima: Tempo de Ruptura do Filme Lacrimal: Tempo de Ruptura do Filme Lacrimal: Teste de Canulação do Ducto Nasolacrimal: Teste de Canulação do Ducto Nasolacrimal: Teste de Jones: Teste de Jones: Conjuntiva: Conjuntiva: Teste de Rosa Bengala: Teste de Rosa Bengala: Córnea: Córnea: Teste de Fluoresceína: Teste de Fluoresceína: Câmara Anterior e Ângulo de Drenagem: Câmara Anterior e Ângulo de Drenagem: Gonioscopia: Gonioscopia: Íris e Espaço Pupilar: Íris e Espaço Pupilar: Lente: Lente: Vítreo e Retina (Fundo do Olho): Vítreo e Retina (Fundo do Olho): Procedimentos Especiais: ( ) Eletrorretinografia ( ) Ecografia Ocular Achados: Procedimentos Especiais: ( ) Eletrorretinografia ( ) Ecografia Ocular Achados: Diagnóstico: Tratamento: Semiologia oftálmica veterinária 7 PUBVET v.16, n.04, a1082, p.1-18, Abr., 2022 Exame sistemático do olho Após a realização de anamnese e exame físico geral, pode-se seguir com a realização específica do exame físico do olho. Deve-se estar atento de que existe uma ordem a ser seguida, sendo relevante sempre examinar ambos os olhos e sempre começar pelo olho saudável, somado a condições que não estressem o paciente, deixando assim, o tutor acompanhado, pois a agitação do animal pode proporcionar a midríase (Gelatt, 2003). Em situações que o tutor tem a queixa de cegueira no animal, é importante deixar o paciente caminhar pelo consultório, notando se há embate nos objetos, sendo mais fácil a realização dessa condição em pequenos animais (Feitosa, 2014). O médico veterinário deve inspecionar se há alterações como assimetria, secreção ocular, rubor, alopecia, corrimento nasal, estrabismo, entre outras. Dessa forma, realiza-se: testes de visão, inspeção dos olhos, observação de reflexos, avaliação da lágrima, coloração, pressão do olho, avaliando todas as estruturas anatômicas do olho. Para assim, poder partir para exames complementares (Gelatt, 2003). Em casos de secreção pode-se conduzir a execução de citologia, utilizando swab estéril, escova ou espátulas, não fazendo limpeza prévia. Posteriormente são examinados os anexos oculares e as túnicas: fibrosa, vascular e nervosa, respectivamente (Feitosa, 2014). Exame neuroftalmológico Para a realização de exames neuroftalmológicos, são necessários os seguintes testes: resposta a ameaça, reflexo pupilar direto e consensual, reflexo palpebral, reflexo corneal e reflexo vestibular, que possibilita analisar os pares de nervos cranianos, outrossim recomenda-se não utilizar anestésicos, tranquilizantes e sedativos (Feitosa, 2014). O teste de resposta a ameaça (Figura 3) é realizado com a mão do médico veterinário indo em direção ao olho do animal. Dessa forma, deve-se ter o cuidado para não provocar vento, nem tocar no animal. Esse teste abrange a retina, quiasma óptico, nervo óptico e nervo facial, sendo que a finalidade principal é conhecer se o animal possui ou não visão (Stiles & Kimmitt, 2016). Além disso, deve-se levar em consideração que os gatos podem não responder a esse teste, principalmente por conta do estresse no consultório veterinário (Quitt et al., 2019). Para realizar o reflexo pupilar direto e consensual deve-se adotar o uso de ambiente escuro e luz artificial com a finalidade de observar a diminuição do tamanho da pupila, ou seja, constrição. No reflexo direto, a luz é apontada diretamente para o olho e no consensual a luz atinge somente um olho, e observa- se a resposta do olho ao lado. Ambos os testes investigam a totalidade da retina, estado do nervo óptico, bem como, função do músculo da íris (Gould & McLellan, 2012). Figura 3. Teste de resposta a ameaça em um felino. Fonte: Quitt et al. (2019). Bastos et al. 8 PUBVET DOI: 10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 Nos casos em que o teste de resposta à ameaça for inexistente, é considerável suceder na prática do reflexo palpebral, tocando delicadamente nas pálpebras constatando o ato de piscar. Esse reflexo mensura o nervo trigêmeo e o nervo facial (Stiles & Kimmitt, 2016). O reflexo corneal tem o mesmo princípio do reflexo palpebral, pois ambos analisam o comportamento de proteção do olho, que impede traumatismos (Gould & McLellan, 2012). Por último, o reflexo vestibular envolve o deslocamento da cabeça, verificando os olhos e assim, examinando os nervos oculomotor e abducente, sistema vestibular e músculos oculares (Feitosa, 2014). Exame sequencial das estruturas extraoculares e intraoculares O exame oftálmico é feito para que se encontre as alterações relatadas pelo tutor, e é necessário em ambos os olhos mesmo que a enfermidade seja unilateral. A inspeção deve ser cuidadosa e livre de estresse e, de forma sistemática, são avaliados os anexos oculares e as túnicas fibrosa, vascular e nervosa (Feitosa, 2014) como destacado na Figura 4. Figura 4. Ordem sugerida para o exame oftálmico completo em todas as espécies: PIO, Pressão intraocular; RPL, Reflexos pupilares à luz; TLS, Teste de lágrima de Schirmer. Fonte: Adaptado de Maggs et al. (2017). Semiologia oftálmica veterinária 9 PUBVET v.16, n.04, a1082, p.1-18, Abr., 2022 Equipamentos utilizados para a realização do exame oftálmico Para o diagnóstico definitivo o clínico geral ou o profissional especializado em oftalmologia veterinária precisa de alguns equipamentos que auxiliem na consulta. Na clínica é necessária a utilização de alguns materiais básicos, como por exemplo: lanterna clínica e alguns colírios (Maggs et al., 2017). Outros materiais são: tiras de papel de Schirmer, oftalmoscópio, lâmpada de fenda, tonômetro, colírios anestésicos, colírio de rosa bengala, lissamina verde, luvas, swabs estéreis, escovas para coleta de citologia e tropicamida 1% (Feitosa, 2014). A fonte de luz como, por exemplo, a lanterna tem como objetivo clarear partes do olho (extra e intraocular), para a realização de um exame nítido, somado à luz, o uso de lupas faz uma apuração melhor para o diagnóstico (Feitosa, 2014). Emprega-se as tiras de papel de Schirmer, na realização do teste de Schirmer, que considera a produção de lágrima. A tira é disposta no interior do saco conjuntival por um minuto (Emery, 2018). Swabs ou escovas estéreis são utilizados para coleta de material para submeter a citologia, distinguindo se há processo infeccioso, observação de presença ou ausência de bactérias ou fungos, além de pesquisar doenças corneais (Cooley & Dice, 1990). O tonômetro (indireto ou direto) mensura o valor da pressão intraocular (PIO), e assim, permite diagnosticar principalmente o glaucoma. Entretanto, o aparelho tem alto investimento, tornandoassim, um exame limitado (Andrade et al., 2013). A tropicamida (1%) possui rápida ação ao promover midríase, ou seja, a condição de pupila dilatada. Com o oftalmoscópio (Figura 5) se visualiza o fundo o olho, esse instrumento possui uma luz específica, além disso, para boa visualização da retina, os animais devem estar com a pupila dilatada na oftalmoscopia direta, sendo complementada com a indireta (Gelatt, 2003). Para abundância de detalhes há a disposição do instrumento chamado lâmpada de fenda (Figura 6) ou biomicroscópio, que permite a ampliação da imagem em até 40x, este equipamento proporciona uma qualidade alta na visibilização do ângulo iridocorneal, ademais, é indicado para examinar o segmento anterior do olho, vítreo e retina (Gould & McLellan, 2012). Figura 5. Oftalmoscópio. Figura 6. Lâmpada de fenda manual. Fonte: Gould & Mclellan (2012). Na rotina oftalmológica há alguns corantes essenciais, como é o caso do corante de fluoresceína e do rosa bengala (Martins & Galera, 2011). É empregado o colírio ou fitas de fluoresceína para avaliação se há presença de úlcera de córnea ou também avaliar o ducto nasolacrimal (teste de Jones). Deve-se aplicar uma gota e induzir que o animal pisque para espalhar o corante, em seguida retirar o excesso e observar se o corante se ligou em algum local do olho (continuando laranja) indicando o local da lesão. Além disso, verificar se o corante apareceu no nariz, se não ocorrer, significa que o ducto está obstruído (Stiles & Kimmitt, 2016). Para o exame da conjuntiva, superfície ocular e identificação de ceratoconjuntivite seca (deficiência lacrimal) é ideal o uso do corante chamado rosa bengala, que possui ação de unir-se a mucina, tingindo células necróticas e vivas, além de demonstrar úlceras superficiais. Não há problema em utilizar na mesma consulta os dois corantes: fluoresceína e rosa bengala. Além disso, o colírio lissamina verde, tem Bastos et al. 10 PUBVET DOI: 10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 função semelhante ao rosa bengala, se diferenciando apenas por não corar células saudáveis (Martins & Galera, 2011). Certos equipamentos descritos estão representados na Tabela 1. Tabela 1. Instrumentos e suprimentos básicos que auxiliam no exame oftalmológico em animais Instrumentos e suprimentos básicos Função Fonte de luz Iluminar as estruturas extra e intra-ocular Lupas de aumento Aumento das estruturas oculares Tiras de papel de Schirmer Avaliar a quantidade de lágrima Swabs/escovas estéreis Auxílio na coleta para citologia Tonômetro (indentação e aplanação) Avaliação da pressão intra-ocular Tropicamida (1%) Promover midríase da pupila Oftalmoscópio (direto e indireto) Visualização das estruturas situadas no segmento posterior do globo ocular Lâmpada de Fenda ou biomicroscopio Detalhamento extra e intra-ocular que a lupa não proporciona. Colírio de fluoresceína Identificar úlcera de córnea Colírio de rosa bengala Auxílio no diagnóstico de problemas na superfície ocular Fonte: Feitosa (2014). Testes empregados para a avaliação da superfície ocular Esses cinco testes são empregados quando existe a suspeita de alterações patológicas na superfície ocular. Para que não ocorram alterações nos resultados, é preciso que tais testes sejam realizados antes da aplicação de corantes e fármacos (Silva et al., 2016). Teste da floculação da lágrima O teste da floculação da lágrima apresenta como objetivo a avaliação da integridade funcional do filme lacrimal. Ele observa, principalmente, a distribuição da mucina perante à superfície do olho. Para a sua realização, é necessária a coleta, que acontece através do uso de um tubo microhematócrito, de uma pequena quantidade de lágrima (Figura 7). A amostra coletada deve ser espalhada sobre a superfície de uma lâmina de vidro limpa, para que, assim, a leitura possa ser realizada através de microscópio de luz polarizada. O padrão a ser encontrado são estruturas que lembram folhas de samambaia, alterações nesta normalidade mostram a deficiência de mucina, ou seja, falhas na integridade funcional do filme lacrimal (Feitosa, 2014). Teste de canulação e lavagem do ducto lacrimal Segundo Grahn et al. (2015), o teste de canulação e lavagem do ducto lacrimal (Figura 8) é utilizado para realizar a avaliação da patência do ducto nasolacrimal. Além disso, também é empregado para o diagnóstico de modificações e perfurações. Geralmente, é realizado em associação com o Teste de Jones, que detecta a passagem ou ausência de fluoresceína através do canal nasolacrimal. Em sua maioria, é realizado através da via normógrada, ou seja, com a introdução da cânula por meio do olho, entretanto, o cavalo é a exceção, já que o teste nesta espécie é realizado de forma retrógrada. Figura 7. Coleta de lágrima para a realização do teste de floculação de lágrima. Fonte: Feitosa (2014). Figura 8. Representação da lavagem do ducto lacrimal em cão. Fonte: Feitosa (2014). Semiologia oftálmica veterinária 11 PUBVET v.16, n.04, a1082, p.1-18, Abr., 2022 Teste de rosa bengala De acordo com Oriá et al. (2010), o dicloro-tetra-iodo fluoresceína, mais conhecido como corante de Rosa Bengala, é empregado na análise de patologias da superfície ocular, especialmente as causadas por insuficiência de lágrimas, como a ceratoconjuntivite seca. Ademais, também é empregado na observação da presença da mucina na lágrima e para a detecção de alterações epiteliais corneais superficiais. Após a aplicação, a observação deve ser, principalmente, realizada com o auxílio da lâmpada de fenda (Williams & Griffiths, 2017). Figura 9. Coloração com corante de Rosa Bengala da córnea e da conjuntiva de um cão com ceratoconjuntivite seca. Fonte: Williams & Griffiths (2017). Teste da fluoresceína Já este teste é utilizado, principalmente, para o diagnóstico de úlceras de córnea. Tal avaliação se dá pela visualização da extensão da lesão na córnea e em defeitos epiteliais invisíveis ao exame da córnea. O corante de fluoresceína sódica é detectado de forma fácil através da utilização do filtro azul-cobalto existente na lâmpada de fenda. A predileção pelo teste em bastão deve ser dada, afinal a proliferação de bactérias no colírio é frequente. Além disso, outras avaliações podem ser realizadas através do uso desse teste, são elas: o Teste de Jones, que avalia a patência do ducto nasolacrimal; o Teste de Seidel, que é utilização para a detecção de rupturas na córnea; e a avaliação do tempo de ruptura do filme lacrimal (Sebbag et al., 2019). Figura 10. Realização do teste de fluoresceína com a fita. Fonte: Petterson-Jones & Crispin (2002). Bastos et al. 12 PUBVET DOI: 10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 Tonometria A pressão intraocular é presumida pelo teste de tonometria, que é de extrema importância nos diagnósticos oftalmológicos. Para a realização deste teste, é necessária a anestesia da córnea. Enquanto as pálpebras são contidas, o tonômetro deve ser colocado sobre a região axial da córnea (Stiles & Kimmitt, 2016). A pressão intraocular pode ser determinada por dois aparelhos: o tonômetro de Schiõtz e a Tono-pen. Com o tonômetro de Schiõtz a pressão deve ser obtida através da média de três aferições e é de extrema importância lembrar de manter a córnea do paciente que está sendo examinado paralela ao chão, como em grandes animais, e à mesa de atendimento, como em animais de pequeno porte. Já quanto ao uso da Tono-pen, apesar do alto custo do equipamento, algumas vantagens são observadas, como a maior precisão, não sendo necessária a realização de três mensurações e nem que o animal permaneça com a cabeça na vertical. Dessa forma, a pressão intraocular alta confirma a presença de glaucoma, enquanto a pressão baixa é dada como a presença de uveíte (Feitosa, 2014). Figura 11. Utilização da Tono-pen em um cão. Fonte: Gould & McLellan (2012) Alterações que devem ser investigadas noexame oftálmico Ao realizar o exame oftálmico é necessário investigar alterações nas seguintes estruturas: pálpebras, terceira pálpebra, conjuntiva, córnea, sistema lacrimal, íris e espaço pupilar, lente, retina e nervo óptico (Feitosa, 2014). Alterações de pálpebras são observadas com o auxílio de luz ou lâmpada de fenda, podendo ter entrópio (pálpebra invertida), ectrópio (pálpebra se dobra para fora) e podem estar associados a secreção no olho. Outra modificação é chamada de epífora, sendo a secreção lacrimal aumentada (Feitosa, 2014). Nos cílios, há presença de alterações chamadas de: triquíase, distiquíase e cílio ectópico. A triquíase ocorre quando os cílios da pálpebra superior estão em direção à córnea, distiquíase ocorre nas glândulas sebáceas e cílio ectópico é a presença de cílios na pálpebra inferior, devendo utilizar luz para a visualização dessas anormalidades nos cílios (Gelatt, 2003). Na terceira pálpebra observa-se principalmente se há protrusão, sendo o caso mais comum, podendo originar inflamação (Merlini et al., 2014). Na conjuntiva é averiguado vermelhidão, edema, hemorragia e secreção (Feitosa, 2014). Na córnea, ausência de transparência, tendo opacidade (Figura 12), vascularização e mudanças no contorno da córnea não são normais e devem ser investigados (Lim & Maggs, 2015). O teste da lágrima de Schirmer, teste de floculação da lágrima, teste de canulação e teste de Jones, são exames que detectam as alterações no sistema lacrimal, como a diminuição de lágrima, obstrução do ducto nasolacrimal ou epífora (Gould & McLellan, 2012). Na câmara anterior pode-se encontrar: corpo estranho, presença de pus (hipópio) ou de sangue, chamado de hifema, representado na Figura 13 (Maggs et al., 2017). Dilatação da pupila (midríase), diminuição da pupila (miose), tamanho diferente das pupilas (anisocoria), vibração da íris (iridodenese), falta de reflexo da pupila, vermelhidão, vascularização na íris, coloração branca na pupila (leucocoria), são alterações que devem ser observadas na íris e espaço pupilar (Feitosa, 2014). Semiologia oftálmica veterinária 13 PUBVET v.16, n.04, a1082, p.1-18, Abr., 2022 Falta de cristalino (afacia), tamanho diminuído (microfacia), saliência cônica (lenticone), são algumas modificações vistas na lente, ou seja, é necessário averiguar se há mudança na dimensão ou falta de transparência da lente, caso tenha opacidade, o diagnóstico é a catarata (Gellat, 2003). Figura 12. Opacidade na córnea em um felino. Figura 13. Olho de um cão com hifema e hiperemia escleral. Na retina é importante inspecionar a cor e se há fixação normal. Colobomas (ausência de partes do nervo óptico), perda de sangue, atrofia ou multiplicação capilar (inflamação) são características de alteração no nervo óptico (Feitosa, 2014). Exames especializados A gonioscopia, eletrorretinografia, radiografia, e a angiografia fluoresceínica são exames especializados para o auxílio no diagnóstico oftalmológico (Feitosa, 2014). A análise do ângulo de drenagem é feita através de um exame chamado gonioscopia, sendo realizado principalmente em olho com glaucoma, mas também em alguns casos de tumores. Esse método possui vantagem pois possibilita visibilização das estruturas claramente (Martins & Galera, 2011). Além disso, se torna difícil o sucesso do exame na condição de córnea opaca, ou seja, não transparente, pois esse exame se dá pela verificação do ângulo em que a córnea e a íris se transpõem, observado comumente essa anormalidade na espécie canina, sendo chamada de goniodisgenesias, estando propenso ao glaucoma. O médico veterinário oftalmologista deve ficar atento em raças predispostas ao glaucoma, como por exemplo Cocker Spaniels e Beagles. Sobretudo, o resultado da gonioscopia permite distinguir se o olho possui glaucoma de ângulo aberto, estreito ou fechado, ou goniodisgenesia e para que a execução tenha êxito é importante o profissional ter experiência (Martins & Galera, 2011). Quando a luminosidade alcança a retina gera potenciais elétricos, e para o conhecimento dessa questão, faz-se necessário realizar o exame de eletrorretinografia (ERG), onde se apontam diferenças em relação a origem da cegueira ou o quadro da função da retina para o procedimento cirúrgico de catarata, além de diagnosticar problemas hereditários na retina. Nesse exame posicionam-se, em torno do olho, eletrodos identificando diferenças de potencial por meio de luz. Para a realização do ERG o animal precisa estar em anestesia ou sedação, reduzindo o músculo periocular (Maggs et al., 2017). A estratégia para observação de lesões que não são perceptíveis no exame oftalmoscópico é feita através da angiografia fluoresceínica. Esse exame possibilita detalhamento sobre a retina. Utiliza-se nesse exame o corante de fluoresceína e uma luz específica, em seguida é fotografado em segundos, sendo relevante a imobilidade do paciente, só sendo possível por meio de sedação. Existem fases nesse exame: fase coroidal, fase arteriolar, fase arteriovenosa, fase venosa e a fase tardia (Gould & McLellan, 2012). Além disso, de acordo com Silva et al. (2018), existe a ultrassonografia em modo-B por meio de Doppler colorido, sendo uma técnica recente e que não necessita de sedação ou anestesia, aprimorando assim o diagnóstico. Com ela é possível a visibilização do globo ocular, verificando a artéria oftálmica Bastos et al. 14 PUBVET DOI: 10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 externa. Em um estudo foram mensurados 60 bulbos oculares de cães, demonstrando referências de valores normais em cães saudáveis, ajudando na área de oftalmologia veterinária como parâmetro. Descolamento de retina, hemorragia intraocular, luxação do cristalino e presença de corpo estranho são exemplos de indicações para a realização da ultrassonografia ocular (Mirshahi et al., 2014). Particularidades do exame oftálmico entre as espécies domésticas O posicionamento dos olhos na cabeça dos animais varia de acordo com sua ecologia, abrangendo hábitos alimentares e o ambiente em que está situado. De forma geral, espécies ditas como predadoras possuem os olhos posicionados à frente e espécies classificadas como presas possuem essa estrutura localizada lateralmente (Dyce et al., 2004). Há diversas particularidades entre as espécies de animais domésticos quanto à forma e o tamanho de estruturas. Variações são relatadas inclusive entre indivíduos da mesma espécie. Por exemplo, proporcionalmente ao corpo, o gato conta com o maior bulbo ocular enquanto o suíno possui o menor entre as espécies de animais domésticos (Köning & Liebich, 2011). Pequenos animais De maneira geral há mínima restrição no processo do exame ocular em pequenos animais, com cautela na abordagem associada a cooperação do paciente juntamente com os tutores que são pontos chave na realização do procedimento oftálmico. Se houver a necessidade de contenção com o uso de focinheiras, no caso dos cães, o tutor preferivelmente deve colocar em seu animal de forma a estressá- lo o mínimo possível e manter a focinheira bem ajustada para evitar acidentes (Gould & Mclellan, 2012). O animal deve ser posicionado bem próximo da borda da mesa examinadora. O tutor deve fornecer suporte com uma mão alcançando o peito e a outra apoiando o queixo do paciente levantando o cabeça para uma posição em que o animal possa ficar imóvel durante o exame. Dessa forma, com a presença do tutor, o animal se sentirá mais confiante (Gould & Mclellan, 2012). Uma alteração muito comum na clínica de pequenos animais é a protusão da glândula da terceira pálpebra em cães, sendo em gatos de ocorrência muito rara. Geralmente ocorre quando os animais ainda são filhotes de até um ano. Dentre as raças mais acometidas estão: Beagle, Shih-Tzu, Bulldogs e Lhasa Apso. Essa alteração não possui sua etiologia bem definida (Merlini et al., 2014). Há componente genético suspeito que é estudadocom base na predisposição das raças, especialmente em cães braquicefálicos e raças de porte grande e gigante (Michel et al., 2020). A avaliação oftálmica na espécie felina muitas vezes pode ser mais difícil que em cães. Os felinos, como mecanismo de defesa tendem a não exteriorizar que estão doentes, com isso, não mostram sinais de incoordenação quando apresentam manifestações visuais, como os cães normalmente fazem (Stiles & Kimmitt, 2016). Na realização do teste de ameaça em gatos deve-se atentar para não tocar nos bigodes e/ou vibrissas, para evitar o estímulo na córnea. Alguns pacientes podem ter resposta discreta ou ausente, enquanto outros podem apresentar resposta rápida. Filhotes apenas desenvolvem resposta a este teste após 12 semanas de vida (Stiles & Kimmitt, 2016). Em relação ao teste de reflexo pupilar à luz (PLR) em gatos, mostra-se presente em filhotes quando as pálpebras se abrem. Alguns animais mais velhos podem ter pupilas midriáticas apenas com um leve feixe de luz ou ausente em razão de atrofias do músculo do esfíncter da íris, muito comum nessa fase da vida (Stiles & Kimmitt, 2016). Grandes animais Os bovinos e equinos apresentam diversas especificações referentes à semiologia ocular. Isso se dá principalmente na contenção e nas limitações do atendimento à campo. De acordo com Wintzer (1990), diferentemente de cães e gatos em que não se usam bloqueios anestésicos, para a realização de exames oftalmológicos em equinos é de extrema importância a utilização de anestésicos. O bloqueio do nervo sensitivo supraorbitário e do motor auriculopalpebral fornecem anestesia local e são os principais, entretanto, se necessário, pode-se optar pela sedação intravenosa. Semiologia oftálmica veterinária 15 PUBVET v.16, n.04, a1082, p.1-18, Abr., 2022 É muito comum em cavalos a obstrução do sistema nasolacrimal ou a perfuração dos pontos lacrimais, por isso é de extrema importância a realização do teste de canulação, para que assim se obtenha a patência do ducto nasolacrimal. Distintivamente das outras espécies, em equinos a avaliação da patência dos canais lacrimais é feita por via retrógrada, sendo assim, é feita através da canulação do orifício distal, ou seja, o que está presente no nariz do animal (Feitosa, 2014). Quando se trata de grandes ruminantes, não existem grandes especificidades, já que os exames oftalmológicos são pouco explorados nessa espécie. A rotina oftalmológica de bovinos é bem básica, sendo assim, os principais testes realizados são: o teste lacrimal de Schirmer, os testes de reflexo pupilares e o uso de colírios, como fluoresceína. Todavia, é de extrema importância manter uma sequência, de modo que a execução de certos testes não interferiram nos resultados de outros (Maggs et al., 2017). Animais silvestres Por apresentarem maior sensibilidade ao estresse da manipulação e contenção, os animais silvestres devem ter uma maior atenção a alguns critérios básicos da realização de exames semiológicos, como o tempo, acesso rápido ao material necessário, às características biológicas, técnicas de contenção aplicadas de forma correta, risco de acidentes, e principalmente, a transmissão de zoonoses (Santana et al., 2020). Quando se trata de anfíbios e peixes, os estudos semiológicos e oftálmicos são basicamente inexistentes, porém, as maiores diferenças são vistas na parte anatômica de tais animais (Pereira et al., 2020). Quanto aos répteis, por ser um mercado que está cada vez maior. As alterações de manejo fazem com que ocorram também alterações na semiologia, principalmente na oftálmica, já que surgiram mais alterações visuais em tais animais (Lange et al., 2014). A semiologia oftalmológica de animais silvestres é mais destrinchada em aves. Conforme Rauscher et al. (2013), aves de rapina e psitacídeos são apresentadas ao profissional veterinário com maior prevalência de doenças oculares diversas das demais espécies e estão sujeitas a diferentes procedimentos semiológicos. Na avaliação do reflexo palpebral, normalmente as pálpebras não se contraem completamente, mas se movimentam com facilidade. Em aves, por conta da ausência dos músculos retratores do bulbo, o bulbo não retrai. Sendo assim, a terceira pálpebra é capaz de se movimentar rapidamente sobre a córnea (Peixoto & Galera, 2012; Queiroz et al., 2015). Já quando se trata do reflexo pupilar, em situações de excitação, por conta do controle do movimento voluntário, podem ocorrer movimentos espontâneos. Devido à interseção completa das fibras do nervo óptico, não são esperados reflexos consensuais. Em aves com a visão hígida, a reação à ameaça geralmente é fraca, de tal forma, é de pouca notabilidade para o diagnóstico. Apesar da pouca rotina no exame de aves, o reflexo corneal é notado pela movimentação da terceira pálpebra, pela resposta negativa aos estímulos externos e pelo movimento de piscar (Rodarte-Almeida et al., 2013). O teste de Schirmer é utilizado para medir a quantidade de lágrimas produzidas, entretanto, devido a um menor tamanho da fissura palpebral em aves, a inserção da tira de papel utilizada no teste é dificultada. Por isso, uma melhor alternativa é optar pelo uso do vermelho de fenol teste de corda, que, além disso, é um método menos estressante e que exige 15 segundos para sua execução (Oliveira et al., 2014). Considerações finais As semelhanças básicas entre os olhos de todos os animais vertebrados e como eles respondem a insultos possibilita que o oftalmologista trate com seguridade uma gama de manifestações oculares nas mais variadas espécies animais. A abordagem diagnóstica em oftalmologia deve ser realizada de forma metódica. A anamnese, a inspeção visual e os principais testes e exames adotados são indispensáveis à condução do caso clínico e ao sucesso da abordagem terapêutica. O exame oftálmico completo inclui a utilização de uma diversidade de testes, os quais são realizados em ambiente do qual possa regular a incidência de luz. Animais de pequeno porte são mais bem examinados na mesa de exame clínico; em contrapartida, animais de raças grandes a gigantes podem ser Bastos et al. 16 PUBVET DOI: 10.31533/pubvet.v16n04a1082.1-18 examinados no chão. A contenção do paciente deve ser mínima para que não interfira em alguns parâmetros, tal como a pressão intraocular (PIO). O acompanhamento oftálmico periódico, sobretudo em animais idosos e de raças predispostas a doenças oculares é de suma importância, tendo em vista que a ocorrência de doenças oculares como a catarata pode estar relacionada com a faixa etária do animal. Conclui-se, então, que é de suma importância a realização de trabalhos com a temática de semiologia oftálmica veterinária, auxiliando profissionais no exame clínico e, posteriormente, no diagnóstico e tratamento adequado. Referências bibliográficas Andrade, S. F., Palozzi, R. J., Rolim, R. D., Junqueira, J. R. C., Valle, H. F., Silva, M. K., Maia, M. A., & Zampiere, R. A. (2013). 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Histórico do artigo: Recebido: 21 de dezembro de 2021 Aprovado: 02 de fevereiro de 2022 Disponível online:15 de abril de 2022 Licenciamento: Este artigo é publicado na modalidade Acesso Aberto sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 (CC-BY 4.0), a qual permite uso irrestrito, distribuição, reprodução em qualquer meio, desde que o autor e a fonte sejam devidamente creditados. View publication stats https://www.researchgate.net/publication/360194192