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INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL AULA 1 Prof. Juliano de Mello Pedroso 2 CONVERSA INICIAL A compreensão profunda dos sistemas de medição é fundamental para diversas áreas, abrangendo desde a engenharia até as ciências aplicadas. Este estudo oferece uma introdução abrangente a tópicos essenciais nesse domínio, começando pela “Introdução a sistemas de medição”. Nessa etapa, exploraremos os conceitos fundamentais por trás dos sistemas de medição, fornecendo a base necessária para abordar temas mais avançados. Avançaremos para “Medição em malha aberta e fechada”, em que analisaremos as diferentes abordagens de medição e os impactos de operar em malha aberta ou fechada. Investigaremos os “Modos de operação de instrumentos”, compreendendo como os instrumentos desempenham papéis específicos em diversas situações e contextos. Aprofundaremos a discussão na “Análise funcional de instrumentos”, destacando como os instrumentos convertem grandezas físicas em sinais mensuráveis. Por fim, abordaremos as “Técnicas de correção de erro”, cruciais para garantir resultados precisos e confiáveis em qualquer sistema de medição. Esta jornada proporcionará uma compreensão sólida dos conceitos essenciais de instrumentação e medição, preparando-o para empregar esses conhecimentos em diversas aplicações práticas. TEMA 1 – INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO A instrumentação industrial desempenha um papel crucial nos processos produtivos, proporcionando monitoramento, controle e otimização de variáveis em ambientes industriais diversos. Esta disciplina engloba uma ampla gama de dispositivos e sistemas destinados a medir e regular parâmetros como temperatura, pressão, nível, vazão e outras grandezas fundamentais. No cerne da instrumentação industrial estão os sensores, atuadores e controladores, que trabalham de forma integrada para garantir a eficiência operacional e a segurança dos processos. Com o avanço da tecnologia, a instrumentação industrial tem passado por uma evolução significativa, incorporando inovações que proporcionam maior precisão, confiabilidade e automação. Um dos marcos nessa evolução é a adoção crescente de instrumentos digitais. Sensores inteligentes, transmissores digitais e sistemas de controle 3 baseados em microprocessadores são elementos-chave nessa transformação. A digitalização não apenas aprimora a precisão das medições, mas também possibilita a comunicação em tempo real, facilitando a integração de sistemas e a tomada de decisões mais informadas. A conectividade é outro aspecto fundamental da moderna instrumentação industrial. A implementação de protocolos de comunicação como Profibus, Modbus e Foundation Fieldbus permite a troca de dados entre instrumentos e sistemas de controle, proporcionando uma visão abrangente e instantânea do status operacional. A ascensão da internet das coisas industrial (IIoT) amplifica ainda mais essa conectividade, permitindo a coleta de dados em larga escala para análises avançadas e manutenção preditiva. Além disso, a instrumentação industrial desempenha um papel crucial na busca por eficiência energética e sustentabilidade. Sensores de consumo energético, por exemplo, auxiliam na identificação de oportunidades para otimizar o uso de recursos, reduzir desperdícios e minimizar impactos ambientais. A segurança operacional também é beneficiada pela instrumentação avançada. Sensores de monitoramento contínuo permitem a detecção precoce de anomalias, contribuindo para a prevenção de falhas e a mitigação de riscos, o que é essencial em ambientes industriais complexos. Em síntese, a instrumentação industrial, impulsionada por inovações tecnológicas, está na vanguarda da eficiência e segurança nos processos industriais modernos. A contínua evolução nesse campo promete não apenas aprimorar a automação e o controle, mas também contribuir para a sustentabilidade e a competitividade da indústria global. Os sistemas de medição desempenham um papel crucial em diversas áreas da ciência, engenharia, indústria e tecnologia, sendo fundamentais para a obtenção de dados precisos e confiáveis. A medição é o processo de atribuição de números ou valores a propriedades físicas de objetos, fenômenos ou substâncias, permitindo a quantificação e a compreensão mais precisa do mundo ao nosso redor. Um sistema de medição consiste em um conjunto organizado de dispositivos, procedimentos e padrões que visam realizar medições de maneira consistente e acurada. A precisão e a confiabilidade de um sistema de medição são essenciais para garantir que os dados obtidos sejam representativos da 4 realidade, proporcionando uma base sólida para análises, decisões e melhorias. Na Figura 1, por exemplo, temos um medidor de pressão numa instalação de gás natural. Figura 1 – Medidor de pressão Crédito: Xmentoys/Shutterstock. Dentro de um sistema de medição, diversos elementos desempenham papéis específicos. Os instrumentos de medição são dispositivos projetados para quantificar uma grande variedade de grandezas físicas, desde comprimentos e temperaturas até pressões e correntes elétricas. Esses instrumentos podem variar em complexidade, indo desde simples réguas e termômetros até avançados sensores eletrônicos. Além dos instrumentos, os sistemas de medição incluem padrões de referência, que são valores conhecidos e aceitos para as grandezas a serem medidas. Esses padrões são fundamentais para calibrar e validar os instrumentos, assegurando que suas leituras sejam precisas e consistentes ao longo do tempo. A rastreabilidade, ou seja, a capacidade de relacionar uma medição a padrões de referência internacionalmente reconhecidos, é um conceito crítico nesse contexto. 5 Os procedimentos operacionais também desempenham um papel crucial em sistemas de medição. Eles definem as práticas e os métodos a serem seguidos quando são realizadas medições, contribuindo para a uniformidade e a reprodutibilidade dos resultados. A validação regular dos procedimentos garante que o sistema de medição esteja sempre alinhado com as melhores práticas e padrões da área. À medida que a tecnologia avança, surgem novos desafios e oportunidades na área de sistemas de medição. A automação, a instrumentação digital e a integração de dados tornam os sistemas de medição mais eficientes e precisos, contribuindo para o avanço contínuo em diversas disciplinas. TEMA 2 – MEDIÇÃO EM MALHA ABERTA E FECHADA Um sistema de medição compreende um conjunto de elementos como sensores, circuitos, cabos, visores, equações e programas de computador, cujo propósito é oferecer informações acerca do valor de uma grandeza física específica conhecida como mesurando. Antes de avançarmos, é relevante considerar alguns pontos para abordar o tema. Um transdutor, por definição, é um dispositivo capaz de converter uma forma de energia em outra. Tomemos como exemplo um cristal de quartzo, que converte deformação em tensão elétrica e vice-versa. Dessa forma, um dispositivo construído com quartzo, utilizado para medir a frequência de vibração de um elemento, é considerado um transdutor. Sensores, por sua vez, integram a categoria de transdutores, pois têm a capacidade de “sentir” variáveis físicas como movimento, temperatura e pressão, transformando-as em sinais elétricos. Logo, o dispositivo de quartzo mencionado anteriormente é também um sensor. Contrariamente, os atuadores, que convertem sinais elétricos em outras grandezas físicas, são transdutores, mas não podem ser classificados como sensores. Um dispositivo de quartzo utilizado como microatuador, operando por meio de sua deformação em resposta a um comando elétrico, é um exemplo de transdutor. Finalmente, designaremos como instrumento um sistema que, além do sensor, incorpora algum nível de processamento na saída dosensor. Em sistemas de controle, a medição desempenha um papel crucial na obtenção de informações sobre o comportamento do sistema e na tomada de 6 decisões para que sejam alcançados os objetivos desejados. As abordagens comumente empregadas são a medição em malha aberta e em malha fechada. Na medição em malha aberta, o sistema não utiliza a informação da saída para ajustar ou corrigir o processo. Em vez disso, a entrada é determinada sem considerar o estado atual do sistema. Na Figura 2 temos um exemplo de medição em malha aberta. Veja que esse é um sistema de certa forma simples. Figura 2 – Medição em malha aberta O sistema não faz ajustes automáticos com base na resposta do sistema. É suscetível a perturbações externas, pois não há correção contínua. Sistemas simples ou processos em que as perturbações são conhecidas e podem ser compensadas diretamente. Na medição em malha fechada, o sistema usa a informação da saída para ajustar a entrada, buscando manter o sistema em conformidade com as especificações desejadas. Na Figura 3 temos um sistema de medição em malha fechada. Note que esse é um sistema mais complexo. Figura 3 – Medição em malha fechada 7 Correções automáticas são aplicadas com base na comparação entre a saída desejada e a saída real. É menos suscetível a perturbações externas devido à retroalimentação contínua. Sistemas complexos ou processos em que é essencial manter as variáveis de saída próximas aos valores desejados. A seguir temos alguns parâmetros para a escolha de cada um dos sistemas de medição. • Malha aberta − Simplicidade de implementação. − Adequada quando as perturbações podem ser previstas e compensadas de antemão. − Menor precisão em ambientes dinâmicos e sujeitos a mudanças imprevistas. • Malha fechada − Melhor capacidade de resposta a perturbações e variações no sistema. − Maior complexidade de implementação, mas oferece maior precisão. − Preferível em sistemas dinâmicos e sujeitos a mudanças significativas. A escolha entre medição em malha aberta e malha fechada depende das características específicas do sistema e dos requisitos de desempenho. Enquanto a malha aberta oferece simplicidade e eficácia em situações controladas, a malha fechada é preferida em sistemas complexos, nos quais a capacidade de adaptação contínua é vital para atender a requisitos dinâmicos e garantir estabilidade ao longo do tempo. Em muitos casos, a integração de ambas as abordagens, conhecida como controle em malha fechada com compensação em malha aberta, é empregada para que sejam obtidos benefícios combinados de eficiência e precisão. TEMA 3 – MODOS DE OPERAÇÃO DE INSTRUMENTOS Examinaremos um dispositivo arbitrário na qualidade de um sistema que tem tanto entradas quanto saídas. Em linhas gerais, quase todo procedimento físico pode ser entendido como um sistema caracterizado por entradas e saídas. Adotando essa abordagem, um dispositivo pode ser retratado conforme evidenciado na Figura 4, em que a variável a ser mensurada é designada como entrada e a indicação fornecida pelo dispositivo é considerada como saída. Nos 8 textos de metrologia, é habitual fazer menção à entrada como sendo o mesurando. Figura 4 – Representação ideal de entrada e saída de um instrumento Os modos de operação dos instrumentos na área de instrumentação industrial desempenham um papel crucial na execução e no controle eficientes dos processos industriais. Esses modos, muitas vezes, refletem as diversas funções e capacidades dos instrumentos utilizados para medir, monitorar e controlar variáveis essenciais nos ambientes industriais. Aqui exploraremos alguns dos modos de operação mais comuns. 3.1 Modo de medição Este é o modo fundamental em que os instrumentos realizam a medição direta de uma grandeza específica, como temperatura, pressão, vazão ou nível. Neste modo, os sensores captam os dados do ambiente e geram saídas proporcionais à grandeza medida. A medição é uma prática essencial em diversas áreas, desempenhando um papel crucial na obtenção de informações precisas e confiáveis. No contexto dos instrumentos de medição, o modo como essa medição é realizada é de suma importância para garantir resultados precisos e relevantes. Um instrumento de medição opera por meio de um modo específico, que se refere à abordagem e à técnica utilizadas para quantificar uma grandeza física desejada. Em primeiro lugar, é crucial compreender que cada instrumento tem um método único de medição, adaptado às características da grandeza a ser mensurada. Os modos de medição variam amplamente, dependendo do tipo de instrumento. Por exemplo, em instrumentos elétricos, o modo de medição pode envolver a aplicação de corrente elétrica ou tensão a uma amostra para determinar propriedades elétricas específicas. Em instrumentos ópticos, como 9 microscópios ou espectrofotômetros, o modo de medição pode ser baseado na análise da luz transmitida, refletida ou absorvida pela amostra. Figura 5 – Medição de pressão (medição normal) Crédito: Sergey Ryzhov/Shutterstock. 3.2 Modo de controle Instrumentos em modo de controle são projetados para influenciar ativamente um processo. Eles recebem informações de sensores, comparam- nas com valores desejados (set points) e, em seguida, ajustam atuadores para manter o processo dentro de parâmetros predeterminados. 3.3 Modo de alarme Este modo é dedicado à detecção precoce de condições anormais. Os instrumentos configurados em modo de alarme monitoram continuamente as variáveis e emitem alertas ou acionam dispositivos de segurança quando os valores ultrapassam limites predefinidos. 10 3.4 Modo de calibração Os instrumentos frequentemente têm um modo específico para calibração, no qual são ajustados para garantir a precisão das medições. Este modo envolve a comparação das leituras do instrumento com padrões conhecidos e a realização de ajustes conforme necessário. Figura 6 – Calibração de equipamento Crédito: Travel mania/Shutterstock. 3.5 Modo de configuração No modo de configuração, os operadores têm acesso às configurações e aos parâmetros do instrumento. Isso permite a personalização de variáveis operacionais, como unidades de medida, limites de alarme e outras características específicas do processo. 3.6 Modo de diagnóstico Instrumentos modernos frequentemente incorporam modos de diagnóstico que monitoram o próprio estado do instrumento. Essa funcionalidade auxilia na identificação de problemas potenciais, facilitando a manutenção preventiva. 11 3.7 Modo de comunicação À medida que a automação industrial avança, muitos instrumentos operam em modos de comunicação. Isso permite a integração em redes industriais, facilitando o monitoramento centralizado e a comunicação com outros dispositivos e sistemas. 3. 8 Modo de economia de energia Em busca de eficiência energética, alguns instrumentos têm modos que otimizam o consumo de energia, reduzindo a atividade quando não são estritamente necessários. 3.9 Modo de manutenção Instrumentos podem ter modos específicos para facilitar procedimentos de manutenção, como troca de sensores, limpeza ou calibração regular. Compreender e utilizar adequadamente esses modos de operação é crucial para maximizar a eficiência operacional, garantir a precisão das medições e manter um ambiente industrial seguro e confiável. A integração harmoniosa desses modos contribui para o desempenho otimizado dos instrumentos na instrumentação industrial. TEMA 4 – ANÁLISE FUNCIONAL DE INSTRUMENTOS A análise funcional de instrumentos na instrumentação industrial é uma abordagem metodológica que busca entender em detalhes as operações e contribuições individuais de cada componente de um instrumento, visando otimizar seu desempenho e eficácia no contexto industrial.Ao iniciar-se a análise funcional, é crucial que sejam identificadas as funções primárias que o instrumento desempenha. Seja a medição precisa de variáveis, o controle de processos, a detecção de falhas ou outras tarefas específicas, compreender claramente essas funções é essencial para avaliar o instrumento em sua totalidade. A decomposição do sistema em componentes menores é parte integrante da análise funcional. Cada sensor, atuador, circuito eletrônico e interface é 12 examinado em detalhes para entender como contribui para o funcionamento global do instrumento. A relação entre as entradas e as saídas do instrumento é explorada minuciosamente. Isso inclui a compreensão do modo como mudanças nas variáveis medidas afetam as leituras e as respostas do instrumento, sendo vital para assegurar a precisão e a sensibilidade desejadas. Além disso, a análise funcional avalia a sensibilidade do instrumento, sua capacidade de detectar variações sutis nas variáveis e a precisão das leituras em comparação com os valores reais. Essa avaliação contribui para garantir a confiabilidade das medições realizadas. Instrumentos de controle passam por uma análise específica da integração de feedbacks de sensores para ajustar atuadores, mantendo variáveis controladas dentro de parâmetros específicos. Isso é crucial para garantir a estabilidade e a eficiência dos processos industriais. A análise funcional também abrange os diferentes modos de operação dos instrumentos, como medição, controle, calibração e diagnóstico. Compreender como esses modos se inter-relacionam é essencial para a operação eficaz do instrumento em diferentes cenários. Além disso, a análise funcional destaca a capacidade do instrumento de responder a condições anormais, como falhas ou variações inesperadas. Essa capacidade é crucial para manter a segurança e a estabilidade do processo industrial. Em um contexto mais amplo, a análise funcional avalia como os instrumentos integram-se em sistemas complexos, operando de forma harmoniosa com outros dispositivos e contribuindo para os objetivos operacionais gerais da indústria. Como uma prática contínua, a análise funcional é ajustada conforme necessário à medida que a tecnologia avança ou as exigências operacionais evoluem. A busca constante por melhorias garante que os instrumentos permaneçam alinhados com os mais altos padrões de desempenho, confiabilidade e eficiência na instrumentação industrial. De maneira geral, é viável analisar um instrumento específico por meio de uma delimitação funcional de seus subsistemas. Tipicamente, um instrumento é composto por mais de um componente. Cada componente individual ou um conjunto deles exerce uma função distinta, e a representação de um instrumento 13 com base nessas funções é conhecida como descrição funcional. Neste tópico, serão abordadas as funções primordiais dos subsistemas de um instrumento, demonstrando-se como é factível realizar sua descrição funcional. Por outro lado, a performance de um instrumento é caracterizada e quantificada em relação às suas propriedades estáticas e dinâmicas. Com o intuito de elucidar a descrição funcional de instrumentos, considere o sistema fictício representado na Figura 7(a). Nesse sistema, almeja-se mensurar a temperatura do líquido no tanque por meio de um sensor de temperatura, especificamente um termopar. Este encontra-se conectado ao transmissor, destacado por um círculo em sua extremidade (como representado na figura). O transmissor assume a responsabilidade de amplificar o sinal e efetuar qualquer condicionamento necessário antes de sua transmissão, abrangendo a compensação da junta de referência e a amplificação e filtragem do sinal. Na configuração considerada, a transmissão ocorre via cabo. Antes de ser apresentado no display, o sinal precisa passar por adequado condicionamento para atender às especificações do elemento de representação, que, nesse caso, é o display. A título de exemplo, é comum transmitir o sinal utilizando-se um laço de corrente. Caso o display requisite um sinal em tensão como entrada, torna-se imperativo realizar uma conversão de “corrente para tensão” como parte do condicionamento de sinal. Dispositivos responsáveis por realizar a conversão de corrente (I) para tensão (V) são frequentemente denotados pelo símbolo I/V. Figura 7 – Descrição funcional de um sistema de medição fictício Na Figura 7(b) está delineada a descrição funcional do sistema em análise, cuja medição é conduzida no meio aquoso. O componente primário 14 responsável pela troca de energia com o meio é o termopar, desempenhando simultaneamente o papel de conversor de variáveis. Sua entrada corresponde à temperatura, enquanto o sinal por ele gerado manifesta-se como uma forma elétrica (tensão). TEMA 5 – TÉCNICAS DE CORREÇÃO DE ERRO Embora exista uma sobreposição em alguns métodos, os “Métodos para minimizar os efeitos de entradas espúrias” e as “Técnicas de correção de erro em instrumentação industrial” têm objetivos ligeiramente diferentes. Vamos destacar as distinções a seguir. 5.1 Métodos para minimizar efeitos de entradas espúrias Esses métodos referem-se a estratégias para reduzir ou eliminar a influência de sinais indesejados e interferências ou perturbações externas nos sistemas de medição. Exemplos: isolamento elétrico, blindagem, técnicas de aterramento adequado, filtragem de sinais e posicionamento adequado de sensores para minimizar a interferência são algumas abordagens comumente utilizadas. Minimizar os efeitos de entradas espúrias é fundamental para garantir a precisão e a confiabilidade das medições em sistemas de instrumentação. Diversas técnicas são comumente empregadas para atingir esse objetivo. A utilização de isoladores elétricos é uma prática essencial para prevenir a propagação de sinais indesejados através de circuitos, garantindo que a interferência em um componente não afete outros. Além disso, a aplicação de materiais de blindagem, como malhas metálicas ou revestimentos condutores, protege cabos e componentes eletrônicos contra campos eletromagnéticos externos. A implementação de sistemas de aterramento eficientes é outra medida importante para minimizar a interferência causada por correntes parasitas, proporcionando um caminho de retorno adequado para as correntes indesejadas. A filtragem de sinais, seja por meio de filtros analógicos ou digitais, atenua sinais de frequência indesejada e reduz a presença de ruído nos sistemas de medição. 15 O posicionamento estratégico de sensores também desempenha um papel crucial, minimizando a captação de interferências por meio do distanciamento de fontes de ruído ou do uso de barreiras físicas. A compensação de erros na fonte, através do desenvolvimento de algoritmos ou técnicas para corrigir automaticamente sinais afetados por interferências, assegura leituras mais precisas. A utilização de cabos blindados é uma prática comum para proteger sinais elétricos contra interferências eletromagnéticas externas. A seleção de frequências de operação diferentes para sistemas ou componentes distintos também reduz a probabilidade de interferência mútua. A realização de calibrações regulares é uma estratégia eficaz para compensar qualquer alteração nas características do sistema de medição devido a interferências ou outros fatores externos. O uso de dispositivos de supressão de surto protege os circuitos contra picos de voltagem repentinos, resultantes de interferências elétricas. Em sistemas de comunicação, a aplicação de técnicas de modulação específicas pode ajudar a minimizar a interferência eletromagnética entre diferentes canais. Cada uma dessas técnicas pode ser aplicada de acordo com as características específicas do ambiente industrial e dos equipamentos envolvidos, sendo importante realizaruma análise cuidadosa para determinar a abordagem mais eficaz em cada caso. 5.2 Técnicas de correção de erro em instrumentação industrial Estas técnicas concentram-se em corrigir erros sistemáticos ou aleatórios nos instrumentos de medição, garantindo que as leituras estejam o mais próximo possível dos valores reais. Exemplos: calibração regular, compensação de temperatura e pressão, utilização de sistemas redundantes, feedback e controle para ajuste automático, e métodos específicos para lidar com não linearidades nos sensores. A garantia da precisão e confiabilidade das medições na instrumentação industrial é vital, e a correção de erros desempenha um papel crucial nesse processo. Diversas técnicas e estratégias são empregadas para minimizar ou corrigir imprecisões nos sistemas de medição industrial. A seguir destacamos algumas das principais práticas. 16 • Calibração. Realizar calibrações regulares é uma prática usual. Isso inclui a comparação da saída do instrumento com um padrão conhecido, ajustando-se as leituras conforme necessário. • Compensação de temperatura. Em muitos casos, os sensores são sensíveis à temperatura. Utilizar sensores de temperatura adicionais para medir a temperatura ambiente e compensar as leituras dos sensores principais é uma prática comum. • Compensação de pressão. Assim como a temperatura, a pressão pode afetar as leituras de alguns sensores. A utilização de sensores de pressão adicionais pode compensar variações na pressão ambiente. • Filtragem de sinais. A aplicação de filtros, sejam digitais ou analógicos, ajuda a suavizar leituras ruidosas e eliminar flutuações indesejadas nos sinais dos sensores. • Redundância de sensores. Utilizar múltiplos sensores para medir a mesma grandeza e comparar suas saídas pode ajudar a identificar e corrigir falhas individuais. • Compensação de linearidade e histerese. Em casos nos quais os sensores apresentam respostas não lineares, a calibração do instrumento utilizando-se curvas específicas pode corrigir essas não linearidades. • Feedback e controle. Em sistemas dinâmicos, implementar sistemas de controle que ajustam automaticamente as configurações do instrumento com base nas leituras em tempo real ajuda a manter a precisão. • Correção de erros de atraso. Em sistemas com atraso na resposta, a aplicação de técnicas como compensação de fase pode corrigir erros de tempo. • Manutenção preventiva. Manter os instrumentos limpos, calibrados e em boas condições é uma prática essencial para prevenir erros ao longo do tempo. Adaptar essas técnicas às características específicas do sistema de medição e às condições operacionais da indústria é crucial. Além disso, a documentação adequada dessas técnicas e procedimentos de manutenção é essencial para garantir a qualidade contínua das medições. Embora ambos os conjuntos de técnicas visem melhorar a qualidade das medições, a minimização de efeitos de entradas espúrias está mais diretamente relacionada à redução de interferência externa, enquanto as técnicas de 17 correção de erro concentram-se em ajustar e calibrar os instrumentos para melhorar a precisão intrínseca do sistema de medição. Em resumo, enquanto os métodos para minimizar entradas espúrias atuam mais na prevenção e na redução de interferências externas, as técnicas de correção de erro lidam com aprimoramentos específicos para garantir a precisão dos dados medidos dentro do sistema de instrumentação industrial. FINALIZANDO Ao chegarmos ao final desta etapa, é evidente que cada tópico abordado, desde “Introdução aos sistemas de medição” até “Técnicas de correção de erro”, desempenha um papel vital na construção de um entendimento abrangente e aprofundado. Esperamos que você tenha adquirido insights valiosos sobre a complexidade dos sistemas de medição e as estratégias necessárias para alcançar resultados precisos. Ao explorar o tema “Medição em malha aberta e fechada”, descobrimos como diferentes abordagens impactam a confiabilidade das medições. Investigamos os “Modos de operação de instrumentos” para entender como eles se adaptam a cenários específicos. Na “Análise funcional de instrumentos”, mergulhamos nos princípios por trás das medições, enquanto as “Técnicas de correção de erro” solidificaram a importância da precisão na instrumentação. Que este conhecimento sirva como base para que você explore ainda mais as inovações em medição e instrumentação. Ao encerrar este estudo, destacamos a importância de continuar a busca pelo entendimento aprofundado, essencial para enfrentar os desafios futuros na área de sistemas de medição. Que você aplique esse conhecimento com confiança e eficácia em suas futuras empreitadas profissionais. 18 REFERÊNCIAS AGUIRRE, L. A. Fundamentos de instrumentação. São Paulo: Pearson, 2013. ALVES, J. L. L. Instrumentação, controle e automação de processos. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, V. J. Instrumentação e fundamentos de medidas. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019. v. 1. ______. Instrumentação e fundamentos de medidas. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019. v. 2. BEGA, E. A. Instrumentação industrial. 3. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. FIALHO, A. B. Instrumentação industrial: conceitos, aplicações e análises. 7. ed. São Paulo: Érica, 2010. FRANCHI, C. M. Instrumentação de processos industriais: princípios e aplicações. São Paulo: Érica, 2015. MORAES, C. C.; CASTRUCCI, P. L. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010. INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL AULA 2 Prof. Juliano de Mello Pedroso 2 CONVERSA INICIAL O estudo da instrumentação nos conduz a um fascinante universo de medições e controle, em que compreender a caracterização estática e dinâmica de instrumentos é essencial. A caracterização estática refere-se à capacidade de um instrumento em fornecer leituras precisas em condições de equilíbrio, enquanto a caracterização dinâmica aborda a resposta do instrumento a variações ao longo do tempo. Ambos são fundamentais para avaliar a confiabilidade e a eficácia dos instrumentos em diversas aplicações. A análise de sinais é uma habilidade indispensável para os profissionais de instrumentação. Compreender as características dos sinais, como amplitude, frequência e forma de onda, é crucial para interpretar corretamente as informações fornecidas pelos instrumentos. Esse aspecto do estudo nos leva a explorar técnicas de processamento de sinais e métodos de análise que são vitais para a tomada de decisões precisas em sistemas de controle e medição. Ao adentrarmos nos sistemas eletrônicos para instrumentação, deparamo-nos com a complexidade e a versatilidade necessárias para projetar circuitos capazes de amplificar, filtrar e processar sinais de maneira eficiente. Neste contexto, a integração de componentes eletrônicos e o entendimento de suas características tornam-se peças-chave para o desenvolvimento de sistemas eletrônicos robustos e precisos. Os amplificadores de instrumentação representam uma ferramenta valiosa na instrumentação eletrônica. Projetados para oferecer ganhos diferenciais e rejeição de modo comum, esses amplificadores são fundamentais para amplificar sinais de baixa amplitude, mantendo a fidelidade da informação. Seu papel crucial em aplicações de medição de precisão os torna uma área de estudo essencial neste campo. Os acoplamentos elétricos desempenham um papel vital na transmissão de sinais entre diferentes partes de um sistema. Compreender os diferentes métodos de acoplamento, como acoplamento direto, capacitivo e indutivo, é crucial para garantir a integridade do sinal e minimizar interferências indesejadas. Essa abordagem se revela indispensável para assegurar a confiabilidade dossistemas de instrumentação em ambientes diversos. 3 TEMA 1 – CARACTERIZAÇÃO ESTÁTICA E DINÂMICA DE INSTRUMENTOS A caracterização estática e dinâmica de instrumentos na instrumentação industrial representa uma abordagem essencial para entender o comportamento desses dispositivos em diferentes condições e cenários operacionais. Essa análise aprofundada visa proporcionar uma visão abrangente das capacidades e limitações dos instrumentos, contribuindo para a otimização de processos industriais. Aqui estão alguns aspectos destacados dessas duas abordagens de caracterização: 1.1 Caracterização estática A caracterização estática de instrumentos concentra-se nas propriedades e respostas quando os instrumentos estão em repouso ou sujeitos a mudanças lentas nas variáveis medidas. Alguns pontos-chave incluem: 1.1.1 Sensibilidade Avaliação da resposta do instrumento a pequenas variações nas entradas, fornecendo insights sobre sua capacidade de detectar mudanças sutis. A sensibilidade de um instrumento desempenha um papel crucial na sua capacidade de responder a mudanças na grandeza física que está sendo medida. A caracterização estática dessa propriedade é essencial para compreender a resposta do instrumento em diferentes condições e garantir a precisão das medições realizadas. A sensibilidade de um instrumento pode ser definida como a relação entre a variação na saída do instrumento e a variação correspondente na entrada, mantendo-se as demais condições constantes. Em termos práticos, a sensibilidade reflete a capacidade do instrumento de detectar e responder a pequenas alterações na quantidade que está sendo medida. Ao realizar a caracterização estática da sensibilidade de um instrumento, é necessário considerar vários fatores. Em primeiro lugar, a linearidade da resposta é crucial. Um instrumento linear responde de maneira proporcional à variação na entrada, facilitando interpretações diretas dos resultados obtidos. Além disso, é importante avaliar a histerese, que representa a dependência da resposta do instrumento em relação à trajetória percorrida pela grandeza medida. 4 Outro aspecto relevante na caracterização estática da sensibilidade é a análise da repetibilidade e da precisão. A repetibilidade refere-se à capacidade do instrumento de fornecer resultados consistentes em condições idênticas, enquanto a precisão diz respeito à proximidade dos valores medidos em relação ao valor real da grandeza. Métodos como calibração utilizando padrões conhecidos são comumente empregados na caracterização estática da sensibilidade. Esses procedimentos ajudam a identificar e corrigir possíveis desvios e garantir que o instrumento forneça medições confiáveis em diversas situações. 1.1.2 Precisão Análise da capacidade do instrumento de fornecer leituras consistentes e próximas aos valores reais em condições estáveis. 1.1.3 Linearidade Verificação da relação linear entre as entradas e saídas do instrumento para garantir um comportamento previsível. 1.1.4 Histerese Avaliação da dependência do instrumento em relação à direção das mudanças nas variáveis, examinando se as leituras são afetadas por alterações anteriores nas condições. 1.1.5 Exatidão Comparação entre as leituras do instrumento e os valores reais para garantir a precisão global em diferentes pontos de operação. A exatidão é uma medida crítica da confiabilidade de um instrumento de medição e desempenha um papel fundamental na garantia de resultados precisos e fiéis à realidade. A caracterização estática da exatidão é uma análise aprofundada que busca compreender a capacidade do instrumento de fornecer leituras precisas em relação aos valores reais das grandezas medidas. Ao abordar a exatidão em um instrumento, é imperativo avaliar diversos componentes que podem influenciar a fidedignidade das medições. A precisão absoluta, que expressa o quão próximo um resultado está do valor verdadeiro, é 5 uma consideração essencial. Além disso, a análise de erros sistemáticos e aleatórios, bem como a correção de eventuais desvios, é crucial para garantir a confiabilidade das medições. Na caracterização estática da exatidão, é necessário considerar a incerteza de medição, que representa a faixa na qual o valor real da grandeza medida é esperado com determinada probabilidade. Isso proporciona uma visão holística da confiabilidade do instrumento em diferentes condições e situações operacionais. Métodos de calibração utilizando padrões rastreáveis a normas reconhecidas são frequentemente empregados para realizar a caracterização estática da exatidão. Esses procedimentos permitem identificar e corrigir possíveis fontes de erro, garantindo que o instrumento mantenha um desempenho preciso e confiável ao longo do tempo. 1.2 Caracterização dinâmica A caracterização dinâmica, por outro lado, se concentra nas respostas do instrumento a mudanças rápidas ou perturbações nas variáveis medidas. Aspectos importantes desta abordagem incluem: 1.2.1 Tempo de resposta Avaliação da velocidade com que o instrumento responde a variações nas entradas, crucial para processos que demandam ajustes rápidos. 1.2.2 Frequência de resposta Exame da faixa de frequência na qual o instrumento pode seguir mudanças nas variáveis, essencial em processos dinâmicos. 1.2.3 Amplitude de resposta Verificação da capacidade do instrumento de lidar com variações significativas nas entradas sem saturação ou perda de precisão. 6 1.2.4 Estabilidade dinâmica Avaliação da estabilidade do instrumento durante mudanças transitórias, prevenindo oscilações indesejadas. 1.2.5 Supressão de ruído Identificação da capacidade do instrumento de filtrar e suprimir ruídos indesejados nas leituras, garantindo dados mais confiáveis. Ambas as caracterizações, estática e dinâmica, são fundamentais para entender e aprimorar o desempenho dos instrumentos na Instrumentação Industrial. Essa análise profunda não apenas contribui para a escolha adequada de instrumentos em diferentes aplicações, mas também auxilia na implementação de estratégias eficazes de controle e manutenção preventiva. É uma prática contínua que evolui com os avanços tecnológicos e as mudanças nas demandas operacionais, garantindo que os instrumentos estejam alinhados com os mais altos padrões de eficiência e confiabilidade. TEMA 2 – ANÁLISE DE SINAIS EM INSTRUMENTAÇÃO A análise de sinais desempenha um papel fundamental na instrumentação industrial, oferecendo uma abordagem detalhada para compreender as características e informações contidas nos sinais provenientes dos diversos sensores e instrumentos utilizados em processos industriais. Essa prática possibilita a extração de dados significativos, identificação de padrões e detecção de possíveis anomalias, contribuindo para o monitoramento eficaz e a tomada de decisões informadas. Abaixo, exploramos os principais aspectos da análise de sinais na instrumentação industrial: 2.1 Representação do sinal Na instrumentação, um sinal refere-se a uma representação física de uma grandeza que está sendo medida ou monitorada. Essa grandeza pode ser de natureza diversa, como temperatura, pressão, tensão elétrica, corrente, entre outras. O sinal é a forma como essa informação é codificada e transmitida para ser processada ou exibida por um instrumento de medição. 7 2.1.1 Sinal analógico Natureza contínua: um sinal analógico é caracterizado por uma variação contínua ao longo do tempo ou do espaço. Isso significa que o valor do sinal pode assumir qualquer valor dentro de um intervalo definido, resultando em uma representação suave e contínua da grandeza física. Exemplos comuns incluem formas de onda senoidais ou gráficos contínuos. Representação: os sinais analógicos são representados por uma amplitude que varia de acordo com a grandezamedida. Em instrumentação, esses sinais são frequentemente capturados por sensores e transdutores que geram uma saída proporcional à grandeza física monitorada. 2.1.2 Sinal digital Natureza discreta: ao contrário dos sinais analógicos, os sinais digitais são discretos, representados por valores específicos em momentos determinados. A informação é quantizada em valores discretos, geralmente em formato binário (0s e 1s), o que facilita o armazenamento, processamento e transmissão de dados. Representação: em vez de uma amplitude contínua, os sinais digitais são representados por uma sequência de bits, onde cada bit possui um valor específico. Dispositivos digitais, como computadores e microcontroladores, manipulam esses sinais discretos para processar informações e realizar operações lógicas. 2.2 Diferenças principais Natureza da variação: sinais analógicos têm uma variação contínua, enquanto sinais digitais têm uma variação discreta. Precisão e estabilidade: sinais analógicos podem ser afetados por ruídos e perdas devido à natureza contínua, enquanto sinais digitais são menos susceptíveis a interferências e podem ser mais facilmente recuperados e corrigidos. Armazenamento e processamento: sinais analógicos são mais complexos para armazenar e processar diretamente, enquanto sinais digitais podem ser facilmente manipulados por dispositivos digitais, oferecendo vantagens em termos de precisão e eficiência. 8 A principal diferença entre sinais analógicos e digitais reside na natureza da representação da informação, sendo contínua e suave no caso dos sinais analógicos e discreta e quantizada no caso dos sinais digitais. Na Figura 1 temos de forma visual a diferença entre sinais analógicos e sinais digitais. Figura 1 – Tipos de sinais 2.3 Outras premissas sobre sinais 2.3.1 Domínio do tempo versus domínio da frequência A escolha entre a análise no domínio do tempo ou no domínio da frequência depende da natureza do sinal. No domínio do tempo, observamos como o sinal varia ao longo do tempo, enquanto no domínio da frequência, analisamos as componentes espectrais do sinal. 2.3.2 Filtragem de sinais A aplicação de técnicas de filtragem é crucial para remover ruídos indesejados e destacar as características importantes do sinal. Isso pode envolver o uso de filtros passa-baixo, passa-alta ou band-pass, dependendo dos requisitos específicos. 2.3.3 Transformada de fourier A Transformada de Fourier é frequentemente empregada para converter sinais do domínio do tempo para o domínio da frequência, revelando as diferentes componentes espectrais presentes no sinal. 9 2.3.4 Análise de amplitude e fase A análise de amplitude e fase das componentes do sinal permite compreender a intensidade e o deslocamento temporal das diferentes frequências presentes. 2.3.5 Espectrograma O espectrograma é uma ferramenta valiosa para visualizar como a distribuição espectral do sinal muda ao longo do tempo, fornecendo informações sobre tendências e variações. 2.3.6 Análise de modulação Em sistemas que utilizam técnicas de modulação, a análise de sinais inclui a identificação de padrões de modulação, como amplitude, frequência ou fase modulada, dependendo do caso. 2.3.7 Análise de harmônicos A presença de harmônicos em sinais elétricos é comum e pode ser analisada para identificar distorções indesejadas e melhorar a qualidade da energia. 2.3.8 Análise espectral A análise espectral fornece informações sobre a distribuição de energia ao longo das diferentes frequências presentes no sinal, auxiliando na identificação de eventos específicos. 2.3.9 Análise de formas de onda complexas Em situações onde os sinais são complexos, como formas de onda não senoidais, a análise inclui a utilização de ferramentas matemáticas avançadas, como a Transformada Wavelet, para revelar detalhes mais refinados. 10 2.3.10 Diagnóstico de falhas A análise de sinais é valiosa para o diagnóstico de falhas em equipamentos, identificando padrões anômalos que podem indicar problemas operacionais ou de desgaste. A análise de sinais na Instrumentação Industrial é uma prática dinâmica e contínua, adaptando-se às demandas específicas de cada aplicação. Com a evolução das tecnologias de sensoriamento e processamento de sinais, a capacidade de extrair informações úteis dos sinais torna-se cada vez mais essencial para o monitoramento preciso, controle eficaz e manutenção preventiva em ambientes industriais. TEMA 3 – SISTEMAS ELETRÔNICOS PARA INSTRUMENTAÇÃO Sistemas eletrônicos desempenham um papel central na instrumentação industrial, fornecendo a base tecnológica para a medição, monitoramento e controle de variáveis críticas em processos industriais. Esses sistemas são projetados para oferecer precisão, confiabilidade e flexibilidade em ambientes desafiadores. A seguir, abordamos os principais aspectos relacionados aos sistemas eletrônicos na instrumentação: 3.1 Sensores e transdutores Os sistemas eletrônicos começam com sensores e transdutores, dispositivos que convertem grandezas físicas, como temperatura, pressão ou fluxo, em sinais elétricos mensuráveis. Esses sinais formam a base para as medições subsequentes. Os termos sensor e transdutor estão relacionados, mas têm significados ligeiramente diferentes. Um sensor é um dispositivo que detecta ou mede uma determinada grandeza física, como luz, temperatura, pressão, umidade, movimento etc. Ele converte a informação física em um sinal elétrico ou outro tipo de sinal que pode ser facilmente interpretado e processado. Exemplos comuns de sensores incluem sensores de temperatura, sensores de movimento, sensores de luz, entre outros. Um transdutor é um dispositivo que converte uma forma de energia em outra. Ele pode converter energia mecânica, elétrica, térmica, entre outras 11 formas de energia. Sensores são um tipo específico de transdutor que convertem uma grandeza física específica em um sinal elétrico ou outro tipo de sinal. Além dos sensores, há transdutores que convertem uma forma de energia em outra sem medir uma grandeza. Por exemplo, um alto-falante (exemplificado na Figura 2 é um transdutor que converte um sinal elétrico em ondas sonoras. Enquanto um sensor é um tipo de transdutor, nem todo transdutor é um sensor. Os sensores são transdutores que estão particularmente envolvidos na medição ou detecção de uma grandeza física específica. Figura 2 – Transdutor ou alto-falante Crédito: Lazy Bear/Shutterstock. 3.2 Condicionamento de sinal O condicionamento de sinal é uma etapa crucial. Os sinais provenientes dos sensores muitas vezes precisam ser amplificados, filtrados ou adaptados para garantir uma representação precisa da variável medida antes de serem processados eletronicamente. 12 3.3 Conversão a/d (analógico para digital) Para facilitar o processamento digital, os sinais analógicos são convertidos em formato digital por meio de conversores analógico-para-digital (A/D). Essa etapa é essencial para permitir a manipulação e análise eletrônica dos dados. 3.4 Processamento de sinal Sistemas eletrônicos incorporam unidades de processamento dedicadas para realizar operações matemáticas, filtragem avançada, correção de erros e outras tarefas essenciais para a análise dos dados. 3.5 Unidades de controle Em sistemas de controle, unidades de controle eletrônico são responsáveis por tomar decisões com base nas informações recebidas dos sensores. Elas ajustam atuadores para manter variáveis dentro dos limites desejados. Pode ser um controlador industrial dedicado ou até mesmo um CLP, exemplificado na Figura 3. Figura 3 – CLP (controlador lógico programável) Crédito: Xmentoys/Shutterstock. 13 3.6 Comunicação e interface A comunicação eficiente é fundamental. Sistemas eletrônicosfrequentemente incorporam interfaces de comunicação, como protocolos industriais, para transmitir dados entre instrumentos, sistemas de controle e outros dispositivos. 3.7 Unidades de armazenamento Para registros históricos ou análises posteriores, os sistemas eletrônicos muitas vezes incluem unidades de armazenamento para salvar dados relevantes, permitindo uma avaliação retroativa de desempenho ou identificação de padrões. 3.8 Alimentação e proteção Sistemas eletrônicos requerem fontes de alimentação adequadas e dispositivos de proteção para garantir operação contínua e segura, protegendo contra sobrecargas, surtos elétricos ou outras condições adversas. 3.9 Firmware e software A programação de firmware e software desempenha um papel essencial na configuração e operação dos sistemas eletrônicos. Ela permite a personalização, a implementação de algoritmos de controle e a adaptação às exigências específicas de cada aplicação. 3.10 Manutenção e diagnóstico Sistemas eletrônicos muitas vezes incorporam recursos de autodiagnóstico para detectar falhas, facilitando a manutenção preventiva e a rápida resolução de problemas. 3.11 Evolução tecnológica A rápida evolução tecnológica impulsiona a constante melhoria dos sistemas eletrônicos na Instrumentação Industrial. Avanços em semicondutores, 14 comunicação sem fio e inteligência artificial contribuem para sistemas mais eficientes e adaptáveis. Os sistemas eletrônicos na instrumentação industrial formam uma infraestrutura complexa e interconectada, essencial para o funcionamento eficiente dos processos industriais modernos. Esses sistemas combinam hardware robusto, algoritmos inteligentes e interfaces avançadas para fornecer dados precisos, controle eficaz e insights valiosos para os operadores e engenheiros. TEMA 4 – AMPLIFICADORES DE INSTRUMENTAÇÃO Amplificadores de Instrumentação (AI) são componentes cruciais na instrumentação eletrônica, projetados para amplificar sinais de baixa amplitude, frequentemente provenientes de sensores, de maneira precisa e eficiente. Na Figura 4 temos uma pequena placa com um amplificador soldado de forma artesanal. Figura 4 – Amplificadores operacionais Crédito: Hsyn20/Shutterstock. Esses amplificadores desempenham um papel vital na obtenção de leituras precisas em sistemas de medição, minimizando interferências e ruídos. A seguir, destacamos os principais aspectos relacionados aos amplificadores de instrumentação: 15 Os amplificadores de instrumentação operam com base no princípio de amplificar a diferença de potencial entre duas entradas, comumente referidas como a entrada não inversora (+) e a entrada inversora (-). Eles são especialmente projetados para amplificar o sinal diferencial entre essas entradas, rejeitando sinais comuns, como interferências e ruídos. Figura 5 – Pinagem de um amplificador operacional LM741 O LM741 é um amplificador operacional (op-amp) amplamente utilizado em eletrônica analógica. A pinagem desse circuito integrado é crucial para entender como conectá-lo corretamente em um projeto. A seguir está uma explicação da pinagem do CI LM741: Pinagem do LM741: 1. Offset Null (Nulo de Offset) - Pino 1: • Este pino é utilizado para ajustar o offset do amplificador operacional, permitindo ajustes finos para minimizar a diferença de potencial de entrada quando o sinal de entrada é zero. 2. Inverting Input (Entrada Inversora) - Pino 2: • Este é o terminal de entrada inversora, onde o sinal de entrada é aplicado quando se utiliza o amplificador em configuração inversora. 16 3. Non-Inverting Input (Entrada Não Inversora) - Pino 3: • Este é o terminal de entrada não inversora, onde o sinal de entrada é aplicado quando se utiliza o amplificador em configuração não inversora. 4. V- (V- ou Negativo) - Pino 4: • Este pino é conectado ao lado negativo da fonte de alimentação. 5. Offset Null (Nulo de Offset) - Pino 5: • Veja a descrição do Pino 1. Em alguns casos, o Pino 5 é utilizado em conjunto com o Pino 1 para ajuste do offset. 6. Output (Saída) - Pino 6: • Este é o terminal de saída do amplificador operacional, onde o sinal amplificado é retirado. 7. V+ (V+ ou Positivo) - Pino 7: • Este pino é conectado ao lado positivo da fonte de alimentação. 8. NC (No Connection - Sem Conexão) - Pino 8: • Esse pino é normalmente não utilizado e é deixado sem conexão. Conexão básica do LM741: • O terminal não inversor (Pino 3) e o terminal de saída (Pino 6) são frequentemente conectados juntos quando se utiliza o amplificador operacional em configuração de amplificador de ganho. O LM741 é alimentado simetricamente, o que significa que as fontes de alimentação positiva (V+) e negativa (V-) devem ser fornecidas para o correto funcionamento do amplificador operacional. A polaridade das entradas (não inversora e inversora) é crítica para o funcionamento adequado do amplificador em diferentes configurações. Certifique-se de seguir as especificações do fabricante e as necessidades específicas do seu circuito ao conectar o LM741. Essa pinagem e orientações são fundamentais para garantir o desempenho adequado do amplificador operacional em seus projetos O ganho diferencial é a medida de amplificação aplicada à diferença de potencial entre as entradas do amplificador de instrumentação. Esses 17 amplificadores são configuráveis, permitindo ajustes precisos do ganho conforme as necessidades específicas da aplicação. Uma característica distintiva dos amplificadores de instrumentação é sua alta capacidade de rejeição de modo comum. Isso significa que eles atenuam sinais que estão presentes em ambas as entradas, focando exclusivamente na amplificação da diferença entre elas. Amplificadores de instrumentação são amplamente utilizados em sistemas de medição que envolvem sensores, como termopares, pontes de Wheatstone, células de carga e termorresistências. Sua capacidade de amplificar sinais de baixa amplitude, enquanto rejeitam ruídos, é fundamental para a obtenção de leituras precisas. Muitos amplificadores de instrumentação possuem configurações de ganho programável, permitindo que os usuários ajustem facilmente a amplificação de acordo com as características específicas dos sensores ou das condições do ambiente. Amplificadores de instrumentação geralmente possuem alta impedância de entrada, evitando a carga excessiva nos circuitos de medição e garantindo a fidelidade do sinal original. A resposta em frequência desses amplificadores é projetada para atender às exigências das aplicações de medição, garantindo que a amplificação seja eficaz em uma ampla faixa de frequências. Além das aplicações de medição, os amplificadores de instrumentação são empregados em sistemas de controle, onde sua capacidade de amplificar sinais diferenciais é valiosa para ajustes precisos e controle dinâmico. O design cuidadoso desses amplificadores leva em consideração a minimização de ruídos, garantindo que o sinal amplificado mantenha uma relação sinal-ruído elevada. Muitos amplificadores de instrumentação incluem recursos de proteção contra sobrecarga para garantir a integridade do componente em condições adversas. Os amplificadores de instrumentação são componentes essenciais na Instrumentação Eletrônica, proporcionando amplificação precisa de sinais diferenciais em uma variedade de aplicações industriais. Sua capacidade de rejeitar ruídos e interferências, aliada à flexibilidade de ajuste de ganho, torna- os indispensáveis para sistemas de medição e controle de alta precisão. O 18 amplificador operacional de Instrumentação, comumente conhecido como INA (do inglês Instrumentation Amplifier), é um dispositivo eletrônico projetado para amplificar um sinal de baixo nível, geralmente proveniente de sensores ou transdutores, de uma maneira altamenteprecisa e com uma rejeição eficiente de ruídos comuns. Esse tipo de amplificador é fundamental em aplicações onde a precisão na amplificação de sinais de pequena amplitude é crítica, como em instrumentação científica, médica e de medição. A topologia do INA geralmente consiste em três amplificadores operacionais interconectados de forma específica, proporcionando uma alta impedância de entrada, rejeição de modo comum (CMR – Common Mode Rejection) e flexibilidade nas características de ganho. Principais características do INA: 1. Alta impedância de entrada: • O INA é projetado para ter uma impedância de entrada muito alta, o que significa que ele consome uma quantidade mínima de corrente do sinal de entrada, evitando assim qualquer carga significativa no circuito que está sendo medido. 2. Rejeição de modo comum (CMR): • Uma das características mais notáveis do INA é sua capacidade de rejeitar efetivamente sinais que são comuns tanto às entradas inversoras quanto não inversora. Isso é fundamental para reduzir a influência de ruídos ou interferências que podem ser adicionados ao sinal original. 3. Alta precisão e estabilidade: • O INA é projetado para proporcionar uma amplificação precisa e estável, sendo capaz de manter as características de ganho e rejeição de modo comum ao longo do tempo e em diferentes condições ambientais. 4. Configurabilidade de ganho: • Os INAs frequentemente possuem circuitos que permitem a fácil configuração do ganho do amplificador, permitindo adaptar-se às necessidades específicas de diferentes aplicações. 5. Baixo consumo de energia: 19 • Muitos INAs são projetados para ter um consumo de energia relativamente baixo, tornando-os adequados para aplicações onde a eficiência energética é uma consideração importante. Aplicações típicas do INA: 1. Medição de sensores de pequena amplitude: • O INA é amplamente utilizado em aplicações onde é necessário medir sinais provenientes de sensores de baixa potência, como termopares, células de carga e sensores de pressão. 2. Eletrocardiograma (ECG) e eletroencefalograma (EEG): • Em instrumentação médica, o INA é empregado para amplificar sinais bioelétricos de baixa amplitude para análise precisa, como em ECGs e EEGs. 3. Sistemas de controle e automação: • Em ambientes industriais, os INAs são utilizados para medir e amplificar sinais de sensores que monitoram variáveis críticas em sistemas de controle e automação. 4. Instrumentação científica e de laboratório: • O INA é aplicado em instrumentos de laboratório e científicos para amplificar sinais de sensores e transdutores com alta precisão. TEMA 5 – ACOPLAMENTOS ELÉTRICOS Acoplamentos elétricos são elementos fundamentais em sistemas eletrônicos e de instrumentação, desempenhando um papel crucial na transmissão eficiente de sinais elétricos entre diferentes componentes. Esses acoplamentos são projetados para garantir a integridade do sinal, minimizando interferências eletromagnéticas e proporcionando uma conexão confiável entre circuitos. Abaixo, destacamos os principais aspectos relacionados aos acoplamentos elétricos: O princípio básico dos acoplamentos elétricos é estabelecer uma conexão elétrica entre dois circuitos, permitindo a transferência de sinais sem a necessidade de uma conexão física direta. Isso é alcançado por meio de técnicas 20 como indução magnética, acoplamento capacitivo ou óptico, dependendo do tipo de acoplamento utilizado. No acoplamento indutivo, a transferência de sinal ocorre por meio da variação do fluxo magnético entre duas bobinas próximas. Esse método é eficaz para transmitir sinais em ambientes onde a conexão física direta é impraticável ou indesejada. Em acoplamentos capacitivos, a transferência de sinal é realizada por meio de campos elétricos entre placas capacitivas. Esse método é particularmente útil em aplicações que requerem isolamento elétrico entre os circuitos, prevenindo a passagem de corrente direta. Acoplamentos ópticos utilizam sinais de luz para transmitir informações entre circuitos. Isso é alcançado por meio de dispositivos como LEDs e fotodetectores, garantindo isolamento elétrico e imunidade a interferências eletromagnéticas. Muitos acoplamentos elétricos são projetados com isolamento galvânico, o que significa que não há conexão elétrica direta entre os circuitos acoplados. Isso proporciona vantagens, como prevenção de loops de terra e proteção contra danos elétricos. O 4N35 é um optoacoplador, também conhecido como acoplador óptico ou isolador óptico. Este componente eletrônico é utilizado para isolar eletricamente dois circuitos, permitindo a transmissão de dados ou sinais através de luz, em vez de conexões elétricas diretas. O 4N35 é uma versão específica de optoacoplador que utiliza um fototransistor como o dispositivo receptor de luz. Principais características do 4N35: 1. Estrutura interna: • O 4N35 possui uma estrutura interna que consiste em um emissor de luz (LED) e um fototransistor encapsulados em um mesmo invólucro. A luz emitida pelo LED é direcionada para o fototransistor. 2. Funcionamento: • Quando uma corrente elétrica é aplicada ao LED interno do 4N35, ele emite luz infravermelha. Essa luz é então detectada pelo fototransistor, causando uma variação em sua condutância elétrica proporcional à intensidade da luz. 21 3. Isolamento Elétrico: • O principal propósito do 4N35 é fornecer isolamento elétrico entre a entrada e a saída. Isso é particularmente útil em aplicações onde é necessário evitar o acoplamento direto de sinais entre diferentes partes de um sistema, prevenindo potenciais problemas de interferência ou oscilações. 4. Aplicações: • O 4N35 é comumente utilizado em circuitos de controle, interfaces de comunicação, acionamento de relés, detecção de sinais e em outras situações em que é necessário isolar eletricamente dois circuitos. Pinagem do 4N35: A pinagem específica do 4N35 pode variar dependendo do encapsulamento utilizado, mas geralmente inclui os seguintes pinos: 1. Ânodo do led (A): • Conectado à parte positiva da fonte de alimentação para o LED. 2. Cátodo do led (K): • Conectado à parte negativa da fonte de alimentação para o LED. 3. Coletor do fototransistor (C): • Saída do fototransistor, onde o sinal é obtido. 4. Emitter do fototransistor (E): • Conectado à parte negativa da fonte de alimentação para o fototransistor. Como utilizar o 4N35: Para utilizar o 4N35 em um circuito, é necessário conectar o ânodo e cátodo do led às fontes de alimentação apropriadas e conectar o coletor do fototransistor à parte do circuito que receberá o sinal isolado. O emitter do fototransistor é conectado à referência de terra do circuito. 22 Ao aplicar uma corrente ao led, a luz infravermelha emitida será detectada pelo fototransistor, permitindo a transferência do sinal entre os circuitos de entrada e saída sem uma conexão elétrica direta. O 4N35 é uma ferramenta versátil para lidar com isolamento elétrico em diversas aplicações, proporcionando uma solução eficaz para a transmissão de sinais em ambientes onde o isolamento é crítico. Na Figura 6 temos um exemplo da pinagem e do funcionamento desse CI. Figura 6 – Opto acoplador Acoplamentos elétricos são amplamente empregados em sistemas de instrumentação para transmitir sinais de sensores, transdutores e outros dispositivos de medição. Sua capacidade de garantir a transmissão de sinais precisos e livres de interferências é vital para a obtenção de dados confiáveis. Em aplicações de alta frequência, como comunicações sem fio ou transmissão de dados por radiofrequência, acoplamentos específicos para esse propósito são utilizados para garantir a eficiência na transmissão e recepção de sinais. Acoplamentos magnéticos, além de serem utilizados em acoplamentosindutivos, são comuns em sistemas de energia sem contato, como carregadores de dispositivos eletrônicos sem fio. A escolha do tipo de acoplamento elétrico depende das características específicas da aplicação, como a distância entre os circuitos, a frequência dos sinais a serem transmitidos e a necessidade de isolamento elétrico. 23 A evolução tecnológica continua a impulsionar o desenvolvimento de acoplamentos elétricos mais eficientes, compactos e capazes de lidar com demandas crescentes em termos de velocidade de transmissão e imunidade a interferências. Em resumo, acoplamentos elétricos são elementos essenciais para a transmissão eficaz de sinais em sistemas eletrônicos e de instrumentação. Sua variedade de técnicas e aplicações permite a adaptação a diferentes requisitos, desempenhando um papel fundamental na obtenção de dados precisos e na preservação da integridade do sinal em ambientes desafiadores. FINALIZANDO Nesta abordagem, exploramos os fundamentos da instrumentação, mergulhando na caracterização estática e dinâmica de instrumentos, na análise de sinais, nos sistemas eletrônicos dedicados à instrumentação, nos amplificadores de instrumentação e nos acoplamentos elétricos. Cada um desses tópicos desempenha um papel vital no campo da medição e controle, capacitando-nos a extrair informações valiosas do mundo ao nosso redor. Ao compreender a estática e dinâmica dos instrumentos, a análise de sinais e os sistemas eletrônicos que os impulsionam, ganhamos a capacidade de projetar e operar sistemas de instrumentação robustos e precisos. Os amplificadores de instrumentação, por sua vez, oferecem as ferramentas necessárias para amplificar sinais delicados com confiança, enquanto os acoplamentos elétricos garantem uma transmissão eficiente e confiável desses sinais entre diferentes partes de um sistema. Continuaremos a nossa jornada em conteúdos posteriores, explorando aplicações práticas, desafios comuns e soluções inovadoras no emocionante mundo da instrumentação eletrônica. Este é apenas o começo de uma jornada repleta de descobertas e aprendizado constante. 24 25 REFERÊNCIAS AGUIRRE, L. A. Fundamentos de instrumentação. São Paulo: Pearson, 2013. ALVES, J. L. L. Instrumentação, controle e automação de processos. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. BEGA, E. A. Instrumentação industrial. 3. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, V. J. Instrumentação e fundamentos de medidas. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019. v. 1. _____. Instrumentação e fundamentos de medidas. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019. v. 2. FILHO, A. B. Instrumentação industrial: conceitos, aplicações e análises. 7. ed. São Paulo: Érica, 2010. FRANCHI, C. M. Instrumentação de processos industriais – Princípios e aplicações. São Paulo: Érica, 2015. MORAES, C. C; CASTRUCCI, P. L. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010. INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL AULA 3 Prof. Juliano de Mello Pedroso 2 CONVERSA INICIAL Damos início a esta etapa explorando um fascinante conjunto de dispositivos que desempenham papéis cruciais na instrumentação industrial. Ao longo desta jornada, mergulharemos nos princípios e aplicações dos potenciômetros, extensômetros, LVDTs, encoders e acelerômetros, desvendando as complexidades e a importância desses componentes na medição precisa e no controle de variáveis em ambientes industriais diversos. Iniciaremos nossa exploração com os potenciômetros, dispositivos simples e versáteis que desempenham um papel vital em sistemas de controle e ajuste. Seu papel fundamental na regulação de ganho, controle de volume e ajuste de parâmetros em circuitos elétricos estabelece uma base para compreender a sua aplicação em uma ampla gama de aplicações industriais. Seguiremos para os extensômetros, sensores de deformação que nos permitem medir com precisão a extensão em materiais sujeitos a tensão. Veremos como esses dispositivos sensíveis têm aplicação em testes de materiais, contribuindo para análises estruturais e a compreensão do comportamento de materiais em condições diversas. A próxima parada em nossa jornada é o LVDT, um transdutor magnético que oferece medições precisas de deslocamentos lineares. Exploraremos como sua estrutura diferencial e princípios de indução magnética o tornam uma escolha valiosa em sistemas de automação, controle de processos e medição de posicionamento. Avançaremos para os encoders, dispositivos que traduzem movimentos em sinais elétricos, proporcionando feedback essencial sobre a posição angular ou linear de componentes mecânicos. Descobriremos como os encoders desempenham um papel crítico em sistemas de controle e automação, desde motores industriais até robôs programáveis. Finalmente, exploraremos os acelerômetros, sensores essenciais para medir a aceleração de objetos. Veremos como esses dispositivos são aplicados em setores diversos, desde aeroespacial até monitoramento estrutural, contribuindo para a detecção de movimentos, vibrações e inclinações. Preparem-se para uma etapa repleta de insights e descobertas, em que desvendaremos a importância prática desses dispositivos na instrumentação industrial. 3 TEMA 1 – POTENCIÔMETROS Potenciômetros, também conhecidos como resistores variáveis ou simplesmente pots, são dispositivos eletrônicos versáteis e amplamente utilizados na instrumentação eletrônica e em circuitos elétricos em geral. Esses componentes desempenham o papel crucial de fornecer uma resistência ajustável, permitindo controle manual sobre a corrente elétrica em um circuito. Aqui estão alguns aspectos importantes sobre potenciômetros: O potenciômetro é essencialmente um resistor variável com três terminais: dois extremos e um ponto móvel. O componente permite ajustar a resistência entre o ponto móvel e um dos extremos, alterando assim a divisão da tensão ao longo do resistor. Existem diversos tipos de potenciômetros, mas os mais comuns são o potenciômetro de fio, onde o ajuste é feito manualmente, e o potenciômetro de filme espesso, mais compacto e frequentemente usado em aplicações eletrônicas. Uma das aplicações mais conhecidas de potenciômetros é no controle de volume em dispositivos de áudio, conforme exemplo na Figura 1. Eles permitem ajustar a intensidade do som variando a resistência e, consequentemente, a amplitude do sinal. Em alguns circuitos de iluminação, potenciômetros são utilizados para ajustar a intensidade da luz, proporcionando controle variável sobre a luminosidade. Figura 1 – Potenciômetro de áudio (volume) Crédito: Seveniwe/Shutterstock. 4 Potenciômetros são frequentemente empregados em circuitos de controle de motores para ajustar a velocidade de rotação. Esse uso é comum em ventiladores, ferramentas elétricas e outros dispositivos motorizados. Potenciômetros são essenciais em circuitos de divisão de tensão, onde o ponto móvel é conectado ao terminal central e fornece uma tensão variável proporcional à posição do ajuste. Na Figura 2 temos uma foto real desse componente eletrônico. Figura 2 – Potenciômetro Crédito: Moviephoto/Shutterstock. Em circuitos eletrônicos, potenciômetros são frequentemente utilizados como resistores variáveis em ajustes finos de circuitos analógicos ou como componentes ajustáveis em circuitos de controle. Em sistemas de medição e controle industrial, potenciômetros são empregados para calibração de instrumentos, ajuste fino de circuitos e outras aplicações em que a variação controlada da resistência é necessária. Com o avanço da tecnologia, surgiram os potenciômetros digitais, que substituem o ajuste manual por sinais digitais. Esses componentes são frequentemente controlados pormicrocontroladores e oferecem maior precisão. Os potenciômetros podem ser lineares (cuja variação da resistência é uniforme) ou logarítmicos, mais comuns em aplicações de áudio, em que a 5 variação da resistência é percebida de forma mais equilibrada pelo ouvido humano. Potenciômetros físicos podem estar sujeitos ao desgaste mecânico com o tempo, levando à necessidade de substituição ou manutenção. Nos casos em que a precisão é crítica, potenciômetros digitais podem ser preferíveis. Os potenciômetros desempenham um papel central em uma variedade de aplicações eletrônicas, proporcionando controle variável sobre a resistência e, consequentemente, sobre o comportamento de circuitos elétricos. Sua versatilidade e fácil integração tornam esses componentes essenciais em projetos eletrônicos e sistemas de controle. TEMA 2 – EXTENSÔMETROS Extensômetros são dispositivos de medição projetados para detectar deformações em materiais, proporcionando informações cruciais sobre a tensão ou compressão a que esses materiais estão sujeitos. Amplamente utilizados em testes de materiais, pesquisas estruturais e aplicações industriais, os extensômetros desempenham um papel fundamental na compreensão do comportamento mecânico de diversos materiais. A seguir, destacamos alguns aspectos importantes sobre extensômetros: O extensômetro baseia-se no princípio da mudança de resistência elétrica em resposta à deformação do material. Ele é composto por uma grade metálica ou um fio extensível conectado ao material que está sendo testado. À medida que o material se deforma, a grade ou o fio extensível se esticam, alterando sua resistência elétrica. Na Figura 3 temos uma foto desse sensor. 6 Figura 3 – Strain gauge (extensômetro) Crédito: Jefferson Schnaider. Existem diferentes tipos de extensômetros, incluindo extensômetros de fio, de fita e de película. Cada tipo é projetado para atender a requisitos específicos de aplicação, levando em consideração fatores como material do objeto de teste, faixa de deformação esperada e precisão necessária. A instalação adequada do extensômetro é crucial para obter resultados precisos. Eles são fixados na superfície do material com adesivos ou soldados, dependendo da aplicação. A fixação precisa minimizar interferências externas e garante que o extensômetro responda apenas à deformação do material. A leitura da deformação ocorre por meio da medição da variação de resistência no extensômetro. Essa variação é proporcional à deformação sofrida pelo material. Os dados coletados são frequentemente convertidos em tensão ou compressão, proporcionando informações cruciais para análise estrutural e de materiais. Extensômetros são amplamente utilizados em testes de tração, compressão, flexão e torção para avaliar as propriedades mecânicas de materiais como metais, plásticos, cerâmicas e compósitos. 7 Em aplicações industriais, extensômetros são empregados para monitorar a integridade estrutural de equipamentos e estruturas, possibilitando a detecção precoce de deformações e a prevenção de falhas catastróficas. Na Figura 4 temos um extensômetro instalado. Figura 4 – Extensômetro na prática Crédito: Igor Paszkiewicz/Shutterstock. Em ambientes sujeitos a variações térmicas, os extensômetros autocompensadores são utilizados para compensar automaticamente as variações de temperatura, garantindo medições precisas independentemente das condições ambientais. Extensômetros também são incorporados em sensores de força e torque, proporcionando medições diretas e precisas nessas aplicações. Avanços recentes incluem extensômetros de fibra óptica, que utilizam a mudança na propriedade óptica da fibra para medir deformações. Essa tecnologia oferece maior resistência a ambientes agressivos eletromagneticamente e fisicamente. Extensômetros desempenham um papel essencial em pesquisas e desenvolvimentos de materiais, contribuindo para a compreensão de como diferentes materiais respondem a cargas e deformações, orientando o design de produtos mais seguros e eficientes. 8 Extensômetros são ferramentas indispensáveis em testes mecânicos e análises de materiais, proporcionando dados cruciais sobre a resposta de materiais à deformação. Sua aplicação abrange desde a pesquisa em laboratórios até o monitoramento estrutural em ambientes industriais, desempenhando um papel crucial na garantia da integridade e eficiência de materiais e estruturas. TEMA 3 – LVDT Transdutores diferenciais de indução linear, ou LVDT (do inglês Linear Variable Differential Transformer), são dispositivos de medição precisos e confiáveis amplamente utilizados para converter movimentos lineares em sinais elétricos. Esses transdutores são conhecidos por sua alta precisão, estabilidade e capacidade de operar em ambientes adversos. A seguir, destacamos alguns aspectos importantes sobre os LVDTs: O LVDT opera com base no princípio de transformação eletromagnética. Consiste em um núcleo ferromagnético móvel posicionado entre duas bobinas fixas, conhecidas como primário e secundário. Quando o núcleo se desloca linearmente, ele altera o acoplamento mútuo entre as bobinas, resultando em uma mudança proporcional na tensão induzida nas bobinas secundárias. Figura 5 – Esquema de funcionamento do LVDT Crédito: Jefferson Schnaider. 9 Os componentes principais de um LVDT incluem o núcleo móvel, um cilindro envolvente para proteção, um conjunto de bobinas primárias e secundárias e um núcleo externo que cobre as bobinas secundárias. A configuração simétrica das bobinas proporciona uma resposta linear às mudanças no deslocamento do núcleo. LVDTs são conhecidos por sua excepcional precisão e estabilidade em medições lineares. Eles oferecem uma faixa de medição que pode variar de milímetros a vários centímetros, dependendo do design específico do transdutor. LVDTs são frequentemente utilizados em aplicações onde a precisão na medição linear é crítica. Isso inclui a medição de deslocamentos, deformações e posicionamento em diversos setores, como indústria automotiva, aeroespacial, laboratórios de pesquisa e sistemas de controle de processos. Uma característica notável dos LVDTs é sua robustez e imunidade a ambientes hostis. Esses transdutores são capazes de operar em condições adversas, como alta temperatura, vibrações e ambientes sujeitos a campos magnéticos intensos. Devido à sua alta precisão, LVDTs são frequentemente integrados a sistemas de controle para monitorar e ajustar posicionamento em tempo real. Eles também são utilizados em sistemas de retroalimentação para garantir precisão em movimentos controlados. Na Figura 6 temos um exemplo prático desse sensor. Figura 6 – LVDT na prática Crédito: Wasteresley Lima. Existem diferentes configurações de LVDT, incluindo LVDTs de núcleo livre, que, como o nome já diz, pode se mover livremente, e LVDTs de núcleo 10 preso, onde o núcleo é fixado. A escolha entre essas configurações depende da aplicação específica e dos requisitos de medição. LVDTs são transdutores de deslocamento não-contatantes, o que significa que o núcleo móvel não toca fisicamente as bobinas. Isso resulta em uma operação sem desgaste e uma vida útil prolongada. Com os avanços tecnológicos, surgiram variantes digitais de LVDTs que oferecem saídas digitais para facilitar a integração com sistemas de controle modernos. Em ensaios não destrutivos, os LVDTs são utilizados para medições precisas de deformações e deslocamentos em materiais, contribuindo para avaliações confiáveis da integridade estrutural. Os LVDTs são instrumentos valiosos em aplicações que exigem medições lineares altamente precisas e confiáveis. Sua versatilidade, resistência e capacidade de proporcionar dados precisos em ambientes desafiadores fazem deles uma escolha comum em
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