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Atividade Agrário - ESLONE,

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CONFLITOS AGRÁRIOS REGIAO NOROESTE DE MATO GROSSO: reforma agrária como instrumento de pacificação
Acadêmicos Eslone Pereira dos Santos, Gilmar Roberto Silva e Ivoney Pereira Rodrigues 
INTRODUÇÃO
Inicialmente cabe destacar que a Reforma Agrária é o conjunto de medidas administradas pelo Poder Público com a finalidade de promover a distribuição de terras entre trabalhadores rurais mediante alterações no regime de posse e uso, atendendo aos princípios de justiça social e aumento da produtividade, conforme preconiza a Lei nº 4.504/64 (Estatuto da Terra)
Além de promover cidadania, proporcionar a desconcentração e democratização da estrutura fundiária e gerar renda no campo, a Reforma Agrária beneficia: A produção de alimentos básicos; O combate à fome e à pobreza; Promoção da cidadania e da justiça social; A interiorização dos serviços públicos básicos; A redução da migração campo-cidade; A diversificação do comércio e dos serviços no meio rural.
Além disso, a busca pela erradicação da pobreza extrema deve estar atrelada a políticas de acesso à terra e desconcentração fundiária.
METODOLOGIA
A pesquisa foi pelo método bibliográfico, de acordo com Vergara (2007), é o tipo de pesquisa realizada com base em livros. O estudo se deu com base em livros na área de Direito Agrário. 
DESENVOLVIMENTO
A princípio a reforma agrária é uma batalha necessária em um país de exercícios de centralização fundiária. É válido destacar que o Brasil jamais realizou uma reforma agrária estrutural, com grandes repartições de terras, aos exemplos da Revolução Francesa ou da Lei de Propriedade Rural dos Estados Unidos. Não obstante disso, o assunto esteve presente com força, a partir da segunda metade do século XX, nos debates políticos brasileiros. Uma das ocasiões icônicas em que se discorreu nele foi dentro da proposta de Reformas de Base do governo João Goulart (Jango). Contudo, com a queda de Goulart e a tomada do poder pelos militares, em 1964, as reformas de base de Jango, como um todo, não se realizaram. Apesar disso, o conceito de reforma agrária continuou viva com a concepção do Estatuto da Terra, em 1964, que acarretou o conceito da função social da terra.
Apesar da não concretização das reformas de Goulart, em 1964 foi criado o Estatuto da Terra, onde debate a reforma agrária. Logo no seu primeiro artigo, o Estatuto traz um significado para o termo no Brasil. Desse modo, reforma agrária seria: O conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade. 
Além disso, ali fica constituído que para que alguém pudesse sustentar sua propriedade de terra, esta necessitaria cumprir sua função social. De acordo com o segundo artigo do Estatuto, uma propriedade cumpriria função social quando: Favorece o bem-estar dos proprietários e trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; Mantém níveis satisfatórios de produtividade; Assegura a conservação dos recursos naturais; Observam as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que possuem e os que labutam.
Na prática, isso quer dizer que a terra, diferentemente de outros bens não pode ser adquirida e não usada. Para que seu proprietário tenha direito a manter a posse, ela precisa ser produtiva. A partir de 1988, o Estado brasileiro se prometia a realizar a reforma agrária em seu documento mais importante, a Constituição. O órgão responsável pela realização dessa prática seria o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Com isso, ficavam estabelecidos os meios jurídico.
Diante disso, alguns dos argumentos favoráveis à reforma agrária são: A repartição de terras sem função social é um direito constitucional e uma das principais meios de se diminuir a forte centralização de terras brasileira; Não fazer a reforma agrária é privilegiar os interesses de alguns capitalistas em detrimento do interesse de milhões de trabalhadores rurais; A reforma agrária tem papel mais social que econômico. É importante forma de geração de empregos e contenção dos fluxos migratórios que geram inchaço nas cidades; Segundo Graziano da Silva, agrônomo, professor e escritor brasileiro: “se não existissem outras bastaria essa: a pior das reformas agrárias que ao menos garante casa, comida e trabalho por uma geração, custa menos da metade do que é gasto para manter alguém na cadeia; A não solução da questão agrária continua sendo um impedimento ao desenvolvimento mais equitativo e justo do país. Em 2017, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) afirmou que a justa distribuição da terra é imprescindível para erradicar a fome e alcançar desenvolvimento sustentável; Os trabalhadores rurais sem terra possuem como único ofício a habilidade de trabalhar na terra. Sem a possibilidade da terra para trabalhar, não se encaixam nas cidades e acabam se juntando à população mais pobre do país.
Alguns argumentos contrários à reforma agrária são: O direito à propriedade é inviolável. O discurso de reforma agrária moderno, como é feito pelo MST, gera à violação de propriedade, trazendo como resultados o aumento de conflitos e da violência no campo, sem necessariamente trazer melhores resultados; O tempo histórico da reforma agrária passou. O mundo rural brasileiro mudou radicalmente nos últimos 30 anos e não faz mais sentido se falar em reforma agrária e essa não é uma bandeira nacional. É necessário fortalecer a estrutura do campo, um dos grandes motores do PIB brasileiro, e não enfraquecê-la; A questão social deixou o campo e foi para as cidades. O caminho é buscar melhores condições de vida para as pessoas nas cidades ao invés de manter altos gastos, sem grandes resultados, com a reforma agrária; O processo de reforma agrária brasileiro é marcado por irregularidades e baixa fiscalização. Segundo relatório do TCU, o valor de terras ocupadas com suspeita de irregularidades soma 159 bilhões de reais; A influência da terra é pequena em relação ao valor do produto. 
	O assunto no campo está longe de ter um fim no país. No Brasil, dentre os conflitos rurais, o que mais provocou mortes foram os conflitos pela luta da terra. Em abril e maio de 2017, por exemplo, o país acompanhou estarrecido dois grandes confrontos pela terra: o primeiro deixou 10 pessoas mortas em Gleba Taquaruçu do Norte, área rural do município de Colniza há 1.065 quilômetros (Km) de Cuiabá, Mato Grosso; o segundo deixou 13 feridos e ocorreu no Norte do país, no povoado de Bahias, no município de Viana, a 250 Km de São Luís, Maranhão. No Mato Grosso, a disputa se deu entre assentados rurais e fazendeiros da região; já o confronto no Maranhão se deu entre fazendeiros e indígenas. Porém, o que chama a atenção nesses confrontos que não poupam gênero, idade ou etnia é a violência com que certos grupos asseguram a posse da terra, muitas vezes legitimados pela polícia e pelo Estado.
Enfim, conforme fatos expostos, destaca-se que quando a reforma é bem planejada, estruturada e executada, os benefícios podem ser notados pela população. Em um sistema capitalista liberal ou em um sistema socialista de governo e economia, há o entendimento de que a desigualdade social não permite o bom desenvolvimento econômico da população. Além disso, há o entendimento de que a terra tem um valor social que deve ser respeitado para que haja democracia e de que todos possam usufruir dos bens propiciados por ela.
Não obstante, uma reforma agrária mal estruturada pode resultar na perpetuação, e até no acirramento da desigualdade social, quando cria mecanismos que não permitem a aquisição de pequenas propriedades por parte dos pequenos produtores agrícolas. 4
E por fim, finalizo que é de suma importância lembrar que debate vai sempre existir, mas é importante que ele se faça no campo das ideias, sem extremismos e sensacionalismos, para que a violência não tome conta. Estar bem informado é a melhor forma de adequar para debater criticamente opolêmico tema da reforma agrária.
BIBLIOGRAFIA
https://www.justica.gov.br/seus-direitos/politicas-de-justica/publicacoes/Biblioteca/dialogossobrejustica_solucoes-alternativas-para-fundiarios-agrarios.pdf/
http://www.incra.gov.br/pt/reforma-agraria.html
https://books.googleusercontent.com/books/content?req=AKW5QadygKIoNHMxES5AWwYb7rrN2lxa6EuW_5sou3pGquT8Gw1pIDWLFzvIe66Ga9imxUMy_YJZM7y_yqYrcsHhJ3iQdvSToZ-1k9WPjQqLWmwAYYLNxIEMNbQgVlyvxdw_htVT6ZVVWnTMFCgdnx4Vjelm6EIj0Wp2cmJqY3f2KH2zmKsI4mBwL7RiqklDUV2OHOf9tzoKHAGe6XQo-W94w9d60nXjMi0uefcQq_zpI7V7RikGP7tY4NgRiXR60WTsLEjYZWmInI-fe7CST79vltQxZ1Z6CKsjsgS_sPC1DsgaLdrdRj8
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/reforma-agraria.htm#:~:text=A%20reforma%20agr%C3%A1ria%20beneficia%20os,do%20valor%20social%20da%20terra.&text=Nesse%20sentido%2C%20a%20forma%C3%A7%C3%A3o%20de,pequena%20escala%20da%20cadeia%20produtiva.
VERGARA, Sylvia Constant. Projeto e relatório de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2007. 
DE SOUZA MARTINS, José. Reforma agrária: o impossível diálogo sobre a história possível. Tempo social, v. 11, n. 2, p. 97-128, 1999.
FILIPPI, Eduardo Ernesto. Experiências Internacionais e a Reforma Agrária no Brasil.
MATEI, Lauro. O debate sobre a reforma agrária no contexto do Brasil rural atual. Revista Política e Sociedade. 2017.

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