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AULA 5 GESTÃO DO SUAS – PLANOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E PACTO DE APRIMORAMENTO DO SUAS Profª Adriana Zanqueta Wilbert Ito 2 TEMA 1 – CONCEITUANDO MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 1.1 Monitoramento No que tange ao planejamento das políticas públicas, elaborar um plano de ação é fundamental. Para que ele se efetive, é necessário acompanhar, de forma sistemática, os passos realizados. De acordo com a SAGI (2016), sustenta-se sobre a observação, a coleta e a análise sistemática de dados e indicadores sobre o desenvolvimento de um programa. É uma ferramenta que usa informações para fazer o acompanhamento dos programas e, ao mesmo tempo, produz informações sobre o funcionamento das atividades. Por conseguinte, o monitoramento consiste numa ferramenta que amplia o conhecimento dos gestores sobre os processos de implementação, o que permite gerenciar de forma mais adequada os recursos disponíveis, corrigindo desvios ou solucionando problemas que surgem ao longo do processo de execução dos programas. Os objetivos e metas inicialmente planejados (Vaitsman; Rodrigues; Paes-Sousa, 2006; Cepal, 1997, citado por Sagi, 2016, p. 10- 11). No Brasil, a aplicabilidade do monitoramento no processo de gestão das políticas públicas foi crescendo paulatinamente. O texto da Secretaria da Cidadania/SAGI (2016) contribui com a contextualização histórica do monitoramento como ferramenta de gestão: até os anos de 1980, as atividades de monitoria e avaliação de políticas públicas eram realizadas apenas nas auditorias da contabilidade. No ano de 1982, o Tribunal de Contas da União (TCU) criou um conceito e a prática da auditoria operacional, a qual tinha o propósito de observar o cumprimento da responsabilidade financeira e avaliar a eficiência e eficácia dos programas, projetos e atividades dos órgãos e entidades. A Carga Magna de 1988 instituiu que os governos passassem a organizar suas ações a partir dos Planos Plurianuais (PPA) e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Desta forma, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário deveriam manter o sistema de controle interno de forma integrada. Passa a ser necessário verificar as metas previstas no plano plurianual. Desde então, este processo foi sendo amadurecido e aplicado. No caso da Política Nacional de Assistência Social, corroborando com Gasparini e Furtado (2014 citado por Sagi, 2016, p. 12) no decorrer do tempo, um conjunto de normas e legislações foram criadas para contribuir para o avanço desta área. 3 Os autores enfatizam que a Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004) ressalta a importância dos campos de informação, monitoramento e avaliação de políticas sociais. “A PNAS traz em seu bojo a preocupação de se implantar em caráter de urgência um sistema de monitoramento e avaliação como parte essencial da consolidação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS. Esta preocupação é ratificada por intermédio da Norma de Operacionalização Básica do SUAS (NOB/SUAS), tornando a avaliação e o monitoramento práticas oficiais no conjunto de ações desse sistema” (Gasparini; Furtado, 2014, p. 123). Embasado nas normativas, a Portaria n. 329/2006 do então MDS instituiu e regulamentou a Política de Monitoramento e Avaliação. Este documento define: São consideradas ações de monitoramento aquelas que se destinam ao acompanhamento da implementação e execução dos programas e ações, visando à obtenção de informações para subsidiar gerenciamento e a tomada de decisões cotidianas, bem como a identificação precoce de eventuais problemas” (art. 2/Portaria n. 329/2006). 1.2 Avaliação Avaliação é um elemento fundamental no processo do planejamento, seus resultados possibilitam tomar decisões mais assertivas. Sendo assim, Nogueira (2002) apresenta um conceito interessante, Avaliar deriva de valia que significa valor. Portanto, avaliação corresponde ao ato de determinar o valor de alguma coisa. A todo o momento o ser humano avalia os elementos da realidade que o cerca. A avaliação é uma operação mental que integra o seu próprio pensamento – as avaliações que fez orientam ou reorientam sua conduta (Silva, citado por Garcia, 2001 p. 28, citado por Nogueira, 2002, p. 142). Sendo assim, Nogueira (2002) afirma que avaliar demanda julgar ações, situações, comportamentos, tanto na esfera individual ou institucional. Destarte, é necessário associar o valor a uma capacidade de atender necessidades do ser humano. Garcia por sua vez acredita que “compete à avaliação analisar o valor de algo em relação a algum anseio ou a um objeto, não sendo possível avaliar, consequentemente, sem se dispor de uma referência precisa” (Garcia, 2001, citado por Nogueira, 202, p. 142) Também podemos utilizar o conceito apresentado por Pereira: “avalição é a comparação dos resultados alcançados (descritos pelos indicadores de desempenho) com os desempenhos pretendidos (descritos pelos objetivos estratégicos e metas definidas)” (Pereira, 1998ª, p. 30, citado por Nogueira, 2002, p. 150) 4 O processo da avaliação não se propõe apenas a mensurar, e sim julgar. Este julgamento se materializa a partir de valores atribuídos às ações a serem analisadas a partir de diretrizes ideológicas e políticas. Sendo assim, Nogueira (2002) entende que avaliar demanda estabelecer, a partir de um olhar subjetivo e valorativo, e confrontar as situações existentes com os objetivos e metas determinados no planejamento. A avaliação é uma ferramenta importante no processo das políticas públicas, pois permite tornar transparente os resultados alcançados para todos os envolvidos: usuários, agências financiadoras, gestores e trabalhadoras das políticas públicas e toda a sociedade. Também contribui para assegurar a qualidade dos serviços prestados. 1.3 Diferença existente entre o monitoramento e a avaliação de políticas públicas Costa (2017) contribui para que possamos compreender a diferença entre os dois conceitos. Geralmente, as pessoas entendem que avaliação e monitoramento de políticas públicas são sinônimos. O referido autor afirma que o monitoramento contribui para o processo de acompanhamento das políticas públicas. É uma atividade que subsidia a análise dos dados colhidos. Também contribui para compreender os instrumentos pela gestão que melhor se adequam à realidade. Ao identificar algum problema, ainda é possível que os gestores e os técnicos responsáveis possam pensar em uma nova rota para atender os objetivos e metas definidos nos planos de ação. A avaliação, por sua vez, é um processo finalístico. Ela propicia compreender o quanto os objetivos se tornaram concretos. Costa (2017) afirma também que a avaliação de políticas públicas é uma das etapas do ciclo de políticas públicas. Todo o processo avaliativo deve estar calcado em critérios pré- estabelecidos. Um dos melhores resultados da avaliação e a geração de reflexões críticas sobre a política pública em pauta. TEMA 2 – DEFININDO VIGILÂNCIA SOCIOASSISTECIAL A Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (Lei n. 8.742/1993), em seu art. 2o, delimita os objetivos da assistência social, e entre eles está “II – a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das 5 famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos (Redação dada pela Lei n. 12.435, de 2011)”. Ainda no art. 6o, a organização da assistência social apresenta os seguintes tipos de proteção: proteção social básica e proteção social especial. Destaca também em um parágrafo único que “a vigilância socioassistencial é um dos instrumentos das proteções da assistência social que identifica e previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos no território (Incluído pela Lei n. 12.435, de 2011)”. No texto da PNAS (2004), no capítulo que descreve a gestão e a perspectivado SUAS, são apresentados os elementos fundamentais para a execução da política de assistência social. Desta forma, é possível normatizar os padrões dos serviços prestados e garantir a sua qualidade para os usuários. São determinados os eixos estruturantes, entre eles: matricialidade sociofamiliar, descentralização político-administrativa e territorialização, novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil, financiamento, controle social, desafio da participação popular/cidadão usuário, a política de Recursos Humanos, a informação, o monitoramento e a avaliação. Destarte, os serviços socioassistenciais no SUAS são organizados segundo as seguintes referências: vigilância social, proteção social e defesa social e institucional. O conceito presente na PNAS (2004, p. 39-40) é o seguinte: Vigilância Social: refere-se à produção, sistematização de informações, indicadores e índices territorializados das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social que incidem sobre famílias/pessoas nos diferentes ciclos da vida (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos); pessoas com redução da capacidade pessoal, com deficiência ou em abandono; crianças e adultos vítimas de formas de exploração, de violência e de ameaças; vítimas de preconceito por etnia, gênero e opção pessoal; vítimas de apartação social que lhes impossibilite sua autonomia e integridade, fragilizando sua existência; vigilância sobre os padrões de serviços de assistência social em especial aqueles que operam na forma de albergues, abrigos, residências, semi-residências, moradias provisórias para os diversos segmentos etários. Os indicadores a serem construídos devem mensurar no território as situações de riscos sociais e violação de direitos. A NOB SUAS (2012), em seu art. 87, caracteriza a Vigilância Socioassistencial como uma das funções da política de assistência social, a qual deve ser realizada por intermédio da produção, sistematização, análise e disseminação de informações territorializadas. Ela trata das situações de vulnerabilidade e risco que incidem sobre famílias e indivíduos, dos eventos de 6 violação de direitos em determinados territórios e do tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela rede socioassistencial. Contextualizando, a NOB 2005 já delineava a necessidade de promover capacidades e meios técnicos para que os gestores e técnicos da área pudessem conhecer a presença das formas de vulnerabilidade social da população e do território pelo qual são responsáveis. Desta forma, poderiam planejar ações que pudessem prevenir e/ou restaurar direitos violados, bem como interromper situações de violência (MDS, 2011). Nesse sentido, as orientações técnicas sugerem que a Vigilância Socioassistencial deve, [...] produzir e organizar dados, indicadores, informações e análises que contribuam para efetivação do caráter preventivo e proativo da política de assistência social, assim como para a redução dos agravos; e desta forma, fortalecendo a capacidade de Proteção Social e de Defesa de Direitos da política de assistência social (MDS, 2011, p. 09). A NOB SUAS determina também que a vigilância socioassistencial deve manter estreita relação com as áreas diretamente responsáveis pela oferta de serviços socioassistenciais à população nas Proteções Sociais Básica e Especial. Para tanto, deve estar estruturada e ativa em nível municipal, estadual e federal. Assim, contribui para elaboração de estudos e diagnósticos que permitam ampliar o conhecimento sobre a realidade dos territórios e as necessidades da população, permitindo a elaboração de planos de ações mais eficientes. É uma área fundamental, pois permite identificar e compreender situações de precarização e de agravamento das vulnerabilidades que afetam os territórios e os cidadãos. Permite também conhecer os padrões de oferta dos serviços e benefícios socioassistenciais (MDS, 2011). TEMA 3 – ETAPAS FUNDAMENTAIS DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL Para tratar deste tópico, é importante ressaltar que a Vigilância Socioassistencial pertence à área da gestão. Sendo assim, dá suporte a todas as demais áreas da política de assistência social, em especial às unidades em que se concentram a Proteção Social Básica e Especial. Nestes cenários, concentram- se a prestação de serviços aos usuários. Destarte, é muito válido todo conhecimento produzido pelas equipes técnicas que atuam na ponta. Assim sendo, a Vigilância Socioassistencial fornece informações para as equipes planejarem sua intervenção e as equipes alimentam as informações que 7 serão processadas e produzidas novamente pelo referido setor. É um movimento cíclico. Para que o setor de Vigilância Socioassistencial possa desenvolver seu trabalho, é necessário pensar em algumas etapas indicadas no Caderno de Orientações do MDS (2011), que seguem: 3.1 Organização, estrutura e padrão das informações Nesta etapa, o primeiro passo é identificar as fontes de dados e informações já existentes nos territórios de abrangências das unidades e serviços. A equipe técnica pode contribuir fazendo uma leitura apreciativa das informações e destacando aquelas que deverão ser analisadas sistematicamente. É importante que os trabalhadores da Vigilância Socioassistencial estudem os aplicativos da política de assistência social, em especial o Censo SUAS, o Registro Mensal de Atendimentos (RMA), o Sistema de Identificação de Domicílios em Vulnerabilidade (IDV), bem como outros estaduais e municipais. Os processos de sistematizar as informações contribuem de forma significativa no planejamento e execução dos serviços. A equipe do setor de Vigilância Socioassistencial pode entender ser necessário desenvolver formulários para coletar informações que julgue ser necessário para qualificar os serviços. A busca por informações pode fomentar a criação de sistemas e banco de dados. A padronização e fluxos dos registros das informações são fundamentais para garantir a fidedignidade das informações. Como as demandas da vida em sociedade são muito complexas, nem todas as informações necessárias estão contidas nos registros da assistência social, sendo necessário desenvolver uma articulação com outras área e setores (MDS, 2011). 3.2 Gerenciamento e pesquisas nos sistemas de informações Para poder gerenciar as informações colhidas, centralizar os dados é uma alternativa interessante. Entretanto, vale destacar que a área da Vigilância Socioassistencial ultrapassa as demandas de leitura de dados. Compete a ela também coordenar o processo de preenchimento do CADSUAS, do Censo SUAS e do RMA, analisando e validando as informações prestadas por outras áreas (MDS, 2011). 8 3.3 Estudos e diagnósticos Os estudos e análises contribuem para a elaboração do diagnóstico socioterritorial. Este retrato da realidade possibilita apreender as particularidades das famílias que vivem nos territórios de abrangência da política de assistência social, e de outras políticas públicas que compõem os serviços da rede socioassistencial. Ao levantar as necessidades, contribui para a equipe da gestão pensar as estratégias para atender às demandas da garantia dos direitos (MDS, 2011). 3.4 Monitoramento e avaliação da política de assistência social O monitoramento é uma atividade da Vigilância Socioassistencial que tem como propósito mapear sistematicamente informações sobre os serviços ofertados à população. Vale destacar que ele não deve ter o caráter punitivo, mas sim instrutivo. Outra responsabilidade deste setor é a realização de avaliação dos dados analisados (MDS, 2011). 3.5 Planejamento e organização da busca ativa Segundo o Caderno Técnico do Brasil Sem Miséria, a Busca Ativa diz respeito à localização, inclusão no Cadastro Único e atualização cadastral de todas as famílias pobres, assim como o encaminhamento destas famíliasaos serviços da rede de proteção social. Nesse sentido, a Busca Ativa deve ocorrer por intermédio de três estratégias: para inclusão no Cadasto Único: trata-se de localizar as famílias extremamente pobres, incluí-las no CadÚnico e manter suas informações sempre atualizadas; para Acessar Benefícios: incluir no Bolsa Família, no Bolsa Verde, no Fomento a Atividades Produtivas, no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e no Benefício de Prestação Continuada todas as famílias que atendam os critérios de elegibilidade e para Acessar Serviços: nesse caso, o Estado assegura que as famílias extremamente pobres tenham acessos aos serviços sociais básicos de saúde, saneamento, educação, assistência social, trabalho e segurança alimentar e nutricional, entre outros. (Brasil, 2011 – Brasil sem miséria, caderno técnico apud Caderno de Orientações da Vigilância Socioassistencial, MDS, 2011, p. 30). Por intermédio das informações produzidas pelo setor de Vigilância Socioassistencial, as unidades podem realizar o plano de oferta de serviços, utilizando da busca ativa como método estratégico de efetivação do acesso, 9 fortalecendo a característica preventiva das ações ou, pelo menos, evitando o agravamento dos danos (MDS, 2011). 3.6 Notificações de Violação de Direitos e de Violências de forma geral Segundo o Caderno de Orientações (2011), o setor da Vigilância Socioassistencial deve organizar, normatizar e gerir, no âmbito da Política de Assistência Social, o sistema de notificações para eventos de violação de direitos. Deve criar instrumentos e fluxos para sua implantação/implementação e funcionamento. Tal sistema deve conter o registro e notificação de violações de direitos que envolvam eventos de violência física intrafamiliar, de abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes e de trabalho infantil, entre outros que a equipe possa considerar importante. Para mapear estas demandas, deve contar com o apoio das instituições que compõem a rede socioassistencial e do Sistema de Garantia de Direitos. Tais informações devem subsidiar ofertas de serviços socioassistenciais no município, em especial os Serviços de Média e Alta Complexidade (MDS, 2011). TEMA 4 – PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL Este tópico tem o propósito de apresentar os principais instrumentos utilizados pelo Setor de Vigilância Socioassistencial para acessar os dados necessários para desenvolver seu trabalho: 4.1 Cadastro Nacional do SUAS – CadSUAS O CadSUAS se constitui em um aplicativo eletrônico, o qual deve ser obrigatoriamente preenchido conforme disposto na Portaria MDS n. 430/2008. Abrange todas as informações cadastrais dos órgãos gestores de Assistência Social, das unidades públicas e da rede conveniada de entidades prestadoras de serviços socioassistenciais, dos fundos de Assistência Social, dos Conselhos de Assistência Social e dos trabalhadores e conselheiros que atuam no âmbito do SUAS. O CadSUAS é pré-requisito para acessar os questionários do Censo SUAS (realizado anualmente). A atualização dos dados cadastrais é fundamental, pois grande parte dessas informações migra automaticamente para os questionários a serem preenchidos no período do Censo. 10 O acesso ao CadSUAS é realizado por meio do link <http://aplicacoes.mds.gov.br/cadsuas>. Para acessar a área restrita do aplicativo, os técnicos municipais e estaduais devem utilizar os logins e senhas vinculados ao CPF do indivíduo (senhas do SAA – Sistema de Autenticação e Autorização), conforme estabelecido pela política de senhas do MDS. O acesso apenas para consulta dos dados gerais do CadSUAS pode ser realizado por qualquer usuário não sendo necessário o uso de senhas de acesso. (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 32) 4.2 Censo SUAS O Censo SUAS foi criado através do Decreto n. 7.334/2010. É considerado um dos instrumentos mais significativos de avaliação e monitoramento dos serviços, programas e benefícios ofertados pelo SUAS. Ele é realizado todos os anos por intermédio da aplicação de questionário respondidos exclusivamente através de um aplicativo eletrônico. Os dados coletados contribuem para que o gestor e os trabalhadores tenham acesso ao diagnóstico detalhado e atualizado dos equipamentos da rede socioassistencial nas suas dimensões de infraestrutura, serviços, recursos humanos, articulação, dentre outras. Anualmente, o Censo SUAS é aplicado durante o segundo semestre do ano (agosto ou setembro) e permanece em aberto para preenchimento por cerca de 4 meses. Os questionários e os manuais de preenchimento podem ser acessados através do link <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/censosuas>. Para preencher os questionários, é necessário utilizar os logins e senhas vinculados ao CPF do indivíduo (senhas do SAA – Sistema de Autenticação e Autorização), conforme definido pela política de senhas do MDS (perfil: cadsuas.municipio). (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 32-33). 4.3 Registro Mensal de Atendimentos – RMA A Resolução CIT n. 4, de 24 de maio de 2011, criou os parâmetros nacionais para o registro das informações relativas aos serviços ofertados nos CRAS nos CREAS e definiu o conjunto de informações que devem ser coletadas, organizadas e armazenadas pelas referidas unidades, em todo o território nacional. Daí nasce o Registro Mensal de Atendimentos – RMA, o qual pode ser 11 acessado pelo link: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/atendimento>). Ele se divide em dois tipos de registros distintos: RMA – Unidade e o RMA – Família. O RMA-Unidade compreende os dados mensais (agregados) relativos ao número de famílias em acompanhamento no PAIF (ou PAEFI, no caso das unidades CREAS). Já o RMA-Família permite acompanhar, de forma individual (por família), todos os atendimentos e consequentes encaminhamentos realizados nas unidades CRAS e CREAS no cenário do PAIF e PAEFI, respectivamente. Este sistema possibilita a consulta por nome ou NIS do usuário das informações a ele relativas, conforme o seu cadastro no CadÚnico. (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 33-34). 4.4 Prontuário SUAS O Prontuário SUAS é um instrumental técnico que se propõe organizar as informações fundamentais à realização do trabalho social com as famílias, registrando o planejamento e o histórico do acompanhamento familiar. Por meio do site do MDS, é possível baixar arquivo em PDF do instrumental e documentos de referência (disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/vigilancia- socioassistencial%20/prontuario-suas>). Além do estudo social realizado com as famílias ou indivíduos, o Prontuário SUAS contribui para identificar as ações desenvolvidas, os encaminhamentos realizados, o processo de evolução, a avaliação das ações promovidas e os resultados alcançados, registrando a relação do usuário com as unidades. O Prontuário é um formulário em papel que deve ser preenchido para cada família que entra em acompanhamento. Toda família inserida em acompanhamento no RMA deve possuir um Prontuário (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 34-35). 4.5 CadÚnico e CECAD O CECAD é uma ferramenta que permite realizar consultas, tabulações e extrações de dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – Cadúnico, o qual inclui as famílias com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa ou de três salários mínimos no total, além de famílias cadastradas em outros programas sociais. Permite conhecer a realidade http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/vigilancia-socioassistencial%20/prontuario-suas http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/vigilancia-socioassistencial%20/prontuario-suas 12 socioeconômica dessas famílias, informando dados do domicílio e de cada um dos componentes da família. O Cadúnicopossibilita quantificar a demanda potencial por serviços socioassistenciais, subsidiando a elaboração de diagnósticos socioassistenciais e de planejamento e apoio aos processos de busca ativa pelos serviços socioassistenciais. O acesso ao CECAD é possível pelo link <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/cecad/auth/index.php> e também por meio do Sistema de Registro Mensal de Atendimentos – RMA (disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/atendimento>). Para acessar, é necessário que os usuários possuam a senha da Rede Suas com perfil CadSUAS.município. (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 35). 4.6 Sistema de Identificação de Domicílio em Vulnerabilidade – IDV O IDV é um aplicativo que possibilita a criação de mapas de vulnerabilidade e risco social ao nível de estados, municípios e por setor censitário de acesso público e irrestrito (sem utilização de senha) pelo link: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/idv/>. Ele utiliza dados e indicadores coletados a partir do Censo Demográfico de 2010, Cadastro Único de Programas Sociais (situação em agosto de 2011) e CENSO SUAS (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 36). 4.7 Matriz de Informações Sociais e Relatórios de Informações Sociais (MI- SAGI e RI-SAGI) O MDS disponibiliza uma série de informações, entre elas: o Data Social, a Matriz de Informações Sociais, o Relatório de Informações Sociais, o Sistema Brasil Sem Miséria, aplicativos relacionados à expansão e monitoramento dos serviços, entre outros (disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi>). A Matriz de Informação Social (MI Social) – é uma ferramenta que reúne em um único local as informações provenientes de diferentes aplicativos e, assim, contribui, através de indicadores gerenciais, o monitoramento dos programas, projeto e ações desenvolvidos pelo MDS. Esse aplicativo possibilita a construção de tabelas e gráficos a partir das informações escolhidas pelo próprio usuário. Qualquer pessoa pode acessar às informações da MI Social, pois não é 13 necessário o uso de senhas de acesso. O endereço de acesso é <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/mi2007/home/index.php>. O Relatório de Informações Sociais (RI), por sua vez, é um aplicativo que permite o acesso somente de informações por município. Os relatórios gerados pelo sistema apontam dados demográficos dos municípios e indicadores relacionados às ações de Assistência social. A Matriz de Informações Sociais pode ser acessada pelo link <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/index.php> por qualquer pessoa, pois também não é necessário o uso de senhas de acesso (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 36-37). 4.8 SuasWeb – Informações do Cofinanciamento Federal O SuasWeb é uma ferramenta que agiliza a transferência regular e automática de recursos financeiros do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) para os fundos estaduais, municipais e do Distrito Federal. Possibilita ter acesso às informações sobre contas-correntes, saldos, repasses e cadastros. Permite ainda acessar os Planos de Ação e os Demonstrativos Sintéticos de Execução Físico-Financeira. Tais dados contribuem para desenvolver a análise reflexiva sobre o volume e tipo de serviços, podendo compor indicadores de Padrão de Serviços (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 37). 4.9 Fontes importantes de dados estatísticos oficiais O setor de Vigilância Socioassistencial pode trabalhar com outras fontes de informação, tanto as propostas pela própria Vigilância como as produzidas por instituições de pesquisa local, outras secretarias de políticas setoriais, por órgãos públicos e por uma infinidade de outras fontes. Seguem sugestões de fontes fidedignas: • As bases de dados do IBGE; • A Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílio – PNAD; • Disque 100 (Disque Denúncia Nacional); • O Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN; • O DataSUS – Notificação de Violências. http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/index.php 14 Cabe ressaltar que muitas são as fontes que podem ser pesquisadas. Os trabalhadores do setor podem utilizar as informações que compreenderem ser necessárias para o exercício de suas atividades. (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 37-38). TEMA 5 – IMPLANTAÇÃO DO SETOR DE VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL O setor da Vigilância Socioassistencial deve ser constituído como uma área nos órgãos gestores atividades nas três esferas do governo. Uma vez constituído, deve subsidiar as demandas dos órgãos gestores e dos serviços prestados na área da Política de Assistência Social. É fundamental que as funções previstas no Caderno de Orientações sejam cumpridas para poder a qualidade dos serviços prestados. No que tange a constituição da equipe, as orientações sugerem que seja um conjunto de profissionais das seguintes áreas: sociologia, estatística, serviço social e psicologia. Para além destas profissões, podem ser agregadas as formações citadas na Resolução CNAS n. 17/2011, que reconhece as categorias profissionais de nível superior para atender às especificidades dos serviços socioassistenciais e das funções essenciais de gestão do SUAS (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 39). A Vigilância é uma atividade de característica técnico-política, pois deve desenvolver suas atividades alinhadas com as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social. A composição da equipe deve ser pensada a partir do tamanho do município, da capacidade de gestão. Caso o município ou o Estado não tenham condições de ter uma equipe própria, devem desenvolver capacitações para funcionários da secretaria que tenham interesse em aprender a manipulação de dados e de sistemas informatizados. Assim sendo, a equipe da Vigilância Socioassistencial pode ser contratada, realocada ou capacitada. O Caderno de Orientações sugere que a equipe responsável pela Vigilância Socioassistencial deve ter as seguintes capacidades/habilidades: • Produção e análise de dados qualitativos e quantitativos; • Realizar tarefas de manipulação e produção de banco de dados em softwares específicos, como excel, acess, spss, sas, stata, entre outros; • Produzir e interpretar de tabelas e gráficos; • Calcular indicadores relativos à vulnerabilidade social e pobreza; 15 • Elaborar documentos técnicos com análises baseadas em dados, como os diagnósticos socioterritoriais; • Produzir e analisar dados georreferenciados, quando necessário; • Propor e realizar diagnósticos participativos (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 41). O perfil do profissional que vai trabalhar na Vigilância Socioassistencial deve ser de uma pessoa com atitude investigativa, que tenha o compromisso com a redução das desigualdades e injustiças sociais e ter possibilidade de desenvolver análise crítica dos indicadores construídos, indo além do conhecimento descritivo. Quando necessário, podem ser contratadas pessoas físicas e jurídicas para realizar capacitações, estudos, diagnósticos, relatórios, pesquisas e/ou outros em temas diversos. É possível também estabelecer parcerias com instituições de ensino e pesquisa para ministrar capacitações e para a realização de diagnósticos de situações de vulnerabilidade e risco, de violência e violação de direitos, de potencialidades presentes no território, realizar avaliações dos processos e/ou resultados da Assistência Social. Inclusive, pode: contratar consultorias para a definição e descrição de fluxos e processos de gestão pertinentes ao registro e armazenamento de informações, notificação de situações de violência e violações de direitos, referência e contra-referência no âmbito do SUAS, referenciamento intersetorial (entre o SUAS e as demaispolíticas públicas), dentre outros. Esta contratação deve ser realizada segundo as diretrizes e normas da administração pública, obedecendo a Lei n. 8666/93 (que rege licitações e contratos), a Portaria Interministerial MPOG/MF/N. 127/08 (que rege os Termos de Cooperação Técnica) e os outros instrumentos legais que regem a área (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, pg. 42). No que tange à composição dos equipamentos obrigatórios, o Caderno de Orientações Técnicas sugere: • Internet; • Computadores; • Softwares: alguns softwares específicos são necessários. Softwares de cálculo básico, como excel, calc ou acess são imprescindíveis. O desejável é que estes softwares dialoguem com as capacidades técnicas da equipe. No campo da estatística, podem ser necessários softwares como o SPSS, SAS, Stata, R, entre outros. É muito importante que os computadores tenham seus sistemas e programas atualizados periodicamente para 16 melhor compatibilidade com os sistemas e aplicativos (Caderno de Orientação da Vigilância Socioassistencial/MDS, 2011, p. 42-43). A Vigilância Socioassistencial pode fazer uso do IGD-SUAS. Segundo o MDS O IGDSUAS – Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social é o instrumento de aferição da qualidade da gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, bem como da articulação intersetorial, no âmbito dos municípios, DF e estados (MDS, 2011, p. 43). Os recursos do IGDSUAS podem ser usados para implantar, estruturar a organização e o funcionamento do setor de Vigilância Socioassistencial no âmbito da Gestão. 17 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. _____. Lei n. 8.742 – Lei Orgânica de Assistência Social/LOAS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 de dez. 1993. _____. CNAS. Resolução n. 145 – Política Nacional de Assistência Social./PNAS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 de out. 2004. _____. CNAS. Resolução n. 130 – Norma Operacional Básica da Assistência Social – NOB/SUAS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 de jul. 2005. _____. CNAS. Resolução n. 109 – Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 de nov. 2009. _____. Lei n. 12.435. Altera a Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 de jul. 2011. _____. Resolução CNAS n. 18, de 15 de julho de 2013, o qual dispõe sobre as prioridades e metas específicas para a gestão municipal do SUAS, para o quadriênio 2014-2017, pactuadas pela CIT, 2013. _____. Resolução CNA n. 1 de 22 de fevereiro de 2017, a qual definia as prioridades e metas para os Estados e DF, no âmbito do Pacto de Aprimoramento do SUAS para o quadriênio de 2016 à 2019. _____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Caderno de estudos do Curso em Conceitos e Instrumentos para o Monitoramento de Programas. Brasília, DF: MDS, Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social; Centro de Estudos Internacionais sobre o Governo, 2016. _____. Portaria n. 329, de 11 de outubro de 2006, que institui a Política de Monitoramento e Avaliação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2006. _____. Portaria n. 430, de 03 de dezembro de 2008 que institui o Cadastro Nacional do Sistema Único de Assistência Social. MDS. Secretaria Nacional de Assistência Social Brasília. 2008. 18 _____. Decreto n. 7.334 de 19 de outubro de 2010, que institui o Censo SUAS, 2010. _____. Orientações Técnicas da Vigilância Socioassistencial. Secretaria Nacional de Assistência Social. MDS, 2011. COSTA, A. G. da. A diferença entre avaliação e monitoramento de Políticas Públicas. 2017. Disponível em: <https://escoladecontas.tcm.sp.gov.br/artigos/737-a-diferenca-entre-avaliacao-e- monitoramento-de-politicas-publicas>. Disponível em: 14 jun. 2021. NOGUEIRA, V. M. R. Avaliação e Monitoramento de Políticas e Programas Sociais – revendo conceitos básicos. Revista Katálysis, v. 5, n. 2, jul./dez. 2002 p. 141-152.
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