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Plano de Orientação para aprendizagem a Distância – POAD Etec/CD: Getúlio Vargas Curso: Ensino Médio com Habilitação em Química Série/Módulo: 1ª ano Componente Curricular: História Docente: Prof. Celso Luiz Lucas Turma: 1H Turno: Integral Plano Didático Período: 01/10/2020 até 30/10/2020. Competência(s) 1-Construir e aplicar conceitos de várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas. 2-Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representadas de diferentes formas para tomar decisões e enfrentar situações problema. Habilidade(s) 3-Relacionar informações, representadas em diferentes formas e conhecimentos disponíveis em situações concretas para construir argumentação consistente. 4-Analisar fatores socioeconômicos e ambientais associados ao desenvolvimento, às condições de vida e saúde de populações humanas, por meio da interpretação de diferentes indicadores. Base(s) Tecnológica/Base Científica Idade Contemporânea A Revolução Francesa e a Era Napoleônica. A Burguesia no Poder. Restauração ou Revolução. Atividades Propostas Ler os textos A Revolução Francesa do Século XVIII e A Era Napoleônica. A Era das Revoluções – A Burguesia no Poder. Em seguida responder ao questionário que está anexado da seguinte forma: editar e responder no próprio formulário Metodologia(s*) Leitura e discussão de textos, Sugestão de filmes e proposição de preenchimento de questioário. Instrumentos de Avaliação >Apresentar argumentos logicamente encadeados a respeito de um determinado assunto. >Contextualização, conteúdo, clareza, coesão e capacidade crítica ao argumentar, elaborar textos e ao realizar as atividades. >Apresentação de ideias com clareza e exatidão. Revolução Francesa Introdução Este trabalho tem por objetivo relatar as principais causas da Revolução Francesa, descrever todas as etapas da revolução, além de todos os fatores que ocasionaram o inicio da revolta. Sabe-se que foi um grande acontecimento histórico que marcou a superação final do feudalismo pelo capitalismo. Ocorreu na França, no Século XVIII e é o resultado de um descontentamento da maioria da população contra os privilégios da alta burguesia, nobreza e clero. Revolução Francesa A queda da Bastilha, no dia 14 de julho de 1789, marca o início do movimento revolucionário pelo qual a burguesia francesa, consciente de seu papel preponderante na vida econômica, tirou do poder a aristocracia e a monarquia absolutista. O novo modelo de sociedade e de estado criado pelos revolucionários franceses influenciou grande parte do mundo e, por isso, a revolução francesa constitui um importante marco histórico da transição do mundo para a idade contemporânea e para a sociedade capitalista baseada na economia de mercado. Sublevação política que teve início em 1789 e se prolongou até 1815, a revolução francesa, baseada em princípios liberais, democráticos e nacionalistas, foi a primeira das revoluções modernas. Por suas consequências e pela influência que exerceu na evolução dos países mais adiantados da Europa, é considerada a mais importante do ciclo de revoluções burguesas da história. A independência dos Estados Unidos e a revolução industrial iniciada na Grã-Bretanha são outras duas grandes transformações que marcaram a transição da idade moderna para a idade contemporânea. Antecedentes Historiadores divergem quanto às causas da revolução francesa, mas as mais comumente citadas incluem o descontentamento do povo francês, farto de tolerar um regime em que eram inúmeros os privilégios e os abusos. A monarquia absolutista representava um obstáculo à ascensão da burguesia, classe mais rica e instruída da nação. Os camponeses ainda viviam esmagados pelo sistema feudal imperante no campo. A nobreza e o alto clero possuíam as melhores e mais extensas propriedades, enquanto o campesinato vergava sob o peso dos impostos reais, do dízimo eclesiástico e dos direitos senhoriais. O poder absoluto do rei não podia, pelo menos teoricamente, sofrer limitações. Desde 1614 não eram convocados os Estados Gerais, a assembléia que representava a nação e que se compunha da nobreza, do clero e do chamado terceiro estado, ou seja, todos aqueles que não pertenciam às duas primeiras classes. Não havia liberdade religiosa nem de imprensa. Com uma simples ordem -- a lettre de cachet -- o rei podia mandar efetuar prisões arbitrariamente. A justiça ainda adotava a tortura. O poder real apoiava-se na nobreza e no clero. O Parlamento, principal corte de justiça, frequentemente entrava em conflito com o soberano e, como tinha o direito de criticar os editos reais podia mesmo recusar-se a reconhecê-los. Nessas disputas, o povo punha-se ao lado do Parlamento. Uma das instituições do regime monárquico que, por sua impopularidade, muito contribuiu para a queda do regime foi a corte. De seus numerosos membros, cerca de 16.000 estavam a serviço do rei, enquanto os demais eram cortesãos sem função definida. Outra grave falha do regime era a falta de unidade administrativa. Os impostos variavam de província para província e cada uma delas mantinha suas próprias instituições e leis. Existiam várias organizações judiciais: além dos tribunais reais, havia aqueles que pertenciam aos senhores de terra, às municipalidades e à igreja. A desorganização fiscal e os gastos supérfluos tinham desastrosas consequências para as finanças. O orçamento era constantemente deficitário e os impostos se cobravam de maneira arbitrária. O princípio da desigualdade imperava também nos meios eclesiásticos: o alto clero, constituído exclusivamente de nobres, possuía cerca de seis por cento das terras do país e reservava para si a maior parte da receita da igreja. A nobreza gozava de numerosos privilégios. Somente seus membros tinham acesso aos cargos da corte, aos comandos militares e às dignidades eclesiásticas. Em suas propriedades prevaleciam os direitos feudais: contribuições em gênero ou em trabalho, pagamento pelo uso dos moinhos, fornos etc. Entregue, porém, a uma vida de dissipação e impedida de exercer atividades consideradas menos dignas, a nobreza entrou em decadência. Sentindo-se ameaçada pela burguesia, suscitou um movimento de reação, a fim de conservar seus privilégios. Conseguiu excluir do alto clero, do Parlamento e dos postos mais expressivos da carreira militar aqueles cuja nobreza não fosse superior a quatro gerações. Ascensão da burguesia Com o desenvolvimento do comércio, da indústria e das finanças, a burguesia prosperou. Tornou-se considerável o movimento dos principais portos franceses, enriquecidos com o comércio das Antilhas e o tráfico de escravos. A indústria também se desenvolveu. Os produtos franceses tinham fama em toda a Europa. Era igualmente notável o progresso das indústrias têxtil, metalúrgica e de mineração. Embora a maior parte da produção industrial ainda dependesse do artesanato, já começavam a surgir as primeiras grandes fábricas capitalistas, que empregavam maquinaria moderna. Era natural, portanto, que a burguesia não se conformasse em permanecer relegada a uma posição secundária na vida política do país. Ademais, a má administração das finanças públicas afetava diretamente seus interesses. Ela ansiava por uma mudança de regime que lhe permitisse participar da administração e era, assim, a principal interessada na revolução. Com o progresso industrial, a classe operária cresceu e passou a reivindicar maiores salários e melhores condições de trabalho. Mas ainda não era suficientemente numerosa, nem dispunha de organização para aspirar à direção do movimento revolucionário. Mais grave, porém, era o problema agrário. O campesinato representava nove décimos da população total. Embora a maioria dos camponeses fosse livre, somente uma pequena parcela podia manter-se com a produção da terra e desfrutava de um padrão de vida relativamente elevado. Os pequenos proprietários viviam esmagados pelos impostos e eram obrigadosa dedicar-se à produção artesanal para subsistir. Os camponeses sem-terra viam-se forçados a trabalhar nas propriedades dos grandes senhores. Fermentação revolucionária A estrutura agrária obsoleta não atendia às novas exigências de uma população que se expandia com o progresso industrial e mercantil. Reclamavam-se medidas capazes de aumentar a produção agrícola, que mal chegava para alimentar a população. Assim, as condições eram propícias à fermentação de idéias revolucionárias. Era muito grande a influência de Voltaire e, principalmente, de Jean-Jacques Rousseau, autor do livro Du contrat social (1762; Contrato social), lido e aplaudido em praça pública. Inspirados nas idéias de Rousseau, os revolucionários defendiam o princípio da soberania popular e da igualdade de direitos. O exemplo da revolução americana (1776) também muito contribuiu para exaltar a opinião pública francesa. Dentre os intelectuais avançados da época, além de Jean Le Rond d'Alembert, Anne-Robert-Jacques Turgot e Denis Diderot, sobressaiu-se o abade Mably, considerado o "profeta e conselheiro da revolução", que chegou a preconizar a propriedade coletiva da terra. Foi, entretanto, o marquês de Condorcet quem conseguiu exprimir com fidelidade as aspirações revolucionárias da época. Defendia a liberdade econômica e chegou a elaborar o princípio dos direitos do homem. Contudo, a elite intelectual revolucionária não pretendia aplicar o princípio igualitário até as últimas consequências. Os mais radicais defendiam a "monarquia republicana". Segundo pensavam, a massa ignorante não estava preparada para participar do poder. Diante das promessas de igualdade e fraternidade, porém, o povo foi atraído para a causa revolucionária. Às vésperas da revolução, agravou-se a crise econômica. O único meio de estabelecer o equilíbrio seria suprimir os privilégios e decretar a igualdade de todos diante do fisco, mas para isso era necessário opor-se aos nobres, e o governo não tinha forças para tanto. Crise econômica Nomeado ministro das Finanças em 1783, Charles-Alexandre de Calonne tentou solucionar a crise por meio de empréstimos sucessivos. Quando já não pôde conseguir novos empréstimos, pensou em realizar reformas, a fim de obrigar os privilegiados a pagar impostos. Sabendo que seus projetos seriam rejeitados pelo Parlamento, apelou para a convocação de uma assemblée des notables, composta de grandes senhores, príncipes, magistrados e conselheiros de estado. A assembléia reuniu-se em 1787, mas rejeitou as idéias de Callone, logo destituído por Luís XVI. O novo ministro das Finanças, Loménie de Brienne, sugeriu aos notáveis as mesmas medidas propostas pelo antecessor e foi igualmente derrotado. Brienne, então, submeteu seus planos ao Parlamento de Paris, que aprovou algumas reformas mas derrubou as mais importantes, como a que instituía o imposto territorial. Luís XVI entrou em choque com o Parlamento e este fez publicar, em maio de 1788, uma decisão que valeu como verdadeira declaração de direitos da nação. O povo tomou o partido dos parlamentares e o soberano acabou por decretar o recesso compulsório do Parlamento. A crise se aprofundou e, premido pela gravidade da situação, Luís XVI cedeu e substituiu Brienne por Jacques Necker, homem muito popular, que já fora ministro das Finanças e que passou a exercer funções de primeiro-ministro. Foram convocados os Estados Gerais. Depois de acesos debates sobre a proporcionalidade dos representantes das três classes nos Estados Gerais, o rei decidiu atender ao clamor público e concedeu que o terceiro estado contasse com tantos representantes quantos tinham as outras duas classes reunidas e que fossem periodicamente convocados para deliberar sobre despesas e impostos. No entanto, a crise econômica continuou a agravar-se. A indústria têxtil foi duramente atingida pela concorrência inglesa e o número de desempregados elevou-se a cerca de 200.000. Os camponeses famintos assaltavam os celeiros e se recusavam a pagar os direitos feudais. Em Paris, cuja população era de cerca de 650.000 habitantes, mais de 120.000 indigentes perambulavam pelas ruas. Queda da Bastilha Logo na primeira sessão dos Estados Gerais, os representantes do terceiro estado desentenderam-se com os aristocratas. Depois de negociações infrutíferas, os primeiros resolveram deliberar sozinhos, na qualidade de representantes de 96% da nação, e declararam-se Assembléia Nacional, soberana em matéria de impostos. Essa medida praticamente subtraiu ao rei o poder sobre as finanças e se constituiu no primeiro ato revolucionário. Luís XVI hostilizou o terceiro estado e tentou anular suas deliberações, mas ante sua resistência foi obrigado a ceder. A partir de então, a Assembléia declarou-se Assembléia Constituinte, destruindo com isso o poder absoluto da monarquia. Instigado pela rainha e pelos que o cercavam, o soberano preparou-se para agir e reuniu as tropas em torno de Paris e Versalhes. Circulavam boatos sobre a dissolução da Assembléia. O rei recusou-se a dispersar as tropas a pedido dos constituintes e demitiu Necker. Paris levantou-se em defesa da Assembléia. Camille Desmoulins incitou o povo a reagir e encabeçou uma passeata de protesto. O grupo invadiu o Hôtel de Ville (prefeitura), onde capturou algumas armas. Organizou-se, no dia 13 de julho, um comitê permanente que reuniu 12.000 homens e constituiu uma milícia para a defesa de Paris. Foi o primeiro núcleo da Guarda Nacional. No dia seguinte, 14 de julho, a agitação cresceu. O povo sublevado saqueou o Hôtel des Invalides (sede do governo militar parisiense), onde recolheu canhões e milhares de fuzis. Em seguida, dirigiu-se à Bastilha, à procura de mais armas e munição. Depois de algumas horas de luta, a massa invadiu a fortaleza e massacrou seus defensores. A queda da Bastilha teve importância decisiva para a revolução, porque era o símbolo das injustiças do antigo regime. O rei capitulou. Em 15 de julho, anunciou aos deputados a dispersão das tropas e, no dia seguinte, chamou Necker para reassumir o Ministério das Finanças. Luís XVI e Maria Antonieta se dirigiram a Paris, numa tentativa de pacificar a cidade. O rei sancionou todas as medidas adotadas pelos revolucionários. Esses acontecimentos repercutiram por toda a França. Nos departamentos, constituíram-se novas municipalidades e organizaram-se milícias populares. Marcha contra Versalhes Após a queda da Bastilha, espalharam-se pelo país boatos alarmantes. Falava-se numa conspiração dos aristocratas para retomar o poder. Os camponeses começaram, então, a rebelar-se. Atacaram os castelos e recusaram-se a pagar os direitos feudais. A insurreição no campo chamou a atenção da Assembléia Constituinte para o problema agrário. Reunida em 4 de agosto, decidiu, finalmente, suprimir os direitos feudais, os privilégios fiscais e a venalidade dos cargos. Em 26 de agosto, a Assembléia votou a Declaração Universal dos Direitos do Homem -- que proclamava a liberdade, a igualdade, a inviolabilidade fome contribuía para aumentar o desespero das massas. Em 5 de outubro, uma multidão dirigiu-se a Versalhes, clamando por pão e exigindo do rei a aprovação dos decretos de 4 de agosto. Luís XVI prometeu providenciar alimento e sancionar os decretos. No dia seguinte, porém, as massas invadiram o palácio e pressionaram diretamente o soberano, que prometeu, para acalmá-las, instalar-se em Paris. A constituição No início da revolução, distinguiam-se, na Assembléia, duas facções antagônicas: os aristocratas e os patriotas. Com o desenrolar dos acontecimentos, os dois grupos cindiram-se. Os patriotas dividiram-se em monarquistas, que, temendo a ascensão do movimento popular, desejavam fortalecer o poder real; constitucionais, que pretendiam limitar o poder do rei sem aboli-lo; e um pequeno grupo extremado que, desconfiado de Luís XVI, procurava restringir ao máximo suas atribuições. A luta política não se travava somente na assembléia. Havia também os clubes, em que os diversos grupos se reuniam para discutir. O principal deles era o Clube dos Jacobinos,onde se encontravam os deputados patriotas e a elite da burguesia revolucionária. Os debates se travavam também pelos jornais: enquanto a aristocracia se manifestava no Petit Gauthier, na extrema esquerda Jean-Paul Marat agitava a opinião pública com o L'Ami du Peuple. Restava à Assembléia tomar medidas que remediassem a crise financeira e reorganizassem a vida constitucional do país. Como medida extrema, decidiu lançar mão dos bens do clero. Emitiu assinats, reembolsáveis em bens eclesiásticos, e determinou que essas espécies de apólices circulassem como moeda corrente. Com isso, o custo de vida subiu. O estado foi forçado a emitir cada vez mais. A constituição foi concluída em 1791 e, seguindo o exemplo dos americanos, os constituintes encabeçaram-na com uma declaração de direitos que valia como uma exposição dos princípios filosóficos da revolução. Os mais importantes eram o princípio da soberania do povo e o da separação dos poderes. Sendo maioria na Assembléia, a burguesia ditou os princípios que nortearam a constituição, de acordo com seus interesses de classe, e preocupou-se, ao mesmo tempo, em restringir o poder real e conter as reivindicações das massas populares. Escolheu o regime representativo, no qual o povo não poderia influir diretamente no governo e nem todos podiam votar. Os cidadãos foram divididos em duas categorias -- ativos e passivos -- e a constituição outorgou o direito de voto somente aos primeiros. A base para a distinção entre as duas categorias era a propriedade. Os deputados deviam ser escolhidos entre os proprietários que pagassem contribuição equivalente a cinquenta dias de salário. Desse modo, os plenos direitos políticos ficavam reservados aos ricos. O poder judiciário foi confiado a juízes eleitos, e o poder executivo a um monarca hereditário. A Assembléia Legislativa, eleita por dois anos, era indissolúvel e constituía o poder preponderante no novo regime. Ao soberano cabia sancionar as leis, dirigir a política externa e usar o "veto suspensivo" para recusar-se a sancionar uma lei durante duas legislaturas sucessivas. A constituição estabeleceu a igualdade de impostos, secularizou o matrimônio, o registro civil e a instrução pública. Para conter a agitação operária, decorrente da crise econômica e do desemprego, a Assembléia votou uma lei que proibia as associações profissionais. Na verdade, a queda do antigo regime trouxe pouca vantagem para o operariado. Nem mesmo os camponeses pobres foram beneficiados como esperavam. Contra-revolução O novo regime teve de enfrentar grandes dificuldades, como greves operárias, descontentamento de camponeses e desentendimentos entre oficiais nobres e soldados patriotas. Os choques das diversas tendências lançaram os moderados para o lado da aristocracia, contra aqueles que exigiam medidas mais democráticas. Surgiram, então, sociedades que defendiam idéias mais avançadas que as dos jacobinos, como a que ficou conhecida por Clube dos Cordeliers, de que faziam parte George-Jacques Danton, Jean-Baptiste Santerre, Marat, Desmoulins e Jacques-René Hébert. As sociedades populares de Paris agruparam-se em 1791 numa federação e apresentaram à Assembléia a reivindicação do sufrágio universal. Nessas sociedades propagavam-se os ideais republicanos e discutia-se a questão agrária. À medida que as massas se radicalizavam, a grande burguesia, temendo as idéias avançadas, agrupava-se num "partido de conservação social". O governo revolucionário teve de enfrentar também a animosidade dos demais soberanos da Europa. Estes, a princípio, permaneceram neutros por verem na revolução apenas o enfraquecimento da França, mas, tão logo sentiram a ameaça de propagação dos ideais revolucionários em seus próprios domínios, passaram a auxiliar abertamente as tentativas de contra-revolução. Enquanto os exilados preparavam a guerra contra-revolucionária, Luís XVI e Maria Antonieta tentavam obter auxílio nas outras cortes da Europa. Entraram em contato com o marquês de Boillé, que concentrara tropas em Metz. Na noite de 20 de junho de 1791, o rei fugiu com sua família das Tulherias em direção à fronteira mas, durante a viagem, foram descobertos e presos em Varennes. A Assembléia suspendeu provisoriamente os poderes do soberano. Esse incidente foi de grande importância, pois serviu para estimular as idéias republicanas. O Clube dos Cordeliers solicitou à Assembléia que proclamasse a república, mas ela não acedeu. Também se recusou a levar Luís XVI a julgamento e tentou até inocentá-lo. Os partidários da república promoveram uma manifestação no Campo de Marte e foram dispersados a tiros pela guarda nacional do marquês de Lafayette, que, de volta dos Estados Unidos, havia se incorporado à corrente dos moderados, que dominaram a situação. Submeteram a constituição ao soberano, reforçaram seus poderes e concederam, a seu próprio pedido, a anistia geral. Em 30 de setembro, a constituinte encerrou seus trabalhos. Logo em seguida, em 1º de outubro, reuniu-se a Assembléia Legislativa, dividida entre os membros do Clube dos Feuillants, que defendiam a monarquia; os independentes, que desejavam salvar a revolução; e os jacobinos, dispostos a destruir o rei se ele atentasse contra a constituição. Guerra externa A França continuava conturbada e os soberanos da Europa tramavam invadi-la. Luís XVI via na guerra uma possibilidade de retomar o poder. Alguns dos feuillants esperavam que um conflito limitado lhes proporcionasse o controle da situação. Os jacobinos confiavam em que a guerra exaltaria os sentimentos revolucionários e desmascararia a contra-revolução. Divergências com a Áustria ameaçavam degenerar numa guerra, até então evitada por Leopoldo, o imperador austríaco. Com a morte deste último e a ascensão de Francisco II, militarista e absolutista, o choque armado tornou-se iminente. Em 20 de abril de 1792 declarou-se a guerra. Os primeiros insucessos no conflito, para o qual os franceses não estavam preparados, acabaram por incitar o ânimo dos patriotas e aumentar-lhes a desconfiança em relação à corte e a seus generais, considerados cúmplices do inimigo. Maria Antonieta revelava aos austríacos os planos do estado-maior francês e Luís XVI compunha sua guarda de contra-revolucionários, enquanto Lafayette desejava uma trégua com a Áustria, a fim de marchar contra Paris e submeter os jacobinos. Estes descobriram toda a trama e exigiram a denúncia do rei como traidor. Com temor da invasão prussiana, a Assembléia declarou a "pátria em perigo" e determinou prontidão em todo o país. Diante da agitação popular, os moderados recuaram e os jacobinos e cordeliers prepararam a insurreição para derrubar a monarquia. Contavam com quase todo o povo de Paris e mandaram vir das províncias os federados, entre os quais 500 marselheses, que entoavam um hino guerreiro, composto por Rouget de Lisle, denominado Marselhesa. A Convenção A exaltação cresceu com a divulgação do manifesto do duque de Brunswick, chefe dos exércitos austro-prussianos, que exigia respeito a Luís XVI e ameaçava o povo francês. Robespierre instigou o povo a exigir da Assembléia a deposição do rei. Diante da recusa, na noite de 9 de agosto, os insurretos declararam dissolvida a Comuna legal. Jean Guilliot Mandat, chefe da Guarda Nacional, preparou a defesa das Tulherias mas, convocado ao Hôtel de Ville pela Comuna insurrecional, foi preso e linchado. Santerre o substituiu. No dia seguinte, o povo marchou sobre as Tulherias e Luís XVI e sua família pediram proteção à Assembléia. A luta nas Tulherias durou mais de duas horas e terminou com a vitória dos insurretos. Declarando-se dissolvida, a Assembléia delegou ao povo, sem distinção, o direito de eleger uma convenção, o que ocorreu em 20 de setembro de 1792, e proclamou o impedimento do rei. O poder executivo passou para um conselho provisório, do qual Danton era membro e verdadeiro chefe. A Convenção criou um novo calendário a partir da data em que proclamou a república. O ano de 1792 passou a ser o ano I da república e o ano IV da liberdade. Os meses receberam novasdenominações, inspiradas nas práticas habituais e manifestações da natureza em cada estação. Os meses do outono eram: vindimário (de vindima, colheita de uvas), de 21 de setembro a 20 de outubro; brumário (de brumas, névoa), de 21 de outubro a 20 de novembro; frimário (de frimas, "geada"), de 21 de novembro a 20 de dezembro. No inverno, sucediam-se os meses nivoso (de neve), pluvioso (de chuvas) e ventoso (de vento); na primavera, germinal (de germinação), floreal (de florada) e prairial (de pradarias); e no verão, messidor (do latim messe, "colheita"), termidor (do grego therme, "calor") e frutidor (de frutas). As principais medidas adotadas a partir de 10 de agosto, além da instituição do sufrágio universal, foram a extinção efetiva dos direitos feudais e a venda dos bens confiscados aos emigrados. A Comuna de Paris passou a dirigir os acontecimentos e a impor sua vontade ao legislativo, que, por exigência da Comuna, mandou aprisionar a família real na torre do Templo. O conflito entre a Comuna e o legislativo se aprofundou. A primeira seguia Robespierre e seus partidários, enquanto a segunda obedecia às ordens de Jacques-Pierre Brissot e dos girondinos, grupo de revolucionários assim chamados porque os mais destacados eram representantes do departamento de Gironda (Gironde). Dois partidos debatiam-se na Convenção: os girondinos e os montanheses (radicais aliados aos sans-culottes, como eram chamadas as massas parisienses). Os principais líderes da Gironda eram Pierre-Victurnien Vergniaud, Brissot, o marquês de Condorcet e Jérôme Pétion de Villeneuve. Robespierre, Danton e Marat lideravam os montanheses. A notícia de que o inimigo invadira a Lorena e tomara Longwy e Verdun sobressaltou Paris. O povo decidiu fazer justiça com as próprias mãos: invadiu as prisões e, depois de julgamentos sumários, executou os presos considerados traidores. Enquanto isso, travava-se a batalha de Valmy, de que os franceses saíram vencedores. Terror A descoberta de documentos que comprometiam Luís XVI com a contra-revolução selou a sorte do rei. Julgado pela Convenção, foi condenado à morte e guilhotinado em 21 de janeiro de 1793. A morte de Luís XVI provocou nova invasão da França pelas potências européias. A necessidade de convocar voluntários para a defesa de Paris deu início à sublevação da Vendéia (Vendée). A fim de enfrentar as dificuldades, a Convenção tomou, de março a abril de 1793, medidas extraordinárias. Enviou 82 deputados aos diversos departamentos, com o objetivo de recrutar os 300.000 homens de que necessitava para a guerra, prender suspeitos e apurar as falhas das administrações locais. Criou ainda um tribunal revolucionário, tornou mais rigorosas as penas contra emigrados, estabeleceu impostos sobre rendimentos, organizou em cada comuna um Comitê de Vigilância e criou ainda um Comitê de Salvação Pública, encarregado de adotar todas as medidas necessárias à salvação da pátria e que passou a dirigir efetivamente o país. Danton foi o chefe desse comitê. Essas medidas de exceção deram origem à fase conhecida com o nome de Terror. A luta entre girondinos e montanheses continuou acesa. Os primeiros conseguiram fazer decretar a prisão de Marat, que, no entanto, foi absolvido pelo tribunal revolucionário. Ao entrar em luta contra a Comuna, os girondinos prepararam a própria perdição. O extremista François Hanriot, chefe da Guarda Nacional parisiense, à frente de vinte mil homens, cercou as Tulherias, onde estava reunida a Convenção, e exigiu a prisão dos principais membros da Gironda. Com a queda destes últimos, os montanheses assumiram o poder sob a liderança de Robespierre, numa hora crítica para a revolução. O inimigo externo avançava e as insurreições internas se sucediam. Uma jovem girondina, Charlotte Corday, assassinou Marat. O Comitê de Salvação Pública foi revigorado, com a saída de Danton e a entrada de Robespierre. Seus membros decidiram que somente um governo forte poderia salvar a França. Pressionada pelas massas, a Convenção adotou medidas relativas ao abastecimento e à contra-revolução. Em junho, elaborou a constituição de 1793 e, em outubro, substituiu o governo provisório por um governo revolucionário "até que a paz fosse restabelecida". Mas, para manter-se, o governo revolucionário precisava exterminar seus inimigos. Instaurou-se o Terror. Uma das primeiras vítimas desse período sangrento foi Maria Antonieta, executada em 16 de outubro de 1793. Em seguida, subiram à guilhotina 22 girondinos, o duque de Orléans, a intelectual Mme. Roland e o astrônomo Jean-Sylvain Bailly, prefeito de Paris. As execuções se sucederam, e, no fim do ano, inúmeros suspeitos haviam sido eliminados. Robespierre O elevado custo de vida, no entanto, continuava provocando descontentamento. Desde que entrara para o Comitê de Salvação Pública, Robespierre tornara-se o verdadeiro chefe do governo. Tinha contra si duas correntes: os ultra-revolucionários, seguidores de Hébert, líder dos sans-cullotes, e os moderados, partidários de Danton. Os primeiros exigiam medidas cada vez mais radicais e falavam até em revolucionar toda a Europa, instituindo a "república universal". Os dantonistas, ao contrário, condenavam os excessos do Terror e desejavam o fim da ditadura revolucionária. Robespierre decidiu esmagar as duas facções. Descobriu uma conspiração de hebertistas e mandou-os à guilhotina em março de 1794. Pouco depois, acusados de conspirar, Danton e seus correligionários foram presos e guilhotinados. Apoiado pelo político Louis de Saint-Just, Robespierre pôs em prática medidas que visavam a dar sólida base democrática à república: a redistribuição parcial da propriedade e leis de amparo social. ade da propriedade e o direito de resistir à opressão -- e começou a discutir a constituição. A situação agravou-se, porém, quando Luís XVI recusou-se a sancionar os decretos de 4 de agosto e chamou as tropas de volta a Versalhes. Temendo nova conspiração, Robespierre exigiu a aprovação da chamada lei prairial, que acelerou as execuções e deu a esse período o nome de Grande Terror. O cientista Lavoisier e o poeta André Chénier foram guilhotinados nessa época. Enquanto isso, as forças francesas obtiveram a vitória de Fleurus e afastaram o perigo estrangeiro. Os inimigos de Robespierre aproveitaram-se, então, para explorar o descontentamento do povo e da Convenção contra o excesso de execuções. Robespierre não tomou consciência do risco que corria, pensando contar ainda com o apoio da Convenção. Na sessão de 27 de julho, seus inimigos o acusaram, ao mesmo tempo em que o impediam de falar. Ao fim da agitada reunião, a Convenção decretou sua prisão e a de seus seguidores. A Comuna se rebelou, mas grande parte da Guarda Nacional negou-lhe apoio. Desorientados, os partidários da Comuna se dispersaram e a Convenção reuniu as tropas dos moderados, mas não houve necessidade de luta. Robespierre e seus colaboradores foram guilhotinados em 28 de julho. Reação termidoriana Iniciou-se, então, a chamada reação termidoriana, liderada pelos moderados. O tribunal revolucionário enviou à guilhotina 16 carros repletos de terroristas. Os Comitês de Salvação Pública foram dominados, a lei prairial revogada e o Clube dos Jacobinos fechado. Os girondinos, que haviam sido proscritos da Assembléia, foram chamados a reassumir seus postos, enquanto os emigrados voltavam em massa. Por três vezes as massas populares invadiram a Assembléia, mas foram rechaçadas pelas tropas fiéis ao governo. A partir de então a repressão tornou-se violenta. Os extremistas passaram a ser caçados em todo o país. Era o Terror Branco. Os realistas ainda tentaram voltar ao poder, mas foram esmagados. Diretório Não suportando mais a guerra, a Europa reconheceu a república francesa. Mas a situação econômico-financeira da França continuava caótica. Antes de desaparecer, a Convenção definiu o novo regime. Tendo sido abolida a constituição de 1793, elaborou outra, reacionária, que revogava o sufrágio universal e dividia os eleitores segundo sua contribuição em impostos. Criou o Diretório,poder executivo de cinco membros, um dos quais era substituído anualmente. Os realistas ensaiaram uma nova reação, mas foram reprimidos pelo visconde Paul-François-Jean-Nicolas Barras, auxiliado por Napoleão Bonaparte, jovem general-de-brigada. Como recompensa, a Convenção nomeou Barras diretor e fez de Bonaparte general-de-divisão e comandante do exército interno. Em 26 de outubro de 1795 a Convenção encerrou seus trabalhos. O Diretório durou quatro anos, no decorrer dos quais enfrentou ameaças, ora dos jacobinos, ora dos realistas. Os primeiros agrupavam-se em torno de François-Noël Babeuf, que sonhava com um comunismo integral e fundou a Sociedade dos Iguais. Sua revolta foi esmagada e Babeuf guilhotinado. A partir de então sucederam-se os golpes de estado. O de 18 frutidor (4 de setembro de 1797), dirigido por três membros do Diretório, auxiliados por Bonaparte, foi contra os realistas; o de 22 floreal (4 de maio de 1798), foi desferido contra os jacobinos. Enquanto o Diretório se desgastava em lutas internas, Bonaparte fortalecia-se em consequência dos êxitos das campanhas militares empreendidas no exterior, e passou a ser considerado como o único homem capaz de restabelecer a ordem. Bonaparte teve, assim, condições de desfechar o golpe de estado do 18 brumário (9 de novembro de 1799), por meio do qual assumiu o poder e inaugurou uma nova era, encerrando-se assim o ciclo revolucionário. Resumo Geral Revolução social e política que acontece na França de 1789 a 1799. Sob o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a burguesia revolta-se contra a monarquia absolutista e, com o apoio popular, toma o poder, instaurando a I República – chamada Mariana. Os revolucionários acabam com os privilégios da nobreza e do clero e livram-se das instituições feudais do Antigo Regime. Antecedentes: No final do século XVIII, cerca de 98% da população pertence ao Terceiro Estado, que reúne grandes e pequenos burgueses, trabalhadores urbanos e camponeses. Ele arca com os pesados impostos que sustentam o rei, o clero (Primeiro Estado) e a nobreza (Segundo Estado). A população também sofre com os abusos do absolutismo de Luís XVI (1754-1793). A burguesia detém o poder econômico, mas perde as disputas políticas para o clero e a nobreza, que se aliam nas votações – um voto para cada Estado. Estimulada pelos ideais do iluminismo, revolta-se contra a dominação da minoria. A partir de 1786, o país enfrenta uma série de dificuldades econômicas, como a crise da indústria e uma seca que reduz a produção de alimentos. Em 1788, o rei convoca a Assembléia dos Estados Gerais, um ano depois que os nobres, na Assembléia dos Notáveis, se recusam a aceitar medidas contra seus privilégios. Tomada da Bastilha: Os Estados Gerais começam seus trabalhos em maio de 1789, no Palácio de Versalhes. Em junho, a disposição de liquidar o absolutismo e realizar reformas leva a bancada do Terceiro Estado a autoproclamar-se Assembléia Nacional Constituinte. A população envolve-se, e as revoltas em Paris e no interior, causadas pelo aumento do preço do pão, resultam na Tomada da Bastilha, em 14 de julho, marco inicial da Revolução. Grande parte da nobreza sai do país. Em agosto de 1789, a Constituinte anula os direitos feudais ainda existentes e aprova a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Em setembro de 1791 é finalizada a Constituição, que conserva a Monarquia, mas institui a divisão do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), proclama a igualdade civil e confisca os bens da Igreja. Girondinos e jacobinos: A unidade inicial do Terceiro Estado contra o Antigo Regime dá lugar a uma complexa composição partidária, que evolui conforme os vários momentos da revolução. Os girondinos, que se sentam à direita do plenário, representam a alta burguesia, são mais conservadores e combatem a ascensão dos sans-culottes (o povo). Os jacobinos, à esquerda, representam a pequena e média burguesia e buscam ampliar a participação popular no governo. Republicanos radicais são liderados por Robespierre (1758-1794) e apoiados pelos cordeliers, líderes das massas populares de Paris. Os deputados do centro, que oscilam entre jacobinos e girondinos, recebem o apelido de grupo do pântano. Monarquia constitucional: Em abril de 1792, os monarquistas patrocinam a declaração de guerra à Áustria, como possibilidade de voltar ao poder. Austríacos e prussianos invadem a França com o apoio secreto de Luís XVI, mas são derrotados pelos populares. Os sans-culottes, liderados por Marat (1743-1793), Robespierre e Danton (1759-1794), assumem o governo. Criam a Comuna de Paris em agosto de 1792 e organizam as guardas nacionais. Radicaliza-se a oposição aos nobres, considerados traidores. Em setembro, o povo invade as prisões e promove execuções em massa. República jacobina: Forma-se nova Assembléia, a Convenção, entre 1792 e 1795, para preparar outra Constituição. Os girondinos perdem força, e a maioria fica com os jacobinos, liderados por Robespierre e Saint-Just (1767-1794). Os montanheses, uma facção dos jacobinos, proclamam a República em 20 de setembro de 1792. Luís XVI é guilhotinado em janeiro de 1793. Começa o Período do Terror, que dura de junho de 1793 a julho de 1794. Sob o comando ditatorial de Robespierre são criados o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário, encarregado de prender e julgar os traidores. A Comuna aprisiona e guilhotina 22 líderes girondinos e até jacobinos, como Danton e Desmoulins (1760-1794), acusados de conspiração. Poucos meses após a morte de Danton, em julho de 1794 – dia 9 do novo mês Termidor –, Robespierre e Saint-Just também são presos e guilhotinados. Com a execução de Robespierre chega ao fim a supremacia jacobina. Os girondinos, em aliança com o grupo do pântano, instalam no poder a alta burguesia. Burguesia no poder: Os clubes jacobinos são fechados e nova Constituição é redigida (1795), instituindo outro governo, o Diretório (1795-1799), que consolida as aspirações da burguesia. Nesse período, o país sofre ameaças externas. Para manter seus privilégios, a burguesia entrega o poder a Napoleão Bonaparte. Mesmo com a queda do Império Napoleônico, em 1815, e a ameaça de restauração NOME: Amanda Campos de Paiva Almeida RM: 101433 Tipo de Ensino: Médio: X Técnico: Módulo/Série: 1º X 2º 3º 4º Habilitação: História Conteúdo: A Revolução Francesa Competências: Criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa. PROVA: Mensal: X Bimestral: Prog. Parcial: Outros: Menção: MB B R I Professor(a):Celso Luiz Lucas Observações: Editem o trabalho e respondam no próprio formulário, estando pronto enviem para o endereço eletrônico do professor; rasura anulam-nas; . Questão 1: Leia os dois textos, escritos no final do século XVIII. Texto 1 O grande dia, resultado da libertação, começava a me despertar; respirava livremente, quando vi diante de mim uma multidão em tumulto. Não fiquei surpreso... Aproximo-me e... oh! espetáculo de horror! Vejo duas cabeças na ponta de uma lança!... Aterrorizado, informo-me... “São”, diz-me um açougueiro, “as cabeças de Flesselles e de De Launay...” Ouvindo isso, estremeço! Vejo uma nuvem de males pairar sobre a infeliz capital dos franceses... Mas a informação não estava inteiramente correta: a cabeça de Flesselles, o rosto desfigurado pelo tiro de pistola que há pouco acabara com sua vida, rolava nas águas do Sena. Eram De Launay e seu major que eu via ultrajados! Prossigo: mil vozes de arauto para a Novidade... [...] Não acreditei e fui ver o cerco de perto... No meio da Grève, encontro um corpo sem a cabeça estendido no meio do riacho, rodeado por cinco ou seis indiferentes. Faço perguntas... É o governador da Bastilha... Que pensamentos!... Esse homem, outrora impassível diante do desespero dos infelizes enterrados vivos sob sua guarda, por ordem de execráveis ministros, ei-lo!... (Restif de la Bretonne. As noites revolucionárias, 1989.) Texto 2 Oh! Aquela alegria me deu náuseas. Sentia-meao mesmo tempo satisfeito e descontente. E eu disse, tanto melhor e tanto pior. Eu entendia que o povo comum estava tomando a justiça em suas mãos. Aprovo essa justiça [...] mas poderia não ser cruel? Castigos de todos os tipos, arrastamento e esquartejamento, tortura, a roda, o cavalete, a fogueira, verdugos proliferando por toda parte trouxeram tanto prejuízo aos nossos costumes! Nossos senhores [...] colherão o que semearam. (Graco Babeuf apud Robert Darnton. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução, 1990.) a) Cite o evento histórico a que o texto 1 se refere e a situação sociopolítica e econômica a que esse evento se opôs. b) Identifique o elemento comum aos dois textos e explique a última frase do texto 2. Questão 2: Leia as informações abaixo e, em seguida, responda ao que se pede: No século XVIII, o secretário do filósofo Voltaire contava uma história surpreendente: Madame de Châtelet, uma nobre francesa, não hesitava em se despir na frente de seus criados, pois, em suas palavras, "não considerava ser um fato comprovado que os camareiros fossem homens". Os direitos humanos só podiam fazer sentido quando os camareiros fossem também vistos como homens. (Texto adaptado. HUNT, L. A invenção dos Direitos Humanos: uma história. São Paulo: Cia das Letras, 2009. p. 78.) Pouco tempo depois, em 1789, no contexto da Revolução Francesa, publicou-se a Declaração Universal de Direitos dos Homens e dos Cidadãos, que afirmava: "Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem ser baseadas na utilidade comum." a) Qual a mudança com relação à ideia de direitos dos homens ocorrida entre o contexto em que viveu a Madame de Châtelet e a Revolução Francesa? b) Cite e analise UM impacto desta mudança para a história do mundo ocidental no século XIX. Questão 3: O texto a seguir narra algumas mudanças ocorridas na França ao tempo da Revolução. Depois da proclamação da República, em setembro de 1792 (...) Até mesmo as medidas de espaço, tempo e peso passaram a ser questionadas. Todos deveriam falar a mesma língua, usar os mesmos pesos e medidas e entregar as moedas antigas. Uma comissão trabalhou para estabelecer o sistema métrico, e a Convenção instituiu um novo calendário. Em vez da semana de sete dias, haveria a decade, período de dez dias sem variação de mês para mês. No lugar dos nomes da ‘época vulgar’, os nomes dos meses e dias refletiriam a natureza e a razão. Germinal, floreal e prairial (fins de março a fins de junho), por exemplo, evocavam os brotos e flores da primavera, enquanto primidi, duodi etc. Ordenavam os dias racionalmente, sem a ajuda dos nomes de santos. Em Toulouse, as autoridades municipais chegaram a contratar um relojoeiro para ‘decimalizar’ o relógio da Câmara Municipal. Até os relógios podiam testemunhar a Revolução. HUNT, L. Política, cultura e classe na Revolução Francesa. Trad.,São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 97. a) Apresente quatro características da França durante o período republicano de 1792 a 1795. b) Explique os significados históricos dessa tentativa de estabelecer outras referências e denominações para o calendário. c) Relacione o novo calendário instituído pela revolução às ideias ilustradas do século XVIII. Questão 4: “Aproximamo-nos do segundo centenário do Congresso de Viena, quando, depois da Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas, delegações de praticamente todos os estados europeus então se aproximaram para participar dessa cúpula histórica entre setembro de 1814 e junho de 1815, na cidade de Viena”. Fonte: Associação dos Historiadores Latino-Americanos e do Caribe – ADHILAC. Disponível em: <http://adhilac.com.ar/?p=9219>. Acesso em: 21 set. 2014. (Adaptado e traduzido do espanhol) Explique a função do Congresso de Viena no processo de reorganização dos países europeus após a derrota de Napoleão Bonaparte. Questão 5: Carta de Convocação dos Estados Gerais Por ordem do Rei. Temos necessidade de nossos fiéis súditos para nos ajudarem a superar todas as dificuldades em que nos achamos e para estabelecer uma ordem constante e invariável em todas as partes do governo que interessam à felicidade dos nossos súditos e à prosperidade de nosso reino. Esses grandes motivos nos determinaram convocar a assembleia dos Estados de todas as províncias sob nossa obediência, para que seja achado, o mais rapidamente possível, um remédio eficaz para os males do Estado e para que os abusos de toda espécie sejam reformados e prevenidos. Versalhes, 24 de janeiro de 1789. Adaptado de MATTOSO, K. de Q.. Textos e documentos para o estudo de história contemporânea. São Paulo: Edusp, 1976 A convocação dos Estados Gerais deu início à Revolução Francesa, ocasionando um conjunto de mudanças que abalaram não só a França, mas também o mundo ocidental em finais do século XVIII. Cite um motivo para a convocação dos Estados Gerais na França, em 1789, e apresente duas consequências da Revolução Francesa para as sociedades europeias e americanas. Questão 6: O problema agrário era portanto o fundamental no ano de 1789, e é fácil compreender por que a primeira escola sistematizada de economia do continente, os fisiocratas franceses, tomara como verdade o fato de que a terra, e o aluguel da terra, era a única fonte de renda líquida. E o ponto crucial do problema agrário era a relação entre os que cultivavam a terra e os que a possuíam, os que produziam sua riqueza e os que a acumulavam. Eric Hobsbawm. A era das revoluções. 1789‐1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982, p. 29. a) Caracterize o momento social e econômico por que a França passava no período a que se refere o texto. b) Quais são as principais diferenças entre as propostas fisiocratas e as práticas mercantilistas anteriores a elas? Questão 7: Leia o hino a seguir. Avante, filhos da Pátria, O dia de glória chegou! Contra nós da tirania, O estandarte ensanguentado se ergueu Ouvis nos campos Rugir esses ferozes soldados? Vêm eles até os vossos braços Degolar vossos filhos, vossas mulheres! Às armas, cidadãos, Formai vossos batalhões, Marchemos, marchemos! Que um sangue impuro Banhe o nosso solo! LISLE, Joseph Rouget de. A Marselhesa. Disponível em: <www.ambafrance-br.org/A-Marselhesa>. Acesso em: 14 nov. 2012. (Adaptado). “A Marselhesa” foi apropriada como canção revolucionária em 1793, no ano III. Passando por modificações em sua letra, no final do século XIX, em meio à corrida imperialista europeia, a composição tornou-se hino nacional francês. Diante do exposto, a) relacione um trecho da composição “A Marselhesa” ao contexto revolucionário francês; b) explique a mudança ocorrida na ideia de nacionalismo no final do século XIX, relacionando-a à apropriação de “A Marselhesa” como hino nacional francês. Questão 8: Observe a imagem a seguir. Explique o contexto histórico da Revolução Francesa destacando o posicionamento do autor da imagem quanto à Igreja Católica. Questão 9: A charge ilustra as três ordens sociais existentes na França antes da Revolução de 1789. Identifique essas três ordens e justifique o posicionamento dos personagens na charge. Questão 10: Esta representação da Bastilha, prisão política do absolutismo monárquico, foi pintada em 1789. Indique dois elementos da tela que demonstrem a solidez e a força da construção e o significado político e social da jornada popular de 14 de julho de 1789. A Era das Revoluções – A Burguesia no Poder Por vezes nossa opinião sobre a disciplina História é bastante crítica. Para que conhecer tantas datas? Para que saber tantos nomes, batalhas e períodos? Qual a importância destes conteúdos, para nossa vida diária? Conhecer a história da humanidade, seu processo de luta e de realizações é fundamental para que situemos no mundo atual e tenhamos referências para refletir sobre a vida em sociedade. Assim, podemos compreender que a sociedade humana é histórica e que as conquistas, sonhos ou fracassos vivenciados pelos diferentes povos do passado podem ser estudados, a fim de iluminar nosso olhar sobre a vidapresente. E mesmo a abordagem daqueles movimentos que, aparentemente, não obtiveram êxito é fundamental, pois “ousaram ser”, pretenderam mudar a ordem e estabelecer um mundo transformado. E o desejo de uma vida mais justa deve sempre estar presente no desenrolar de nossas reflexões. Na Inglaterra do século XVII, a Revolução limitou o poder real e fortaleceu o parlamentar; no final do século XVIII, as mudanças verificaram-se a partir da França, quando a Revolução derrubou a monarquia e apresentou outras opções políticas, como, por exemplo, a República e as possibilidades de eleições. Uma experiência política renovada já era vivida na América do Norte, quando as colônias inglesas, em 1776, declararam sua independência da Inglaterra e instituíram a república federativa presidencialista dos Estados Unidos. No início do século XIX, representantes das potências europeias – Prússia, Inglaterra, França, Áustria, Rússia – preocuparam-se com o avanço das ideias de liberdade que atingiam as sociedades e almejaram recuperar ou manter no poder os monarcas destituídos pelos efeitos da Revolução Francesa (princípio da legitimidade). Para tal, reuniram-se no Congresso de Viena (1815) e buscaram estratégias para recuperar ou manter a antiga ordem política (princípio da restauração). Na antiga ordem, os monarcas eram considerados “divinos” e legítimos representantes do povo no exercício do poder. Este modelo político caracterizou o absolutismo dos reis no processo de formação dos modernos estados nacionais. Desta forma, as dinastias destituídas do trono durante a Revolução Francesa deveriam retornar ao poder. As autoridades reunidas em Viena pretendiam também restabelecer as fronteiras geográficas desconfiguradas pelas guerras napoleônicas. O mapa europeu foi então reformulado, de acordo com as decisões destas autoridades. Reformular a geopolítica europeia, invalidando os limites definidos pelas conquistas napoleônicas foi uma tarefa possível, uma vez que dependia de acordos e alianças entre os representantes dos países europeus reunidos naquela ocasião. Entretanto, a dificuldade maior concentrava-se no terreno das ideias. Como conter ou interromper a propagação das ideias revolucionárias (diga-se de liberdade) que contagiavam as sociedades, estimulando-as à luta contra a monarquia e o absolutismo? Como impedir os povos – ainda submetidos à condição de colônia – de buscarem a autonomia política das respectivas metrópoles? No esforço de recuperar seus antigos privilégios, os representantes políticos reunidos em Viena constituíram a Santa Aliança com a finalidade de fazer uso da intervenção militar (princípio da intervenção) em países onde ocorressem movimentos revolucionários, nos moldes de 1789. Apesar de todo o esforço dos congressistas, a atuação política de suas lideranças teve um breve alcance, pois foi impossível conter a onda revolucionária que atingiu países europeus e também o continente americano. Os conflitos decorrentes da insatisfação reinante provocaram revoluções diversas e transformaram o cenário mundial. Eles ocorriam no interior das sociedades, entre a população castigada pelo desemprego, pela crise nas colheitas, pelos baixos salários; eles estavam presentes nos povos que, subordinados a outros governos, ansiavam por liberdade e autonomia. No continente europeu, por exemplo, a Bélgica estava subordinada à Holanda; a Lombardia e Veneza, submetidas à Áustria; no continente latino-americano, entre as colônias ibéricas, ainda sobrevivia o Pacto Colonial e a consequente exploração econômica. A insatisfação era geral e, para conter as manifestações populares, as autoridades utilizaram a força e a repressão. As Convulsões de ordem política inseriam-se num cenário de crescente industrialização e acenavam para o fortalecimento da burguesia. Esta, no empenho de sua consolidação política e econômica, confrontava-se com as camadas populares constituídas por operários, à medida que explorava desmedidamente sua força de trabalho; confrontava-se também com os privilégios de uma nobreza que, apesar de falida, fazia-se presente junto aos monarcas no governo e administração dos estados. O historiador Eric Hobsbawm estudou este período e classificou a onda revolucionária que caracterizou o século XIX em três momentos: O primeiro, tendo por base os anos 20 (1820), limitou-se a alguns países da Europa e ao continente americano, quando as colônias espanholas conquistaram sua autonomia; em 1822 também o Brasil (Colônia portuguesa) separou-se de Portugal. O segundo, que corresponde aos anos 30, atingiu particularmente os países europeus. Nesse período, a Revolução de 1830, ocorrida na França, marcou a derrota da aristocracia e o fortalecimento da burguesia. Banqueiros, industriais e funcionários civis comporiam a “grande burguesia” que estaria no controle do poder no decorrer do século XIX. Os anos 30 foram marcados também pela arrancada para o desenvolvimento urbano e industrial das principais potências europeias. O terceiro, correspondente ao ano de 1848, conformou as intenções do período anterior, apresentando, porém, um novo condicionante: o apoio das ideias socialistas que marcaram as reivindicações populares, apresentando-se de forma semelhante em vários países europeus. As Revoluções de 1830 Com a queda de Napoleão Bonaparte, em 1815, Luís XVIII – da dinastia dos Bourbons – assumiu o poder, promovendo a restauração da monarquia nos moldes pretendidos pelo Congresso de Viena. O reinado de Luís XVIII caracterizou-se como moderado e conciliador, pois governou observando a Constituição, considerou os interesses da burguesia e contornou os conflitos sociais de modo a evitar novas revoluções. Entretanto, no governo de seu sucessor – Carlos X (1824-1830) – a insatisfação da população foi geral, em razão da política adotada pelo rei. Carlos X favoreceu a nobreza, promovendo indenizações aos latifundiários destituídos de terras durante o processo revolucionário, desrespeitou a Constituição dissolvendo a Câmara, limitou os direitos eleitorais da burguesia )o voto era censitário, isto é, só quem dispunha de uma certa renda poderia votar) e suprimiu a liberdade e imprensa. A atuação do rei revelou-se reacionária de tendências absolutistas e motivou a eclosão de revoltas. Grupos secretos e republicanos radicais organizaram a resistência contra o governo autoritário do rei e, no dia 27 de julho de 1830, tomaram conta de Paris, armando nas ruas barricadas. Durante três dias, a população – constituída de operários, estudantes e da pequena burguesia -, atingida também por uma crise econômica que assolava o país naquela época, munida de armas e de objetos diversos lutou contra as tropas dos Bourbons. O rei Carlos X abdicou e fugiu para a Inglaterra. A vitória do movimento assegurava a implantação da república democrática, mas a burguesia temerosa de que o radicalismo popular se acentuasse, definiu-se pela monarquia constitucional reservando o governo ao duque de Orléans, Luís Filipe, conhecido como o “rei burguês”. O governo de Luís Filipe voltou-se para o interesse dos banqueiros. O ano de 1830 marcou o fim das pretensões conservadoras do Congresso de Viena e assegurou à burguesia o caminho para sua consolidação no poder político. O movimento revolucionário de 1830 assinalou o fortalecimento da burguesia, mostrou a força das camadas populares e inspirou insurreições em outros estados europeus, estimulando o nacionalismo. Povos que haviam sido submetidos a outros, em razão das decisões do Congresso de Viena, buscaram sua autonomia: a Bélgica, que integrava os Países Baixos, submetidas à Holanda, diferenciando-se desta nos aspectos religiosos, culturais e econômicos, conseguiu sua independência em 1839; na Polônia, o levante nacionalista foi contido pelo czar russo; nos estados italianos, os insurretos exigiram a Constituição; nos estados alemães, os confrontos se deram entre austríacos e prussianos; na Península Ibérica, tanto em Portugal como na Espanha, ocorreram contestações às tentativas de retorno do absolutismo;em Portugal, passou a vigorar a Constituição de 1834; na Espanha, a de 1839. Assim podemos concluir que a “onda revolucionária” atingiu vários povos, como uma reação em cadeia, no sentido de combater as forças absolutistas e implantar um governo de tendências liberais. As Revoluções de 1848 A partir de 1848, novas revoluções ocorreram não só na França como também nos estados alemães, no Império Austro-Húngaro e em outras regiões do continente europeu. O pano de fundo deste contexto revolucionário pode definir-se como a continuidade do movimento anterior, amparado em causas de ordem político-econômica, apresentando, porém, outros condicionantes. Colaborou para isto a crise na produção agrícola, principalmente entre os anos de 1846 e 1848, a qual motivou a paralisação do comércio e da produção industrial, gerando a fome, o desemprego, a redução dos salários e, consequentemente, a miséria. Além das ideias nacionalistas, a fase revolucionária de 1848 trouxe, de forma mais acentuada, as ideias socialistas. Novamente, as camadas populares saíram às ruas, revelando sua força em movimentos revolucionários. Na França, eles ocorreram a partir do governo do rei Luís Filipe. O Rei Luís Filipe (1830-1848) As lideranças francesas destronaram o último dos Bourbons em 1830, mas trouxeram para o poder um nobre (duque de Orléans) comprometido com os interesses da alta burguesia, constituída, principalmente, por banqueiros, proprietários de minas e empreendedores de grandes obras. Por esse motivo, Luís Filipe ficou conhecido como o “rei burguês”. Para conciliar as exigências sociais, o rei ampliou o direito de voto a um maior número de eleitores e restituiu a liberdade de imprensa. O contexto político, porém, exigia cuidados pela crise generalizada, procedente da estagnação econômica, e favorecia o fortalecimento da oposição. Nela incluíam-se diversas facções políticas distribuídas entre os legitimistas (pretendiam a restauração dos Bourbons); os bonapartistas (apoiavam Luís Napoleão, sobrino de Bonaparte); os republicanos (contrários à monarquia) e os socialistas (oriundos do nascente proletariado francês). Os representantes da oposição passaram a se reunir em grandes banquetes organizados com finalidades políticas. A proibição de um destes banquetes, marcado para 22 de fevereiro de 1848, desencadeou o início de novas insurreições que foram violentamente reprimidas e provocaram a abdicação de Luís Filipe. Com a abdicação de Luís Filipe, instalou-se a Segunda República, cujo Governo Provisório formado por liberais e socialistas não trouxe a tranquilidade esperada pela maioria da população. Para conter o problema do desemprego, foram criadas as oficinas nacionais sustentadas e administrada pelo Estado, mas mantidas com o aumento dos impostos cobrados da população, o que acabou agravando mais a crise econômica e a revolta social. Diante do fracasso, essas oficinas foram fechadas e os desempregados voltaram a protestar nas ruas. Nas eleições para a Assembleia Constituinte, a burguesia aliou-se a outras classes de proprietários, a fim de retirar do governo a influência das ideias socialistas. A vitória da aliança entre os proprietários reduziu drasticamente o número de socialistas participantes da elaboração da nova Constituição. A derrota dos socialistas nas eleições e o fechamento das oficinas nacionais acarretaram a eclosão de uma “revolução dentro da revolução” (1848). Outras insurreições registraram-se entre as camadas populares, que retornaram às ruas acompanhadas de novas barricadas; com essa tentativa, os socialistas buscavam tomar o poder da burguesia e defender os interesses do proletariado. Apesar da resistência operária, as forças militares mantidas pela alta burguesia triunfaram, reprimindo duramente o movimento, assinalando a derrota do proletariado e a consolidação da República burguesa na França. Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, foi eleito presidente da República. Contudo, em 1851, ele surpreendeu a sociedade com um Golpe de Estado e no ano seguinte tornou-se imperador, inaugurando, assim o Segundo Império Francês. Seu governo voltou-se aos interesses da alta burguesia e à realização de grandes obras públicas. Na Itália e na Alemanha, a onda revolucionária liberal e nacionalista de 1848 encontrou praticamente uma situação comum em ambos os territórios: divisão em vários estados absolutistas, a hegemonia austríaca sobre a região, a defesa da unificação com base nas ideias nacionalistas. A tentativa de uma revolução liberal e nacionalista que resultasse na unificação dos estados italianos e na unificação dos estados germânicos acabou fracassando, principalmente pelos seguintes motivos: falta de coesão entre os revolucionários quanto à forma de governo a ser adotada, além das disputas entre burgueses e proletários; intervenção do exército austríaco reprimindo com violência e derrotando os revoltosos; ausência de apoio da Igreja Católica, que via na unificação dos estados italianos uma ameaça à sua propriedade territorial e ao seu poder político, há muito tempo já reduzido. O Socialismo O ano de 1848 marcou a história política contemporânea, em razão das insurreições populares. Na França, as barricadas elevadas nas ruas abrigavam grupos insurretos, constituídos por operários desempregados, insatisfeitos com a ordem reinante. A crise econômica atingia também os camponeses vítimas da seca e das más colheitas. A situação de miséria social favoreceu a adesão da população às ideias socialistas. Dois estudiosos que viviam nesse tempo Karl Marx e Friedrich Engels, publicaram sua proposta de revolução social na obra intitulada Manifesto Comunista. Nele defendiam a revolução do proletariado para pôr fim ao domínio da burguesia. Os primeiros estudiosos que refletiram sobre a situação dos operários foram denominados de socialistas utópicos. Eles pregavam a igualdade sem a necessidade de lutas de classe, ou seja, sem o papel revolucionário do proletariado na conquista desta condição. Entretanto, o socialismo científico (Marx e Engels) se caracterizava por ser a negação do capitalismo; só por meio da luta, o proletariado transformaria a sociedade a si mesmo. Com a revolução do proletariado, propunha-se a extinção da propriedade privada, dos meios de produção (fábricas, terras, banco, etc.), da sociedade dividida em classes sociais e pretendiam o desaparecimento gradual do Estado. NOME: Amanda Campos de Paiva Almeida RM: 101433 Tipo de Ensino: Médio: X Técnico: Módulo/Série: 1º X 2º 3º 4º Habilitação: História Conteúdo: A Burguesia no Poder – As Revoluções de 1830 à 1848 Competências: Criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa. PROVA: Mensal: X Bimestral: Prog. Parcial: Outros: Menção: MB B R I Professor(a):Celso Luiz Lucas Observações: Editem o trabalho e respondam no próprio formulário, estando pronto enviem para o endereço eletrônico do professor; rasura anulam-nas; . Questão 1: A tela de Eugène Delacroix celebra a revolução de julho de 1830 na França, que derrubou o rei Carlos X e encerrou o período da Restauração. Explique o significado do movimento de 1830 e identifique, através da análise da tela, dois elementos que atestem sua relação com a Revolução de 1789. Questão 2: "Qualquer historiador reconhece-a imediatamente: as barbas, as gravatas esvoaçantes, os chapéus dos militantes, as bandeiras tricolores, as barricadas, o sentido inicial de libertação, de imensa esperança e confusão otimista. Era a 'primavera dos povos' - e, como a primavera, não durou". (Eric Hobsbawm "Era do Capital", Paz e Terra, RJ, 1982, p.33). As revoluções de 1848 tiveram seu início na França, em fevereiro daquele ano, com a derrubada do "Rei Burguês", Luís Felipe, e se estenderam por diversos Estados europeus em pouco tempo. a) Exponha um resultado da forte participação operária, já de base socialista, na derrubada do "Rei Burguês". b) Explique as palavras de Hobsbawm sobre a duração da "primavera dos povos".Questão 3: DISCURSO À CÂMARA DOS DEPUTADOS DE PARIS No momento em que estamos, creio que dormimos sobre um vulcão (...). Não ouvis então, por uma espécie de intuição instintiva que não se pode analisar, mas que é certa, que o solo treme de novo na Europa? Não ouvis então ... como direi? ... um vento de revolução que paira no ar? 29 de janeiro de 1848 (TOCQUEVILLE, A. Lembranças de 1848. As jornadas revolucionárias em Paris. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.) As palavras de Tocqueville concretizaram-se ao longo do ano de 1848, marcado por uma série de revoluções que agitaram não só a Europa, como também a América. Em relação a este ano, identifique: a) duas condições relacionadas às camadas populares que contribuíram para a eclosão das revoluções na França; b) um movimento revolucionário ocorrido no Brasil, apontando um fator para sua eclosão. Questão 4: Intensos debates na Paris de 1848 (M. Carnavalet, Paris) A historiografia tradicionalmente considera a revolução de 1848, na França, como um divisor de águas na história dos movimentos populares europeus do século XIX. Justifique tal afirmativa. Questão 5: Os revolucionários russos de 1917 viam-se como herdeiros da tradição de luta dos movimentos operários do século XIX europeu. a) Em que revoluções do século XIX houve participação efetiva da classe operária? b) Relacione, tendo em vista o entendimento da revolução bolchevista, o tipo de industrialização ocorrido na Rússia, o poder político czarista e a Primeira Guerra Mundial. Questão 6: As revoluções de 1848, chamadas por Marx de "Primavera dos Povos", pela primeira vez, entre suas causas, combinaram (A) o liberalismo, (B) o nacionalismo e (C) o socialismo. Explique como esses fatores influíram na eclosão revolucionária. Questão 7: "Senhores, fazei o jogo, pois a bola corre ainda. Qual o regime que vai nascer? Lia-se República, Reforma, Progresso, Igualdade, Liberdade, Anarquia, Monarquia Constitucional." Adaptado de Girard e outros. 1848-1914. Paris: Bordas, 1966. A caricatura anterior retrata a preocupação dos governantes europeus frente às revoluções de 1848. Ela mostra o imperador da Áustria, o rei da Prússia e mais atrás o rei da França. Em sua maioria, os reis da Europa acompanhavam a questão com intensa apreensão. a) Aponte um fator que estimulou as revoluções de 1848. b) Explique por que os governantes da Europa acompanhavam o movimento revolucionário com preocupação. Questão 8: Na história da França, a Revolução de 1848 ficou "como algo muito diferente de uma reedição bem-sucedida da Revolução de 1830. Suscitou esperanças que, bem mais que liberais e patrióticas, foram também sociais. E não pretendeu corrigir apenas o funcionamento da máquina política, mas também o da sociedade humana." (Maurice Agulhon, 1848. O APRENDIZADO DA REPÚBLICA.) Explicite os aspectos da Revolução de 1848 que suscitaram "esperanças sociais". Questão 9: Quais as ideologias que influenciaram as revoluções europeias de 1830 e 1848? Questão 10: "A Revolução de Fevereiro foi um ataque de surpresa, apanhando desprevenida a velha sociedade, e o povo proclamou esse golpe inesperado como um feito de importância mundial que introduzia uma nova época." ( ... ) "No umbral da Revolução de Fevereiro, a república social apareceu como uma frase, como uma profecia. Nas jornadas de junho de 1848 foi afogada no sangue do proletariado de Paris, mas ronda os subsequentes atos da peça como um fantasma." (MARX, Karl, "O 18 Brumário e Cartas a Kugelmann".Rio de Janeiro, Paz e Terra, 5a. ed., pp. 20 e 110.) O documento anterior refere-se à situação política e social da França entre 1848, época das insurreições dos trabalhadores parisienses e 1851, quando foi golpeada a República e reinstalado o Império. A ideia da luta de classes como motor da História, sustentada por Marx, teria sua fundamentação definitiva quando, no mesmo ano de 1848, lançou com Engels o "Manifesto Comunista". a) Compare, do ponto de vista das classes sociais, a Revolução de 1848 e a Revolução Francesa de 1789. b) Justifique, através de um argumento, a frase "A Revolução de Fevereiro foi (...) um feito de importância mundial que introduzia uma nova época."