@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); 6.3 PRINCÍPIOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO PARA WINNICOTT.\u201cO homem maduro é aquele capaz de identificar-se com a sociedade sem ter que sacrificar excessivamente sua espontaneidade, é capaz de atender suas necessidades pessoais sem tornar-se por isto um ser antissocial, e de aceitar certa responsabilidade quando isto se tornar necessário(WINNICOTT, 2001).\u201d6.3.1 Quem foi Winnicott?Donald Woods Winnicott, nasceu na Inglaterra em 7 de abril de 1896, filho de Elizabeth Martha (Woods) Winnicott e do Sr. John Frederick Winnicott, um comerciante que se tornou cavaleiro em 1924 após servir duas vezes como prefeito de Plymouth.A família era próspera e aparentemente feliz, mas atrás desse verniz, Winnicott se viu como oprimido por uma mãe com tendências depressivas como também por duas irmãs e uma babá. Foi a influência do seu pai, que era um livre pensadores empreendedor que o encorajou em sua criatividade. Winnicott se descreveu como um adolescente perturbado, reagindo contra a própria auto repressão que adquirindo sua capacidade de cuidar ao tentar suavizar os sombrios humores de sua mãe. Estas sementes de autoconsciência se tornaram a base do interesse dele trabalhando com pessoas jovens e problemáticas.Decidindo-se tornar um médico, completando sua formação em medicina em 1920 e em 1923, no mesmo ano do seu primeiro casamento com Alice Taylor, foi contratado como médico no Paddington Green Children's Hospital em Londres. Foi também em 1923, que Winnicott iniciou sua análise pessoal com James Strachey (1887 \u2013 1967), o tradutor das obras de Sigmund Freud para o inglês. Em 1927 Winnicott foi aceito como iniciante na Sociedade Britânica de Psicanálise, qualificado como analista em 1934 e como analista de crianças em1935.O tratamento de crianças mentalmente transtornadas e das suas mães lhe deu a experiência com a qual ele construiria a maioria das suas originais teorias. Um acontecimento relevante da vida desse autor foi a chegada em Londres, no ano 1926, de Melanie Klein (1882-1960), uma das mais importantes analistas de criança da sua época, logo fazendo escola e seguidores. Fez parte de uma divisão dentro da Sociedade Psicanalítica Britânica entre os Freudianos ortodoxos e o Kleinianos, porém, em 1945 um acordo tipicamente britânico estabeleceu três cordiais grupos: os Freudianos, o Kleinianos e um grupo \u201cconciliador" ao qual Winnicott pertenceu.Para Freud, ao brincar, a criança tem prazer na aparente onipotência que adquire ao manipular os objetos cotidianos associando-os a símbolos imaginários como no jogo fort-da que evocava a presença da mãe na análise infantil que realizou. Não há dúvidas, porém que foi Melanie Klein quem efetivamente trouxe a brincadeira para o trabalho psicanalítico com crianças.Klein reconhecera uma similitude entre (1) a atividade lúdica infantil e o sonho do adulto, e (2) as verbalizações da criança ao brincar e a associação livre clássica. Discípulo de Klein, Winnicott redimensiona a brincadeira, situando o brincar do analista e o valor que essa atividade possui em si, instituída como uma atividade infantil, e que também faz parte do mundo adulto. Para ele, os analistas infantis por se ocuparem tanto dos possíveis significados do brincar não possuíam um claro enunciado descritivo sobreo brincar. Para ele \u201cBrincar é algo além de imaginar e desejar, brincar é o fazer.Winnicott tornou-se um médico contratado do Departamento Infantil do Instituto de Psicanálise durante 25 anos; foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise por duas gestões; membro da UNESCO e do grupo de experts da OMS; atuou como professor no Instituto de Educação e na London School of Economics, da Universidade de Londres; dissertou e escreveu amplamente como atividade profissional independente. Ele divorciou-se de sua primeira esposa em 1951 e, nesse mesmo ano, casou-se com Elsie Clare Nimmo Britton, assistente social psiquiátrica e psicanalista. Morreu em 28 de janeiro de 1971, após o último de uma série de ataques decoração e foi cremado em Londres.6.3.2 Concepções do Desenvolvimento Emocional e Físico da CriançaSegundo Winnicott, o desenvolvimento emocional inicia desde as primeiras horas do nascimento ou a partir do último estágio de vida pré-natal. Não é possível ignorar a evolução da personalidade e do caráter, pois até a experiência do nascimento pode ser significativa (WINNICOTT, 2001).A mãe de um bebê se torna particularmente qualificada para proteger seu filho nesta fase de vulnerabilidade, e que a torna capaz de contribuir positivamente com as claras necessidades da criança. A mãe é capaz de desempenhar esse papel e se sentir segura, amada em sua relação com o pai da criança e com a própria família. Ao se sentir aceita nos círculos cada vez mais amplos que circundam a família e constituem a sociedade (WINNICOTT, 2001).A mãe de um bebê se torna particularmente qualificada para proteger seu filho nesta fase de vulnerabilidade, e que a torna capaz de contribuir positivamente com as claras necessidades da criança. A mãe é capaz de desempenhar esse papel e se sentir segura, amada em sua relação com o pai da criança e com a própria família. Ao se sentir aceita nos círculos cada vez mais amplos que circundam a família e constituem a sociedade (WINNICOTT, 2001).A criança com um ano de idade, já é capaz de manter viva a ideia da mãe e também do tipo de cuidado que acostumou a receber; é capaz de manter viva esta ideia por certa extensão de tempo, talvez dez minutos, talvez uma hora ou mais(WINNICOTT, 2001).Desde o início é possível a um observador perceber que a criança já é um ser humano, uma unidade. Com um ano, a maioria das crianças já adquiriu de fato os tatus de indivíduo. Em outras palavras, a personalidade tornou-se integrada. É claro que isto nem sempre é verdade, mas pode-se dizer que, em certos momentos, ao longo de certos períodos e em certas relações, a criança de um ano é uma pessoa inteira.Mas, a integração não é algo automático, é algo que deve desenvolver-se pouco a pouco em cada criança individual. Não é mera questão de neurofisiologia, pois, para que seu processo se desenrole, há a necessidade da presença de certas condições ambientais, a saber: aquelas cujo melhor provisor é a própria mãe da criança (WINNICOTT, 2001).A existência de um grau razoável de adaptação às necessidades da criança é o que melhor possibilita o rápido estabelecimento de uma relação forte entre psique e soma. Havendo falhas nessa adaptação, surge uma tendência de a psique desenvolver uma existência fracamente relacionada à experiência corporal, acarretando como resultado que as frustrações físicas não sejam sentidas em toda a sua intensidade (WINNICOTT, 2001).A visão que a criança tem do mundo exterior aoself84 baseia-se em grande medida no padrão da realidade pessoal interna. Cumprindo fazer notar que o comportamento real do ambiente em relação a uma criança é até certo ponto afetado pelas expectativas positivas e negativas da própria criança (WINNICOTT, 2001).A vida institiva da criança baseia-se no funcionamento alimentar. Os interesses ligados às mãos e a boca predominam, mas as funções excretoras aos poucos vão acrescentando sua contribuição. A começar de certa idade, talvez aos cinco meses, a criança torna-se capaz de relacionar a excreção a alimentação, e vincular fezes e urina ao consumo oral. De acordo com isso, tem início o desenvolvimento do mundo pessoal interno, que, consequentemente, tende a ser localizado na barriga. Originando-se, a experiência do psique-soma se expandindo a todo o funcionamento corporal (WINNICOTT, 2001).Todas as funções tendem a ter uma qualidade orgática, na medida em que todas, cada uma a seu modo, contêm uma fase de preparação e estímulo local, um clímax em que o corpo inteiro está envolvido, e um período depós-satisfação (WINNICOTT, 2001).As experiências instintivas, durante o primeiro ano devida, são portadoras da crescente capacidade que a criança tem de relacionar-se com objetos, capacidade essa que culmina num relacionamento amoroso entre mãe e filho (WINNICOTT, 2001).O impulso instintivo cria uma situação que pode evoluir, por um lado, para a satisfação, ou se diluir numa insatisfação difusa ou num desconforto generalizado da psique e do soma. Há hora certa para a satisfação de um impulso, há um clímax interno que deve vir junto com a experiência de fato. As satisfações têm extrema importância para a criança no decorrer de seu primeiro ano de vida, e a capacidade de esperar só pode ser adquirida de modo gradual. O que se pede, evidentemente, é que a criança sacrifique sua espontaneidade em favor das necessidades daqueles que dela cuidam. Muitas vezes exigimos das crianças mais do que de nós mesmos(WINNICOTT, 2001).A espontaneidade, assim, é ameaçada por dois conjuntos de fatores:Pelo desejo da mãe de libertar-se das cadeias da maternidade. A isso pode sobrepor-se a falsa ideia de que uma mãe deve educar seu filho desde muito cedo a fim de produzir um \u201cbom\u201d filho.Pelo desenvolvimento de complexos mecanismos de restrição da espontaneidade no interior da própria criança (o estabelecimento de um superego).A mecânica do autocontrole é tão rude quanto os próprios impulsos, e a severidade da mãe ajuda por ser menos brutal e mais humana, pois uma mãe pode sempre ser desafiada, mais a inibição interna de um impulso é passível de ter efeito total. A severidade das mães, portanto, tem um significado inesperado: leva, de modo gradual e gentil, à complacência, e salva a criança da ferocidade do autocontrole. Por uma evolução natural (supondo-se que as condições exteriores permaneçam favoráveis), a criança estabelece uma severidade interna de caráter \u201chumano\u201d, adquirindo seu autocontrole sem perder demais daquela espontaneidade que, só ela, faz a vida valer a pena (WINNICOTT, 2001).O tema da espontaneidade naturalmente nos leva a considerar o impulso criativo, o qual dá à criança a prova de que está viva. Na criança sadia, grande parte do potencial de agressão funde-se às experiências instintivas e ao padrão dos relacionamentos do pequeno indivíduo. Para que esse desenvolvimento ocorra são necessárias certas condições ambientais suficientemente boas (WINNICOTT, 2001).A medida que a criança cresce, o significado do termo \u201camor\u201d vai se alterando, ou enriquecendo-se com novos elementos: Amor significa existir, respirar; estar vivo identifica-se a ser amado.Significa apetite. Aqui não há preocupação, apenas a necessidade de satisfação.Significa o contato afetivo com a mãe.Significa a integração do objeto da experiência instintiva com a mãe integral do contato afetivo. O dar passa a relacionar-se ao receber, etc.Significa afirmar os próprios direitos à mãe, ser compulsivamente voraz, forçar a mãe a compensar as privações pelas quais ela é responsável.Significa cuidar da mãe, como ela cuidou da criança, uma prefiguração da atitude de responsabilidade adulta.Todo o desenvolvimento pode ser observado nos primeiros anos de vida. É fundamental estar atento nesta fase, pois quase todas as aquisições podem ser perdidas frente a uma posterior ruptura das condições mínimas ambientais, ou mesmo pela ação de certas ansiedades inerentes ao amadurecimento emocional (WINNICOTT, 2001).6.3.3 Relação entre mãe e bebêDe acordo com Winnicott (1985), quando a gravidez é desejada, constata-se na mãe grávida uma identificação cada vez maior com o seu filho. A criança é associada pela mãe com uma ideia de um \u201cobjeto interno\u201d, um objeto imaginado para ser instalado dentro e aí mantido apesar de todos os elementos persecutórios que também tem lugar na situação. O bebê tem outros significados na fantasia inconsciente da mãe, mas é possível que o traço predominante nesta seja uma vontade e uma capacidade de desviar o interesse do seu próprio self para o bebê. Só a mãe sabe como o bebê pode estar se sentindo. Muitas crianças colocadas sob os cuidados terapêuticos regridem e revivemos relacionamentos primeiros que não foram satisfatórios em seu passado.No processo de maternagem, a presença de uma mãe suficientemente boa, acriança pode iniciar um processo de desenvolvimento pessoal e real. Caso a maternagem não seja boa o suficiente, a criança torna-se um acumulado de reações à violação; o self verdadeiro da criança não consegue formar-se, ou permanece oculto por trás de um falso self que a um só tempo quer evitar e compactuar com as bofetadas do mundo (WINNICOTT, 1985).Quando o par mãe-filho funciona bem, o ego da criança é de fato muito forte. O ego da criança é capaz de organizar defesas e desenvolver padrões pessoais fortemente marcados por tendências hereditárias. Caso o apoio do ego da mãe não exista, ou é fraco, a criança não consegue desenvolver-se numa trilha pessoal (WINNICOTT,1985).Os bebês bem cuidados rapidamente estabelecem-se como pessoas, cada um deles diferente de todos os outros que já existiram ou existirão, ao passo que os bebês que recebem apoio egoico inadequado ou patológico tendem a apresentar padrões de comportamento semelhantes (inquietude, estranhamento, apatia, inibição e complacência) (WINNICOTT, 1985).Quando a mãe identifica-se com seu filho, é capaz e tem vontade de dar apoio no momento em que for necessário. As crianças quando são saudáveis desenvolvem suficientemente uma crença em si mesmas e nos outros, o que faz com que passem a odiar todo tipo de controle externo, o controle se muda em autocontrole. Nesse, o conflito é trabalhado com antecedência no interior da própria pessoa. É assim, pois, que entendo a questão: as boas condições de cuidado num primeiro estágio de vida geram um sentido de segurança, que por sua vez gera o autocontrole, e quando o autocontrole se realiza de fato, a segurança imposta do exterior transforma-se num insulto (WINNICOTT, 1985).Os pais quando são normais, não desejam ser adorados pelos filhos. Suportam os extremos de serem idealizados e odiados, esperando que, finalmente, os filhos os vejam como os seres humanos comuns que certamente são(WINNICOTT, 1985).Outro ponto importante na relação dos pais e do bebê é a saúde, quer dizer maturidade apropriada à idade. No desenvolvimento emocional de um ser humano, se não houver entraves ou desvios no processo evolutivo, há saúde. Todos os cuidados que a mãe e o pai dediquem ao seu bebê não constituem apenas um prazer para eles e para a criança, trata-se também de uma necessidade absoluta e o bebê não poderá transformar-se num adulto sadio ou prestimoso (WINNICOTT, 1985).A figura da mãe é necessária como pessoa viva para o bebê. Ele deve estar apto a sentir o calor de sua pele e alento, a provar e a ver. Isso é vitalmente importante. Deve existir completo acesso ao corpo vivo da mãe. Sem a presença viva da mãe, a mais erudita técnica materna nada vale. Outro aspecto fundamental que acontece na figura da mãe, é a apresentação do mundo ao bebê. As pessoas e a realidade externa ao mundo em seu redor, que assistem o bebê são apresentados pela mãe.A mãe que se adapta de um modo fértil, dá ao seu bebê uma base para estabelecer contato com o mundo e propicia ao bebê uma riqueza em suas relações com o mundo que pode desenvolver-se e atingir plena fruição, com o decorrer do tempo, quando a maturidade chegar. Uma parte importante dessa relação inicial do bebê com a mãe é a inclusão na mesma de poderosos impulsos instintivos, a sobrevivência do bebê e da mãe ensina ao bebê, por meio da experiência, que são permissíveis as experiências instintivas e as ideias excitadas, e que elas não destroem, necessariamente, o tranquilo tipo de relações, de amizade e de participação (WINNICOTT,1985).Em resumo, o desenvolvimento emocional de um bebê, no início, só pode ser bem consolidado na base das relações com uma pessoa que, idealmente, deveria ser a mãe.6.3.4 Relação da Criança com a FamíliaSegundo Winnicott (2001), a família é um dado essencial de nossa civilização. O modo pelo qual é organizada a família demonstra na prática o que é a nossa cultura, assim como uma imagem do rosto é suficiente para retratar o indivíduo. Partindo do pressuposto de família saudável, ela tem seu próprio crescimento, e a pequena criança experimenta mudanças que advêm da gradual expansão e das tribulações familiares. A família protege a criança no mundo e aos poucos vai introduzindo as tias, os tios, os vizinhos, os primeiros grupinhos de crianças e por fim a escola.Em relação ao casamento que é uma constituição de uma família nem sempre são sinal de maturidade parental. Cada membro do casal está em processo de crescimento e permanece assim, ao longo de toda a sua vida (WINNICOTT,2001).Cada criança individual, com seu crescimento emocional sadio e seu desenvolvimento pessoal satisfatório, promove a família e a atmosfera familiar. Os pais, em seus esforços de constituição da família, beneficiam-se da somatória das tendências integrativas de cada um dos filhos. Não se trata de saber meramente se o bebê ou a criança é cativamente e digna de amor, deve haver algo mais, pois as crianças nem sempre são boazinhas. Os filhos lisojeiam os pais, por esperarem uma certa confiabilidade e disponibilidade, ao que é respondido, em parte, devido a capacidade de identificação com os filhos.Essa capacidade também vai depender de como os pais desenvolveram sua própria personalidade, se foi de modo satisfatório, quando tinham a mesma idade que tem seus filhos. A partir daí, as próprias capacidades são descobertas e desenvolvidas pelo que os filhos esperam dos pais (WINNICOTT, 2001).A relação do pai com a criança, vai depender da atitude que a mãe toma, se o pai vai acabar ou não por conhecer o seu bebê. Há todo um rosário de motivos pelos quais é difícil para um pai participar na criação do seu filho pequeno. Para começar, raramente estará em casa quando o bebê está acordado e mesmo quando está em casa, a mãe acha um pouco difícil saber quando utilizar seu marido ou quando deseja que ele saia do caminho (WINNICOTT, 2001).É incomparavelmente melhor um pai forte, que pode ser respeitado e amado, do que apenas uma combinação de qualidades maternas, normas e regulamentos, permissões e proibições. Quando o pai entra na vida da criança, como pai, ele assume sentimentos que ela já alimentava em relação a certas propriedades da mãe e para esta constitui um grande alívio verificar que o pai se comporta da maneira esperada.A união sexual de pai e mãe fornece um fato concreto em torno do qual a criança poderá construir uma fantasia, uma rocha a que ele se pode agarrar e contra a qual pode desferir seus golpes, além de fornecer parte dos alicerces naturais para uma solução pessoal do problema das relações triangulares(WINNICOTT, 2001).A presença do pai, não precisa estar o tempo todo para cumprir essa missão, mas tem de aparecer com bastante frequência para que a criança sinta que o pai é um ser vivo e real. Grande parte da organização da vida de uma criança deve ser feita pela mãe, e os filhos gostam de sentir que a mãe pode dirigir o lar enquanto o pai não está realmente nele (WINNICOTT, 2001).A criança precisa do pai por causa das suas qualidades positivas e das coisas que o distinguem de outros homens, bem como da vivacidade de que se reveste a sua personalidade. Quando o pai e a mãe aceitam facilmente a responsabilidade pela existência da criança, o cenário fica montado para um bom lar(WINNICOTT, 2001).6.3.5 Diferenças de uma criança normal para uma delinquenteSegundo Winnicott (2001), uma criança normal, se tem confiança no pai e na mãe, provoca constantes sobressaltos. Com o tempo, procura exercer o seu poder de desunião, de destruição, tenta amedrontar, cansar, desperdiçar, seduzir e apropriar-se das coisas. Tudo o que leva as pessoas aos tribunais. Durante a infância, é importante que a criança precise ter consciência de uma estrutura, se quiser sentir-se livre e estar apta a brincar, a fazer seus próprios desenhos, enfim, ser uma criança irresponsável.As primeiras fases do desenvolvimento emocional estão repletas de conflitos e rupturas potenciais. A relação com a realidade externa não está ainda radicada com firmeza, a personalidade ainda não está plenamente integrada, o amor primitivo tem uma finalidade destrutiva e a criança não aprendeu ainda a tolerar e dominar seus instintos. Ela poderá vir a controlar todas essas coisas e ainda mais, se o seu ambiente circundante for estável e pessoal. É essencial que ela viva em um círculo de amor e de força, com tolerância, se não quisermos que tenha medo de seus próprios pensamentos e de sua imaginação, para realizar progressos em seu desenvolvimento emocional (WINNICOTT,2001).Caso o lar não corresponder ao que a criança precisa, antes dela elaborar a ideia de uma estrutura como parte de sua própria natureza, pode ter consequências maléficas para o seu crescimento. A ideia é que, encontrando-se \u201clivre\u201d, ela trata de obter seu próprio prazer. A partir disso, verifica-se que a estrutura de sua vida foiImagem99 - Briga quebrada, ela deixa de sentir-se livre. Torna-se inquieta, angustiada, e se tiver esperança tratará de procurar uma estrutura fora de casa. A criança cujo lar não conseguiu dar-lhe sentimento de segurança procura fora de casa as quatro paredes que lhe faltaram.Tem a esperança de buscar nos avós, tios, amigos e na escola o que lhe falta. Procura uma estabilidade externa, sem a qual enlouquecerá. Fornecida em tempo adequado, essa estabilidade poderá consolidar-se na criança, gradativamente, passará da dependência e da necessidade de ser dirigida para a independência (WINNICOTT, 2001).Uma criança colhe nas suas relações e na escola aquilo que lhe faltou no verdadeiro lar.A criança antissocial está meramente olhando um pouco mais longe, para a sociedade em lugar de sua própria família ou escola, a fim de lhe fornecer a estabilidade de que precisa, se quiser superar as primeiras e essenciais fases da sua evolução emocional. O comportamento antissocial não passa, por vezes, de um S.O.S para que acriança seja controlada por pessoas fortes, carinhosas e confiantes. O sentimento de segurança não chegou à vida da criança suficientemente cedo para ser incorporado às suas convicções e crenças. O delinquente ofende a sociedade, sem saber o que está fazendo, a fim de restabelecer o controle proveniente de fora (WINNICOTT,2001).A criança antissocial, sem oportunidade para criar um bom \u201cambiente interno\u201d, necessita absolutamente de um controle de fora para ser feliz e estar apta a brincar ou trabalhar. Às vezes, se confunde sobre o significado da agressividade. Por um lado, constitui uma reação à frustração e por outro lado, é uma das muitas fontes de energia de um indivíduo.Usualmente, a mãe deve, nos primeiros anos do desenvolvimento da criança, dar tempo do filho para adquirir toda espécie de processos para enfrentar o choque de reconhecer a existência de um mundo que está situado fora do seu controle mágico. Se for concedido tempo suficiente para os processos de maturação, a criança capacita-se, então, a ser destrutiva, odiar, agredir e gritar, em vez de aniquilar magicamente o mundo. Dessa maneira é possível encarar a agressão concreta como uma realização positiva. Comparados com a destruição mágica, as ideias e o comportamento agressivos adquirem um valor positivo, e o ódio converte-se num sinal de civilização, sempre que tivermos presente todo o processo de evolução emocional do indivíduo, especialmente em suas primeiras fases(WINNICOTT, 2001).6.3.6 A Criança e o BrincarAs crianças têm prazer em todas as experiências de brincadeiras física e emocional e são capazes de encontrar objetos e inventar brincadeiras com muita facilidade. Normalmente as crianças dão escoamento ao ódio e a agressão nas brincadeiras, como se a agressão fosse alguma substância má de que fosse possível uma pessoa livrar-se. O ressentimento recalcado e os resultados de experiências coléricas podem ser encarados pela criança como uma coisa má dentro dela. Porém, é importante afirmar que essa ideia dizendo que a criança aprecia concluir que os impulsos coléricos ou agressivos podem exprimir-se num meio conhecido, sem o retorno do ódio e da violência do meio para a criança.Um bom meio ambiente, sentiria a criança, deveria ser capaz de tolerar os sentimentos agressivos, se esses fossem expressos de uma forma aceitável. Deve-se aceitar a presença da agressividade, na brincadeira da criança, e essa sente-se desonesta se o que está presente tiver de ser escondido ou negado (WINNICOTT, 1985).A brincadeira para a criança fornece uma organização para a iniciação de relações emocionais e assim propicia o desenvolvimento de contatos sociais. Estimular a capacidade de brincar na criança é sempre positivo. Se ela estiver brincando, haverá lugar para uma sintoma ou dois, e se ela gostar de brincar, tanto sozinha como na companhia de outras crianças, não há qualquer problema grave à vista. Se nessas brincadeiras for empregada uma fértil imaginação e se, também, o prazer que houver nelas depender de uma exata percepção da realidade externa, então a mãe poderá sentir-se bastante feliz, mesmo que a criança em questão urine na cama, gagueje, demonstrando explosões de mau humor, ou repetidamente sofra de ataques ou depressão.Suas brincadeiras revelam que essa criança é capaz, dado um ambiente razoavelmente bom e estável, de desenvolver um modo de vida pessoal e, finalmente, converter-se num ser humano integral, desejado como tal e favoravelmente acolhido pelo mundo em geral (WINNICOTT, 1985).
Compartilhar