Apostila de Engenharia de valor e Análise de valor V03

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Engenharia de Valor e Análise de valor VE/VA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Engenharia de valor e 
Análise de valor -
VE/VA 
 
TREINAMENTO BLACK BELT SIX SIGMA 
 Módulo finanças e preparação ao Módulo de 
estatística 
 
 
 
 
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Engenharia de Valor e Análise de valor VE/VA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.endeavororg.br 
 
 
 
1. Introdução 
 
A redução de custos tem sido uma estratégia relevante para uma empresa se manter 
competitiva. Em países como o Brasil, os custos de fabricação aumentam com o passar do 
tempo, sem que qualquer alteração tenha sido aplicada. O repasse desses custos no preço de 
venda não é mais tolerado pelos clientes, principalmente quando existem outros fornecedores 
querendo aumentar sua fatia no mercado. 
Assim, o estudo de redução de custos é o objetivo principal das empresas que atuam 
em segmentos muito competitivos, como por exemplo na cadeia automotiva, agregando valor 
ao seu produto no momento da venda. Quanto maior for o valor que a empresa agrega em 
seus produtos, maior será a importância considerada pelo cliente. 
Com o objetivo de encontrar métodos de redução de custos, estudiosos desenvolveram 
a técnica de VA/VE (Value Added & Value Engineering) – Valor Agregado e Engenharia de 
Valor . 
Vários autores definem essa técnica como sendo um sistema para solucionar 
problemas. A SOCIETY OF AMERICAN VALUE ENGINEERS, 1990, define como: 
O emprego sistemático de técnicas comprovadas para a avaliação das funções de um 
produto ou tarefa, com o objetivo de encontrar novos caminhos que preencham as funções 
necessárias de maneira econômica, preservadas todas as condições de segurança. 
Onde aplicar: 
DMAIC 
 
 
 
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Engenharia de Valor e Análise de valor VE/VA 
A metodologia de Análise de Valor considerando o Valor Agregado (VA) e a Engenharia 
de Valor (VE) tem como abordagem a verificação das funções de cada componente de um 
produto. 
Considerando o conceito de análise de valor como sendo uma relação do quanto a função 
agrega ao produto, devemos inicialmente entender: 
1- Essa função está relacionada com requisitos de segurança? – A perda da função, total ou 
parcial, pode levar a um acidente com danos a pessoas. 
2- Essa função está relacionada com requisitos legais? – A perda da função, total ou parcial, pode 
levar ao descumprimento de uma legislação. 
3- Essa função está relacionada com requisitos estatutários? – A perda da função, total ou 
parcial, pode levar ao descumprimento de uma regra ou valor da organização. 
 
Sempre que algumas das indagações acima for considerada como positiva, ou seja, a 
resposta for “SIM”, devemos ter atenção redobrada ao analisarmos uma forma de agir no 
sentido de alterar o desempenho dessa função. A eliminação pura e simples dessa função 
torna-se proibitiva, pois traz consequências importantes e pode afetar a organização. 
Devemos ter sempre presente o senso de responsabilidade ao executarmos um projeto de 
VA/VE. 
O conceito de valor é muito amplo, pois podemos considerá-lo em diferentes perspectivas, 
tais como: valor Econômico, Político, Social, Estético, Ético, Religioso e Jurídico. 
 
Na metodologia da Análise do Valor vamos focalizar principalmente o aspecto do Valor 
Econômico. Desta forma a metodologia trata valor como: 
 
 
Valor sob aspecto econômico é a menor quantidade investida na produção ou aquisição 
de um produto ou serviço que satisfaça os requerimentos dos clientes. 
Assim, para o fabricante, o valor de um produto aumenta na proporção da redução do 
custo com o qual ele é desenvolvido. 
Para o cliente, valor será a combinação de vários fatores, dentre eles: Qualidade do 
produto, sistema ou serviço oferecido, prazo de entrega, quantidade disponível, funções a 
desempenhar, preço e outros. 
 
Numa organização direcionada ao cliente, a qual busca sua satisfação e fidelização, é 
importante considerarmos custo sobre a perspectiva de quanto valor está sendo agregado a 
esse cliente. 
 
 
 
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Engenharia de Valor e Análise de valor VE/VA 
Em outras palavras, devemos considerar se o cliente está disposto a pagar por aquela 
função do produto. 
Porque o cliente estaria disposto a pagar mais por um produto que é, aparentemente, 
igual a outros? 
O cliente pode valorizar certos detalhes e estar disposto a pagar mais por eles, mas é 
preciso que ele perceba diferenças que indiquem agregação de valor. Portanto, não adianta 
investir em aspectos que não sejam valorizados ou visíveis ao cliente. 
Detalhes técnicos muitas vezes são imperceptíveis pelos clientes e não irão valorizá-los. 
Investimentos que agreguem em aspectos técnicos que não são percebidos pelos clientes, 
provavelmente não servirão para diferenciar o produto ou serviço. 
Considerando a abordagem de custo acima, o projeto de VA/VE fica norteado a manter 
as funções que agregam valor aos clientes, com o mínimo de custo para realizá-la. 
Para as demais funções que não implicam na resposta positiva das indagações vistas 
acima e que o cliente não percebe valor, podemos trabalhar em eliminá-las, caso não exista 
implicação com a qualidade do produto. 
 
2. Abordagem do projeto VA/VE 
 
O projeto de VA/VE consiste na busca de soluções que modifiquem o padrão atual do 
produto sem perda das funções relevantes e sem redução da qualidade. 
A Análise do Valor é utilizada pelas empresas para obter melhorias, redução e otimização 
de custos em produtos e processos produtivos e administrativos. Também é utilizada no 
gerenciamento de investimentos e empreendimentos de pequeno e grande porte e nos 
contratos de serviço. 
O enfoque é dado na análise de funções das peças, sistemas ou etapas de serviços, 
buscando, com criatividade, alternativas que mantenham as funções principais e fundamentais, 
com menor custo de processamento. 
Os resultados alcançados podem ser: 
 Melhor relação entre Função e Custo 
 Aumento do valor agregado 
 Aumento da produtividade 
 Simplificação de produtos e processos 
 Redução de Custos 
 Otimização da engenharia simultânea 
 Satisfação do Cliene 
 Adequação ao uso 
 
 
 
 
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 
Devemos considerar que os produtos, processos e serviços englobam dois níveis de 
função: 
Função Principal ou Básica 
É a principal finalidade do produto ou serviço. 
“É o propósito do produto ou serviço” 
 
Função Secundária 
Toda função que auxilia o desempenho da função principal, ou é resultante de um conceito 
específico de projeto, ou é uma função que melhora a venda do produto ou serviço. 
 
A figura 1 mostra as etapas que devemos trilhar para alcançarmos os resultados 
esperados. 
 
 
Fig. 1 . Etapas do projeto de VA/VE 
Fonte: o autor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A abordagem da técnica considera: 
 Identificar as funções de um produto; 
 Fixar um valor para estas funções; 
 Prover funções ao menor custo possível; 
 Garantir qualidade igual ou melhor ao produto que já é oferecido ao cliente. 
 
 
A técnica inicia com o Mapeamento do Processo (VSM – Value Steam Mapping) com o qual 
as etapas ou atividades que não agregam valor são identificadas. 
Para o mapeamento do processo devemos entender como agregação de valor, a toda etapa 
ou atividade que esteja participando da transformação do produto ou na execução do serviço 
contratado. 
No sentido inverso, percebemos que os processos, via de regra, possuem atividades que 
não agregam valor, mas que foram criadas ou desenvolvidas para suportar o processoprincipal. Essas atividades devem ser eliminadas ou reduzidas. 
A abordagem conhecida como “Lean” (palavra inglesa que significa “enxuta” - sem 
desperdícios) desenvolvida pela Toyota com a criação do Sistema Toyota de Produção, 
classifica sete tipos de desperdícios regularmente encontrado nos processos de fabricação. 
Podemos usar essa abordagem para identificar potenciais atividades ou etapas que não 
agregam valor em um processo e, portanto, serão alvo de nossos estudos de eliminação ou 
redução. 
O processo de produção ou realização de serviço pode ser considerado em quatro etapas: 
processamento, inspeção, transporte e espera. Desses, somente o processamento agrega 
valor, os outros são considerados como perda. 
 
No nível do produto, agregação de valor está associada a funções que melhoram a 
percepção do cliente, ou que são fundamentais para o funcionamento do produto, sistema ou 
serviço. Também estão dentro do conceito de fundamentais, àquelas funções que cumprem 
requisitos legais ou institucionais. 
O desenvolvimento e aplicação da metodologia da Análise do Valor está dividido em 7 
etapas. Essas etapas implicam no emprego de técnicas apropriadas para cada caso, conforme 
objetivo estabelecido. 
 
 Coleta de Informações 
 Analise de funções 
 Geração de ideias 
 Avaliação do impacto 
 Proposta de solução 
 Apresentação 
 Implementação 
 
 
 
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É de fundamental importância que a etapa de coleta das informações seja bem elaborada e 
com um plano de coleta robusto, pois a falta de informação ou erro na informação nesta etapa 
poderá comprometer todo o projeto. 
 
As 7 etapas devem ocorrer em sequência, sem que haja superposição de tarefas. 
 
 Etapa de Coleta de Informações: Uma vez definido o produto, processo ou serviço a ser 
estudado, devemos identificar os dados e informações que necessitamos para entender as 
funções exercidas por eles. 
 
 Etapa de Análise das Funções: Todas as funções identificadas deverão passar por uma análise 
de custos, estabelecendo a relação custo/benefício. 
Nessa etapa devemos considerar a necessidade daquela função existir levando-se em 
consideração os aspectos técnicos, legais, de segurança, regulatórios etc. 
 
 Etapa de Geração de Ideias: Conhecidas as funções, as relações de custo/benefício e as 
questões de obrigatoriedade, pode-se trabalhar no processo de melhoria, que consiste em 
buscar alternativas para eliminação das funções desnecessárias ou a maneira mais simples e 
menos custosa de satisfazer a função requerida. 
Nesta etapa deve-se organizar reuniões com equipes multidisciplinares para estudar a 
viabilidade de execução do plano. 
 
 Avaliação do impacto: Deverão ser considerados os impactos nos resultados da aplicação das 
ideias em termos de redução de custos, bem como do impacto nos requisitos das partes 
interessadas no tocante à qualidade, meio ambiente, segurança e responsabilidade social, 
incluindo aspectos de sustentabilidade. 
 
 Proposta de Solução: São avaliadas alternativas para que se possa encontrar aquelas que 
trazem mais resultados para a empresa. Deve-se considerar como critério, além do custo, o 
tempo e os recursos necessários para implantação. 
O Plano de Execução deve considerar um cronograma com responsáveis e prazos para 
finalização de cada ação. Este plano deve considerar consulta aos fornecedores, quando 
pertinente. 
 
 Apresentação: As situações, atual e proposta, devem ser apresentadas em conjunto com os 
benefícios em custo e potenciais riscos da mudança. Toda a alta direção e a equipe que 
participará da implementação deverão participar. A apresentação tem a função de ganhar a 
aprovação final e o comprometimento com a implementação das mudanças. 
 
 Implementação: O Plano de execução elaborado na etapa de solução deve ser revisado. O 
cronograma de execução deve conter o indicador de acompanhamento “status” das ações. 
As equipes envolvidas devem ficar responsáveis pela atualização do cronograma e 
comprovação dos custos. Um trabalho muito estreito com fornecedores é normalmente 
requerido. 
 
 
 
 
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3. Roteiro prático de um projeto VA/VE 
 
Para execução de um projeto de análise de valor VA/VE, sugerimos o uso do método 
DMAIC, desenvolvido para suportar a metodologia seis sigma. 
Esse método estrutura o projeto em cinco fases, a saber; 
 
 
3.1 Definir 
 
Fase de definição do escopo do projeto, seus impactos no resultado da empresa, 
cronograma de execução e definição do time de coordenação do projeto. 
Inicia-se com a consulta às equipes de Vendas e Marketing para entender as funções que não 
agregam valor para o cliente. 
Outra consulta relevante é com o responsável financeiro para entender a pasta de 
margem dos produtos comercializados. Essa informação poderá orientar o projeto com 
objetivo de aumentar a lucratividade de algum produto específico. 
 
Objetivos da fase Definir: 
 
1- Obter informações dos clientes e do mercado; 
2- Escolher o produto ou processo que seja relevante; 
3- Estabelecer a prioridade dos projetos potenciais. Indica-se o uso da matriz de GUT, a qual 
considera a Gravidade ou relevância do problema de custo; Urgência em função da situação de 
margem financeira e Tendência desse problema se agravar, trazendo mais perdas para 
empresa; 
4- Formar a equipe de coordenação do projeto; 
5- Elaborar o cronograma básico de execução; 
 
 
 
 
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3.2 Medir 
 
Nesta fase se busca conhecer as funções de cada componente de um produto ou cada 
atividade de um processo ou serviço. 
Inicia-se com uma desmontagem dos produtos (tear down) para posterior discussão das 
suas funções. Cada componente do produto é analisado sob o aspecto de sua função para 
identificação daquelas que agregam valor. 
Recomenda-se também o uso da técnica de comparação (benchmark) com outros 
produtos similares ou idênticos de outras procedências (concorrentes) para que se possa 
aproveitar ideias já implementadas. 
 
 
Objetivos da fase Medir: 
 
1- Comparar produtos; 
2- Discutir soluções usadas por outros; 
3- Descobrir vantagens e desvantagens de soluções já usadas por outros; 
4- Entender o custo do produto ou serviço; 
5- Estimular a criatividade para geração de ideias para etapa de proposta de solução. 
 
Evento Gravidade Urgência Tendência Prioridade GRAVIDADE
0 1 = SEM GRAVIDADE
0 2 = POUCO GRAVE
0 3 = GRAVE
0 4 = MUITO GRAVE
0 5 = EXTREMAMENTE GRAVE
0
0
0 URGÊNCIA
0 1 = NÃO TEM PRESSA
0 2 = PODE ESPERAR UM POUCO
0 3 = O MAIS CEDO POSSÍVEL
0 4 = COM ALGUMA URGÊNCIA
0 5 = AÇÃO IMEDIATA
0
0
0 TENDÊNCIA
0 1 = NÃO VAI PIORAR 
0 2 = VAI PIORAR EM LONGO PRAZO
0 3 = VAI PIORAR EM MÉDIO PRAZO
0 4 = VAI PIORAR EM POUCO TEMPO
0 5 = VAI PIORAR RAPIDAMENTE
0
MATRIZ GUT
 
 
 
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Fig. 2 - Imagem de uma máquina fotográfica desmontada (tear down) 
Fonte: https://blog.bytequeeugosto.com.br/wp-content/uploads/2011/02/Old_Camera.jpg 
 
3.3 Analisar 
 
Com os dados e informações obtidos na fase medir, executa-se a análise da situação 
corrente versus a situação futura. 
Essa análise consiste na elaboração do Relatório de Análise, o qual inclui a abordagem do risco 
da mudança. 
Recomenda-se o uso da ferramenta de FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) que 
você já viu no Green Belt. Essa ferramenta considera a função de uma peça ou serviço e busca 
prever os modos de falhas e seus efeitos. 
 
Objetivos da fase Analisar: 
 
1- Listar a quantidade de componentes por montagem do produto ou atividades dos processos e 
serviços; 
2- Apresentar as diferenças entre métodos de montagem ou padrões de processos ou serviços;3- Identificar as funções e relacionar ao custo; 
4- Analisar hierarquia funcional; 
5- Identificar os riscos com segurança ou regulamentações; 
6- Apresentar métodos de montagem ou padrões de processos ou serviços; 
7- Apresentar a proposta de configuração futura, ou melhoria. 
 
 
 
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3.4 Implementar 
 
Planejar a implementação consiste em elaborar um Plano de Ações descrevendo as 
alterações no produto ou processo e respectivas etapas de implementação na perspectiva do 
tempo (cronograma) e dos responsáveis. 
 
Objetivos da fase Implementar: 
 
1- Elaborar plano de execução detalhado; 
2- Definir responsáveis pelas ações; 
3- Definir prazo para implementação de cada ação; 
4- Treinar as pessoas envolvidas na implementação; 
5- Observar dificuldades e relatar; 
6- Validar as alterações implementadas. 
 
 
 
3.5 Controlar 
 
Essa etapa consiste em definirmos mecanismos para garantir que as ações 
implementadas sejam incorporadas aos processos e especificações. 
Recomenda-se a elaboração de indicadores que servirão de controle para demonstrar o 
acompanhamento do efeito das ações implementadas. 
 
 
Objetivos da fase Implementar: 
 
1- Definir indicadores (eficácia e eficiência); 
2- Elaborar relatório de acompanhamento; 
3- Definir rotina de acompanhamento; 
4- Definir cronograma de análise crítica; 
5- Realimentar as áreas envolvidas com os resultados alcançados; 
6- Identificar melhorias; 
7- Recomendar ações.