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Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX - Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia - Diagnóstico da IC é um diagnóstico sindrômico A síndrome da IC deve ser tratada, entretanto, deve-se investigar a etiologia da IC. Se não tratar etiologia da IC, eu não estou tratando o paciente de maneira adequada. - É possível avaliar o prognóstico do paciente avaliando alguns critérios CARACTERÍSTICAS o Alterações estruturais ou funcionais cardíacas o Sinais e sintomas típicos o Fisiopatologia: redução do débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de enchimento no repouso ou no esforço. Insuficiência cardíaca crônica reflete a natureza progressiva e persistente da doença. Doença cardíaca crônica não transmissível; Insuficiência cardíaca aguda fica reservado para alterações rápidas ou graduais de sinais e sintomas resultando em necessidade de terapia urgente. - A paciente do caso necessita de terapias rápidas e imediatas para contornar a situação clínica da dela, pois, senão, o quadro poderia complicar e a paciente vir a óbito. Diferentemente de um paciente com IC crônica, que pode-se instituir terapias de maneira gradativa e a pesquisa de maneira gradativa para afinar o diagnóstico, procurar a etiologia e basear no tratamento. Embora a maioria das doenças que levam à IC caracterizam-se pela presença de baixo débito cardíaco (muitas vezes compensado) no repouso e no esforço – IC de baixo débito. - A maioria das IC, há débito cardíaco diminuído. Algumas situações clínicas de alto débito também podem levar a IC, como tireotoxicose (crise de hipertireoidismo aguda importante), anemias, fistulas arteriovenosas e beribéri – IC de alto débito. - São situações clínicas muito frequentes que o paciente tem um alto débito cardíaco mas também vai ter um quadro de IC. Causada por anormalidade na função sistólica, produzindo redução do volume sistólico – IC sistólica. Ex: paciente com IAM que perde uma parede do coração onde reduz a fração de ejeção, ocasionando uma alteração sistólica importante Anormalidade na função diastólica levando a defeito no enchimento ventricular – IC diastólica. - Situação clínica que não se dava tanta importância antigamente, mas que hoje já se sabe que também há pacientes com alterações do enchimento ventricular. Na alteração diastólica, a cavidade não se abre por completo, tendo alterações diastólicas que levam à IC. As vezes o paciente tem função sistólica preservada + função diastólica alterada. As disfunções sistólica e diastólica PODEM coexistir. Ex: paciente que hipertenso, que está naquela fase de hipertrofia ventricular esquerda, que já está evoluindo com perda de fração. Ou seja, ele tem uma disfunção diastólica e também começa apresentar função sistólica. Assim, convencionou-se definir os pacientes com IC de acordo com a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX - A fração de ejeção é vista pelo ecocardiograma, que é um exame muito utilizado para o diagnóstico de IC. Lembrando que, o diagnóstico de IC é CLÍNICO. Classificação da IC pela fração de ejeção IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr) - fração de ejeção ventricular esquerda menor que 40% IC com fração de ejeção intermediária (ICFEi) - fração de ejeção ventricular esquerda entre 40% e 49% IC com fração de ejeção preservada (ICFEp) - fração de ejeção ventricular esquerda maior que 50% - nesse caso, o paciente pode apresentar um ecocardiograma normal e ainda apresentar o quadro de IC Classificação de acordo com a gravidade dos sintomas - Paciente com fração de ejeção reduzida mas está em classe funcional 1 – isso quer dizer que o paciente tem uma fração de ejeção menor que 40% e não apresenta sintomas (e a dispneia é um desses sintomas). - Paciente em classe funcional 2: sintomas leves durante a atividade física. Ex: pacientes que quando andam reclamam de cansaço. - Pacientes em classe funcional 3: Pacientes com sintomas desencadeados em atividades físicas menos intensas, do cotidiano e aos pequenos esforços. Ex: escovar os dentes, pentear o cabelo. - Paciente em classe funcional 4: paciente crítico e possuem sintomas aos mínimos esforços. Ex: levantar da cama, cansaço mesmo estando deitado na cama. Classificação de acordo com a progressão da doença Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX - Estágio A: Pacientes com risco de desenvolver a IC, sem alterações estruturais ou sintomas. Ex: hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, etilismo, obesidade, idoso, hipotireoidismo, hipertireoidismo, etc. Quanto maiores os fatores de risco associados, maior é a chance do paciente evoluir com IC. - Estágio B: Pacientes que possuem doença estrutural presente sem sintomas. Nesse estágio, já começa a se considerar a introdução de algumas medicações. É um paciente que já tem uma alteração valvar ou cardiomiopatia hipertrófica, etc. - Estágio C: Pacientes que possuem doença estrutural cardíaca presente + sintomas. - Estágio D: IC refratária ao tratamento. É um paciente que já tem um diagnóstico, já procurei a etiologia, já iniciei o tratamento mas ele não responde o tratamento. EPIDEMIOLOGIA Mais de 23 milhões de pessoas no mundo - Como a IC é uma doença crônica, evolutiva e tem uma correlação muito grande com o envelhecimento, é uma situação clínica que vamos encontrar muito no nosso dia a dia. Sobrevida após 5 anos de diagnóstico pode ser de apenas 35% - A sobrevida de 5 anos é após um diagnóstico correto com instituição da terapia correta. Se isso não acontecer, a sobrevida cai mais ainda. Prevalência que aumenta conforme a idade (faixa etária) Mortalidade tardia (1 ano) de acordo com a classificação por fração de ejeção, atingindo maior taxa para portadores de ICFEi (8,8%), seguida de ICFEi (7,6%) e da ICFEp (6,3%) - Também tem correlação com as situações clínicas correlacionadas. Ex: se o paciente está evoluindo com insuficiência renal, se tem diabetes, se tem arritmias, se tem fibrilação atrial a mortalidade aumenta um pouco mais. o O perfil clínico da IC crônica envolve indivíduos idosos, portadores de etiologias diversas, sendo isquêmica a mais prevalente, com alta frequência de comorbidades associadas. A doença cardíaca isquêmica é uma das principais causas da mortalidade – infarto e AVC. Então, se um paciente com diagnóstico de IC é idoso, hipertenso, diabético tem-se que pensar em Doença Arterial Coronariana (DAC). o A principal causa de re-hospitalização é a má aderência a terapêutica básica para IC. Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX - Por isso é importante explicar a doença para o paciente, explicar a importância de tomar as medicações. Às vezes, os pacientes chegam submedicados (com doses baixas de remédio) e acreditam que estejam tratando IC e não estão, e isso pode complicar o paciente. o Elevada taxa de mortalidade intra-hospitalares o Controle inadequado dos fatores de risco associados (hipertensão arterial e diabetes), e a persistência de doenças negligenciadas está em causas frequentes de IC. - Não se deve tratar apenas a IC, deve-se tratar também os fatores de risco associados, as etiologias. Se o paciente bebe, tem que parar de beber. Se o paciente fuma, ele tem que parar de fumar. o Doenças reumáticas - existem casos de IC correlacionadas com doenças reumáticas. o A doença de Chagas (DC). Esteve relacionada ao atendimento ambulatorial de até 21% de portadores de IC. - A doença de Chagas ainda é uma doença muito prevalente no Brasil, na nossa região tem uma prevalência grande. 21% dos paciente com IC é decorrente da doença de Chagas. Diagnóstico de Insuficiência Cardíaca - Sinal mais específico: dispneia / falta de ar - Sinal muito patognomônico: dispneia paroxística noturna - Às vezes, o ganho de peso não é de gordura, é de líquido - Dor abdominal pode ser hepatomegalia ou ascite. - Ossinais maiores são os sintomas típicos e os sinais menores são os sintomas menos típicos. Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX Existem alguns critérios para o diagnóstico de IC. São critérios CLÍNICOS. Critérios de Framinghan: 2 critérios maiores simultâneos ou 1 critério maior + dois menores. O aumento da PVC é observado pela estase jugular. Refluxo hepatojugular: paciente em 45º - palpação do fígado – aumento da jugular. A perda de peso maior ou igual a 4,5kg em 5 dias em resposta ao tratamento não é de gordura, e sim de líquidos. Derrame pleural principalmente à direita. Critérios de Boston: somatória de pontos. A parte clínica tem uma correlação grande com dispneia. Também é avaliado alterações no exame físico e o Rx de tórax (exame tranquilo, fácil e rápido) também é usado como critério. Mais de 8 pontos, é diagnóstico fechado de IC. De 5 a 7 pontos é um possível diagnóstico de IC. Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX Organograma que pode ser usado no diagnóstico. - Anamnese (história clínica) é fundamenta. - A etapa de anamnese + exame físico + rx de tórax + ECG são de fácil acesso, não precisam estar em grandes centros. Caso houver suspeita de IC, ai passa para os exames complementares (geralmente feitos por especialistas). OBS: tanto o Rx de tórax quanto o eletrocardiograma podem vir normais. No rx de tórax, devem ser observados os campos pulmonares, sinais de congestão pulmonar e aumento de trama, aumento da área cardíaca. O aumento da área cardíaca pode ser por aumento do ventrículo esquerdo, pelo aumento do ventrículo direito. O eletrocardiograma pode vir com arritmia crônica, mais frequente a fibrilação atrial, ou encontra-se sobrecarga de átrio e de ventrículo, alterações de repolarização ou área inativas (isquemia cardíaca – necrose). Avaliação Etiológica A etiologia de IC difere de acordo com as diferentes regiões ao redor do mundo. Buscar a causa para o desenvolvimento da IC tem particular importância, uma vez que o prognóstico também difere entre elas, podendo orientar tratamento específico. - Deve-se investigar a etiologia e trata-la. Se for isquêmico, deve-se revascularizar. Se for hipertensivo, deve-se tratar a hipertensão. Se for valvar, deve-se tratar a válvula, etc. Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX Avaliação prognóstica Pacientes com diagnóstico de IC carregam pior prognóstico em relação à população geral. - Com as drogas existentes hoje na utilização de tratamento de IC, se utilizadas de maneira correta e na dosagem correta, melhora a qualidade de vida e aumenta o prognóstico. Não parece haver grande diferença em relação à mortalidade global quando estratificados por fração de ejeção preservada, intermediária ou reduzida. - Se tratadas de maneira correta as 3 formas, os prognósticos são muito semelhantes. A classificação da IC em estágios (A, B, C, D) estabelece um contínuo de gravidade. Estimativa de classe funcional, incluindo dados da história, etiologia, exame físico, exames complementares, avaliação hemodinâmica e tolerância às medicações com impacto em mortalidade. Exames complementares Avaliação laboratorial - Diversos exames laboratoriais complementares Investigar anemias, tireoide, função renal, função hepática, sorologia para doença de chagas - Avaliar a presença e a gravidade de lesão e de outros órgãos-alvo Ex: renal e fígado Síndrome Cardio-Hepato-Renal: paciente tem insuficiência cardíaca, que evolui para insuficiência renal e depois para insuficiência hepática. Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX - Detectar comorbidades Glicemia (para investigar diabetes), colesterol (investigar dislipidemias) - Verificar fatores agravantes do quadro clínico Ex: Houve piora no quadro do paciente e precisa ser investigado o motivo da piora (causas de agudização - infecção urinária, pneumonia) Métodos não invasivos - Eletrocardiograma em repouso - Radiografia de tórax - Ecocardiograma (transtorácico): muito importante para se definir a fração de ejeção, avaliação de aparelhos valvares, pressões de enchimento (hipertensão pulmonar) e tamanho dos átrios e dos ventrículos. - Ecocardiograma transesofágico - Ressonância Magnética cardíaca: exame muito utilizado, entretanto é um exame caro e que não está disponível no SUS. - SPECT (Cintilografia) de perfusão miocárdica - Teste de esforço cardiopulmonar Fisiopatologia x Tratamento Recorte muito curto da fisiopatologia. As drogas utilizadas e seus mecanismos de ação estão interligadas com alguns pontos da fisiopatologia – inibição de alguns eixos da fisiopatologia. Na realidade, o próprio organismo tenta compensar, mas a longo prazo, a compensação descompensa. A insuficiência cardíaca é uma doença inflamatória, assim como a obesidade, diabetes e hipertensão não controlada. Então há o eixo das citocinas inflamatórias, com aumento do NO levando à vasodilatação. Também há alterações sistólicas e diastólicas. Na sistólica há diminuição do débito cardíaco, diminuição da perfusão sistêmica. A diminuição da perfusão sistêmica desencadeia uma alteração neuro-humoral, vasoconstrição e restrição hídrica como mecanismo compensatório, agindo no SRAA. Pra compensar o baixo débito cardíaco, aumenta-se a frequência cardíaca (se há quadro isquêmico, isso é muito prejudicial – Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX paciente pode evoluir com arritmia cardíaca, progressão da disfunção miocárdica, morte miocárdica, substituição do músculo por fibrose). Os inibidores de ECA eram a base do tratamento, e agiam no SRAA. Estão sendo substituídos pelo SACUBRIDRIL VALSARTANA. Provavelmente os iECAS não farão mais parte do tratamento, mas são muito importantes. Hoje, os iECAS ainda são muito utilizados pois o sacubridril valsartana é muito caro (em torno de R$350,00 a cada 28 dias). Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX Na ação do sistema neuro-humoral, utiliza-se os BETA-BLOQUEADORES. Tratamento não medicamentoso - Programa multidisciplinares de cuidados: é o ideal. A reabilitação cardiopulmonar ajuda muito os pacientes, independente da fração de ejeção, por isso é importante ter educador físico, fisioterapeuta, nutricionista, farmacêutico, psicólogo para dar apoio ao tratamento. - Restrição de sódio - Restrição hídrica: apenas para alguns pacientes. - Dieta e perda de peso: a obesidade é uma doença inflamatória que traz vários problemas ao paciente. - Tabagismo e drogas ilícitas - Uso de bebidas alcoólicas - Vacinação em dia - Reabilitação cardiovascular - Atividade laborativa: voltar para o trabalho ajuda o paciente tanto na questão socioeconômica (pois o tratamento é caro) quanto na questão psicológica. - Planejamento Familiar Tratamento farmacológico definido pela fração de ejeção - Fração de ejeção reduzida: “Quarteto mágico” – sacubitril valsartana + empagliflozina ou dapagliflozina + beta bloqueadores + espirolactona. Essas medicações melhoram o prognóstico do paciente. A furosemida e os digitálicos trata sintomas, mas não melhora o prognóstico. Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX Administrar sempre a maior dose possível tolerada para tratamento de IC. É na dose alvo que se tem o benefício de aumentar a sobrevida do paciente, mesmo que ele esteja bem com doses menores. Em casos em que a utilização do “quarteto mágico” esteja impossibilitada, não podendo usar o sacubitril valsartana e a empagliflozina ou dapagliflozina, utiliza- se iECA ou BRA + betabloqueador + espirolactona. - Fração de ejeção preservada: Beta bloqueador, empagliflozina e dapagliflozina tem ação muito significativa, mais ainda estão em estudo. Digitálicos: deve-se observar a creatinina (função renal), pois a dose tóxica e a dose terapêutica são próximas. Os digitálicos que temos no mercadoé de eliminação renal. Se o paciente evoluir com disfunção renal, deve-se ajustar a dose pois pode aumentar a mortalidade. Não melhora sobrevida, só diminui sintomas e internações. Espirolactona: monitorar potássio, pois é droga poupadora de potássio. Clínica Médica Larissa Stephanie Ferreira TXXX