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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL DO PACIENTE COM Como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Índice Introdução Diagnóstico Tratamento modificador da doença Monitorização e prognóstico Comorbidades Zona de transição: descompensações em nível ambulatorial e transição de cuidados após alta Considerações finais A artmed Referências 2 5 13 21 25 29 35 37 39 Introdução 2 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, causada por alterações estruturais ou funcionais que interferem nas funções de enchimento e/ou ejeção de sangue dos ventrículos (1). Trata-se de uma condição comum; no Brasil, estima-se que cerca de 3 milhões de indivíduos sejam acometidos e os custos diretos e indiretos com a doença excederam a marca de 22 bilhões de reais no ano de 2015 (2). Consequentemente, todos os médicos vão atender, direta ou indiretamente, pacientes com essa condição. Apesar das internações serem frequentes (1 a cada 3 pacientes internam ao longo de 1 ano) (1,3), a maioria dos indivíduos com IC recebem atendimento em nível ambulatorial (Figura 1). IC, insuficiência cardíaca; TMD, tratamento modificador de doença. Figura 1. Os diferentes cenários de atendimento na jornada do paciente com insuficiência cardíaca. Adaptado de (4). 3 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada O grande impacto na qualidade de vida e na capacidade funcional é uma das principais características desta síndrome multissistêmica. O efeito populacional é muito relevante: tomando o ano de 2015 como referência, em torno de 270 mil anos de vida com qualidade foram perdidos por IC no Brasil (2). Além das consequências da própria insuficiência cardíaca, a prevalência de comorbidades é elevada e impacta negativamente no curso da doença; comorbidades cardíacas comuns são cardiopatia isquêmica, arritmias atriais e valvulopatias e não-cardíacas são diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica e doença renal crônica (5,6). Com o aumento da expectativa de vida e o incremento de tratamento modificador da doença (TMD), é esperado que as comorbidades sejam cada vez mais frequentes, e que o cuidado com os pacientes seja mais desafiador devido à interação entre as morbidades e a polifarmácia. Por isso, o acompanhamento longitudinal e a integração entre especialistas e generalistas que estão assistindo o paciente são fundamentais. O atendimento de pacientes em nível ambulatorial com IC é muito importante para (a) implementar e manter cuidados que melhoram a qualidade e quantidade de vida, (b) evitar novas descompensações e (re)internações e (c) diminuir os custos e impacto populacional da doença. Reconhecer sinais e sintomas para diagnóstico precoce, avaliar possíveis etiologias (especialmente reversíveis) e iniciar TMD e sintomático são habilidades fundamentais ao clínico cuidando desses pacientes. Atualizar-se em um assunto com frequentes novidades e saber trabalhar em equipe (usualmente generalistas e cardiologistas precisam interagir com frequência) são desafios adicionais. Este e-book instrumenta o clínico para atingir esses objetivos. Boa leitura! 4 Diagnóstico 5 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada A IC é uma síndrome que envolve a presença de sintomas (Tabela 1) (principalmente fadiga, dispneia, edema periférico) causados por anormalidades funcionais ou estruturais do coração que levam a comprometimento do débito cardíaco ou a pressões intracardíacas aumentadas em repouso ou esforço (6). Não há um único teste capaz de diagnosticar a doença, ou seja, o seu diagnóstico é clínico, dependendo muito da entrevista e exame físico (7). A combinação de sintomas ou sinais compatíveis com a doença (Tabela 1) e a evidência objetiva de disfunção cardíaca são necessárias para o diagnóstico (6). Tabela 1. Sintomas e sinais de IC. Adaptado de (6). Sintomas Dispneia Ortopneia Dispneia paroxística noturna Tolerância reduzida aos esforços/exercícios Fadiga, cansaço, dificuldade para se recuperar de esforços Edema de tornozelo Tosse noturna Sibilância Estufamento Inapetência Confusão (idosos) Depressão Palpitações Tontura Síncope Dispneia ao se inclinar para frente (bendopneia) Turgência venosa jugular Refluxo hepatojugular Terceira bulha cardíaca Impulso apical deslocado lateralmente Ganho de > 2 kg por semana Perda ponderal e caquexia Sopro cardíaco Edema periférico (tornozelos, sacro, escroto) Crepitantes finos pulmonares Derrame pleural Taquicardia e/ou pulso irregular Taquipneia e/ou respiração de Cheyne-Stokes Hepatomegalia Ascite Má perfusão periférica Oligúria Pressão de pulso reduzida Típicos Menos típicos Mais específicos Menos específicos Sinais 6 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada O mais comum é documentar a disfunção miocárdica com biomarcadores ou ecocardiograma. Entretanto, ressonância magnética nuclear, cintilografia e radiografia de tórax também podem indicar tal alteração. Apesar de ser pouco específico, eletrocardiograma pode mostrar ondas Q, fibrilação atrial, hipertrofia de ventrículo esquerdo; é improvável o diagnóstico de IC em um paciente com eletrocardiograma normal (6). Deve-se ressaltar que, na ausência de sintomas, alterações ecocardiográficas ou de peptídeo natriurético cerebral (BNP, do inglês brain natriuretic peptide) não são suficientes para o diagnóstico de IC (6). Outros exames como avaliação de função renal, hepática e tireoidiana, hemograma, glicemia e HbA1c são úteis para diagnóstico diferencial e identificação de comorbidades. Existem diferentes estratégias para diagnóstico de IC. Uma delas é a proposta pela Associação Europeia de Cardiologia, apresentada na Figura 2 (6). Ela tem como vantagem ser simples e utilizar testes disponí- veis na maioria dos cenários, mas não foi formalmen- te testada. Alternativamente, pode-se utilizar os crité- rios de Framingham modificados para o diagnóstico de IC (Tabela 2); a vantagem deles é sua simplicida- de e terem sido validados, porém alta especificidade é contrastada com baixa sensibilidade (7). 7 https://secad.artmed.com.br/blog/medicina/dosagem-do-peptideo-natriuretico-cerebral Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada ICFEp, insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada. Figura 2. Abordagem diagnóstica no paciente com suspeita de IC. Adaptado de (6). 8 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Tabela 2. Critérios de Framingham modificados para o diagnóstico de IC. Adaptado de (7). Maiores Menores Diagnóstico Dispneia paroxística noturna Ortopneia Turgência jugular Crepitantes pulmonares finos Presença de terceira bulha cardíaca Radiografia de tórax com cardiomegalia Radiografia de tórax com edema pulmonar Perda > 4,5 kg após tratamento de insuficiência cardíaca Edema nas pernas bilateral Tosse noturna Dispneia a esforços usuais Hepatomegalia Derrame pleural Frequência cardíaca > 120 batimentos por minuto Perda ponderal > que 4,5 kg em 5 dias O diagnóstico de insuficiência cardíaca necessita de 2 critérios maiores ou 1 critério menor e 2 critérios menores que não podem ser atribuídos a outra condição de saúde. 9 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Ainda na abordagem diagnóstica, é importante diferenciar o espectro de IC conforme a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FE) (Figura 3). Em pacientes com FE > 40%, é necessário docu- mentar (de forma invasiva ou não invasiva) a presença depressões de enchimento intracardíacas elevadas (8). O diagnóstico de pacientes com IC de FE preservada (ICFEp) é um desafio adicional. Escores de predição podem auxiliar para este fim (H2FPEF e HFA-PEFF têm sido mais recomen- dados): se o paciente for classificado como de alta probabilidade, recebe o diagnóstico de IC; pa- cientes de probabilidade intermediária podem necessitar de investigação invasiva (6,9). Uma abor- dagem alternativa simplificada é considerar como ICFEp pacientes com os três fatores abaixo (6): Sinais de cardiopatia estrutural ou funcional – incluindo elevação de peptídeos natriuréticos. Entram nesta categoria pacientes com massa do ventrículo esquerdo aumentada, aumento do diâmetro atrial, relação E/e’ aumentada e pressão sistólica na artéria pulmonar elevada. FE preservada (>50%) Sintomas compatíveis (Tabela 1)1 2 3 10 https://secad.artmed.com.br/blog/medicina/dosagem-do-peptideo-natriuretico-cerebral/ Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Figura 3. Classificação da insuficiência cardíaca conforme o espectro de fração de ejeção. O último passo na abordagem diagnóstica é a identificação da etiologia da IC. Na maioria dos pacientes, ela é facilmente identificada na história e, se necessário, confirmada com exames complementares (6,7). As duas principais etiologias são cardiopatia isquêmica e hipertensão arterial sistêmica e, na maioria dos pacientes, esse diagnóstico pode ser feito com facilidade. Outras etiologias estão apresentadas na Tabela 3 e devem ser investigadas conforme julgamento clínico. Pacientes com extensa história familiar de IC devem ser considerados para testagem genética em centros especializados. 11 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Tabela 3. Etiologias menos comuns de insuficiência cardíaca. Adaptado de (8). Quimioterapia e medicações cardiotóxicas Cardiomiopatia periparto Doenças reumatológicas e autoimunes Cardiomiopatia relacionada ao stress - Takotsubo Cardiomiopatia familiar e doenças genéticas hereditárias Doenças endócrino-metabólicas Relacionadas a arritmia Doenças infiltrativas Miocardites Abuso de substâncias Hipo ou hipertireoidismo Acromegalia Feocromocitoma Diabetes mellitus Obesidade Taquicardiomiopatia Extrassístoles ventriculares Marca-passo ventricular Amiloidose Sarcoidose Hemocromatose Infecciosas (virais, parasitárias) Medicamentosas Hipersensibilidade Álcool Cocaína Anfetaminas Em pacientes em que a etiologia não é clara, a ressonância funcional cardíaca é potencialmente útil como forma adicional de investigação, pois permite a identificação de car- diomiopatias primárias e secundá- rias, além de documentar eventuais casos de cardiopatia isquêmica não diagnosticada por outros métodos. Assim, ela está indicada para (6): Pacientes com janela acústica desfavorável no ecocardiograma. Considerar (recomendação mais fraca que as duas acima) em pacientes com cardiomiopatia dilatada sem etiologia identificada. Suspeita de doença infiltrativa cardíaca. 12 Tratamento modificador de doença 13 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada O tratamento farmacológico tem o potencial de modificar a história natural da IC, diminuindo o risco de morte e hospitalização. Além disso, é útil para controle de sintomas, e a maior parte das intervenções baseada em evidência foi testada conforme a apresentação fenotípica (ou seja, conforme a fração de ejeção). É importante lembrar que promover educação sobre a doença e garantir a adesão ao tratamento são cuidados tão importantes quanto conhecer e prescrever os medicamentos que modificam desfechos. Quando falamos do tratamento de pacientes com ICFEr, as diretrizes mais recentes apontam quatro classes de medicamentos como pilares do tratamento modificador de doença (Figura 4) em pacientes com classe funcional da New York Heart Association (NYHA) II ou maior (8). As classes de medicamentos, principais representantes, doses e efeitos adversos estão apresentados na Tabela 4. No paciente iniciando tratamento, tende-se a prescrever primeiro INRA, IECA ou BRA, seguido de um beta-bloqueador; depois, antagonistas da aldosterona e inibidores do SGLT-2 (do inglês sodium-glucose linked protein 2) são iniciados. 14 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Figura 4. Tratamento farmacológico orientado por diretrizes, indicações e principais evidências como base do tratamento de pacientes com ICFEr. Adaptado de (8). A farmacoterapia deve ser revisada em todos os atendimentos, mesmo em pacientes estáveis, a fim de identificar dificuldades de adesão – posologia, nomes semelhantes, efeitos adversos e custo são pontos a serem avaliados. A dose de cada fármaco varia conforme o perfil clínico, especialmente considerando pressão arterial e frequência cardíaca. Tomando-se inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) como exemplo, não há benefício em mortalidade e hospitalizações utilizando-se doses mais altas, entretanto há vantagem em controle de sintomas às custas de mais efeitos adversos (10). BRA: bloqueadores do receptor da angiotensina; IECA: inibidores da enzima conversora de angiotensina; INRA: inibidores da neprilisina e do receptor da angiotensina; NYHA: New York Heart Association; SGLT-2: sodium-glucose linked protein-2. 15 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Tabela 4. Principais classes e fármacos utilizados no manejo da insuficiência cardíaca. Classe Fármacos Dose inicial Dose alvo Principais efeitos adversos e contraindicações INRA Beta-bloqueadores IECA Sacubitril/ Valsartana Metoprolol succinato (preferido) Enalapril Ramipril Metoprolol tartarato Bisoprolol Captopril Carvedilol 49/51 mg 2 vezes ao dia 12,5 a 25 mg 1 vez ao dia 2,5 mg 2 vezes ao dia 2,5 mg 1 vez ao dia 25-50 mg 2 vezes ao dia 1,25 mg 1 vez ao dia 6,25 mg 3 vezes ao dia 3,125 mg 2 vezes ao dia 97/103 mg 2 vezes ao dia 200 mg 1 vez ao dia 20 mg 2 vezes ao dia 10 mg 1 vez ao dia 100 mg 2 vezes ao dia 10 mg 1 vez ao dia 50 mg 3 vezes ao dia 25 mg 2 vezes ao dia (50 mg se peso > 85 kg) Realizar intervalo de pelo menos 36 horas após suspenção de IECA. Atentar para hipercalemia, em especial com interações medicamentosas. Não utilizar em pacientes com história de angioedema, estenose de artéria renal bilateral, gravidez, filtração glomerular < 30 ml/min, pressão arterial sistólica < 90 mmHg, alergia ao fármaco. Iniciar com cuidado ou postergar início em pacientes com classe funcional IV ou internação recente. Atentar a bradicardia. Não utilizar em paciente com bloqueio atrioventricular de segundo ou terceiro grau sem marca-passo, isquemia crítica de membros e alergia ao fármaco. Uso com cuidado em asmáticos (preferir seletivos). Atentar ao risco de hipercalemia, perda de função renal, hipotensão. Não utilizar em pacientes com história de angioedema, estenose de artéria renal bilateral, gravidez, alergia ao fármaco. 16 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Classe Fármacos Dose inicial Dose alvo Principais efeitos adversos e contraindicações Antagonistas do receptor da aldosterona Diuréticos de alça Inibidores do SGLT-2 Espironolactona Furosemida 25 mg 1 vez ao dia 20 a 40 mg ao dia 10 mg 1 vez ao dia 10 mg 1 vez ao dia Empagliflozina Dapagliflozina 50 mg 1 vez ao dia Dose usual de 40 - 240 mg ao dia (1 - 4 vezes ao dia). 10 mg 1 vez ao dia 10 mg 1 vez ao dia Atentar para perda de função renal, hipercalemia (especialmente com interação com outros medicamentos).Não utilizar em pacientes com alergia ao fármaco. Atentar para hipocalemia, perda de função renal, interação com outros diuréticos. Atentar ao risco de cetoacidose normoglicêmica (em especial em pacientes com diabetes mellitus tipo 1) e diurese excessiva com outros diuréticos. Não utilizar em gestantes, pacientes com filtração glomerular menor que 20 ml/min, hipotensão, alergia ao fármaco. BRA:bloqueadores do receptor da angiotensina; IECA: inibidores da enzima conversora de angiotensina; INRA: inibidores da neprilisina e do receptor da angiotensina; SGLT-2: sodium-glucose linked protein-2 17 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Em pacientes com ICFEr que permanecerem sintomáticos (NYHA II-IV) e tiverem frequência cardíaca de repouso persistente > 70 batimentos por minuto, mesmo em dose adequada de beta-bloqueador, pode-se considerar o uso de ivabradina com objetivo de controle de sintomas. A digoxina é outro recurso para pacientes sintomáticos sem impacto em mortalidade e estudada antes do amplo uso de beta-bloqueadores, mas que demonstrou redução de hospitalizações na época. Deve-se recordar que a faixa terapêutica da digoxina é estreita, e o monitoramento por nível sérico é fundamental; fatores de risco para intoxicação são função renal comprometida, idade avançada, fragilidade, sexo feminino, hipocalemia e má nutrição (11). Para os demais perfis de pacientes, ou seja, aqueles com ICFEi e ICFEP, os recursos terapêuticos são menos diversos. Os principais medicamentos indicados para pacientes com ICFEi são os inibidores do SGLT2, com objetivo de reduzir hospitalizações e mortalidade cardiovascular. Neste subgrupo, outras classes de medicamentos, como inibidores da neprilisina e do receptor da angiotensina (INRA), IECA, bloqueadores do receptor da angiotensina (BRA) e antagonista do receptor da aldosterona (ARA), podem ser considerados com o objetivo de reduzir mortalidade e hospitalizações, mas com menor grau de recomendação. 18 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Entre os pacientes com ICFEp, as principais evidências apontam para o uso de inibidores do SGLT2 com o objetivo reduzir hospitalizações e mortalidade cardiovascular; adicionalmente, INRA, IECA (ou BRA) e ARA podem ser considerados como estratégias terapêuticas. Uma forma de selecionar pacientes com maior chance de se beneficiar é utilizar esses tratamento em pacientes com fenótipo mais semelhante a ICFEr: aqueles com FE do ventrículo esquerdo mais baixa (8). O manejo da congestão se aplica a todas as classes de pacientes com IC e é fundamentado em diuréticos de alça furosemida. Apesar da sua utilidade para controle de sintomas, não é uma medicação classificada como TMD; dessa forma, sua suspensão parece segura e pode ser considerada em pacientes em uso de dose estável < 80mg/dia nos últimos 6 meses, sem descompensações recentes e sem sinais clínicos de congestão (12). Mais detalhes do manejo de congestão estão apresentados na sessão sobre descompensações (Zona de transição). 19 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Por fim, não existem muitos estu- dos entre os pacientes com IC com FE recuperada. Os dados disponí- veis até o momento indicam que não se deve descalonar terapia farmacológica, ou seja, pacientes com FE recuperada ou melhora- da devem continuar o tratamento modificador de doença e não de- vem ser considerados semelhantes a pacientes com ICFEp ou ICFEi (8). Além da terapia medicamentosa, há- bitos de vida saudáveis e a prática de exercício físico devem ser recomen- dados. A atividade física é indicada para pacientes estáveis com IC, desde que com terapia otimizada, com obje- tivo de melhorar a qualidade de vida e a capacidade funcional. Deve-se dar preferência para atividades modera- das; atividades intensas e competiti- vas devem ser liberadas apenas para pacientes selecionados. Idealmente, deve ser realizada avaliação com teste de esforço cardiopulmonar para iden- tificar se há risco de indução de arrit- mias ou instabilidade hemodinâmica. São contraindicações ao início de ati- vidades físicas hipertensão ou hipo- tensão em repouso ou aos esforços, condições cardíacas instáveis, sinto- mas em piora, bem como condições pulmonares não controladas (11). Em casos selecionados, deve-se considerar terapias com dispositi- vos como cardiodesfibrilador im- plantável (para prevenção primária ou secundária) e ressincronização cardíaca com objetivo de prolongar a sobrevida e, no caso do último, me- lhorar sintomas (8,11). Alternativas como transplante cardíaco e dispo- sitivos de assistência ventricular de longa duração são indicadas para pa- cientes com IC avançada sem outra opção terapêutica e sem contraindi- cações; nesse caso, a avaliação por especialista é necessária (vide seção Monitorização e prognóstico) (8). 20 Monitorização e prognóstico 21 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada A principal avaliação no acompanhamento dos pacientes é a avaliação da classe funcional, pois ela permite guiar terapia e identificar pacientes em piora ou muito limitados. Em IC, a classificação de NYHA é utilizada, conforme a Tabela 5. Essa classificação é útil por ser simples, amplamente utilizada, definir início de TMDs e ter utilidade prognóstica. Além da avaliação funcional, deve-se atentar ao surgimento de outros sintomas, bem como monitorar pressão arterial, frequência e ritmo cardíaco (fibrilação atrial é evento comum - vide Comorbidades), eletrólitos e função renal (6). Uma vez ao ano, deve-se realizar eletrocardiograma para identificar prolongamento do intervalo QRS (6). O intervalo entre consultas é incerto; recomenda-se no máximo 6 meses para pacientes estáveis e intervalos menores para pacientes com internações ou sinais de piora progressiva (6). Tabela 5. Classificação de classe funcional da New York Heart Association. Adaptado de (6). Classe Descrição Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Sem limitações para atividades físicas. Atividades usuais não causam fadiga, palpitações ou dispneia excessiva. Leve limitações para atividades físicas. Confortável em repouso, mas atividades usuais podem causar fadiga, palpitações ou dispneia excessiva. Marcadas limitações para atividades físicas. Confortável em repouso, mas atividades mais leves que as usuais causam fadiga, palpitações ou dispneia excessiva. Incapaz de realizar atividades físicas sem desconforto. Sintomas em repouso. Quando se realiza atividades físicas, há aumento do desconforto. 22 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Além da avaliação de classe funcional, a pesquisa de sinais e/ou sintomas de congestão deve ser rotina no acompanhamento de pacientes com IC; muitas vezes, essa avaliação é desafiadora. Os principais recursos diagnósticos no cenário ambulatorial são o exame físico (muitas vezes específico, mas pouco sensível) e a radiografia de tórax. Peptídeos natriuréticos devem ser considera- dos para diagnóstico de quadros de descompensação aguda; quando elevados em pacientes crônicos e estáveis, indicam prog- nóstico pior. Infelizmente, o uso de peptídeos natriuréticos não é útil como guia para o tratamento de pacientes ambulatoriais es- táveis (13). Apesar de pouco disponível em nível ambulatorial, o ultrassom pulmonar é mais acurado para avaliação de congestão e deve ser utilizado sempre que possível (4,8). Ecocardiograma rotineiro não costu- ma ser necessário, um novo exame deve ser solicitado em pacientes com piora clí- nica ou 3 a 6 meses após novas terapias farmacológicas ou dispositivos (6). A avaliação prognóstica é desafiadorado ponto de vista individual, mas a progres- são de classe funcional NYHA está atrela- da a piores desfechos: enquanto pacientes oligossintomáticos (NYHA 2) têm mortali- dade estimada em 5-10% ao ano, aqueles com sintomas ao repouso (NYHA 4) po- dem apresentar até 70% de mortalidade ao fim do primeiro ano de acompanhamento (14). Entretanto, nem todos os pacientes com limitação funcional grave (NYHA 3-4) têm evolução semelhante – escores apresen- tados em formato de calculadora on-line como o Seattle Heart Failure Model podem auxiliar na identificação de pacientes de maior risco. Por fim, pacientes classificados como IC avançada (Figura 5) e devem ser acompanhados por cardiologista (de preferência especialista em IC) e considerados para terapias avançadas ou cuidados paliativos (15). 23 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Tabela 5. Identificação de pacientes com insuficiência cardíaca avançada. Adaptado de (15). BNP: brain natriuretic peptide; FE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; ICFEi: insuficiência cardíaca de fração de ejeção intermediária; ICFEp: insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada; NYHA, New York Heart Association; VD: ventrículo direito. 24 Comorbidades 25 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Com o aumento de TMDs e da expectativa de vida, as comorbidades são cada vez mais frequentes em pacientes com insufici- ência cardíaca (Figura 6), assim como as repercussões orgânicas da falha de bomba cardíaca em longo prazo. Mais de 85% dos pacientes têm > 2 comorbidades crônicas (8). O tratamento se torna mais desafiador devido à interação entre as morbidades e a polifarmácia, e este é um dos principais pontos em que especialistas e generalistas devem interagir em prol do paciente. Tabela 6. Comorbidades em pacientes com insuficiência cardíaca. 26 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Dentre as repercussões sistêmicas da IC, des- taca-se o prejuízo cognitivo, que está presente em cerca de 40% dos pacientes e se apresen- ta como dificuldades de memória, atenção e concentração (16). Por exemplo, o surgimento de descaso com o tratamento e dificuldade de adesão podem ser sintomas iniciais de doença orgânica. Esses indivíduos podem precisar de recursos adicionais para favorecer a adesão, como auxílio de cuidador, diário de sintomas e lembretes para uso de medicamentos. Os prin- cipais mecanismos de dano são a hipoperfu- são global devido ao baixo débito crônico, even- tos isquêmicos agudos, disfunção endotelial e inflamação sistêmica. Mesmo entre pacientes estáveis com doença leve, já foi documentada a redução marcada do volume do hipocampo e sua relação com piora cognitiva (16,17). Comorbidades cardíacas com frequência são identificadas no paciente com IC, e uma das mais relevantes e prevalentes é a fibrilação atrial (FA). A perda da contração atrial eficaz pode causar ou exacerbar doença cardíaca es- trutural, e ao mesmo tempo que a FA é mais prevalente em estágios avançados da IC, a incidência da arritmia piora o prognóstico da doença de base (6,8). As principais recomen- dações conforme diretrizes são (6,8): Identificar e remover fatores desencadeantes: hipertireoidismo, hipertensão não-controlada, valvulopatia mitral, distúrbios eletrolíticos. Iniciar anticoagulação quando apropriado: escore CHA2DS2VASc > 1 para homens e > 2 para mulheres (ou mesmo com menor limiar). Considerar controle de ritmo em pacientes que persistem sintomáticos, especialmente em contexto de fibrilação atrial aguda ou recente. Preferir DOAC (do inglês direct oral anticoagulants) a varfarina, mas lembrar que os DOACs são contraindicados em caso de estenose mitral moderada/ grave ou prótese valvar mecânica. 27 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada O diabetes é uma condição crônica frequente, com relevância especial em cardiopatas isquêmicos. O tratamento em si não é diferente do que em um paciente que não tenha IC, mas deve-se atentar para o uso de medicações que sejam seguras e, se possível, que melhorem os desfechos nessa população (6). A metformina, considerada primeira linha de tratamento muitas vezes, é segura em pacientes com IC (apesar de recomendações antigas de bula recomendarem suspender seu uso); a limitação principal é a perda de função renal (contraindicada se taxa de filtração glomerular abaixo de 30 ml/min/1,73m2) (11). O uso de inibidores do SGLT-2 é recomendado em pacientes com IC com ou sem diabetes (vide seção Tratamento modificador de doença), e seu uso deve ser preconizado; atualmente, há protocolo do Ministério da Saúde disponibilizando o medicamento para uma parcela da população (presença de diabetes e idade maior que 65 anos). Por outro lado, os inibidores da dipeptidil-peptidase 4 devem ser evitados; apesar de as metanálises não confirmarem o efeito de classe, houve aumento de internações por IC relacionada ao uso de saxagliptina (11). 28 Descompensações em nível ambulatorial e transição de cuidados após alta Zona de transição 29 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada A história natural da IC é marcada por períodos de rela- tiva estabilidade e por descompensações: ao longo de um ano de acompanhamento, um entre três pacientes necessitará de internação hospitalar (1); eventualmente, essa será a primeira manifestação da doença. Identifi- car os sinais de piora – muitas vezes sutis – e prevenir as descompensações e hospitalizações é um dos prin- cipais objetivos do acompanhamento clínico. O paciente com IC descompensada apresentará sinais e sintomas que devem direcionar o clínico à classificação hemodinâmica, que guiará o tratamento (Figura 7). De- ve-se avaliar sinais de congestão e a perfusão periférica: Tontura, náusea, hipotensão, redução de débito urinário e redução do tempo de enchimento capilar. Ortopneia, dispneia paroxística noturna, edema periférico, turgência jugular, refluxo hepato-jugular, crepitantes pulmonares finos e aumento de peso. São sinais de má perfusão (baixo débito): São sinais de congestão: 30 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada O objetivo é manter os pacientes no modo seco e aquecido. Pacientes com descompensações do perfil seco e frio (mal perfundido) terão indicação de avaliação em emergência; são quadro raros e de mau prognóstico, felizmente representam a menor parcela dos pacientes. O quadro típico de descompensação com congestão pulmonar pode ser acompanhado de perfusão adequada (úmido e aquecido) ou inadequada (úmido e frio). No primeiro grupo, pode-se tentar manejo ambulatorial; para o segundo, o atendimento hospitalar é mandatório (18). Quando estiverem presentes sinais de alerta (Figura 8), deve-se encaminhar o paciente à emergência. Tabela 7. Perfis de descompensação do paciente com insuficiência cardíaca. Adaptado de (6). 31 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Como o exame físico é pouco sensível (apesar de bastante específico), pode-se lançar mão de recursos como radiografia de tórax e BNP para melhorar a capacidade de identificação de congestão. Quando disponível, pode ser utilizado o ultrassom pulmonar beira- leito (11). Exames adicionais como função renal e eletrólitos são necessários para o uso de diuréticos e seus efeitos adversos – é necessária a monitorização frequente (pelo menos 1 cada 7-10 dias) para manejo de descompensação em pacientes ambulatoriais. Tabela 8. Sinais de alerta em que se deve considerar internação hospitalar. Adaptado de(19). 32 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada O tratamento da congestão deve iniciar por identi- ficar e remover fatores que promovam a descom- pensação. As principais causas de descompensa- ção são falha na adesão ao tratamento, infecções (pele, tratos respiratório e urinário, gastrointestinal), aumento da ingesta de sal e líquidos, arritmias e embolia pulmonar; em cerca de um terço dos casos, nenhum fator claro é identificado (3). Na consulta, sinais/sintomas que direcionem a es- sas etiologias devem ser ativamente buscados, e a suspeita clínica orienta a solicitação de exames complementares que podem ajudar no diagnós- tico (eletrocardiograma, hemograma, proteína C reativa, culturas). O principal fármaco no manejo das descompen- sações quente e úmida (que serão manejadas ambulatorialmente) é o diurético de alça – sendo a furosemida o representante no Brasil (Tabela 4). A furosemida permite controlar a hipervolemia e, portanto, diminuir sintomas; deve-se atentar para os efeitos adversos. Além dela, aumento de dose de vasodilatadores (IECA, BRA ou mesmo uso adi- cional de hidralazina e nitrato) podem auxiliar no controle sintomático e melhorar o funcionamento cardíaco. Lembrar de reavaliar o paciente com fre- quência (a cada 2-5 dias) e considerar encaminha- mento à emergência se falha (Figura 8) (18). 33 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada A necessidade de internação, por sua vez, denota gravidade da doença, e a mortalidade intrahospitalar chega a 12%. Esses dados ressaltam a importância da conversa sobre objetivos de tratamento e diretivas antecipadas de vontade, regulamentadas pelo Conselho Federal de Medicina com a resolução 1995/2012, antes, durante e depois de uma descompensação (20). Essa discus- são é ainda mais importante em pacientes com múltiplas internações e descompensações. Como essa conversa deve acontecer idealmente quando o paciente estiver pleno de sua autonomia e em ambiente tranquilo, o cenário ambulatorial se torna propício para tal (1). Além disso, a abordagem de cuidados paliativos tem sido oferecida cada vez mais em paralelo com TMD no conceito contemporâneo de paliação, com o objetivo de reduzir sofrimento e melhorar qualidade de vida durante a trajetória de uma enfer- midade crônica (e não como uma decisão estanque de sim ou não) (21). Durante a internação, busca-se melhora da congestão, revisão da farmacoterapia com instituição adicional de TMD e tratamento de comorbidades (deficiência de ferro, arritmias). Dentre estas, garantir que o paciente receba o tratamento preconizado por dire- triz é uma das intervenções mais importantes e que reduz reinternações em 30 dias (11). É recomendado que a consulta pós-alta aconteça entre 1 e 2 semanas após a desospitalização, e os principais itens a serem avaliados estão descritos na Tabela 6 (11). Tabela 6. Comorbidades em pacientes com insuficiência cardíaca. *Quando não forem avaliados durante a internação. IC, insuficiência cardíaca. Sinais e sintomas de IC (dispneia, edema periférico, turgência jugular, estertores pulmonares, peso) Pressão arterial Frequência cardíaca Função renal Eletrólitos (sódio, potássio, magnésio) Perfil de ferro* Função hepática* 34 Considerações finais 35 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada A insuficiência cardíaca é uma síndrome complexa, multissistêmica, e o manejo destes pacientes em nível ambulatorial é acompanhado de diversas peculiaridades e exige atenção dos médicos envolvidos, sejam eles especialistas, sejam generalistas. O processo de diagnóstico é clínico e pode ser realizado na maioria dos contextos de atendimento para os casos clássicos; o diagnóstico de ICFEp por vezes é mais desafiador e exames adicionais (e tempo) podem ser necessários. Apesar dos desafios, trata-se de um cuidado muito recompensador, uma vez que há um bom arsenal terapêutico e os pacientes podem ficar longos anos estáveis e funcionais. Um bom vínculo com os médicos pode evitar descompensações, e permitir sua identificação precoce e reduzir internações, assim como favorecer a qualidade de vida ao longo do curso da doença. 36 A Artmed 37 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Este conteúdo foi útil para você? www.artmed.com.br No nosso site, você encontra soluções para continuar se atualizando na área de Medicina quando e onde quiser. Acesse o site e confira as opções de livros, cursos e programas de atualização para se aprimorar profissionalmente: 38 Acompanhamento ambulatorial do paciente com insuficiência cardíaca: como o médico pode fazer a diferença nessa jornada Referências 1. Savarese G, Becher PM, Lund LH, Seferovic P, Rosano GMC, Coats A. 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