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1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Sangramentos da 1° Metade da Gestação Abortamento É a interrupção da gestação antes de que o produto conceptual tenha atingido a viabilidade. Definição segundo a OMS: Expulsão ou extração do feto antes de 20 semanas ou com menos de 500 g! Abortamento processo de eliminação do concepto Aborto produto conceptual eliminado O aborto é dividido em PRECOCE: os abortamentos com menos de 12 semanas, sendo responsáveis por mais de 80% de todas as perdas. As principais causas neste grupo são as anormalidades cromossômicas; TARDIO: aqueles que ocorrem entre as 13ª e a 20ª semana de gestação. Sua principal causa é a incompetência istmocervical. Nestes casos, realizar a curetagem é PERIGOSO, uma vez que o feto já possui espículas ósseas! Logo, há maior risco de perfuração! É importante saber também que o aborto pode ser espontâneo, mas também provocado! Conforme a ocorrência de abortos numa mulher, classificamos como esporádico ou de repetição. O abortamento de repetição ou habitual é definido como a ocorrência de três ou mais abortamentos consecutivos. Os abortamentos esporádicos geralmente estando associados a anomalias cromossômicas e NÃO acarretando aumento de risco de um novo abortamento para a mulher. As TRISSOMIAS são as alterações mais comuns associadas às perdas precoces, correspondendo a 50% dos abortamentos de causa genética. Doenças Endócrinas Insuficiência de corpo lúteo A progesterona é produzida pelo corpo lúteo até a oitava semana de gestação, quando o trofoblasto placentário passa a assumir essa produção e manutenção hormonal. A produção deficiente desse hormônio está associada à geração de um endométrio pouco preparado para a recepção do embrião. Diabetes mellitus Pacientes com diabetes mellitus pré- gestacional do tipo 1, com descontrole glicêmico, têm uma taxa aumentada de abortamento. Em geral, recomenda-se manter a hemoglobina glicada inferior a 7,0% para que a paciente engravide, pois diminui-se o risco de perda fetal e malformações. Tireoidopatias Há uma incidência maior de abortamentos em pacientes com hipotireoidismo e naquelas com anticorpos antitireoidianos, mesmo na ausência de doença tireoidiana. Síndrome dos ovários policísticos (SOP) A síndrome dos ovários policísticos tem sido considerada como uma das causas de abortamento espontâneo ou de repetição. Infecções Causam lesões na decídua da placenta, membranas ovulares e concepto. Em especial o Treponema pallidum, agente etiológico da sífilis, está envolvido tanto no abortamento tardio como na infecção materna. Outros agentes que também estão implicados no abortamento espontâneo são: clamídia, gonococo, herpes, CMV, listeria e estreptococo do grupo B. 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Causas Uterinas Sinéquias Uterinas (síndrome de Asherman) A síndrome de Asherman ocorre pela formação de aderências uterinas após agressão endometrial principalmente após a curetagem uterina. Essas aderências podem interferir na implantação do embrião. Miomas Os miomas, além de serem uma causa de infertilidade, também são uma causa de abortamento. Os miomas mais envolvidos no abortamento são aqueles que distorcem a cavidade uterina, como os SUBMUCOSOS e até os intramurais, dificultando o processo de implantação do embrião. Incompetência cervical A incompetência cervical é uma causa importante de perdas fetais tardias, correspondendo a 10-20% dos abortamentos de repetição. Esse tema será discutido de maneira detalhada no livro digital sobre Abortamento habitual e insuficiência cervical. Malformações uterinas As malformações uterinas associadas aos defeitos de fusão dos ductos de Müller, como útero bicorno, didelfo, septado ou arqueado, estão associadas ao aumento de risco de abortamento. Entre as malformações, a que apresenta pior prognóstico é o ÚTERO SEPTADO. Outras Causas. . . Fatores imunológicos (SAAF, trombofilias adquiridas, etc.); Tabaco, álcool e outras drogas; Trauma! Formas Clínicas de Abortamento + Condutas Específicas!!! Ameaça de Abortamento A paciente refere, em geral, um sangramento em pequena quantidade associado à cólica abdominal. No exame ginecológico, o útero tem tamanho compatível com a idade gestacional, o colo uterino encontra-se impérvio e, no exame especular, pequena quantidade de sangue coletado em fundo de saco posterior. A ultrassonografia é compatível com a normalidade para a idade gestacional. É visualizada a presença de saco gestacional 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! regular e, a depender da idade gestacional, embrião com batimentos cardíacos fetais presentes. O tratamento?!? Não há conduta específica para o sangramento! A conduta mais importante, nesses casos, é checar a tipagem sanguínea, assim como em qualquer sangramento durante a gestação. Abortamento Inevitável Considera-se um abortamento inevitável aquele em que ainda não houve eliminação do material ovular ou do embrião pelo colo, porém o processo já é irreversível. Em geral, a paciente apresenta sangramento em moderada a grande quantidade, associado à dor pélvica. Ao exame ginecológico, há presença de sangue coletado, podendo haver sangramento ativo. Um ponto importante é que, ao toque vaginal, o colo uterino geralmente está PÉRVIO. Pode ser visualizado o saco gestacional ou o embrião com batimentos cardíacos ou não, porém há descolamento ovular significativo, associado a coágulos ou a hematoma. O quadro evolui espontaneamente, podendo se tornar um aborto completo ou incompleto. A paciente deve ser internada para estabilização clínica e, sobretudo nos casos em que houver sangramento importante, deve ser realizada expansão volêmica. Caso não haja resolução espontânea, deve ser realizado o esvaziamento uterino. *lembrar de realizar imunoglobulina anti-D nas pacientes Rh negativo. Abortamento Completo Quando ocorre a eliminação completa do produto concepcional, dizemos que houve um abortamento completo. A paciente costuma procurar o pronto- socorro dizendo que apresentou um sangramento em grande quantidade, geralmente referindo eliminação de um material amorfo e que, após esse processo, o sangramento diminuiu e as cólicas reduziram a intensidade. Após a eliminação completa, o colo uterino fecha-se e geralmente está impérvio ou fechando-se ao toque vaginal, e o útero apresenta-se diminuído em relação à idade gestacional. Achado na US? Apesar de não haver consenso na literatura, a maioria das referências considera que a presença de eco endometrial com espessura inferior a 15 mm, no corte longitudinal do útero, indica um abortamento completo Diante do diagnóstico de abortamento completo, não há necessidade de condutas terapêuticas de urgência. Caso a paciente se encontre estável hemodinamicamente e sem queixas, deve-se realizar orientação e alta hospitalar com medicamentos sintomáticos. Vale lembrar que deve ser colhida tipagem sanguínea e, em caso de Rh negativo, realizar imunoglobulina anti-D. OBS.: para diagnóstico diferencial de doença trofoblástica gestacional, orientar a paciente a retornar o serviço em 15 dias para coleta de HCG urinário e avaliar completa negativação. Abortamento Incompleto O abortamento incompleto ocorre quando há eliminação parcial dos produtos da concepção, sendo mais comum em abortos mais tardios. Na maior parte dos casos, a paciente refere um sangramentode moderada a grande quantidade, podendo haver eliminação de material amorfo. O sangramento persiste em menor volume após esse episódio. Ao exame físico, o útero encontra-se com volume menor do que o esperado para a idade gestacional e o colo uterino encontrasse pérvio na maior parte dos casos. Em poucos casos, o colo pode estar fechado. Em alguns casos, como já foi citado anteriormente, a paciente pode 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! chegar eliminando o material, recebendo o nome de abortamento em curso. Achado na US? espera-se encontrar a presença de material amorfo, com espessura do eco endometrial superior a 15 mm. A conduta clássica é o esvaziamento uterino. E, em geral, essa é a resposta cobrada pelas bancas com o objetivo de resolutividade dos restos intrauterinos. Porém existe a possibilidade de tratamento expectante. . . Conduta expectante: Aguardar a expulsão dos restos ovulares. Nos casos de abortamento incompleto, alcança uma taxa de sucesso de 95% em 15 dias, sem aumentar a taxa de complicações. A conduta expectante só pode ser adotada se não houver sangramento importante, sinais de infecção, presença de pouca quantidade de material e desejo por parte da paciente; Conduta ativa: - Medicamentosa: administras misoprostol, que promove contração do útero e seu esvaziamento. Após eliminação dos restos, realiza-se US para confirmar abortamento completo!; - Cirúrgica: as opções são curetagem ou aspiração manual intrauterina (AMIU). AMIU é recomendado para gestações pequenas/pequeno volume – em abortos >12 semanas, CUIDADO COM CURETAGEM! Risco de perfuração uterina! Abortamento Infectado O abortamento infectado, em geral, é uma complicação do abortamento retido. envolve bactérias Gram-positivas e negativas, além de anaeróbias. A doença pode evoluir para o útero e anexos e para a cavidade pélvica além de disseminação hematogênica. O quadro clínico da paciente depende do grau de comprometimento. Nos casos mais leves de mioendometrite, a paciente apresenta dor abdominal, febre, sangramento vaginal e saída de secreção purulenta pela vagina. Ao exame físico, a paciente pode encontrar- se febril e taquicárdica por quadro séptico. O útero encontra-se doloroso e o colo uterino encontra-se geralmente pérvio. Ao exame especular, pode ser evidenciada saída de sangue e de secreção purulenta. O tratamento consiste em antibioticoterapia + esvaziamento uterino (se necessário). ATB clindamicina 600 mg IV 6/6h OU 900 mg IV 8/8h +++ gentamicina 3 A 5 mg/kg INTRAVENOSO 1 VEZ AO DIA! Esquemas alternativos?!? AMPICILINA 1 g IV 6/6 h + GENTAMICINA 3–5 mg IV 1x ao dia + METRONIDAZOL 500 mg IV 8/8 h OU CEFTRIAXONE 1 g IV 12/12 h + CLINDAMICINA 600 mg IV 8/8 h. Manter a antibioticoterapia até 48 horas após a febre e sintomas cessarem. Nos casos em que haja confirmação da presença de restos ovulares ou de abscesso, deve ser realizado o esvaziamento com curetagem ou aspiração manual intrauterina. Checar a tipagem sanguínea e, se o Rh for negativo, deve ser administrada imunoglobulina anti-D. Aborto Retido e Gestação Anembrionada Denomina-se aborto retido a ocorrência de morte embrionária ou fetal antes da 20ª semana de gestação, com retenção do produto conceptual por tempo prolongado (dias a semanas). Do ponto de vista ultrassonográfico, faz-se o diagnóstico de aborto retido ou óbito 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! embrionário quando há presença de embrião com comprimento cabeça-nádega maior do que 7 mm e sem atividade cardíaca. Já a gestação anembrionada ou “ovo cego” é a presença de saco gestacional sem embrião em seu interior, em geral, após 6 semanas de gestação. Isso pode ocorrer por ausência de desenvolvimento ou por reabsorção do embrião. Em ambas as situações, a paciente, em geral, encontra-se assintomática e acaba realizando o diagnóstico durante uma ultrassonografia. Pode haver desaparecimento dos sintomas associados à gestação, tais como náuseas, vômitos e ingurgitamento mamário, além de pequenos sangramentos vaginais. Ao exame físico, o útero pode estar menor para a idade gestacional e o colo encontrar-se impérvio. Conduta expectante: 30 a 50% dos casos terão abortamento completo após 15 dias do diagnóstico. Pode-se aguardar até 4 semanas para a eliminação – após esse período o risco de CIVD ou infecção se torna alto; Conduta ativa: - Medicamentosa: Consiste na administração do misoprostol (pode ser realizada até ambulatorialmente). Aguarda-se a eliminação do concepto e, quando ela ocorrer, realiza-se uma ultrassonografia para confirmar se o abortamento foi completo (eco endometrial inferior a 15 mm); - Cirúrgica: Como o colo se encontra impérvio, em geral, administram-se 400 mcg de misoprostol e realiza- se o esvaziamento uterino com curetagem ou AMIU. FORMAS CLÍNICAS DO ABORTAMENTO Clínica Características do colo Exame de imagem AMEAÇA DE ABORTO Sangramento intermitente, em pequena quantidade Fechado Embrião vivo (hematoma subcoriônico – 40%) ABORTAMENTO EM CURSO Sangramento moderado a intenso Orifício interno do colo geralmente dilatado Descolamento ovular Saco gestacional baixo ABORTAMENTO INCOMPLETO Sangramento intermitente Geralmente pérvio Material amorfo e heterogêneo (espessura endometrial >15 mm) ABORTAMENTO COMPLETO Diminui de intensidade Fechado (fecha poucas horas após expulsão completa) Endométrio fino ou material mínimo (espessura endometrial até 15 mm) ABORTAMENTO RETIDO Cessação dos sintomas da gestação, sangramento discreto Fechado Morte conceptual (ausência de BCF em embrião >ou= 7 mm) ABORTAMENTO INFECTADO Retenção prolongada (>4 semanas) Pode ocorrer sangramento discreto, purulento ou não, febre Geralmente pérvio e doloroso à mobilização Restos ovulares Endométrio irregular 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Características da US no Abortamento Definições de gestações não evolutivas? Embrião com CCN > 7 mm sem atividade cardíaca. Ausência de embrião na presença de saco gestacional com diâmetro interno médio maior que 25 mm; alguns autores consideram que se o saco gestacional tem diâmetro maior do que 20 mm, já deve ser observado embrião. Ausência de embrião com atividade cardíaca após 2 semanas de ultrassonografia que evidenciou saco gestacional sem vesícula vitelínica. Ausência de embrião com atividade cardíaca 11 dias após USG que evidenciou saco gestacional com vesícula vitelínica. Técnicas para Esvaziamento Uterino Aspiração Intrauterina É a técnica de escolha nas gestações precoces, até 12 semanas. A aspiração pode ser realizada através de vácuo elétrico, chamada de aspiração elétrica, ou através de um vácuo manual produzido por uma seringa e chamado de AMIU. Curetagem Uterina A curetagem uterina somente deve ser empregada nos abortamentos com menos de 12 semanas na indisponibilidade de material para aspiração. Já nas gestações com mais de 12 semanas ou com material muito abundante, ela é a primeira opção. Antes da curetagem em si, pode haver a necessidade de dilatar o orifício do colo uterino para a passagem da cureta. Para esse procedimento, empregam-se as chamadas velas de dilatação de Hegar. Velas de Hegar. Cureta. A perfuração uterina é a complicação mais frequente na curetagem. Caso ela ocorra, o procedimento deve ser interrompido, e a paciente deve ser observada. Caso ela apresenteinstabilidade hemodinâmica, deve ser realizada laparotomia exploradora devido ao extravasamento de sangue para a cavidade abdominal, provocado pela perfuração. 7 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Gestação Ectópica A gestação ectópica é definida quando a implantação e desenvolvimento do embrião ocorre fora da cavidade corporal uterina. Continua sendo uma patologia com elevada morbimortalidade materna!!! Com o acesso mais precoce da dosagem da fração beta da gonadotrofina coriônica humana (β-hCG) e também da ultrassonografia transvaginal (USTV), o diagnóstico está cada vez mais precoce. Pode ser diagnosticada na forma ÍNTEGRA ou ROTA. Além disso, o termo "ABORTAMENTO TUBÁRIO" é dado para as gestações ectópicas que evoluíram naturalmente para a eliminação espontânea em uma conduta expectante. GRAVIDEZ HETEROTÓPICA: é definida quando ocorre uma gestação intrauterina combinada com uma extrauterina! A gestação ectópica TUBÁRIA ocorre entre 90 e 95% dos casos, sendo que a porção AMPOLAR da tuba uterina é a localização mais comum! No ABORTAMENTO TUBÁRIO, a paciente apresenta clínica de sangramento vaginal discreto e queda dos níveis de beta-hCG. A resolução da gestação é espontânea e a conduta expectante. Na gestação ectópica ÍNTEGRA, a dor geralmente é em cólicas e a história clínica pouco esclarecedora. Porém pode cursar com a tríade clássica de DOR ABDOMINAL, ATRASO MENSTRUAL e SANGRAMENTO GENITAL. A dor, na gestação ectópica ROTA, é SINCOPAL e LANCINANTE! Quanto ao estado hipovolêmico da gestação ectópica rota, a gestante apresenta palidez, taquicardia e hipotensão arterial sem perda sanguínea visível. Já no ABDOME, é encontrado descompressão brusca positiva (Blumberg positivo), diminuição de ruídos hidroaéreos intestinais e HEMOPERITÔNIO! sinais clínicos do hemoperitônio?!? Laffont (dor escapular devido à irritação diafragmática pelo hemoperitônio), Proust (dor intensa à palpação do fundo de saco posterior vaginal.), Cullen (equimose periumbilical), Grey-Turner (equimose dos flancos). Sinais de choque hipovolêmico em uma gestante no primeiro trimestre é igual à LAPAROTOMIA EXPLORADORA DE EMERGÊNCIA!!! Fatores de risco? Gestação ectópica prévia (recorrência de 15%). Cirurgia tubária prévia (laqueadura tubária, reanastomose tubária). Infertilidade (técnicas de fertilização assistida). Doença inflamatória pélvica (principalmente a infecção por Clamydia). Endometriose. Usuárias de dispositivo intrauterinos (DIU). Anticoncepção de emergência. Tabagismo. A ultrassonografia transvaginal é o exame de preferência, utilizado para confirmar uma gestação tópica com a visualização de saco gestacional ou de restos ovulares. 8 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Na gestação ectópica, o exame consiste em avaliar a massa anexial conforme seu aspecto (hematossalpinge, presença de anel tubário e de embrião vivo). IMPORTANTE SABER! No caso de beta-hCG positivo > 2.000 mUI/mL, devemos visualizar uma gestação intrauterina na ultrassonografia transvaginal. Exceto nos casos de gestações gemelares, que podem aumentar o valor para 3.500 mUI/mL. Se acaso os valores do beta-hCG forem < 2.000 mUI/mL e USTV não confirmar gestação tópica ou ectópica, devem-se repetir os valores de beta-hCG a cada 48 horas. Cuidado, pois você pode estar diante de uma GESTAÇÃO INICIAL, ainda não visível e tópica. Em uma gestação viável, tópica, os valores de beta-hCG aumentam de 35% ou mais a c ada 48 horas. Tratamento Com diagnósticos cada vez mais precoces, está se optando por métodos não invasivos. Conduta Expectante É uma conduta definida para o ABORTAMENTO TUBÁRIO. Deve ser acompanhada por dosagens seriadas em declínio do β-hCG. Sinais de que a gestação é inicial e está regredindo espontaneamente: β-hCG BAIXO? < 1.000 mUI/mL β-hCG em DECLÍNIO dos títulos em 48 horas Ausência de saco gestacional na USG. Tratamento Medicamentoso A medicação de escolha para o tratamento medicamentoso da gestação ectópica é o metotrexato (MTX), um antagonista do ácido folínico – impede a multiplicação das células trofoblásticas. IMPORTANTE realizar controle do nível sérico do beta-hCG!!! Efeitos colaterais do MTX: distensão, dor abdominal, sangramento genital, aumento do beta-hCG no 1º e 4º dia após o MTX. + Náuseas, vômitos, irritação gástrica, estomatite, tontura, neutropenia, pneumonite e alopecia reversível. Critérios para utilização do metotrexato: β-hCG < 5.000 mUI/mL; Massa anexial < 4 cm (segundo o Zugaib! Segundo a FEBRASGO é <3,5 cm); BCF ausente; Estabilidade hemodinâmica ectópica íntegra! Ausência de dor abdominal; Desejo de gravidez futura? É preciso assinar termo de consentimento! Uma vez indicado o tratamento medicamentoso com metotrexato, é importante avaliar a existência de contraindicações: Gravidez intrauterina concomitante (heterotópica). Recidiva de gravidez ectópica na mesma tuba. Declínio de títulos de β-hCG antes do tratamento. Amamentação. Anemia. Leucopenia (leucócitos < 2.000 células/mm3). Trombocitopenia (plaquetas < 100.000). Vigência de doença pulmonar, disfunção hepática, renal. ESQUEMA DOSE ÚNICA de MTX: METOTREXATO: 50 mg/m2 por via intramuscular em dose única*. *Controlar com dosagem do β-hCG no 4º e no 7º dia após a dose. 9 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Se ocorrer redução de 15% do valor do β- hCG entre o 4º e o 7º dia, é sinal de bom prognóstico e de que se deve seguir com dosagens de beta-hCG semanais até negativar. Se redução menor que 15% no 7º dia, deve-se repetir nova dose de MTX. Se não houver queda dos títulos, realizar cirurgia. Não se deve dar mais que 4 doses de MTX!!! É realizado por meio da dosagem semanal do β-hCG até ficar NEGATIVO. Lembre-se de que NÃO está recomendada a ultrassonografia transvaginal seriada para controle de tratamento. Está recomendada a profilaxia com a imunoglobulina anti-D em TODAS as gestantes Rh negativo com gravidez ectópica TTO LOCAL COM MTX?!? É uma opção, guiado por US transvaginal. Indicado em casos de embrião vivo e localização atípica! É realizado introduzindo uma sonda vaginal com uma agulha calibre 20 ou 22, com a paciente sedada, e injeção de metotrexato na dose de 1 mg/kg. Tratamento Cirúrgico É considerado o tratamento padrão no tratamento de gravidez ectópica rota com abdome agudo hemorrágico e instabilidade hemodinâmica. A cirurgia clássica é a SALPINGECTOMIA TOTAL (tipo Fritsch). A principal indicação de LAPAROTOMIA é nos casos em que há INSTABILIDADE HEMODINÂMICA. Geralmente, nas demais situações, a indicação pode ser VIA LARPOSCÓPICA. Indicações de laparotomia: 1. Choque hipovolêmico 2. Massa anexial > 5cm 3. Localização não tubária (cervical, abdominal) 4. Múltiplas aderências Em casos de prole não constituída. . . pensar na possibilidade de optar pela SALPINGOSTOMIA (preservação da tuba)! Doença Trofoblástica Gestacional Gestação que evolui de forma anormal, cursando com proliferação anormal e desordenada do TECIDO PLACENTÁRIO. A doença trofoblástica gestacional apresenta a forma benigna (mola hidatiforme – MH) e maligna (neoplasia trofoblástica gestacional). A mola hidatiforme é a forma clínica mais comum e divide-se em dois tipos distintos: mola hidatiforme completa (MHC) e mola hidatiforme parcial (MHP). O grande marcador biológico da doençaé a gonadotrofina coriônica humana (hCG), produzida principalmente pelo sinciciotrofoblasto. Mola Hidatiforme É a placenta que apresenta aumento anormal das vilosidades com vilos coriônicos vesiculares acompanhados por proliferação trofoblástica. Os fatores de risco mais comuns associados à mola hidatiforme são: Antecedente de gestação molar prévia. 10 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Extremos de vida reprodutiva (adolescentes ou acima de 40 anos). MOLA COMPLETA A característica da mola completa é a proliferação exagerada e anormal do tecido trofoblástico, NÃO desenvolve embrião, membranas e cordão umbilical. Na imagem ultrassonográfica, as múltiplas vesículas são descritas com aspecto em “cachos de uva” ou “flocos de neve”. A principal característica histológica é a hiperplasia difusa do citotrofoblasto e do sinciciotrofoblasto. Há presença do marcador p57! Do ponto de vista genético, a mola completa origina-se por um ÓVULO “VAZIO” fecundado por espermatozoide 23X. Logo, observe que o material genético é exclusivamente PATERNO. MOLA PARCIAL OU INCOMPLETA Para o raciocínio da mola parcial ou incompleta, pense em “quase” uma gestação normal. Macroscopicamente, existe a proliferação anormal difusa ou parcial do tecido trofoblástico com formação de múltiplas vesículas e pode ser encontrado embrião com múltiplas malformações e restrição do crescimento fetal. Na mola parcial, o marcador p57KIP2 está presente devido a sua expressão pelo alelo materno. RISCO DE EVOLUÇÃO PARA NTG!!! A mola COMPLETA tem maior chance de progressão para a forma maligna (NTG) em 15 a 20% dos casos. Já a mola hidatiforme PARCIAL tem menos risco de evolução para neoplasia trofoblástica gestacional (em 5% dos casos). Quadro Clínico hCG MUITO ELEVADO! Valores acima de 200.000 mUI/Ml; Os níveis podem chegar até 1 milhão de mUI/Ml; SANGRAMENTO VAGINAL! É o sintoma + comum! Ocorre Ocorre por volta da 4ª a 16ª semana de gestação, é de coloração escura, indolor, geralmente de pequena quantidade. Pode haver concomitantemente, eliminação de vesículas por via vaginal (patognomônico da doença); HIPERÊMESE GRAVÍDICA! A presença de vômitos geralmente está presente; ÚTERO AUMENTADO PARA A IDADE GESTACIONAL: sinal encontrado em 41% dos casos; CISTOS TECALUTEÍNICOS: são cistos ovarianos BENIGNOS uni ou bilaterais, formados pela hiperestimulação ovariana, decorrentes dos altos títulos de hCG. OBS.: após esvaziamento uterino os cistos regridem espontaneamente. 11 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! HIPERTIREOIDISMO: todos os sinais, como taquicardia, tremores finos e extremidades quentes, intolerância ao calor, fraqueza muscular, sudorese e perda de peso, podem surgir nos casos de gestação molar avançada em 2% dos casos; DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO ANTES DE 20 SEMANAS: o grande volume uterino em crescimento faz o corpo entender que é necessário aumentar o fluxo sanguíneo para a região; ASPECTO ULTRASSONOGRÁFICO: O padrão ocorre como imagens em “cachos de uva” ou “flocos de neve”, com múltiplas áreas anecoicas entremeadas com ecos amorfos que correspondem às vesículas. Na mola hidatiforme parcial essa imagem pode estar ausente – mas há placenta espessada, hiperecoica com imagens císticas. Tratamento Deve-se internar a gestante logo ao diagnóstico e programar o esvaziamento molar. Para programação do esvaziamento molar, estabiliza-se a paciente clinicamente e solicitam- se exames laboratoriais (dosagem sérica do hCG, hemograma, coagulograma, função tireoidiana, tipagem sanguínea e radiografia de tórax). Esvaziamento Molar A ASPIRAÇÃO A VÁCUO é o tratamento de eleição por ser um procedimento de menor risco. Nas molas de menor volume, pode-se optar pela aspiração manual intrauterina (AMIU) e, para facilitar a aspiração de conteúdo molar em útero de maior volume, pode-se optar por aspiradores elétricos. A aspiração a vácuo pode ser completada por CURETAGEM com cureta romba ou fenestrada se opção do cirurgião. NÃO ESTÁ INDICADO o uso de MISOPROSTOL! O útero é dilatado com velas de Hegar e depois inicia-se a infusão de ocitocina. A histerectomia é reservada para mulheres com idade superior a 40 anos e prole constituída. Os ovários devem ser preservados, mesmo que na presença de cistos tecaluteínicos volumosos. OBS.: lembrar de avaliar a incompatibilidade Rh indicação de imunoglobulina anti-D a todas as pacientes RhD negativo que não foram sensibilizadas. . . . Após o tratamento . . . Qual o Seguimento Pós-Molar?!? Realizar: Dosagem β-hCG seriado SEMANAL até se tornar negativo; Negativou?!? Mensal por + 6 meses! Anticoncepção: oral, injetável, adesivo, implante. . . EXCETO: DIU ou SIU! OBS.: alguns serviços realizam a titulação do hCG a cada 15 dias e não semanalmente até ser indetectável (< 5 mUI/mL)! Após 3 dosagens semanais negativas, deve ser acompanhado mensalmente por mais 6 meses Quando suspeitar de evolução para NTG? Curva do hCG em platô (oscilação < 10% no título do hCG) por 3 semanas, em 4 valores; Curva do hCG em ascensão (>10%); Presença/Aparecimento de metástases; Diagnóstico histológico de NTG; Nível do hCG mantém-se elevado por >6 meses. 12 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Neoplasia Trofoblástica Gestacional É a forma maligna da doença trofoblástica gestacional. Antes de iniciar o tratamento da NTG, é necessário ESTADIAR a paciente para orientar o tratamento mais adequado por meio da quimioterapia por agente único ou pela poliquimioterapia. Segundo a FIGO O score ≤ 6 indica BAIXO RISCO, e a paciente é tratada com quimioterapia por agente único. Já o score de risco > 6 significa ALTO RISCO e grande risco de quimiorresistência. Nesse caso, está indicado tratamento com múltiplos agentes antineoplásicos. BAIXO RISCO: total de score até 6; ALTO RISCO: total de score ≥ 7; ULTRA-ALTO RISCO: total de escore ≥ 13. Principais focos de metástase? Pulmonar, cerebral, hepática e vaginal! Tratamento Tratamento da NTG de BAIXO RISCO: é indicado o tratamento por agente único, e a escolha é o METOTREXATO (MTX) ou também a opção do uso da actinomicina D (ACTD). Após o hCG tornar-se negativo, devem-se repetir mais 2 ciclos de quimioterapia para consolidação e diminuição das taxas de recidivas da doença. A histerectomia é uma alternativa como tratamento inicial para as pacientes com idade avançada (superior a 40 anos) e prole definida. Tratamento da NTG de ALTO RISCO: está indicado o tratamento com poliquimioterapia. O esquema de primeira linha é o chamado EMA-CO (etoposide, metotrexato, actinomicina D, ciclofosfamida e vincristina). As pacientes de alto risco tratadas com poliquimioterapia apresentaram taxa de sobrevida de 80%, e 30% apresentam resistência ou recidiva. . . . Após o tratamento . . . Qual o Seguimento Pós Neoplasia Trofoblástica Gestacional?!? Após hCG tornar-se negativo nas pacientes classificadas como baixo risco, deve-se seguir dosagem a cada 2 semanas por 3 meses e, após, mensalmente após completar 1 ano. Geralmente após 1 ano, o risco de recidiva é menor que 1%. 13 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Se pacientes forem de alto risco, deve ser indicado seguimento por 18 meses e, se de ultra- alto risco,por 5 anos após hCG negativo. Nesse período, é fundamental a orientação da ANTICONCEPÇÃO para o controle da remissão do hCG. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Referências Estratégia MED. Obstetrícia. Sangramento de Primeira Metade da Gestação. Curso Extensivo. 2022.
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