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Sustentabilidade eSustentabilidade e responsabilidade socialresponsabilidade social AUTORIA Rodrigo Gaspar de Almeida Bem vindo(a)! Olá, Prezado (a) Acadêmico (a)! Sou o Professor Rodrigo Gaspar de Almeida, possuo Mestrado em Ciências Contábeis com ênfase em Controladoria. Possuo artigos cientí�cos publicados na área contábil, especialmente sobre o tema Contabilidade Socioambiental. Atuo na docência do ensino superior e na Controladoria das organizações. Seja bem-vindo (a) a disciplina de Sustentabilidade e Responsabilidade Social. O intuito dessa disciplina é corroborar com a sua formação acadêmica, pro�ssional e pessoal, por meio da explanação de conceitos ligados à sustentabilidade e responsabilidade social como a função social das empresas, o compromisso social e a gestão empresarial. Ademais, esta disciplina busca apresentar modelos (indicadores) para avaliar ações de responsabilidade social e uma discussão sobre a gestão da responsabilidade social. Para tratar dos temas elencados, este material foi subdivido em 4 unidades, nos quais serão apresentadas perspectivas teóricas sobre o assunto, bem como exemplos das práticas organizacionais. As 4 unidades são interdependentes, assim, as 4 unidades precisam ser estudadas em sua totalidade para a compreensão do fenômeno abordado nesse livro didático. Na Unidade I, intitulada: “Contextualização Histórica e Construção da Base Conceitual”, você vislumbrará conceitos sobre Desenvolvimento e Sustentabilidade. Num próximo instante da Unidade I, serão analisadas perspectivas de novos modelos de desenvolvimento e tendências para a sustentabilidade no Estado e nas organizações empresariais. Prosseguindo, na Unidade II, cujo título é: Sustentabilidade Empresarial, será discorrido sobre o tema Sustentabilidade Empresarial, nessa perspectiva será apresentado o signi�cado de Sustentabilidade Empresarial e serão vistos outros conceitos relacionados ao desenvolvimento e sustentabilidade. A Unidade III versará sobre a Gestão Ambiental Empresarial, nesta perspectiva, os tópicos que serão abordados serão: abordagens e modelos de Gestão Ambiental Empresarial; Responsabilidade social corporativa (contexto teórico para a sua compreensão); e Histórico e abordagens sobre tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais. Por �m, na Unidade IV, denominada Fluxo para construção do modelo de gestão da sustentabilidade você estudará os seguintes conteúdos: A criação de visão voltada à sustentabilidade; Sistemas de Diagnóstico e Gestão; Códigos de Conduta; Os Indicadores de Sustentabilidade; a Auditoria; Os Relatórios de Sustentabilidade e os Balanços Sociais; e as Políticas ambientais no Brasil. Nosso intuito é que você aproveite o potencial dessa disciplina e que ela possa trazer grandes contribuições para a sua formação acadêmica, formação pro�ssional e para a sua vida pessoal. Bons Estudos! Sumário Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da unidade, assista ao vídeo de considerações �nais. Unidade 1 Contextualização histórica e construção da base conceitual Unidade 2 Sustentabilidade empresarial Unidade 3 Gestão ambiental empresarial Unidade 4 Fluxo para construção do modelo de gestão da sustentabilidade Contextualização histórica e construção da base conceitual AUTORIA Rodrigo Gaspar de Almeida Sumário Introdução 1 - Desenvolvimento e sustentabilidade 2 - Análises sobre perspectivas Considerações Finais Introdução Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a Unidade I, do material didático da disciplina de Sustentabilidade e Responsabilidade Social. O intuito da nossa primeira unidade é apresentar uma contextualização histórica e construir uma base conceitual para a Sustentabilidade e o Desenvolvimento Sustentável. A primeira Unidade deste material foi dividida em dois tópicos para facilitar a assimilação desses conhecimentos: 1 Desenvolvimento e Sustentabilidade e 2 Análises sobre perspectivas de novos modelos de desenvolvimento e tendências para a sustentabilidade no estado e nas organizações empresariais. No primeiro momento, serão apresentadas perspectivas teóricas sobre desenvolvimento econômico, desenvolvimento sustentável e as interfaces entre esses dois assuntos. Ainda no primeiro tópico da Unidade I, serão apresentados conceitos e de�nições de Sustentabilidade. Prosseguindo na Unidade I, você analisará perspectivas de novos modelos de desenvolvimento e tendências para a sustentabilidade no estado e nas organizações empresariais. Portanto, serão relacionados exemplos de práticas do Estado e das organizações e será explicitado como estes agentes econômicos (Estados e Organizações) podem contribuir para a Sustentabilidade. Esperamos que você aprecie essa Unidade e que consiga desenvolver seus estudos com o melhor aproveitamento. Estes tópicos têm o potencial de contribuírem para a sua formação acadêmica, pro�ssional e até mesmo pessoal, visto que o tema Sustentabilidade afeta a todos nós, enquanto seres humanos habitantes deste Planeta. Bons Estudos! Plano de Estudo: 1. Desenvolvimento e Sustentabilidade. 2. Análises sobre perspectivas de novos modelos de desenvolvimento e tendências para a sustentabilidade no Estado e nas organizações empresariais. Objetivos de Aprendizagem: 1. Vislumbrar Conceitos sobre Desenvolvimento e Sustentabilidade. 2. Analisar perspectivas de novos modelos de desenvolvimento e tendências para a sustentabilidade no Estado e nas organizações empresariais. Desenvolvimento e sustentabilidade Os temas Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Corporativa estão em voga no Século XXI. Desta forma, o conhecimento destes conceitos oriundos da Ecologia e da Economia, torna-se oportuno para a sua formação superior acadêmica e pessoal. Além disso, a Sustentabilidade, o Desenvolvimento Sustentável e a Responsabilidade Social Corporativa provocam alterações no gerenciamento dos processos das organizações, nas tomadas de decisões, nos controles internos e na formulação de objetivos de curto, médio e longo prazo das organizações. Desse modo, quando você atuar pro�ssionalmente, poderá aplicar tais conhecimentos. Então, vamos compreender sobre a origem deste movimento mundial (ELKINGTON, 2012; VEIGA, 2010). Até a Revolução Industrial, a grande maioria da população habitava a zona rural. Após a Revolução Industrial, que propiciou a criação de fábricas e máquinas a vapor, houve a necessidade de trabalhadores nas novas indústrias (isto é, mão de obra), começou o êxodo urbano, assim, as pessoas que moravam no campo se mudaram para as cidades. Este �uxo populacional provocou alterações na demanda por alimentos (aumentou-se o consumo de alimentos nos grandes centros urbanos) e na demanda por serviços (habitação, saúde, educação, segurança, etc.) (RADOMSKY; PEÑAFIEL, 2013; ELKINGTON, 2012). Ainda na fase Industrial o homem passou a efetuar a combustão de combustíveis fósseis para produção de bens de consumo por meio de máquinas a vapor, ou seja, o homem passou a consumir recursos naturais não renováveis. Salienta-se que nesse período da história da humanidade, o Homem acreditava que os recursos naturais fossem in�nitos, isto é, nunca iriam se esgotar. Desse modo, não havia preocupação com questões ecológicas e de preservação ambientais, haja vista a abundância destes recursos (RADOMSKY; PEÑAFIEL, 2013; ELKINGTON, 2012). Ademais, até o término da 1ª Guerra Mundial, o paradigma dominante era que o Desenvolvimento de uma sociedade ou de uma nação era mensurado pela riqueza produzida. Assim, o objetivo de uma sociedade ou nação, era maximizar, na maior extensão possível os recursos �nanceiros, mesmo que isso signi�casse desmatamento ou esgotamento dos recursos naturais. Portanto, a única preocupação era obter Dinheiro (RADOMSKY; PEÑAFIEL, 2013; ELKINGTON, 2012). Juntamente com o grande avanço industrial, houve aumento das externalidades das organizações,que são os impactos sociais e ambientais causados pela produção como a poluição de rios e mananciais, poluição do ar devido gases emitidos pelas indústrias, degradação de solos, alterações de paisagens naturais, entre outros (RADOMSKY; PEÑAFIEL, 2013; ELKINGTON, 2012). Além das externalidades, outros fatores que impulsionaram o surgimento da Sustentabilidade e do Desenvolvimento Sustentável foram: os avanços tecnológicos, as melhorias no saneamento básico e o progresso da área da medicina, que culminaram no aumento da expectativa de vida da população. Com o aumento da expectativa de vida da população, aumenta-se o consumo de recursos naturais escassos, diminuindo assim, a disponibilidade destes recursos no futuro (RADOMSKY; PEÑAFIEL, 2013; ELKINGTON, 2012). Para ilustrar essa a�rmação sobre o crescimento populacional mundial, na Figura 01 está relacionada a projeção da população mundial dos anos de 1950 até 2100 apresentada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no documento “World Population Prospects 2019”. Ressalta-se que tais resultados são projetados estatisticamente com intervalo de con�ança de 95% (ONU, 2019). Figura 01: Projeção do crescimento da população mundial. 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 -0.5 14 12 95% population prediction intervalsProjection 10 8 6 4 2 0 2090207020502030 Year A ve ra ge a nn ua l r at e of p op ul at io n gr ow th (p er ce nt ag e) Total population (bilions) 2010199019701950 Growth rate (left axis) Total population (right axis) Grá�co que ilustra a projeção do crescimento da população mundial. Conforme se observa na Figura 1, em 2020 espera-se que a população mundial passe para aproximadamente 8 bilhões de pessoas, e em 2100, espera-se ultrapassar 10 bilhões de pessoas (ONU, 2019). Você deve estar se perguntando, porque devo me preocupar, ou então, porque as organizações precisam se preocupar com esses dados? Ocorre que os recursos naturais (aqueles que vêm sendo utilizados incessantemente, desde a Revolução Industrial) não se regeneram na mesma proporção que a população mundial aumenta, assim, haverá um descompasso entre a quantidade demandada (quem quer comprar/adquirir) e a quantidade ofertada (quem vende), tornando o acesso a tais recursos mais oneroso e até mesmo sendo impossível propiciar acesso a toda população. O exemplo descrito acima sobre o consumo de alimentos foi um pouco trágico, mas não é uma realidade inimaginável, você pode adaptar para o consumo de água, consumo de minerais, en�m, nos diferentes tipos de recursos que são essenciais para a nossa vida. Em síntese, a junção dos fatores: preocupação com o consumo de recursos escassos, externalidades das atividades produtivas e crescimento populacional, impulsionaram o surgimento da sustentabilidade, desenvolvimento econômico e responsabilidade social corporativa. Agora, vamos conhecer um pouco dos marcos históricos que culminaram no surgimento da Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável. Quanto ao nascimento da conscientização socioambiental, ou seja, o surgimento da preocupação empresarial com o meio ambiente cita-se como marco histórico, o lançamento da obra Primavera Silenciosa, na década de 1960, quando Rachel Carson constatou que devido à externalidades da indústria química, o ser humano está em contato com produtos nocivos a saúde, do momento do seu nascimento, até a sua morte, haja vista que os resíduos tóxicos da indústria química estariam presentes na terra, água e ar. Surgiu, portanto, a necessidade da indústria química se posicionar perante a população e buscar medidas para diminuir as externalidades de sua atividade (ALMEIDA, NEUMANN; SANCHES, 2019; CARSON, 2010). NA PRÁTICA Exemplo Imagine que o estoque mundial de alimentos fosse 100 Kg (quilogramas), e que houvesse 100 pessoas no mundo inteiro, assim, cada pessoa consumiria 1 Kg. Agora imagine que o estoque de alimentos ainda permaneça em 100 Kg, mas a população passou para 200 pessoas, agora, cada pessoa iria consumir 0,5 Kg (o que equivale a metade da quantia per capita anterior). Considere que se uma pessoa consumir uma quantidade inferior a 1 Kg de alimentos, ela adoece e morre, dessa forma, quando a população passar para 200 pessoas, 50% da população não terá acesso à alimentos, isso poderia provocar a morte de 50% da população. Portanto, quando emergiram os movimentos de Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável, eles tinham um foco predominantemente ambientalista ou ecológico. O homem se preocupava com a preservação da natureza, a taxa de desmatamento das árvores, poluição de rios, mananciais, e diversos outros recursos naturais, mas não havia preocupação com aspectos sociais (por exemplo: redução da pobreza, da desigualdade social, da violência etc.) (ELKINGTON, 2012). Foi então que a Comissão de Brundtland, liderada por Gro Harlem Brundtland, emitiu em meados de 1986, o Relatório que iria incorporar questões sociais ao movimento de Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável, qual seja: Nosso Futuro Comum (Our Common Future) (World Commission on Environment and Development [WCED], 1986). Ressalta-se que além de incorporar questões sociais aos problemas ambientais, o Relatório de Brundtland, incluiu o imperativo da preservação do Planeta para que as gerações futuras possam ter a capacidade de satisfazer a necessidade delas. O conceito de Desenvolvimento Sustentável apresentado pela Comissão de Brundtland é: o Desenvolvimento Sustentável ocorre quando a geração atual é capaz de satisfazer as suas necessidades sem comprometer a necessidade das gerações futuras satisfazerem a necessidade delas (ALMEIDA, NEUMANN; SANCHES, 2019; WCED, 1986). Com relação aos modelos de indicadores para mensurar o desempenho socioambiental das organizações, deve-se destacar na década de 1990 a criação do Triple Bottom Line (TBL), por John Elkington. O TBL corresponde ao tripé: econômico, social e ambiental, outrossim, os três pilares devem ser gerenciados concomitantemente, de modo que a maximização de um pilar, causa diminuição nos outros 2 pilares (ALMEIDA, NEUMANN; SANCHES, 2019; ELKINGTON, 2012). ATENÇÃO Outro marco da história da Sustentabilidade e do Desenvolvimento Sustentável ocorreu na década de 1970, quando o Clube de Roma emitiu o documento: Limites do Crescimento (The Limits to Growth). Trata-se de um estudo que concluiu que a população mundial (inclusive as organizações), precisava ter um crescimento zero, ou seja, se o homem continuasse explorando a natureza para satisfazer suas necessidades e a população continuasse a crescer, o mundo entraria em colapso e os recursos naturais iriam se esgotar causando pobreza e fome (ALMEIDA, NEUMANN; SANCHES, 2019; MEADOWS et al., 1972). Após esses momentos históricos, os conceitos de Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável foram disseminados e os países se comprometeram a tomar medidas para diminuir o seu impacto socioambiental. Foi então que no ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, ocorreu a Rio 1992, que se trata de uma Conferência Mundial organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), para tratar das questões ligadas ao Desenvolvimento Sustentável. Essa Conferência da ONU de 1992 também contou com a presença das organizações empresariais, as quais participaram da agenda do Desenvolvimento Sustentável (ALMEIDA, NEUMANN; SANCHES, 2019; ELKINGTON, 2012). Menciona-se que já ocorreram outras duas importantes Conferências da ONU após a Rio 92, quais sejam: a Rio+10 (2002) e a Rio+20 (2012). Em tais ocasiões fomentaram-se as discussões sobre o Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade. Ao longo desses anos, foram desenvolvidos indicadores para as organizações privadas e instituições governamentais evidenciarem informações sociais e ambientais. No próximo tópico serão abordados novos modelos de desenvolvimento e tendências para a sustentabilidade no estado e nas organizações empresariais. REFLITA “O Desenvolvimento Sustentável corresponde a desenvolver aspectos econômicos, ambientais e sociais,concomitantemente.” Fonte: ELKINGTON (2012). Análises sobre perspectivas Novos modelos de desenvolvimento e tendências para a sustentabilidade no estado e nas organizações empresariais. No tópico anterior, conhecemos marcos históricos sobre a Sustentabilidade e o Desenvolvimento Sustentável. Menciona-se, que antes da criação desses paradigmas, os economistas acreditavam que o Desenvolvimento consistia em acumular o maior montante possível de recursos �nanceiros, ou seja, pensava-se apenas em Desenvolver aspectos econômicos e a principal medida de “desenvolvimento” foi o Produto Interno Bruto (PIB). Mas, com o advento da conscientização socioambiental, isto é, o surgimento dos conceitos de Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável, notou-se que apenas o crescimento do PIB era incapaz de demonstrar bem-estar social (STIGLITZ; SEN; FITOUSSI, 2018). Nesse sentido, nesta seção, serão relacionados novos modelos de desenvolvimento e as tendências da sustentabilidade para as organizações privadas e os órgãos públicos. Elkington (2012) apontou 7 (sete) tendências para a sustentabilidade que afetarão as organizações no século XXI. O autor chama essas tendências de Sete Revoluções da Sustentabilidade (Quadro 01). Quadro 01: Sete Revoluções da Sustentabilidade Revolução Velho Paradigma Novo Paradigma Mercados Consentimento Competição Valores das organizações Rígidos Maleáveis Transparência Fechado Aberto Tecnologia do Ciclo de Vida Produto Função Parceiras Subversão Simbiose Tempo Amplitude Extensão Governança Corporativa Exclusivo Inclusivo Fonte: ELKINGTON (2012). Apesar de Elkington (2012) ter concebido essas ideias antes dos anos 2000, são tendências que ainda persistem até os dias atuais. A primeira revolução ocorrerá nos Mercados. O mercado �nanceiro apresenta tendência de ampliação da livre competição econômica, desta forma, ao invés de esperarem pela atuação dos governos, o próprio mercado irá de�nir padrões de sustentabilidade (ELKINGTON, 2012). Essa tendência pode ser observada nas bolsas de valores, as quais desenvolveram índices de sustentabilidade, por exemplo, na B3, tem- se o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), desde 2005, que se trata de uma carteira de organizações que possuem desempenho sustentável, ou seja, que além da esfera econômica buscam atuar nas questões sociais e ambientais (B3, 2019). Com relação aos Valores das organizações, menciona-se que a cada geração, há transformações nos valores dos cidadãos, assim, as organizações precisam rever seus valores e agir além da esfera econômica, ou seja, incluir valores sociais, ambientais e outros relativos aos Direitos Humanos para que os prováveis consumidores possam se identi�car com a marca. Segundo Elkington (2012), as organizações precisam entender que a busca pela maximização do valor econômico é crucial, mas que valores sociais, ambientais e até mesmo políticos, são necessários para a sobrevivência da organização. A Transparência das informações foi classi�cada como a terceira revolução. Destaca- se que os stakeholders estão cada vez mais interessados em conhecer as atividades da organização, como estão identi�cando as necessidades dos stakeholders, quais são os investimentos na organização, entre outros (ELKINGTON, 2012). Ainda sobre a Transparência, nota-se que os mercados �nanceiros, os investidores e instituições �nanceiras estão levando em consideração informações socioambientais na decisão de seus investimentos. Menciona-se que há órgãos e instituições internacionais que publicaram frameworks para que as organizações possam evidenciar seu impacto socioambiental. Global Reporting Initiative (GRI), que publicam os indicadores GRI, que são indicadores �nanceiros, sociais e ambientais (GRI, 2019). International Integrated Reporting Council (IIRC), o qual lançou o framework para elaboração do Relato Integrado (IIRC, 2019), que enfatiza o pensamento integrado e questões voltadas à sustentabilidade. Sobre a transparência das organizações públicas, enfatiza-se que há recomendações para que estas instituições divulguem para a população (stakeholders) quais ações estão desenvolvendo no âmbito social, ambiental e econômico. Um exemplo desse enfoque em questões socioambientais é a publicação da Rio+20, The Future We Want. A Quarta revolução proposta por Elkington (2012) engloba as tecnologias do ciclo de vida. O Ciclo de vida de um produto compreende todo o seu processo produtivo, mas, não se restringe ao mesmo, pois, abarca ainda as atividades que envolvem as etapas de pré-fabricação e de pós-fabricação (ELKINGTON, 2012). Os autores Porter e Kramer (2006) discorreram que uma organização sustentável precisa atuar de maneira responsável em toda a sua cadeia de valor, pois, poderá identi�car meios para obter vantagem competitiva e criar valor aos seus stakeholders. Dessa forma, tais autores corroboram para a perspectiva de Elkington (2012). As Parcerias são consideradas a 5ª Revolução da Sustentabilidade. Conforme enfatizado por Elkington (2012), as organizações que antes eram concorrentes, passarão a cooptar, ou seja, a realizarem parcerias “ganha-ganha”. Além de efetuarem parcerias com outras organizações, é possível �rmar parcerias com Organizações Não NA PRÁTICA Para que você possa compreender o conceito de ciclo de vida de um produto, bem como entenda os impactos que o produto pode causar nas diversas fases produtivas, vamos considerar na fabricação de um veículo. Antes – A fase inicial do ciclo de vida de um veículo que será montado na fábrica (ou montadora) corresponde à etapa na qual ocorre a produção dos pneus e à fabricantes de outros componentes do veículo. Você pode considerar ainda, os funcionários que extraíram a matéria-prima para fabricação do pneu, os processos que desenvolveram a tinta que irá ser utilizada na pintura do veículo, os fabricantes dos bancos, entre outros. Nesse momento, já temos o impacto positivo, que é gerar empregos e criar valor ao município no qual a fábrica está instalada e criação de valor para os fornecedores de insumos (inclusive para os funcionários dessa organização). Durante - Na produção têm-se a aplicação dos custos, consumo da mão de obra, custos com armazenamento e os resíduos sólidos do processo de fabricação. Têm-se também nessa etapa as externalidades causadas como a poluição do ar com a fumaça, emissão de sons que causam poluição sonora e poluição ambiental, se ocorrer disposição incorreta dos resíduos sólidos. Depois – A organização também é responsável pelo correto descarte do produto, ou então, pela correta destinação dos materiais que podem poluir o meio ambiente. Por �m, há ainda a preocupação com a emissão de gases de efeito estufa que podem corroborar para o aquecimento global. Além dos impactos sociais que a organização pode causar na comunidade, nos fornecedores, entre outros stakeholders. Governamentais (ONGs), Instituições Filantrópicas, entre outros tipos de organizações. Nada obstante, podem realizar projetos em conjunto com a comunidade em torno da organização (ELKINGTON, 2012). A Sexta Revolução da Sustentabilidade é Tempo. Devido aos avanços tecnológicos, principalmente, da internet, as notícias e fatos são disseminados pelo mundo em questão de horas, no máximo, em 1 dia. Este é o re�exo da Globalização, a qual eliminou a barreira da distância (ELKINGTON, 2012). Imaginemos que ocorreu um derramamento de óleo em um mar ou oceano, em questão de minutos ou horas, esta tragédia já se alastrou pelo mundo inteiro. Agora, vamos imaginar que a sua organização vendeu um produto com vícios ou defeito para seu cliente. Uma das possíveis atitudes do seu cliente é gravar um vídeo e enviar para um site ou mídia social o seu produto com defeitos. O efeito desse ato, é que em poucas horas, toda a reputação organizacional construída ao longo de anos é questionada, podendo ocasionar baixas nas vendas do período, por exemplo (ELKINGTON, 2012). A última revolução da Sustentabilidade apontada por Elkington (2012) diz respeito à GovernançaCorporativa. Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2015), a Governança Corporativa é o sistema pelo qual uma organização é dirigida, controlada e incentivada, incluindo o relacionamento da organização com os seus stakeholders. Sabendo que as questões envolvendo a sustentabilidade afetam a estratégia da organização, torna-se necessário desenvolver mecanismos para identi�car tais aspectos e gerenciá-los de modo a criar valor aos stakeholders. Desta forma, os Chief Executive Of�cer (CEOs) e demais agentes de governança corporativa precisam incluir, nas Estratégias, questões relativas a aspectos sociais e ambientais para demonstrar aos stakeholders como tratam essas questões no âmbito da Governança Corporativa (ELKINGTON, 2012; IBGC, 2015). NA PRÁTICA Ainda, a Revolução do Tempo, considere que você tem um restaurante, e vendeu uma marmita para um cliente no horário do almoço. Imagine ainda que por uma infelicidade, o cliente encontrou uma mosca dentro da marmita dele. Se o cliente gravar um vídeo e publicar em uma rede social, pode ser que no jantar, nenhum cliente apareça no seu restaurante, talvez, pode ser a ruína do seu empreendimento (dependendo da maneira que a notícia foi divulgada). Por exemplo, novas legislações podem demandar adequações de estrutura física, ou seja, podem consumir os recursos �nanceiros que seriam distribuídos aos acionistas. Outro exemplo, é que os fatores socioambientais podem representar riscos para a gestão das organizações como as mudanças climáticas, crises �nanceiras, escassez de recursos minerais (pode tornar mais caro o acesso à matéria-prima), etc. Ademais, a Governança Corporativa prescreve que as organizações sejam transparentes e prestem contas das suas ações com os stakeholders. Ressalta-se que a transparência é inexorável em relação à Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável (IBGC, 2015; ELKINGTON, 2012). Outra tendência, que envolve os temas Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável é o lançamento da Agenda 2015-2030 pela ONU, que abarca os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas relativas aos mesmos (Figura 2). Trata-se de uma iniciativa de âmbito global, mas que prescreve uma atuação local dos agentes, pois, conforme preconizou a ONU (2019a), resolvendo os problemas locais há maiores chances de resolver os problemas globais. Os 17 ODS da ONU (2019a) são: 1. Erradicação da Pobreza. Figura 2: Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Fonte: ONU (2019a). 2. Fome Zero e Agricultura Sustentável. 3. Saúde e Bem-estar. 4. Educação de Qualidade. 5. Igualdade de Gênero. 6. Água potável e saneamento. 7. Energia acessível e limpa. 8. Trabalho decente e crescimento econômico. 9. Indústria, Inovação e Infraestrutura. 10. Redução das Desigualdades. 11. Cidades e Comunidades Sustentáveis. 12. Consumo e Produção Responsáveis. 13. Ação contra a mudança global do clima. 14. Vida na água. 15. Vida terrestre. 16. Paz, justiça e instituições e�cazes. 17. Parcerias e meios de implementação. Ressalta-se que as organizações estão desenvolvendo indicadores e métricas para demonstrar sua contribuição com os ODS. O Brasil é um dos países que mais contribuem em relação a indicadores e outras informações relativas aos ODS. Como você pode notar, o tema Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade estão no mainstream da ONU e das organizações empresariais, e cada vez mais, estamos descobrindo os impactos desses conceitos sobre a realidade organizacional e sobre o nosso próprio cotidiano. SAIBA MAIS A CONFERÊNCIA MUNDIAL DA ONU: RIO + 20. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, foi realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes. A Conferência teve dois temas principais: A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. O resultado da RIO+20 foi um documento intitulado: The Future we want (O Futuro que nós queremos). ACESSAR http://www.rio20.gov.br/sala_de_imprensa/noticias-internacionais/the-future-we-want.html Livro Filme Web Sustentabilidade empresarial AUTORIA Rodrigo Gaspar de Almeida Sumário Introdução 1 - Sustentabilidade empresarial 2 - O signi�cado de sustentabilidade empresarial e outras ideias 3 - Conceitos relacionados a desenvolvimento e sustentabilidade Considerações Finais Introdução Prezado (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a Unidade II, do material didático da disciplina de Sustentabilidade e Responsabilidade Social. A �nalidade da segunda unidade é apresentar o tema Sustentabilidade Empresarial. A segunda Unidade deste material foi dividida em três tópicos para facilitar a assimilação desses conhecimentos: Sustentabilidade Empresarial (1), o Signi�cado de Sustentabilidade Empresarial e outras ideias (2) e Conceitos relacionados a desenvolvimento e sustentabilidade (3). No primeiro instante, será discorrido sobre Sustentabilidade Empresarial. Desta forma, serão apresentados exemplos de práticas de sustentabilidade empresarial, bem como fatores favoráveis e desfavoráveis da Sustentabilidade. Prosseguindo, você compreenderá o signi�cado de Sustentabilidade Empresarial e outras ideias relacionadas a este termo. Portanto, serão relacionados perspectivas teóricas e novos conceitos sobre esse assunto, que levarão você a compreender este tema tão importante da realidade organizacional. Por �m, ainda na Unidade II, serão apresentados outros conceitos que são relacionados (ou que são in�uenciados) pela Sustentabilidade Empresarial e que também são utilizados na realidade organizacional. Desejamos bons estudos desta Unidade do livro. Salientamos que estes tópicos têm o potencial de contribuir para a sua formação acadêmica, pro�ssional e até mesmo pessoal, visto que o tema Sustentabilidade afeta a todos nós. Bons Estudos! Plano de Estudo: 1. Discorrer sobre a Sustentabilidade Empresarial. 2. Compreender o Signi�cado de Sustentabilidade Empresarial e outras ideias. 3. Apresentar conceitos relacionados a desenvolvimento e sustentabilidade. Objetivos de Aprendizagem: 1. Sustentabilidade Empresarial. 2. O Signi�cado de Sustentabilidade Empresarial e outras ideias. 3. Conceitos relacionados a desenvolvimento e sustentabilidade. Sustentabilidade empresarial Vamos iniciar a segunda unidade deste material, cujo objetivo é discorrer sobre o tema Sustentabilidade Empresarial. Dessa forma, inicialmente, apresentaremos alguns conceitos de pesquisadores e autores desta área, que serão relevantes para compreensão deste assunto. Conforme discorrido por Boff (2016), o termo Sustentabilidade Empresarial ou o adjetivo Sustentável está entre os conceitos mais utilizados pelas organizações públicas ou privadas nos seus meios de comunicação. Muitas vezes, com a intenção de agregar valor a tais produtos ou de minimizar os impactos negativos de seus produtos (BOOF, 2016). O autor de�niu Sustentabilidade como o conjunto de processos ou ações que se destinam a manter a integridade da Mãe Terra. Em outras palavras, as organizações precisam realizar suas atividades de modo que ao �nal sejam mantidos ou preservados os estoques de recursos naturais dos ecossistemas (químicos, físicos e ecológicos) para que haja a continuidade da espécie humana e o atendimento de necessidades das gerações atuais e futuras. Deste modo, Sustentabilidade envolve questões que vão além do desenvolvimento econômico como: pessoas, comunidades, cultura, política, ecossistemas, planejamento urbano e principalmente para preservação da Terra (BOFF, 2016). Os autores Gassenferth et al. (2015) denotaram que a Sustentabilidade Empresarial, precisa ser maisdo que uma consciência organizacional. Torna-se necessário que a Sustentabilidade se torne um “Valor” para organização. A noção de Valor, em detrimento à Consciência, signi�ca que a Diretoria e os altos gerentes das organizações precisam compreender as questões relacionadas à Sustentabilidade e aplicá-las no cotidiano de suas tomadas de decisão. Lembrando que os valores guiam as estratégias organizacionais, assim, se a Sustentabilidade se tornar um valor aos gestores, poderia ser incorporada à gestão da organização (GASSENFERTH et al., 2015) Outra de�nição de Sustentabilidade Empresarial foi apresentada por Barbosa e Lopes (2018), os quais enfatizaram que uma organização sustentável não é aquela que planta árvores, apaga as luzes, fecha a torneira ou separa o lixo (com certeza, essas atitudes estão presentes em uma organização sustentável). A Sustentabilidade Empresarial (ou agir de modo sustentável) compreende o conhecimento estruturado de todos os impactos que as atividades da organização podem causar, sendo positivos ou negativos, e que podem estar associados a questões sociais, ambientais ou econômicas (BARBOSA; LOPES, 2018). Freitas e Freitas (2016) a�rmaram que a Sustentabilidade Empresarial pode ser tida como um eixo-motor de projetos que estão sendo desenvolvidos atualmente, em especial, projetos ligados a questões socioeconômicas e culturais. Entretanto, os mencionados autores denotaram que o entendimento sobre a Sustentabilidade nas organizações é difusa e �uida, dado que se encontra em processo de construção e legitimação técnica. As principais conjecturas incorporadas à Sustentabilidade Empresarial são: Por sua vez, os principais problemas mundiais, os quais afetam todos os cidadãos de todos os países, na visão de Freitas e Freitas (2016) são: A Sustentabilidade Empresarial demandará uma atuação coordenada de todos os agentes, ou seja, não só das organizações (ou empresas), visto que são problemas estruturais complexos e precisam de soluções locais e globais. No próximo tópico será abordado sobre conceitos relativos à Sustentabilidade Empresarial. Combate à miséria e fome. Inclusão social. Exaustão acentuada da natureza. Geração de Emprego e Renda. Melhoria da Qualidade de vida. Preservação da natureza. Preservação da cultura. Educação da História e Geogra�a. Globalização. Direitos Humanos e sentimento de humanidade. Valoração de projetos socioambientais. Valoração dos Impactos socioambientais. Tecnologia Nuclear (pode ocasionar con�itos/guerras). Poluição rural e urbana. Chuvas ácidas e efeito estufa. Inadequada utilização de águas, solos e atmosfera. Aquecimento Global. REFLITA Atualmente, no mundo inteiro, estima-se que mais de 800 milhões de pessoas estão com fome ou estão desnutridos. Fonte: World Resources Institute, 2019. O signi�cado de sustentabilidade empresarial e outras ideias Conforme foi enfatizado nos tópicos anteriores, a necessidade de adotar práticas de consumo sustentáveis recaiu sobre a população civil, as grandes corporações e as instituições públicas. Nesta perspectiva, emergiu o conceito de Sustentabilidade Empresarial, o qual se refere às práticas realizadas pelas organizações ou empresas no âmbito econômico, social, ambiental, cultural, entre outros, ou seja, no âmbito da Sustentabilidade. Neste tópico, nós iremos apresentar os principais conceitos relacionados a Sustentabilidade Empresarial, seguidos dos respectivos exemplos. Tais conceitos contribuirão para a sua aprendizagem, com sua formação sociocultural e têm o potencial de contribuir com a sua formação pro�ssional, uma vez que você poderá utilizar esses conceitos no âmbito organizacional quando estiver atuando. Conforme Philippi Junior e Fernandes (2017) são exemplos de conceitos (ou práticas) relacionados à Sustentabilidade Empresarial: Avaliação do Ciclo de Vida. Cadeia de Suprimentos Verde. Logística Reversa. Produção + Limpa e produção Enxuta. Os autores Freitas e Freitas (2016), relacionaram outras práticas que são imbricadas à sustentabilidade empresarial: Selo verde. Certi�cação ambiental Nos próximos subtópicos, será abordado sobre cada conceito. Avaliação do Ciclo de Vida A Avaliação de Ciclo de Vida é uma técnica empregada para avaliar o desempenho ambiental de um produto no seu ciclo de fabricação (“do nascimento a morte”). Inclui a identi�cação e mensuração da energia, matéria-prima, água, solo e ar, os quais são aplicados na (i) produção, (ii) a utilização e (iii) disposição �nal (QUEIROZ; GARCIA, 2010). No âmbito brasileiro, a Associação Brasileira de Normas Técnicas [ABNT] (online 1), emitiu 2 normas especí�cas para guiar as organizações na avaliação do ciclo de vida dos produtos, são elas: NBR ISO 14040:2009 – Esta norma foi lançada em 2009, e foi atualizada no ano de 2014. Tem o objetivo de descrever os princípios e a estrutura de uma avaliação de ciclo de vida (ACV). NBR ISO 14044:2009 – Esta norma foi lançada em 2009, e foi atualizada no ano de 2014. Complementa a norma 14040. Um detalhe é que essa norma tem acesso gratuito. O foco dessa norma é a mensuração dos impactos identi�cados na avaliação do ciclo de vida. Na Figura 1, consta um modelo de avaliação de ciclo de vida, o qual foi retirado da norma NBR ISO 14040:2009 (atualizada em 2014) (ABNT, online): ATENÇÃO Ressalta-se que a Avaliação do Ciclo de Vida também tem o intuído de avaliar o impacto ambiental associado ao uso dos recursos naturais (energia e materiais) e emissões de poluentes. A aplicação dessa ferramenta propicia a identi�cação de oportunidades para melhorar o sistema de forma a aperfeiçoar o desempenho ambiental do produto (QUEIROZ; GARCIA, 2010). Figura 1: Etapas de Avaliação de Ciclo de Vida Fonte: ABNT (online 1). Perceba, na Figura 1, que a Análise do Ciclo de Vida pode ser aplicada para os produtos, mas, também pode colaborar para o desenvolvimento do planejamento da organização, políticas públicas, gestão de projetos, etc. Cadeia de Suprimentos Verde A Cadeia de Suprimentos verde pode ser entendida como um conjunto de, no mínimo, três entidades envolvidas nos �uxos ascendentes e descendentes de produto. Abarca desde o projeto do produto, a origem da matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor, inclusive a disposição pós-uso do produto (SILVA, et al. 2018). A cadeia de suprimentos verde, ou Green Supply Chain, pode ser entendida como a integração das atividades relacionadas ao �uxo e à transformação de bens, desde a extração de suas matérias-primas até o usuário �nal. Trata-se de uma forma de exigir que todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva se adequarem às questões de Sustentabilidade (ALVES; NASCIMENTO, 2014). Por exemplo, imagine uma multinacional que opera no setor de processamento de alimentos, e obtenha sua matéria-prima de pequenos fornecedores locais de matéria- prima. Caso a multinacional exija adequações socioambientais como pré-requisito para adquirir matéria-prima, provavelmente, estes pequenos fornecedores incorporarão práticas socioambientais e contribuirão para o Desenvolvimento Sustentável. A multinacional pode exigir também dos fornecedores certi�cação socioambiental para continuar se relacionando com os mesmos. Logística Reversa A Logística Reversa é uma das especializações da Logística Empresarial que planeja, opera e controla o �uxo, e as informações logísticas correspondentes. Envolve o retorno dos bens de pós-venda e de pós - consumo ao ciclo de negócios, por meio dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-lhes valor (LEITE, 2002). @freepik Logística Reversa diz respeito ao �uxo de materiais que voltam à organização por algum motivo como devoluções de clientes, retorno de embalagens, retorno de produtos ou materiais para atender à legislação. Menciona-se que é uma área que normalmente não envolve lucro (ao contrário, apenas custos), muitas empresas não lhe dão a mesma atenção que ao �uxo de saída normal de produtos (DAHER; SILVA; FONSECA, 2006). As Receitas podem obtidas pela venda desses materiaisque foram reenviados à organização, como sucata ou pela venda das peças (ou componentes) individuais. Ocorre que existem legislações que forçam as organizações a se responsabilizarem pelo correto descarte dos seus produtos, como a Política Nacional do Resíduos Sólidos, no Brasil, implementada pela Lei 12.305/2010 (BRASIL, 2010). Produção + Limpa e Produção Enxuta O conceito de Produção + Limpa corresponde a diminuir o impacto do processo produtivo por meio de ferramentas de gestão ambiental dos processos produtivos das organizações, que se preocupam com as saídas dos processos (resíduos, emissões, e�uentes) e têm caráter preventivo (PEREIRA; OLIVEIRA, 2017; VAZ et al., 2012). A utilização de mecanismos de Produção + Limpa visam aumento da produtividade e e�ciência; a competitividade; a saúde e segurança no trabalho; o cuidado com a imagem da organização junto aos stakeholders; a educação ambiental; diminuir os gastos com multas e penalidades previstas na legislação; o consumo de matéria, água e energia; a matéria-prima e outros insumos nocivos para o meio ambiente (PEREIRA; OLIVEIRA, 2017; VAZ et al., 2012). Quando uma empresa decide por ações de produção mais limpa ela opta por menos degradação ambiental, por conta dos cuidados em todo o processo produtivo. Como o foco é no processo produtivo, há a necessidade do entendimento de como as matérias-primas são empregadas e como são gerados resíduos, emissões ou e�uentes (PEREIRA; OLIVEIRA, 2017; VAZ et al., 2012). Outro conceito relacionado à Sustentabilidade é o da Produção Enxuta que trata dos desperdícios e de um nível de produção “ótimo”, que pode ser tido como aquele que não visa aumentar a produção para reduzir os custos unitários mas sim produzir o necessário para atender a demanda existente. Podem ser mencionados ao menos, 7 tipos de desperdícios que a produção enxuta visa erradicar: As técnicas que foram desenvolvidas no âmbito da Produção Enxuta são: Racionalização da Força de Trabalho, Just in time e produção �exível. Tais técnicas são famosas por terem sido aplicadas na organização japonesa Toyota. A Racionalização da Força de Trabalho, consiste em separar os colaboradores em equipes e deixar uma pessoa responsável pela execução (gerente), eles deveriam otimizar os processos e sempre buscar uma maneira de desenvolver melhor a atividade (melhoria contínua). A gestão de estoques Just in Time visa erradicar os custos de estoques, dessa forma, Desperdício da superprodução; Desperdício da espera (perecidade dos produtos, por exemplo); Desperdício do transporte; Desperdício do processamento; Desperdício do inventário; Desperdício da movimentação; Desperdício de produtos defeituosos. busca-se ter o menor nível possível de estoques. Por �m, a produção �exível equivale a produzir somente a quantidade que for demandada pelos clientes e não produzir para estocar ou para baixar o custo unitário (VAZ et al., 2012). Selo verde e Certi�cação ambiental De acordo com Bufoni, Muniz e Ferreira (2009), a certi�cação ambiental ou o selo verde, não são práticas regulamentadas nem obrigatórias. Ressalta-se que a divulgação de demonstrativos socioambientais pelas organizações brasileiras, bem como a certi�cação con�gura-se como poderoso mecanismo de educação, de controle e de informação ao consumidor (BUFONI; MUNIZ; FERREIRA, 2009). Ademais, uma organização que possui 1 selo verde ou certi�cação ambiental sinaliza aos stakeholders que têm preocupações com a qualidade de suas informações e com a transparência de suas ações. Outro motivo que pode levar as organizações a buscarem tais selos ou certi�cações, é a preocupação em constituir um Capital Reputacional perante a sociedade (BUFONI; MUNIZ; FERREIRA, 2009). No próximo tópico desta unidade, serão dispostos outros conceitos relacionados ao desenvolvimento e sustentabilidade, porém, o foco será mais no âmbito das organizações públicas e dos governos. NA PRÁTICA Um exemplo de certi�cação são as aplicações da Norma ISO/ABNT e o Certi�cado de Empresa Cidadã, promovido há mais de 17 anos pelo Conselho Regional de Contabilidade (CRC) do Rio de Janeiro. Conceitos relacionados a desenvolvimento e sustentabilidade Caro(a) aluno(a), neste tópico você terá acesso a conhecimentos que estão relacionados a sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável, mas que possuem maior aplicabilidade no setor público. Mas, isso não quer dizer que as organizações não podem aplicá-los. Na verdade, espera-se uma atuação conjunta das organizações com �ns lucrativos e das organizações públicas no âmbito da sustentabilidade (lembre-se dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável que vimos na Unidade anterior). Os conceitos que você conhecerá após a leitura desse tópico são: Desigualdade Racial; Desigualdade de Renda; Economia de Baixo Carbono; Políticas Públicas Sustentáveis e Acessibilidade; Desigualdade Racial Em pleno século XXI, ainda nos deparamos com notícias nas mídias sociais que revelam atos de racismo ou preconceito racial. Conforme Campante, Crespo e Leite (2004), a discriminação racial não ocorre somente nas relações de trabalho, mas ocorre antes mesmo que o “discriminado” consiga ter acesso ao trabalho. Outro fator que demonstra que a desigualdade racial interfere na vida dos grupos desfavorecidos é que os negros geralmente possuem salários menores que os brancos (exceto quando trata-se de cargos públicos, onde as 2 raças têm o mesmo salário). Na Constituição Federal da República Federativa do Brasil, de 1988, é assegurando que todos devem ser tratados de maneira equânime ou igual. No artigo 5º, por exemplo, têm-se o imperativo que todos são iguais perante a Lei, sem distinção. Neste trecho “sem distinção”, signi�ca que não podem ocorrer situações de discriminação, exclusão racial, preconceito, entre outras correlacionadas (BRASIL, 1988). As organizações também podem contribuir com o combate a desigualdade racial. Para tanto, basta manter uma diversidade racial na sua força de trabalho e principalmente, dar cargos de liderança às raças que têm maior vulnerabilidade. Desigualdade De Renda O Capitalismo, a busca pela maximização da riqueza e a ganância do ser humano são causadores de um dos maiores problemas sociais enfrentados no século XXI, qual seja, a má distribuição de renda. Chiodini e Amarante (2018) enfatizaram que existe um indicador utilizado para mensurar a desigualdade de renda, qual seja, o Índice de Gini (ou Coe�ciente de Gini). Tal indicador, compara a riqueza dos 20% mais ricos com a riqueza dos 20% mais pobres e mensura tal diferença em um número entre 1 e 100 (Índice de Gini) ou em um número de 0 a 1 (coe�ciente de Gini), quanto mais próximo de 100, ou então de 1, maior a desigualdade da renda, e quanto mais próximo de 0, há maior igualdade na renda. NA PRÁTICA Um exemplo de política pública para diminuir os efeitos da discriminação racial são as cotas voltadas para negros em concursos vestibulares, concursos públicos, entre outros. O objetivo destes atos é tentar igualar as condições de competição entre os grupos considerados desfavorecidos e os brancos. NA PRÁTICA Em termos práticos, imagine 2 municípios: A e B. O município A apurou um índice de Gini de 80% (quociente de 0,8), já o município B apurou um índice de Gini de 30% (quociente de 0,3). Desta forma, a desigualdade de renda é mais acentuada no município A (resultado próximo de 1), por sua vez, no Município B, as rendas são mais igualitárias (resultado mais próximo de zero). Economia de baixo carbono A Economia de Baixo Carbono pode ser entendida como um movimento socioambiental que visa combater o aquecimento global por meio da redução da emissão de gases de efeito estufa nos processos produtivo e logístico (RIBEIRO; JABBOUR, 2017). Com a industrialização e as novas tecnologias, intensi�cou-se a exploração animal e vegetal pelo ser humano, de modo que a quantidade excessiva de poluentes e gases da atmosfera aumentou 1,8 vezes nos últimos anos. Diante dessa realidade, as maiores potências mundiaisse reuniram para celebrar o Acordo de Paris para redução da emissão de gases de efeito estufa, com vistas a impedir o aumento da temperatura do Planeta. Esta nova realidade afetou também as instituições �nanceiras, as quais já estão priorizando investimentos que causam pouca emissão de gases poluentes ou aquelas organizações que já se adequaram (infra-estrutura) e buscam reduzir suas emissões de gases poluentes. Políticas Públicas e Acessibilidade Uma política pública é um conjunto de ações desenvolvidas pelo ente público, seja na esfera municipal, estadual ou federal. É desenvolvida com base nas percepções das necessidades dos cidadãos. Quando tais entes governamentais atuam sobre a égide da Sustentabilidade, precisam alinhar a essas políticas fatores sociais e ambientais, uma vez que os mesmos têm capacidade de promover o bem-estar dos cidadãos. Outro fator que precisa ser considerado pelos governantes, é promover a acessibilidade aos cidadãos. Conforme o Ministério da Saúde do Brasil (online 1), a acessibilidade consiste em incluir a pessoa com de�ciência na participação de atividades como o uso de produtos, serviços e informações. Alguns exemplos são os prédios com rampas de acesso para cadeira de rodas e banheiros adaptados para de�cientes. Mais exemplos de acessibilidade, é construir banheiros adaptados para os portadores de de�ciência, elaborar manuais codi�cados em braile para cegos, disponibilizar vídeos com tradutores de libras ou legendas. Prezado(a) aluno(a) chegamos ao término de mais unidade de estudos, esperamos que tenham compreendido os tópicos abordados. Em seguida serão dispostas as considerações �nais desta Unidade. SAIBA MAIS A Constituição da República Federativa do Brasil foi publicada em 1988, 2 anos após a concepção do conceito de Desenvolvimento Sustentável (1986). Tal fato re�etiu no texto da Carta Magna brasileira, dessa forma é possível visualizar em alguns artigos da Constituição a inclusão de aspectos sociais e ambientais, juntamente com o imperativo do crescimento econômico. Fonte: BRASIL (1988). Livro Filme Web Gestão ambiental empresarial AUTORIA Rodrigo Gaspar de Almeida Sumário Introdução 1 - Abordagens e modelos de gestão ambiental empresarial 2 - Responsabilidade social corporativa (RSC) 3 - Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais Considerações Finais Introdução Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a Unidade III, do material didático da disciplina de Sustentabilidade e Responsabilidade Social. O intuito da nossa terceira unidade é discorrer sobre a Gestão Ambiental Empresarial. A terceira Unidade deste material foi dividida em três tópicos para facilitar a assimilação desses conhecimentos: 1 Abordagens e Modelos de Gestão Ambiental Empresarial e 2 Responsabilidade social corporativa (RSC) e o contexto teórico para a sua compreensão e prática e 3 Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais. No primeiro momento, serão apresentadas perspectivas teóricas sobre Modelos de Gestão Ambiental Empresarial. Assim, você compreenderá aspectos relativos ao planejamento das atividades, as consequências da poluição, descarte indevido dos resíduos sólidos, entre outras práticas que causam impactos ao meio ambiente e à sociedade. Prosseguindo na Unidade III, a ênfase será os conceitos sobre Responsabilidade social corporativa (RSC) e o contexto teórico para a sua compreensão e prática. Assim, discutiremos a evolução da Responsabilidade Social Corporativa e os tipos de RSC, quais sejam: responsabilidades econômicas, legais, éticas e �lantrópicas. Por �m, será Abordado sobre Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais. Serão dispostos mecanismos que visam reduzir o consumo de recursos naturais e a adoção de práticas que visam preservar a natureza e promover o bem- estar social. Ao término do estudo desta Unidade, esperamos que você consiga compreender a iminência das empresas e demais organizações aplicarem práticas de gestão ambiental empresarial e desenvolverem práticas de Responsabilidade Social Corporativa. Ressalta-se que os impactos negativos das atividades das organizações ao meio ambiente podem ser irreversíveis, assim como os impactos negativos na sociedade. Bons Estudos! Plano de Estudo: 1. Discorrer sobre as Abordagens e Modelos de Gestão Ambiental Empresarial. 2. Analisar conceitos sobre Responsabilidade social corporativa (RSC) e o contexto teórico para a sua compreensão e prática. 3. Abordar Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais. Objetivos de Aprendizagem: 1. Abordagens e Modelos de Gestão Ambiental Empresarial. 2. Responsabilidade social corporativa (RSC) e o contexto teórico para a sua compreensão e prática. 3. Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais. Abordagens e modelos de gestão ambiental empresarial Conforme vimos nas Unidades anteriores, a Sustentabilidade Empresarial ocasiona uma mudança na �loso�a empresarial, bem como nos processos organizacionais. Na Unidade III, vamos prosseguir analisando modelos de gestão ambiental e como eles podem contribuir para a Sustentabilidade. No passado (não muito distante) era comum algumas organizações defenderem a ideia de que as funções de responsabilidade socioambiental eram do governo. Atualmente, esse paradigma já se transformou e podemos notar iniciativas de que as organizações têm consciência que os recursos pertencem à coletividade e que precisam ser devolvidos em bom estado de uso e conservação (RIBEIRO, 2012). Elkington (2012) a�rmou que as organizações que atuam no âmbito da Sustentabilidade precisam buscar o “zero”: Defeito zero; Lixo (resíduos) zero; Poluição zero; Deslizes Éticos zero. Salienta-se que os stakeholders estão cada vez mais informados sobre o mundo corporativo e a tecnologia da informação faz com que as notícias se espalhem ao redor do mundo rapidamente. Desse modo, as organizações precisam desenvolver ações ecológicas. Uma ação ecológica empresarial representa um conjunto de tarefas correlatas e inter- relacionadas com uma �nalidade de proteção dos ecossistemas. Conforme Vellani e Ribeiro (2009), são exemplos de ações ecológicas: Programas que visam ao tratamento do efluente; A reciclagem de resíduos permitindo seu reuso ou sua venda; O aumento da e�ciência no uso de insumos; A obtenção de certi�cações; Educação ambiental; Preservação e recuperação dos ecossistemas. Além das ações supracitadas, têm-se os Programas Ambientais, que são constituídos e destinados à realização de determinado objetivo como a proteção do meio ambiente e podem atuar sobre os resíduos emitidos pela própria empresa durante o processamento de seus produtos e serviços ou sobre outros elementos (VELLANI; RIBEIRO, 2009). Considerando que as organizações têm em gastos para realizar ações ecológicas, a Contabilidade precisa estar estruturada para fornecer informações sobre o fluxo físico e monetário. Essas informações são relevantes para gerenciar as atividades ambientais e a ecoe�ciência empresarial (VELLANI; RIBEIRO, 2009) Ribeiro (2012) enfatizou que a Contabilidade precisa identi�car, mensurar e evidenciar os gastos socioambientais, de modo que no futuro seja possível quanti�car o impacto das organizações e traçar as medidas necessárias para revertê-los em valor à comunidade e demais stakeholders. O estudo de Vellani e Ribeiro (2009) analisou 158 ações ecológicas empresariais que atuam sobre os resíduos do próprio negócio. As ações foram classi�cadas em 4 Direções: Direção I: a empresa pode agir logo no início do processamento de seus produtos e serviços para reduzir o uso dos insumos e substituir insumos não- renováveis por renováveis ou retirados de forma ecológica. Direção II: a empresa pode reduzir o uso de insumos por meio da transformação de resíduos em matéria-prima e permitir, assim, seu reaproveitamento internamente no processo produtivo. Direção III: ações ecológicas que visam a transformar resíduos em produtos e fazer do lixo umproduto com valor de mercado. Direção IV: redução na emissão de resíduos, a neutralização do efeito tóxico de seus detritos, responsabilidade contratual e coleta seletiva de lixo. Para mensurar os ganhos das 4 direções, torna-se necessários indicadores �nanceiros e indicadores físicos (quantidade de materiais, peso dos materiais, consumo de unidades de materiais etc.) (VELLANI. RIBEIRO, 2009). Elkington (2012) enfatizou 39 passos para as empresas sustentáveis. Os passos mencionados pelo autor, referem-se à mudanças de paradigmas, ou seja, transformações da �loso�a organizacional, das gestão dos processos, entre outros aspectos. Os 39 passos estão relacionados no Quadro 01: Quadro 01: 39 passos para a Sustentabilidade Antigo Paradigma Novo Paradigma 01. Pilar Financeiro Linha dos três pilares 02. Capital Físico e Financeiro Econômico, Humano, Social, Natural 03. Ativos próprios, tangíveis Ativos emprestados, intangíveis. 04. Downsizing Inovação 05. Governança Exclusiva Governança Inclusiva 06. Acionistas Stakeholders 07. Mais largo Mais longo 08. Extração Restauração 09. Tática Estratégia 10. Planos Situações 11. Bandidos do Tempo Guardiões do Tempo 12. Desregulamentação Regulamentação 13. Inimigos Complementadores 14. Subversão Simbiose 15. Lealdade Incondicional Lealdade Condicional 16. Direitos Responsabilidades 17. Redes de Empresas Verdes Keiretsu da Sustentabilidade 18. Responsabilidade na Fábrica Supervisão do ciclo de vida 19. Vendas Valor do Cliente em todo o ciclo de vida 20. Produto e Lixo Coproduto 21. Avaliação do ciclo de venda ambiental Avaliação do ciclo de vida na linha dos três pilares 22. Produto Função 23. Tentativa e Erro Métodos Cientí�cos 24. Relatórios (exceto �nanceiros) Relatório da linha dos três pilares 25. Necessidade de saber Direito de saber 26. Fotos e ciência Emoções e percepções 27. Comunicação passiva, uma via Diálogo ativo, várias vias. As 39 mudanças de posturas organizacionais relacionadas no Quadro 01, são exemplos de modelos de gestão empresarial das organizações que visam atuar sob a égide da Sustentabilidade. No próximo tópico será discorrido sobre a Responsabilidade Social. 28. Promessas Objetivos 29. Descuidado, desatencioso Cuidadoso, atencioso 30. Controle Responsável por 31. Eu Nós 32. Monoculturas Diversidade 33. Crescimento Sustentabilidade 34. Externalização de Custos Internalização dos Custos 35. Conformidade Vantagem Competitiva 36. Padrões de cada país Consistência Global 37. Adição de volume Adição de valor 38. Crescimento de Produção Consumo sustentável 39. Campanhas disruptivas de ONGs Disrupção como estratégia comercial Fonte: ELKINGTON (2012) REFLITA Para salvar as pessoas da situação de pobreza, é necessário aumentar a produção econômica. O aumento na produção econômica causa mais pobreza. Fonte: Elaborado com base em Elkington (2012). Responsabilidade social corporativa (RSC) e o contexto teórico para a sua compreensão e prática As discussões acerca da RSC se iniciaram com um foco �losó�co, contemplando moral e ética, e evoluíram para uma prática gerencial, que abrange a prestação de contas para os stakeholders. Inicialmente, a RSC era centrada em atividades �lantrópicas, como doações a instituições bene�centes, respeito ao trabalhador e práticas leais de operação. Outros temas, como direitos humanos, meio ambiente, defesa do consumidor e combate à fraude e à corrupção, foram acrescentados ao longo do tempo, conforme receberam maior atenção dos membros da sociedade (ALMEIDA, 2018; CARROLL, 1999, 2015). O autor Frederick (1960) foi um dos precursores ao enfatizar o papel das organizações perante a sociedade. Frederick (1960) a�rmou que era esperado que as organizações atuassem diligentemente e de maneira ética, pois, o grande poder econômico destas (economia em escala) pode intensi�car depressões econômicas, resultando em danos socioambientais. O autor ainda salientou que os homens de negócios têm a responsabilidade de produzir recursos �nanceiros, no entanto, devem buscar, juntamente, o bem-estar socioeconômico (socio-economic welfare). Outro pesquisador da RSC foi Davis (1967), o qual denotou que a RSC implica em considerar as consequências éticas relacionadas aos atos organizacionais em toda sociedade, pois, os interesses da organização podem con�itar com objetivos de outros indivíduos. Ainda, o autor abordou que a Sociedade e as organizações são conectadas, de modo, que as ações de um afetam o outro (DAVIS, 1967). Mas, o estudo considerado seminal na área da RSC foi o de Carroll (1979), que apresentou uma conceituação teórica de como mensurar o desempenho social de uma organização estabelecendo uma hierarquização dos componentes (ou tipos) de RSC. O Quadro 2 apresenta a descrição de cada componente: As categorias relacionadas no Quadro 2 são interdependentes. A categoria mais relevante é a Responsabilidade Econômica, pois representa a �nalidade pela qual a organização foi constituída. A categoria responsabilidade legal, também é esperada pela sociedade visto que uma organização precisa conduzir as suas atividades respeitando as leis e regulamentações. A categoria Responsabilidades éticas, trata-se de ações que também são esperadas pela sociedade, todavia, não estão previstas em leis e regulamentações. Trata-se posturas voluntárias da organização. Por �m, a quarta categoria demonstra ações de responsabilidades �lantrópicas, que não são esperadas pela sociedade. Aqui, a organização promove o bem-estar social e desenvolve iniciativas para preservação do meio ambiente e das fontes de criação de valor aos stakeholders. Dado que os tipos de Responsabilidade Social Corporativa são gradativos, os mesmos podem ser apresentados por meio de uma pirâmide (Figura 01): Quadro 2: Categorias da Responsabilidade Social Corporativa. Responsabilidade Descrição 1) Econômica É a primeira e mais importante responsabilidade social dos negócios. Refere-se ao fato de que a organização deve produzir produtos que a sociedade queira comprar e por meio da venda destes obter lucros. 2) Legal As organizações estão subordinadas a regras, regulamentos e leis. A sociedade espera que os negócios estejam em conformidade com a legislação. O descumprimento da legislação pode ocasionar sanções, multas, que resultam em saídas de caixa e destoam da responsabilidade econômica da organização. 3) Ética Refere-se às atitudes organizacionais e comportamentos que não estão necessariamente previstos em legislação. Trata-se dos códigos de Ética e conduta dos relacionamentos da organização com todos stakeholders. A sociedade tem expectativas de que as organizações atuem com integridade num nível acima do enforcement. 4) Discricionária (ou volitivas) São aquelas em que a organização respeita os 3 tipos de responsabilidades anteriores e assume papel de agente social, o qual não era esperado pela sociedade e considerada como hábito voluntário. Exemplos: doações a entidades sociais, treinamentos a desempregados, combate ao abuso do álcool e drogas. Fonte: elaborado com base em Carroll (1979). Figura 1: Pirâmide de Carroll (1999) sobre a RSC. Fonte: ALMEIDA et. al. (2019); CARROLL (1999) Exemplo de aplicação da pirâmide de Carroll. Quando uma Bem Intencionada Ltda (�ctícia) consegue remunerar todos os seus colaboradores, pagar todos os seus fornecedores de insumos, pagar os tributos e demais taxas e impostos e gerar resultados positivos está cumprindo a sua responsabilidade econômica. Se a Bem Intencionada Ltda não efetua nenhuma outra ação, fora a busca de lucros, não é considerada responsável. Imaginando que a Bem Intencionada Ltda, que além de ser atender as exigências econômicas, cumpra todos os requisitos legais aos quais ela está submetida, uma vez que possui um departamento responsável pelo compliance à legislação. Se a Bem Intencionada Ltda não realiza ações éticas ou voluntárias, não é considerada responsável. A Bem Intencionada Ltda, agora, cumpre todas as suas funções econômicas,atende todas as legislações e criou um código de ética, para combater a fraude, corrupção e prescrever o comportamento esperados dos colaboradores nas relações com terceiros. Ressalta-se que estes novos comportamentos da Bem Intencionada Ltda já eram esperados pela sociedade, e ela não realizou mais nenhuma ação de cunho voluntário, mesmo assim, ainda não é considerada responsável. Já quando a Bem Intencionada Ltda, apresenta resultados econômicos, atende todas as legislações, é preocupada com o comportamento ético e ainda, realiza doações a ONGs, creches, à comunidade e realiza ações �lantrópicas, passa a ser considerada como socialmente responsável. Porter e Kramer (2006), a�rmaram que a RSC pode se tornar um fator de vantagem competitiva a longo prazo para os negócios, uma vez que está interrelacionada com os elos da cadeia produtiva. Portanto, a RSC envolve atuação responsável da organização em toda a cadeia produtiva: clientes, funcionários, fornecedores, governo, além da comunidade, meio ambiente e sociedade. O conceito de cadeia de valor, também representa as interconectividades entre a organização e a sociedade conforme enfatizaram Frederick (1960) e Davis (1967). O Instituto Ethos (2017), a�rmou que a organização que atua com responsabilidade social desenvolve sua atividade econômica orientada para a geração de valor econômico-�nanceiro, ético, social e ambiental, além de compartilhar os resultados com os stakeholders. Destarte, o sistema produtivo dessa organização é organizado visando reduzir, continuamente, o consumo de bens naturais (INSTITUTO ETHOS, 2017). Mas, a RSC também pode congregar aspectos negativos à organização, principalmente se levarmos em consideração que as ações de RSC consomem recursos �nanceiros. Os autores Fatemi et. al (2015) identi�caram que com o passar do tempo e com o aumento de gastos com RSC, aumenta-se o custo de capital e conseguinte, diminui- se o valor da organização. Além disso, quando uma organização atua sob o âmbito da RSC, está exposta às pressões sociais e pode ser acusada de greenwashing ou de realizar marketing. Mesmo diante de tais fatores negativos, deve-se imperar a necessidade de desenvolver a sociedade e os stakeholders, buscando minimizar o impacto das atividades na sociedade e traçar medidas para proteger o meio ambiente. As ações de RSC envolvem uma visão de longo prazo, a qual precisa estar disseminada, incorporada nas estratégias e presente nos valores dos colaboradores, e demais stakeholders (ELKINGTON, 2012). Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais. Prezado(a) aluno(a), conforme enfatizado nos tópicos anteriores, a Sustentabilidade e a RSC visa manter a diversidade ecológica e a riqueza ambiental, pois o homem precisa habitar em um meio ambiente saudável, com clima propício à agricultura. Essa perspectiva será enfatizada novamente neste tópico, haja vista que são temas complementares. O foco desse tópico será: tecnologias de gestão socioambiental e políticas ambientais. Sobre as tecnologias de gestão socioambiental, destacam-se os projetos de inovação denominados Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Os MDL contribuem para ações de âmbito mundial (preservação do Planeta) e para de�nir estratégias corporativas quando tratar-se de RSC (ação ambiental). O MDL não foi concebido para gerar capital �nanceiro para as organizações, seu intuito é diminuir os impactos socioambientais das atividades organizacionais (RIBEIRO, 2012). Na Constituição do Brasil (1988), no artigo 225, é de�nido que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”. Ainda, nesse mesmo artigo de Brasil (1988), é ressaltado que tanto o Poder Público, quanto a coletividade têm o dever de preservar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. As inovações tecnológicas precisam estar presentes na cadeia de valor da organização. Se uma organização tem todos os cuidados socioambientais durante o seu processo produtivo, mas não se preocupa com a origem da sua matéria-prima ou demais recursos, indiretamente, pode estar contribuindo para a degradação ambiental. Além disso, ao reduzir o consumo de fontes de energia, como eletricidade, os custos produtivos e administrativos serão diminuídos e o re�exo destas ações pode ser um incremento no resultado ou então a possibilidade de baixar o preço de venda visando tornar o produto mais competitivo no mercado de atuação (ELKINGTON, 2012). @ freepik Indiretamente, a aplicação de Tecnologias de Gestão Socioambiental, causam melhorias na produtividade e, por �m, aumentar sua receita. Possuem um �uxo de entrada e saída de recursos físicos e �nanceiros que pode ser bastante estratégico sob o ponto de vista �nanceiro e operacional (RIBEIRO, 2012). O propósito desses empreendimentos é reduzir ou evitar a produção de resíduos; eles partem de um cenário nocivo e atuam modi�cando-os para atingir a meta de redução; prestam contas dos resultados que, se positivos, dão direito a uma compensação �nanceira que, é o recurso proveniente da venda do certi�cado de redução emitida, ou crédito de carbono. Trata-se de um ciclo completo de atividades com uma �nalidade especí�ca, portanto, com condições particulares para medição e acompanhamento. Os planos que as organizações desenvolvem para implementar as ações ambientais são as políticas ambientais. Trata-se de descrever os processos que consomem recursos, traçar planos de otimização dos recursos, entre outras ações correlatas (ELKINGTON, 2012). Vamos imaginar, que as alterações climáticas causem um aquecimento no Planeta, para operar nesses ambientais, algumas organizações gastarão maiores recursos com refrigeração, consumindo recursos �nanceiros. O proprietário de uma sorveteria poderia ser bene�ciado pelo aumento da clientela resultante do aumento da temperatura, contudo, terá que conviver com o risco de perder mercadorias devido ao clima quente e dispenderá recursos �nanceiros para aumentar a refrigeração da sua loja. Imagine, também, os locais que comercializam produtos cuja perecidade é pequena, ou seja possuem um baixo período de estocagem. Tais estabelecimentos podem incorrer em grandes perdas de mercadorias, chegando até a inviabilizar alguns deles. Em tais circunstâncias, �cará mais difícil adquirir recursos �nanceiros su�cientes para alcançar a meta básica dos negócios sobre a égide da RSC, qual seja, a de realizar as responsabilidades econômicas. ATENÇÃO Estas políticas ambientais precisam estar incorporadas na alta administração da organização e nas visões de longo prazo. É uma aplicação dos processos de melhoria contínua, que além de atuação no tripé ambiental, corrobora para a criação de valor aos stakeholders. SAIBA MAIS Prezado(a) acadêmico(a), um dos efeitos das externalidades das atividades das organizações, é a emissão de gases de efeito estufa, os quais podem contribuir com o aumento da temperatura média do Planeta. Dentre as ações tomadas pelos países para contribuir no combate ao aquecimento global está o Acordo de Paris. No link abaixo você lê o referido acordo, em português. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp- content/uploads/2016/04/Acordo-de-Paris.pdf. Acesso em: 01 dez. 2019. https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2016/04/Acordo-de-Paris.pdf Livro Filme Fluxo para construção do modelo de gestão da sustentabilidade AUTORIA Rodrigo Gaspar de Almeida Sumário Introdução 1 - A criação de visão voltada à sustentabilidade 2 - Sistemas de diagnóstico e gestão 3 - Códigos de conduta 4 - Indicadores de sustentabilidade 5 - Auditoria 6 - Relatórios de sustentabilidade / balanços sociais 7 - Políticas ambientais no Brasil Considerações Finais Introdução Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a Unidade 4, do material didático da disciplina de Sustentabilidade e Responsabilidade Social. O intuito da nossa quarta unidade é apresentar contextos ligados ao �uxo para construção do modelo de gestão da sustentabilidade.A quarta Unidade deste material foi dividida em sete tópicos para facilitar a assimilação desses conhecimentos: 1 A criação de visão voltada à sustentabilidade. 2 Sistemas de Diagnóstico e Gestão; 3. Códigos de Conduta. 4 Indicadores de Sustentabilidade. 5 Auditoria; 6. Relatórios de Sustentabilidade / Balanços Sociais; e 7 Políticas ambientais no Brasil. No primeiro momento, serão apresentadas perspectivas sobre a criação de uma visão organizacional voltada à sustentabilidade. Em seguida, será apresentado a temática Sistemas de Diagnóstico e Gestão. O próximo tópico abordado é sobre Códigos de Conduta. Prosseguindo na Unidade 4, a ênfase será apresentar Indicadores de Sustentabilidade. Os indicadores de sustentabilidade são um mecanismo de evidenciar a criação de valor e relatar aos usuários da informação sobre a atuação da organização. A Unidade 4, apresentará também os temas Auditoria socioambiental e Relatórios de Sustentabilidade. O primeiro tema visa discorrer sobre a Auditoria e apresentar os conceitos de asseguração (assurance) e a norma de asseguração, que é utilizada para trabalhos deste �m. Os relatórios de sustentabilidade são uma forma de comunicação da organização com os seus stakeholders, nesse sentido será abordado sobre o Relato Integrado, um dos relatórios mais atuais dessa temática. Por �m, será discorrido sobre as Políticas ambientais no Brasil. Nesse sentido, serão apresentadas as leis, regulações e principais agências reguladoras do Brasil que tratam de questões socioambientais (principalmente, as que são ligadas às atividades de grande impacto socioambiental). Ao término do estudo desta Unidade, esperamos que você consiga compreender a urgência das empresas e demais organizações aplicarem práticas de mensuração do desempenho sustentável, relatarem os resultados da atuação aos stakeholders e fomentarem o diálogo com a sociedade por meio da transparência. Bons Estudos! Plano de Estudo: 1. Discorrer sobre a criação de visão voltada à sustentabilidade. 2. Apresentar Sistemas de Diagnóstico e Gestão. 3. Abordar sobre Códigos de Conduta. 4. Apresentar Indicadores de Sustentabilidade. 5. Discorrer sobre a Auditoria. 6. Abordar Relatórios de Sustentabilidade / Balanços Sociais. 7. Discorrer sobre as Políticas ambientais no Brasil. Objetivos de Aprendizagem: 1. A criação de visão voltada à sustentabilidade. 2. Sistemas de Diagnóstico e Gestão. 3. Códigos de Conduta. 4. Indicadores de Sustentabilidade. 5. Auditoria 6. Relatórios de Sustentabilidade /Balanços Sociais. 7. Políticas ambientais no Brasil. A criação de visão voltada à sustentabilidade Caros(as) alunos(as), sejam bem-vindos à nossa quarta (e última) unidade do material didático. Até esse ponto de nosso estudo, nós veri�camos que há a necessidade das organizações repensarem e remodelarem os seus processos produtivos para preservar os recursos naturais para as gerações futuras. Desta forma, surge a necessidade de conceber uma visão de longo prazo e desenvolver técnicas e métodos de mitigação dos impactos. Após de�nir o planejamento das atividades, com vistas à sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa (RSC), têm-se a etapa do monitoramento e da avaliação do desempenho, na qual a organização precisará relatar aos seus stakeholders como compreende as suas necessidades e quais atividades estão sendo implementadas para satisfazê-las. No contexto da Sustentabilidade, o imperativo é que o Valor gerado não se trata apenas de Valor Financeiro. Haja vista que aspectos econômicos, ambientais e sociais também podem contribuir com a criação de valor a longo prazo (ELKINGTON, 2012). Gray (2001) a�rmou que a cada dia, mais organizações buscam demonstrar a criação de Valor aos Stakeholders. Tais organizações divulgam projetos realizados juntos as comunidades, adequações da infraestrutura para a redução de consumo de recursos naturais. Outras informações que podem ser divulgadas são os indicadores realizados com a economia dos custos ao reduzir o consumo de energia elétrica, de matéria- prima e de outros recursos não renováveis. Desta forma, a visão da criação de sustentabilidade envolve planejamentos de longo prazo, uma vez que as organizações precisam entender que é necessário preservar os recursos naturais para que as gerações futuras possam ter a capacidade de satisfazer as suas próprias necessidades (ELKINGTON, 2012). O Governo também pode corroborar com a publicação de Leis e Decretos que prescrevam a adequação do nível de atividades das organizações (isto é, controle do consumo / extração de recursos naturais). Outro fator externo às organizações que pode corroborar para a criação de uma visão voltada à Sustentabilidade, são os avanços tecnológicos, os quais permitiram plantar fora da estação devido melhorias genéticas das sementes, aprimoramento de técnicas que visam diagnosticar as condições dos solos e mananciais, dentre diversas outras metodologias. REFLITA Para salvar as pessoas da situação de pobreza, é necessário aumentar a produção econômica. O aumento na produção econômica causa mais pobreza. Fonte: Elaborado com base em Elkington (2012). Sistemas de diagnóstico e gestão Um diagnóstico pode ser entendido como a tentativa de detectar falhas ou oportunidades de melhoria de um sistema operacional, tecnológico, produtivo, entre outros. Após identi�cação de situações problemáticas (e principalmente, as suas causas), a organização é capaz de traçar planos de melhoria ou planos de ação para erradicar essa situação desfavorável. Ressalta-se que a avaliação de um impacto socioambiental pode ser subjetiva. Alguns dos efeitos das ações dos homens na natureza são desconhecidos. Assim, surgem as inquietações: como mensurar os impactos ambientais? E como mensurar os impactos sociais? (ELKINGTON, 2012). Neste contexto, uma das ferramentas que podem ser utilizadas pelas organizações, a norma ISO 26000 que trata da Responsabilidade Social Corporativa (ISO, 2010). Os principais tópicos enfatizados na ISO 26000 são: Governança da organização. Apresenta questões relativas ao gerenciamento das atividades, a estrutura organizacional, ao desenvolvimento de funções e responsabilidades de cada órgão da organização. Direitos Humanos. Trata de situações que colocam em risco a atuação sob os direitos humanos, discriminação (gênero, raça, idade), direitos civis e direitos políticos. Práticas de trabalho. Discorre sobre práticas de trabalho que contribuem para o bem-estar dos colaboradores. Meio Ambiente. Promove o entendimento sobre mecanismos que visam diminuir a poluição ambiental, utilização consciente dos recursos naturais, mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Práticas leais de competição. Envolve os mecanismos utilizados pela organização para combater a fraude e a corrupção, a sustentabilidade na cadeia de valor e direito de propriedade. Consumidor. Enfatiza o marketing desleal, proteção a saúde e segurança do consumidor, atendimento e suporte às reclamações, proteção e privacidade dos dados dos consumidores, educação e conscientização. Envolvimento com a Sociedade. Apresenta temas ligados ao engajamento da organização com a comunidade, educação e criação de uma cultura de preservação ambiental, saúde, investimento social entre outros. CONCEITUANDO A Aplicação da ISO 26000 é um método de desenvolver um sistema de diagnóstico de gestão sob a égide da Sustentabilidade e da Responsabilidade Social. Códigos de conduta Prezados(as) alunos(as), na Unidade III, foi abordado sobre as responsabilidades éticas das organizações, nesse sentido, você compreendeu que a atuação sob a Ética, envolve um comportamento voluntário, mas com atitudes que são esperadas das organizações (CARROLL, 1999). A Ètica foi um conceito que surgiu na Política, Economia, Sociologia, e que foi incluído na Contabilidade e na Administração ao longo do tempo. Uma pessoa considerada ética é uma pessoa que não rouba, não mata, atua conforme as leis e têm um comportamento dentro das regras sociais. A mesma
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