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BRASÍLIA - DF 2022 MINISTÉRIO DA SAÚDE Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar CURSO MINISTÉRIO DA SAÚDE BRASÍLIA - DF 2022 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar CURSO Thaís Araújo Cavendish Diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador Daniela Buosi Rohlfs Diretora do Departamento de Emergências em Saúde Pública Flávia Nogueira e Ferreira de Sousa Coordenadora-Geral de Vigilância em Saúde do Trabalhador Janaína Sallas Coordenadora Geral do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde Ana Cristina Martins de Melo Coordenadora de Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho Nathalie Alves Agripino Coordenação do Programa de Educação Permanente em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora Amanda Menegolla Blauth Coordenação Pedagógica do Programa Taya Carneiro Silva de Queiroz Coordenação de Recursos Gráficos e Audiovisuais Paulo Henrique Santos Andrade Conteudistas do Módulo Elizabeth Costa Dias Colaboração Amanda Menegolla Blauth e Nathalie Alves Agripino Designer Instrucional do Curso Giovana Ferreira Costacurta e Nathalie Alves Agripino Coordenação Técnica do Módulo Giovana Ferreira Costacurta, Nathalie Alves Agripino e Klauss Kleydmann Sabino Garcia Revisão Técnica do Módulo Vinicius Chozo Designer Gráfico do Curso Miguel Cotrim Designer Gráfico do Curso Renivaldo Alves dos Anjos Analista de Tecnologia da Informação do Curso no Ambiente Virtual de Aprendizagem Maria Augusta Rodrigues Gomes e Tamires Marinho dos Santos Apoio Administrativo do Programa 2022 Ministério da Saúde. Esta obra é disponibilizada nos termos da licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Sem Derivações 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>. Tiragem: 1ª edição – 2022 – Versão eletrônica Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador Departamento de Emergências em Saúde Pública Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde do Trabalhador Coordenação de Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho Coordenação-Geral do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde SRTV 702, Via W 5 Norte - Edifício PO 700 – 6º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Site: www.saude.gov.br/svs Impresso no Brasil / Printed in Brazil Ficha Catalográfica Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Curso Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 60 p.: il. ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x 1. Vigilância Epidemiológica Hospitalar. 2. Vigilância Saúde do Trabalhador; 3. Atenção Integral; Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS http://www.saude.gov.br/bvs http://www.saude.gov.br/svs Sumário Apresentação 7 Unidade 01: O papel da Vigilância Epidemiológica Hospitalar na realização de ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador 9 1. Vigilância Epidemiológica Hospitalar 9 2. Atribuições da Vigilância Epidemiológica Hospitalar na Vigilância em Saúde do Trabalhador 12 3. Riscos existentes no trabalho, seus efeitos sobre a saúde e relação entre trabalho e adoecimento 16 4. Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador 32 Unidade 02: Aplicando na prática as ações de Vigilância Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no contexto das atribuições da Vigilância Epidemiológica Hospitalar. 35 1. Busca Ativa 35 2. Investigação Epidemiológica 38 3. Notificação 43 4. Trabalho Integrado com os Setores da Unidade Hospitalar 49 5. Apoio à equipe externa 50 6. Prevenção e controle 52 Síntese 53 Anexo A: Fluxo de ações da vigilância epidemiológica hospitalar em saúde do trabalhador 54 Referências 55 7Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Apresentação Olá Cursista, Seja bem-vindo(a) ao curso de Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador em Âmbito Hospitalar, o VEHSAT. A Investigação Epidemiológica das Doenças e Agravos Relacionados ao Trabalho (Dart) de notificação é um processo essencial para qualificarmos a ação da Vigilância em Saúde do trabalhador (Visat) no Sistema único de Saúde (SUS). Esta também é uma etapa importante que faz parte do processo de trabalho da Rede Na- cional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (Renaveh), em especial, quando se trata de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública (DAE) de notificação compulsória. Neste sentido, e buscando ampliar o conhecimento e fortalecer a ação da Vigilância Epide- miológica em Saúde a nível hospitalar. Neste curso você irá: Compreender o papel e a relevância do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) na Vigilância Epidemiológica em Saúde do Trabalhador. Ao final deste curso, esperamos que você saiba: Entender o conceito e os processos relacionados à busca ativa, investigação, noti- ficação de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública de notificação compul- sória relacionadas ao trabalho; Compreender a importância do apoio integrado à equipe da unidade hospitalar e sua associação ao apoio às equipes externas a unidade importante para o forta- lecimento das ações de Vigilância Epidemiológica em Saúde do Trabalhador; Assimilar a importância da prevenção e controle de DAE de notificação compul- sória relacionada ao trabalho de forma articulada com outros setores da unidade hospitalar. Bons estudos! 9Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Unidade 1 O papel da Vigilância Epidemiológica na Saúde do Trabalhador 1 Vigilância Epidemiológica Hospitalar Nesta unidade vamos compreender um pouco mais sobre a Vigilância Epidemiológica Hos- pitalar. Antes disso, te convido a resgatar o conceito de um termo amplamente utilizado no contexto do SUS, desde a publicação da Lei 8.080 em 1990, o da Vigilância Epidemiológica (BRASIL, 1990). A Vigilância Epidemiológica trata-se de ações que proporcionam o conhecimento e a de- tecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual e coletiva, com o propósito de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças, transmissíveis e não-transmissíveis, e agravos à saúde (BRASIL, 2018). Esta definição apresenta um raciocínio teórico vinculado aos determinantes e condicio- nantes de saúde individual ou coletiva, moldado por ações de conhecimento, detecção ou prevenção que tem a finalidade de articular estratégias de controle de doenças e agravos. No seu contexto ou território de atuação profissional você identifica objetos de atuação da vigilância epidemiológica e como são realizadas suas ações? Seria uma ação da vigilância epidemiológica o monitoramento das condições de vida e de trabalho de uma população? Segundo o conceito apresentado anteriormente e a definição de determinantes e condicio- nantes sociais do processo saúde-doença de Dahlgren e Whitehead (1991), esta resposta seria “sim”. As condições de vida e trabalho são determinantes da saúde e, portanto, o seu conhecimento e detecção pode nortear medidas de prevenção e controle das doenças. Se você continua confuso, ou não recorda desta definição, talvez já tenha vivenciado, em seu cotidiano, durante a pandemia da Covid-19, a vigilância epidemiológica, no que diz respeito à articulação de estratégias de monitoramento da disseminação do vírus, a trans- missão de informações a respeito da doença ou de medidas protetivas individuais e coleti- 10 InvestigaçãoEpidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT vas. Ao mesmo tempo em que é provável que você consiga compreender o impacto desta doença nos aspectos físicos, psicológicos e sociais em caráter individual e coletivo. Esquematizando este conceito, para que a compreensão seja mais efetiva, sugerimos que observem a Figura 1. Figura 1 – Diagrama do conceito de Vigilância Epidemiológica Fonte: Adaptado de Brasil, 2018. Transpor este conceito para o âmbito hospitalar é simples. Basta apenas limitar as ações de vigilância epidemiológica para o ambiente hospitalar. Todavia, é comum encontrar na literatura definições restritas apenas à detecção e identificação de doenças de notificação compulsória atendidas em hospital. E por isto, é preciso ir além. A Vigilância Epidemiológica Hospitalar desempenha outras atividades, tais como a proposição e adoção de medidas efetivas para o controle e a diminuição dos riscos das doenças e agravos, a partir do moni- toramento das DAE de notificação compulsória, que inclui sistematização, processamento e análise dos casos suspeitos e confirmados (BRASIL, 2021). Em outras palavras, não basta apenas detectar casos, coletar informações e notificar, é necessário criar estratégias de monitoramento, prevenção e controle das doenças e agravos. Para saber mais sobre as portarias que marcam a história da Vigilância Epide- miológica Hospitalar no Brasil até 2021 observe a Figura 2. Logo após, acesse e leia as portarias mencionadas nesta imagem. 11Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Figura 2: – Linha histórica da vigilância epidemiológica hospitalar no Brasil Fonte: RENAVEH, MS. Ao instituir este modelo de vigilância, por intermédio destas portarias, o Ministério da Saú- de, de 2004 até 2021, definiu inicialmente 190 hospitais de referência nacional, em todas as unidades federadas, que receberiam um incentivo financeiro para a estruturação e ma- nutenção dos respectivos NHE. (BRASIL, 2010). De acordo com informações cedidas pela Renaveh nacional, até junho de 2022 haviam 690 NHE cadastrados. Desde 2020, com a estratégia de Fortalecimento e Ampliação da Renaveh referida na portaria 2.624 de 2020, qualquer NHE pode fazer parte da Renaveh. Embora esta estratégia direcione incentivos financeiros para determinadas uni- dades hospitalares do SUS, as atividades de Vigilância Epidemiológica devem ser realizadas por todos os profissionais de saúde ou responsáveis pelas unidades de saúde, sejam elas públicas ou privadas, que estejam em funcionamento no terri- tório nacional (BRASIL, 2017). 12 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Até aqui, é provável que você já tenha compreendido a importância das ações de conhe- cimento e detecção de doenças de notificação compulsória atendidas em hospital, em um contexto histórico-político, mas é importante lembrarmos que a vigilância epidemiológica hospitalar possui um leque de atribuições que vai muito além da notificação. Desde sua implementação é preconizado que os NHE realizem trabalho integrado com as demais vigilâncias, promovam a educação continuada para os profissionais dos serviços, elaborar e compartilhar informes sobre o perfil de morbimortalidade da unidade e, por fim e nada menos importante, realizar a investigação dos casos e participar da interrupção da cadeia de transmissão das doenças detectadas no âmbito hospitalar. No entanto, foi só com a reestruturação da rede que de fato algumas das atribuições pre- vistas começaram a ser melhor implementadas, principalmente quanto à execução das medidas de prevenção e controle frente às DAE de notificação compulsória detectados na unidade hospitalar. Com a instituição da Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (Renaveh), em 2021 (Portaria GM/MS nº 1.694, disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/porta- ria-gm/ms-n-1.694-de-23-de-julho-de-2021-334076227), o olhar do NHE também foi vol- tado para a detecção, preparação e resposta não só das DAE de notificação compulsória, mas também às potencias emergências de saúde pública (ESP). Agora que você compreendeu o que é e quais são os objetivos da VEH, vamos discutir um pouco sobre o seu papel na Saúde do Trabalhador. 2 Atribuições da Vigilância Epidemiológica hospitalar na Vigilância em Saúde do Trabalhador Com a publicação da Portaria GM/MS nº 1.693 em 2021 (disponível em: https://www.in.gov. br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-1.693-de-23-de-julho-de-2021-334095749), passou a compor as atividades da VEH as ações de Vigilância Epidemiológica em Saúde do Traba- lhador no âmbito hospitalar, essencialmente, na identificação, investigação, processamen- to, sistematização e análise das Doenças e Agravos Relacionados ao Trabalho de notifica- ção compulsória no ambiente hospitalar. Vejamos as atividades descritas nesta portaria: Elaborar e manter um sistema de busca ativa das DAE de notificação compulsória, que podem estar relacionadas ao trabalho, identificadas no âmbito hospitalar; Realizar a investigação epidemiológica das DAE de notificação compulsória, que podem estar relacionadas ao trabalho, detectados no ambiente hospitalar. Princi- palmente se atentando quanto ao preenchimento qualificado das fichas de notifi- cação e comunicação oportuna com a vigilância em saúde do trabalhador; 13Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Notificar à vigilância epidemiológica municipal e à coordenação estadual da Re- naveh as DAE de notificação compulsória, que podem estar relacionadas ao tra- balho, detectadas no âmbito hospitalar, de acordo com os instrumentos e fluxos de notificações definidos pelo ministério da saúde; Adotar o fluxo de notificação das DAE de notificação compulsória, que podem es- tar relacionadas ao trabalho, estabelecidos pelo ministério da saúde; Desenvolver processos de trabalho integrado aos demais setores da instituição, com o objetivo de responder às questões epidemiológicas da vigilância em saúde; Desenvolver processo de trabalho integrado aos setores estratégicos da unidade hospitalar, para fins de implementação das atividades de vigilância epidemiológi- ca, com acesso às informações necessárias à detecção, monitoramento e encerra- mento de casos ou surtos sob investigação; Articular com outros serviços de vigilância em saúde para o desenvolvimento das ações de vigilância epidemiológica hospitalar, especialmente os Núcleos de Segu- rança do Paciente (NSP) e Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH); Cooperar com a investigação de surtos das DAE de notificação compulsória, que podem estar relacionadas ao trabalho; Apoiar investigação de óbitos potencialmente relacionados ao trabalho, ocorridos no ambiente hospitalar, em conjunto com a comissão de análise de óbitos e em articulação com a secretarias municipal de saúde e com a secretaria estadual de saúde; Apoiar e desenvolver estudos epidemiológicos e operacionais, incluindo a avalia- ção de protocolos clínicos relacionados às doenças e agravos de notificação com- pulsória relacionadas ao trabalho no ambiente hospitalar; Apoiar a Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat) na investigação epidemioló- gica das DAE de notificação compulsória, que podem estar relacionadas ao traba- lho, detectados em ambiente hospitalar, assim como no monitoramento, avaliação e divulgação do perfil de morbimortalidade por essas doenças e agravos; Implementar e monitorar a aplicação dos protocolos técnico-operacionais, a de- tecção, monitoramento e resposta oportuna a todas DAE de notificação compulsó- ria, que podem estar relacionadas ao trabalho, principalmente quanto à preven- ção e controle de potenciais emergências em saúde pública. Para facilitar a sua compreensão e agrupamento destas atribuições em atividades macro, sugerimos neste momento que acesse a Figura 3. Nela será possível observar seis ativida- des que serãoposteriormente discutidos na segunda unidade, a saber, busca ativa, inves- tigação epidemiológica, notificação, trabalho integrado com os setores da unidade hospi- talar, apoio a equipe externa e prevenção e controle de doenças e agravos de notificação compulsória relacionado ao trabalho. 14 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Figura 3 – Atribuições da Vigilância Epidemiológica Hospitalar em Saúde do Trabalhador Fonte: BRASIL 2021. DAE - Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública A partir da inserção destas atribuições na portaria, precisamos começar a nos aproximar desta temática e assim, incorporar em nossa rotina essas atividades. Dessa forma, te con- vido a conhecer alguns conceitos sistematizados na Figura 3, que são essenciais para qua- lificar seus conhecimentos e desenvolver essas ações no seu cotidiano. 15Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Figura 4 – Conceitos importantes em Saúde do Trabalhador Fonte: BRASIL, 2001; BRASIL, 2006; MENDES, 2018; BAHIA, 2014. Além de compreender estes conceitos essenciais para a vigilância em saúde do traba- lhador e da trabalhadora, assim como a relação das doenças e agravos relacionados ao trabalho é importante compreender também os fatores promotores de adoecimento asso- ciados a esta população. Portanto, a seguir, falaremos um pouco mais sobre este assunto buscando estruturar o raciocínio por tipo de risco e apresentaremos a seguir a classifi- cação de Schilling para que possam compreender melhor a relação entre o trabalho e o adoecimento. 16 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 3 Riscos existentes no trabalho, seus efeitos sobre a saúde e relação entre trabalho e adoecimento Compreender as situações e fatores de riscos presentes nos ambientes e processos de traba- lho, é um processo necessário para conseguirmos relacionar os tipos de trabalho desenvol- vido com as causas de adoecimento. Sendo assim, no Quadro 1 trouxemos para você alguns exemplos de riscos existentes no trabalho e seus efeitos sobre a saúde dos trabalhadores. Quadro 1 – Tipos e agentes de risco e seus efeitos à saúde do trabalhador Tipo de Risco Agentes de riscos Possíveis efeitos sobre a saúde Ocupações e atividades de trabalho onde podem estar presentes Q uí m ic o Substâncias químicas que podem estar presentes nos ambientes de trabalho na forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores. Ex.: agrotóxicos. Queimaduras, náusea, vômito, cefaléia, alergia, asma brônquica, câncer, doenças gástricas e intestinais, neurológicas, hepáticas, renais, entre outras. Também podem provocar acidentes decorrentes de explosões e incêndio. Elas penetram no organismo pela via respiratória, pela pele ou pelo trato digestivo provocando intoxicação aguda ou crônica. Inúmeras atividades na indústria e no setor de serviços, no setor agropecuário, silvicultura, madeireiro; empresas desinsetizadoras e da saúde pública que atuam no controle de endemias e de zoonoses etc. Fí si co Ruído. Efeitos auditivos: surdez, zumbidos. Efeitos extra auditivos: gastrite, insônia e outras manifestações de estresse. Trabalhos com máquinas barulhentas, motores, britadeiras e motoristas de ônibus. Radiações ionizantes e não ionizantes – Ultravioleta, infravermelho, raios X etc. Câncer de pele, anemia aplástica; leucemia; catarata. Agricultores (as) e trabalhadores (as) na rua: trabalhadores (as) em hospitais e consultório dentários que operam raios X, soldadores(às) etc. Bi ol óg ic o Micro-organismos (bactérias, fungos, protozoários, vírus, entre outros) Doenças contagiosas: hepatite, tuberculose, tétano, pneumonia, aids etc. Profissionais de saúde; manicure, trabalhadores(as) rurais; carteiros etc. M ec ân ic os Máquinas com partes móveis não protegidas; calandras e cilindros; guilhotinas; prensas e o uso de instrumentos cortantes ou perfurantes etc. Acidentes diversos (quedas, fraturas, esmagamento, amputação; traumatismos). Trabalhadores (as) da construção civil; motoristas de transportes coletivos; padeiros, metalúrgicos, trabalhadores (as) em vias públicas, profissionais de saúde etc. Ps ic os so ci ai s Jornadas de trabalho longas, esforços físicos exagerados com posturas forçadas e carregamento de peso. Ritmo acelerado, trabalho repetitivo e monótono; trabalho em turnos e noturno. Desemprego, vínculos precários ou ausência de vínculo trabalhista. Doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (Dort); problemas na coluna, dores musculares e articulares. Sofrimento mental, com manifestações de insegurança; desm otivação; depressão; distúrbios do sono; estresse, entre outros. Trabalhadores (as) de linha de montagem; carregadores; bancários; trabalhadores (as) em tele atendimento. Trabalhadores(as) informais e com vínculos precários, terceirizados e temporários. Fonte: Adaptado do MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica, n. 41 – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 17Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Para auxiliar na compreensão da relação entre o trabalho e o processo de adoecimento dos(as) trabalhadores(as), Schilling propôs uma classificação que agrupou as doenças se- gundo a contribuição ou o papel causal desempenhado pelo trabalho no adoecimento, que consideramos importante para ampliar os seus conhecimentos a respeito da vigilância em saúde do trabalhador e da trabalhadora. Em sua classificação, Schilling categoriza a relação do trabalho com o adoecimento em três categorias: o trabalho como causa necessária, o trabalho como fator contributivo e o trabalho como um agravador de doenças pré-existentes. Como esta é uma temáti- ca importante na área, convidamos você a ler um pouco mais sobre a Classificação de Schilling, a partir do Quadro 2, acessado a partir do nosso saiba mais. Quadro 2 – Classificação de Schilling Grupo Categoria Definição Exemplos GRUPO I Trabalho como causa necessária Doenças em que o trabalho é causa necessária para sua ocorrência. É determinante para o aparecimento do agravo. Não existem formas de o trabalhador adoecer fora do seu ambiente de trabalho. Dificilmente se manifestam na população geral. Intoxicação por chumbo, Doenças Relacionados ao Amianto, Silicose. GRUPO II Trabalho é fator contributivo Doenças em que o trabalho pode ser um fator de risco contributivo, mas não necessário. O adoecimento se dá pelas condições especiais em que o trabalho é realizado. São exemplificadas pelas doenças comuns, mais frequentes ou mais precoces em determinados grupos ocupacionais e para as quais o nexo causal é de natureza eminentemente epidemiológica. LER/Dort, Doença coronariana, Câncer, Doenças do aparelho locomotor. GRUPO III Trabalho agrava doença pré- existente Doenças em que o trabalho é provocador de um distúrbio latente, ou agravador de doença já estabelecida ou preexistente. O trabalho não é o fator principal para que haja o adoecimento. Asma, bronquite crônica, dermatite de contato e doenças mentais. Fonte: Schilling, 1974. Esta classificação é bastante utilizada nesta área do conhecimento e deve ser devidamente compreendida por você, por isso, antes de seguir com a leitura, leia e releia este trecho e sugerimos que apenas siga após adquirir este conhecimento. Para te ajudar a pensar, vou te apresentar uma situação que você pode se deparar em sua rotina. 18 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Imagine que o hospital tenha acabado de receber na ala Covid-19 um pacien- te com sintomas respiratórios graves. Ao realizar a investigação epidemiológica, você coleta informações de que assim como ele, outros colegas de trabalho tes- taram positivo para Covid-19 após uma viagem de trabalho. Na investigação foi estabelecida a relaçãoentre a Covid-19 e o trabalho, pois a doença foi provavel- mente adquirida em uma reunião, realizada em um ambiente fechado em que nenhum dos envolvidos utilizava máscaras. E agora? A qual grupo pertence esse tipo de situação? E como esta classificação pode auxiliar na sua ação durante a investigação epidemiológica de Doenças e Agravos de Notificação compulsória e sua relação com o trabalho? Neste caso, o trabalho foi um fator contributivo, sendo, portanto, classificado no Grupo II. O adoecimento se deu pelas condições especiais em que o trabalho foi realizado. Ou seja, o ambiente fechado e ausência de máscara provavelmente foi suficiente para contaminação dos trabalhadores, que podem ter adquirido a do- ença neste exato momento. Outra hipótese, é que o trabalhador tenha adquirido em outro momento durante a viagem. Para melhor compreensão do tema te convido também a ler o Manual de Procedi- mentos para os Serviços de Saúde do Ministério da Saúde publicado em 2001 (Dispo- nível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_tra- balho_manual_procedimentos.pdf) e o Manual Técnico de Notificação de Acidentes do Trabalho Fatais, Graves e com Crianças e Adolescentes publicado em 2006 (Dis- ponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/06_0442_M.pdf). Outra questão relevante para o aprofundamento do conhecimento a respeito da Vigilância em Saúde do Trabalhador em âmbito hospitalar, refere-se ao conhecimento das fichas de notificação e dos campos pertinentes à saúde do trabalhador, que devem ser preenchidos de forma qualificada; isto é, ter os campos pertinentes a saúde do trabalhador preenchi- dos, sempre que possível, sem o uso do termo ignorado. Para facilitar esta compreensão, trouxemos no ícone LEIA, logo abaixo, todos estes campos apresentados por DAE de notificação compulsória, assim como apresentamos possibilida- des de inserir esta relação quando não há campo correspondente e trouxemos as fichas em que esta associação não é possível. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/06_0442_M.pdf 19Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Aqui apresentaremos todas as fichas de notificação das DAE de notificação com- pulsória que apresentam campos intitulados “Acidente/Doença Relacionado (a) ao Trabalho” e/ou outros campos relacionados ao trabalho. Todas elas apresen- tam o campo de ocupação e estes devem ser sempre preenchidos com os códigos da CBO. (Inserir arquivo CSV aqui, arquivo disponível em: https://saudegov-my. sharepoint.com/:x:/g/personal/pauloh_ andrade_saude_gov_br/Ee8KO-gduj- VIqm1mdLTSg4UBK66L11wd8vISqPjPD9gKKA ?e=LbNxtT). Em qualquer situação o preenchimento destes campos é indispensável. Dentre as fichas que podemos encontrar os campos mencionados temos: 1- Acidentes por animais peçonhentos A partir da investigação, o campo 56 intitulado “Acidente relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 2- Botulismo A partir da investigação, o campo 53 intitulado “Local de Ingestão” poderá ter cada item preenchido com sim, não e ignorado. Os itens são: domicílio, creche/ escola, trabalho, restaurante/bar/lanchonete, festa ou outro, que deve ser es- pecificado. O campo 76 intitulado “Doença relacionada ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 20 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 3- Cólera A partir da investigação, o campo 33 intitulado “contato com caso suspeito ou confirmado de cólera (até 10 dias do início dos sinais e sintomas)” poderá ser pre- enchido com o número que representa domicílio, vizinhança, trabalho, creche/ escola, posto de saúde/hospital, outro estado/município, outros - que deve ser especificado - sem história de contato e ignorado. O campo 68 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 4- Coqueluche A partir da investigação, o campo 34 intitulado “contato com caso suspeito ou confirmado de coqueluche (até 14 dias do início dos sinais e sintomas)” poderá ser preenchido com o número que representa domicílio, vizinhança, trabalho, creche/ escola, posto de saúde/hospital, outro estado/município, outros - que deve ser especificado - sem história de contato e ignorado. O campo 61 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 21Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 5- Difteria A partir da investigação, o campo 33 intitulado “contato com caso suspeito ou confirmado de cólera (até 14 dias do início dos sinais e sintomas)” poderá ser preenchido com o número que representa domicílio, vizinhança, trabalho, creche/ escola, posto de saúde/hospital, outro estado/município, outros - que deve ser especificado - sem história de contato e ignorado. O campo 63 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 6- Doença de Chagas Aguda e Crônica A partir da investigação, o campo 69 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 22 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 7- Doença Invasiva por “Haemophilus Influenza”/ Doença Meningocócica e ou- tras meningites A partir da investigação, o campo 35 intitulado “contato com caso suspeito ou confirmado de meningite (até 15 dias do início dos sinais e sintomas)” poderá ser preenchido com o número que representa domicílio, vizinhança, trabalho, creche/ escola, posto de saúde/hospital, outro estado/município, sem história de contato, outro país e ignorado. O campo 57 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 8- Doenças com suspeita de disseminação intencional: a. Antraz pneumônicob. Tularemiac. Varíola A partir da investigação, o campo 40 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 23Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 9- Doenças febris hemorrágicas emergentes/reemergentes: a. Arenavírusb. Ebolac. Marburgd. Lassae. Febre purpúrica brasileira A partir da investigação, o campo 40 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 10- Doença aguda pelo vírus Zika/Doença aguda pelo vírus Zika em gestante/ Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika A partir da investigação, o campo 40 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 11- Esquistossomose A partir da investigação, o campo 52 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 24 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 12- Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saúde pública (ver definição no art. 2º desta portaria) A partir da investigação, o campo 40 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 13-Febre Amarela A partir da investigação, o campo 66 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. O campo 67 intitulado Ativida- de desenvolvida no local provável de infecção poderá ser preenchido com tra- balho, turismo, lazer e ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 14- Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância em saúde pública A partir da investigação, o campo 85 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 25Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 15- Febre Maculosa e outras Riquetisioses A partir da investigação, o campo 59 intitulado ‘Ambiente’ poderá ser preenchido com domiciliar, trabalho, lazer, outro e ignorado. O campo 60 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 16 - Febre Tifoide A partir da investigação, o campo 33 intitulado “Contato com caso suspeito ou confirmado de febre tifoide (até 45 dias do início dos sinais e sintomas)” poderá ser preenchido com o número que representa domicílio, vizinhança, trabalho, cre- che/escola, posto de saúde/hospital, outro estado/município, outros - que deve ser especificado - sem história de contato, e ignorado. O campo 57 intitulado “Do- ença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 26 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 17- Hantavirose A partir da investigação, o campo 63 intitulado “Tipo de ambiente onde provavel- mente ocorreu a infecção” poderá ser preenchido com domicílio, trabalho, lazer, outro - que deve ser preenchido - e ignorado. O campo 68 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 18- Hepatites virais A partir da investigação, o campo 51 intitulado “Provável fonte / mecanismo de in- fecção” poderá ser preenchido com sexual, transfusional, uso de drogas, vertical, acidente de trabalho, hemodiálise, domiciliar, tratamento cirúrgico, tratamento dentário, pessoa/pessoa, alimento/água contaminada, outros - que deve ser es- pecificado - e ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 27Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 19 - Influenza humana produzida por novo subtipo viral A partir da investigação, o campo 37 intitulado “Contato com casos suspeito ou confirmado de Influenza Humana por novo subtipo (até 10 dias antes do início dos sinais e sintomas” poderá ser preenchido com domicílio, vizinhança, trabalho, creche/escola, posto de saúde/hospital, outro estado/município, sem história de contato, outro país, ignorado, meio de transporte – que deve ser especificado -, outro – que deve ser especificado. O campo 72 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimen- to qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 20- Leishmaniose Tegumentar Americana A partir da investigação, o campo 55 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 28 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 21- Leishmaniose Visceral A partir da investigação, o campo 52 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 22- Leptospirose A partir da investigação, o campo 71 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 23- Peste A partir da investigação, o campo 54 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 29Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 24- Raiva humana A partir da investigação, o campo 69 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 25- Doenças Exantemáticas: a. Sarampo b. Rubéola A partir da investigação, o campo 57 intitulado “Contato com casos suspeito ou con- firmado de Sarampo ou Rubéola (até 23 dias antes do início dos sinais e sintomas” poderá ser preenchido com domicílio, vizinhança, trabalho, creche/escola, posto de saúde/hospital, outro estado/município, sem história de contato, outro país, igno- rado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 26- Tétano: a. Acidental b. Neonatal A partir da investigação, o campo 46 intitulado “local exato da fonte de infecção” poderá ser preenchido com domicílio, trabalho, via pública, escola, campo, uni- dade de saúde, outro local e ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. 30 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 27- Toxoplasmose gestacional e congênita A partir da investigação, o campo 40 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 28- Varicela - caso grave internado ou óbito A partir da investigação, o campo 40 intitulado “Doença relacionado ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. Para o preenchimento qualifi- cado da ficha evite marcar o campo ignorado. 31Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 29- Violência doméstica e/ou outras violências; b. Violência sexual e tentativa de suicídio A partir da investigação, o campo 56 intitulado “Tipo de violências” poderá ser pre- enchido com sim, não ou ignorado, nos itens física, psicológica/moral, tortura, sexu- al, tráfico de seres humanos, financeira/econômica, negligência/abandono, trabalho infantil, intervenção legal, outros. O campo 66 intitulado “Violência relacionada ao trabalho” poderá ser preenchido com sim, não ou ignorado. O campo intitulado “Se sim, foi emitida a comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) poderá ser preenchido com sim, não, não se aplica e ignorado. Para o preenchimento qualificado da ficha evite marcar o campo ignorado. As fichas de notificação compulsória que não apresentarem o campo intitulado “Aci- dente/Doença Relacionado (a) ao Trabalho” ou outro campo que possa ser utiliza- do para estabelecer a relação das doenças ou agravo com o trabalho, devem ter o campo “Observações”, “Observações adicionais”, “Resumo da História Clínica” ou “Informações complementares e observações” preenchido com a seguinte descrição: “Doença ou Agravo Relacionado ao Trabalho”. Entre as fichas de notificação de doenças e agravos de notificação compulsória as que este preenchimento é possível são as fichas relacionadas à: Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva; Dengue – Casos e óbitos; Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ); Febre de Chikungunya; Febre de Chikungunya em áreas sem transmissão; Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya; Malária na região amazônica / Malária na região extra-Amazônica; Sífilis: a. Adquirida b. Congênita c. Em gestante; Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus a. SARS-CoV b. MERS- CoV. Da lista publicada na Portaria GM/MS nº 420, de 2 de março de 2022, as únicas em que este preenchimentonão é possível são as fichas relacionadas a: HIV/AIDS - Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana ou Síndrome da Imu- nodeficiência Adquirida/ Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e Criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV/ Infecção pelo Vírus da Imu- nodeficiência Humana (HIV); e Tuberculose 32 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Além de todas estas informações que aprendemos até aqui, outra informação relevante, que diz respeito às fichas de notificação, mas também às suas possibilidades de uso na in- vestigação de acidentes de trabalho podem ser observadas na sugestão de vídeo a seguir. Assista ao vídeo Tutorial | Sinan e a Vigilância em Saúde do Trabalhador, que traz explicações de como navegar e fazer uso de informações do Sinan e suas pos- sibilidades de uso nas investigações de acidentes de trabalho. Este vídeo é uma produção do canal CGVISAT/PISAT. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uByoSwxRZdY&t=131s. Para que possamos finalizar este debate sobre os conhecimentos básicos da vigilância em saúde do trabalhador precisamos agora falar um pouco sobre a Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador (Renast), a Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde do Traba- lhador, e Centros de Referência em Saúde do Trabalhador. 4 Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador A Renast é uma rede de serviços do SUS voltada à saúde dos trabalhadores que tem pa- pel fundamental na organização e execução das ações e serviços nos territórios, na qual a promoção, proteção, vigilância e assistência devem caminhar juntas na perspectiva da construção de ambientes de trabalho saudáveis e seguros, capazes de melhorar as condi- ções e a qualidade de vida dos trabalhadores. No âmbito federal do SUS, cabe a Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde do Traba- lhador (CGSAT), do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Traba- lhador (DSAST), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS), a gestão nacional da Renast (BRASIL, 2017). De forma sintética, as ações de saúde do trabalhador a serem desenvolvidas pela Renast são organizadas em três grandes eixos (BRASIL, 2018): Promoção da saúde – reconhece o trabalho como promotor de saúde e não ape- nas produtor de sofrimento, adoecimento e morte. Orienta-se a partir da articu- lação de políticas e práticas intersetoriais, especialmente aquelas com potencial https://www.youtube.com/watch?v=uByoSwxRZdY&t=131s 33Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT para promover o controle e a intervenção sobre os determinantes de saúde e no ambiente de trabalho; Assistência à saúde – começa pela identificação do usuário enquanto trabalhador, considerando sua inserção laboral atual e pregressa, para que se estabeleça a relação entre o trabalho e o processo saúde-doença, se faça o diagnóstico correto e se defina o tratamento adequado, incluindo a reabilitação física e psicossocial. Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat) – é um dos componentes da Vigilância em Saúde e abrange a vigilância epidemiológica em saúde do trabalhador e a vigilância de ambientes e processos de trabalho. Inclui a produção, a divulgação e a difusão de informações e ações de educação em saúde. Deve ser realizada de forma articulada com a rede assistencial e com os demais componentes da Vigi- lância em Saúde: Epidemiológica, Sanitária e em Saúde Ambiental. Na Renast os Cerest têm papel estratégico, sendo elo para integração e articulação na rede com os demais pontos de atenção, para disseminar a cultura e as práticas de Saúde do Trabalhador nos territórios, consolidando a importância do trabalho como categoria determinante no processo saúde-doença. Os Cerest devem funcionar como referências técnicas e institucionais na RAS para que esta desenvolva ações de assistência, vigilância, proteção e promoção à saúde do trabalhador. O apoio técnico-pedagógico à Rede pode se dar na forma de matriciamento junto aos pontos da RAS. Na prática de vigilância epidemiológica hospitalar, o apoio matricial pode ser desenvolvido de várias maneiras. Veja os exemplos abaixo: Por meio de reuniões periódicas entre os profissionais do Cerest e as equipes do NHE, com o objetivo de discutir casos e temas relacionados à saúde do trabalha- dor, pactuar ações conjuntas e avaliar resultados; Por meio de ações de educação permanente em saúde do trabalhador, que po- dem ser desenvolvidas em oficinas, rodas de conversa, discussão de casos, apli- cação de metodologias ativas, para o aprimoramento das práticas profissionais. Por meio de ações compartilhadas, como uma investigação epidemiológica das DAE de notificação compulsória, que podem estar relacionadas ao trabalho, na qual podem estar presentes profissionais do Cerest, da vigilância epidemiológica, do NHE e outros setores relacionados da unidade hospitalar. Assim, os Cerest enquanto serviços para retaguarda especializada em saúde do trabalha- dor junto à Rede, devem atuar conjuntamente, considerando a transversalidade no cuida- do à saúde dos trabalhadores. Mas não devem absorver atividades próprias dos SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Os Cerest devem executar prioritariamente ações de vigilância em saúde do trabalhador, realizando ações de análise de situação de saúde do trabalhador e da trabalhadora para planejar, priorizar e direcionar as ações e serviços, ou da inteligência epidemiológica para in- 34 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT vestigação das doenças e agravos relacionados ao trabalho, ou ainda da vigilância dos am- bientes e processos de trabalho para minimização dos fatores de risco à saúde da população trabalhadora e intervindo, com o objetivo de tornar os espaços laborais mais saudáveis. Dentre as principais ações do Cerest destaca-se Vigilância em Saúde do Trabalhador (Vi- sat): constituída pela Vigilância Epidemiológica em Saúde do Trabalhador (Vesat), reali- zada a partir dos preceitos da vigilância epidemiológica com foco na análise de situação de saúde do trabalhador (ASST), na identificação, registro nos sistemas de informação em saúde e monitoramento dos trabalhadores expostos a fatores e situações de risco e no re- sultado da exposição que é o desenvolvimento das Dart e, pela Vigilância dos Ambientes e Processos de Trabalho (VAPT), para identificação e intervenção sobre os fatores e situações de risco laborais, por meio principalmente das inspeções sanitárias em saúde do trabalha- dor. Pode também utilizar da vigilância popular na qual o trabalhador passa a ser também um ’̀vigilante”, para identificação dos riscos, das doenças e agravos e para produzir trans- formações nos ambientes de trabalho. Para te ajudar a refletir sobre o trabalho integrado entre o Cerest e o NHE, vou te apresen- tar duas situações que você pode se deparar em sua rotina. Caso 1. Admissão de 30 pacientes na urgência, Ala Azul, com quadro de vômito e diarreia, sugestivo de intoxicação alimentar. Todos trabalhadores eram da cons- trução civil e relataram terem ingerido o mesmo alimento no almoço, fornecido por uma empresa aos trabalhadores pela sua construtora. Caso 2. Busca ativa na clínica médica 1 onde foi identificado um paciente admitido com diagnóstico de pneumoconiose. Nestes casos, qual o papel do Cerest? E, o que compete ao NHE? Já pensou sobre as perguntas acima? Então vamos lá. No primeiro caso, o NHE deveria acionar o Cerest e informar os casos para que o mesmo realize ações de inspeção sanitária em saúde do traba- lhador e outras atividades vinculadas à Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho. Nesta situação caberá o NHE notificar por se tratar de DAE de notifica- ção compulsória. No segundo caso, o NHE também deveria acionar o Cerest para que este possa realizar a investigação epidemiológicado caso e a notificação. Agora que você já aprendeu sobre as atribuições do NHE na Saúde do Trabalhador e sobre os conceitos e atores da vigilância em saúde do trabalhador, gostaríamos de convidá-lo a acessar a segunda unidade deste curso. Lá, você terá a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos a respeito das atribuições do NHE, apresentados conjuntamente com exemplos que poderão auxiliar você nesta compreensão. Vamos?! 35Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Unidade 2 Aplicação das ações de Vigilância epidemiológica em saúde do trabalhador no contexto das atribuições da vigilância epidemiológica hospitalar 1 Busca ativa Em termos gerais, a busca ativa é uma etapa de identificação de casos adicionais ainda não notificados, realizado pelos serviços de vigilância em saúde. Elaborar e manter um sistema de busca ativa em pronto-socorro, unidades de internação e ambulatório, tal como descrito na portaria, demanda, minimamente, de um profissional técnico habilitado para a identificação de sinais e sintomas de doenças ou agravos em pa- cientes internados ou em atendimento no ambiente hospitalar. A estratégia de busca ativa pode utilizar a coleta de informações: em prontuário, com a equipe multiprofissional e/ou com o próprio paciente. Na área de Saúde do Trabalhador esta proposta não é diferente. Basta apenas direcionar esforços para que todos os casos admitidos por acidente de trabalho, acidente com ex- posição a material biológico, intoxicações exógenas e as demais DAE de notificação com- pulsória, que podem estar relacionadas ao trabalho, sejam investigadas, considerando a ocupação e os riscos relacionados. Para implementar esta ação em sua rotina, é necessário: i) Analisar rotineiramente as fichas/formulários de admissão do paciente que nor- malmente são preenchidos pela equipe médica, onde será possível localizar a sus- peita ou confirmação diagnóstica do paciente; ii) Dialogar com a equipe de saúde com a finalidade de identificar casos suspeitos; e, iii) Visitar o leito para coleta de informações, quando necessário. A depender do número de técnicos que compõe a sua equipe ou porte do hospital, reco- menda-se que sejam direcionados esforços para as alas em que seja maior a incidência de DAE de notificação compulsória, que podem estar relacionadas ao trabalho, tal como as urgências e emergências, unidades de trauma, setores ambulatoriais de reabilitação, ou outros que a partir da análise de situação de saúde sejam considerados relevantes. 36 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Esta estratégia pode ser realizada de forma integrada com outros serviços de vigilância em saúde da unidade hospitalar, como o NSP, CCIH, Serviços de Controle de Infecção Hospi- talar (SCIH), Gerência de Risco, SESMT e/ou unidade de Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalhador (SOST). Em unidades em que o trabalho colaborativo com estes setores faz parte da rotina, o treinamento e fortalecimento de todas as equipes, com intuito de ampliar a percepção destes casos relacionados à saúde do trabalhador, é recomendado. Deve-se lembrar que a identificação, coleta, análise e monitoramento de casos suspeitos para fins de monitoramento de indicadores de serviço, assim como a triagem dos casos por um técnico de maior experiência e qualificação pode ser apoiada pelo uso de formulários de rastreamento contendo uma lista de sinais, sintomas e possíveis diagnósticos que facili- tariam a identificação do caso suspeito pela equipe. É preciso que este formulário, contenha minimamente os dados referentes a: i) Localização do paciente na unidade hospitalar; ii) Origem do paciente; iii) Informações sociodemográficas básicas, tais como idade, atividade de trabalho e ocupação; iv) Check-list de sinais, sintomas e diagnósticos relacionados às DAE de notificação compulsória, que podem estar relacionadas ao trabalho; e v) Resultado da triagem contendo duas possibilidades – “caso suspeito” e “caso des- cartado ou excluído”. Agora traremos um caso que servirá de base para exercitar desde a atividade de busca ativa até a notificação. Cada parte do caso será subdividida por tópico e você deverá pensar esta atividade em sua rotina diária. Caso 1 Parte 1. Condução do caso 1 pela equipe da NHE. Passo 1. Preencha o formulário de busca ativa durante a visita às unidades clínicas após identificação do caso que possui sinais, sintomas ou diagnósticos de DAE de notificação compulsória, que podem estar relacionadas ao trabalho, a partir do 37Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT prontuário. Caso faltem dados no prontuário, contate a equipe, familiares, acom- panhantes e paciente, quando estiver estável. Passo 2. Analise os dados coletados e insira o resultado da triagem. Sugestão de formulário mínimo de busca ativa. Pa ss o 1 Unidade hospitalar: Ala Azul (emergência) Leito: 2A Nome do paciente: João Firmino de Bragança Zeudeíde Data de nascimento: 25/12/1989 Idade: 32 anos Nome da mãe: Juraci Bragança Zeudeíde Origem do paciente: Domicílio Atividade de trabalho: Bombeiro Ocupação: Bombeiro Militar SINAIS, SINTOMAS E DIAGNÓSTICOS DE DART Acidente de trabalho com exposição a material biológico; Acidente de trabalho grave, fatal e em crianças e adolescentes; Intoxicações Exógenas; Acidente por animal peçonhento; Botulismo; Cólera; Coqueluche; Difteria; Doença de Chagas Aguda e Crônica; Doença Invasiva por “Haemophilus Influenza”/ Doença Meningocócica e outras meningites; Doenças com suspeita de disseminação intencional: a. Antraz pneumônicob. Tularemiac. Varíola; Doenças febris hemorrágicas emergentes/ reemergentes: a. Arenavírusb. Ebolac. Marburgd. Lassae. Febre purpúrica brasileira; Doença aguda pelo vírus Zika/Doença aguda pelo vírus Zika em gestante/Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika; Esquistossomose; Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saúde pública Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância em saúde pública; Febre Maculosa e outras Riquetisioses; Febre Tifóide; Hantavirose; Hepatites virais; Influenza humana produzida por novo subtipo viral; Leishmaniose Tegumentar Americana; Leishmaniose Visceral; Leptospirose; Peste; Raiva humana; Doenças Exantemáticas: a. Sarampo b. Rubéola; Tétano: a. Acidental b. Neonatal; Toxoplasmose gestacional e congênita; Varicela - caso grave internado ou óbito a. Violência doméstica e/ou outras violências; b. Violência sexual e tentativa de suicídio RESULTADO DA TRIAGEM Caso suspeito Caso descartado ou excluído Agora que finalizamos esta etapa, inicie o estudo da próxima atividade e lembre-se que voltaremos a estudar esse caso na perspectiva das próximas atividades do NHE. 38 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 2 Investigação epidemiológica Compreendida a primeira etapa deste processo, partimos agora para a etapa de investi- gação epidemiológica. Antes de iniciarmos esta etapa precisamos inicialmente compreen- der o seu conceito. Baseado no Guia de Vigilância Epidemiológica a Investigação Epide- miológica é um trabalho de campo, realizado a partir de casos notificados (clinicamente declarados ou suspeitos) e seus contatos, que tem como principais objetivos a identificação de fonte e modo de transmissão; grupos expostos a maior risco; fatores determinantes; a confirmação do diagnóstico; e determinação das principais características epidemioló- gicas. O seu propósito final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos (BRASIL, 2009). Para a melhor compreensão desta etapa sugerimos a leitura da página 81 do Guia de Vigilância em Saúde, que trata sobre o estabelecimento da relação das doen- ças e dos agravos com o trabalho (BRASIL, 2021). Disponível em: https://www.gov. br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/vigilancia/guia-de-vigilancia-em-saude_5ed_21nov21_isbn5.pdf/view. Antes de mais nada, você precisa saber que este processo pode ser realizado por qualquer profissional de saúde, porém deve-se dar preferência a investigação do caso por uma equipe multiprofissional. Como em qualquer outro processo investigativo, o primeiro passo para apoiar na coleta de informações é o acolhimento e a escuta qualificada das queixas do paciente no leito, além da necessidade de buscar a sua história de trabalho, quando começou a trabalhar, as ati- vidades desenvolvidas em seu trabalho anterior ao atual. Se você possui dúvidas enquanto à história ocupacional, sugiro que utilize ou adapte o Roteiro para Anamnese Ocupacional disponível na página 34 do Manual de procedimen- tos para os Serviços de Saúde, disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ doencas_relacionadas_trabalho_manual_procedimentos.pdf. Com ele será mais fácil se- guir uma linha de raciocínio apropriada a realidade em questão. Outro material que poderá ajudar na compreensão desta etapa a nível ambulatorial é o Manual de Preenchimento da Ficha Resumo de Atendimento Ambulatorial em Saúde do Trabalhador, disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anamnese _ocu- pacional_ficha_atendimento_trabalhador.pdf ou o roteiro para entrevista com o traba- lhador, disponível no nosso próximo saiba mais. https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/vigilancia/guia-de-v https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/vigilancia/guia-de-v https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/vigilancia/guia-de-v 39Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Conheça algumas perguntas que poderão te apoiar na realização desta atividade: Com que idade começou a trabalhar? Hoje, o que você faz ou em que você trabalha? Há quanto tempo (trabalha nessa atividade ou ocupação)? Onde você trabalha? É empregado (de alguém) ou trabalha por conta própria? Tem contrato ou carteira de trabalho assinada? Conte para mim o que faz em um dia normal de trabalho? Como é seu local de trabalho? Que produtos e instrumentos ou ferramentas você utiliza? Qual sua jornada de trabalho habitual? Trabalha em turnos (diurno, noturno)? Há intervalos para lanche ou refeição, pausas? Faz horas extras? Que riscos para a saúde você percebe no seu trabalho? Você usa alguma proteção enquanto faz o seu trabalho? Há alguma proteção coletiva? Você observou algum efeito ou dano para sua saúde por causa do seu trabalho? Se a resposta da pergunta anterior for positiva. Os seus sintomas melhoram ou pioram quando você está em casa? E no trabalho? Se a resposta da pergunta anterior for positiva. Conhece colegas de trabalho e/ou outros trabalhadores com problemas de saúde semelhantes aos seus? Como se sente e o que pensa sobre seu trabalho? Você está satisfeito com seu trabalho? Para facilitar a construção da cronologia de trabalhos desenvolvidos pelo(a) usuário(a), você poderá seguir do trabalho mais recente para o mais antigo. As informações relativas a empregos formais podem ser auxiliadas pela análise da carteira de trabalho (CTPS) e do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), disponibilizado na demissão do trabalhador. As perguntas elencadas anteriormente devem ser repetidas para cada uma das posições de trabalho vivenciadas pelo (a) trabalhador (a), a fim de construir a história ocupacional. Ainda durante a coleta, outras etapas consideradas importantes são a: i) Avaliação de relatórios e exames complementares; e ii) História clínica e de trabalho atual e pregressa do trabalhador. Para a realização destas etapas você deve considerar (Brasil, 2021) se: Existe compatibilidade entre a doença ou agravo e a alteração corporal/funcional específica. Houve identificação e caracterização da exposição a agentes no ambiente e nos pro- cessos de trabalho potencialmente causadores da doença ou do agravo. A atividade desenvolvida expõe o trabalhador ao risco de doença ou agravo. O trabalho foi um dos fatores causais da ocorrência ou contribuiu para o agravamen- to da doença ou agravo. 40 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT A nível hospitalar, para a continuidade da investigação também é importante levar em consideração o levantamento de dados epidemiológicos; a consulta à literatura científica; a investigação da ocorrência de eventos anteriores ocorridos em trabalhadores expostos a riscos semelhantes; e a coleta de depoimentos e experiência dos trabalhadores, especial- mente se houver mais de um caso suspeito para trabalhadores de uma mesma empresa. (BRASIL, 2021) Este deve ser um trabalho realizado, não apenas por uma equipe multiprofissional, mas também, de forma integrada com outros serviços de vigilância em saúde da unidade hos- pitalar, como os já mencionados NSP, CCIH, SCIH, Gerência de Risco, e também o SESMT e/ou unidade de SOST. O objetivo final da investigação epidemiológica de casos suspeitos é o desfecho do caso, seja ele para trazer a confirmação ou o descarte do adoecimento com o trabalho. Nos casos mais complexos ou quando o responsável pelo atendimento não se sentir pre- parado, os serviços de Vigilância Epidemiológica ou em Saúde do Trabalhador e os Cen- tros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) devem ser acionados para fornecer apoio necessário, de modo a facilitar a elucidação da relação do evento de saúde com o trabalho (BRASIL, 2021). Durante o processo de investigação epidemiológica, a avaliação da relação da doença ou agravo com o trabalho pode ser realizada sem a necessidade de exa- mes clínicos ou diagnóstico médico. A coleta de informações a respeito do históri- co de trabalho coletado com o paciente em questão, o levantamento das possíveis exposições aos riscos ocupacionais ao longo da atividade de trabalho e o conhe- cimento científico desta relação podem ser suficientes. Se houver dificuldade para identificar uma literatura apropriada para esta rela- ção, sugerimos que acesse as listas “A” e “B” da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT), publicada em 1999, pela portaria Portaria/MS nº 1.339/1999. Essa lista será o seu material de referência para conseguir identificar as doen- ças que podem ter causa advinda dos ambientes e processos de trabalho. Ainda neste instrumento, você encontrará os agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional e as doenças causalmente relacionadas com os respectivos agentes ou fatores de risco. 41Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Como mencionado anteriormente vamos voltar ao caso 1, mas agora tentaremos realizar a anamnese ocupacional e verificar a relação do caso com o trabalho. Caso 1 Parte 2. Condução do Caso pela Equipe da NHE. Passo 3. Realize a anamnese ocupacional com o paciente após estabilização do quadro clínico. Neste caso, utilizaremos o exemplo de roteiro para orientar a en- trevista com o (a) trabalhador (a) mencionado anteriormente. 42 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Pa ss o 3 Nome: João Firmino de Bragança Zeudeíde Endereço: Rua Tenório Carmino de Souza, n 240, Brasília. Naturalidade: Sergipe Data de nascimento: 25/12/1989 Idade: 32 anos Profissão: Bombeiro ATIVIDADE ATUAL Identificação da empresa: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Sergipe Sindicato de trabalhadores (nome e endereço): SINDBOMPC/SE - Sindicato dos Bombeiros Profissionais Civis do Estado de Sergipe Processo de produção/trabalho (matérias-primas, instrumentos e máquinas, processos auxiliares, produto final, subproduto e resíduos, fluxograma de produção): Atua no resgate de pessoas acidentadas, presta os primeiros socorros, cuida da vítima até o momento da chegada de outros profissionais e acompanha os pacientes no transporte ao localde atendimento médico. Organização do trabalho, contrato de trabalho, salário, jornada diária, pausas, horas extras, férias, relacionamento com colegas e chefias. Percepção do trabalhador sobre seu trabalho, grau de satisfação, mecanismos de controle do ritmo e da produção: Atua no período diurno, vespertino e noturno, em regime de plantão com jornada de trabalho de 36 horas semanais, recebendo R$ 1.665,62 mensais. Instalações da empresa, área física, tipo de construção, ventilação e iluminação. Condições de conforto e higiene (banheiros, lavatórios, bebedouros, vestiário, refeitório, lazer, etc.). Considera as instalações da empresa adequada a garantia de suas atividades com segurança. Ambientes arejados, e ferramentas de trabalho acessíveis. Considera que nunca lhe faltou nada para o desenvolvimento de suas atividades. O Ambiente possui sala de descanso que dispõe de conforto, lazer e vestiários limpos. O corpo de bombeiros fornece refeições aos bombeiros nos dias de plantão. Descrição da função ou do posto de trabalho em um dia típico de trabalho: o que faz, como faz, com que faz, quanto faz? Geralmente atende a três ocorrências por dia, que vão desde acidentes de carro até resgates, ocorridas em horários diferentes durante o seu plantão. Nem sempre dispõe de tempo para fazer as refeições no horário e atua conjuntamente com colegas e outras equipes de segurança pública e de saúde. Nos resgates realiza os primeiros-socorros tentando garantir a estabilidade dos envolvidos no acidente e geralmente aguarda a equipe de saúde para atendimento especializado. Presença de fatores de risco para a saúde: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, de acidentes e outros. Medidas de proteção coletiva e individual: existência, adequação, utilização e eficácia em relação aos riscos. Relata sentir que o seu ambiente de trabalho é saudável. Porém encontra-se exposto a diferentes fatores de risco a saúde a depender do caso em que se encontra envolvido. Em sua última ocorrência, esteve exposto a agentes biológicos, uma vez que precisou resgatar uma família em uma represa conhecida pela contaminação por esquistossomose. Percepção do trabalhador sobre seu trabalho e relacionamento com chefias e colegas. Considera a relação com seus colegas muito boa. Relata que sua chefia imediata é seu amigo e que entre a equipe há um respeito pelos limites de cada um e que eles buscam auxiliar uns aos outros, assim como proteger uns aos outros durante os serviços, estando atentos a quaisquer situações que possam gerar dano à própria equipe e aos envolvidos no acidente. Recursos de saúde: realização de exames pré-admissional, periódico e demissional, atuação do SESMT e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), recursos de saúde, plano de saúde, etc. Possui plano de saúde privado e nota uma boa atuação da equipe da CIPA na corporação, mas não sabe quais são as atribuições desta comissão. Realiza periodicamente exames e consulta a pedido da instituição em que trabalha. ATIVIDADES ANTERIORES Nunca trabalhou em outra empresa. Trabalha neste regime há 2 anos. 43Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Passo 4. Avalie relatórios e exames complementares e história clínica e ocupacio- nal atual e pregressa do trabalhador. Passo 5. Consulte à literatura científica e investigação da ocorrência de eventos anteriores ocorridos em trabalhadores expostos a riscos semelhantes. Pa ss o 5 ARTIGOS E MATÉRIAS Nenhum artigo ou matéria jornalística foi encontrada sobre este tema, embora a associação neste caso seja evidente. Passo 6. Estabeleça a relação da esquistossomose com o trabalho. Pa ss o 6 Existe compatibilidade entre a doença ou agravo e a alteração corporal/funcional específica? Sim, quadro clínico sugestivo de contato recente com a esquistossomose. Houve identificação e caracterização da exposição a agentes no ambiente e nos processos de trabalho potencialmente causadores da doença ou do agravo? Sim, o ambiente é conhecido por ser um foco de esquistossomose no município. A atividade desenvolvida expõe o trabalhador ao risco de doença ou agravo. Sim, a depender do tipo de acidente o trabalhador é exposto a diferentes fatores de risco, no acidente em questão o mesmo foi exposto a água contaminada. O trabalho foi um dos fatores causais da ocorrência ou contribuiu para o agravamento da doença ou agravo. Sim, a atuação e imersão de parte do corpo na barragem foi fator necessário para a contaminação Agora que concluímos, siga a atividade de notificação, mas lembre-se que voltaremos ao caso 1 assim que terminar esta etapa. 3 Notificação Após confirmar a relação entre a doença ou agravo com o trabalho, é chegada a hora de uma das etapas mais importantes do fluxo de ações da vigilância epidemiológica hospita- lar em saúde do trabalhador, a notificação. Conforme o Guia de Vigilância Epidemiológica de 2022, a notificação representa a comuni- cação da ocorrência de alguma doença ou agravo à saúde, realizada por profissionais de saúde ou qualquer outro cidadão para informar às autoridades sanitárias, com o objetivo de apoiar na tomada de decisão (BRASIL, 2022). 44 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT A respeito das atribuições do NHE, destaca-se que a notificação deve ser realizada e in- formada ao primeiro nível hierárquico superior da vigilância epidemiológica, no caso, a Secretaria Municipal de Saúde. Nesta etapa, os prazos de notificação deverão ser se- guidos, conforme orienta a Portaria GM/MS Nº 420, de 2 de março de 2022 (Disponí- vel em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-420-de-2-de-marco- de-2022-383578277). O preenchimento qualificado da ficha de notificação contemplando todos os campos é extremamente importante. Evite utilizar o item ignorado em qualquer um deste campo. Use-o apenas quando não houver outra alternativa viável. Baseado nos prazos definidos pela portaria GM/MS Nº 420, de 2 de março de 2022 (dis- ponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-420-de-2-de-mar- co-de-2022-383578277), os casos de acidentes de trabalho devem ser notificados em até 24 horas. Neste caso, a notificação pode ser realizada através do envio, por e-mail, do formulário de notificação ou por contato telefônico para a Secretaria Municipal de Saúde conforme fluxo de notificação das doenças e agravos de notificação compulsória relacio- nadas ao trabalho descrito na página 28 das Normas e Rotinas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Disponível em: http://portalsinan.saude.gov. br/images/docu- mentos/Aplicativos/sinan_net/Manual_Normas_e_Rotinas_2_edicao.pdf). Para atender ao que está estabelecido extraoficialmente na Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (Renaveh), esta informação deve ser enviada pelo NHE para a Renaveh estadual através da Comunicação de DAE imediata em até 24 horas. A notificação dos casos de intoxicação exógena relacionada ao trabalho, que deve ser do caso suspeito, e acidente de trabalho com material biológico, que deve ser do caso confir- mado, deve ser realizada semanalmente e seguir o fluxo local de entrega das notificações estabelecida com a Secretaria Municipal de Saúde. É provável que você esteja se perguntando sobre a notificação das outras seis Dart. As demais Dart devem ser monitorados por meio da estratégia de Vigilância em unidades sentinelas (BRASIL, 2017). Assim, casos confirmados de Câncer relacionado ao trabalho, Dermatoses ocupacionais, Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Re- lacionados ao Trabalho (LER/Dort), Perda Auditiva Induzida por Ruído - Pair relacionada ao trabalho, Pneumoconioses relacionadas ao trabalho e Transtornos mentais relaciona- dos ao trabalho devem ser monitorados por NHE de hospitais sentinelas e notificados con- forme fluxo estabelecido pelas Secretarias Municipais de Saúde. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-420-de-2-de-marco-de-2022-383578277)https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-420-de-2-de-marco-de-2022-383578277) https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-420-de-2-de-marco-de-2022-383578277 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-420-de-2-de-marco-de-2022-383578277 http://portalsinan.saude.gov. br/images/documentos/Aplicativos/sinan_net/Manual_Normas_e_Rotinas_2_e http://portalsinan.saude.gov. br/images/documentos/Aplicativos/sinan_net/Manual_Normas_e_Rotinas_2_e 45Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Considerando a importância de que todas as Dart sejam de notificação compulsó- ria, alguns estados já emitiram resoluções com uma lista de notificação Compul- sória estadual, incluindo outros agravos e doenças na lista do Ministério da Saú- de, a exemplo do Rio de Janeiro, com a Resolução SES Nº 2485 de 18 de outubro de 2021 (Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/12138042/4355403/ DNCSESRJ.pdf), do Rio Grande do Sul, com a Resolução Nº 189/20 – CIB-RS (dispo- nível em: https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202010/14153344-cibr189-20. pdf), do Amazonas, com a Portaria Nº 0583/2013 (disponível em: http://www.sau- de.am.gov.br/cerest/docs/Port_gsusam_2013_583.pdf) e da Bahia com a Por- taria SESAB nº 1.290, de 09 de novembro de 2017 (disponível em: http://www3. saude.ba.gov.br/cgi/sinan/docs/PORT-SESAB-1290-2017-1.pdf). Outros estados orientam a notificação compulsória de todas as Dart por meio de notas técni- cas, como no Paraná, com a Nota técnica Nº 001/2014 CEST/SVS (disponível em: https://www.documentador.pr.gov.br/documentador/pub.do?action=d&uuid=@ gtf-escriba-sesa@99775fe3-b7f9-4d02-8acf-f45fe4805849&emPg=true). Como mencionado anteriormente, vamos voltar ao caso 1 novamente, mas agora tentaremos realizar a notificação, logo depois apresentarei mais um caso para que possa exercitar um pouco mais o preenchimento desta ficha. Caso 1 Parte 3. Condução do Caso pela Equipe da NHE. Passo 6. Preenchimento qualificado da ficha de notificação individual de transtor- nos mentais relacionados ao trabalho. http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/12138042/4355403/DNCSESRJ.pdf http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/12138042/4355403/DNCSESRJ.pdf https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202010/14153344-cibr189-20.pdf https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202010/14153344-cibr189-20.pdf http://www.saude.am.gov.br/cerest/docs/Port_gsusam_2013_583.pdf http://www.saude.am.gov.br/cerest/docs/Port_gsusam_2013_583.pdf http://www3.saude.ba.gov.br/cgi/sinan/docs/PORT-SESAB-1290-2017-1.pdf http://www3.saude.ba.gov.br/cgi/sinan/docs/PORT-SESAB-1290-2017-1.pdf https://www.documentador.pr.gov.br/documentador/pub.do?action=d&uuid=@gtf-escriba-sesa@99775fe3-b7f9 https://www.documentador.pr.gov.br/documentador/pub.do?action=d&uuid=@gtf-escriba-sesa@99775fe3-b7f9 46 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 47Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Que tal treinar mais um pouco? Veja agora o caso 2 e tente identificar e preencher a ficha de notificação referente ao caso. Caso 2 Parte 1. Condução do Caso 1 pela equipe da NHE Passo 6. Preenchimento qualificado da ficha de notificação individual de acidente de trabalho. 48 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 49Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT 4 Trabalho Integrado com os Setores da Unidade Hospitalar Como mencionado anteriormente, as atividades de busca ativa e investigação epidemioló- gica devem ser realizados de forma integrada e articulada com o NSP, CCIH, SCIH, SOST, SESMT e qualquer outro setor da unidade hospitalar que possa contribuir para o processo de identificação de casos suspeitos e definição da relação causal entre a doença ou agravo e o trabalho. Na busca ativa de DAE de notificação compulsória relacionado ao trabalho em pacientes admitidos na unidade hospitalar, a equipe da SCIH, poderá colaborar com o NHE no que se refere ao rastreamento de pacientes com doenças infecciosas de notificação compulsória com possível relação com o trabalho. Por outro lado, o SOST e o SESMT poderão contribuir com o rastreamento de funcionários da unidade hospitalar em que houve acidentes por material biológico ocorrido com funcionários. Já o NSP, poderá auxiliar na adesão a pro- tocolos técnico e operacional e de manejo clínico, nas estruturas e processos destinados a proteger os pacientes e profissionais de saúde e na avaliação e monitoramento do risco da equipe de saúde. 50 Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Este trabalho integrado pretende implantar atividades de vigilância epidemiológica, como o acesso às informações necessárias à detecção, monitoramento e encerramento de casos ou surtos sob investigação a partir de a fim de responder às questões epidemiológicas da vigilância em saúde. 5 Apoio à equipe externa Dentre as atribuições do NHE referente ao apoio, podemos citar: i) a cooperação com a investigação de surtos das doenças e agravos de notificação compulsória relacionadas ao trabalho; ii) o apoio à investigação de óbitos potencialmente relacionados ao trabalho, ocor- ridos no ambiente hospitalar, em conjunto com a comissão de análise de óbitos e em articulação com a secretarias municipal de saúde e com a secretaria estadual de saúde; iii) o apoio e desenvolvimento de estudos epidemiológicos e operacionais, incluindo a avaliação de protocolos clínicos relacionados às doenças e agravos de notificação compulsória relacionadas ao trabalho no ambiente hospitalar; iv) o apoio à Visat na investigação epidemiológica das Doenças e Agravos relaciona- dos ao Trabalho contemplados na lista de DAE de notificação compulsória, detec- tados em ambiente hospitalar, assim como no monitoramento, avaliação e divul- gação do perfil de morbimortalidade por essas doenças e agravos. Além destas atribuições descritas na Portaria GM/MS nº 420/2022, deve-se também atri- buir a NHE a articulação com outros serviços de vigilância em saúde para o desenvol- vimento das ações de vigilância, inclusive os atores que se encontram fora do ambiente hospitalar, como os Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), Equipes de Vigilância em Saúde do trabalhador, os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), o Serviço de Vigilância do Óbito (SVO), a Vigilância Epidemiológica (VE) Municipal Estadual, entre outros. Para melhorarmos a compreensão sobre o apoio a equipe externa vamos apresentar um exemplo que você poderá se deparar ao longo de suas atividades no NHE, especialmente se você trabalhar em unidades hospitalares da região norte ou centro-oeste, onde a mine- ração é comum. 51Investigação Epidemiológica em Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar Curso VEHSAT Considerando este caso: Como o NHE poderia apoio a equipe do Cerest nesta investigação epidemioló- gica? É competência do NHE notificar o caso? Conseguiu pensar em respostas? Para que possamos resolver este caso gostaria que pensassem em duas situações distintas: na primeira, certificar-se que é um caso de ansiedade relacionada ao trabalho e na segunda, verificar após acompanhamento do caso que se trata de um caso de intoxicação exógena à vapor de mercúrio decorrente da ação de fis- calização do Ibama em uma mineradora que utilizava mercúrio no processo de mineração do ouro de forma ilegal. No primeiro caso, caberá ao NHE comunicar o caso à Equipe de Vigilância e Saúde do Trabalhador ou Cerest para que estas equipes possam realizar a investigação epidemiológica do caso, preencher a ficha de notificação de Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho e notificar. Nesta situação, o NHE poderá auxiliar estas equipes fornecendo informações sobre o paciente ou auxiliando as equipes na coleta de informações dentro da unidade
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