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Unidade 1 Fundamentos de Auditoria e a Saúde Pública Auditoria Hospitalar Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria HERMÍNIO OLIVEIRA MEDEIROS AUTORIA Hermínio Oliveira Medeiros Olá! Sou graduado em Farmácia pela Universidade Federal de Ouro Preto (2005) e em Sociologia pela Universidade Paulista (2018). Sou Mestre em Administração em Saúde pela Universidade del Mar (2014), Pós- graduado com MBA em Gestão de Negócios pelo Centro Universitário de Viçosa (2012) e especializado em Gestão em Logística Hospitalar pela FINOM (2009), em Qualidade e Acreditação Hospitalar pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (2014) e em Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente pela ENSP/FIOCRUZ (2017). Atuo na docência de cursos superiores da Saúde e na Gestão de Saúde Pública e Hospitalar. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO A Auditoria como ferramenta organizacional ..................................10 Auditoria, fiscalização e avaliação ....................................................................................... 11 O conceito de auditoria ............................................................................................................... 11 O processo de fiscalização ..................................................................................................... 15 As avaliações em saúde............................................................................................................. 16 Auditorias internas e externas ...............................................................18 Auditoria interna ............................................................................................................................... 18 Auditoria externa ..............................................................................................................................22 Comparando auditoria interna e externa .......................................................................24 Tipos de auditoria ....................................................................................... 27 Auditoria de conformidade ......................................................................................................27 Auditoria operacional ...................................................................................................................28 Auditoria de gestão .......................................................................................................................28 Auditoria de qualidade ................................................................................................................29 Auditoria em Saúde Pública ...................................................................31 O SUS e suas diretrizes .............................................................................................................32 A Carta de Direitos dos Usuários do SUS ......................................................................35 Auditoria no SUS ............................................................................................................................. 36 Auditoria em serviços de saúde particulares e conveniados .........................37 7 UNIDADE 01 Auditoria Hospitalar 8 INTRODUÇÃO Prezado aluno, nesta unidade, vamos estudar os principais conceitos e os tipos de auditoria que são normalmente utilizados nas organizações prestadoras de serviços de saúde. Aprenderemos a diferenciar a aplicação da auditoria, da fiscalização e da avaliação e a sua importância no monitoramento da segurança e da qualidade da assistência em saúde. Convidamos você a desenvolver seus conhecimentos sobre a ferramenta da auditoria. Vamos lá! Bons estudos! Auditoria Hospitalar 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar os conceitos e modelos básicos de Auditoria. 2. Entender o papel e o perfil do auditor na área de Saúde. 3. Discernir sobre os processos de auditoria interna e externa. 4. Identificar os diferentes tipos de auditoria e suas aplicações. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Auditoria Hospitalar 10 A Auditoria como ferramenta organizacional OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de diferenciar os tipos de auditoria aplicados às organizações de saúde, bem como planejar e executar auditorias dentro das necessidades dos serviços. Também, desenvolverá as suas habilidades e competências para promover a melhoria contínua dos processos internos por meio do monitoramento e avaliação que a auditoria proporciona. Vamos lá! Ao levantar dados e informações sobre uma organização, o profissional que realiza uma auditoria, chamado de auditor, busca, por meio da análise de documentos, entrevistas, verificações e inspeções, interagir com tal instituição e sentir o que ela tem a expressar sobre a realização de seus processos internos. NOTA: Esse é o conceito fundamental da auditoria, que, do latim, significa “ouvir”. Para a realização eficiente de uma auditoria, alguns critérios precisam estar presentes no trabalho do auditor, principalmente a imparcialidade. A auditoria assume, na atualidade, uma importância ímpar nas organizações de saúde que buscam a sustentabilidade e a eficiência administrativa em um cenário marcado historicamente pela precariedade administrativa e o subfinanciamento. Desse modo, a auditoria configura uma ferramenta utilizada por aquelas organizações de saúde que buscam se conhecer e promover melhorias contínuas na segurança e qualidade de seus processos de assistência aos pacientes. Auditoria Hospitalar 11 Veremos também que as organizações passam por constantes processos de auditoria, fiscalização e avaliações por órgãos sanitários reguladores, fontes pagadoras de serviços, certificadoras de qualidade, entre outras. Auditoria, fiscalização e avaliação Mesmo entre os profissionais que se dedicam à realização de auditoria, existe a confusão conceitual entre auditoria, fiscalização e avaliação - suas diferentes tipologias e características. O principal motivo dessa disfunção conceitual se deve ao fato de que os três processos são amplamente aplicados nas organizações, inclusive no setor da saúde. O conceito de auditoria A Auditoria é um sistema de revisão de controle, que fornece informações para a administração da empresa sobre a eficiênciae sobre a eficácia dos programas que estão em desenvolvimento. Sua função não é indicar apenas problemas e falhas, mas, também sugerir e apontar soluções. Desta forma, assume um caráter também educacional junto à organização (CHIAVENATO, 2006). Assim, a auditoria propicia à organização o monitoramento permanente sobre a execução de seus processos, seja ele qual for. NOTA: Controlar é submeter determinado objeto ou assunto a exame e vigilância detalhados. Desse modo, por meio da auditoria, pode-se rever, examinar determinado objeto ou assunto na organização hospitalar. A auditoria visa informar à gestão sobre o cumprimento de normas e diretrizes, metas e regularidade, evidenciando a eficiência e eficácia das atividades executadas. Auditoria Hospitalar 12 NOTA: As auditorias são contratadas pela gestão da organização para que esta possa ter visão ampla sobre um processo de interesse. É importante frisar que a auditoria não evidencia apenas falhas e erros, mas proporciona informações para que propostas, sugestões e soluções de melhorias sejam elaboradas para a realização daquele processo ou assunto em questão. IMPORTANTE: A auditoria não se trata de um processo meramente punitivo, mas deve ter caráter focado no aspecto educativo. Figura 1 - Auditoria Fonte: Freepik Nas organizações modernas, a auditoria representa uma ferramenta de gestão muito focada na qualidade. Em saúde, é fundamental para a segurança e gerenciamento de riscos, permitindo à gestão e às equipes o aprimoramento contínuo da assistência à saúde. Auditoria Hospitalar 13 A Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI) ressalta que a Auditoria é o exame das operações, atividades e sistemas de determinada entidade, com vistas a verificar se são executados ou funcionam em conformidade com determinados objetivos, orçamentos, regras e normas (INTOSAI, 2015 apud BRASIL, 2017). Segundo a Instrução Normativa nº 01, de 06 de abril de 2001, da Secretaria Federal de Controle Interno do Ministério da Fazenda, a auditoria: É um conjunto de técnicas para avaliar a gestão, pelos processos e resultados gerenciais, e a aplicação de recursos, mediante a confrontação entre uma situação encontrada com um determinado critério pré- estabelecido, que pode ser técnico, operacional ou legal (BRASIL, 2001, p. 31). De modo geral, todos os conceitos de auditoria, apresentados por órgãos reguladores ou executores de auditorias em diversos setores e organizações, demonstram que se trata de uma ferramenta de controle de processos. A auditoria é uma ferramenta de gestão que fornece importantes parâmetros gerenciais para a tomada de decisão, principalmente na correção e melhoria de processos, na alocação de recursos e demais problemas de ordem administrativa e assistencial. IMPORTANTE: O principal objetivo da auditoria é comparar o cenário vigente em uma organização com relação ao respeito a uma norma pré-estabelecida como requisito legal, diretrizes internas ou normas de qualidade. Para o Tribunal de Contas da União (2011): Auditar é examinar, de forma independente e objetiva, uma situação ou processo, comparando-o com um critério estabelecido preliminarmente, para que, dessa forma, se consiga emitir uma opinião ou um comentário a respeito dessa comparação entre a situação e o critério, e encaminhar para um destinatário predeterminado (BRASIL, 2011, p. 12). Auditoria Hospitalar 14 Concluímos, portanto, que a auditoria é um processo sistemático, com base em análises e evidências, avaliações e comparações com critérios previamente estabelecidos e que se finaliza com a comunicação de seus resultados ao destinatário, por meio da emissão de um relatório detalhado. O processo de auditoria é composto por cinco etapas fundamentais: 1. Planejamento dos objetivos e dos recursos necessários. 2. Exame e avaliação dos dados. 3. Apresentação dos resultados. 4. Divulgação dos resultados. 5. Sugestão de ações de melhoria (recomendações). NOTA: As auditorias se operacionalizam por meio de entrada, processamento e saída. São partes do processo de auditoria: a entrada de informações sobre situações evidenciadas, critérios e normas da auditoria, processados em produtos, como achados e relatos de auditoria, propostas de ações corretivas e recomendações. O produto da auditoria é entregue por meio da comunicação dos resultados encontrados durante a realização da auditoria e encaminhados ao respectivo destinatário, que pode ser o auditado ou não. O relatório de auditoria deve conter os atributos: • Coerência. • Oportunidade. • Convicção. • Integridade. • Apresentação. Auditoria Hospitalar 15 • Objetividade. • Tempestividade. • Clareza. • Conclusão. O relatório de auditoria é um instrumento formal e técnico por meio do qual a equipe de auditoria comunica o objetivo desse processo, a metodologia que foi utilizada, as constatações, as evidências encontradas, as conclusões e as propostas de encaminhamentos e melhorias. Desse modo, deve ser elaborado em documento formal e padronizado e, para cumprir com seu objetivo, direcionado aos interessados a fim de que possam proceder sua análise e intervir de maneira conveniente. O processo de fiscalização IMPORTANTE: Auditoria e fiscalização são processos diferentes quanto aos seus objetivos. Assim, é importante saber diferenciá-los. A auditoria é reconhecida como um sistema, um conjunto de elementos, em que há uma entrada de dados, sua análise ou processamento, o que resulta em informações precisas. A fiscalização, por sua vez, consiste apenas na verificação se algum processo está sendo executado de acordo com o previamente preconizado e definido como regra. Auditoria Hospitalar 16 Figura 2 - Fiscalização Fonte: Pixabay A auditoria é um sistema, um processo de trabalho. A fiscalização é uma verificação com o que foi pré-determinado. As avaliações em saúde Além das auditorias e fiscalizações, temos também que apresentar o conceito de avaliação: Avaliar é emitir uma opinião, um julgamento sobre determinado assunto ou objeto; ou ainda sobre um processo, ou mesmo sobre uma organização. EXEMPLO: Os serviços de ouvidoria são exemplos em que os usuários emitem a sua opinião sobre determinados serviços ou produtos. Auditoria Hospitalar 17 Figura 3 - Avaliação Fonte: Pixabay As auditorias, de acordo com o objetivo a qual se destinam, podem ser realizadas por equipes internas ou externas às organizações de saúde. Auditoria Hospitalar 18 Auditorias internas e externas OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você terá compreendido o papel e o perfil do auditor na área de Saúde e como funcionam as auditorias internas e externas. Vamos lá! As auditorias podem ser de execução interna ou externa. Cada uma tem objetivos, metodologia e visa atingir resultados distintos. Assim temos: • A auditoria interna é aquela realizada por profissionais da própria organização, normalmente com o objetivo de buscar melhorias, aprimorar seus serviços, a fim de conseguir uma certificação ou acreditação. • A auditoria externa é realizada por profissionais que não pertencem à organização. Podem ser profissionais contratados, de órgãos regulamentadores, empresas especializadas ou institutos certificadores. Auditoria interna O principal objetivo da realização de uma auditoria interna é a melhoria contínua dos processos e dos resultados da organização. A partir da auditoria, a gestão pode obter visão de como os processos estão sendo executados, seus resultados, suas falhas e os riscos envolvidos e, assim, elaborar recomendações de soluções para as não conformidades elencadas, visando o aperfeiçoando dos processos, os controles internos e a própria gestão da organização. NOTA: A expressão “não conformidade” se refere ao não atendimento de um requisito pré-determinado, que podeser uma lei, uma norma, uma resolução interna, um regimento, um código de ética, entre outros. Auditoria Hospitalar 19 De acordo com o Tribunal de Contas da União (2011), as não conformidades são divididas em impropriedades e irregularidades: A impropriedade consiste em falhas de natureza formal de que não resulte danos ao Erário, porém evidencia-se a não observância aos princípios de legalidade, legitimidade, eficiência, eficácia e economicidade. A irregularidade é caracterizada pela não observância desses princípios, constatando a existência de desfalque, alcance, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte prejuízo quantificável para o Erário (BRASIL, 2011, p. 128). A equipe de auditoria interna do hospital, composta por profissionais de suas diversas áreas e setores, constitui a Comissão Interna de Auditoria. Essa comissão apoiará a alta direção da organização por gerar relatórios com importantes parâmetros gerenciais que subsidiarão a tomada de decisão racional e a aplicação de recursos financeiros, muitas vezes limitados e insuficientes. Figura 4 - Auditores internos Fonte: Freepik Auditoria Hospitalar 20 Uma importante vantagem da auditoria interna é que ela permite aos gestores obter visão da organização já contando com a experiência e o conhecimento da estrutura administrativa pelos auditores que, por sua vez, são parte do corpo profissional da empresa. Por outro lado, apresenta como desvantagem um potencial envolvimento desses indivíduos com os setores e a equipe auditada. As auditorias da qualidade são instrumentos significativos para o gerenciamento da qualidade. Independentemente do avanço de algumas organizações, ainda não há total consciência dos incentivos provenientes de sua aplicação. A auditoria da qualidade é uma análise organizada, é planificar, evidenciar e desempenhar pelo pessoal apartado da área auditada, a fim de averiguar a efetividade do composto de qualidade introduzido e, transversalmente, as indicações diretas e o reconhecimento de não conformidades. Também é adaptar-se como procedimento de realimentação e aprimoramento do sistema da qualidade. Quando falamos que a qualidade corresponde à responsabilidade, o que estamos dizendo é que a Auditoria Contábil tem como compromisso as finanças da empresa. As auditorias contábeis não só confirmam a autenticidade dos livros, mas também a acomodamento do sistema contábil. A mesma semelhança vale para as auditorias da qualidade. Quando abordamos esse assunto de acordo com teoria existente, demonstramos os mais variados tipos de classificação. Não obstante, podemos fundamentalmente dividir essas classificações em: I. Externas: conhecidas por serem concretizadas e desempenhadas por outras instituições, como: • Clientes. • Empresas. • Instituições especializadas. Auditoria Hospitalar 21 II. Internas: conhecidas por serem concretizadas e desempenhadas pela própria instituição; normalmente, são subdivididas em: • Auditoria de sistemas – analisa a efetividade do sistema da qualidade. • Auditoria de processos – analisa a continuidade entre procedimentos e mecanismos instituídos a desempenho real. • Auditoria de itens (produtos ou serviços) – define a compatibilidade de produto ou serviços com as especificações e competências. Podemos citar como principais objetivos da auditoria de qualidade: I) Considerar a compatibilidade dos mecanismos da qualidade com o regulamento determinado por clientes ou pela própria organização. II) Considerar o consentimento dos procedimentos emprega dos com os procedimentos estabelecidos. III) Considerar o procedimento de tomada de decisão da organização, quando relacionamos à qualidade. V) Considerar a conformidade das características da qualidade dos produtos/serviços com as caracterizações. V) Considerar e melhorar a efetividade do sistema da qualidade. VI) Identificar complicações de grande potencial da qualidade de produtos/serviços. Não é possível estabelecer um código universal para a fixação de um sistema de auditorias da qualidade. Cada organização precisa qualificar as suas necessidades e, em responsabilidade destas, expandir e amplificar um plano que seja adaptável com as finalidades. IMPORTANTE: Não confunda o objetivo das auditorias: os auditores auditam os processos e nunca os colaboradores da organização! Auditoria Hospitalar 22 As auditorias internas preparam a organização para a realização de uma auditoria externa de certificação ou acreditação, por exemplo. Assim, a equipe identificará as não conformidades e poderá intervir em sua resolução previamente, em tempo hábil. Auditoria externa A auditoria externa é realizada por uma equipe auditora composta por profissionais independentes, sem ligação com o quadro de recursos humanos da organização auditada. NOTA: As auditorias externas mais comuns nos hospitais são as contábeis, de certificação e acreditação. A acreditação no Brasil segue as normas da Organização Nacional de Acreditação (ONA). Pelo fato de os auditores não terem o conhecimento prévio da organização auditada, essa forma de auditoria apresenta vantagens e desvantagens. Como vantagem, temos a imparcialidade dos auditores e, como desvantagem, o risco de que suas recomendações e sugestões sejam superficiais ou fujam da realidade e condições, principalmente financeiras, da organização. A auditoria externa precisa respeitar as normas de auditoria. Essas regras gerais são instituídas pelos órgãos regulamentadores da profissão na forma de orientações e regulamentações. Não obstante, podemos elaborar as seguintes orientações, que têm se demonstrado eficazes para a sua implantação: I) O sistema deve ser desenvolvido e gerenciado por um profissional com experiência na área, tendo a base da Alta Administração para a efetuação deste trabalho. II) O sistema deve ser adaptar de forma a certificar que a efetivação das auditorias seja um hábito regular dentro da organização. Auditoria Hospitalar 23 III) deve ser escolhido um número combinado de normas, a fim de ocultar adequadamente as condições da organização, sejam essas contratuais ou não. IV) Todas as auditorias devem ser efetivadas confrontando-se os sistemas da organização contra as condições das normas escolhidas. V) O sistema deve ser pensado e compacto no seu ponto de vista. VI) Os auditores devem ser exercitados e com boas experiências em técnicas de auditoria, incluindo-se os fatores como: comportamentais. VII) O sistema deve ser publicado, apreendido e admitido pôr os indivíduos da organização. VIII) Deve existir um sistema eficaz de informações e técnicas da auditoria, com linhas de comunicação bem estabelecidas, uma vez que muitas áreas funcionais podem estar relacionadas. IX) Deve haver uma estratégia eficaz para garantir que as iniciativas corretivas sejam instauradas. A auditoria deve ser direta, efetiva e concretizada contra uma diretriz definida da qualidade. X) Uma programação de auditorias deve ser demarcar e usada com base no sistema de registros de auditoria. NOTA: As normas de auditoria são divididas em normas gerais (básicas), normas referentes aos procedimentos de execução da auditoria, normas referentes ao comportamento do auditor e normas referentes à comunicação do resultado (confecção do relatório e sua divulgação). Auditoria Hospitalar 24 Comparando auditoria interna e externa No Quadro a 1, podemos encontrar reunidas as principais diferenças entre as auditorias interna e externa. Quadro 1 - Principais diferenças entre as auditorias interna e externa Fonte: Gonzales e Medeiros (2019). Auditoria Hospitalar 25 REVISANDO: A equipe de auditores internos é constituída por funcionários da organização. Esse tipo de auditoria visa a melhoria dos processos e resultados e é muito utilizada na verificação de adequação às normas de qualidade. Seus relatóriose recomendações são de interesse externo. A auditoria externa é realizada por uma equipe contratada para fins contábeis, certificações e acreditação. Nesse tipo de auditoria, respeita-se as normas de auditoria e seus pareceres, além disso, relatórios interessam a um público maior, incluindo acionistas, fornecedores e clientes. Hospitais filantrópicos e aqueles de capital aberto (Sociedade Anônima) que publicam seus balanços e demonstrativos contábeis contratam auditorias contábeis externas com essa finalidade. De modo geral, o auditor, tanto interno quanto externo, precisa ter características e habilidades, conforme apresentado no Quadro 2. Quadro 2 - Características inerentes aos auditores Fonte: Gonzales e Medeiros (2019). Auditoria Hospitalar 26 O auditor precisa atentar-se para as garantias constitucionais de inviolabilidade, intimidade e privacidade dos indivíduos. Assim, segundo a Constituição Federal de 1988, os auditores são legalmente obrigados a manter o sigilo de suas constatações nas auditorias realizadas. SAIBA MAIS: O Código de Ética do Auditor prevê como deve ser sua conduta, norteando o comportamento ético, seus direitos e deveres. Caso queira se aprofundar no assunto, você pode clicar aqui. Para desenvolver suas atividades, o auditor precisa ter acesso às dependências da empresa ou do hospital examinado, acesso aos documentos, instalações e equipamentos necessários para executar suas atividades corretamente. Os auditores também precisam ter grande competência técnica a respeito daquele processo que irão auditar, mantendo-se sempre atualizados. Não pode ser negado ao auditor, sob nenhum pretexto, processo, documento ou qualquer informação solicitada por ele. Se isso ocorrer, o fato deverá ser comunicado, imediatamente e preferencialmente por escrito, ao dirigente da organização, de modo a registrar e solicitar as providências necessárias. RESUMINDO: Neste capítulo, vimos que a equipe de auditores internos é constituída por funcionários da organização. Já a auditoria externa é realizada por uma equipe contratada para fins contábeis, certificações e acreditação. Também, aprendemos como deve ser a conduta do auditor, com base no seu Código de Ética. Auditoria Hospitalar https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/editorHTML/uploadDireto/codigodeetica3-editorHTML-00000010-13032019134055.pdf 27 Tipos de auditoria OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você saberá discernir sobre os processos de auditoria interna e externa. Vamos lá! As auditorias podem ser classificadas em auditoria de conformidade, operacional, de gestão e de qualidade, de acordo com o tipo de atividade que será executada na organização. Em cada tipo de auditoria, o planejamento será diferente, bem como os recursos necessários e os critérios a serem observados. Auditoria de conformidade As auditorias de conformidade visam determinar se um estabelecimento, processo, assunto ou objeto está em conformidade com as normas que foram previamente estabelecidas como critérios de verificação. As normas, requisitos legais e demais critérios a serem observados pela equipe auditora durante a execução da auditoria irão compor o checklist, conhecido como lista de verificação, elaborado na etapa do planejamento. A auditoria de conformidade é realizada para se verificar se os seus processos cumprem, nos aspectos de interesse, as normas e demais critérios que regem a organização auditada. Esse tipo de auditoria busca principalmente verificar a legalidade, legitimidade e se existem erros e fraudes nas organizações, de acordo com o requisito legal e demais critérios relevantes. Auditoria Hospitalar 28 Auditoria operacional Na auditoria operacional, verifica-se se as atividades e processos internos da organização estão sendo executadas, operacionalizadas de maneira correta, de acordo com os critérios estabelecidos. Esse tipo de auditoria também é conhecido como auditoria de desempenho, de eficiência e, ainda, por alguns autores, como auditoria de gestão. Figura 5 - Lista de verificação Fonte: Pixabay O objetivo dessa auditoria é descobrir se os processos estão sendo bem executados e se existe a possibilidade de melhoria em algum aspecto. A auditoria visa a identificar se a organização está funcionando de maneira satisfatória, desde sua estrutura organizacional, custos, processos e rotinas. Por isso, é muito utilizada pelos órgãos de regulação. Auditoria de gestão A auditoria de avaliação de gestão conhecida também apenas como auditoria de gestão tem por objeto o trabalho do gestor. Auditoria Hospitalar 29 Nela, são verificados a execução das atividades, os resultados obtidos, a regularidade das contas e das prestações de contas, o adequado cumprimento dos contratos e convênios firmados. A auditoria de gestão verifica como está a gestão da organização em questão. Por esse motivo é muito utilizado por contratantes da organização, acionistas e diretores. Por meio desse tipo de auditora, pode-se avaliar o desempenho da organização, sua eficiência e eficácia. Auditoria de qualidade A auditoria de qualidade tem por objetivo verificar o cumprimento das normas de um sistema de gestão da qualidade certificável e voluntariamente implantado pela organização de saúde. São exemplos de normas de qualidade certificáveis aplicáveis às organizações hospitalares: NB ISO 9001, NBR ISO 14001, acreditação ONA, Joint Comission International e Accreditation Canada. Sabemos da importância dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), e é fundamental compreender como se dão as questões contratuais em relação aos profissionais e ao ambiente hospitalar. A contratualização é um procedimento em que os componentes e a administração do Município e do Estado constituem objetivos que indicam quantidade e qualidade de atenção e cuidado à saúde e referente ao gerenciamento hospitalar, formalizadas e certificadas por meio de um acordo contratual. Esse mecanismo é formado por duas partes. A primeira, o contrato, e a outra, os papeis com a detalhamento e apresentação dos objetivos que indicam quantidade e qualidade, que serão agrupados e analisados diante de uma Comissão de Acompanhamento composta pelo administrador, pela equipe hospitalar e pelos pacientes. Para que seja mais fácil a compreensão, vamos entender como se deu a contratualização no decorrer da história. Auditoria Hospitalar 30 A Auditoria da Qualidade Hospitalar passa pela análise de diversos parâmetros gerenciais. Nas organizações de saúde, é muito importante que esses parâmetros sejam monitorados de maneira contínua por meio de indicadores de resultado (LUONGO, 2011). De acordo com Bittar (2001): O indicador é uma unidade de medida que tem como alvo os resultados, processos e estrutura em saúde e que pode ser usado como um guia para monitorar e avaliar a qualidade e a quantidade da assistência ofertada aos usuários, imprescindível para o planejamento, organização, coordenação, avaliação e controle das atividades desenvolvidas em um determinado processo ou no todo (BITTAR, 2001, p. 22). Os indicadores hospitalares precisam ser monitorados para fins de verificação da qualidade e da segurança da assistência prestada nos serviços de saúde. IMPORTANTE: Alguns indicadores se relacionam à gestão da qualidade e outros são de monitoramento obrigatório de acordo com a legislação sanitária vigente, como aqueles relacionados à segurança do paciente e ao controle de infecção hospitalar (BRASIL, 1998; BRASIL, 2013a). Cabe ressaltar que o cumprimento ao requisito legal é um critério dos sistemas de gestão da qualidade nos serviços de saúde. Auditoria Hospitalar 31 Auditoria em Saúde Pública OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você conseguirá identificar os diferentes tipos de auditoria e suas aplicações. Vamos lá! Gerir e financiar o sistema de saúde brasileiro(Sistema Único de Saúde ou somente SUS) é um grande desafio. Seus princípios e o modo como foi idealizado, claramente visível por meio da leitura de sua legislação de constituição e posteriores, faz com que a sua redação seja considerada como um exemplo para o mundo. REFLITA: Porém, será que esses fundamentos estão sendo respeitados ou o SUS não passa de um sistema teórico e impraticável? Esse fato já seria um objeto de verificação por meio de auditorias nos serviços de saúde públicos do Brasil. Com a criação do SUS e a posterior expansão do setor de saúde suplementar (planos de saúde), a aplicação de grandes volumes de recursos financeiros trouxe a necessidade de verificações para se avaliar os resultados do setor. Assim, por meio de auditorias nos serviços públicos de saúde, pode- se verificar se os recursos estão sendo bem aplicados e se os usuários do SUS estão tendo o seu direito à saúde respeitado, dentro do que preconiza a Constituição Federal, a Lei Orgânica da Saúde e documentos normativos posteriores, principalmente no que tange aos princípios e diretrizes do SUS (BRASIL, 1998; BRASIL, 1990). A Saúde Pública não pode ser sinônimo de precariedade administrativa e baixa qualidade dos serviços ofertados aos usuários do SUS. Auditoria Hospitalar 32 Por ser em serviços públicos, a auditoria segue os mesmos padrões de quando é realizada em organizações privadas. É importante lembrar que as Redes de Assistência à Saúde (RAS) as quais prestam serviços de saúde aos usuários do SUS são compostas por estabelecimentos públicos e privados, muitos desses últimos filantrópicos, e importantes na composição do sistema dentro da complexidade da atenção em saúde. O SUS e suas diretrizes O Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS) foi idealizado para ser universal e gratuito, desenvolvido e regulado com a participação social e financiado pelas três esferas do governo por meio de pactos de gestão. Porém, após trinta anos de constituição do SUS, podemos identificar que ele ainda está distante do sistema proposto para resolver os problemas de saúde dos brasileiros e diversos pontos podem ser elencados para melhoria. O SUS é a consagração dos princípios constitucionais da Universalidade, Equidade e Integralidade na atenção à saúde. Desse modo, concretiza a proposta de um sistema de saúde capaz de garantir o acesso gratuito e universal à população a bens e serviços que atendem as suas necessidades (de básicas a complexas) de saúde e bem-estar, de forma equitativa e integral (BRASIL, 1990). SAIBA MAIS: Em estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde sobre a eficiência em sistemas de saúde no mundo, considerando-se 191 países, o Brasil ocupou a 125ª posição. Você concorda? Saiba mais clicando aqui. Na legislação que constitui e regulamenta o SUS, podemos encontrar, em seus fundamentos, os chamados “princípios finalísticos”, sobre a sua natureza filosófica e doutrinária e os “princípios estratégicos” ou “princípios organizativos” que orientam sobre as diretrizes políticas e operacionais do efetivo funcionamento do sistema (TEIXEIRA, 2011). Auditoria Hospitalar http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/976/1/TD_1784.pdf 33 IMPORTANTE: A Constituição Federal apresenta na Seção II (Da Saúde), nos artigos 196 a 198, as diretrizes para a construção do sistema de saúde pública do Brasil (BRASIL, 1988). Tais diretrizes representam os princípios básicos, posteriormente delineados de maneira específica na Lei Orgânica da Saúde (BRASIL, 1990). Assim sendo, de acordo com a Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990), os três princípios finalísticos do SUS são: • Universalização: trata-se da universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência. A saúde, como um direito de cidadania sob a responsabilidade de provimento pelo Estado, deve ser garantida a todas as pessoas, independente de sexo, raça, ocupação, ou demais características sociais ou individuais. • Equidade: relaciona-se à igualdade da assistência prestada à saúde dos usuários, excluindo-se qualquer forma de preconceitos ou privilégios. O fundamento desse princípio é minimizar as desigualdades existentes, uma vez que características individuais podem influenciar em suas necessidades de saúde. De modo geral, a equidade significa investir mais onde as necessidades são maiores, respeitando-se as vulnerabilidades, apesar de todos terem direitos iguais. • Integralidade: define a assistência à saúde como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos em todos os casos e níveis de complexidade do sistema. Por esse princípio, enxerga- se os indivíduos, atentando-se para todas as suas necessidades. Relaciona-se ao conceito ampliado apresentado pela Organização Mundial de Saúde em que saúde é um estado de completo bem- Auditoria Hospitalar 34 estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades (OMS, 1946). Para se efetivar esse princípio, deve-se integrar as ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, articulados com outras políticas públicas, de modo a assegurar a atuação intersetorial em distintas áreas. De maneira não menos importante, a legislação apresenta também os princípios organizativos como forma de se nortear a operacionalização do sistema em termos de gestão, trabalho e regulação. Teixeira (2011) defende que os chamados “princípios estratégicos ou organizativos”, relacionam-se às diretrizes políticas, organizativas e operacionais, que determinam “como” deve o SUS ser construído dentro do que se estabeleceu, pela legislação, e o que se pretende institucionalizar. Esses princípios são a Descentralização, a Regionalização, a Hierarquização e a Participação social, que, de acordo com os documentos regulamentadores, representam (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990): • Regionalização e Hierarquização: esses dois princípios organizativos complementares determinam que os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade (primária, secundária e terciária), circunscritos em uma área geográfica definida, planejados estrategicamente e com base em indicadores epidemiológicos para que assim as políticas de saúde sejam adaptadas à realidade da população atendida. • Descentralização e Comando Único: os princípios da Descentralização levam à operacionalização do Comando Único. A Descentralização é a distribuição de poderes e responsabilidades entre os três níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal), com o objetivo de aumentar a qualidade das ações de saúde e garantir o controle e a fiscalização popular. A responsabilidade pelas ações do SUS deve ser descentralizada até o nível municipal e devem ser garantidas, ao município, condições Auditoria Hospitalar 35 gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para a execução dessa atribuição. • Participação Popular: um dos princípios organizativos visa à participação no controle e regulação do sistema de saúde, possível por meio de sua participação no cotidiano dos serviços de saúde. Sua concretização se dá por meio da constituição dos Conselhos e Conferências de Saúde, para a discussão, para a formulação de estratégias, para a efetivação do controle e avaliação da execução das políticas de saúde. ACESSE: O controle social no SUS exercido pelos conselhos de saúde é pauta de um vasto conjunto de normas reguladoras. Caso queira se aprofundar no assunto e entender a ação de fiscalização dos conselhos de saúde, leia o manual Para entender o controle social na Saúde (BRASIL, 2013b). Acesse clicando aqui. A Carta de Direitos dos Usuários do SUS A Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e visa orientar os cidadãos brasileiros sobre osseus direitos no que tange à oferta de serviços de saúde gratuitos com resolutividade e qualidade (BRASIL, 2011). Baseando-se nos princípios norteadores do SUS, o documento define, como direitos básicos dos usuários de serviços de saúde, públicos ou privado, no Brasil: 1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde. 2. Todo cidadão tem direito ao tratamento adequado e efetivo para seu problema. 3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação. Auditoria Hospitalar http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Manual_Para_Entender_Controle_Social.pdf 36 4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos. 5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma adequada; 6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios anteriores sejam cumpridos (BRASIL, 2011, p. 3-4). IMPORTANTE: A Portaria nº 1.820/2009, base da Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, é um documento legal extremamente importante para a construção do SUS porque, além de dispor sobre os direitos dos usuários da saúde, também discorre sobre os seus deveres (BRASIL, 2009). Auditoria no SUS A auditoria dos serviços do SUS surgiu com o intuito de realização a verificação quanto ao cumprimento e respeito aos princípios do SUS, sendo criado o Sistema Nacional de Auditoria do SUS (SNA) para a execução dessa atribuição (SANTOS et al., 2012). SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto, saiba mais sobre o SNA clicando aqui. De acordo com o SNA (2017): A auditoria é um instrumento de gestão para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para a alocação e utilização adequada dos recursos, a garantia do acesso e a qualidade da atenção à saúde oferecida aos cidadãos e conceitualmente é o conjunto de técnicas que visa avaliar a gestão pública, de forma preventiva e operacional, sob os aspectos da aplicação dos recursos, dos processos, das atividades, do desempenho e dos Auditoria Hospitalar http://www.saude.gov.br/participacao-e-controle-social/auditoria-do-sus/sistema-nacional-de-auditoria 37 resultados mediante a confrontação entre uma situação encontrada e um determinado critério técnico, operacional ou legal (BRASIL, 2017, on-line). O SNA tem a atribuição de realizar a verificação técnico-científica, contábil, financeira e patrimonial do SUS. As suas ações de auditoria visam o diagnóstico e a transparência, com estímulo ao controle social (BRASIL, 2017). Na atenção básica, destaca-se o Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB), que tem como principal meta incentivar os gestores e as equipes de saúde a melhorar a qualidade dos serviços oferecidos aos usuários no âmbito do SUS. Para tal, propõem-se um grupo de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação das ações e do trabalho das equipes de saúde. O programa baseia-se no incentivo financeiro federal para os municípios participantes que atingirem melhorias no padrão de qualidade no atendimento verificadas por meio de auditorias periódicas, realizadas em ciclos (BRASIL, 2015). Alguns pontos se destacam entre os objetivos gerais e específicos do PMAQ. Inicialmente, explicita objetivos finalísticos como a promoção da mudança, tanto no modelo de atenção quanto de gestão, impactando no cenário da saúde da população, promovendo o desenvolvimento dos trabalhadores e orientando quanto aos serviços em função das necessidades e satisfação dos usuários do SUS (PINTO; SOUSA; FERLA, 2014). Pode-se observar claramente na política do PMAQ a busca da implementação de ações de saúde de qualidade, com base em um modelo assistencial em coerência com as necessidades dos usuários e respeitando os princípios e diretrizes do SUS. Auditoria em serviços de saúde particulares e conveniados A auditoria nos serviços públicos de saúde deve ser realizada nas unidades de saúde que tenham gestão pública propriamente dita, mas Auditoria Hospitalar 38 também se aplica aos serviços particulares e conveniados que compõem a RAS. Por participarem da rede de atenção à saúde destinada a prover os serviços de saúde aos usuários do SUS, as instituições, hospitais e demais empresas particulares, filantrópicas e conveniadas também estão sujeitas as auditorias. Nos serviços públicos, as auditorias geralmente se destinam a avaliar a execução das políticas de saúde e a alocação de recursos financeiros. Nos particulares, por sua vez, busca a qualidade e a redução dos custos operacionais por meio da adequação de processos. A auditoria de contas hospitalares também é prática rotineira para o pagamento de serviços prestados, tanto para o SUS quanto para as operadoras de planos de saúde. RESUMINDO: Nesta unidade, apresentamos as variações conceituais da auditoria, mas vimos que todas se definem como um processo de trabalho com planejamento e metodologia padronizada, com base em verificações, avaliações e gerando, como produto, a emissão de pareceres, relatórios e a comunicação de seus resultados. Analisamos também os tipos de auditoria e seus objetivos, tanto quando aplicados nas organizações privadas quanto nos serviços públicos de saúde que compõem o SUS. Assim, concluímos que a auditoria é uma importante ferramenta de gestão que permite a visualização dos processos organizacionais, promovendo melhoria contínua na busca da qualidade, eficiência e segurança. Auditoria Hospitalar 39 REFERÊNCIAS BITTAR, O. J. N. V. Indicadores de qualidade e quantidade em saúde. RAS, v. 3, n. 12, jul./set. 2001. BRASIL. Carta dos direitos dos usuários da saúde. Ministério da Saúde. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Instrução Normativa nº 01, de 06 de abril de 2001. Define diretrizes, princípios, conceitos e aprova normas técnicas para a atuação do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Brasília: Secretaria Federal de Controle Interno, 2001. BRASIL. Lei Nº 8.080/1990, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, Diário Oficial da União, 1990. BRASIL. Para entender o controle social na saúde. Brasília: Conselho Nacional de Saúde. 2013b. BRASIL. Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Brasília: Ministério da Saúde, 2013. BRASIL. Portaria nº 1645, de 2 de outubro de 2015. Dispõe sobre o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Brasília: Ministério da Saúde, 2015. BRASIL. Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998. Programa de Controle de Infecção Hospitalar. Brasíia: Ministério da Saúde, 1998. BRASIL. Sistema Nacional de Auditoria do SUS (SNA). Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http://www.saude.gov.br/ participacao-e-controle-social/auditoria-do-sus/sistema-nacional-de- auditoria. Acesso em 23 de agosto de 2019. Auditoria Hospitalar 40 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Auditoria Governamental. Brasília: TCU, 2011. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. São Paulo: Campus, 2006. GONZALES, C. MEDEIROS, H. O. Auditoria Hospitalar. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2019. LUONGO, Jussara et al. Gestão de qualidade em Saúde. São Paulo: Rideel, 2011. PINTO, H. A.; SOUSA, A. N. A.; FERLA, A. A. O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica: várias faces de uma política inovadora. Revista Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 38 n. especial, p. 358-372, out. 2014. SANTOS, C. A. dos et al. A auditoria e o enfermeirocomo ferramentas de aperfeiçoamento do SUS. Revista Baiana de Saúde Pública, Salvador, v. 36, n. 2, p. 539-559 abr./jun. 2012. TEIXEIRA, C. Os princípios do Sistema Único de Saúde. In: CONFERÊNCIA MUNICIPAL E ESTADUAL DE SAÚDE, 1, 2011, Salvador. Anais... Salvador: [s. l]., 2011. p. 1-10. Auditoria Hospitalar A Auditoria como ferramenta organizacional Auditoria, fiscalização e avaliação O conceito de auditoria O processo de fiscalização As avaliações em saúde Auditorias internas e externas Auditoria interna Auditoria externa Comparando auditoria interna e externa Tipos de auditoria Auditoria de conformidade Auditoria operacional Auditoria de gestão Auditoria de qualidade Auditoria em Saúde Pública O SUS e suas diretrizes A Carta de Direitos dos Usuários do SUS Auditoria no SUS Auditoria em serviços de saúde particulares e conveniados
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