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21/08/2023, 11:22 Versão para impressão about:blank 1/6 Segurança do trabalho Definição e aplicabilidade de inspeção prévia, embargo e interdição Inspeção prévia O artigo 160 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que os estabelecimentos não podem iniciar suas atividades sem prévias inspeção e aprovação das respectivas instalações e que nova inspeção deve ser feita sempre que ocorrerem modificações substanciais, após comunicação da empresa à Delegacia Regional do Trabalho. A partir daí, elaborou-se a Norma Regulamentadora 2 (NR-2 – Inspeção prévia), que normatizava todos os processos relacionados ao tema, como o certificado de aprovação de instalações (CAI), o qual era emitido pelo delegado responsável pela Delegacia Regional do Trabalho após a elaboração de uma declaração das instalações do estabelecimento novo. Os principais objetivos eram verificar e constituir os elementos capazes de assegurar que o novo estabelecimento inicie suas atividades livre de riscos de acidentes e/ou de doenças do trabalho. Porém, as unidades regionais não foram capazes de dar conta da demanda de solicitações, e raramente um CAI foi emitido. Recentemente, tal norma foi avaliada e, na sua revisão, revogada, ou seja, dispensaram o profissional de saúde e segurança de elaborar as declarações das instalações. 21/08/2023, 11:22 Versão para impressão about:blank 2/6 Embargo e interdição O embargo e a interdição são abordados no artigo 161 da CLT e na NR-3. Para melhor compreender o tema, é preciso definir alguns termos: Risco grave e iminente – É toda condição ou toda situação de trabalho que possa causar acidente ou doença com lesão grave ao trabalhador. Embargo – Aplica-se à paralisação parcial ou total da obra. Interdição – Aplica-se à paralisação parcial ou total da atividade, da máquina ou equipamento, do setor de serviço ou do estabelecimento. Sempre que houver caracterização de risco grave e iminente a partir da constatação da condição ou da situação de trabalho, deverão ser adotadas medidas de urgência, quais sejam o embargo ou a interdição. Para ocorrer o embargo ou a interdição, o risco precisa ser grave e iminente, concomitantemente. A lesão que possa vir a ocorrer deve ser grave, e não média ou mínima. A norma não apresenta um conceito objetivo de lesão grave. Contudo, o conceito de acidente de trabalho grave está determinado na Notificação de Acidentes de Trabalho Fatais, Graves e com Crianças e Adolescentes, do Ministério da Saúde: Acidente de trabalho grave é aquele que acarreta mutilação, física ou funcional, e o que leva à lesão cuja natureza implique em comprometimento extremamente sério, preocupante; que pode ter consequências nefastas ou fatais. (BRASIL, 2006) Quem pode interditar/embargar? A competência para embargar/interditar (e respectiva cessação) é do superintendente regional do trabalho e emprego (SRTE), como definido no artigo 161 da CLT. Porém, a Portaria 40/2011 regulamenta tal artigo da CLT, prevendo a 21/08/2023, 11:22 Versão para impressão about:blank 3/6 possibilidade de delegação dessa competência e disciplinando os procedimentos de embargo e interdição. Dessa forma, o superintendente delega aos auditores fiscais do trabalho (AFTs) que estes poderão proceder ao embargo/à interdição no momento da fiscalização em vez de submeter o procedimento administrativo de embargo/interdição ao SRTE para aprovação. A paralisação das atividades é a principal consequência do embargo ou da interdição, podendo ser total ou parcial, a depender do alcance da situação que a motivou. Enquanto o estabelecimento estiver parado, as atividades de correção das situações de grave e iminente risco serão as únicas permitidas, desde que não ofereçam riscos aos trabalhadores. Enquanto estiver vigente o embargo ou a interdição, todos os empregados deverão receber os salários como se estivessem prestando os serviços normalmente. O empregador, caso descumpra o embargo ou a interdição, ou seja, ordene ou permita o funcionamento do estabelecimento ou de um dos seus setores, a utilização de máquina ou equipamento ou o prosseguimento de obra, conforme parágrafo 4.º do artigo 161, responderá por desobediência. Quanto aos documentos relativos ao tema, como se trata de um procedimento administrativo, eles devem ser formalizados e fundamentados por meio de registros. A formalização do embargo ou da interdição (e respectiva cessação) é realizada mediante termo de embargo ou termo de interdição, sendo necessário emitir um relatório técnico elaborado pelo AFT. A empresa poderá elaborar e protocolar o documento na Secretaria Regional do Trabalho e Emprego mais próxima do local, no prazo de dez dias contados após a lavratura do termo de embargo ou interdição. 21/08/2023, 11:22 Versão para impressão about:blank 4/6 Enquanto permanecer a situação de grave e iminente risco que levou à paralisação, a interdição ou o embargo se manterá. Portanto, não há prazo determinado para tal procedimento. Logo, assim que as situações forem regularizadas, pode ser solicitada a suspensão do embargo/da interdição. Dessa forma, todo o processo depende apenas da empresa, porque é dela a prioridade de voltar à operação. A figura 1 esquematiza os procedimentos de embargo e interdição, considerando que não houve interposição de recurso por parte da empresa: Legenda: (1) Durante a vigência do embargo ou da interdição, poderão ser desenvolvidas somente as atividades necessárias à correção da situação de grave e iminente risco (GIR), desde que adotadas medidas de proteção adequadas aos trabalhadores envolvidos. (2) O prazo para que a empresa regularize a situação de risco grave e iminente e solicite o levantamento do embargo ou da interdição depende da própria empresa, a qual deverá adotar as medidas necessárias e suficientes para eliminar o risco grave e iminente. (3) Preferencialmente, a nova inspeção (após o pedido de levantamento do embargo ou da interdição) deve ser feita pelo AFT que participou da inspeção inicial, quando foi constatada a existência de situação de risco grave e iminente. 21/08/2023, 11:22 Versão para impressão about:blank 5/6 Figura 1 – Explanação sobre embargo e interdição Fonte: Camisassa (2015). A figura um é um fluxograma com a explanação de embrago ou interdição na seguinte sequência: AFT constata situação de grave e iminente risco. AFT lavra termo de embargo ou interdição e relatório técnico. (1) Vigência do embargo ou da interdição (2) Empregador regulariza situação de grave e iminente risco e solicita suspensão do embargo ou da interdição. (3) AFT retorna ao local. Se GIR for eliminado, lavra-se termo de suspensão e relatório técnico. Se GIR não for eliminado, mantém-se embargo/interdição. A NR-3 foi revisada recentemente, e sua nova versão entrou em vigência em 22 de janeiro de 2020. A principal alteração é a caracterização do grave e iminente risco a partir da consequência e da probabilidade de ocorrência. As consequências são classificadas em morte, severa, significativa e leve. Já as probabilidades são classificadas em provável, possível, remota e rara. Como resultado, haverá os excessos de risco, classificados como: extremo (E), substancial (S), moderado (M), pequeno (P) ou nenhum (N). Apenas os excessos de risco classificados como extremo e substancial são passíveis de embargo ou interdição. 21/08/2023, 11:22 Versão para impressão about:blank 6/6 Para mais detalhes sobre o tema, pesquise no sítio da ENIT (Escola Nacional de Inspeção do Trabalho) as Portarias ns. 1.068 e 1.069, datadas de 23 de setembro de 2019. Por fim, as empresas devem sempre buscar garantir ambientes seguros, livres de riscos e perigos desnecessários aos empregados. O técnico em segurança tem papel primordial nas tarefas de antecipar, reconhecer e controlar os riscos nos ambientes de trabalho. Dessa forma, além de assegurar a integridade dos trabalhadores, a empresa não precisará passar por transtornos e prejuízosque uma interdição ou um embargo pode gerar.
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