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Introdução às Boas Práticas Laboratoriais

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DESCRIÇÃO
Conceitos básicos, Sistemas de tratamento de água em laboratórios clínicos, Contenções
laboratoriais, Descartes de resíduos.
PROPÓSITO
Apresentar os requisitos básicos para garantir as Boas Práticas Laboratoriais, de modo a
objetivar processos seguros e de qualidade ao se minimizar erros e garantir a confiabilidade
dos resultados laboratoriais.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os conceitos básicos de boas práticas aplicados aos laboratórios clínicos.
MÓDULO 2
Identificar as técnicas de purificação de água e a descontaminação de acordo com as boas
práticas de laboratório.
INTRODUÇÃO
O estudante que escolhe a área de Saúde como profissão precisa compreender logo de início
que, mais cedo ou mais tarde, ele estará dentro de um laboratório, seja este voltado para o
ensino, para a pesquisa ou para as práticas laboratoriais. E os laboratórios podem ser
considerados áreas de trabalho complexas, uma vez que convivem ali os mais diferentes tipos
de artefatos, desde pessoas a equipamentos, reagentes, solventes, vidrarias, microrganismos
e documentos. Dessa forma, é preciso garantir a segurança de todos no dia a dia de trabalho,
evitando os riscos de acidentes e contaminação com agentes biológicos e químicos. Esses
cuidados são conhecidos como Boas Práticas Laboratoriais (BPL) e se aplicam a todos os tipos
de laboratórios – químicos, biológicos, físicos e clínicos.
Neste tema, abordaremos as boas práticas de laboratórios clínicos voltados mais
especificamente para os laboratórios de análises clínicas. Nesse contexto, é necessário
observar as interações que contribuem para o sistema, tais como os fatores humanos,
ambientais, tecnológicos, educacionais e normativos. Geralmente, isso tudo está associado a
um conceito mais abrangente relacionado à biossegurança em laboratórios clínicos. Assim, as
Boas Práticas Laboratoriais caminham juntas com a biossegurança em laboratórios clínicos.
Para compreendermos melhor esses conceitos, abordaremos as instalações físicas de um
laboratório clínico, suas acomodações e infraestrutura, as condutas e as contenções
laboratoriais. Conheceremos os processos de desinfecção e esterilização e os sistemas de
tratamento de água utilizados na prática analítica e clínica. Falaremos ainda sobre os tipos de
riscos químicos e biológicos e o descarte de resíduos gerados pelos laboratórios. Por fim,
conheceremos a legislação e as regulamentações que abrangem as atividades laboratoriais no
Brasil.
MÓDULO 1
 Descrever os conceitos básicos de boas práticas aplicados aos laboratórios clínicos
INTRODUÇÃO ÀS BOAS PRÁTICAS
LABORATORIAIS (BPL)
As boas práticas de laboratório são definidas pela ANVISA como um:
SISTEMA DA QUALIDADE RELATIVO À ORGANIZAÇÃO
E ÀS CONDIÇÕES SOB AS QUAIS OS ESTUDOS EM
LABORATÓRIO E NO CAMPO SÃO PLANEJADOS,
REALIZADOS, MONITORADOS, REGISTRADOS,
RELATADOS E ARQUIVADOS.
ANVISA (2001)
Esse conceito abrange todos os tipos de laboratórios de forma geral sem focar em nenhum tipo
específico, contemplando os produtos para a saúde humana, vegetal, animal e ao meio
ambiente, como nos seguintes casos:
Concessão, renovação ou modificação de registro e pesquisa de produtos químicos, biológicos
ou biotecnológicos, tais como produtos farmacêuticos, correlatos, agrotóxicos e afins; produtos
veterinários; cosméticos; aditivos de alimentos e rações; e produtos químicos industriais.
Testes de produtos químicos, biológicos ou biotecnológicos para obtenção de propriedades
físicas, químicas e físico-químicas.
De forma resumida, portanto, podemos observar o seguinte:
DEFINIÇÃO
PRINCÍPIOS
ABRANGÊNCIA
DEFINIÇÃO
Boas práticas de laboratório são o conjunto de normas que dizem respeito à organização e às
condições sob as quais estudos em laboratórios e/ou campo são planejados, realizados,
monitorados, registrados e relatados.
PRINCÍPIOS
Fixar os padrões mínimos para um laboratório funcionar adequadamente visando o
homem/vegetais/animais e o meio ambiente.
ABRANGÊNCIA
Os princípios das BPL são aplicáveis a estudos relacionados à saúde humana, vegetal, animal
e ao meio ambiente, nos casos previstos nas respectivas normas.
INFRAESTRUTURA LABORATORIAL
Para garantir a segurança dos laboratórios é necessário o planejamento adequado de toda a
sua área com as regulamentações específicas e com o nível de biossegurança exigido para
cada tipo de laboratório, de acordo com os diferentes níveis de riscos existentes.
Atualmente, no Brasil, a legislação que regulamenta esse setor é a RDC nº 50 de 21 de
fevereiro de 2002, que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação,
elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. O
layout de um laboratório pode também ser considerado um tipo de contenção laboratorial
conhecida como barreira secundária.
Os níveis de riscos em biossegurança são estabelecidos de acordo com o agente patológico de
maior classe de risco envolvido, e as características físicas, estruturais e de contenção de um
laboratório estão relacionadas justamente ao nível de risco que será manipulado naquele local.
De acordo com a legislação atual, os níveis de biossegurança estão classificados em 4 grupos
e os projetos de laboratórios podem ser planejados segundo esta classificação de risco, como
veremos a seguir (BRASIL, 2002):
NÍVEL 1 DE BIOSSEGURANÇA (NB-1)
É o nível de risco mais baixo para o indivíduo e a comunidade, no qual podem ser manipulados
agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem ou nos animais adultos
sadios, como por exemplo: Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis.
Laboratório NB-1: todo o laboratório deve apresentar a identificação do seu nível de
segurança e dos agentes biológicos respectivos, como na Figura 1.
 Figura 1. Risco Biológico.
RISCO BIOLÓGICO
Organismo:
Classe de Risco:
Pesquisador responsável:
Telefone para contato:
PROIBIDA A ENTRADA DE PESSOAS NÃO AUTORIZADAS
Deve apresentar acesso controlado e separação do acesso ao público. As paredes, pisos e
tetos devem ser impermeáveis e resistentes à desinfecção. A autoclave deve estar próxima do
laboratório e ter local para armazenar os equipamentos de proteção individual (EPI) de uso
exclusivo do laboratório (Figura 2).
1 Controle de acesso
2 Pia para lavar as mãos
3 Mapa de Risco
4 Equipamentos de proteção individual
5 Bancadas impermeáveis e resistentes
6 Autoclave (deve estar próximo ao laboratório)
 Figura 2: Layout de laboratório NB-1.
NÍVEL 2 DE BIOSSEGURANÇA (NB-2)
É o nível de risco moderado para o indivíduo e limitado para a comunidade, no qual podem ser
manipulados os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, de
forma limitada e para os quais existem medidas profiláticas e terapêuticas conhecidas, como
por exemplo: Schistosoma mansoni e vírus da rubéola.
Laboratório NB-2: esse laboratório deve apresentar todos os critérios recomendados nos
laboratórios NB-1 e também: pia lavatório próxima à entrada do laboratório com acionamento
sem uso das mãos; sistema central de ventilação com janelas vedadas; sistema de geração de
emergência elétrica; antecâmara e cabine de segurança biológica. Mais adiante,
compreenderemos melhor o uso desses equipamentos (Figura 3).
1 Controle de acesso (laboratório com portas trancadas)
2 Pia para lavar as mãos
3 Mapa de risco
4 Cabine de segurança biológica
5 Equipamentos de proteção individual
6 Bancada
7 Autoclave (deve estar próximo ao laboratório)
 Figura 3: Layout de laboratório NB-2.
 SAIBA MAIS
Os laboratórios clínicos para diagnóstico simples, tais como os laboratórios de análises clínicas
que fazem exames parasitológicos, são classificados como NB-2.
NÍVEL 3 DE BIOSSEGURANÇA (NB-3)
É o nível de risco alto para o indivíduo e moderado para a comunidade, no qual podem ser
manipulados os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão, em especial por
via respiratória, e que causam doenças em humanos ou animais potencialmente letais,para as
quais existem usualmente medidas profiláticas e terapêuticas. Representam risco se
disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa,
como por exemplo: Bacillus anthracis e Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).
Laboratório NB-3: local em que são manipulados agentes biológicos patogênicos que podem
causar danos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Esse tipo de laboratório pode ser
designado para análises clínicas, laboratórios universitários ou de pesquisa. A equipe de
trabalho desse tipo de laboratório deve usar os equipamentos de proteção individual (EPI)
específicos para essas atividades e deve passar por treinamentos periódicos sob a supervisão
de profissional qualificado (Figura 4).
1 Acesso ao laboratório com porta dupla com fechamento automático
2 Controle de acesso
3 Chuveiro
4 Mapa de riscos
5 Pia para lavar as mãos
6 Tubulação selada
7 Cabine de segurança biológica
8 Equipamentos de proteção individual (máscaras com filtro HEPA)
9 Bancada
10 Autoclave (deve estar próximo ao laboratório)
11 Exaustão com filtro HEPA
12 Descontaminação dos efluentes
 Figura 4: Layout de laboratório NB-3.
NÍVEL 4 DE BIOSSEGURANÇA (NB-4)
É o nível de risco mais alto, tanto para o indivíduo como para a comunidade, no qual podem
ser manipulados os agentes biológicos com alto poder de transmissibilidade, em geral a via
respiratória, ou de transmissão desconhecida. Não costumam existir medidas profiláticas ou
terapêuticas eficazes contra essas infecções. Exemplos: o vírus Ebola e o da varíola.
Laboratório NB-4: este é o laboratório mais complexo que trata de agentes patológicos de alto
risco de contágio, podendo causar a morte. Nesses laboratórios, há o maior nível de
contenção, no qual requer, além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis 1, 2 e 3,
barreiras de contenção (instalações, desenho e equipamentos de procedimentos especiais de
segurança). Esse laboratório deve ser separado ou estar em uma zona isolada de outros
prédios, com porta dupla de entrada, escoamento interno do ar unidirecional, sistemas
aperfeiçoados para suprimento, exaustão do ar, formação de vácuo e descontaminação. A
antessala deve ter a entrada fechada, com pisos, paredes e tetos vedados de forma a se obter
espaço lacrado. Os profissionais devem trabalhar com equipamentos de proteção
pressurizados e devem ter no laboratório sempre 02 funcionários trabalhando (Figura 5).
1 Acesso ao laboratório com porta dupla com fechamento automático (antessala)
2 Controle de acesso
3 Mapa de riscos
4 Pia para lavar as mãos
5 Instalação do sistema de esgoto seguro de comunicação com a parte interna do laboratório.
6 Cabine de segurança biológica
7 Equipamentos de proteção individual (pressurizados)
8 Bancada
9 Autoclave (deve estar próximo ao laboratório – de porta dupla)
10 Chuveiro de descontaminação por produtos químicos ou vapor em temperaturas elevadas
11 Chuveiro
12 Exaustão com filtro HEPA
13 Descontaminação dos efluentes
 Figura 5: Layout de laboratório NB-4.
EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E
REAGENTES
EQUIPAMENTOS
Todo laboratório, para ter um bom funcionamento, necessita de uma série de equipamentos, os
quais devem ser instalados em locais seguros com os devidos cuidados em sua rede elétrica,
livres de vibrações, correntes de ar, incidência de luz solar, umidade e calor.
Para que os equipamentos funcionem corretamente, é necessário seguir as recomendações
dos fabricantes, elaborar o procedimento operacional padrão (POP), seguir o plano de
validação, qualificação, calibração e manutenção. É recomendado também um plano de
manutenção preventiva para os equipamentos científicos de uso rotineiro, a fim de se garantir
uma maior vida útil deles, segundo Molinaro (2009).
Dentre os muitos tipos de equipamentos necessários para um laboratório clínico, destacaremos
aqui as capelas de exaustão e as câmaras de segurança.
Capelas de exaustão
As capelas de exaustão são, na verdade, consideradas Equipamentos de Proteção Coletiva
(EPC) dentro de um laboratório e, portanto, são praticamente de uso obrigatório.
Existem muitos tipos de capelas diferentes, com tamanhos, formas e materiais que variam de
acordo com a sua funcionalidade. Entretanto, a função básica de todas elas é atuar como um
sistema de exaustão, eliminando impurezas e gases tóxicos do laboratório e evitando o contato
com o manipulador. A escolha da capela dependerá do projeto e da função do laboratório, mas
dificilmente existirá um projeto que não contemple ao menos algum tipo de capela.
 Figura 6: Capelas de exaustão.
 ATENÇÃO
A capela de exaustão geralmente é constituída por um gabinete com uma janela envidraçada
de abertura vertical e pode ser nivelada de acordo com a altura desejada. Internamente, ela
possui um sistema de ventilação forçado, acoplado a um sistema de filtração de modo que
ambos protejam o operador e o meio ambiente das impurezas e gases tóxicos manipulados em
sua área interna.
Câmaras de segurança biológica e fluxos laminares
Muito parecidos com as capelas de exaustão, as câmaras de segurança biológica e os fluxos
laminares são utilizados para a manipulação de agentes biológicos, meios de cultura e
diluentes que necessitem de um ambiente estéril.
 COMENTÁRIO
Muitas vezes é difícil para o estudante diferenciar uma capela de um fluxo laminar olhando-os
rapidamente ou a certa distância. A grande diferença entre eles é justamente a capacidade que
os fluxos laminares possuem de produzir um ambiente estéril, protegendo tanto o operador
quanto o produto manipulado da contaminação biológica.
Essas cabines de fluxo laminar utilizam filtros absolutos ou HEPA, os quais são capazes de
reter 99,97% das partículas, sendo considerados, portanto, filtros de alta eficiência.
 Figura 7: Cabine de fluxo laminar.
HEPA
Do inglês (High Efficiency Particulate Arrestance). O filtro HEPA retém 99.97% das partículas
de 0.3 µm de diâmetro e 99.99% das partículas maiores ou mais pequenas.
Existem basicamente 2 tipos de cabines de fluxo laminar:
FLUXO VERTICAL
Tipo de cabine que tende a apresentar maior eficiência de proteção tanto ao operador quanto
ao produto manipulado. Geralmente, ocorre 100% de recirculação do ar.
FLUXO HORIZONTAL
javascript:void(0)
Tipo de cabine na qual ocorre apenas a proteção do produto manipulado e só deve ser
utilizada com materiais que não tragam risco de contaminação para o operador. Geralmente
ocorre 100% de renovação do ar.
Já as câmaras de segurança biológica (ou cabines de segurança biológica) são equipamentos
mais completos e garantem tanto a proteção do operador quanto a do produto e a do meio
ambiente.
Isso ocorre porque esse tipo de equipamento funciona com pressão negativa, evitando a saída
do ar para o meio ambiente.
As cabines de segurança biológica são classificadas em 3 tipos:
CLASSE I
Esta é a menos utilizada, pois funciona basicamente como uma capela de exaustão,
protegendo apenas o operador e o ambiente, mas não protegendo o produto. Utiliza um filtro
HEPA para proteger o meio ambiente. Utilizada para a manipulação de produtos químicos
voláteis.
CLASSE II
Esta é a classe mais utilizada, apresentando várias subdivisões: A (A1, A2) e B (B1, B2) e pode
ser usada para manipular agentes biológicos dos grupos de risco 2 e 3. Esse tipo de cabine
possui uma grelha frontal por onde o ar entra e passa por um filtro HEPA, protegendo o
operador e proporcionando uma diminuição na contaminação da área de trabalho interna. Na
cabine tipo A1 ocorre a recirculação de 70% do ar e 30% da renovação do ar liberados para o
interior do laboratório. No tipo A2 ocorre o mesmo processo da A1, mas os 30% de ar renovado
são liberados para o meio externo por meio de um sistema de dutos. Por outro lado, nas
cabines do tipo B há uma pequena diferença: na do tipo B1, 30% do ar recircula e 70% é
expelido por exaustão externa assim como 30% do ar é renovado, formando, portanto, uma
cortina protetora na partefrontal do equipamento. Já nas do tipo B2, ocorre 100% da
renovação do ar com dois filtros HEPA, sendo um utilizado para o insuflamento de ar e o outro
para a exaustão, conduzindo o ar para fora do laboratório por meio de um sistema de dutos.
CLASSE III
Esta é a cabine de segurança biológica mais completa, na qual pode-se operar com um nível 3
e 4 de biossegurança. O sistema é todo fechado, ventilado e controlado por filtros HEPA, com
pressão negativa, e a operação ocorre por meio de braços com luvas de borracha. Todo o
material utilizado segue para a esterilização antes de ser descartado.
 COMENTÁRIO
No Brasil, as cabines do tipo A1 são as mais utilizadas devido ao preço e o melhor custo-
benefício. É preciso observar que tal sistema não pode ser utilizado para produtos tóxicos ou
voláteis, uma vez que o ar contaminado não é eliminado para o ambiente.
MATERIAIS E REAGENTES
Os materiais e reagentes utilizados no dia a dia de um laboratório clínico deverão ser de boa
procedência e qualidade. Para isso, é preciso que haja a qualificação dos fornecedores,
apresentando toda a documentação necessária e as informações pertinentes aos materiais e
reagentes, tais como origem, identidade, composição, data de fabricação, validade, condições
de armazenamento e informações de periculosidade.
 ATENÇÃO
Por se tratarem, na sua maioria, de reagentes químicos e biológicos, um dos pontos críticos diz
respeito à estocagem e ao armazenamento desses produtos, que devem seguir rigorosamente
as normas técnicas e regulações dos órgãos competentes.
A fim de se garantir a segurança no laboratório e minimizar riscos de acidentes, todos os
laboratórios deverão ser sinalizados de forma a orientar e advertir quanto aos potenciais riscos
ali presentes. Para isso existe um padrão de sinalização com símbolos que representam riscos
e prevenções. Vejamos algumas simbologias de riscos a seguir:
PISO MOLHADO
CHOQUE ELÉTRICO
NÃO FUME
RADIAÇÃO
PERIGOS VÁRIOS
EXTINTOR
TÓXICO
CORROSIVO
NOCIVO
INFLAMÁVEL
EXPLOSIVO
OXIDANTE
 SAIBA MAIS
Além da simbologia, também é utilizado um sistema padrão de cores, regulamentado pelo
Ministério do Trabalho, visando a prevenção de acidentes e identificando os equipamentos de
segurança, delimitando áreas de risco, identificando os sistemas de condução de líquidos e
gases nas indústrias e, principalmente, advertindo contra os possíveis riscos de acidentes.
É importante ressaltar, porém, que somente a utilização de um sistema de cores não é
suficiente para garantir a qualidade de um sistema de segurança e que este deve estar
associado a outras estratégias de prevenção de acidentes.
Dessa forma, é possível compreendermos que para cada material deverá existir um local
definido e identificado para o armazenamento, assim como um fluxo de entrada e saída de
materiais, a fim de se garantir a segurança e o armazenamento desses produtos. Esses
ambientes geralmente necessitam de controle de temperatura e umidade. Alguns produtos de
origem biológica também precisam de armazenamento sob refrigeração para se garantir uma
estocagem segura e sem riscos para a comunidade e para os trabalhadores.
 ATENÇÃO
Um ponto de destaque nesse contexto são os produtos considerados inflamáveis ou
explosivos, como os solventes orgânicos e algumas substâncias químicas. Estes precisam ser
armazenados em local devidamente demarcado, sinalizado e livre de quaisquer outras
interferências.
AGENTES DE RISCOS
Podemos perceber que os laboratórios são considerados ambientes de risco, pois envolvem
uma série de atividades como a utilização de equipamentos, materiais e reagentes que podem
gerar acidentes e doenças para o profissional que trabalha na rotina diária desses locais.
Portanto, a constante capacitação do pessoal é fundamental para se evitar os riscos inerentes
a esse tipo de trabalho e o possível desenvolvimento de doenças.
Dentre os principais agentes de riscos desse tipo de trabalho destacam-se os agentes físicos,
os químicos e os biológicos. Existem também os riscos ergonômicos, mas estes são
considerados riscos ocupacionais, relacionados às situações de trabalho que envolvam o
equilíbrio físico, o mental e o social, e não necessariamente acidentes ou enfermidades.
No Quadro 1, a seguir, é possível observar melhor, de acordo com a NR-5, os principais grupos
de riscos ambientais e ocupacionais.
Quadro 1: Classificação de riscos ambientais
Físicos
Ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,
radiações etc.
Químicos
Poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores que podem
ser absorvidos por via respiratória ou através da pele etc.
Biológicos Bactérias, fungos, protozoários, vírus, entre outros.
Ergonômicos
Trabalho físico pesado, movimentos repetitivos, jornada
prolongada, postura incorreta, tensões emocionais, monotonia,
exigência de uma maior atenção, responsabilidade e
concentração, jornadas longas de trabalho, treinamento
inadequado ou inexistente, conflitos etc.
Acidentais
Arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem
proteção, iluminação inadequada, eletricidade, animais
peçonhentos, probabilidade de incêndio ou explosão etc.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
(Adaptado da NR-5, 2019)
Neste tópico, abordaremos apenas os riscos químicos e biológicos.
AGENTES DE RISCOS BIOLÓGICOS
Os agentes de riscos biológicos são, na sua grande maioria, agentes patogênicos como vírus,
bactérias, fungos e parasitas.
Esse tipo de risco está relacionado à probabilidade de infecção do profissional por um desses
agentes patogênicos. Toda a equipe de trabalho desse tipo de laboratório precisa estar ciente,
treinada de acordo com o agente biológico usado e, preferencialmente, ser imunizada.
No item Infraestrutura laboratorial, vimos que os laboratórios são classificados de acordo com o
seu grau de risco e que essa classificação está justamente relacionada à classificação do grau
de risco dos microrganismos. De acordo com o Ministério da Saúde (2017), os graus de risco
são:
Quadro 2: Classificação de Riscos
Classes de
Risco
Definições Agentes biológicos
Classe 1
Esta classe contempla os agentes
biológicos que não são capazes de
causar doenças no homem ou em
animais adultos, até o momento.*
Bacillus subtilis
Classe 2
Esta classe contempla os agentes
biológicos capazes de causar risco
moderado ao homem ou animais
adultos sadios e risco limitado à
comunidade. Incluem agentes
biológicos nos quais o índice de
propagação e disseminação é
limitado e para os quais existem
medidas terapêuticas e/ou
profiláticas.
Bactérias:
Pseudomonas
aeruginosa
Fungos: Candida
albicans
Vírus: Herpes simplex
Protozoários:
Toxoplasma gondii
Classe 3
Esta classe contempla os agentes
biológicos capazes de causar alto
risco ao homem ou animais adultos e
risco moderado à comunidade. Inclui
os agentes biológicos que possuem
capacidade de transmissão por via
respiratória e que causam patologias
potencialmente letais e para os quais
existem, usualmente, medidas
terapêuticas e/ou de prevenção.
Bactérias: Bacillus
anthracis
Fungos: Coccidioides
immitis
Vírus: Influenza
 
Classe 4 Esta classe contempla os agentes
biológicos capazes de causar alto
risco ao homem ou animais adultos e
para a comunidade. Inclui os agentes
biológicos com grande poder de
transmissibilidade por via respiratória
ou de transmissão desconhecida. Até
o momento não há medidas
profiláticas ou terapêuticas que sejam
eficazes. Causam doenças em
humanos e animais de alta
Vírus: Ebolavirus
gravidade, com grande capacidade
de disseminação na comunidade e no
meio ambiente.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
* A ausência de um determinado agente biológico nas classes de risco 2, 3 e 4 não implica na
sua inclusão automática na classe de risco 1.
AGENTES DE RISCOS QUÍMICOS
Os reagentes químicos utilizados em laboratório são os produtosque mais contribuem para
riscos químicos à saúde do homem e ao meio ambiente. Para se evitar possíveis acidentes e
contaminações são necessários cuidados rigorosos em relação ao armazenamento, à
movimentação dentro do laboratório e, o mais importante, ao descarte desses resíduos.
 SAIBA MAIS
Geralmente, os fornecedores de reagentes químicos concedem as Fichas de Informação de
Segurança de Produto Químico (FISPQ), documento este que contém indicações sobre os
cuidados em relação à proteção, à segurança, à saúde e ao meio ambiente, além das
recomendações de ações necessárias para os casos de emergência.
Além disso, os reagentes químicos também apresentam características diversas e podem ser
carcinogênicos, corrosivos, irritantes, tóxicos, teratogênicos, mutagênicos, alergênicos,
explosivos e espontaneamente combustíveis. Todas essas características apresentam
possibilidades de risco à saúde humana e ao meio ambiente e devem ser tomadas medidas
preventivas a fim de se evitar possíveis acidentes.
Dentre todas as características apresentadas, o risco de explosão e combustão é o mais
comum e o que merece maior atenção.
Os produtos químicos com capacidade de combustão possuem características distintas e,
dessa forma, são classificados de acordo com o tipo de material e a classe de incêndio.
Existem, portanto, 5 classes de incêndio distintas, e para cada uma delas deve-se utilizar um
extintor de incêndio específico. Os extintores de incêndio podem também ser considerados
equipamentos de proteção coletiva (EPC). Veja no quadro a seguir as classes de incêndio e os
tipos de extintores utilizados em cada uma delas.
Quadro 3: Classes de incêndio e tipos de extintores
Classe
de
incêndio
Descrição Tipo de extintor
Classe
de
incêndio
Vantagens
A Fogo em
materiais
sólidos que
deixam
resíduos, tais
como a
madeira, o
papel, o
Areia (em jato ou
pulverizada).
A Deve ser usada
sempre que não
haja
contraindicações
(de preferência,
deve ser
pulverizada).
Tem bom poder
de penetração.
tecido e a
borracha.
B
Fogo em
líquidos
inflamáveis,
graxas e
gases
combustíveis.
Neve carbônica
(com dióxido de
carbono sob
pressão que
solidifica quando
se expande
bruscamente).
BC
Não deixa
resíduo, o que a
torna mais
adequada para
equipamento
sensível e a
mais indicada
para líquidos
extremamente
inflamáveis.
C
Classe de
incêndio em
equipamentos
elétricos
energizados.
Espuma física
(mistura de água
e substâncias
tensoativas por
injeção mecânica
de ar).
AB
Muito boa para
líquidos
extremamente
inflamáveis.
Pode ser
utilizada em
situações de
incêndio
iminente com
ação preventiva.
A cobertura de
espuma evita
reignições.
D Classe de
incêndio que
tem como
combustível
os metais
Espuma química
(reação que
liberta o gás
dióxido de
carbono que fica
AB Muito boa para
líquidos
extremamente
inflamáveis. A
cobertura de
pirofóricos,
tais como
magnésio,
selênio,
antimônio,
lítio, potássio,
alumínio
fragmentado,
zinco, titânio,
sódio, urânio
e zircônio.
disperso em um
líquido formando
espuma).
espuma evita
reignições.
K
Classificação
do fogo em
óleo vegetal e
gorduras de
origem
animal, em
cozinhas.
Pó normal (o pó é
bicarbonato de
sódio ou de
potássio).
BC
Forma uma
nuvem de poeira
que protege o
operador.
 
Pó polivalente (o
pó é
dihidrogenofosfato
de amônio.
ABC
Forma uma
nuvem de poeira
que protege o
operador.
Atende a três
classes de
fogos.
 Pó especial (o pó
é grafite ou
cloreto de sódio
ou pó de talco).
D Único extintor
adequado para
incêndios da
classe D.
Qualquer outro
tipo de extintor
provoca reações
violentas.
 
Solução especial
(o acetato de
potássio se
encontra diluído
em água).
K
Ao se considerar
a segurança do
pessoal que
trabalha em
cozinhas e
restaurantes, o
extintor classe K
é o mais fácil de
ser utilizado.
Atua por
formação de
neblina e o fogo
é extinto por
resfriamento e
pelo efeito
asfixiante da
espuma.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
(Adaptado de MOLINARO, 2009)
CONTENÇÃO LABORATORIAL
De acordo com o Ministério da Saúde, a contenção laboratorial pode ser classificada de duas
formas:
CONTENÇÃO PRIMÁRIA
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Também conhecida como barreira primária. Visa garantir a proteção do ambiente interno do
laboratório, assim como dos trabalhadores.
CONTENÇÃO SECUNDÁRIA
Também conhecida como barreira secundária. Está relacionada à proteção do ambiente
externo por meio das práticas operacionais e da infraestrutura planejada para o laboratório.
Entende-se por contenção laboratorial todas as práticas realizadas com o objetivo de reduzir os
riscos de acidentes e proteger a equipe de profissionais que trabalham no laboratório contra a
exposição aos riscos da ação de agentes químicos e biológicos. Tudo isso depende de um
complexo planejamento das análises de riscos que envolvem o laboratório e do conhecimento
técnico dos profissionais que ali trabalham.
CONTENÇÃO PRIMÁRIA
A contenção primária ou barreira primária é mais conhecida como o uso de Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) e de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC).
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
(EPI)
Os EPI visam primariamente a proteção individual do trabalhador, garantindo a sua saúde e
integridade física. Os EPI variam de acordo com a análise de risco do laboratório e os níveis de
biossegurança determinados.
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA
(EPC)
Os EPC estão associados à proteção do ambiente, mas também visam garantir a manutenção
da saúde e integridade física dos trabalhadores de um determinado setor ou área específica.
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Vejamos a seguir alguns dos principais EPI e EPC utilizados em laboratórios clínicos.
Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
Jaleco
O uso de jaleco ou avental nos laboratórios clínicos é obrigatório e serve como uma barreira de
proteção para o trabalhador. Ele deve ser feito, preferencialmente, de algodão ou fibra sintética
e obrigatoriamente não inflamável.
Os jalecos devem ser utilizados de forma restrita aos laboratórios e não devem ser levados
para as áreas comuns, banheiros ou refeitórios.
Máscaras e protetores faciais
São equipamentos que protegem a face do trabalhador contra impactos, substâncias tóxicas e
radiação, protegendo as vias aéreas superiores. A seguir, conheceremos os diversos tipos
disponíveis e suas funções:
PROTETORES FACIAIS OU FACE SHIELDS
São fabricados em plástico resistente como propionatos, acetatos e policarbonatos, podendo
ser revestidos com metais para a absorção de radiações infravermelhas. Protegem o
profissional contra partículas sólidas (impacto), substâncias tóxicas (líquidos e vapores
químicos) e radiação (ultravioleta e infravermelha).
 Face Shield
MÁSCARAS DE PROTEÇÃO
São fabricadas em tecido ou fibra sintética e geralmente são descartáveis. Servem para
proteger as vias aéreas (nariz e boca) do profissional, evitando os respingos de perdigotos e a
contaminação. Existem vários tipos de materiais para a confecção de máscaras de acordo com
o risco ao qual o trabalhador será exposto, como as chamadas N95 ou PFF2. Essas máscaras
possuem filtro e são capazes de reter cerca de 95% de partículas maiores que 0,3 µm, além de
vapores tóxicos e contaminantes na forma de aerossóis, como alguns vírus e bactérias.
MÁSCARA DE PROTEÇÃO
MÁSCARA N95
MÁSCARAS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
São utilizadas quando se manipulam substâncias químicas que geram gases tóxicos
(formaldeído, amônia, cloreto de hidrogênio). Elas possuem filtros que podem ser mecânicos,
químicos ou combinados.
 Máscara para Gases Tóxicos
Luvas
As luvas são utilizadas com o objetivo de prevenir a contaminação por agentes químicos,
físicos (cortes, calor, radiações) e biológicos. Elas devem ser sempre utilizadas quando houver
um procedimento com exposição a sangue, hemoderivados e fluidosorgânicos.
As luvas podem ser confeccionadas com materiais diversos e devem ser escolhidas de acordo
com a finalidade de uso:
LUVAS DE PROTEÇÃO PARA O MANUSEIO DE
MATERIAL BIOLÓGICO
São também conhecidas como luvas de procedimento, quando não estéreis, ou luvas
cirúrgicas, quando estéreis. Geralmente são de látex e descartáveis, mas podem também ser
de vinil ou PVC (cloreto de polivinil).
 Luvas de Látex
LUVAS DE PROTEÇÃO AO FRIO E CALOR
 Luva térmica importante no manuseio de autoclaves, por exemplo.
São de tecido resistente ou revestidas com algum material à prova de calor. As mais comuns
são as luvas de amianto e as do tipo kevlar, resistentes a altas temperaturas. As luvas de
proteção ao frio podem ser de lã ou de tecido emborrachado com revestimento interno de fibras
naturais ou sintéticas.
LUVAS DE PROTEÇÃO PARA O MANUSEIO DE
PRODUTOS QUÍMICOS
Podem ser de borracha natural, neoprene, PVC, PVA (álcool polivinílico) e borracha de
butadieno. A escolha do tipo de luva deverá ser feita de acordo com o produto químico a ser
manipulado.
 Luva de Borracha
Toucas ou gorros
São equipamentos de proteção individual mais utilizados em áreas estéreis e de manipulação
de produtos e servem para evitar que os cabelos contaminem uma determinada área ou
produto, ou ainda, para protegê-los de respingos, líquidos ou aerossóis. Podem ser
confeccionadas nos mais diferentes tipos de materiais e devem ser de fácil lavagem e
desinfecção.
Protetores oculares e protetores auriculares
São mais conhecidos como óculos de proteção e protetores de ouvido.
ÓCULOS DE PROTEÇÃO
Os óculos de proteção funcionam como uma barreira contra respingos de produtos químicos e
corrosivos, além de atuarem também como uma barreira biológica, evitando as lesões
oculares.
PROTETORES AURICULARES
Já os protetores auriculares têm a função de proteger os ouvidos de ruídos oriundos de
equipamentos e processos produtivos.
Propés
Esses equipamentos são sapatilhas utilizadas em áreas estéreis e geralmente são
descartáveis, confeccionadas em algodão.
Calçados de segurança
São mais utilizados pelos trabalhadores das áreas de limpeza dos laboratórios e devem ser
resistentes aos produtos químicos e corrosivos, além de possuírem solado antiderrapante.
Podem também ser utilizados de acordo com outras atividades desempenhadas pelos
laboratórios.
Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC)
Os equipamentos de proteção coletiva servem para a proteção de toda a equipe do laboratório
e também do meio ambiente.
 ATENÇÃO
As capelas de exaustão e as cabines de fluxo laminar ou cabines de segurança biológica são
EPC já mencionados anteriormente no item Equipamentos, materiais e reagentes.
Todo laboratório deve conter o chuveiro de emergência e o lava-olhos para lavagem e
eliminação de contaminantes químicos e biológicos em caso de acidentes.
O chuveiro de emergência deve ter aproximadamente 30 cm de diâmetro, deve ser acionado
por meio de alavancas e deve estar instalado em local de fácil acesso.
O lava-olhos é um equipamento formado por uma bacia metálica, geralmente associada ao
chuveiro de emergência, com dois dispositivos que emitem jatos de água direcionados à região
dos olhos.
No vídeo a seguir, você conhecerá um pouco mais sobre os EPIs e EPCs utilizados no dia a
dia do laboratório e também a correta lavagem de mãos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Identificar as técnicas de purificação de água e a descontaminação de acordo com as
boas práticas de laboratório
SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA
A água é o solvente mais utilizado na prática laboratorial e, por isso mesmo, é chamada de
solvente universal. Devido ao seu grau de importância, a água para uso laboratorial deve
atender aos requisitos de qualidade de acordo com a sua finalidade de uso.
 SAIBA MAIS
Uma boa forma de se orientar é lendo as determinações e os padrões de qualidade para a
utilização da água nos laboratórios clínicos e patológicos que estão descritos no capítulo 8.5 da
Farmacopeia Brasileira, 6a Edição (2019) e que devem ser rigorosamente atendidos e
seguidos.
A água potável abastece as cidades e a maioria das casas e é considerada uma água tratada.
Esse tipo de água não deve ser utilizado no trabalho laboratorial, pois apresenta possíveis
incompatibilidades entre os contaminantes presentes e os procedimentos laboratoriais que
serão realizados.
A água potável não é regulamentada pela ANVISA e nem pela Farmacopeia Brasileira. Ela
deve atender aos órgãos responsáveis regionais, tais como o Instituto Estadual do Ambiente
(INEA), no Rio de Janeiro, e a Agência Nacional de Água (ANA), no Distrito Federal.
PARA A ÁGUA SER CONSIDERADA POTÁVEL ELA
DEVE APRESENTAR MENOS DE 0,1% DE SÓLIDOS
TOTAIS. ISSO É OBTIDO A PARTIR DA EVAPORAÇÃO
DE UMA AMOSTRA DE 100 ML DE ÁGUA ATÉ
COMPLETA SECAGEM E PESAGEM DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS QUE DEVEM SER INFERIORES A 100 MG.
(ALLEN Jr., 2013)
CONTAMINANTES DA ÁGUA
Os principais contaminantes da água potável são de origem física, química ou biológica. Os
contaminantes físicos são os mais facilmente eliminados por meio do processo de filtração, já
os contaminantes químicos e biológicos são difíceis de serem eliminados e comprometem a
qualidade final da água, podendo alterar as análises laboratoriais, gerando resultados falhos e
até mesmo comprometendo anos de pesquisas e de estudo.
O controle de contaminantes da água para uso laboratorial é, portanto, fundamental para
atender às especificações estabelecidas pelos órgãos reguladores.
Observe a figura a seguir para entender quais são os principais contaminantes da água:
 Figura 8: Principais contaminantes da água.
Os contaminantes químicos podem ser orgânicos ou inorgânicos e precisam ser removidos por
dois motivos principais:
Primeiro, para se evitar que interfiram nas fases de pré-tratamento dos sistemas de
purificação de água.
Segundo, para proteger a saúde das pessoas.
 VOCÊ SABIA
Esses contaminantes químicos apresentam diversas origens, por exemplo, a fonte de
alimentação; da extração de materiais com os quais a água entra em contato; da absorção de
gases da atmosfera; de resíduos poluentes, ou resíduos de produtos utilizados na limpeza e
sanitização de equipamentos, dentre muitos outros.
Podem ser removidos por um sistema de osmose reversa ou por técnicas associadas como
deionização, carvão ativado, ozônio e radiação ultravioleta.
Falaremos sobre essas técnicas adiante.
Os contaminantes microbiológicos podem ser fungos, bactérias e vírus, sendo que a
contaminação bacteriana é a mais preocupante e apresenta um grande desafio à qualidade da
água.
O controle microbiológico da água é certamente o mais importante e prioritário e deve ser
constantemente verificado e atualizado de acordo com os parâmetros legais.
TIPOS DE ÁGUA PARA USO LABORATORIAL
Existem 3 métodos principais utilizados para a obtenção de água purificada:
DESTILAÇÃO
DEIONIZAÇÃO
OSMOSE REVERSA
A escolha de um método específico depende do tipo e da qualidade de água desejados, e
também do volume necessário.
Um projeto de instalação de um sistema de purificação de água depende de algumas
condições específicas listadas a seguir:
A qualidade da água de fornecimento e da água desejada ao final.
A vazão necessária.
A distância entre o sistema de produção e os pontos de uso.
O layout da tubulação e conexões.
O material empregado.
Facilidades de assistência técnica e manutenção.
Os instrumentos adequados para o monitoramento.
 ATENÇÃO
Na realidade, a escolha de um sistema de purificação eficiente depende da qualidade da água
de entrada, ou seja, das características da água potável que irá alimentar o sistema e também
do tipo e da qualidade da água que se deseja.
Apresentaremos a seguir, em uma ordem sequencial lógica, as principais tecnologias de
purificação de água encontradas para a remoção dos diversos tipos de contaminantes
seguindo etapas na sequência de purificação.
PRÉ-FILTRAÇÃO
A pré-filtração, segundoBrasil (2019), destina-se a remover sólidos particulados com tamanhos
entre 5 e 10 μm, essencialmente para proteger as tecnologias subsequentes, utilizando filtros
de areia ou uma combinação de filtros. Deve estar associada a todos os sistemas de
purificação de água com o objetivo de proteger os equipamentos mais sensíveis e caros.
 Figura 9: Sistema de pré-filtração carvão, areia e zeólitos.
FILTRAÇÃO POR ADSORÇÃO POR CARVÃO
VEGETAL ATIVADO
Pode ser considerada também uma técnica de pré-filtração, mas, nesse caso, o carvão vegetal
ativado tem a capacidade de remover compostos orgânicos como as cloraminas e o cloro livre,
os quais adsorve em sua superfície. Essa tecnologia é muito importante para, por exemplo,
proteger as membranas da osmose reversa. Deve-se tomar cuidado com a formação de
biofilme, que implica na necessidade de sanitização do carvão ativado com vapor quente ou da
troca do material filtrante.
 Figura 10: Filtro de carvão ativado.
TRATAMENTO COM ABRANDADORES
(SOFTENERS)
Em muitos lugares que utilizam água de poço como fonte primária para o abastecimento do
sistema de purificação, é necessária a utilização de abrandadores, uma vez que essa água é
rica em íons de cálcio, ferro e magnésio – também conhecida como água “dura”. O tratamento
com abrandadores é muito parecido com a deionização e utiliza também resinas de troca iônica
que capturam os íons metálicos e liberam íons sódio na água. É importante observar a
necessidade de sanitização ou troca das resinas periodicamente, evitando a formação de
biofilme e contaminação da água.
 Figura 11: Sistema de tratamento de água com abrandadores.
DEIONIZAÇÃO
A técnica de deionização ou desmineralização é muito utilizada para a obtenção de água
purificada para uso rotineiro no laboratório. Ela remove apenas sais inorgânicos através de
resinas de troca iônica específicas para cátions e ânions. Nesses casos, as resinas catiônicas
capturam os íons catiônicos, liberando H+, e as resinas aniônicas capturam os íons aniônicos,
liberando OH-. Observe a figura abaixo e entenda melhor como essa troca acontece.
 Figura 12: Processo de deionização da água.
Apesar de ser uma técnica relativamente simples, rápida e barata, a deionização não produz
uma água de alta pureza e deve ser associada a outras tecnologias, a fim de melhorar a
qualidade da água e atender às exigências da legislação específica e necessidade de algumas
metodologias empregadas no laboratório. Outro problema é a necessidade de regeneração das
resinas devido à possibilidade de formação de biofilme. Existem dois tipos de deionizadores no
mercado: o de leito misto (uma única resina mista) e o de leito separado (com duas resinas,
uma catiônica e uma aniônica).
OSMOSE REVERSA
Atualmente, a osmose reversa vem se tornando a tecnologia de primeira escolha como sistema
de purificação de água devido à sua alta versatilidade.
Essa tecnologia atende a todo tipo de demanda, existindo equipamentos para larga escala
industrial (1.000 L/hora) e pequenos equipamentos para a escala laboratorial, com capacidade
de cerca de 10 L/hora, por exemplo.
 Figura 13: Equipamento de osmose reversa.
Essa tecnologia se baseia na utilização de membranas semipermeáveis com propriedades
específicas utilizadas para a remoção de íons, microrganismos e endotoxinas bacterianas.
É um processo altamente eficiente e que remove de 90% a 99% dos contaminantes.
Justamente por isso, diversos fatores podem afetar significativamente essa tecnologia, tais
como o pH, a pressão diferencial ao longo da membrana, a temperatura, o polímero da
membrana e a construção dos cartuchos de osmose reversa.
Para entendermos melhor como ocorre o processo de osmose reversa, vamos primeiro
recordar o que é um processo de osmose.
 RELEMBRANDO
A osmose é um processo celular que ocorre naturalmente, ou seja, sem gasto de energia. Ela
consiste na passagem de um solvente através de uma membrana semipermeável de um meio
hipotônico para um meio hipertônico.
Fica fácil entendermos agora que a osmose reversa seria um processo contrário ao da
osmose, ou seja, a passagem do solvente do meio hipertônico para o meio hipotônico.
O problema é que isso não aconteceria naturalmente ou sem gasto de energia. Dessa forma, é
necessário pressurizar o sistema para que o processo de osmose reversa possa acontecer.
 Figura 14: Esquema de osmose reversa.
 ATENÇÃO
É importante que se compreenda que o processo de osmose reversa nada mais é do que um
processo de filtração, utilizando as membranas semipermeáveis como elemento filtrante.
Sendo assim, é fundamental que exista um sistema de pré-tratamento que remova
particulados, agentes oxidantes e contaminantes que favoreçam incrustações como cálcio e
magnésio, a fim de proteger e preservar as membranas. Outro ponto importante é a sanitização
do sistema, evitando a formação de biofilme e a contaminação microbiana.
O sistema de purificação de água por osmose reversa vem se tornando tão acessível, de fácil
instalação e baixo custo de manutenção que já existem sistemas de osmose reversa de duplo
passo, no qual a água purifica em uma primeira etapa e alimenta o sistema em uma segunda
etapa, aumentando a capacidade de purificação.
ULTRAFILTRAÇÃO
Assim como a osmose reversa e como o próprio nome diz, a ultrafiltração utiliza uma
tecnologia de filtração com membranas especiais que têm a capacidade de reter endotoxinas e
moléculas de acordo com o seu peso molecular e sua estereoquímica. Um dos sistemas de
ultrapurificação de água mais conhecidos do mundo é o chamado do tipo Milli-Q.
 COMENTÁRIO
Na verdade, uma água conhecida como do tipo Milli-Q é uma água ultrapurificada (AUP) obtida
por essa marca de sistema que é registrada pelo grupo Merck.
Assim como outros sistemas de purificação que envolvem alta tecnologia, esse sistema deve
ser validado, passar por um pré-tratamento, ter suas condições operacionais controladas e
procedimentos adequados de limpeza e sanitização.
Essa técnica pode estar associada a outras, mas geralmente é mais utilizada em laboratórios
que envolvem alta tecnologia como biologia molecular e espectrometria de massas.
MICROFILTRAÇÃO
Assim como a ultrafiltração, esta tecnologia também pode estar associada a outros sistemas de
purificação de água. Trata-se de um processo que utiliza membranas filtrantes microporosas de
poros de diâmetro de 0,22 µm, e pode ser considerada uma filtração esterilizante por causa
disso, mas, para tanto, precisa ser validada. Essas membranas podem estar associadas a um
sistema de osmose reversa, mas também podem ser utilizadas de forma individualizada em
pequenos filtros isolados.
RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA
Esta é uma tecnologia que deve ser utilizada sempre de forma associada a outro sistema.
Isoladamente, esta técnica não produz água purificada.
 Figura 15: Lâmpadas ultravioleta.
A radiação ultravioleta é utilizada em 2 comprimentos de onda que promovem efeitos distintos.
São eles:
185 NM + 254 NM
254 NM
185 NM + 254 NM
Oxidação de compostos orgânicos e consequente redução de sua concentração para atender
aos limites da água purificada (AP), água para fabricação de produtos injetáveis (API) e água
ultrapurificada (AUP).
254 NM
Ação germicida nos diversos pontos da sequência de purificação para reduzir a contagem
microbiana.
De acordo com Brasil (2019), esta técnica é muito utilizada ao longo dos tanques de
armazenamento de água para reduzir a contaminação microbiana e é associada a capelas de
fluxo laminares.
DESTILAÇÃO
Este sistema de purificação de água é certamente o mais antigo do mundo.
Como já sabemos, a destilação é um processo de separação de líquidos por meio do vapor. O
princípio da destilação consiste em evaporar a água por aquecimento e, por resfriamento e
através de um duto condensador, liquefazer o vapor d’água novamente.
 Figura 16: Esquema de destilação.
Durante centenas de anos esse foi o principal método de escolha como sistema de purificaçãode água e o mais utilizado para a prática laboratorial, a indústria farmacêutica, as farmácias
magistrais, dentre outras áreas da Saúde.
Um sistema de destilação de água consiste num método de fácil instalação e reutilizável, com
baixo custo de instalação e alta eficiência. Pode produzir inclusive água API por meio de um
processo de bidestilação. Apesar disso, esta técnica apresenta algumas desvantagens, tais
como os altos custos de consumo de água e eletricidade, a difícil manutenção, o arraste de
contaminantes pelo processo de condensação e o arraste de impurezas voláteis. Por esses
motivos, atualmente a substituição de destiladores por sistemas de osmose reversa tem se
mostrado uma opção mais eficiente e econômica.
No vídeo a seguir você conhecerá mais profundamente um processo de purificação da água:
destilação e deionização.
SISTEMAS DE DESCONTAMINAÇÃO DE
LABORATÓRIOS
Já aprendemos que os laboratórios são classificados de acordo com as suas classes de riscos
e essa classificação serve também para direcionar o sistema de descontaminação de material,
pessoal e do laboratório. É preciso, portanto, existir uma rotina de higienização bem descrita e
consolidada através de procedimentos operacionais padrão (POP) a fim de garantir as boas
práticas de laboratório e evitar o risco de acidentes e contaminações.
 ATENÇÃO
Quando se trata de laboratórios clínicos, os riscos maiores envolvem a contaminação
microbiana, então a descontaminação deve acontecer periodicamente, sempre após cada uso.
É fundamental a conscientização e o treinamento do pessoal envolvido na rotina sobre os
riscos de infecções e das ações preventivas necessárias para garantir as boas práticas de
laboratório e a biossegurança do local, da equipe e do meio ambiente.
O processo de descontaminação é definido como a técnica utilizada para a eliminação total ou
parcial de microrganismos ou ainda a remoção e neutralização de produtos químicos perigosos
e material radioativo. O objetivo principal é tornar o material biológico seguro para o descarte
ou para a sua reutilização.
As etapas de descontaminação dependem do nível de contaminação e podem ser resumidas
como:
LIMPEZA
DESINFECÇÃO
ESTERILIZAÇÃO
Além dos processos de descontaminação, as atividades dos laboratórios geram diferentes tipos
de resíduos que devem ser armazenados e descartados de acordo com a legislação vigente.
Atualmente, a legislação que regulamenta e classifica os tipos de resíduos é a RDC nº
222/2018 da ANVISA.
A partir de agora, conheceremos as principais etapas do processo de descontaminação e o os
cuidados relacionados ao armazenamento e ao descarte de resíduos biológicos e químicos.
LIMPEZA
A limpeza é o processo de remoção de partículas ou de material orgânico e pode estar
associada tanto aos materiais contaminados, como ao pessoal e ao ambiente. É o primeiro
passo num processo de descontaminação e inclui ações e cuidados de higiene dos materiais e
dos ambientes. Os procedimentos de limpeza devem ser padronizados, incluindo o tipo de
água usada, além do sabão e o detergente neutro que serão utilizados. Deve-se usar pano
úmido para retirar poeiras e impurezas das superfícies.
Os funcionários da limpeza poderão ser terceirizados, mas é preciso realizar treinamentos
contínuos e específicos a fim de garantir a eficácia dos procedimentos de limpeza.
DESINFECÇÃO
A desinfecção é a etapa do processo de descontaminação que visa a eliminação dos
microrganismos em sua forma vegetativa, de ambientes, dos materiais, da pele e das mãos.
Esse processo não elimina as formas esporuladas dos agentes infecciosos e pode ser
realizado por meios físicos e químicos. Os procedimentos de desinfecção por meios físicos
basicamente utilizam o calor como técnica para a desinfeção. Já os procedimentos químicos
podem ser líquidos ou gasosos utilizando-se desinfetantes ou germicidas.
Os agentes germicidas agem sob as bactérias por dois métodos distintos:
AÇÃO BACTERICIDA
Elimina as bactérias e estas não são mais capazes de se reproduzirem.
AÇÃO BACTERIOSTÁTICA
Inibe a multiplicação das bactérias.
A seguir, conheceremos os principais desinfetantes utilizados no processo de descontaminação
dos laboratórios:
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ÁLCOOIS
Os álcoois mais utilizados nos processos de desinfecção são o álcool etílico (etanol) e o álcool
isopropílico (isopropranol). Embora ambos apresentem ação desinfetante, o etanol é mais
utilizado, pois possui maior ação germicida, menor custo e menor toxicidade. Os estudos
demonstram que a melhor faixa de concentração do etanol em água é entre 60% e 80% para a
ação sobre os microrganismos. Utiliza-se, usualmente, o álcool etílico a 70% como agente
desinfetante e esse é o mais importante dentro do laboratório para desinfecção de superfícies e
materiais. Até hoje o mecanismo de ação desinfetante do álcool não está muito esclarecido,
mas acredita-se que ocorra por desnaturação das proteínas de membrana. Dessa forma, é
necessário que o álcool esteja diluído, uma vez que na ausência de água as proteínas não são
desnaturadas tão rapidamente, por isso o álcool absoluto não é tão eficaz quanto o diluído a
70%.
COMPOSTOS À BASE DE CLORO
O cloro inorgânico é um agente germicida altamente potente, entretanto, não deve ser utilizado
em sua forma pura devido ao seu alto poder oxidante, alta volatilidade e toxicidade. Assim, ele
é usado na forma de hipoclorito de sódio em concentrações de 2% a 4%. Nos laboratórios, é
muito utilizado na desinfecção de superfícies e materiais, inclusive quando contaminados com
sangue, e para recipientes de descarte como, por exemplo, ponteiras de pipetas e swabs. É
muito ativo para agentes infecciosos em sua forma vegetativa, como bactérias Gram-positivas
e Gram-negativas, fungos, vírus e micobactérias. O tempo de exposição necessário para sua
ação de germicida é de cerca de 10 minutos, com 1% de cloro ativo livre. Mesmo quando
diluído, é necessário tomar os devidos cuidados na manipulação do hipoclorito de sódio,
utilizando EPI adequados e seguindo os procedimentos corretos de diluição, pois o produto
possui uma série de efeitos adversos, causando irritação severa do trato respiratório.
FORMALDEÍDO
Ainda nos dias atuais o formaldeído pode ser utilizado em áreas (cabines de segurança
biológica) e superfícies de laboratórios para o processo de desinfecção por meio do método da
fumigação, apesar de sua alta toxicidade. Ele possui atividade para bactérias Gram-positivas e
Gram-negativas, fungos e vírus. Devido à sua alta toxicidade, o operador deverá utilizar EPI
com proteção ocular, máscara de gás com filtro adequado e manter os devidos cuidados para o
trato respiratório.
COMPOSTOS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO
Recentemente, esta classe de agentes desinfetantes tem sido bastante difundida devido à sua
baixa toxicidade. Essa substância foi amplamente empregada na descontaminação de
superfícies e ambientes, como pontos de ônibus e ambientes das comunidades, durante a
pandemia do coronavírus.
Apesar disso, é necessário avaliar as concentrações de uso e eficácia desses agentes a fim de
garantir a eficácia do processo de desinfecção.
Exemplo de desinfetante: Cloreto de cetil trimetil amônio.
Desinfecção por agentes físicos
Conforme citado anteriormente, os processos de desinfecção podem ser realizados por meios
físicos, utilizando-se basicamente o calor. Dentre essas técnicas, destacam-se a pasteurização
e a tindalização.
PASTEURIZAÇÃO
TINDALIZAÇÃO
PASTEURIZAÇÃO
É muito utilizada para alimentos como leite e sucos de frutas, porém, mais especificamente,
para produtos suscetíveis a altas temperaturas. Foi desenvolvida pelo cientista Louis Pasteur
em 1864 e consiste em aquecer os produtos a 60°C por um determinado tempo e depois
resfriá-los. Dessa forma, reduz-se o número de microrganismos presentes evitando a
deterioração do produto.
TINDALIZAÇÃO
É um tipo de esterilização fracionada na qual é aplicado vapor d’água contínuo (entre 60°Ce
90°C) durante 30 a 60 minutos, repetidas vezes, resfriando-se entre cada aquecimento. O
número de operações varia de 3 a 12 ciclos dependendo do grau de contaminação. Durante o
período de resfriamento (cerca de 24 horas), as formas esporuladas passam novamente às
formas vegetativas e podem ser eliminadas quando submetidas ao vapor contínuo mais uma
vez. Esse processo é muito utilizado na indústria de alimentos e na indústria farmacêutica em
produtos sensíveis à temperatura.
ESTERILIZAÇÃO
A esterilização é um processo de eliminação de todas as formas de microrganismos, incluindo
as esporuladas. Dessa forma, este processo promove a eliminação completa de todos os
microrganismos em um determinado material, superfície ou ambiente. É possível afirmarmos
que geralmente os processos de esterilização utilizam métodos físicos, e os de desinfecção,
métodos químicos. Entretanto, isso não necessariamente é uma regra, já que os métodos
químicos também podem ser utilizados para o processo de esterilização, principalmente os
gasosos.
Os métodos de esterilização podem ser classificados em 3 tipos:
Processos físicos (calor e radiação).
Processos mecânicos (filtração).
Processos químicos (agentes bactericidas).
Dentre os métodos mais utilizados para a esterilização em laboratórios estão os métodos
físicos, que podem ser por calor seco ou úmido, ou ainda por irradiações.
Calor seco
Esta técnica pode ser dividida em flambagem e circulação de ar quente.
FLAMBAGEM OU INCINERAÇÃO
Muito utilizada em laboratórios para eliminar microrganismos por calor direto, utilizando-se a
alça bacteriológica e o bico de Bunsen. Quando a alça estiver totalmente incandescente, é
sinal de que ocorreu a esterilização.
ESTUFAS DE ESTERILIZAÇÃO OU FORNO DE
PASTEUR
Utilizada geralmente para materiais que não suportam calor úmido e que são resistentes a
altas temperaturas, tais como o aço, o vidro e os pós (termorresistentes, óleos e gorduras). As
estufas de ar circulante são as mais utilizadas, apresentando temperaturas que variam de
160°C a 250°C.
Calor úmido
Este processo consiste em submeter os produtos ao contato com calor úmido e à alta pressão,
utilizando-se uma autoclave. É considerado o método de esterilização mais eficiente e deve ser
sempre o de primeira escolha.
 Figura 17: Esquema de Autoclave.
Conforme ocorre um aumento da pressão, maior será o ponto de ebulição da água.
0,5 atm............... 110°C
1 atm ................. 121°C
1,5 atm .............. 127°C
 SAIBA MAIS
É possível esterilizar os mais diversos tipos de materiais como borracha, látex, ampolas cheias,
meios de cultura, roupas e equipamentos diversos. Para controlar e garantir a eficácia do
processo de esterilização, é possível utilizar-se de indicadores químicos e biológicos durante a
autoclavação, como as fitas ou etiquetas adesivas e o Bacillus stearothermophilus.
Irradiação
Ainda dentro dos processos de esterilização por métodos físicos, a irradiação é uma alternativa
aos processos que utilizam calor.
Existem dois tipos de irradiação: as ionizantes, que utilizam comprimentos de onda mais curtos
e de maior energia (como os raios gama, por exemplo), e as não ionizantes (como a radiação
ultravioleta).
RAIOS GAMA
É um tipo de radiação ionizante que pode ser utilizada para a esterilização de grandes lotes de
produtos, tais como seringas, agulhas, luvas, cateteres etc. Elimina os microrganismos sem
aumento de temperatura. Ainda representa alto custo para as empresas.
RAIOS UV
É um tipo de radiação não ionizante e que, apesar do seu baixo poder de penetração, é muito
eficiente em processos de purificação de água, no âmbito hospitalar e nas câmaras de
segurança biológica como lâmpadas UV, auxiliando no processo de esterilização após a
desinfecção das superfícies. Deve-se tomar cuidado, pois pode causar danos aos olhos e à
pele.
Filtração
É um processo mecânico de esterilização que depende do tipo de material filtrante utilizado.
Para filtrações esterilizantes é necessário que as membranas filtrantes apresentem tamanho de
poro de 0,22µm.
 COMENTÁRIO
Esse método pode ser utilizado para esterilizar pequenos volumes, quando é conhecido como
microfiltração, mas é mais comum ser usado para a filtração do ar em ambientes estéreis,
utilizando os filtros HEPA, como nas câmaras de segurança biológica.
Conforme visto anteriormente, os agentes químicos geralmente são mais utilizados para os
processos de desinfecção. Entretanto, os agentes químicos gasosos como o óxido de etileno
também podem ser usados como método de esterilização. Isso se deve ao seu alto poder de
penetração e ação esporicida. Ainda assim, seu uso é bastante restrito por se tratar de gás
explosivo e de alto custo de processo.
DESCARTE DE RESÍDUOS
As atividades de rotina dos laboratórios clínicos geram diferentes tipos de resíduos que devem
ser armazenados e descartados de acordo com a legislação vigente. Atualmente, a legislação
que regulamenta e classifica os tipos de resíduos é a RDC nº 222/2018 da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Os grupos de resíduos de saúde podem ser classificados da seguinte
maneira:
GRUPO A
Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem
apresentar risco de infecção (A1, A2, A3, A4, A5).
GRUPO B
Resíduos contendo produtos químicos que apresentam periculosidade à saúde pública ou ao
meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade, mutagenicidade e quantidade.
GRUPO C
Qualquer material que contenha radionuclídeo em quantidade superior aos níveis de dispensa
especificados em norma da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a
reutilização é imprópria ou não prevista.
GRUPO D
Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio
ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
GRUPO E
Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, escalpes,
ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas
tubos capilares, ponteiras de micropipetas, lâminas e lamínulas, espátulas, todos os utensílios
de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e
outros similares.
Com exceção do grupo C, a maioria dos laboratórios clínicos apresentam resíduos
pertencentes a todos os outros grupos. Uma vez que os resíduos do grupo D não apresentam
riscos à saúde e podem ser equiparados aos resíduos domiciliares, devemos focar, portanto,
nos grupos A, B e E.
GRUPO A
GRUPO B
GRUPO E
GRUPO A
O grupo A ainda é subdivido em A1, A2, A3, A4 e A5. Neste grupo, destacam-se os subtipos A1
e A4. O descarte de resíduos do grupo A1 deve sofrer tratamento prévio para a redução e
eliminação da carga microbiana e, ainda no caso de materiais de Nível III, inativação total da
carga microbiana. Os resíduos sólidos de saúde (RSS) do grupo A4 não necessitam de
tratamento prévio e devem ser embalados em saco branco leitoso devidamente identificado
para descarte final em ambiente adequado.
 SAIBA MAIS
Segundo a RDC n° 222/2018, alguns exemplos de RSS do grupo A4:
Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não
contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;
Cadáveres, carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de
animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de
microrganismos.
Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.
Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções,
provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes
classe de risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação,
ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente
importante ou cujo mecanismode transmissão seja desconhecido ou com suspeita de
contaminação com príons.
GRUPO B
Para o descarte dos RSS do grupo B é necessário avaliar a periculosidade das substâncias
presentes de acordo com as FISPQs respectivas, respeitando suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Esses resíduos devem ser previamente
tratados de acordo com as suas características químicas e é proibido o encaminhamento de
RSS na forma líquida para disposição final em aterros sanitários.
GRUPO E
Os materiais perfurocortantes do grupo E devem ser descartados em recipientes identificados,
rígidos, providos com tampa, resistentes à punctura, ruptura e vazamento. O recipiente de
acondicionamento deve conter a identificação de todos os riscos presentes. As seringas e
agulhas devem passar por tratamento prévio antes do descarte final.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, estudamos os conceitos de boas práticas de laboratórios, suas
aplicações e abrangências na área de Saúde. Foi possível também compreender os sistemas
de purificação de água, os tipos de água obtidos e sua utilização nos laboratórios clínicos.
Aprendemos sobre os procedimentos de descontaminação em laboratórios a partir da limpeza,
desinfecção por agentes químicos e físicos e as principais técnicas de esterilização. Por fim,
conhecemos a atual legislação de descarte de resíduos sólidos de saúde, fechando o ciclo de
conhecimento sobre as BPL para que possamos estar preparados para exercer as atividades
laboratoriais com eficiência e segurança.
 PODCAST
Agora, a professora Patrícia Dias encerra o tema falando sobre as boas práticas de laboratório
clínico.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALLEN JUNIOR, L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e sistemas
de liberação de fármacos. 9. ed. Artmed: São Paulo, 2013.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária ‒ ANVISA. Resolução da diretoria
colegiada – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico
para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde. Consultado em meio eletrônico em: 11 nov. 2020.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária ‒ ANVISA. Resolução da diretoria
colegiada – RDC nº 222, de 28 de março de 2018. Regulamenta as Boas Práticas de
Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e dá outras providências. Consultado em
meio eletrônico em: 30 nov. 2020.
 BRASIL. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Norma regulamentadora – NR nº 5.
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Brasília, 2019. Consultado em meio
eletrônico em: 11 nov. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Classificação de risco dos agentes biológicos. Secretaria de
Clínica, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Clínica e Tecnologia. Série A.
Normas e Manuais Técnicos. Ministério da Saúde: Brasília, 2017.
MOLINARO, E. M. Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios
de saúde: volume 1. Etelcia Moraes Molinaro, Luzia Fátima Gonçalves Caputo e Maria Regina
Reis Amendoeira (Orgs.). Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Rio de Janeiro:
Instituto Oswaldo Cruz, 2009.
PRISTA, L. N.; ALVES, A. C.; MORGADO, R. Técnica Farmacêutica e Farmácia Galênica:
volume 1. 5. ed. Fundação Calouste Gulbenkian: Lisboa, 1995.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:
O artigo Ensino-aprendizagem na área de biossegurança: reflexões a partir da
experiência da construção de layout de laboratório, Tallini e Prestes.
Farmacopeia Brasileira, 6ª edição, ANVISA.
Manual orienta profissionais de saúde para a higiene das mãos, Blog da Saúde,
Ministério da Saúde.
A matéria Boas práticas de laboratório na indústria farmacêutica, de Egle Leonardi, ICTQ.
As diretrizes gerais para o trabalho em contenção com agentes biológicos, Ministério da
Saúde.
O artigo Monitoramento em cabine de segurança biológica: manipulação de cepas e
descontaminação em um laboratório de microbactérias, de Ueki e colaboradores, Scielo.
O texto Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais,
ABNT .
O texto Classificação de riscos dos agentes biológicos, Ministério da Saúde.
RDC nº 222, de 28 de março de 2004, que regulamenta as boas práticas de
gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde e dá outras providências, Ministério da
Saúde.
Critérios para a habilitação de laboratórios segundo os princípios das boas práticas de
laboratório (BPL), ANVISA.
CONTEUDISTA
Patrícia de Castro Moreira Dias
 CURRÍCULO LATTES
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