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Indaial – 2023 Prof.ª Thais Souza Alves 1a Edição Gestão por CompetênCias e do ConheCimento Elaboração: Prof.ª Thais Souza Alves Copyright © UNIASSELVI 2023 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. ALVES, Prof.ª Thais Souza. Gestão por Competências e do Conhecimento. Thais Souza Alves. Indaial - SC: Arqué, 2023. 224p. ISBN 978-65-5646-628-6 ISBN Digital 978-65-5646-629-3 “Graduação - EaD”. 1. Gestão 2. Competências 3. Conhecimento CDD 658 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Prezado acadêmico, seja bem-vindo à disciplina Gestão por Competências e do Conhecimento. O conteúdo deste livro foi elaborado com muito carinho e atenção. Esperamos que goste do material, pois, durante todo o processo de análise e estudo dos textos, a maior preocupação foi encontrar e disponibilizar a você um conjunto de informações que pudesse, verdadeiramente, proporcionar conhecimento e aprendizado, abrindo novos horizontes para o seu dia a dia, desenvolvendo uma percepção mais apurada e novas possibilidades na sua maneira de pensar sobre o tema proposto. O objetivo deste livro é trabalhar o tema Gestão por Competências e do Conhecimento considerando a sua perspectiva contemporânea. O tema torna-se indispensável para o Gestor de RH (Recursos Humanos), pois a tendência é que, cada vez mais, esse profissional seja acionado a atuar, de forma estratégica, dentro do contexto organizacional, buscando contribuir com o desempenho humano, o capital intelectual organizacional e os seus reflexos dentro do ambiente empresarial. Desenvolveremos, da melhor forma possível, condições didático-pedagógicas, para que você compreenda as abordagens histórica e processuais sobre os estudos do desempenho humano nas organizações, as suas origens e tendências bem como as suas técnicas e as ferramentas disponíveis em relação ao processo de Gestão de Competências. Você também verá, aqui, o processo detalhado de desenvolvimento nos ambientes corporativos, por meio da busca pelas aprendizagem contínua, conservação do capital intelectual gerado dentro dos negócios e consequente gestão do conhecimento. Considerando a complexidade por meio da qual as organizações atuam, junto à necessidade e à permanente busca por resultados, o profissional de RH precisa estar contextualizado em relação a essa realidade e instrumentalizado com conhecimentos e técnicas específicas que o possibilitem participar e contribuir, de maneira expressiva, em relação ao processo de Gestão de Competências e, consequentemente, aos resultados organizacionais. O conteúdo do nosso livro está organizado em três unidades de estudo. Inicialmente, cada unidade apresenta um conjunto de informações e conteúdos relevantes para o entendimento do tema bem como ferramentas operacionais de estudo. Dessa forma, para o adequado aprendizado, no decorrer das unidades, são disponibilizadas sugestões de leituras, questões que levam à reflexão sobre os assuntos apresentados e atividades de autoestudo. Portanto, é muito importante que você utilize todas essas ferramentas, a fim de aproveitar as possibilidades de aprendizagem desde conteúdo. APRESENTAÇÃO A partir de agora, quero convidar você a participar efetivamente desse processo de aprendizagem. Para isso, apresentarei, em linhas gerais, como está estruturada cada unidade do livro. A Unidade 1 tem como objetivo descrever o contexto histórico e as tendências para a Gestão de Pessoas, apresentando a visão sistêmica dos processos e modelos da gestão por competências e de desempenho para o desenvolvimento individual/ coletivo nas organizações e os métodos de avaliação da Gestão de Desempenho. Ao fim da unidade, é apresentada uma ampla metodologia de implementação da gestão por competências e desempenho. É de extrema importância ter a consciência de que, da mesma maneira que a sociedade econômica se desenvolve, as organizações e as pessoas precisam acompanhar o ritmo do crescimento. É fundamental para a manutenção das pessoas dentro das organizações a conservação do capital intelectual gerado dentro dos negócios, o qual, em algum tempo, se transformará em reservatório de conhecimento intangível. A Unidade 2 inicia-se estabelecendo o conceito do que vem a ser conhecimento. Dessa forma, a Gestão do Conhecimento é o segmento da Administração que trata das questões críticas de adaptação, sobrevivência e competência organizacional face ao processo turbulento de mudanças. Tem como objetivo reunir processos organizacionais que produzam combinações sinérgicas entre dados, capacidade de processamento de informações e capacidade criativa e inovadora de recursos humanos. Ao longo desta unidade, esclareceremos que, apesar da dificuldade apresentada pelas empresas em tratar do assunto, o momento é favorável, pois, as mudanças e os avanços impostos pelo mercado têm modificado os paradigmas que, por sua vez, têm alterado as relações de trabalho, a natureza das atividades e o modo como os trabalhos são executados. Este cenário impulsiona as empresas a mudarem, porque, elas se não o fizerem, provavelmente, não terão muitas chances de permanecer no mercado. Abordaremos, também, as diferenças entre dado, informação e conhecimento e, no decorrer do texto, enfatizaremos o processo de transformação de informação em conhecimento. Na sequência, apresentaremos as formas como o conhecimento é caracterizado, podendo ser conhecimento explícito e conhecimento tácito. No desenvolvimento do texto, é apresentado o processo de criação de conhecimentos, que é definido como a capacidade que a organização desenvolve em gerar novos conhecimentos, disseminá- los e incorporá-los aos produtos e serviços. A dinâmica da criação do conhecimento está ancorada no pressuposto de que ele é criado e expandido mediante a interação social entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito, e essa interação é chamada de conversão do conhecimento (socialização, externalização, combinação e internalização). É interessante que os gestores entendam esse processo para que consigam direcionar adequadamente o processo de criação e conversão de conhecimentos. Diferentemente da criação, a conversão tem como ponto de partida os conhecimentos preexistentes e, a partir deles, ocorre a convergência desses conhecimentos e o desenvolvimento de novos. A Unidade 3 nos traz uma visão panorâmica sobre o processo de gerenciamento do conhecimento nas organizações. É essencial que você desenvolva a codificação dos conhecimentos básicos, a fim de garantir a sua operacionalização e sobrevivência. O mapeamento do conhecimento envolve localizar conhecimentos importantes dentro da organização e, posteriormente, disponibilizá-los, deixando claro onde encontrá-los. Esta base de dados pode ser utilizada como ponto inicial para planejamento e alocação de recursos, movimentação de pessoal, avaliação de competências e elaboração de planos de treinamento. Prosseguindo com o nosso estudo, a unidade nos traz, ainda, a importância da cultura de aprendizagem, o papel do e-learning nas organizações e a visão de futuro e sustentabilidade aos negócios. Acadêmico, é muito importante que você realize a leitura antecipada de todo o material bem como se dedique a resolver as Atividades de Autoestudo que se encontram no final de cada unidade. Os conteúdos oferecidos nesta disciplina, por meio deste livro, somente se tornarão conhecimento se houver o estabelecimento de reflexões e a busca da conversão dessas inúmeras informações em algo aplicável. Certamente, ao longo de sua jornada de estudos, você passará pelo processo de aprendizagem que, por sua vez, se realiza por meio de quatro estágios, os quais podemos indicar como: 1º) curiosidade; 2º) dúvida e confusão;3º) conhecimento; e, por fim, 4º) sabedoria. Como sugestão, primeiramente, preocupe-se em estabelecer a compreensão básica do assunto, começando a entender alguns dos termos mais usuais, tal como você estivesse apenas reconhecendo o terreno. Em seguida, após saber, por alto, como são as coisas, será mais fácil sair e caminhar em terra firme, como faremos, pouco a pouco. Registramos os nossos sinceros agradecimentos por ter a oportunidade de fazer parte do seu processo de aprendizagem e desejamos muito sucesso a você! Bons estudos! Prof.ª Thais Souza Alves Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - GESTÃO DE DESEMPENHO E COMPETÊNCIAS: PROCESSOS E IMPACTOS . 1 TÓPICO 1 - O DESEMPENHO HUMANO, AS COMPETÊNCIAS E A IMPORTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES .....................................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................3 2 CONTEXTO HISTÓRICO E TENDÊNCIA PARA A GESTÃO DE PESSOAS ...........................4 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS ..................................................... 5 2.1.1 Fases de evolução da Gestão de Pessoas ..............................................................................7 2.2 O CONTEXTO ATUAL DA GESTÃO DE PESSOAS: O SEU PAPEL E OS ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA UMA GESTÃO MODERNA ..........................................................................8 2.3 PESSOAS COMO PARCEIRAS DAS ORGANIZAÇÕES ................................................................... 11 2.4 AS NOVAS PERSPECTIVAS DA GESTÃO DE PESSOAS E A ATUAÇÃO DO NOVO PROFISSIONAL ..................................................................................................................................... 13 2.5 OS PROCESSOS E SUBSISTEMAS DA GESTÃO DE PESSOAS ................................................. 14 2.5.1 Processo de Agregar Pessoas ............................................................................................... 15 2.5.2 Processo de Aplicar Pessoas ................................................................................................ 16 2.5.3 Processo de Recompensar Pessoas .................................................................................. 16 2.5.4 Processo de Desenvolver Pessoas ......................................................................................17 2.5.5 Processo de Manter Pessoal .................................................................................................17 2.5.6 Processo de Monitorar Pessoas .......................................................................................... 18 3 O IMPACTO DO DESEMPENHO HUMANO NOS RESULTADOS DA ORGANIZAÇÃO .........18 3.1 A ADMINISTRAÇÃO MODERNA E O DESEMPENHO HUMANO ................................................... 19 3.2 AS DIMENSÕES DO PROCESSO AVALIATIVO APLICADO ÀS PESSOAS .................................20 4 VISÃO SISTÊMICA DO PROCESSO E MODELOS DA GESTÃO DE DESEMPENHO ........... 21 4.1 MODELO METODOLÓGICO DO PROCESSO DE GESTÃO DO DESEMPENHO ..........................23 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................27 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 28 TÓPICO 2 - AVALIAÇÃO E GESTÃO DE DESEMPENHO ...................................................... 31 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 31 2 OBJETIVOS E LIMITAÇÕES DA AVALIAÇÃO .................................................................... 31 2.1 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ................................33 2.2 OBJETIVOS DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ................................................................................34 2.2.1 O que deve ser avaliado ...........................................................................................................35 2.3 ENTRAVES NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO...............................................36 3 O CONCEITO DA GESTÃO DE COMPETÊNCIAS .............................................................. 38 3.1 CONCEITUANDO A COMPETÊNCIA ..................................................................................................39 3.2 CORE COMPETENCES ........................................................................................................................ 40 3.3 MAPEAMENTO DAS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS ....................................................... 41 3.3.1 Levantamento de Dados ........................................................................................................423.3.2 Classificação ..............................................................................................................................42 3.4 MAPEAMENTO DAS COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS ...................................................................44 4 AVALIAÇÃO NA GESTÃO DE COMPETÊNCIAS................................................................ 45 4.1 AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS ..............................................................47 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 49 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 50 TÓPICO 3 - IMPLEMENTANDO O PROCESSO DE GESTÃO DO DESEMPENHO ................. 53 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 53 2 ANÁLISE ORGANIZACIONAL ........................................................................................... 53 2.1 PERFIS PREDOMINANTES DE EMPRESAS ....................................................................................55 2.2 DECISÃO PARA IMPLANTAR O PROCESSO DE GESTÃO DE DESEMPENHO .........................56 3 METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO ............................................................................ 56 3.1 FASES DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DE DESEMPENHO ........................................................ 57 3.2 ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA PARA GESTÃO DO DESEMPENHO .........................................58 3.2.1 Elaboração do Documento Normativo .................................................................................59 4 MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO .......................................................................................... 60 4.1 MÉTODO CHECKLIST ...........................................................................................................................61 4.2 MÉTODO ESCALA GRÁFICA ..............................................................................................................61 4.3 MÉTODO ESCOLHA FORÇADA .........................................................................................................62 4.4 MÉTODO AVALIAÇÃO POR RESULTADOS .....................................................................................63 4.5 ESTABELECENDO O MODELO DE QUEM DEVE AVALIAR O DESEMPENHO .........................63 4.1.1 Formando os avaliadores ........................................................................................................65 4.1.2 O Gerente e a Gestão do Desempenho ...............................................................................65 4.1.3 Critérios para o programa de formação de avaliadores .................................................66 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 69 RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................................74 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................75 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 77 UNIDADE 2 — GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES ..................................81 TÓPICO 1 — O QUE É GESTÃO DO CONHECIMENTO .......................................................... 83 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 83 2 CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE E DO CONHECIMENTO ........................................ 84 2.1 CARACTERÍSTICAS DAS SOCIEDADES BÁSICAS ........................................................................85 2.2 COMPREENDENDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO ................................................................. 88 2.3 RELEVÂNCIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO ..........................................................................90 2.4 CONHECIMENTO COMO RECURSO ECONÔMICO ........................................................................ 91 2.5 GERAÇÃO DE RENDA POR MEIO DO CONHECIMENTO ..............................................................92 3 COMO IMPLEMENTAR A GESTÃO DO CONHECIMENTO ................................................. 93 4 MUDANÇA NO CONTEXTO EMPRESARIAL E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL PARA MUDANÇAS .......................................................................................................................95 4.1 TIPOS DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL ....................................................................................... 97 4.1.1 Mudança planejada .................................................................................................................... 97 4.1.2 Processo de Mudanças de Lewin ..........................................................................................98 4.1.3 Mudança não planejada ..........................................................................................................99 4.2 CONSEQUÊNCIAS DAS MUDANÇAS ..............................................................................................99 4.3 RESISTÊNCIA À MUDANÇA .............................................................................................................101 4.4 TIPOS DE ACEITAÇÃO DA MUDANÇA ..........................................................................................102 4.5 LIDERANÇA NO PROCESSO DE MUDANÇA ................................................................................104 4.6 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL PARA MUDANÇAS.........................................................................104 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................107 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................108 TÓPICO 2 - ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO ...........................................................111 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................111 2 DIMENSÕES DAS ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO ............................................. 112 2.1 DIMENSÃO: INFRAESTRUTURA ORGANIZACIONAL ...................................................................113 2.1.1 Modelo Estrutural Estático ......................................................................................................114 2.1.2 Modelo Estrutural Dinâmico ..................................................................................................114 2.1.3 Modelo Estrutural Colaborativo ............................................................................................114 2.1.4 Modelo Estrutural Organístico ...............................................................................................114 2.1.5 Modelo Estrutural de Hipertexto Baseado em Rede .......................................................115 2.2 DIMENSÃO: PESSOAS .......................................................................................................................116 2.3 DIMENSÃO: TECNOLOGIA ................................................................................................................ 117 3 CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO ....................................................................................... 118 4 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO.............................. 121 4.1 DADO, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO .................................................................................... 122 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 127 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................128TÓPICO 3 - GERENCIANDO ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO ................................ 131 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 131 2 MAPEANDO O CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL ..................................................... 131 2.1 VALORES E ATIVOS TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS .........................................................................134 2.1.1 Valores de uma organização .................................................................................................134 2.2 ATIVOS TANGÍVEIS E ATIVOS INTANGÍVEIS ............................................................................... 135 2.2.1 Espécies de ativos intangíveis ............................................................................................ 136 3 O QUE É CAPITAL INTELECTUAL ................................................................................... 137 3.1 COMPOSIÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL .................................................................................. 137 4 MENSURANDO O CONHECIMENTO E O CAPITAL INTELECTUAL .................................138 5 INDICADORES DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL ............................................. 140 5.1 MENSURANDO O CAPITAL INTELECTUAL ...................................................................................142 5.2 O DESAFIO DA MENSURAÇÃO .......................................................................................................143 5.2.1 Gerenciando as organizações ..............................................................................................143 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................146 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................149 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................150 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................153 UNIDADE 3 — GERENCIANDO O CONHECIMENTO A PARTIR DA GESTÃO DO DESEMPENHO ....................................................................................................................155 TÓPICO 1 — ATUAÇÃO GERENCIAL SOBRE RESULTADOS .............................................. 157 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 157 2 ATUAÇÃO GERENCIAL SOBRE RESULTADOS ............................................................... 157 3 ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ..........................................................158 3.1 CONDUZINDO A ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO............................................................................160 3.2 ETAPAS A SEREM OBSERVADAS NA ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO ......................................161 4 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E DO FEEDBACK NA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO .................................................................................................................162 4.1 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO .................................................................................................. 163 4.2 O CONTEXTO E A APLICAÇÃO DO FEEDBACK ........................................................................... 165 4.3 DIFICULDADE PARA RECEBER FEEDBACK ............................................................................... 166 4.4 DIFICULDADE PARA EMITIR FEEDBACK ......................................................................................167 4.5 SUPERANDO AS DIFICULDADES DE EMITIR E RECEBER FEEDBACK ..................................167 4.6 PRINCÍPIOS PARA O FEEDBACK EFICAZ ....................................................................................168 4.7 DESENVOLVENDO O PROCESSO DE FEEDBACK ...................................................................... 169 5 MENSURANDO O CONHECIMENTO E O CAPITAL INTELECTUAL ..................................171 5.1 O DESAFIO DA MENSURAÇÃO ........................................................................................................ 172 6 INDICADORES DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL .............................................. 173 6.1 ESFORÇO X RESULTADO ................................................................................................................. 173 6.2 QUANTITATIVO X QUALITATIVO ..................................................................................................... 174 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 176 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 177 TÓPICO 2 - GESTÃO POR COMPETÊNCIAS ...................................................................... 179 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 179 2 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS ....................................................................................... 179 3 CULTURA DA APRENDIZAGEM.......................................................................................182 4 SISTEMA DE BENCHMARKING .......................................................................................187 4.1 TIPOS DE BENCHMARKING ............................................................................................................... 187 4.2 PROCESSO DE BENCHMARKING ....................................................................................................188 5 PAPEL ESTRATÉGICO DO E-LEARNING .........................................................................189 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................192 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................193 TÓPICO 3 - VISÃO DO FUTURO .........................................................................................195 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................195 2 FORMAÇÃO HUMANA E CAPACITAÇÃO ........................................................................195 3 DESENVOLVENDO TALENTOS E CAPACITANDO PROFISSIONAIS ..............................198 3.1 OBJETIVOS DO TREINAMENTO ...................................................................................................... 199 3.2 O PROCESSO DE TREINAMENTO .................................................................................................200 3.2.1 Primeira etapa: diagnóstico do treinamento ....................................................................201 3.2.2 Segunda etapa: planejamento e programação ............................................................. 202 3.2.3 Terceira etapa: execução do treinamento ....................................................................... 203 3.2.4 Quarta etapa: avaliação do treinamento ......................................................................... 204 4 VISÃO DE FUTURO E SUSTENTABILIDADE .................................................................. 205 4.1 OS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA ................................................. 206 4.2 SOLUÇÕES EM NUVEM SÃO ALIADAS DA SUSTENTABILIDADE .........................................208 4.3 ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE EXIGEM CAUTELA ..................................................208 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 211 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 217 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................218REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 220 1 UNIDADE 1 - GESTÃO DE DESEMPENHO E COMPETÊNCIAS: PROCESSOS E IMPACTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conceituar o que é Gestão de Pessoas e seu desenrolar histórico; • apresentar os principais objetivos da Gestão de Pessoas e os desafi os de uma gestão moderna; • esclarecer a diferença entre perceber as pessoas como recursos ou parceiros em uma organização e suas implicações; • pensar o papel atual da Gestão de Pessoas e refl etir sobre o perfi l do profi ssional que atua nessa nova perspectiva; • apresentar a função dos processos e subsistemas da gestão por competências. A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – O DESEMPENHO HUMANO, AS COMPETÊNCIAS E A IMPORTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – AVALIAÇÃO E GESTÃO DE DESEMPENHO TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – IMPLEMENTANDO O PROCESSO DE GESTÃO DO DESEMPENHO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 O DESEMPENHO HUMANO, AS COMPETÊNCIAS E A IMPORTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES 1 INTRODUÇÃO A Gestão de Pessoas como conhecemos nem sempre esteve conceituada ou, até mesmo, foi aceita da forma que temos atualmente. Iniciando o nosso conteúdo, queremos apresentar alguns conceitos que podem nos ajudar a entender melhor o que vem a ser essa gestão, considerando seu novo contexto e desafios. Levando em conta a diversidade de autores que escrevem sobre o assunto, consideramos importante destacar que, apesar de existir, entre eles, formas diferentes de apresentar os seus conceitos, a ideia central permanece a mesma. Dessa forma, Dessler (2004 apud CHIAVENATO, 2006, p. 9) nos relata que: Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as pessoas ou recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação de desempenho. Ainda de acordo com o autor, Administração de Recursos Humanos é a função administrativa devotada a aquisição, treinamento, avaliação e remuneração dos empregados. Todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos estão envolvidos em atividades, como: recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento (DESSLER, 2014). Complementando o nosso entendimento sobre o que vem a ser a Gestão de Pessoas nos dias atuais, autores como Milkovich, George, Broudreau e John W. (1994 apud DESSLER, 2014), dizem-nos que Administração de Recursos Humanos é um conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações. Ainda, segundo Robbins (1996), Administração de Recursos Humanos é a função na organização relacionada a provisão, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados. Considerando a compreensão a respeito da Gestão de Pessoas, os seus conceitos e funcionalidades, com a certeza de que o mercado está cada vez mais competitivo, os detalhes da gestão se tornaram pontos cruciais para correções e melhorias. Assim, poderemos compreender que a Gestão de Pessoas baseada no desenvolvimento de TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 indivíduos e numa gestão clara por competências, faz-se necessária para a obtenção de uma visão mais assertiva a respeito dos cenários e a consequente tomada de decisões, visando ao sucesso do negócio. No Tema de Aprendizagem 1, abordaremos o contexto histórico e as tendências para a Gestão de Pessoas, buscando apresentar o impacto dos modelos de Gestão de Desempenho nos resultados organizacionais, por meio da colaboração e do respaldo à visão sistêmica dos processos internos, assim como a estruturação ampla das áreas de pessoas nos negócios. Busque compreender o tema utilizando os recursos didáticos existentes ao longo do percurso: sugestão de leituras, filmes e textos. Você enriquecerá o seu entendimento a respeito desse tema que faz parte da vida organizacional de todos os negócios. 2 CONTEXTO HISTÓRICO E TENDÊNCIA PARA A GESTÃO DE PESSOAS Diversos autores referem-se à Gestão de Pessoas como Administração de Recursos Humanos, mas todos mantêm-se alinhados ao propósito de que essa gestão deve buscar o equilíbrio entre os interesses da empresa e os interesses dos indivíduos. Perceba, ainda, que tal objetivo pode ser alcançado mediante o estabelecimento de políticas de gestão voltadas às pessoas e, também, por meio do uso das ferramentas e subsistemas disponíveis no processo de Gestão de Recursos Humanos. Para melhor entendermos o termo “Administração de Recursos Humanos” ou “Gestão de Pessoas”, faz-se necessário nos reportarmos ao conceito do que seja administração, assim, encontramos a seguinte definição: é o processo que visa alcançar, com eficiência e eficácia, os objetivos estratégicos da organização, com as pessoas e por meio delas. Dessa forma, fica claro que não devemos mais subjugar as pessoas nas organizações, mas devemos trabalhar com elas para que os resultados sejam alcançados. Outro ponto que, também, nos chama a atenção é que existem fatores comuns a todas as organizações, tais como: os objetivos, os recursos limitados e as pessoas; estas características independem do tipo, ramo ou tamanho do negócio, ou seja, fica evidente que a “bola da vez” é a Gestão de Pessoas. Saiba que administrar com pessoas significa tocar a organização juntamente com os colaboradores, os parceiros internos que mais entendem dela, de seu funcionamento e de seu futuro. Esses colaboradores não são mais vistos como um recurso servil e passivo no processo de uma organização, mas como um objetivo, um sujeito ativo e provocador das decisões, empreendedor das ações e criador da inovação dentro das organizações. 5 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS De acordo com Araújo (2006), as primeiras ideias relacionadas ao processo de gerenciamento de pessoal decorrem do surgimento da necessidade de contabilizar os registros dos trabalhadores, principalmente, as horas trabalhadas, faltas e atrasos, para efeitos de pagamento ou de desconto. Teve início, então, o papel do controlador de pessoas que, normalmente, era feito pelo contador da empresa. As primeiras mudanças na área de Administração de Pessoas surgiram no início do século XX, pois, para o empresário, o trabalhador nada mais era do que um instrumento a mais na busca de resultados da empresa. Na década de 1920, surgiu o movimento de relações humanas, e esse novo modelo trouxe forte pressão ao chefe de pessoal, pois, a ordem, agora, era preocupar-se com o indivíduo, com as suas necessidades e outras variáveis com as quais ninguém estava preparado, nem o empresário, nem o trabalhador e, muito menos, o chefe de pessoal. Em 1945, surgiram os primeiros estudos sobre liderança, autocratismo, democracia no trabalho e motivação humana, e eles passaram a lidar com uma variável, até então, desprezada: o poder das relações informais. Nesse cenário, a função de “cuidar do pessoal” passou a ser valorizada, uma função que era de terceiro escalão passou a ter status de gerência, deixando de ser uma função, puramente, operacional, para tornar-se tática (ARAÚJO, 2006). Somente nos anos 1950, passou-se a ligar essa área à de Ciências Humanas. No auge da escola de relações humanas, criou-se o termo “Gerente de Recursos Humanos”. Nos anos 1960, surgiu, paralelamente ao GRH, o GRI (Gerente de Relações Industriais), para distinguir a pessoa que cuida de aspectos, puramente, administrativos (GRI) do especialista em questões “humanas” (GRH). Dos anos 1970 aos 1990,a Administração de Pessoal deixou de ser uma função administrativa e tornou-se estratégica, infl uenciando, diretamente, as ações e servindo como apoio para o atendimento dos objetivos gerais da empresa (ARAÚJO, 2006). Gestão por Competências: identifi car as competências as quais uma função precisa e as que o colaborador possui; fazer o cruzamento das informações apuradas nos passos anteriores, identifi cando o gap de treinamento, lançando um plano de desenvolvimento específi co para o colaborador (LEME, 2005). ATENÇÃO 6 A partir de pesquisas e estudos – encomendados pelas grandes organizações – referentes às novas posturas de comando como forma de otimizar os resultados produtivos das organizações, houve a mudança nas formas de Gestão de Pessoas nas empresas. Foi a partir do desenvolvimento dos processos, métodos e normas de trabalho que surgiu o interesse no estudo de alguns fenômenos relativos ao comportamento humano. Marras (2000) ilustra, de forma bem clara, o desenvolvimento das áreas de responsabilidade da função de pessoal, o que nos faz levantar uma questão: quais são as novas responsabilidades da Gestão de Pessoas no século XXI? Figura 1 – Áreas de responsabilidade da função de pessoal Fonte: adaptada de Marras (2000) 7 2.1.1 Fases de evolução da Gestão de Pessoas Em pesquisa realizada pela professora Tose (2000 apud MARRAS, 2000), há descrição das características que predominavam nas fases de evolução da Gestão de Pessoas. Segundo a autora, as fases possuíam as seguintes características: • Fase contábil: esta fase caracteriza-se pela preocupação com os custos da organização. Para as organizações, os trabalhadores eram vistos, somente, sob o enfoque contábil, pois, quando o candidato era “aprovado”, imediatamente, assinava o “contrato de trabalho”, que era, na verdade, o chamado Livro de Escrita do Pessoal, no qual outra pessoa, a partir do ingresso na empresa, fazia a contabilidade dos salários devidos. Quem comandava o trabalho era denominado feitor. • Fase legal: nesta fase, faz-se presente a função de chefe de pessoal, profissional cuja preocupação era com as recém-criadas leis trabalhistas (CLT). O poder exercido sobre os empregados, antes, unicamente, centrado na figura dos feitores (chefes de produção), passou para o chefe de pessoal. Isso acontecia porque se fazia necessário o domínio sobre as novas regras e normas jurídicas impostas. • Fase tecnicista: foi neste período que o presidente Juscelino Kubitschek implantou a indústria automobilística em nosso país. Nesse momento, os empresários tiveram que aceitar, em seus organogramas, o Gerente de Relações Industriais (GRI), para distinguir o gerente que cuidava de aspectos puramente administrativos (GRA) daquele que seria o especialista sobre questões “humanas” (GRH). Foi nesta fase, também, que a área de RH passou a operacionalizar serviços, como os de treinamento, recrutamento/seleção, cargos e salários, higiene e segurança no trabalho, benefícios e outros. • Fase administrativa: nesta fase, ocorreram novas mudanças. Surgiu o novo sindicalismo; criou-se uma nova denominação bem como uma nova responsabilidade do, até aqui, Gerente de Relações Industriais. O cargo passou a chamar Gerente de Recursos Humanos, com isso, pretendia-se humanizar procedimentos burocráticos e, puramente, operacionais, voltando-os para os indivíduos e as suas relações com os sindicatos e a sociedade. Esta fase é considerada muito importante para o modelo de Gestão de Pessoas que temos, atualmente, pelo fato de ter sido nesse período que os subsistemas e as ferramentas dessa gestão se consolidaram, dentre eles, os processos de recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho, cargos e salários, entre outros. • Fase estratégica: esta fase foi demarcada pela introdução dos primeiros programas de planejamento estratégico atrelados ao planejamento estratégico central das organizações. O GRH subiu no seu nível hierárquico, saindo do terceiro escalão – o nível tático – para assumir posição de alto nível e ser reconhecido como diretoria, em nível estratégico na organização. Com a globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o forte impacto da mudança e o intenso movimento por qualidade e produtividade, surgiu uma 8 eloquente constatação na maioria das organizações: o diferencial, a principal vantagem competitiva das empresas decorre das pessoas que mantêm e conservam o status, ou seja, que geram e fortalecem a inovação e o que ela deverá vir a ser. São pessoas as quais produzem, vendem, servem o cliente, tomam decisões, lideram, motivam, comunicam, supervisionam, gerenciam e dirigem os negócios das empresas. Varia enormemente a maneira como as pessoas se comportam, decidem, agem, trabalham, cuidam dos clientes, tocam os negócios das empresas, executam e melhoram as atividades. Esta variação depende, em grande parte, de políticas e diretrizes das organizações que dizem respeito a como lidar com as pessoas em suas atividades. Se as empresas estão demitindo mais e, também, gastando mais com assessorias especializadas, ganham espaço, nos conselhos de Administração, os direitos de Recursos Humanos. Como ocorre com os demais profissionais de alto escalão, contudo o seu perfil deve adaptar-se à crise. Com isso, saem os patriarcalistas e entram os racionalistas: o RH mais intimamente ligado ao business e capaz de cortar, com precisão, profissionais de baixo rendimento. IMPORTANTE 2.2 O CONTEXTO ATUAL DA GESTÃO DE PESSOAS: O SEU PAPEL E OS ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA UMA GESTÃO MODERNA Para Chiavenato (2006), a Gestão de Pessoas está inserida em um contexto formado por pessoas e organizações. As primeiras dependem das segundas para manter a subsistência e atingir os objetivos pessoais e individuais. De um lado, quando se fala em crescer na vida e ser bem-sucedido, normalmente, atrela-se a este cenário uma organização. Do outro lado, encontramos as organizações que dependem, diretamente, de seus funcionários, para produzir bens e serviços, atender os clientes, competir nos mercados, atingir os objetivos globais e estratégicos. As organizações funcionam por meio e com as pessoas que delas fazem parte, as quais decidem e agem em nome desses organizações. Até pouco tempo, o relacionamento entre as pessoas e as empresas era considerado antagônico e conflitante, tornou-se senso comum dizer que os interesses organizacionais e individuais nunca seriam compatíveis, visto que um pretendia usurpar o máximo do outro. Na mudança dessa percepção, o profissional de Recursos Humanos participa dos desafios mais relevantes da organização e contribui para o alcance dos objetivos organizacionais e individuais. 9 No Quadro 1, demonstraremos os principais objetivos organizacionais e individuais. Sempre que nos referirmos a eles, procuraremos exemplifi car por meio do seguinte questionamento: quais são os possíveis interesses de um empresário frente ao negócio? Quais os possíveis interesses de um indivíduo (funcionário) frente ao negócio? Imagine-se dono de um negócio, qual resposta você teria? Ou, ainda, imagine-se como um colaborador, quais as suas possíveis necessidades e vontades? Observe o quadro, a seguir, e perceba que, provavelmente, algumas de suas respostas, possivelmente, estarão listadas. Quadro 1 – Objetivos organizacionais e individuais Fonte: adaptado de Chiavenato (2006) Diante desse novo contexto, Ribeiro (2006, p. 4) nos diz: A área de Recursos Humanos deve estar voltada, permanentemente, para ajudar a organização a alcançar seus objetivos e a realizar suas missões, tornando-a competitiva. Além disso, também tem de promover empregados bem treinados e bem motivados, ao mesmo tempo em que desenvolve e mantém a qualidade de vida no trabalho, administra as mudanças e incentiva políticas éticas e comportamento socialmente responsável. As organizações são constituídas de pessoas e dependem delas para atingir seusobjetivos e cumprir suas missões. E, para as pessoas, as organizações constituem o meio pelo qual elas podem alcançar vários objetivos pessoais com um mínimo de tempo, esforço e confl ito (CHIAVENATO, 2006). ATENÇÃO 10 Ainda conforme Ribeiro (2006), a área de Recursos Humanos possui uma missão na qual, dentre outras coisas, deve: • Dimensionar e planejar as necessidades de pessoal em longo, médio e curto prazos, para atender às exigências do negócio e aos objetivos da empresa. • Criar, atualizar e manter uma estrutura organizacional adequada aos objetivos empresariais e às suas relações com o ambiente. • Atender às necessidades de recursos humanos da organização em longo, médio e curto prazos, além de manter todos os cargos e funções, adequadamente, preenchidos. • Prover a qualificação profissional dos recursos humanos da empresa. • Remunerar o pessoal, competitiva e equivalentemente, considerando as características e as peculiaridades do negócio empresarial que impactam a relação do profissional com seu cargo e a contribuição para o desenvolvimento da empresa. • Assegurar o bom relacionamento da empresa com o empregado, em todos os níveis da organização. Para alcançar essa missão, porém, a área de Recursos Humanos necessita quebrar alguns paradigmas oriundos das décadas anteriores, ou seja, de acordo com Chiavenato (2006), primeiramente, ela deve quebrar os velhos paradigmas organizacionais que definem a Administração de Recursos Humanos como: • Uma estrutura hierárquica e funcional. • Voltada à especialização das suas funções. • Voltada à centralização e ao monopólio. • Completa ausência de coordenação entre as funções. • Criadora de conflitos entre linha e estafe, isto é, os clientes internos de ARH. • Preocupada com atividades rotineiras e burocráticas, avessa à inovação e à criatividade. • Falta de conhecimento das interdependências e dos processos empresariais. A Administração de Recursos Humanos também necessita romper com os velhos paradigmas culturais que, de acordo com Chiavenato (2006), caracterizam-se por: • Dar ênfase ao indivíduo e à iniciativa pessoal, omitindo a atividade grupal. • Promover o confinamento dos cargos e isolamento das pessoas. • Permitir a ausência de contatos interpessoais e sociais. • Ser submisso ao chefe, tendo ele como único cliente. • Apresentar uma avaliação pessoal e individual, voltada para o desempenho passado. • Possuir tendência à permanência e ao definitivo. • Promover o conservadorismo da ARH, que funciona como anti-habilitadora da mudança. • Possuir visão voltada para o passado ou a manutenção do status quo. 11 Complementando as ideias de Chiavenato (2006), Ribeiro (2006) nos aponta os velhos papeis dos Recursos Humanos que necessitam ser superados: • Controlar, rigidamente, a carreira dos funcionários. • Manter as escalas salariais em segredo, de tal forma que nem os gerentes saibam como tal escala funciona. • Manter a avaliação de potencial como uma tarefa exclusiva da função de Recursos Humanos. • Entender que a manutenção de um clima organizacional adequado é tarefa exclusiva da área de Recursos Humanos. • Manter tudo que diga respeito a Recursos Humanos em um clima cheio de mistérios e segredos. • Conservar a imagem de Recursos Humanos como um departamento fechado e à parte da organização. • Valorizar, excessivamente, a área, em detrimento dos objetivos estratégicos da empresa. As pessoas da organização (salvo lembrar) formam o corpo funcional e contribuem para a instalação de um clima organizacional favorável que conduz a resultados, incluindo resultados nos negócios ou em qualquer que seja a atividade-fim da organização. Esse é o chamado capital humano e serve de combustível bem como faz a máquina (organização) andar e chegar ao destino. Acadêmico, sugerimos a leitura do livro Práticas de Recursos Humanos PRH: conceitos, ferramentas e procedimentos, da autora Ana Cristina Limongi França. O livro nos traz uma abordagem genuinamente brasileira das práticas de Gestão de Pessoas. Especialmente, no Capítulo 1 das páginas 7 a 11, a autora traz uma breve história brasileira em relação às práticas de Recursos Humanos com a apresentação da pré-história e os períodos clássicos da Administração de Recursos Humanos no Brasil. Sem dúvida, é uma leitura obrigatória a todos os profissionais que atuam ou pretendem atuar nessa área. DICA 2.3 PESSOAS COMO PARCEIRAS DAS ORGANIZAÇÕES A globalização nos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o forte impacto da mudança e o intenso movimento por qualidade e produtividade evidenciam mudanças significativas na Gestão de Pessoas. Tais mudanças mostram a evidente constatação, 12 na maioria das organizações, de que o diferencial competitivo das empresas decorre das pessoas que geram e fortalecem a inovação. São pessoas que produzem, vendem, servem o cliente, tomam decisões, lideram, motivam, comunicam, supervisionam, gerenciam e dirigem os negócios das empresas (CHIAVENATO, 2006). Outro fato, extremamente, relevante é que uma organização vive e sobrevive de suas parcerias, cada qual contribuindo e esperando algo da organização, como pode ser visto no quadro, a seguir: Quadro 2 – Parceiros das organizações Fonte: adaptado de Chiavenato (2006) Como pôde ser visto, as organizações possuem parcerias com: os acionistas que investiram na organização e que esperam colher os lucros desse investimento; os fornecedores que acreditaram na organização e a ela entregaram matéria-prima, insumos e tecnologias e esperam receber bem como vender mais; os clientes e consumidores buscam produtos com qualidade, preço e valor agregado e esperam adquiri-los, deixando, na empresa, o seu dinheiro; os empregados, os quais se dedicam para que ao lucro e crescimento da empresa e, também que ela olhe para eles, assim como para o esforço e a dedicação que, ali, foram deixados. Fica a cargo da Gestão de Pessoas buscar a conciliação desses interesses, a fi m de que todos tenham suas expectativas atendidas, para isso, há a possibilidade de essa gestão utilizar as ferramentas de RH. Objetivando o alcance das necessidades das partes, o profi ssional de Recursos Humanos torna-se estratégico ao negócio. Um ponto que devemos salientar é: para haver essa conciliação (objetivos dos empregados e organizacionais a serem alcançados), faz-se necessária a defi nição de como serão tratadas as pessoas na organização (como recursos ou como parceiros) (Quadro 3). Caso a organização opte por tratar as pessoas como recursos, Chiavenato (2006, p. 6) observa que “eles precisam ser administrados, o que envolve planejamento, organização, direção e controle de suas atividades, já que são considerados sujeitos passivos de ação organizacional”. Mas existe a opção de a empresa considerar as 13 pessoas como parceiras, neste caso, Chiavenato (2006, p. 7) nos aponta: “como tais, elas são fornecedoras de conhecimentos, habilidades, capacidade e, sobretudo, o mais importante, aporte para as organizações”. Quadro 3 – Pessoas como parceiras ou recursos na organização PESSOAS COMO RECURSO PESSOAS COMO PARCEIROS Empregados isolados nos cargos Horário, rigidamente, estabelecido Preocupação com normas e regras Subordinação ao chefe Fidelidade à organização Dependência da chefia Alienação em relação à organização Ênfase na especialização Executores de tarefas Ênfase nas destrezas manuais Mão-de-obra Colaboradores agrupados em equipes Metas negociadas e compartilhadas Preocupação com resultados Atendimento e satisfação do cliente Vinculação à missão e à visão Interdependência entre colegas e equipes Participação e comprometimento Ênfase na ética e na responsabilidade Fornecedoras de atividade Ênfase no conhecimento Inteligência e talento Fonte: adaptado de Chiavenato (2006) 2.4 AS NOVAS PERSPECTIVAS DA GESTÃO DE PESSOAS E A ATUAÇÃO DO NOVO PROFISSIONAL Como pudemos perceber, o RH é uma das áreas do qual mais tem-se exigido mudanças nos últimos anos.Para quem atua no meio empresarial, os períodos de crise e a retomada de crescimento têm sido, extremamente, duros. Posições ameaçadas, orçamentos diminuídos e status reduzido passaram a fazer parte do dia a dia das organizações. Estas, por sua vez, também afetam, diretamente, a função de Recursos Humanos. Ao assumir esse novo perfil, o gestor de Recursos Humanos se apresentará mais preparado para enfrentar os desafios presentes nas organizações. Chiavenato (2006) observa que o papel do gestor de pessoas é fundamental ao sucesso da organização, mas salienta o fato de ele trabalhar em um ambiente diferenciado dos demais porque, segundo o autor: • Lida com meios, com recursos intermediários, e não com fins. • Lida com recursos vivos, complexos, diversificados e variáveis: as pessoas. • É uma responsabilidade de linha e uma função de estafe. As pessoas estão alocadas e espalhadas nos demais órgãos da empresa. 14 • Preocupa-se, fundamentalmente, com a eficiência e muito pouco com a eficácia. Ela está, geralmente, voltada para os meios e quase nunca para os fins. • Trabalha em ambientes e em condições que não determinou e sobre as quais possui um grau de poder e controle muito pequeno. • Os padrões de desempenho e de qualidade dos recursos humanos são, extremamente, complexos e diferenciados. • Não lida, diretamente, com fontes de receita, ele não proporciona aportes de dinheiro à organização. • Possui dificuldade de saber se a ARH está fazendo ou não um bom trabalho para a empresa. • Tornar-se global requer a mudança de seus métodos tradicionais. • Deve adotar nova tecnologia. • Deve gerenciar mudanças. • Deve desenvolver o capital humano. • Deve buscar reagir ao mercado. • Aprender a conter custos. 2.5 OS PROCESSOS E SUBSISTEMAS DA GESTÃO DE PESSOAS Os processos e subsistemas da Gestão por Competência são aqueles os quais permitem que as organizações identifiquem, desenvolvam e mantenham os talentos e competências necessários para atingir os seus objetivos estratégicos. Esses processos e subsistemas podem ser divididos em três áreas principais: Desenvolvimento de Competências, Gestão de Talentos e Gestão de Recursos Humanos. • Desenvolvimento de Competências: este processo envolve o desenvolvimento de competências técnicas, comportamentais, organizacionais e pessoais para atender às necessidades da organização. Esta abordagem baseia-se na premissa de que os talentos e habilidades dos funcionários devem ser aprimorados de forma contínua, para que a organização possa atingir os seus objetivos. As principais ferramentas deste processo incluem treinamento, educação, desenvolvimento de carreira e avaliação de desempenho. • Gestão de Talentos: esta área abrange o processo de identificação, desenvolvimento e retenção de talentos. Aqui, as organizações procuram identificar e desenvolver os melhores talentos dentro da organização bem como mantê-los motivados. As principais ferramentas, aqui, incluem recrutamento, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, gestão de carreira, motivação e reconhecimento. • Gestão de Recursos Humanos: esta área trata da gestão do capital humano da organização. Esta abordagem tem como objetivo maximizar o potencial dos funcionários para atingir os objetivos organizacionais. As principais ferramentas, aqui, incluem recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento, remuneração, avaliação de desempenho e gestão de carreira. 15 Figura 2 – Subsistemas de Recursos Humanos Fonte: adaptada de Chiavenato (2006) Como se pôde observar, a fi gura apresentada nos traz as áreas na qual o setor de Recursos Humanos se estrutura. Verifi caremos quais são as características predominantes em cada um dos subsistemas apresentados e, para nos auxiliar nesse entendimento, utilizaremos as ideias de Chiavenato (2006), nas quais ele propõe esse entendimento quanto às etapas e funções da atividade de Gestão por Competências. 2.5.1 Processo de Agregar Pessoas Aqui, a Gestão de Pessoas deve preocupar-se com a identifi cação das necessidades de pessoal por parte da empresa, utilizando de pesquisa de mercado e recrutamento/seleção (inclui fontes recentes de recrutamento e seleção). As suas principais atividades envolvem recrutamento e seleção por competência: o processo ideal para empresas visa a realizar a contratação de pessoas que possuam as habilidades necessárias para desempenhar determinadas atividades. Neste processo, é considerado não só o currículo do candidato, mas também a sua capacidade de se adaptar às funções do cargo e de desenvolver habilidades necessárias à função. O processo de recrutamento e seleção por competência baseia-se na identifi cação das competências necessárias para o desempenho de determinada função, o que possibilita a busca por candidatos que as tenham. Assim, as etapas de recrutamento e seleção por competência são: • Análise e defi nição das competências necessárias: esta etapa envolve a identifi cação e defi nição das competências necessárias ao desempenho da função, considerando os objetivos da empresa. • Elaboração do perfi l do candidato: após a defi nição das competências necessárias, é realizada a elaboração do perfi l do candidato ideal, considerando experiência, formação, habilidades e conhecimentos técnicos. 16 • Divulgação da vaga: esta última é divulgada em canais de recrutamento, como sites de emprego e redes sociais, e o candidato interessado deve preencher um formulário com informações básicas. • Avaliação de currículos: nesta etapa, os currículos são avaliados de acordo com o perfil definido. • Testes e entrevistas: os candidatos selecionados são submetidos a testes e entrevistas para avaliação das competências. • Seleção dos candidatos: após a conclusão dos testes e entrevistas, é realizada a seleção dos candidatos. O recrutamento e seleção por competência é fundamental à contratação de funcionários com as habilidades necessárias para desempenhar determinadas funções. Assim, a empresa consegue garantir melhor desempenho e resultados e pode contar com profissionais que possuam as competências necessárias para o cargo. 2.5.2 Processo de Aplicar Pessoas Neste processo, ocorre a busca de informações para identificar o perfil do profissional desejado dentro da organização bem como o desenho das atribuições dos cargos existentes: análise e descrição (que exige flexibilização, e não “engessamento” dos cargos). As suas principais atividades contemplam: • Desenho de Cargos: subsistema responsável pela descrição de cargos (funções), pesquisas salariais, elaboração de planos de carreira. • Acompanhamento: critério adotado para análise dos novos colaboradores no ambiente organizacional e no desempenho das funções. • Avaliação de Desempenho: critério estabelecido para mensurar os resultados do trabalhador em suas tarefas por determinado período. • Plano de Carreira: critério determinado à progressão funcional de acordo com o tempo, o desempenho, os conhecimentos e as habilidades. 2.5.3 Processo de Recompensar Pessoas É o processo utilizado para incentivar as pessoas a satisfazer às suas necessidades individuais mais elevadas. Nele está incluso a recompensa, por meio de salários e benefícios. As principais atividades deste processo contemplam: • Recompensas: subsistema responsável pelo processo dedicado a incentivar e recompensar os indivíduos em função das posições ocupadas, do tempo na organização, do desempenho alcançado ou das metas e resultados cumpridos. 17 • Remuneração e Incentivos: são os critérios adotados pela organização para a composição da remuneração, envolvendo todas as formas de pagamento, recompensas e incentivos decorrentes do seu trabalho, por exemplo: salário, comissão etc. • Benefícios e Serviços: são os critérios estabelecidos com o objetivo de desenvolver programas para remuneração adicional ou para parte integrante da remuneração total. Benefícios e serviços, normalmente, são oferecidos de forma não financeira,podendo ser benefícios sociais e espontâneos, por exemplo: plano de saúde, vale- alimentação etc. 2.5.4 Processo de Desenvolver Pessoas Neste processo, ocorre a preocupação com a capacitação e o desenvolvimento profissional do colaborador; os investimentos em treinamento e desenvolvimento das pessoas; os programas de mudança e desenvolvimento de carreira, de comunicação e consonância. Observamos que, nesta fase, também se faz importante o envolvimento das diversas áreas da organização à formulação de um planejamento de treinamento e desenvolvimento, o qual pode ser entendido como subsistema responsável pelo desenvolvimento e treinamento de acordo com as necessidades da empresa ou de cada indivíduo. As principais atividades desta fase contemplam: • Treinamento: meio de diagnosticar a necessidade de atualização do colaborador para repassar novos conhecimentos e habilidades ao profissional no cargo, por exemplo: curso de aperfeiçoamento, curso para aprendizado de uma nova técnica etc. • Desenvolvimento de Pessoas: critério adotado ao desenvolvimento profissional, em médio e longo prazos, dos recursos humanos, por meio da preparação do funcionário para o crescimento profissional e a sua empregabilidade, por exemplo: processo de coaching, mentoria etc. • Desenvolvimento Organizacional: criação e desenvolvimento de condições de crescimento do indivíduo de acordo com o crescimento da organização, por exemplo: plano de carreira, participação nos lucros e resultados da empresa etc. 2.5.5 Processo de Manter Pessoal Subsistema responsável por manter as pessoas trabalhando na organização. Trata-se das condições ambientais e psicológicas de trabalho que cercam as pessoas nas atividades cotidianas. 18 2.5.6 Processo de Monitorar Pessoas Subsistema responsável por mostrar como as organizações estabelecem meios que visem a monitorar o comportamento das pessoas dentro dela. O controle está deixando de ser externo, impositivo e coercitivo, para basear-se no conhecimento e na parcela de contribuição individual à organização. São os processos utilizados para acompanhar e controlar as atividades das pessoas e verificar os resultados. Dentre as suas atividades, destacam-se: • Departamento Pessoal: está relacionado com os trabalhos burocráticos, envolvendo os registros, computação de horas, folha de pagamento, férias, 13º salário e outros. • Banco de Dados: está relacionado aos critérios utilizados para manter um cadastro dos colaboradores que seja capaz de fornecer informações precisas do histórico destes indivíduos. • Sistema de Informações: critérios utilizados para mensurar a qualidade e o desempenho dos serviços e atividades realizadas. 3 O IMPACTO DO DESEMPENHO HUMANO NOS RESULTADOS DA ORGANIZAÇÃO Agora que você pôde perceber quantos desafios existem para essa área, começaremos, a partir deste subtema, a contextualizar a importância do desempenho humano aos resultados empresariais e, no decorrer do aprendizado, veremos como as organizações têm se comportado frente às constantes mudanças e, também, abordaremos de que forma o fator humano impacta os resultados das organizações. Com base neste entendimento, ao longo do tema, apresentaremos as dimensões do processo avaliativo, sendo interessante observar como esses fatores alteram o desempenho das pessoas e, consequentemente, das empresas. Na sequência de nosso conteúdo, proporemos o entendimento do processo da Gestão de Desempenho sob uma perspectiva sistêmica, trazendo alguns questionamentos para facilitar essa compreensão. No que se refere ao modelo metodológico da Gestão de Desempenho, inicialmente, observaremos a importância de estabelecer alguns critérios e considerar as fases do processo. Desse modo, ao final deste tema, certamente, você terá condições de enxergar o processo de forma sistêmica bem como as dimensões dele. É necessário compreender que o desempenho humano tem impacto significativo nos resultados da organização, pois os funcionários são responsáveis por executar as tarefas necessárias para atingir os resultados desejados. Quando os funcionários têm desempenho adequado, as organizações tendem a obter resultados positivos. Por outro lado, quando o desempenho humano é insuficiente, os resultados da empresa tendem a ser negativos. 19 A qualidade desses resultados depende, em grande parte, do desempenho dos funcionários. A fim de aumentar essa qualidade, as organizações precisam oferecer treinamento e desenvolvimento aos seus colaboradores. Isso ajuda a melhorar as habilidades e competências dos funcionários, o que, por sua vez, aumenta o desempenho e melhora os resultados. Além disso, as organizações devem motivar os seus colaboradores, para que eles mantenham alto nível de desempenho. Essa motivação ajuda a criar um ambiente de trabalho positivo no qual os funcionários se sentem incentivados a trabalhar mais e melhor, levando melhores resultados para a organização. O ano de 2020 foi assinalado pelo alastramento da Covid-19, uma infeção respiratória causada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2) que atingiu o mundo inteiro. Esta crise de saúde pública despertou desafios que questionaram as bases da Gestão de RH, foi preciso gerar estratégias de adaptação para responder às necessidades de mudança nas organizações, na própria sociedade e no mundo. Os espaços de trabalho não desapareceram, contudo foram alvo de modificações que implicaram novas formas de planejar e definir tarefas. IMPORTANTE 3.1 A ADMINISTRAÇÃO MODERNA E O DESEMPENHO HUMANO A imprevisibilidade do mundo contemporâneo e as frequentes mudanças que nele se processam caracterizam um ambiente no qual podemos identificar inúmeras variáveis atuando simultaneamente: incertezas econômicas, avanço tecnológico, complexidade nas relações, alterações nos hábitos e valores, contradições políticas e sociais, posicionamento ecológico, expectativas dos trabalhadores, concorrência e exigências do mercado. Nesse sentido, a Administração Moderna e a Gestão por Competências estão intimamente relacionadas e tornando-se cada vez mais importantes ao sucesso de qualquer negócio. A Administração Moderna é um enfoque para a gestão que busca maximizar a eficiência e a eficácia da organização, enquanto a Gestão por Competências concentra-se na análise individual das habilidades e conhecimentos dos seus colaboradores. Ambas as abordagens têm como objetivo ajudar as organizações a obterem os melhores resultados. A Administração Moderna busca otimizar o desempenho de toda a organização, enquanto a Gestão por Competências busca otimizar o desempenho 20 individual dos colaboradores. A Administração Moderna concentra-se em lidar com os recursos da empresa de forma eficiente, enquanto a Gestão por Competências foca na identificação, no desenvolvimento e gerenciamento das habilidades e conhecimentos dos indivíduos. A Administração Moderna também procura melhorar a comunicação entre os colaboradores e a liderança bem como a tomada de decisões. Para as organizações conseguirem acompanhar o processo evolutivo, é necessário que a força de trabalho evolua no mesmo ritmo das mudanças. É evidente o impacto dessas transformações no desempenho humano, o que requer esforço permanente de readaptação e de assimilação de novos conhecimentos, melhor qualificação pessoal para assumir desafios, responsabilidades e riscos, além de flexibilidade para conviver com a instabilidade. Dessa forma, o desempenho humano constitui a força vital na realização dos objetivos organizacionais. Uma vez que o sucesso organizacional é o resultado de decisões tomadas e operacionalizadas por pessoas, portanto, são as pessoas que promovem as mudanças as quais visam a manter a empresa em processo evolutivo. 3.2 AS DIMENSÕES DO PROCESSO AVALIATIVO APLICADO ÀS PESSOAS Com o intuito de entendermos de que forma o desempenho e o resultado são gerados, antes, é preciso compreender a dinâmica do processo de Gestãodo Desempenho. Na ação prática cotidiana, desempenho e resultado estão integrados. Em essência, toda ação (desempenho) produz um resultado, a qualidade do resultado alcançado é que caracterizará se o desempenho foi satisfatório ou insatisfatório. A contribuição de cada pessoa para o sucesso da organização é reconhecida pelo resultado produzido, e não pelo que foi feito. Observe que o desempenho humano está relacionado ao nível de qualificação pessoal e, segundo Lucena (2004), esse nível abrange três dimensões: • (Saber Fazer) – Habilidades Técnico-Operacionais: referem-se ao conjunto de conhecimentos, aos atributos pessoais, às experiências e ao domínio de técnicas, métodos e processos de trabalho que qualificam uma pessoa a executar determinadas tarefas ou atividades, exigindo, na maioria das situações, iniciativa, criatividade, solução de problemas, tomada de decisão. • (Querer Fazer) – Competência Comportamental: refere-se, prioritariamente, à postura, à atitude e aos comportamentos demonstrados pela pessoa em suas relações e interações com o trabalho, a organização, os clientes, os colegas, a sociedade e o mundo. A competência comportamental está relacionada com motivações, sendo 21 uma característica subjacente do indivíduo fundamentada em valores, crenças, paradigmas e autoestima e que levam à previsão da capacidade de desempenho no ambiente de trabalho. • (Poder Fazer) – Desempenho: refere-se à atuação das pessoas em relação aos cargos que ocupam ou às atribuições que lhe são designadas, dimensionando as responsabilidades, atividades, tarefas e desafi os, tendo em vista produzir resultados com qualidade bem como agregar valor aos clientes e à organização. O desempenho é a manifestação concreta do que é defi nido, acompanhado e mensurado e utiliza, como suporte básico, as habilidades técnico-operacional, inclusive comportamentos. Perceba que, antes de desenvolver o processo de Gestão do Desempenho, focalizando a sua interação no contexto organizacional, é necessária uma avaliação prévia sobre a qualifi cação das pessoas da empresa e o exato diagnóstico sobre qual dos fatores tem impactado, com mais relevância, o desempenho individual e, consequentemente, o desempenho organizacional. Os três componentes do desempenho pessoal, são: querer fazer, saber fazer e poder fazer, esses são medidos por processos diferentes, mas são, absolutamente, interdependentes, naturalmente, qualquer falha ou carência em um dos três afetará os demais. A efi ciência de uma pessoa no desempenho de uma tarefa depende diretamente de uma relação positiva entre essas três variáveis: a maneira de ser ou estilo do indivíduo, a atividade e o ambiente. Quanto maior o ajustamento entre estilo vs tarefa; atividade e ambiente, mais efi ciente será o resultado do desempenho (BERGAMINI, 2013). ATENÇÃO 4 VISÃO SISTÊMICA DO PROCESSO E MODELOS DA GESTÃO DE DESEMPENHO O processo de Gestão do Desempenho confunde-se com a própria gerência do negócio, pois, se o desempenho não for gerenciado, o negócio também não será administrado, adequadamente. Na prática, todas as ações devem estar orientadas para a busca da realização da missão empresarial, traduzida em objetivos econômicos e sociais. Para realizar esse objetivo, segundo Lucena (2004), a empresa utiliza de vários recursos: fi nanceiros, tecnológicos, matéria-prima, processos de produção e de vendas, marketing etc., no entanto tais recursos, por si só, não garantem o alcance dos objetivos, o uso adequado deles depende das pessoas que os manipulam. Perceba: é das pessoas 22 que vêm a ação, a criatividade, o desempenho e, consequentemente, as decisões sobre como usar tais recursos. Diante desse raciocínio e, conforme as ideias propostas por Lucena (2004), entende-se como necessária a reflexão sobre os seguintes questionamentos. • Por que avaliar o desempenho? A empresa precisa saber se os objetivos estão sendo alcançados; assegurar que os desempenhos individuais e da equipe produzam os resultados esperados; reconhecer as contribuições dos colaboradores; promover o desenvolvimento das habilidades e da capacitação das pessoas. Estes argumentos não dizem respeito, especificamente, à avaliação de desempenho, mas ao próprio negócio; mesmo que a empresa não disponha de um sistema formal de Gestão de Resultados, a gerência do desempenho é inerente ao processo administrativo do negócio. • O que deve ser avaliado? Avaliam-se os resultados alcançados, tendo como parâmetros as metas e os respectivos indicadores definidos antecipadamente e relacionados com qualidade e quantidade, prazo e custo. Avalia-se o conhecimento, sendo ele o grau com que o colaborador assimila as informações e comportamentos; nesse aspecto, a organização mensura os valores bem como as atitudes do colaborador, relacionando-os aos padrões culturais predefinidos pela empresa e às responsabilidades que são a ele conferidas para exercer as suas funções. Por exemplo: relacionamento, cortesia, atendimento, ética etc. • Como avaliar o desempenho? O processo avaliativo envolve o acompanhamento por parte dos gestores, no dia a dia das pessoas, em suas ações e na produção de resultados. O acompanhamento do desempenho constitui o ponto crítico do processo, define o campo operacional no qual as ações acontecem e onde os problemas ocorrem, possibilitando ao gestor saber se o colaborador está trabalhando na direção dos resultados esperados; afere a qualidade, o cumprimento de prazos, o volume de produção e custos; analisa o preparo e a competência do colaborador para desempenhar as funções e, assim, identifica as suas necessidades de desenvolvimento; analisa as variáveis do ambiente que afetam o desempenho; proporciona feedback ao colaborador sobre o desempenho dele (LUCENA, 2004). • Quais os requisitos para o desempenho? Podemos dizer que o desempenho humano é composto por quatro dimensões que interagem entre si, impactando, diretamente, no desempenho e, consequentemente, nos resultados, os quais, segundo Lucena (2004), são: � Qualificação profissional: a qualificação profissional dimensiona a competência requerida pelas expectativas do negócio e pelo tipo de contribuição esperada de cada cargo. Define as responsabilidades, conhecimentos, experiências, habilidades e outros requisitos profissionais e pessoais necessários para o exercício do cargo, tendo em vista os resultados desejados. A qualificação relaciona-se ao saber fazer e ao querer fazer. � Ambiente organizacional: é formado pelo conjunto de valores, crenças, políticas que é compartilhado e vivenciado pelos indivíduos, condicionando a maneira pela qual as pessoas se comportam e se relacionam no ambiente da empresa. O ambiente 23 organizacional é constituído de três indicadores – a existência de um código de valores, crenças e comportamentos; a manifestação de uma consciência coletiva sobre a filosofia, a missão, os valores, as crenças e as políticas gerais que moldam o comportamento empresarial; o reconhecimento de uma identidade empresarial que a diferencia das demais empresas. � Estilo gerencial: o sucesso na Gestão do Desempenho depende, fundamentalmente, da gerência, à medida que esse processo é utilizado como ferramenta gerencial de acompanhamento e de ação permanente sobre o desempenho do colaborador na busca de qualidade, produtividade e resultados positivos. De fato, o alcance dos objetivos propostos, a operacionalização do processo desde a negociação do desempenho, o acompanhamento bem como as ações decorrentes demonstram a atuação permanente da gerência no dia a dia de trabalho. Para atingir tais objetivos, torna-se imprescindível desenvolver uma postura gerencial que seja coerente com a visão e missão empresariais. � Ambiente externo: do ponto de vista do desempenho individual, o impacto do ambiente externo está correlacionado com a capacidade da organização em interpretar os efeitos das mudanças e adaptar, rapidamente, a sua infraestruturaprodutiva e a capacitação de sua força de trabalho para enfrentar as demandas de transformações. As percepções e a importância atribuída aos aspectos que compõem o ambiente externo influenciam, diretamente, as decisões internas voltadas para o desempenho organizacional e individual. Perceba o quanto é importante compreender o contexto envolvido no processo de avaliação e Gestão de Desempenho, para que seja possível tomar a decisão mais assertiva com relação ao que fazer e como fazer. Já conseguimos entender que o desempenho humano exerce forte impacto sobre os resultados organizacionais e que as organizações necessitam implantar sistemáticas de monitoramento e avaliações que lhes permitam obter, com mais segurança, informações sobre o seu desempenho enquanto negócio. Essas organizações, porém, devem buscar caminhos que possam, verdadeiramente, conduzir a empresa ao processo de melhoria de seu desempenho e, para que isso venha a acontecer, é necessário que a Gestão de Pessoas conheça, profundamente, todo o processo de avaliação e Gestão de Desempenho bem como os procedimentos metodológicos, incluindo as vantagens e limitações de cada etapa do processo. Não basta só querer implantar a Gestão de Desempenho, é necessário o uso de procedimentos e metodologia adequados que minimizem as possíveis subjetividades sujeitas a aparecer no decorrer do processo. 4.1 MODELO METODOLÓGICO DO PROCESSO DE GESTÃO DO DESEMPENHO Partindo da visão sistêmica do processo de gestão do desempenho, percebemos, claramente, o desempenho como atuação da força de trabalho na 24 produção de resultados. Portanto, é necessário criar uma metodologia que programe o gerenciamento contínuo e sistematizado, compondo, integradamente, aos demais processos gerenciais como uma ferramenta de Gestão de Pessoas na sua relação com o trabalho e com os objetivos da organização. O método a ser apresentado baseia-se na proposta de Lucena (2004) e procura contemplar a dinâmica do processo de gerência do desempenho, além de apresentar as seguintes características básicas: • Continuidade: o processo de gestão do desempenho deve ser contínuo, não pode se limitar, apenas, ao preenchimento de um formulário em determinada data. • Periodicidade: refere-se aos prazos máximos estabelecidos na fase de acompanhamento do desempenho e o feedback a ser emitido sobre os resultados. É importante que os prazos sejam, previamente, negociados. • Flexibilidade: o método deve seguir um padrão de conduta, porém é necessário que haja flexibilidade para adequações conforme necessidades de cada unidade organizacional sem desviar o objetivo, que é avaliar o desempenho tendo como parâmetro os resultados, responsabilidades, projetos desenvolvidos, metas a serem atingidas etc. • Individualidade: recomenda-se que as metas sejam individuais, isto é, em relação ao que é esperado de cada um em seu posto de trabalho. Aprofundando, um pouco mais, o nosso entendimento, veremos, agora, que o método apresentado se divide em cinco fases, o que, de acordo com Lucena (2004), pode ser denominado fases do processo de Gestão do Desempenho: • Fase 1. Negociação do Desempenho: consiste em estabelecer, de forma conjunta, entre gerente e colaborador, as metas, objetivos e atribuições a serem alcançados (o que será feito, por que será feito, quando será realizado e quais recursos serão utilizados). Envolve, ainda, a definição de indicadores do desempenho, que são o indicador de prazo; o indicador qualitativo e quantitativo; o indicador de custo; o indicador de venda e rentabilidade etc. • Fase 2. Análise da Capacidade Profissional: entende-se que não é possível exigir de alguém alguma coisa para a qual não esteja habilitado. Nesta fase, o gestor, juntamente com o colaborador, verificará as necessidades de capacitação profissional orientada para os seguintes aspectos – reconhecer e fortalecer as qualidades do colaborador e discutir sobre suas dificuldades e as áreas nas quais precisa melhorar, seja em nível técnico, seja em nível de conhecimento, seja em nível comportamental. • Fase 3. Acompanhamento do Desempenho: o acompanhamento do desempenho é operacionalizado, por meio de reuniões periódicas ou follow-up, entre gestor e colaborador, para analisar o andamento dos trabalhos e os resultados parciais ou finais obtidos. Geralmente, o gestor utiliza de algum recurso para registrar a sessão de acompanhamento. Essas reuniões devem acontecer em clima de diálogo e de participação, com o intuito de realizar a análise conjunta das variáveis que impactam o desempenho e os resultados. 25 • Fase 4. Avaliação dos Resultados: tendo como base as metas estabelecidas, as avaliações periódicas dos resultados e os registros do desempenho feitos na fase de acompanhamento, o avaliador dispõe de todos os dados objetivos e das informações complementares, a fim de dar o seu parecer final sobre o desempenho dos colaboradores. • Fase 5. Comprometimento: é o resultado da aprovação, da aceitação e do empenho em adotar algo que se julgou necessário e construtivo, ou seja, as vantagens usufruídas foram, altamente, compensadoras. Para concluir, podemos observar que essa abordagem metodológica não tem nada de original. É, apenas, uma interpretação da realidade do trabalho no contexto organizacional. A sequência de fases, atividades e ações acontece, normalmente, no dia a dia de trabalho, com maior ou menor eficiência e com maior ou menor eficácia, confundindo-se com o próprio processo gerencial. Acadêmico, sugerimos a leitura do livro Gestão do Amanhã: tudo o que você precisa saber sobre gestão, inovação e liderança para vencer na 4ª Revolução Industrial, dos autores Sandro Magaldi e José Salibi Neto. Nesta obra, temos um panorama completo dos modelos de gestão no decorrer da História e qual deve ser o modelo nesse novo momento no qual estamos vivendo. Em um texto abrangente e, ao mesmo tempo, simples, eles apresentam tudo o que você precisa saber para não ser derrubado por não se adaptar ao novo. DICA Chegamos ao final de nosso Tema 1. Nele, apresentamos informações que nos levaram ao entendimento de como era a atuação da função do RH, e, atualmente, como se espera que sejam desenvolvidos os trabalhos e quais são os aspectos fundamentais para uma gestão moderna. Ao longo do tema, apresentamos os processos, os diferentes subsistemas na qual a área de RH, atualmente, configura-se e os desafios vivenciados pela área de Gestão de Pessoas bem como as características que moldam o velho e o novo papel do RH nas empresas. É relevante ressaltar a perspectiva das pessoas como parceiras nos processos organizacionais e os novos caminhos que a gestão precisa percorrer para atuar dentro na nova realidade. O profissional de Recursos Humanos deve prover a organização de meios para assegurar a sustentabilidade do negócio, ao longo do tempo, de forma que sejam 26 previstos e antecipados os recursos humanos necessários, em termos de conhecimentos, habilidades, competências e número de pessoas, a fim de que a organização não sofra déficit de mão de obra. Assim, encerramos o nosso primeiro tema e fica, aqui, o desafio lançado: tornar a área de RH cada vez mais atuante, agregando valor e contribuindo com o alcance dos objetivos empresariais. Bom estudo e até o próximo tema, no qual abordaremos o impacto do desempenho humano nos resultados da organização. Até lá! 27 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • A importância do desempenho humano e suas competências para as organizações e como modelos da Gestão por Competências e de Desempenho visam a colaborar com o desenvolvimento do negócio. • O contexto histórico e as tendências do futuro para a Gestão de Pessoas, por meio da apresentação da visão sistêmica dos processos internos organizacionais. • O impacto da Gestão de Desempenho na dinâmica da Gestão de Pessoas, os seus processos, procedimentos e resultados. • Amplos modelos metodológicos dos processos de implementaçãodas Gestões por Competências e Desempenho. RESUMO DO TÓPICO 1 28 AUTOATIVIDADE 1 Marras (2000) ilustra que a área de Recursos Humanos passou por várias mudanças significativas e desenvolvimento das áreas de responsabilidades da função de pessoal. Considerando este tema, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A fase administrativa ocorre do início da Revolução Industrial até 1950, momento em que a área de Recursos Humanos possuía a função de “chefe” de pessoal. b) ( ) A fase contábil caracteriza-se pela mudança de nomenclatura, quando o cargo assumido, na Gestão de Pessoas, passou a ser chamado de Gerente de Recursos Humanos, em 1980. c) ( ) A fase legal ocorre atualmente, e o responsável pela Gestão de Pessoas é chamado de Gerente de Relações Industriais, e o cargo assume posição de diretoria, com grande responsabilidade na organização. d) ( ) Na fase tecnicista, o cargo para Gestão de Pessoas é denominado Gerente de Recursos Humanos, o qual passa a ser valorizado e a atuar nos níveis operacional e tático. 2 A moderna Gestão de Pessoas passou por várias transformações e, até as últimas décadas, a atividade de Recursos Humanos, que era conservadora, teve que se modificar e interagir com a estratégia da organização, formando uma estrutura organizada em subsistemas que a norteiam. Sobre esses subsistemas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O processo de manter pessoas inclui desenvolvimento de plano de carreira, preocupação com fatores de higiene e segurança no trabalho, programas de qualidade de vida e envolvimento com questões trabalhistas. b) ( ) O processo de desenvolver pessoas é responsável por manter os indivíduos trabalhando na organização. As principais atividades são a relação com o colaborador e o meio ambiente organizacional. c) ( ) O processo de aplicar pessoas é responsável por as incentivar e satisfazer às suas necessidades. As principais atividades são recompensas, remuneração e serviços. d) ( ) O processo de monitorar pessoas é responsável em investir em treinamento e desenvolvimento, contemplando as atividades de desenvolvimento organizacional e treinamento. 29 3 A contemporaneidade vivida pela organização com a competitividade, globalização, mudanças tecnológicas, nova postura do consumidor faz necessária uma mudança de visão dos profissionais de Recursos Humanos, para que eles se tornem mais eficazes e estratégicos na organização. Assim, diante deste contexto, avalie as afirmativas, a seguir: I- O gestor de Recursos Humanos precisa assumir riscos com programas inovadores, buscando melhorar o status quo. II- O gestor de Recursos Humanos deve desenvolver uma mentalidade de prestador de serviços, atendendo, com qualidade, a sua clientela e acompanhando os resultados. III- O profissional de Recursos Humanos deve ser disseminador de novas informações, inclusive das novas tecnologias que surgem em todo momento. IV- IO gestor de Recursos Humanos deve adotar uma postura homem/homem e tomar decisões, com critérios individualistas, na organização. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I – II – IV. b) ( ) I – III – IV. c) ( ) II – III – IV. d) ( ) I – II – III. 4 De forma prática, no dia a dia, desempenho e resultado estão integrados. Em linhas gerais, toda ação (que significa desempenho) gera um resultado, independentemente de ser satisfatório ou não. Dessa forma, podemos compreender que todo indivíduo contribui para o sucesso da organização e, assim, ele é reconhecido pelo resultado que produz. Esse desempenho está diretamente ligado ao nível de qualificação. Diante dessa afirmação, descreva as dimensões em que o desempenho humano está relacionado com a qualificação pessoal. 5 O processo de Gestão do Desempenho deve estar orientado para a busca da realização de seu objetivo empresarial, traduzido em objetivos econômicos e sociais. Para realizar esse objetivo, a empresa utiliza de vários recursos: financeiros, tecnológicos, matéria- prima, processos de produção e de vendas, marketing e outros. Contudo eles, por si só, não garantem o alcance dos objetivos, mas sim o uso adequado deles, cuja manipulação depende das pessoas. Diante dessa compreensão, reflita e responda: por que a empresa precisa avaliar o desempenho? 30 31 AVALIAÇÃO E GESTÃO DE DESEMPENHO 1 INTRODUÇÃO Nessa jornada, estudaremos os conceitos de avaliação e Gestão por Competências e do Desempenho bem como as diferenças existentes entre os dois termos. O segundo ponto a ser abordado envolve o contexto histórico da avaliação. Dessa forma, é apresentada, de modo simples e objetiva, a evolução dessa importante ferramenta da Gestão de Pessoas. Sequencialmente, descreveremos os objetivos da avaliação e da gestão, a existência dos objetivos administrativos e de desenvolvimento, os quais geram informações e auxiliam na tomada de decisão em relação à Gestão de Pessoas, no que tange a remuneração, transferência, promoção, demissão, remanejamento, treinamento, entre outros. Ainda, trataremos de um assunto muito delicado na avaliação, que remete às limitações e aos equívocos cometidos durante a operacionalização do processo de Gestão por Competências e do Desempenho. Para evitar tais problemas, o profissional de Recursos Humanos necessita conhecer, profundamente, cada uma dessas limitações e, a partir de uma análise organizacional, adotar a estratégia que o permita minimizar os efeitos delas, destacando a importância de adotar uma política baseada na transparência, para que os envolvidos possam se conscientizar sobre a importância e os objetivos do programa bem como os investimentos a serem realizados junto aos avaliadores, com o intuito de que esses estejam, devidamente, preparados para lidar com a avaliação. Também compreenderemos o conceito detalhado de Gestão por Competências bem como a sua finalidade perante o gerenciamento de pessoas, com o objetivo de compreender os pontos fortes e os pontos a serem desenvolvidos pelos indivíduos pertencentes à organização. Por fim, falaremos sobre a avaliação na Gestão de Competência, apresentando métodos e ferramentas de apoio que deverão ser utilizados quando se adota tal abordagem. 2 OBJETIVOS E LIMITAÇÕES DA AVALIAÇÃO A prática da avaliação, entendida no seu sentido genérico, é tão antiga quanto o próprio ser humano. É o exercício da análise e do julgamento sobre a natureza, o mundo que nos cerca e as ações humanas. A avaliação é a base para a apreciação de um fato, UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 32 de uma ideia, de um objetivo ou de um resultado e, também, a base para a tomada de decisão sobre qualquer situação que envolve uma escolha. Partindo dessa premissa, podemos dizer que todo ser humano é o resultado de um processo de avaliação que gera consequências no desdobramento do julgamento feito ou da decisão tomada, ou seja, todos os contrastes da vida humana são consequências de julgamentos firmados e decisões assumidas, ambos originários do processo avaliativo. No campo da Administração, o processo avaliativo está presente a todo momento. Avaliam-se as características e as condições do mercado, as expectativas dos consumidores, a posição dos concorrentes, o impacto das decisões e das leis governamentais na economia, as forças e as fraquezas da organização, o seu desempenho financeiro, a sua tecnologia bem como os seus recursos humanos. Falando, especificamente, sobre os recursos humanos, estes são avaliados permanentemente e, fundamentadas nessas avaliações, são tomadas decisões sobre pessoas, independentemente de a organização dispor de um sistema formal de Gestão de Desempenho. Pessoas são admitidas, dispensadas, remanejadas, treinadas, promovidas, exaltadas, advertidas, enfim, todas essas ações decorrem de avaliações e julgamentos efetivados (LUCENA, 2004). Para entendermos esse assunto, apresentaremos o que, na concepção de Marras (2011), significa “desempenho humano”. Segundo o autor, desempenho humano é oato ou efeito de cumprir ou executar determinada missão ou meta previamente traçada. Dessa forma, a Avaliação de Desempenho é um instrumento gerencial que permite ao gestor mensurar os resultados obtidos por um colaborador ou grupo em período e área específicos, podendo ser: conhecimentos, metas, habilidades etc. Para nos auxiliar a definir o que vem a ser a avaliação do desempenho, Lucena (2004, p. 42) nos propõe o seguinte conceito: Avaliação do Desempenho é a verificação formal e permanente dos resultados alcançados comparados com os indicadores estabelecidos, utilizando-se as normas e critérios de avaliação definidos e o desempenho refere-se à atuação do funcionário em relação às responsabilidades e atribuições inerentes ao cargo que ocupa. Dessa forma, podemos afirmar que a avaliação de desempenho é o processo de estimular ou julgar a excelência, as qualidades e as contribuições de uma pessoa em determinado contexto ou, ainda, identificá-las. Mensuração e administração do desempenho humano, nas organizações, devem estar orientadas para o futuro, com o objetivo de alcançar todo o potencial humano na organização. Note que a Gestão do Desempenho se torna algo muito mais complexo do que, apenas, avaliar o desempenho, pois ela exige, por parte dos envolvidos, capacidades e habilidades distintas para a condução do processo. Dentre elas, podemos destacar a capacidade de planejamento das ações e ferramentas a serem utilizadas; os investimentos e os esforços empreendidos para acompanhar o desempenho dos avaliados; a forte 33 convicção de que a avaliação deve ser utilizada para a busca da melhoria contínua das pessoas, dos processos e das tecnologias, e não como algo punitivo e negativo. O desempenho é um conceito multifacetado que vem sendo explorado por uma variedade de campos do conhecimento, como: Contabilidade, Estratégia, Recursos Humanos, Produção e Gestão de Operações, Marketing, Comportamento Organizacional e Gestão Estratégica. Tal dispersão epistemológica leva à ampla variedade de definições encontradas na literatura. Entretanto é notável que, dentre as várias definições encontradas, a medição como ferramenta de controle é, provavelmente, a mais conhecida e a mais frequente aplicação da medição. Por muito tempo, a medição de desempenho foi compreendida como um processo estático, com o objetivo de gerar indicadores de resultados relativos a produtos ou serviços, principalmente em termos de desempenho de custos, os quais se baseiam em sistemas de orçamentação tradicionais ou de custos com base em atividades (activity-based cost). IMPORTANTE 2.1 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO É comum encontrarmos, nas bibliografias especializadas, os conceitos e métodos estabelecidos para utilização da avaliação e gerenciamento do desempenho. No entanto não se pode desconsiderar que o modelo de gestão encontrado hoje é o resultado de anos de estudos e aprimoramentos, tendo como pressupostos várias áreas do conhecimento humano bem como o envolvimento de muitos estudiosos e autores. Os programas formais de administração do desempenho e classificação de méritos tiveram início nos Estados Unidos, em 1842, quando o Congresso aprovou uma lei que obrigava a todos os funcionários e departamentos a fazer, anualmente, uma revisão do desempenho. Em 1880, o exército americano também desenvolveu o seu sistema de avaliação com as seguintes características básicas: missão permanente, estrutura organizacional rigidamente hierárquica, carreira fortemente estruturada e estabilidade. Nessa época, os requisitos avaliados eram voltados para valores e qualidades imprescindíveis no meio militar, tais como: coragem, bravura, honestidade, lealdade, dedicação, solidariedade, obediência, disciplina, assiduidade, pontualidade, espírito de equipe, tempo de serviço etc. 34 2.2 OBJETIVOS DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO Como toda ferramenta administrativa, o processo de avaliação e, posteriormente, a Gestão do Desempenho, apresentam algumas vantagens para a empresa e, também, para as pessoas, pois, caso contrário, não haveria motivos à sua implantação. Considerando essa ideia, Chiavenato (2004) nos apresenta alguns dos principais objetivos que o processo de avaliação e Gestão de Desempenho visa a cumprir. Dentre eles, temos: • Proporcionar feedback aos funcionários, indicar pontos fortes e fracos do seu desempenho, sugerir mudanças no comportamento, nas atitudes e no conhecimento. • Proporcionar julgamento sistemático, fornecendo base de informações para recomendações salariais, promoções, transferências e demissões. • Permitir que os funcionários conheçam aquilo que o “chefe” pensa a seu respeito. • A avaliação e Gestão do Desempenho são amplamente utilizadas pelos gerentes como base para conduzir e aconselhar os subordinados a respeito do desempenho. Considerando que a avaliação de desempenho é a identifi cação, mensuração e administração do desempenho humano nas organizações, ela deve estar orientada para o futuro, a fi m de alcançar todo potencial humano na organização. Bohlander (2003) nos diz, ainda, que o processo de Gestão de Desempenho visa a atender a dois objetivos: o Administrativo e o de Desenvolvimento. • Objetivo Administrativo: fornece informações para as atividades gerenciais de RH, auxiliando na tomada de decisões quanto a remuneração, promoção, transferência, demissão, planejamento estratégico e treinamento. Complementando, a avaliação e Gestão de Desempenho, em relação ao seu objetivo administrativo, tem por fi nalidade fornecer informações que possam subsidiar as ações gerenciais no que diz respeito à continuidade e ao aperfeiçoamento do processo, assim como a análise do perfi l de desempenho da organização. Essas informações demonstram o perfi l global do desempenho da empresa e das unidades, cujas informações poderão ser utilizadas para confrontar os resultados das avaliações das equipes com a avaliação do desempenho global das unidades onde atuam; analisar as tendências dos resultados (concentração de bons e maus desempenhos); analisar a situação dos colaboradores A Gestão do Desempenho deve integrar um conjunto de ações para alinhar, por um lado, as expectativas das pessoas em relação à empresa e, por outro, o atendimento das necessidades da empresa por meio do desempenho das pessoas (HANASHIRO, 2008). ATENÇÃO 35 que não foram avaliados; subsidiar a aplicação da política de recompensas e as decisões sobre promoções, carreira, ascensão funcional, demissões. • Objetivo de Desenvolvimento: tendo como ponto de vista o desenvolvimento individual, a avaliação fornece feedback essencial para discutir os pontos fortes e fracos dos funcionários. Ela proporciona a oportunidade de identifi car questões a serem discutidas, a fi m de eliminar qualquer problema potencial e estabelecer novas metas de desempenho. Apresenta os resultados das ações implementadas, durante o funcionamento do processo, cobrindo o período estabelecido. Esses relatórios demonstram informações acerca do atendimento às recomendações dos avaliadores, sendo elas os treinamentos e estágios realizados, a leitura orientada, os remanejamentos efetuados, as transferências, readaptações etc. Toda pessoa precisa receber retroação a respeito de seu desempenho, para saber como está indo no seu trabalho. Sem essa retroação, as pessoas e empresas caminham às cegas (CHIAVENATO, 1999). ATENÇÃO 2.2.1 O que deve ser avaliado É comum encontrarmos empresas que, de certa forma, tentam padronizar os itens de avaliação para todos os seus setores e pessoas. Podemos afi rmar que isso é muito difícil de dar certo, pelo fato de cada setor possuir características, objetivos e fi nalidades distintos uns dos outros, sem contar as diferenças existentes entre as pessoas e os níveis hierárquicos da empresa. Certamente, há a possibilidade de estabelecer um conjunto de fatores de avaliação sejam comuns a todos da empresa, independentemente do setor,função ou nível hierárquico, mas é necessário muito cuidado no momento de estabelecer o que será avaliado. Geralmente, consideram-se os objetivos estratégicos da empresa as informações da descrição de cargo, os requisitos e as habilidades pessoais específi cas exigidas para o exercício da atividade. É preciso fi car claro: uma avaliação não pode ser composta, apenas, de fatores que avaliem resultados fi nanceiros, ao mesmo passo que não deve avaliar, apenas, habilidades comportamentais, ou seja, a avaliação deve contemplar um mix de fatores que, de acordo com Chiavenato (2004), possam abordar o desempenho como um todo, envolvendo três campos: resultado, conhecimento e comportamento. 36 • Campo dos resultados: refere-se às metas de trabalho predefinidas pela organização que devem ser alcançadas em determinado tempo pelo empregado. São subdivididos em: � Resultados quantitativos: quando o fator numérico está explícito na meta e no resultado a serem alcançados. � Resultados qualitativos: quando os parâmetros de exigências estão relacionados a padrões de qualidade que definem a aceitação daquilo que foi pré-fixado. • Campo do conhecimento: abrange os aspectos nos quais a empresa deseja conferir o andamento ou a trajetória cognitiva do indivíduo. Avalia o grau com que o colaborador assimila e atinge o volume de informações propostas. • Campo do comportamento: neste aspecto, a organização mensura os valores, as atitudes e os comportamentos do colaborador, relacionando-os aos padrões culturais predefinidos pela empresa e as responsabilidades que são conferidas ao colaborador para ele exercer as suas funções. Por exemplo: relacionamento, cortesia, atendimento, ética etc. 2.3 ENTRAVES NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO O processo de avaliação do desempenho é bastante criticado por gerar dúvidas acerca dos resultados apresentados e, como trata-se de uma ferramenta bastante subjetiva, é necessário que o profissional de Recursos Humanos conheça as suas possíveis limitações, a fim de, por meio da elaboração de estratégias, se antecipar e evitar tais críticas e questionamentos. Chiavenato (2004) nos traz algumas das possíveis limitações possíveis de ocorrer e as organiza entre avaliador e avaliado. Em relação ao avaliador, temos: preocupa-se mais com o preenchimento do formulário do que com a avaliação crítica e objetiva; faz comentários desfavoráveis, conduzindo à reação negativa do avaliado; constrói uma avaliação baseada em fatores que não conduzem a nada. Já no que diz respeito ao avaliado: percebe a avaliação como uma situação de recompensa ou punição e o processo como injusto ou tendencioso. Sem dúvidas, lidar com as limitações decorrentes do processo da avaliação é uma árdua tarefa que exige estratégia, assertividade nas decisões, disseminação de informação e investimentos em capacitação das pessoas envolvidas. Marras (2011), ao tratar do assunto, apresenta-nos a ideia de que os vícios podem ser classificados em: conscientes e inconscientes. · Vícios conscientes: quando o avaliador, sob qualquer pretexto, “vicia” um resultado, premeditando, intencionalmente, atender a interesses em jogo ou a ajudar ou prejudicar o avaliado. · Vícios inconscientes: são subclassificados, a seguir: 37 � Efeito halo: é quando o avaliador se deixa levar por alguma característica do avaliado que o marcou de tal forma que o impede de interpretar as demais características com neutralidade e clareza. � Efeito Tendência Central: é quando o avaliador força sua avaliação num ponto central da escala, geralmente, para não se comprometer ou para evitar situações em que deverá expor suas razões e argumentos para sustentar sua decisão. � Vícios Inconscientes: quando o avaliador toma as mesmas atitudes anteriores, porém sem intenção premeditada, dolosa, de provocar uma alteração no resultado. � Julgar sob a Impressão de uma Qualidade: o avaliador deixa-se influenciar por uma qualidade, fortemente, presente no conjunto de características do avaliado. � Basear-se em Acontecimentos Recentes: o avaliador leva em conta, apenas, os fatos acontecidos num curto espaço de tempo anterior ao processo avaliativo. � Considerar Características Extra Cargo: o avaliador se deixa levar por valores ou atitudes que o avaliado possui fora do ambiente de trabalho, podendo influenciar, positiva ou negativamente, no resultado da avaliação. � Supervalorizar as Qualidades Potenciais: o avaliador confunde resultados, concretamente, realizados com características potenciais que identifica no avaliado. Marras (2011), ainda, esclarece-nos que tais limitações, somente, serão superadas se receberem o suporte adequado da alta gerência, junto ao apoio e ao comprometimento das lideranças, e o total esclarecimento sobre o seu funcionamento, junto ao público ao qual será aplicado. Da mesma forma, o programa de Avaliação só atingirá seu propósito por meio dessa condição. Perceba que o fato de ser uma ferramenta que tem, como base, a percepção do avaliador sobre o avaliado ocasiona forte vínculo com a subjetividade e, consequentemente, com as influências sobre a percepção e, naturalmente, sobre os resultados. Para evitar problemas e garantir o resultado, é necessário muito cuidado desde a elaboração da ferramenta, que, por sua vez, deve apresentar os fatores a serem avaliados muito bem descritos, conforme parâmetros da empresa. Acadêmico, assista ao filme Recém-Chegada, que conta a história de Lucy Hill (Renée Zellweger), uma executiva enviada a uma pequena cidade para reestruturar uma fábrica. Arrogante, ela mostra o perfil “chefe” que, na Gestão de Pessoas, foi trocado pelo de líder. O filme aborda as relações e negociações com o sindicato, a percepção de que, ao se tornar líder, as coisas fluem com mais facilidade, a importância do capital humano para qualquer tipo de negócio e a visão inovadora. DICA 38 3 O CONCEITO DA GESTÃO DE COMPETÊNCIAS A Gestão de Competências é o processo de identificar, desenvolver e manter as competências necessárias para o pleno desempenho de uma organização, dos seus funcionários e, finalmente, dos seus clientes. Ela envolve a avaliação, a implementação e a manutenção de um conjunto de práticas que permitem à organização alcançar os resultados desejados. Essas práticas abrangem desde a identificação das habilidades, conhecimentos e atitudes necessários para desempenhar as funções de trabalho até a implementação de programas de treinamento com o objetivo de desenvolver e aprimorar a capacidade individual e do time. A Gestão de Competências, ao identificar as habilidades necessárias para o desempenho atual e futuro das funções de trabalho, auxilia tanto empresas privadas quanto públicas na otimização do desempenho de seus funcionários. O processo de identificação e desenvolvimento das habilidades e conhecimentos dos membros de uma equipe para atingir os objetivos de uma organização envolve a identificação dos conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para atingir os resultados desejados bem como o fornecimento de treinamento e outras ferramentas voltadas ao desenvolvimento das competências dos funcionários. O objetivo geral da Gestão de Competências é melhorar a eficácia dos funcionários, aumentando a produtividade e, consequentemente, a lucratividade da organização. Esse conjunto de práticas de gestão que busca o desenvolvimento de competências dos colaboradores de uma organização, como habilidades, conhecimentos, atitudes e comportamentos, contribuem para a obtenção dos resultados da organização. Tal conjunto é a base para a melhoria contínua dos processos e resultados da empresa, uma vez que permite a identificação das competências necessárias ao desempenho de cada função, alinhando-as aos objetivos estratégicos da empresa. A Gestão de Competências tem abordagem holística, pois considera todos os aspectos da organização, incluindo os recursos humanos, processos e tecnologia. Essa gestão tem altopotencial de ajudar a empresa a atingir os seus objetivos, pelo fato de permitir o aprimoramento contínuo de habilidades e conhecimentos bem como a alocação de pessoas com as melhores competências para os cargos certos. Essa abordagem tem se mostrado eficaz tanto na identificação quanto no desenvolvimento de talentos e, também, na definição de sucessores e novos líderes para a organização. É importante enfatizar que a abordagem de competências na Gestão de Pessoas tornou-se um componente estratégico nos ambientes das organizações, pois, quando utilizada, representa um diferencial para a organização no que diz respeito à vantagem competitiva e ao aumento do valor do negócio. 39 3.1 CONCEITUANDO A COMPETÊNCIA O conceito de competência vem sendo discutido tanto por estudiosos da área de Gestão de Pessoas quanto por profissionais que utilizam essa “ferramenta” nas organizações. Embora não sejam discussões recentes, o seu processo de compreensão e desenvolvimento mostra-se muito contemporâneo. Dessa forma, o conceito está em “em construção”, isso porque a competência volta-se às pessoas e aos ambientes organizacionais que, em períodos tão contingenciais, perpassam transformações contínuas (SILVA, 2017). São diversos os conceitos sobre competências, mas, voltando-se à Gestão de Pessoas, Maximiano (2014) destaca que a tipologia Conhecimento, Habilidades e Atitudes – o conhecido CHA – é a mais abordada por tornar possível instrumentalizar a aplicação das competências. Essa perspectiva foi desenvolvida por Benjamin Bloom, em 1956, no intuito de analisar e avaliar, no campo da Educação, informações que fossem além do aprendizado mecânico e repetitivo. CHA é um termo bastante enfatizado quando se fala na implementação do modelo de Gestão de Competência nas organizações. Sendo assim, vamos compreendê-lo melhor? Quadro 4 – CHA: Conhecimentos, Habilidades e Atitudes CONHECIMENTOS HABILIDADES ATITUDES C H A Saber Saber fazer Querer fazer Conhecimentos técnicos, escolaridade, cursos, especializações etc. Experiência nos conhecimentos técnicos, colocar em prática o saber. Ter atitudes compatíveis para chegar à eficácia em relação aos conhecimentos e habilidades adquiridos ou a serem adquiridos. Fonte: adaptado de Rabaglio (2001) O termo gap é compreendido, aqui, como a lacuna existente entre as competências que a empresa detém e aquelas necessárias para cumprir com os objetivos de seu planejamento estratégico, ou seja, o que é necessário desenvolver nos indivíduos e na organização. IMPORTANTE 40 Não se pode falar em desenvolvimento de competências, sejam elas individuais, sejam elas organizacionais, sem falar em aprendizagem. Fleury e Oliveira Júnior (2002, p. 134) afirmam que a aprendizagem é compreendida como “um processo de mudança provocado por estímulos diversos e mediado por emoções que podem ou não produzir mudança no comportamento da pessoa”. Quando levamos isso à dimensão de competências na Gestão de Pessoas, compreende-se que, ao instrumentalizar a aplicação de competências, pessoas e organização desenvolvem-se por meio da aprendizagem. Dessa forma, por meio dessa identificação, é viabilizado elucidar quais competências precisam ser desenvolvidas e/ou agregadas à organização, feito isso, são desenvolvidas e aplicadas as ferramentas de Gestão de Pessoas voltadas à estratégia empresarial. De acordo com Fleury e Fleury (2001), ao longo da década 1980, o conceito de competência começou a contemplar a ideia de um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes. Tais capacidades acabariam por definir e justificar o alto desempenho dos indivíduos, fundamentados, assim, em sua inteligência e personalidade. É como se a competência passasse a ser vista como o estoque de recursos que uma pessoa detém. Nos anos 1990, o conceito emergiu na literatura francesa com o intuito de levar o debate para além da questão da qualificação, tornando o conceito passível de discussões ligadas, também, ao desempenho e ao ambiente das organizações. No desenvolvimento de competências, é necessário considerar o ambiente no qual o indivíduo está inserido. Assim, a cultura organizacional, a hierarquia, os ritos, as linguagens e o território são vistos como elementos simbólicos que interligam os indivíduos de uma organização (BITTENCOURT; VIEIRA; TENÓRIO, 2009). Sendo assim, como você percebe a influência da cultura no desenvolvimento de competências? A partir disso, podemos inferir que competência pode ser compreendida como uma forma de inteligência prática, utilizada pelas pessoas para enfrentar as situações vivenciadas nos mais variados contextos, em especial, o organizacional; é a capacidade de saber mobilizar em um contexto e utilizar, adequadamente, o conhecimento e a habilidade nos diferentes ambientes e/ou situações (ZARIFIAN, 2001; LE BOTERF, 2003). 3.2 CORE COMPETENCES Como vimos, acadêmico, o conceito de competência pode ser apresentado e analisado a partir de diferentes perspectivas. Agora, abordaremos a perspectiva sob a dimensão estratégica da competência, a qual se volta às competências organizacionais. Segundo Dias et al. (2012), as perspectivas da expressão “competência” estão associadas a eixos conceituais específicos. O eixo no qual se desenvolve a dimensão estratégica tem sido considerado uma importante alternativa para o desenvolvimento 41 de competitividade organizacional e ele provém do conceito de core competence, dos autores Prahalad e Hamel (2000). Tais autores definem core competence como as competências de sustentação do negócio, aquelas que se mostram essenciais. Objetivando a avaliação de sua capacidade de sustentação, as competências estabelecidas devem responder a três critérios: serem difíceis de imitar, oferecer benefícios aos consumidores e prover acesso a diferentes mercados. Ratificando tal ideia, Fleury e Fleury (2000) concentram-se na necessidade de combinação de várias competências de uma empresa orientadas para desenvolver bem como levar produtos e serviços ao seu público-alvo. Ou seja, a competência pode ser entendida como “[...] a capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços” (FLEURY; FLEURY, 2000, p. 23). Assim, as competências organizacionais emergem como fatores que delineiam a escolha das estratégias de competição da empresa, as quais têm como princípio o desenvolvimento de competências organizacionais extraordinárias que viabilizem diferenciais competitivos sustentáveis (DIAS et al., 2012). A competência organizacional surge quando o conjunto de recursos que compõem a estrutura da organização é coordenado adequadamente, de forma a agregar valor à organização, por meio da criação de fatores-chave de sucesso, ou seja, aqueles difíceis de imitar e que têm impacto positivo sobre o desempenho organizacional (FERNANDES; FLEURY; MILLS, 2006). 3.3 MAPEAMENTO DAS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS Para Fleury e Fleury (2000), é a partir da definição da estratégia de negócio de uma empresa que surge a possibilidade da identificação das competências essenciais da organização e das competências pertinentes a cada cargo e função. Tal abordagem evidencia que a definição das competências essenciais depende da estratégia do negócio, entretanto, como as competências organizacionais dão sustentação e vantagem competitiva ao negócio, elas também podem levar ao aprimoramento e ao desenvolvimento de novas estratégias. Percebemos, assim, um ciclo constante tanto de refinamento quanto de inovação organizacional. Garantir que esse processo de interconectividade ocorra de maneira adequada e as competências elencadas representem, fielmente, a realidade do negócio torna-se um considerável desafio. Por isso, utilizar ferramentas adequadas à identificação das competências organizacionais é primordial. Portanto, agora, conheceremos algumas formas de mapeamento. 42 3.3.1 Levantamento de Dados Ao buscar um conjunto de técnicas para realizar o mapeamentode competências organizacionais, Behr (2010) utilizou a análise documental e as entrevistas. Em seu trabalho, este autor realizou entrevistas com o sócio-diretor da empresa, buscando elementos que contribuíssem para o entendimento do setor e, também, para a definição mais adequada do roteiro de entrevista a ser utilizado com os gestores e os clientes. Também foram analisados documentos comerciais da empresa e, por fim, entrevistados todos os gestores e alguns clientes indicados por ela. Realizado esse mapeamento – levantamento de dados – é necessário classificar, de maneira adequada, as competências mapeadas. Dentre os pesquisadores e estudiosos do tema, existe uma série de classificações possíveis de serem utilizadas. Apresentaremos algumas, a seguir. 3.3.2 Classificação Quando falamos sobre mapeamento de competências, deve-se considerar uma variação de terminologias em relação ao conceito. Abordando tal variação de terminologias, destacamos, aqui, algumas expressões utilizadas, a saber: core competence, competências essenciais, organizacionais, funcionais, distintivas, seletivas, básicas, grupais, de suporte, dinâmicas e qualificadoras (DIAS et al., 2012). Apresentar essa variedade de nomenclaturas é importante, pois, ao realizar pesquisas sobre o assunto, você não se confundirá com os conceitos apresentados. Vejamos essa classificação, a seguir. Segundo Gramigna (2007), o alicerce do modelo de competências se baseia em quatro indicadores organizacionais: definição do negócio, da missão, da visão de futuro e identificação dos valores organizacionais. Essa concepção vem de encontro ao que foi tratado, anteriormente, sobre retroalimentação, isto é, que acontece entre a definição das estratégias organizacionais e a definição das competências. Dito isso, Gramigna (2007, p. 21), ainda, destaca: “[...] é o domínio de determinadas competências que leva profissionais e organizações a fazerem a diferença no mercado”. Assim, a tentativa de determinar escores de competências para pessoas e organizações é algo que já acontece faz algum tempo. Fala-se em competências genéricas, referenciais, gerenciais etc., no entanto o mais importante, nesse processo, é identificar os desdobramentos de competências à sustentação do negócio. Assim, Gramigna (2007) fala em competências de suporte, que são aquelas as quais sustentam as competências técnicas, ou seja, as exigidas dos profissionais para cumprir funções específicas. Então, a referida autora denomina tais competências como: diferenciais, essenciais e básicas. O Quadro 5 evidencia cada uma das competências com as suas características. 43 Quadro 5 – Desdobramento das competências de suporte da organização COMPETÊNCIAS CARACTERÍSTICAS Diferenciais Consideradas estratégicas, estabelecem vantagem compe- titiva da empresa. São identificadas no estabelecimento da missão empresarial e descritas de forma genérica. São constituídas por um conjunto de capacitações que auxiliam a empresa a alcançar os seus resultados a fazer o diferencial no mercado. Essenciais São identificadas e definidas como as mais importantes para o sucesso do negócio e devem ser percebidas pelos clientes. Básicas Necessárias para manter a organização funcionando, são percebidas no ambiente interno; além disso, estimulam e alicerçam o clima de produtividade. Fonte: Gramigna (2007, p. 25) A partir do quadro apresentado, notamos que as competências de suporte estão alinhadas ao presente e ao futuro da organização, pois consideraram os elementos que envolvem a estratégia da empresa (da qual falamos anteriormente) e, com isso, as orientações às ações da organização em prol de perspectivas futuras. Exemplificando, apresentaremos, a seguir, algumas competências de suporte elencadas na fase de mapeamento, de acordo com Gramigna (2007): • Adaptação e flexibilidade. • Autodesenvolvimento e Gestão do Conhecimento. • Comunicação e interação. • Criatividade e inovação. • Visão sistêmica. Percebemos, por meio das competências de suporte apresentadas a partir de Gramigna (2007), que, em um contexto organizacional, essa lista pode ser infinita. Isso porque, como vimos anteriormente, as competências de uma organização devem estar alinhadas à sua estratégia e vice-versa. Esse processo apresenta-se como um ciclo contínuo de inovação e torna-se perceptível, também, o fato de que sempre haverá o surgimento de novas competências, enquanto outras serão substituídas, por este motivo, o mapeamento e a identificação contínuos mostram-se importantes. Outro ponto que merece ser mencionado é: as competências estão ligadas, sempre, à “capacidade de algo”. 44 3.4 MAPEAMENTO DAS COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS O mapeamento das competências individuais se apresenta como um processo de coleta de informações acerca das capacidades técnicas e comportamentais das pessoas para, assim, combiná-las com as competências exigidas pelo cargo pretendido ou ocupado, como também com as competências da organização (SILVA, 2017). Sob essa perspectiva interacional, Dutra (2001, p. 27) ratifica que “[...] o estabelecimento das competências individuais deve estar vinculado à reflexão sobre as competências organizacionais, uma vez que há uma influência mútua entre elas”. Para Silva (2017) e Dutra (2001), ao realizar a avaliação das competências individuais mapeadas, o responsável por essa ação – geralmente, o RH – deve conhecer, claramente, os elementos estratégicos da organização com um olhar apurado em direção às competências organizacionais. De acordo com Le Boterf (2003), a competência individual de um profissional costuma ser descrita como a sua capacidade de “navegação” na complexidade de suas atribuições e responsabilidades, considerando, para isso, os elementos que envolvem a função desse profissional e as imposições existentes a ele. O processo seletivo é considerado uma ferramenta de identificação e análise dos talentos “entrantes” na organização, em suma, trata-se de um processo de mapeamento de competências individuais dos indivíduos que são captados e triados, durante o recrutamento, por exibirem características que melhor se aproximam das competências desejadas pela organização ou, ainda, por terem sido notadas competências com potencial de serem desenvolvidas. Segundo França (2009, p. 34), o processo seletivo “[...] é a escolha do(s) candidato(s) mais adequado(s) para a organização, dentre os candidatos recrutados, por meio de vários instrumentos de análise, avaliação e comparação de dados”. Em um enfoque de competências, o profissional de RH pode se valer de duas ferramentas vistas como estratégicas para realizar a seleção: (1) entrevista comportamental e (2) técnicas vivenciais. Por meio dessa modalidade de entrevista, torna-se possível avaliar o comportamento manifestado pelos candidatos diante de situações descritas por eles, possibilitando, assim, um mapeamento de suas competências individuais. Outra forma de mapeamento das competências individuais, no processo seletivo, são as técnicas vivenciais. Segundo França (2009, p. 44), elas “[...] criam situações para os candidatos interagirem e participarem ativamente, de forma a ser avaliado seu comportamento social em situações pré-selecionadas”. Dessa forma, quando utilizamos essa ferramenta em processos seletivos, torna-se possível identificar expressões e projetá-las para comportamentos em cargos futuros. A seguir, apresentaremos três técnicas vivenciais que podem ser utilizadas em processos seletivos com enfoque em competências: 45 • Provas situacionais: estão relacionadas ao cargo. Por exemplo: testes de digitação, direção ou operação de equipamentos específicos. • Dinâmica de grupo: envolve os jogos, as situações estruturadas (relacionadas ou não ao cargo, ao levantamento de problemas, às discussões e soluções de questões polêmicas) bem como a expressão de opiniões e os relacionamentos. • Psicodrama: tem como pressuposto a expressão da personalidade mediante umpapel social atribuído, de forma que o candidato se expresse de acordo com a linguagem e as dimensões desse papel. Exemplo: uma liderança dando feedback à sua equipe. Acadêmico, assista ao filme O Homem que Mudou o Jogo, que conta a história real do dirigente Billy Beane (Brad Pitt), o qual nunca concordou com a sabedoria convencional que domina o mundo do beisebol. Surpreendido com um corte no orçamento do clube, Billy e o seu parceiro recrutam jogadores mais baratos, mas com potencial. No filme, está claro o verdadeiro conceito de inovação e como é importante monitorar o desempenho dos colaboradores para saber como utilizá-los, da melhor forma possível, dentro da empresa. Também é observado como o trabalho em equipe é fundamental e de que modo é possível trabalhar com baixo orçamento. Uma ótima aula de Administração e RH. DICA 4 AVALIAÇÃO NA GESTÃO DE COMPETÊNCIAS A avaliação com foco em competências fará uma mensuração sob medida das competências individuais dos colaboradores, relacionando-as com as organizacionais e as de cada função identificadas anteriormente. Por meio dessa comparação, é possível visualizar o gap do colaborador em relação à função e às competências que precisam ser desenvolvidas para preenchê-lo (LEME, 2005). A partir dessa ideia, notamos que o enfoque não está na avaliação da forma como o indivíduo desenvolveu a sua tarefa e no resultado alcançado, ou seja, no seu desempenho, mas sim nas competências do colaborador bem como nas relações com as responsabilidades e atribuições pertencentes a ele. Sob essa perspectiva, o desempenho é percebido como um resultado do alinhamento adequado entre as competências individuais, as especificações do cargo e o atendimento às competências organizacionais, conforme cada um executa a sua atividade. Assim, Leme (2005) ainda destaca que a avaliação com foco em competências abre um leque de possibilidades em sua realização. Nesse tipo de avaliação, não é, somente, o superior que avalia o colaborador, afinal, mais pessoas podem contribuir com as suas observações sobre o mesmo funcionário. 46 Fernandes e Hipólito (2012) reiteram que, ao utilizar o conceito de competência, é necessário definir quais serão os parâmetros considerados para que a avaliação possa subsidiar a tomada de decisão em Gestão de Pessoas. Esses autores descrevem que as avaliações podem se centrar em: conhecimentos, habilidades e atitudes; metas e objetivos; desenvolvimento do profissional; análise do perfil e do potencial. Vejamos as características principais de cada uma delas: • Conhecimentos, habilidades e atitudes: as avaliações têm a possibilidade de se concentrar em conhecimentos, habilidades e atitudes, mas focando em diferentes áreas. Conhecimentos referem-se à aquisição de informações, fatos e conceitos. Habilidades são a capacidade de aplicar conhecimentos adquiridos para realizar tarefas. Atitudes são as maneiras como as pessoas se comportam e reagem a situações específicas. O objetivo da avaliação é ajudar as pessoas a desenvolver todas essas áreas. • Metas e objetivos: podem ser descritos por desempenho individual, qualidade do trabalho, capacidade de trabalhar em equipe, habilidades de liderança, cumprimento de prazos, gerenciamento de projetos, habilidades de comunicação e tomada de decisão. • Desenvolvimento do profissional: baseia-se em relacionamento interpessoal, desempenho no cargo, cumprimento de metas e responsabilidades, capacidade de liderança, organização do trabalho e outras competências. A avaliação é importante para medir o desempenho dos funcionários e identificar os pontos que precisam ser melhorados. Assim, é possível realizar ações voltadas ao desenvolvimento das equipes e ao crescimento da empresa. • Análise do perfil e do potencial: as avaliações têm a possibilidade de se centrar em análise do perfil e potencial de um indivíduo, tendo como objetivo identificar os seus pontos fortes, as áreas de melhoria e o potencial em desenvolver habilidades. Estas análises, geralmente, são feitas por profissionais de recrutamento que entrevistam os candidatos e analisam os seus currículos. O resultado dessas avaliações serve para ajudar a determinar se o candidato é ou não um bom ajuste à posição. As avaliações também podem ser feitas por instrutores de treinamento que avaliam os conhecimentos, habilidades e competências de seus alunos e, assim, determinar se eles estão aptos a concluir, com sucesso, o programa de treinamento. A partir desses aspectos apresentados, notamos que o processo de avaliação com enfoque em competências apresenta uma diversidade de elementos e formas de operacionalização. O mais importante é haver planejamento e, principalmente, objetivos bem delimitados que orientem a execução desse processo. Nesse ínterim, profissionais capacitados e conhecedores do negócio da empresa são primordiais para que ambas as partes (pessoas e organização), ao final, sejam beneficiadas e tenham as suas expectativas atendidas. Assim, Fernandes e Hipólito (2012) destacam: os instrumentos de avaliação propiciam aos gestores organizacionais a possibilidade de análise estruturada sobre as características e contribuições profissionais das pessoas alocadas em suas equipes, o que sustenta a tomada de decisão a respeito dos principais processos de RH e da sua operacionalização. 47 4.1 AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS Como observamos, o desenvolvimento de competências organizacionais afeta o desempenho da organização. Dessa forma, pesquisadores da área demonstram a necessidade de mensurar a performance organizacional e, assim, o Balanced Scorecard (BSC) tornou-se uma ferramenta bastante utilizada. Apresentado como um método de avaliação da performance organizacional, o Balanced Scorecard (BSC) foi proposto, na década de 1990, pelos professores Robert S. Kaplan e David P. Norton, da Harvard Business School. O objetivo dos seus idealizadores foi demonstrar uma forma de monitoramento das atividades da empresa no que diz respeito ao alcance da estratégia empresarial (KAPLAN; NORTON, 2004). A proposta, a partir do BSC, é as organizações monitorarem, constantemente, o seu desempenho, considerando, para isso, quatro perspectivas: fi nanceira, clientes, processos internos e aprendizagem. Estas perspectivas do BSC são apresentadas a seguir, na Figura 3. Figura 3 – Perspectivas do BSC Fonte: adaptada de Kaplan e Norton (2004) Ao analisar a Figura 4, notamos que o BSC é uma ferramenta de avaliação conjunta, pois direciona para o uso de ferramentas de medição (indicadores), no intuito de cumprir com a missão e atingir os objetivos organizacionais. As quatro perspectivas apresentadas permitem aos executivos um panorama da situação atual da organização, por intermédio de instrumentos de avaliação específi cos a cada uma delas. 48 Exemplificando: em uma perspectiva de RH, o BSC permite a integração das ferramentas de Gestão de Pessoas com os seus objetivos de longo prazo. Para tanto, devem ser considerados indicadores quantitativos que, além de avaliar as questões voltadas à Gestão de Pessoas, causem impacto no comportamento dos funcionários (FRANÇA, 2009; MASCARENHAS, 2008). Alguns instrumentos de avaliação a serem utilizados são: pesquisa de clima organizacional, avaliação de programas de capacitação e da eficácia do recrutamento e seleção etc. O mais importante, aqui, acadêmico, é as ferramentas de avaliação serem implementadas de forma a verificar o alinhamento adequado dessas ações com a estratégia da organização. Assim, o BSC representa uma ferramenta de avaliação constante, que fornece subsídios e alinhamento de informações para a determinação das competências organizacionais. Chegamos ao final de nosso segundo tema de estudo e, nele, vimos que a avaliação por competências e de desempenho é uma importante etapa do processo, porém, para que a mesma ocorra, verdadeiramente, são necessárias intervenções efetivas sobre os resultados, estimulandoe alimentando o processo, por meio da busca pela melhoria dos resultados apresentados, de forma a criar, assim, o ciclo de planejamento, a tomada de decisão em conjunto, o acompanhamento, a avaliação dos resultados e, por fim, a realimentação do processo. De forma bastante clara e objetiva, apresentamos os aspectos históricos dos modelos de avaliação e os seus objetivos, dentre eles, o oferecimento de feedback aos funcionários, a indicação dos pontos fortes e fracos do desempenho e a sugestão de mudanças no comportamento, nas atitudes e no conhecimento. Devemos lembrar, também, da existência dos objetivos administrativos e de desenvolvimento que geram informações bem como auxiliam na tomada de decisão em relação à Gestão de Pessoas. Ainda, foi possível compreender as limitações que o processo de avaliação por competências é passível de apresentar e, também, os equívocos cometidos durante a operacionalização do processo. Chamamos a atenção para a importância de adotar uma política baseada na transparência, assim, os envolvidos poderão conscientizar-se sobre a importância e os objetivos do programa bem como os investimentos a serem realizados junto aos avaliadores. Encerramos este tema evidenciando a diferença entre a Gestão do Desempenho e a Gestão de Competências e, ainda, apresentamos como pode ocorrer a avaliação dentro desse modelo de gestão. O desempenho sempre será resultado das competências aplicadas, dessa forma, compreender e saber utilizar, em conjunto, esses modelos de gestão é capaz de garantir uma performance com resultados surpreendentes. 49 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • As razões históricas e contextos que motivaram a criação da avaliação de desempenho nas organizações. • Quais os objetivos, interesses e limitações na aplicação do processo de avaliação de desempenho nos negócios. • O conceito de Gestão por Competências: levantamento, classificação e mapeamento. • Os modelos de avaliação de competências individuais e organizacionais. RESUMO DO TÓPICO 2 50 AUTOATIVIDADE 1 A Gestão do Desempenho deve integrar um conjunto de ações para alinhar as expectativas das pessoas em relação à empresa, e o atendimento das necessidades da empresa por meio do desempenho das pessoas. Assim, o processo de gestão e avaliação de desempenho apresenta vantagens tanto à empresa quanto aos seus colaboradores. Sobre estas vantagens, analise as afirmativas, a seguir: I- Proporciona conhecer a percepção da chefia que conduz e aconselha os seus liderados a respeito de seu desempenho, por meio do feedback. II- Permite, por meio do preenchimento do relatório final, promover colaboradores, fazer transferências, realizar aumento salarial e demissões. III- Deve estar orientada ao passado com o intuito de servir de base de informação, para que a próxima avaliação seja comparativa para cada colaborador. IV- Proporciona ao subordinado, em fins de desenvolvimento, a oportunidade de discutir com a chefia o desempenho e os padrões de desempenho. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) A fase administrativa ocorre do início da Revolução Industrial até 1950, momento em que a área de Recursos Humanos possuía a função de “chefe” de pessoal. b) ( ) A fase contábil caracteriza-se pela mudança de nomenclatura, quando o cargo assumido, na Gestão de Pessoas, passou a ser chamado de Gerente de Recursos Humanos, em 1980. c) ( ) A fase legal ocorre atualmente, e o responsável pela Gestão de Pessoas é chamado de Gerente de Relações Industriais, e o cargo assume posição de diretoria, com grande responsabilidade na organização. d) ( ) Na fase tecnicista, o cargo para Gestão de Pessoas é denominado Gerente de Recursos Humanos, o qual passa a ser valorizado e a atuar nos níveis operacional e tático. 2 Chiavenato (2004) define a avaliação de desempenho como uma apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa no cargo em que ocupa, do seu potencial de desenvolvimento e das metas e resultados a serem alcançados. Considerando a avaliação de desempenho, analise as afirmativas sobre o que deve ser avaliado: 51 I- Os resultados alcançados, as metas e os respectivos indicadores definidos antecipadamente e relacionados com qualidade e quantidade, prazo e custo. II- O conhecimento das pessoas sobre as atribuições de seu cargo. III- O caráter da pessoa, a integridade e os valores dentro e fora da organização. IV- As responsabilidades conforme o cargo da pessoa na organização. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) O processo de manter pessoas inclui desenvolvimento de plano de carreira, preocupação com fatores de higiene e segurança no trabalho, programas de qualidade de vida e envolvimento com questões trabalhistas. b) ( ) O processo de desenvolver pessoas é responsável por manter os indivíduos trabalhando na organização. As principais atividades são a relação com o colaborador e o meio ambiente organizacional. c) ( ) O processo de aplicar pessoas é responsável por as incentivar e satisfazer às suas necessidades. As principais atividades são recompensas, remuneração e serviços. d) ( ) O processo de monitorar pessoas é responsável em investir em treinamento e desenvolvimento, contemplando as atividades de desenvolvimento organizacional e treinamento. 3 Vimos, nesta unidade, que a avaliação de desempenho é um instrumento gerencial que permite ao gestor mensurar os resultados obtidos por um colaborador ou um grupo em período e áreas específicos. O uso desse instrumento traz inúmeras vantagens para a organização, no entanto evidenciamos a possibilidade de surgir alguns equívocos. Considerando tais equívocos, analise as afirmativas, a seguir, e assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Definição inadequada dos objetivos e despreparo gerencial para administrar as pessoas. b) ( ) Comprometimento exagerado da alta administração e gerentes dedicados. c) ( ) Vários retornos dos resultados ao avaliado, ocorrendo, periodicamente, ótimo desempenho do avaliado. d) ( ) Durante o processo de avaliação, avaliados comprometidos e episódios de flexibilidade. 4 No campo da Administração de Negócios, os processos avaliativos estão presentes em quase todo tempo. São avaliadas as características e as condições do mercado, as expectativas dos consumidores, a posição dos concorrentes, o impacto das decisões e das leis governamentais na economia, a tecnologia bem como os Recursos Humanos. A Gestão do Desempenho surge, nos últimos anos, como um conceito alternativo às técnicas. No que tange a essa gestão, explique com base em que ela pode obter mais chance de sucesso em seu processo de implantação e manutenção. 52 5 Bohlander (2003) descreve que a organização possui a área de Recursos Humanos, pois ela se tornou estratégica na contemporaneidade, diante de diversos fatores externos, como globalização, alta competitividade, mudanças tecnológicas, crise econômica e política. Tal situação mostra que o diferencial das organizações passou a ser o seu talento humano e, assim, tornou-se fundamental o uso da ferramenta da avaliação de desempenho. A respeito de tal avaliação, descreva o que ela possibilita em ganhos para a organização. 53 TÓPICO 3 - IMPLEMENTANDO O PROCESSO DE GESTÃO DO DESEMPENHO 1 INTRODUÇÃO Olá, acadêmico! Esperamos que você esteja aproveitando o conteúdo trabalhado até aqui, pois, a partir de agora, avançaremos em nossa jornada de aprendizado. Ao longo deste tema, teremos a oportunidade de conhecer, com mais detalhes, todo o processo de implantação da Gestão de Desempenho e a importância do estabelecimento da visão geral desse processo e como ele contribui para os resultados organizacionais. Além disso, veremos os principais perfis de empresas e, também, um modelo a ser adotado como metodologia na implantação da Gestão de Competências e Desempenho. É de suma importância que, antes de qualquer iniciativa para a implantação do processo de avaliaçãoe Gestão de Desempenho, faça-se o levantamento das principais características da cultura organizacional e, também, do perfil das pessoas que estarão envolvidas, pois, somente, após conhecer, com clareza, essas questões, deve-se construir uma metodologia à implantação. No decorrer do presente tema, abordaremos a metodologia para implantação da Gestão de Desempenho, a importância da elaboração da orientação metodológica e os diversos métodos de avaliação relacionados aos objetivos técnicos operacionais. Quando finalizarmos o tema, sugeriremos a você a reflexão sobre o despreparo gerencial para lidar com pessoas, o que resulta na exigência de alto investimento na capacitação dos avaliadores. Esperamos que você, no fim, tenha mais clareza quanto à importância de adotar uma metodologia para a Gestão de Desempenho. Bom aprendizado! 2 ANÁLISE ORGANIZACIONAL Comprometimento é a palavra-chave para qualquer processo de mudança. A Administração das organizações necessita promover a qualidade, por meio da viabilidade da motivação dos trabalhadores e visando à conservação dos propósitos organizacionais. Para as estratégias serem alcançadas de forma sustentável, é necessário embasar as ações em metodologias que conduzam ao atendimento dos objetivos. Antes de estabelecer as estratégias à implantação do processo de Gestão de Desempenho, é necessário fazer a análise organizacional, identificando pontos favoráveis e UNIDADE 1 54 desfavoráveis bem como traços da cultura organizacional capazes de contribuir ou interferir no processo de implantação dessa gestão. Obter, com antecedência, tais informações é de vital importância para a tomada de decisão quanto às estratégias e aos caminhos a serem percorridos nessa jornada, afinal, tais decisões podem influenciar positiva ou negativamente, comprometendo o sucesso do programa de Gestão de Desempenho. Estabelecer uma visão geral sobre o processo de Gestão de Desempenho refere- se ao reconhecimento da organização como sistema social integrado, ou seja, um sistema que estabelece relações com o ambiente interno e externo, e à forma como essas relações acontecem e caracterizam a cultura organizacional. Ao analisar as particularidades dessa cultura, deve-se considerar os aspectos positivos e negativos que possam impactar a implantação do processo, tais como: valores predominantes, estilo de liderança, tipos de relacionamentos, lideranças informais, comprometimento com qualidade e resultado etc. Perceba que a Gestão de Desempenho apresenta um foco bastante definido quanto à sua apuração de resultados, uma vez que a organização não apresenta características culturais capazes de favorecer a transparência nas relações profissionais. Certamente, todo o resultado do processo e, também, da empresa se encontrará em risco por não atender às expectativas. Este fato fica evidente na fala de Lucena (2004), quando a autora menciona que: É fundamental alertar que a utilização do processo expõe as pessoas do ponto de vista administrativo profissional. A transparência das decisões tomadas, do comprometimento com resultados assumidos e a constatação do desempenho realmente apresentado são maneiras de operar, são práticas de trabalho não muito comuns nem frequentes no dia a dia das empresas, pelo contrário, o que se observa é o jogo de esconde-esconde, das justificativas vazias e obscuras e do paternalismo inconsequente (LUCENA, 2004, p. 72). A referida autora, ainda, menciona que as percepções decorrentes deste traço cultural conduzem a interpretações que confundem a atitude profissional na busca de soluções de problemas, como: perseguição; análise demasiadamente detalhada com a finalidade de prejudicar o avaliado; omissão de informações acerca do despreparo e da qualificação do avaliado; um ambiente artificial e falso, onde todos são enganados por todos, embora essas mesmas pessoas conheçam a verdade (LUCENA, 2004). Quando não existe o correto alinhamento entre a cultura organizacional, os métodos a serem utilizados e as pessoas envolvidas, o resultado de todo o processo de Gestão de Desempenho pode ser muito negativo, gerando ambiente de trabalho carregado e tóxico, relações interpessoais superficiais e baseadas na insegurança, além do baixo nível de comprometimento mediante a sensação de que os indivíduos estão sendo prejudicados, enfim, cria-se um verdadeiro clima de “me engana que eu gosto!” IMPORTANTE 55 Utilizando das ideias de Lucena (2004), as situações mencionadas reforçam a importância de diagnosticar, com cuidado, o ambiente organizacional e as características relevantes de sua cultura, uma vez que as variáveis mais significativas que responderão pelo sucesso do processo de Gestão de Desempenho estão fora do controle da área de Recursos Humanos. Dessa forma, é indispensável identificá-las corretamente, tendo em vista dimensionar os riscos, confrontar alternativas, criar estratégias para agir proativamente e assegurar o êxito de sua operacionalização. 2.1 PERFIS PREDOMINANTES DE EMPRESAS Como observamos anteriormente, é imprescindível fazer o levantamento do perfil da empresa, antes de qualquer iniciativa, para implantar a Gestão de Desempenho. O diagnóstico costuma iniciar com o levantamento do perfil real da organização, cujos resultados configuram determinado modelo de empresa, estampando, com clareza, a forma de essa empresa decidir e agir, os seus valores, a Gestão de Pessoas e o foco em resultados. Podemos observar três modelos predominantes quanto ao perfil empresarial: empresas tradicionais, empresas que estão buscando a modernização e empresas avançadas (LUCENA, 2004). Segundo esta autora, cada modelo exerce impactos diferentes no processo de Gestão de Desempenho, como veremos, a seguir: • Empresas tradicionais: podem ser identificadas pela forte presença de indicadores considerados inadequados às demandas do mundo moderno, como: autoritarismo; centralização; paternalismo; dependência; comodismo; hierarquia rígida e gestão burocrática. Nestas organizações, é ausente qualquer política ou incentivo voltado à Gestão de Pessoas, gerando participação reprimida, baixa competência profissional bem como política salarial obsoleta e não competitiva. • Empresas que estão buscando a modernização: estas empresas vivem a mudança do modelo tradicional para o avançado, mas este tipo de organização enfrenta conflitos, resistências e dificuldades no momento de programar as mudanças. O ritmo de modernização é desnivelado, o que obriga a organização a conviver ora com o arcaico, ora com o novo, onde passado e presente confundem-se, levando à convivência desgastante e, ao mesmo tempo, desafiadora. • Empresas avançadas: são abertas à inovação e às mudanças do ambiente, do mercado e da organização do trabalho. São dependentes de pessoal motivado e, altamente, qualificado. Nestas empresas, as políticas de Gestão de Pessoas reconhecem a importância da força de trabalho ao sucesso do negócio. 56 2.2 DECISÃO PARA IMPLANTAR O PROCESSO DE GESTÃO DE DESEMPENHO Outra questão importante a ser observada e que pode comprometer o processo de Gestão de Desempenho é de onde surge a decisão para tal iniciativa. Na formulação de estratégias à implantação dessa gestão, é importante considerar a origem da iniciativa, ou seja, de onde parte a resolução de dotar a empresa de um programa de Gestão de Desempenho Segundo Lucena (2004), as iniciativas, basicamente, partem dos seguintes pontos: Alta Administração, área de Recursos Humanos, gerência ou colaboradores. Cada um dos pontos de decisão implica diferentes estratégias de atuação tanto no nível dos objetivos, da venda da ideia sobre o processo e das facilidades ou dificuldades a serem encontradas quanto no nível de comprometimento com os resultados do processo. • Iniciativa da Alta Administração: entendida como iniciativa tomada pelo seu presidente ou diretoria. É cada vez mais comum a Alta Administração interessar-se pelo processode Gestão de Desempenho como ferramenta gerencial para definição, medição de resultados e produtividade da empresa. A decisão tomada nesse nível indica vantagens, como: posicionamento do processo como objetivo da empresa; apoio e aprovação da Alta Administração; melhora da conscientização nos demais níveis; obtenção de força, nas ações, da área responsável. • Iniciativa da área de Recursos Humanos: na maioria das organizações, a iniciativa para desenvolver o projeto de Gestão de Desempenho é da área de RH, o que não é nenhuma surpresa, pois esta área tem a responsabilidade de criar políticas, programas e ferramentas gerenciais voltadas à Gestão de Pessoas. • Iniciativa da gerência: geralmente, reflete a preocupação da gerência em acompanhar o desempenho dos colaboradores, a fim de definir critérios à tomada de decisão sobre as pessoas. • Iniciativa do colaborador: o interesse, o desejo pelo processo refletem as mesmas expectativas das gerências, isto é, a vontade de que a empresa utilizasse critérios mais objetivos e transparentes para avaliar e mensurar tanto os esforços quanto a atuação no trabalho, principalmente em relação a futuro e carreira profissional. Cada um dos pontos de decisão citados implicará estratégias diferentes de atuação e nível dos objetivos, da venda do processo, das facilidades maiores ou menores, da percepção do grau de seriedade do projeto e da força do comprometimento da empresa como um todo para o alcance dos resultados desejados. 3 METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO Ao decidir implantar o processo de Gestão de Desempenho, é importante elaborar a estratégia de intervenção organizacional, envolvendo um plano de trabalho 57 que dimensione as ações, as responsabilidades e os objetivos correspondentes. Esta maneira de pensar poderá evitar problemas na operacionalização do processo. A estratégia metodológica fundamenta-se no pressuposto de que, ao decidir pela implantação de algo novo na empresa, busca-se uma mudança que, além de afetar os moldes atuais, modificará padrões operacionais e, principalmente, procurará influir em atitudes, comportamentos e novos padrões de atuação gerencial, envolvendo, assim, toda a força de trabalho da organização. Conforme Lucena (2004), a abordagem prática inicia-se com a sensibilização das pessoas, então, o resultado é a interiorização das mudanças, a qual é sustentada pelo comprometimento, este, por sua vez, é a palavra-chave nesse processo, o indicador relevante que responderá pelo sucesso ou fracasso dos resultados. Para alcançarmos o comprometimento das pessoas, é preciso entender que o ser humano reage às situações em duas dimensões: intelectual, sendo definida por respostas rápidas devido à capacidade de observação, entendimento e julgamento; e emocional, que se refere às respostas mais lentas devido às inseguranças, à reação ao desconhecido e ao medo de falhar e de se expor. Quando as respostas emocionais são em ritmo mais lento, o ser humano utiliza o processo intelectual para encontrar alternativas e argumentos e, assim, derrubar uma ideia, ou seja, critica, cria problemas e dificuldades. A proposta metodológica procura atuar nos dois campos, isto é, tanto no emocional quanto no intelectual, com a possibilidade de gerar reações positivas ou negativas, dependendo da força de cada uma delas e da forma que serão gerenciadas. 3.1 FASES DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DE DESEMPENHO As fases de implantação representam uma sequência lógica que possibilita melhor visualização e controle sobre o processo. A ideia é que, quando desmembramos o grande processo em partes, de certa forma, restringimos a sua complexidade, mas facilitamos o entendimento e o seu gerenciamento. Dessa forma, Lucena (2004) nos propõe três fases: • Fase 1 – Conhecimento: abrange três etapas, sendo elas: sensibilização, conscientização e entendimento. Esta fase é crítica, exige intenso trabalho de comunicação e de intercâmbio de informações bem como esclarecimentos de dúvidas e problemas em potencial. A sensibilização envolve os primeiros contatos com o ambiente organizacional, é o momento de falar sobre o programa, isto é, explicar os objetivos, o seu significado e os benefícios. Isso pode acontecer por meio de reuniões, debates, comunicados, treinamento, e-mail, troca de informações e de feedback etc. • Fase 2 – Implementação: é decisiva para o processo de Gestão do Desempenho, pois é nesta fase que descobrimos o quanto as pessoas são resistentes e inflexíveis. A implementação representa a transição da decisão para a execução, da expectativa 58 para a experimentação e da teoria para a prática, ou seja, signifi ca o passo decisivo rumo ao comprometimento e ao resultado, além de ser a fase mais demorada, pois contempla implantação e a aceitação. • Fase 3 – Comprometimento: podemos perceber que o comprometimento não nasce de um impulso ou de uma ordem superior, mas é algo que se desenvolve de “dentro para fora”; é uma decisão pessoal, a manifestação objetiva do “querer fazer”, ou seja, da motivação. Portanto, o comprometimento precisa ser incorporado, conscientemente, por meio da institucionalização e da interiorização. Como em todo processo de mudança, a metodologia pode dar certo bem como pode não gerar os resultados esperados, portanto, é importante ter em mente algumas possibilidades alternativas para o processo de implantação da Gestão do Desempenho. A primeira a ser considerada nos diz que, após a fase de conhecimento, deve-se aplicar o método, somente, nos setores que apresentarem menor índice de resistência para, posteriormente, expandi-lo aos demais. A segunda alternativa orienta utilizar um plano- piloto que possibilite analisar as funcionalidade e adequação, oferecendo dados aos ajustes necessários. Por fi m, a terceira alternativa menciona implantar o processo por níveis hierárquicos, iniciando na gerência até expandir aos demais níveis da organização. Observando o contexto empresarial, podemos afi rmar que a implantação jamais deve iniciar dos níveis inferiores aos mais elevados, porque, desse modo, difi cilmente se conseguirá das gerências o comprometimento, uma vez que, não sendo incluídas no processo, elas não darão a importância devida, sem falar de outros problemas consequentes, dentre eles, o uso indiscriminado do poder ou a não caracterização de problemas de desempenho na equipe, originários da incompetência gerencial, visto que esses gerentes não são avaliados. Todo processo de mudança requer uma dose de boas estratégias, muita persistência e, principalmente, a participação e o comprometi- mento de toda organização. O gestor de pessoas atua como o agen- te de mudança, vendendo ideias e direcionando as pessoas para o atendimento dos objetivos (RIBEIRO, 2006). ATENÇÃO 3.2 ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA PARA GESTÃO DO DESEMPENHO Para a organização alcançar os objetivos esperados, é importante adotar uma metodologia que oriente as ações, de forma sequencial e sistêmica. Vale esclarecer 59 que os métodos e os instrumentos a serem utilizados serão o alicerce ao sucesso do programa. As ferramentas incluem não, somente, formulários, mas também os instrumentos os quais compõem o processo, como: o instrumento normativo definidor da filosofia, dos conceitos básicos, normas e procedimentos operacionais, os critérios para formulação de metas e definição de indicadores de desempenho, os critérios para acompanhamento e avaliação dos resultados e demais informações que possam contribuir, como subsídios, ao desenvolvimento do processo de Gestão do Desempenho. Cabe, ainda, ressaltar que o processo não deve ser apresentado como uma ideia pronta, mas sim construído com a participação das gerências e dos colaboradores, sendo uma importante estratégia para a conquista do comprometimento das pessoas. 3.2.1 Elaboração do Documento Normativo Levando em consideração as recomendações de Lucena (2004), o Documento Normativo é utilizado para oficializar a aplicação do processode Gestão do Desempenho, por meio de normas, resoluções ou critérios de regulamentação que a empresa irá adotar em suas decisões e políticas. Este documento deve ser o primeiro instrumento a ser desenvolvido, uma vez que ele definirá a filosofia, os objetivos, a interpretação dos conceitos, as normas a serem seguidas e os procedimentos operacionais que serão executados. Na sequência, utilizaremos das ideias de Lucena (2004), a qual propõe um conjunto de informações que devem constar na elaboração do Documento Normativo: • Finalidade: este documento tem por finalidade estabelecer e divulgar as políticas, as normas e os procedimentos que nortearão o processo de Gestão do Desempenho. Representa o documento oficial disciplinador e orientador da utilização do processo, servindo de guia para o exercício da responsabilidade de cada indivíduo em suas respectivas áreas e funções. • Princípios básicos: o processo de Gestão do Desempenho precisa estar integrado ao planejamento estratégico da empresa, tendo a missão, os objetivos e as metas estratégicas como bases para a atuação das pessoas, uma vez que são elas quem promovem e criam alternativas inovadoras e geram resultados eficazes. • Política geral: o processo de Gestão do Desempenho terá, como bases, o plano estratégico e as metas corporativas, estas serão desdobradas em metas setoriais, focalizando os resultados esperados de cada área e de cada colaborador, e as ações gerenciais voltadas para o desenvolvimento tanto das pessoas quanto da organização. • Objetivos da Gestão do Desempenho: definir e mensurar, por meio de indicadores, os resultados esperados das áreas e indivíduos; facilitar a atuação dos gestores na liderança de suas equipes, buscando eficiência, reconhecimento e valorização das pessoas; contribuir para o desenvolvimento das relações interpessoais e cooperação; disponibilizar informações gerenciais que sustentem as ações de desenvolvimento profissional, movimentação, promoções, demissões e remunerações. 60 • Conceitos básicos: ao utilizar conceitos ou termos não convencionais, a organização deve disponibilizar, de forma clara, os seus signifi cados e, principalmente, as interpretações e a aplicabilidade. • Normas gerais: refere-se à regulamentação do processo, com destaque às suas especifi cidades, aplicabilidade e público ao qual se destina. A linguagem de seu conteúdo deverá ser clara, objetiva e simples, concentrando-se na defi nição de diretrizes de atuação. O conteúdo, após aprovado pela diretoria, deve ser, amplamente, divulgado. • Procedimentos gerais: refere-se às instruções operacionais, ao detalhamento quanto ao uso dos formulários e às informações que orientarão o funcionamento do processo. Se todos assumirem integralmente as suas responsabilidades e compro- missos, certamente, não será necessária tanta burocracia (SILVA, 2017). ATENÇÃO 4 MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO A avaliação e, posteriormente, a Gestão do Desempenho referem-se à verifi cação formal e permanente dos resultados alcançados comparados com os indicadores estabelecidos, utilizando- as normas e os critérios de avaliação defi nidos. Por sua vez, o desempenho refere-se à atuação do funcionário em relação às responsabilidades e atribuições inerentes ao cargo que ele ocupa (LUCENA, 2004). Dessa forma, faz-se necessário o uso de algum método para implantar, adequadamente, o processo de avaliação e, posteriormente, a Gestão de Desempenho, de forma a atingir os seus objetivos esperados. Diante disso, são propostos alguns métodos que podem nos auxiliar, dentre eles: 61 4.1 MÉTODO CHECKLIST Tradicionalmente, é um método com forma simples de aplicação. Apresenta uma lista com os adjetivos que descrevem o comportamento relacionado ao trabalho e cada item da lista reflete-se em uma qualidade positiva ou negativa do funcionário. O conteúdo do Método Checklist consiste em uma lista de sentenças descritivas que caracterizam o desempenho e o comportamento do funcionário. Quadro 6 – Formulário de avaliação: Checklist ITENS SATISFATÓRIO INSATISFATÓRIO NÃO SE APLICA Pontualidade Assiduidade Produtividade Relacionamento com os colegas Relacionamento com a chefia Fonte: adaptado de Hanashiro et al. (2008) 4.2 MÉTODO ESCALA GRÁFICA Avalia o desempenho das pessoas por meio de fatores de avaliação, previamente, definidos e graduados, com base neste funcionamento, o avaliador indica em qual o avaliado possui os traços. É o método mais utilizado, divulgado e, aparentemente, o mais simples, porém a sua aplicação requer múltiplos cuidados, a fim de diminuir a subjetividade e o prejulgamento do avaliador, os quais podem exercer muita interferência. 62 Quadro 7 – Formulário de avaliação: Escala Gráfi ca Fonte: adaptado de Hanashiro et al. (2008) 4. 3 MÉTODO ESCOLHA FORÇADA Consiste em avaliar o desempenho das pessoas por meio de blocos de frases descritivas que focalizam determinados aspectos do comportamento. O avaliador deve escolher, forçosamente, as frases que mais se aplicam ao desempenho do avaliado. As frases devem distinguir entre o sucesso e o insucesso no desempenho. 63 Quadro 8 – Formulário de avaliação: Escolha Forçada Colocar um X na resposta que melhor define o desempenho entre as assertivas 1 ou 2 1. Faço apenas o que me pedem para fazer. 2. Tenho medo de pedir ajuda quando necessito. 1 2 1. Estou sempre disposto a aprender. 2. Procuro aprender o que me ensinam. 1 2 1. Sou capaz de ouvir críticas sem me ofen- der. 2. A crítica construtiva auxilia o meu crescimento. 1 2 Fonte: adaptado de Hanashiro et al. (2008). 4.4 MÉTODO AVALIAÇÃO POR RESULTADOS A Avaliação por Resultados ou APO (Avaliação por Objetivo), como também pode ser chamada, é um ciclo que consiste em definir objetivos e responsabilidades, desenvolver padrões de desempenho, o avaliar e, novamente, redefinir objetivos. Este método busca soluções criativas e inovadoras, substituindo a estrutura departamentalizada pela organização por processos ou por equipe. Os funcionários participam do resultado da organização, assim, é requerido um sistema de medições franco e objetivo. É necessária a participação de gerentes e funcionários, pois este método está orientado ao planejamento do desempenho futuro em vez do julgamento do desempenho passado. O Método Avaliação por Resultados é bastante adequado para as empresas que adotam o planejamento estratégico, pois requer negociação do desempenho que deve ser feita junto à chefia, o que dará origem aos padrões esperados. 4.5 ESTABELECENDO O MODELO DE QUEM DEVE AVALIAR O DESEMPENHO As organizações utilizam diferentes alternativas a respeito de quem deve avaliar o desempenho do colaborador. As mais democráticas e participativas proporcionam ao próprio colaborador a responsabilidade de autoavaliar, livremente, o próprio desempenho. 64 A seguir, a Figura 5 nos permite observar como funciona essa dinâmica de quem deve avaliar quem no processo de avaliação e Gestão de Desempenho. Na sequência, apresentaremos os modelos mais utilizados, conforme Bohlander (2003). Figura 5 – Quem deve avaliar o desempenho Fonte: adaptada de Hanashiro et al. (2008) • Autoavaliação do desempenho: é feita pelo colaborador em avaliação, geralmente, em um formulário específi co preenchido por ele antes da entrevista de desempenho. O próprio indivíduo se autoavalia, tendo em vista determinados parâmetros fornecidos pela organização (Resultados, Conhecimentos E Comportamentos). Os funcionários refl etem sobre os pontos fortes e fracos, a partir daí, a discussão acerca das barreiras do desempenho efetivo é favorecida. • Avaliação pelo gerente ou superior: é feita pelo gerente ou superior imediato do colaborador e, muitas vezes, revisada por um gerente de nível hierárquico superior. É a abordagem mais tradicional nas organizações e tem a ajuda do órgão de RH, que estabelece meios e critérios para a avaliação acontecer. A avaliação tem, como perspectiva de base, a percepção dosuperior sobre o desempenho do avaliado. • Avaliação indivíduo e gerente: refere-se à avaliação de desempenho feita por ambos os lados, ou seja, o colaborador se autoavalia e o seu superior também o avalia dentro dos mesmos critérios. As informações levantadas, geralmente, são utilizadas como base para a entrevista de desempenho conduzida pelo gerente/superior imediato e colaborador. O gerente funciona como o elemento de guia e orientação, enquanto o funcionário avalia o seu desempenho em função da retroação fornecida pelo gerente. • Avaliação de pares: esta avaliação, geralmente, utiliza formulários compilados para uso na entrevista de desempenho conduzida pelo gerente/superior imediato e colaborador. Indivíduos que trabalham juntos e estão em posições equivalentes são estimulados a avaliarem-se mutuamente. A avaliação de pares procura explorar outra perspectiva, ou seja, outro ponto de vista – a dos próprios colaboradores – e possibilita identifi car traços de liderança bem como habilidades interpessoais. • Avaliação do subordinado: refere-se à avaliação de desempenho de um superior por um subordinado, sendo mais adequada para fi ns de desenvolvimento do que de administração. A equipe avalia o gerente, gerando feedback a respeito de como os subordinados o percebem e o veem. Além disso, é avaliado como esse superior proporcionou os meios e 65 os recursos para a equipe alcançar os seus objetivos, isto é, como o gerente a ajudou a melhorar os resultados. Esta modalidade inclui, apenas, aspectos de desenvolvimento, uma vez que os aspectos administrativos requerem disposição maior de informação acerca do desempenho do avaliado, neste caso, o gerente. • Avaliação de equipe: este modelo de avaliação de desempenho se baseia nos conceitos TQM (Gestão da Qualidade Total), os quais reconhecem as realizações da equipe em vez do desempenho individual. Busca mensurar o desempenho da equipe como um todo, envolvendo metas de resultados e padrões de desempenho preestabelecidos ao grupo. Implica o estabelecimento de padrões com base em resultados mensuráveis – normalmente, os requisitos do cliente – buscando identificar oportunidades para o aprimoramento contínuo. • Avaliação do cliente: esta avaliação, assim como a de equipe, baseia-se em conceitos da TQM (Gestão da Qualidade Total) e busca a avaliação realizada tanto por clientes externos quanto internos. Busca mensurar o desempenho do indivíduo e, também, da equipe como um todo, envolvendo metas de resultados e padrões de desempenho preestabelecidos. Implica o estabelecimento de padrões com base em resultados mensuráveis, com o intuito de identificar oportunidades para o aprimoramento contínuo. 4.1.1 Formando os avaliadores A prática da gerência nas organizações, principalmente no cenário brasileiro, reflete o condicionamento histórico que modelou o aprendizado e a formação gerencial até os dias atuais. O despreparo conceitual, técnico e comportamental torna-se evidente quando o gerente é colocado à prova e passa a avaliar e administrar o desempenho de sua equipe. Diante dessa forte limitação, é necessário que haja investimentos pesados para a preparação e formação daqueles que lidarão e operacionalizarão o processo de Gestão do Desempenho. Perceba que um avaliador mal preparado ou mal-intencionado pode colocar tudo a perder e, ainda, provocar sérios problemas em relação ao moral da equipe e à manutenção das pessoas na empresa. Uma vez iniciado o processo de forma equivocada, a tendência é a geração de resultados, também, equivocados, colocando em xeque a credibilidade de todos os envolvidos. 4.1.2 O Gerente e a Gestão do Desempenho A maioria das empresas apresenta um cenário típico de despreparo em nível gerencial para a prática da Gestão do Desempenho. Ao acompanhar a trajetória do gerente brasileiro, vemos que os caminhos percorridos são parecidos com as histórias marcadas pela falta de critérios e ausência de políticas internas no momento de orientar a atuação gerencial. A questão agrava-se quando os gerentes são cobrados pelo desempenho da equipe, produtividade, qualidade, enfim, resultados. 66 A primeira dificuldade do gerente é estabelecer a diferença entre desempenho e características de personalidade. Quando o resultado vai mal, o enfoque de análise do gerente é o comportamento das pessoas, não o contexto do trabalho e suas múltiplas relações, tais como: desconhecimento do objetivo, indefinição de responsabilidade, capacitação profissional etc. A conclusão natural é que este gerente não está preparado para administrar uma unidade de trabalho tampouco para liderar pessoas, não sabe nem estabelecer relações internas, nem lidar com as diferenças individuais. 4.1.3 Critérios para o programa de formação de avaliadores Atualmente, o programa de formação gerencial voltada à Gestão do Desempenho deve priorizar o desenvolvimento de algumas habilidades-chave, o que Hanashiro et al. (2008) nos apresentam como os requisitos e qualidades – organizados em três dimensões: cognitiva, comportamental e gerencial – requeridos para os avaliadores. Estas dimensões não são excludentes, mas sim complementares. • Dimensão cognitiva: relacionada aos conhecimentos teóricos, técnicos, operacionais e situacionais. O avaliador precisa conhecer e reconhecer, com clareza, os instrumentos relacionados ao programa que ele coordenará. Cabe a esse profissional estabelecer uma comunicação clara e objetiva bem como aprender a interpretar e analisar tanto dados quanto resultados. Além disso, esse avaliador deve desenvolver a habilidade de sintetizar, clara e objetivamente, os resultados; manter coerência diante dos critérios estabelecidos; possuir capacidade de manter os dados e os resultados organizados para consultas e planejamento; saber indicar as necessidades diagnosticadas dos avaliados; propor cursos de aprimoramento, treinamento ou, até mesmo, indicação de movimentação no plano de carreira ou de sucessão (HANASHIRO et al., 2008). • Dimensão comportamental: relacionada às características pessoais. Cabe ao avaliador desenvolver a capacidade de escuta e de observação; respeitar e manter sigilo; promover um relacionamento agradável com todos os membros do grupo participante; estar aberto às opiniões contrárias; tratar todos com igualdade, sem demonstrar predileções ou preconceitos; compartilhar, se possível, com outros colegas, as suas expectativas, inseguranças ou objetivos que pretende alcançar com a avaliação; saber ouvir outra opinião; ser transparente, ético e sensível às reações dos avaliados, sejam eles uma pessoa, sejam eles um grupo (HANASHIRO et al., 2008). • Dimensão gerencial: relacionada às características administrativas e de coordenação. Cabe ao avaliador reconhecer o valor do conhecimento de cada pessoa e o comportamento de cada um; habituar-se a trabalhar proativamente; utilizar todo seu conhecimento especializado relacionado à avaliação; compartilhar o comando e a coordenação sempre que for necessário; não subestimar o potencial de nenhuma 67 pessoa; manter coerência entre a verbalização e a postura profissional; evitar aplicar a “técnica pela técnica” e “avaliar por avaliar”; ter sempre presente a finalidade e o objetivo da avaliação; deixar claro o que acontecerá com os resultados da avaliação; estar seguro de seu papel profissional (HANASHIRO et al., 2008). Acadêmico, assista à série Suits, que gira em torno de casos jurídicos sempre bem resolvidos dentro do escritório de advocacia Pearson Hardman. Michael “Mike” Ross (Patrick J. Adams) é um garoto que foi expulso do colégio, mas com uma brilhante memória que permitiu a ele excelentes notas no teste de admissão em cursos de Direito, sem nunca ter obtido o diploma, por não poder entrar em nenhuma faculdade. Harvey Specter (Gabriel Macht), um dos melhores advogados de Manhattan, testa-o e aceita-o como um de seus associados. Devido à política da firma de aceitar, apenas, ex- alunos da Escolade Direito de Harvard, ambos mentem que Mike é um graduado que frequentou a renomada universidade. A série, mesmo apresentando, com um toque de humor sarcástico, o sucesso como resultado de aspectos ilegais e imorais, representa vários aspectos organizacionais quanto a recursos humanos, liderança, gestão de conflitos, entre outros, que são muito interessantes para observarmos e refletirmos sobre tais práticas no dia a dia empresarial. DICA Acadêmico, chegamos ao final da primeira unidade e, diante desta leitura, esperamos que você tenha compreendido o quão é importante a condução do programa de avaliação de desempenho, sendo ela uma das principais atividades a serem cumpridas nesse processo. Também são fundamentais a definição de critérios para a avaliação; as diferentes maneiras de os avaliados participarem do processo; os requisitos e as qualidades necessárias aos avaliadores e as possíveis distorções possíveis de ocorrer na aplicação do processo de Gestão do Desempenho. As empresas dependem da atuação humana, a fim de alcançarem os seus objetivos, enquanto as pessoas, por sua vez, utilizam as empresas como meio para alcançar as suas metas pessoais, porém, se é a atuação das pessoas que gera os resultados, as organizações, naturalmente, precisam monitorar a atuação desses indivíduos, é neste ponto que a avaliação e a Gestão do Desempenho podem ser utilizadas, mas, na realidade, pouquíssimas empresas, verdadeiramente, fazem o uso adequado dessas poderosas ferramentas da Gestão de Pessoas. Percebemos o seguinte: as empresas que tentam implantar a Gestão do Desempenho, na sua grande maioria, pecam por não adotarem uma metodologia que garanta a sustentabilidade do processo ao longo do tempo, utilizando a Gestão do Desempenho, unicamente, para avaliar resultados financeiros, sem abranger as áreas de conhecimento e comportamento. 68 Existe, ainda, a problemática de as organizações utilizarem a avaliação em uma perspectiva punitiva ao invés do desenvolvimento e da melhoria contínua, devido ao fato de as empresas não estarem preparadas, culturalmente, para o uso dessa ferramenta. Ademais, somado a isso, temos, ainda, o despreparo gerencial em lidar com pessoas, o que, por sua vez, promove feedbacks catastróficos junto aos avaliados. Encerramos, assim, a unidade! Esperamos que você tenha aproveitado o nosso conteúdo. Aguardamos você na próxima unidade. 69 A GESTÃO POR COMPETÊNCIAS COMO FERRAMENTA PARA GERIR CONFLITO ENTRE GERAÇÕES Letícia da Silva Freitas Keila Mara de Oliveira Farias Com o surgimento da era da tecnologia e da informação, as organizações foram obrigadas a se manter competitivas no mercado, definindo as suas estratégias de forma clara e sustentadas por uma gestão com amplos envolvimento e participação das pessoas. Pessoas são a chave do sucesso ou insucesso das estratégias de uma organização, são elas que dão vida aos processos. Por isso, nas organizações bem- sucedidas, o ser humano é visto como a única verdadeira vantagem competitiva sustentável. As pessoas são fundamentais no processo de competitividade da organização, elas devem ser desenvolvidas a fim de alcançar os objetivos estabelecidos pela empresa. A Gestão de Competências formada por habilidades, conhecimentos e atitudes permite o gerenciamento de uma visão ampla acerca das competências exigidas para determinada função, com o intuito de identificar a pessoa mais capacitada para executar tarefas inerentes à função a ser exercida. O gestor de pessoas, em meio aos aspectos da Gestão por Competência, exige dos profissionais mais competências conceituais, práticas e humanas na hora de escolher os talentos para sua equipe e, nesse contexto, as organizações devem reter o melhor de seus colaboradores, promovendo o contínuo aperfeiçoamento dos conhecimentos, habilidades e atitudes de cada um para, assim, obter todos os resultados almejados. O contexto organizacional é formado por diferentes gerações. Para entender como as pessoas de determinado ambiente de trabalho se inter-relacionam com as suas diferenças, tem sido importante verificar a forma de agir e pensar das várias gerações que ocupam o mesmo ambiente de trabalho. A diversidade de culturas e de níveis intelectuais, além de crenças, ideologias e expectativas, são, por si só, fatores de conflitos, e cabe ao líder utilizar as suas competências em gerenciamento de pessoas, a fim de desenvolver a equipe multigeracional. Este artigo visa a responder como utilizar a Gestão de Competências para gerir conflitos entre gerações. Sendo assim, os objetivos, aqui, são: descrever e analisar como a Gestão de Competências influencia a competitividade e o sucesso das organizações, por meio da atração e retenção de talentos com amplas competências; identificar LEITURA COMPLEMENTAR 70 como essa gestão pode se tornar o diferencial competitivo das empresas; explicar as diferenças entre as gerações baby boomer, X, Y e Z; relatar competências essenciais na gestão de conflitos entre diferentes gerações. GESTÃO POR COMPETÊNCIAS: CONCEPÇÃO E CARACTERÍSTICAS Na era do conhecimento, a Gestão de Competências viabiliza mecanismos para que a empresa atraia, desenvolva e avalie as competências necessárias ao alcance de seus objetivos. Por meio de seleção de profissionais adequados a cada função/cargo dentro da organização, é possível identificar caraterísticas primordiais nas pessoas, como: conhecimentos, atitudes e habilidades, elevando, dessa forma, a eficácia organizacional da empresa, onde as pessoas desenvolvem, continuamente, a capacidade de gerar resultados, por meio do comprometimento pessoal em buscar a conquista de objetivos individuais e organizacionais. Competências são características específicas de cada pessoa e contêm: Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA), as quais, em harmonia, permitem desenvolver, com excelência, atividades técnicas e relações interpessoais. O conhecimento é o saber acumulado do indivíduo, tanto em escolas e universidades quanto em experiências profissionais, são informações fundamentais à realização de atividades dentro da organização. A habilidade é saber fazer, colocar em prática o conhecimento adquirido. Atitude é querer fazer, ou seja, a forma de comportamento dos indivíduos diante de diversas situações em relação ao trabalho e às demais pessoas. A Gestão de Competências como forma de administração permite um crescente índice na motivação dos colaboradores, pois os conhecimentos, atitudes e habilidades de todos se complementam de forma clara e objetiva, o que gera, dessa forma, a conquista dos objetivos organizacionais e pessoais, de maneira que o indivíduo seja valorizado, incentivado a procurar o desenvolvimento contínuo de suas competências. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS A Gestão de Competências possibilita que a organização identifique, com clareza, as suas deficiências de pessoal, o que é considerado uma vantagem que aborda a facilidade de gerenciar a seleção e a retenção de talentos para melhoria do desempenho organizacional. A Gestão de Competências tem, como vantagem competitiva peculiar, o determinar competências essenciais e únicas as quais diferenciem a organização frente aos concorrentes. Ao gerir a empresa com base nas competências das pessoas, há significativo aumento na produtividade, pois são desenvolvidos talentos preciosos para a empresa, por meio da viabilização de estratégias que elevam e sustentam a qualidade no desempenho organizacional, graças às competências adequadas para cada cargo. Ao implantar a Gestão de Competências, é possível notar melhoria na motivação bem como 71 nos resultados da empresa, porém existem dificuldades perceptíveis ligadas à falta de incentivo e à pouca valorização da equipe. Para evitar essas desvantagens, as organizações devem construir mecanismos com o intuito de implementar a Gestão de Competências de forma objetiva, participativa, por meio da conquistada confiança de todos os envolvidos na organização, para que haja o compartilhamento do conhecimento, viabilizando, assim, o alcance dos objetivos organizacionais. O ENCONTRO DAS GERAÇÕES Geração é a separação da sociedade pela idade cronológica. É o nome que classifica um período no qual nascem pessoas em determinado espaço de tempo. Assim, compreende-se que o período que abrange uma geração gira em torno de 20 a 25 anos. São indivíduos nascidos na mesma época e expostos aos mesmos contextos culturais e sociais. A geração não determina apenas a idade das pessoas, mas também as suas caraterísticas e atitudes. De acordo com Oliveira (2016, p. 29): “Não é muito simples identificar uma geração apenas pelo período de nascimento, já que existem outros fatores que interferem na formação de um ser humano, tais como cultura, família, educação, padrão econômico e localização”. A classificação geracional não pode ser apenas considerada pela parte cronológica, pois pessoas nascem em condições diferentes e isso influencia na forma tanto de conduzir comportamentos quanto de expor atitudes. Deve-se levar em consideração o ambiente no qual o indivíduo está inserido, a sua cultura, classe social e educação. No mundo organizacional, as atividades são compartilhadas por diferentes gerações: baby boomer, X, Y e Z. A seguir, serão apresentados o entendimento e a atuação no mercado de trabalho sob a perspectiva de cada geração. GERAÇÃO BABY BOOMER Esta geração abrange as pessoas nascidas entre 1946 e 1964, é caracterizada pelo otimismo. São chamadas de baby boomers porque houve alto índice de natalidade com o fim da Segunda Guerra Mundial. Esta geração é marcada por disciplina, honra, respeito e organização. Baby boomers possuem valores primordiais, como: lealdade à carreira profissional e estabilidade no emprego, além de se moldarem conforme a organização. Estes indivíduos que nasceram após guerras e conflitos mundiais são altamente disciplinados, gostam de ser reconhecidos e respeitados por sua experiência profissional, colocam o trabalho à frente de tudo bem como valorizam a hierarquia organizacional. São propensos a trabalhar arduamente e, de modo geral, não fazem reivindicações. 72 GERAÇÃO X Nascidas entre os anos de 1965 e 1977, pessoas da geração X desenvolveram-se em meio à instabilidade econômica, marcadas por grandes movimentos revolucionários. Ao mesmo tempo, houve muito estímulo da televisão, tecnologia que se tornou familiar e rotineiro, sendo expostos ao mundo globalizado e a uma ampla oferta de marcas de produtos. Esta geração é extremamente consumista, o dinheiro é considerado um indicador de sucesso profissional, por isso, há a busca, por meio do trabalho, da realização de desejos materiais e pessoais. As pessoas desta geração são individualistas, mas sabem trabalhar em equipe, trabalham para viver, mas não vivem para o trabalho, procuram sempre o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A geração X desenvolveu-se em meio às instabilidades econômicas, trabalhar arduamente era visto como retorno financeiro. Tais questões formaram profissionais comprometidos com resultados e empreendedores. As pessoas desta geração buscam harmonia entre trabalho e família e a satisfação no emprego. GERAÇÃO Y Esta geração é composta por pessoas nascidas entre 1980 e 1999. Elas vivenciaram, desde o nascimento, grandes avanços tecnológicos, tendo a internet como importante ferramenta para comunicação e informação. Estes indivíduos são denominados “a geração do milênio”, são autoconfiantes, individualistas, competitivos, motivados por desafios e buscam liberdade profissional com criatividade e inovação, tendem a ter carreiras em curto prazo, são flexíveis, trabalham em equipe, esperam por resultados rápidos, valorizam o otimismo e a autonomia no ambiente de trabalho. A geração Y é constituída por pessoas com valores que visam à qualidade de vida. Indivíduos desta geração são criativos, almejam sempre a satisfação profissional, de forma tão rápida quanto inovadora. GERAÇÃO Z É a mais recente das gerações e compreende pessoas nascidas a partir dos anos 2000. São envolvidas em uma economia estável e, por meio das grandes inovações tecnológicas, estão sempre às voltas com o mundo globalizado. Graças aos recursos móveis, buscam sempre estar conectadas, estabelecendo a comunicação virtual como a principal fonte de troca de informações. A geração Z é caracterizada por indivíduos impacientes, críticos, dinâmicos e ecologicamente corretos em relação ao meio ambiente. O ritmo acelerado da tecnologia marca fortemente os membros desta geração. São pessoas extremamente rápidas, com personalidade forte, individualistas, procuram estar sempre conectados com o mundo globalizado por meio das redes sociais. 73 CONFLITOS DE GERAÇÕES NO AMBIENTE DE TRABALHO Um dos atuais desafios enfrentados pelos gestores é liderar e trabalhar com pessoas de diferentes gerações, uma vez que, no mercado de trabalho, há quatro gerações convivendo de forma profissionalmente ativa. Diversos fatores colaboram para o surgimento de conflitos, por exemplo, a forma de aprendizagem, portanto, tais fatores ocasionam problemas interpessoais e profissionais, como também podem gerar oportunidades de complementação de ideias, habilidades e ações. Saber interagir com as diversidades das gerações traz diferencial dentro da empresa. Considerando que o ponto fraco de uma geração pode se tornar o forte de outra, possibilita-se um ambiente de trabalho criativo, dinâmico, inovador, que proporcione melhoria nos resultados bem como um clima harmonioso entre os envolvidos na organização. Diferenças de visão, sexo, idade, objetivos opostos, pensamentos e atitudes inversas levam ao surgimento dos conflitos. Os indivíduos sentem-se prejudicados pela posição de outras pessoas, acreditando que a forma de agir do outro impede as impedem de alcançar as suas metas. É tarefa do líder conhecer cada geração, buscando posicioná-las de forma estratégica, além de gerir, de maneira clara e objetiva, as competências, para buscar a harmonia entres as gerações e desenvolvê-las de maneira que as características de cada uma delas se complementem. Sendo assim, espera-se que cada geração desenvolva atividades conforme as suas competências e habilidades, colocando-as em prática, a fim de criar um clima favorável ao sucesso de qualquer empresa, pois, quando existe uma equipe comprometida, formada por pessoas que trabalham em um projeto de modo positivo, os resultados são alcançados. Fonte: adaptada de https://revistacientifica.facmais.com.br/wp-content/uploads/2018/12/1.-A-GEST%- C3%83O-POR-COMPET%C3%8ANCIAS-COMO-FERRAMENTA-PARA-GERIR-CONFLITO-ENTRE-GERA%- C3%87%C3%95ES.pdf. Acesso em: 30 mar. 2023. https://revistacientifica.facmais.com.br/wp-content/uploads/2018/12/1.-A-GEST%C3%83O-POR-COMPET%C3%8ANCIAS-COMO-FERRAMENTA-PARA-GERIR-CONFLITO-ENTRE-GERA%C3%87%C3%95ES.pdf https://revistacientifica.facmais.com.br/wp-content/uploads/2018/12/1.-A-GEST%C3%83O-POR-COMPET%C3%8ANCIAS-COMO-FERRAMENTA-PARA-GERIR-CONFLITO-ENTRE-GERA%C3%87%C3%95ES.pdf https://revistacientifica.facmais.com.br/wp-content/uploads/2018/12/1.-A-GEST%C3%83O-POR-COMPET%C3%8ANCIAS-COMO-FERRAMENTA-PARA-GERIR-CONFLITO-ENTRE-GERA%C3%87%C3%95ES.pdf 74 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • Como a análise organizacional se estabelece no ambiente interno, quais perfis são predominantes e como tudo isso influencia a decisão de implantar o processo de Gestão de Desempenho. • Os processos, fases e orientações metodológicas para implementação da Gestão de Desempenho. • Diversos métodos para avaliação de desempenho, estabelecendo o método mais adequado a partir dos modelos de negócios. • As vantagens da utilização da Gestão de Desempenho com caráter educacional voltada ao processo de aprendizagem individual. 75 AUTOATIVIDADE 1 Nesta unidade, estudamos que a administração das organizações,na busca da qualidade e da motivação de seus colaboradores, almeja estratégias que sejam alcançadas de modo sustentável e, para que isso ocorra, ações são embasadas em metodologias que conduzam ao atendimento dos objetivos. Assim, antes de estabelecer as estratégias à implantação do processo de Gestão do Desempenho, é necessário: a) ( ) Reconhecer que todas as organizações, apesar de terem culturas diferentes, podem ser utilizadas no mesmo padrão de avaliação de desempenho com os mesmos indicadores. b) ( ) Realizar uma análise organizacional identificando pontos favoráveis e desfavoráveis que contribuirão ou não com o processo de implantação da Gestão do Desempenho. c) ( ) Reconhecer a organização como um sistema social individualizado, porque cada pessoa é diferente uma da outra e trabalha com objetivos diferentes. d) ( ) Perceber que o diagnóstico organizacional é irrelevante no processo de implantação da Gestão do Desempenho, uma vez que esta gestão objetiva mudanças no perfil do colaborador. 2 Parte considerável do sucesso de uma empresa está baseada no desempenho de sua equipe de profissionais. Nesse sentido, é de suma importância utilizar de ferramentas para mensurar esse desempenho e permitir a tomada de decisões em busca do aumento da competitividade (LUCENA, 2004). Antes de implantar a avaliação de desempenho, deve-se levar em consideração o surgimento da decisão para a implantação, pois é possível ocorrer tanto impactos positivos quanto negativos nesse processo. Desse modo, assinale a afirmativa CORRETA: a) ( ) Quando a iniciativa da implantação da Gestão do Desempenho surge do colaborador, ela traz vantagem à área de Recursos Humanos, a qual terá os colaboradores motivados e sensibilizados para a participação no programa. b) ( ) Quando a iniciativa surge do cliente, ela mostra um descaso com a área de Recursos Humanos, a qual deveria ter o posicionamento inicial de reconhecer as necessidades da organização e suprir as expectativas de todos. c) ( ) Quando a iniciativa surge da área de Recursos Humanos, ela mostra que tem responsabilidade de criar políticas, programas e ferramentas à Gestão de Pessoas. d) ( ) Quando a iniciativa surge da Alta Administração, há somente vantagens, uma vez que o processo de Gestão do Desempenho terá o apoio para que todos os colaboradores da organização o aceitem. 76 3 Hanashiro et al. (2008) relatam que, no programa de formação gerencial para a Gestão do Desempenho, deve-se priorizar, como requisitos e qualidades aos avaliadores, algumas habilidades-chave que devem estar organizadas em três dimensões: cognitiva, comportamental e gerencial. No entanto os gerentes precisam incentivar mudanças de paradigmas organizacionais para a superação das novas práticas de gestão. Acerca dessas mudanças, analise as afirmativas, a seguir: I- Ter visão para o futuro. II- Ter o olhar voltado, sempre, para a organização. III- Usar o poder institucional. IV- Ter uma relação de educador, facilitador e catalisador de talentos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I – II. b) ( ) I – IV. c) ( ) II – III – IV. d) ( ) I – II – IV. 4 Lucena (2004) descreve que, para a implantação da avaliação de desempenho, é importante realizar uma análise organizacional estabelecendo uma visão geral da empresa, pois muitas informações são vitais à tomada de decisão, o que pode influenciar o sucesso do programa. Com base nesta afirmação, discorra sobre as características que podem inferir no sucesso de um programa de Gestão de Desempenho. 5 O programa de formação gerencial para a Gestão de Desempenho deve priorizar o desenvolvimento de algumas habilidades-chave, o que Hanashiro et al. (2008) nos apresentam como os requisitos e as qualidades – organizados em três dimensões – requeridos aos avaliadores. As três não são excludentes, mas sim complementares. Cite quais dimensões são essas e descreva, com clareza, a que estão relacionadas e as suas características. 77 ARAÚJO, L. C. G. de. 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São Paulo: Atlas, 2001. 80 81 GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a importância da Gestão do Conhecimento: comunicação, avanços tecnológicos e competividade de mercado; • conhecer os processos de implementação da Gestão do Conhecimento, que vão desde o planejamento e a metodologia até o controle e a avaliação; • entender a mudança: como a ação de alguma força maior acarreta a quebra do estado de equilíbrio existente; • perceber como as dimensões das organizações do conhecimento podem impactar diretamente a operacionalização do negócio; • mapear o percurso para a identifi cação do conhecimento organizacional, reconhecendo o capital intelectual para o melhor gerenciamento das organizações. A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – O QUE É GESTÃO DO CONHECIMENTO TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – GERENCIANDO ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 82 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 83 TÓPICO 1 — O QUE É GESTÃO DO CONHECIMENTO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Olá! É uma satisfação participar, junto com você, dessa jornada de aprendizado e troca de experiências. Veja só como é interessante e, ao mesmo tempo, curioso, conviver com tantas mudanças e evoluções as quais podemos perceber sem muito esforço. Não é preciso ir muito longe para encontrarmos inúmeros exemplos de transformações cuja sociedade vem sendo palco. Mudanças que impactam fortemente todos os campos e áreas do conhecimento no caráter social, tecnológico ou filosófico. Essas alterações nos levam à ideia de que a atividade humana também está sofrendo a influência das transformações ocorridas no contexto global, sendo, por sua vez, motivada a migrar de sociedade mecânica operacional para sociedade intelectual voltada ao conhecimento. Considerando que a tecnologia e a informação são instrumentos indispensáveis para a evolução dessa sociedade que se instala, o conhecimento tornou-se a nova riqueza, sobre a qual as organizações atuam de forma incansável, buscando a autossuficiência na sua criação e disseminação, visando a manter a competitividade e a longevidade no mercado. No decorrer desta unidade, você conhecerá as características da sociedade do conhecimento e o que a diferencia das demais sociedades e modelos econômicos. Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 1, abordaremos o que é a Gestão do Conhecimento e, com o objetivo descrever o processo evolutivo da sociedade, apresentaremos as características da sociedade do conhecimento, nela, procuraremos explicar de que forma o conhecimento pode ser entendido como recurso econômico. Dessa forma, em relação à Gestão do Conhecimento, entenderemos que o objetivo é reunir processos organizacionais que produzam combinações sinérgicas entre dados, capacidade de processamento de informações e capacidade inovadora de recursos humanos. Ao longo deste tema, esclareceremos que, apesar da dificuldade apresentada pelas empresas em tratar do assunto, o momento é favorável, pois tanto as mudanças quanto os avanços impostos pelo mercado têm modificado os paradigmas que, por sua vez, têm alterado as relações de trabalho, a natureza das atividades e o modo como os trabalhos são executados. Este cenário impulsiona as empresas a mudarem, afinal, se não o fizerem, provavelmente, não terão muitas chances de permanecer no mercado. 84 2 CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE E DO CONHECIMENTO Para iniciar a nossa jornada, primeiramente, entenderemos, um pouco melhor, a história evolutiva da sociedade. Se hoje vivemos em uma realidade complexa e fazemos uso de tantas tecnologias, é importante sabermos que nem sempre foi dessa forma, o que temos disponível, atualmente, é reflexo de muitos anos de evolução. Partindo das mudanças ocorridas no cenário mundial, desde o início da civilização até os dias de hoje e, com foco nos subsistemas tecnológicos, econômicos, sociais e políticos, Crawford (1994 apud ANTUNES, 2000) agrupou as características-chave de quatro sociedades as quais ele considera básicas, denominando-as: Sociedade Primitiva, Sociedade Agrícola, Sociedade Industrial, até a atual, denominada Sociedade do Conhecimento. Atendo-se ao subsistema tecnológico e econômico, podemos perceber que o primeiro grande salto do desenvolvimento econômico foi a passagem de uma economia tribal de caça e pesca (Sociedade Primitiva) para uma economia agrícola (Sociedade Agrícola) na qual, por meio de recursos renováveis e utilização da força humana e da natureza, obtinha-se a subsistência. A segunda grande etapa foi a passagem da economia agrícola para a economia industrial (Sociedade Industrial). Isso ocorreu há, aproximadamente, 180 anos, na Inglaterra; os seus reflexos e a sua contribuição para o desenvolvimento mundial são sabidos e indiscutíveis em todos os aspectos. Naquela ocasião, as máquinas e os recursos não renováveis vieram complementar a força física empregada na produção. A riqueza dos países estava centrada em seus recursos naturais, aliada à disponibilidade de capital físico e financeiro para suportar os investimentos nas indústrias que se localizavam onde se encontravam tais recursos. A Administração Científica de Taylor, por meio do estudo sistematizado do trabalho, possibilitou o aumento da produtividade do empregado. Este, até então, não tinha qualificação, pois o seu trabalho era desenvolvido com base na habilidade que possuía nas mãos, habilidade essa que passou a ser adquirida pelas formas padronizadas de execução das tarefas. Este acontecimento fez os indivíduos adquirirem conhecimento sistematizado por meio de cursos e universidades, criando uma nova classe de trabalhadores: aqueles que aplicavam o conhecimento adquirido e não, apenas, a força física. Na terceira etapa (Sociedade do Conhecimento), o recurso conhecimento tornou-se essencial, pois a máquina substituiu a força física humana na produção e a atividade econômica centrou-se na prestação de serviços que se baseiam no conhecimento daqueles que o possuem. A localização dos demais recursos não era mais fator determinante para a concentração de riqueza, afinal, o uso da tecnologia, das comunicações e dos transportes possibilitou a globalização da economia. O conhecimento, como era, usualmente, empregado até então, passou a ter outra 85 conotação, começou a ser utilizado como base ao desenvolvimento de novas habilidades, pois, sem elas, tornou-se improdutivo. Importante também estabelecer, dentro desse conceito de sociedades, a segmentação por eras descrita por Idalberto Chiavenato (2008), conforme veremos, a seguir: Era da Industrialização Clássica (1900-1950), Era Neoclássica (1950-1990) e Era da Informação (a partir de 1990). 2.1 CARACTERÍSTICAS DAS SOCIEDADES BÁSICAS O conhecimento passa de um fim em si mesmo para um recurso ou um meio à obtenção de um objetivo. Drucker (1993 apud ANTUNES, 2000) diz que, hoje, o recurso, realmente, valioso, o fator de produção, absolutamente, decisivo, não é o capital, a terra ou a mão de obra, é o conhecimento. Ao invésde capitalistas e proletariados, as classes da sociedade pós-capitalista são os trabalhadores do conhecimento e os trabalhadores em serviços. O autor ainda menciona que o conhecimento é a capacidade de aplicar informação a um trabalho ou a um resultado específico, a informação é a matéria-prima para o conhecimento. Sintetizando o que trabalhamos até aqui: na Sociedade Agrícola, os detentores da terra tomavam as decisões, na Sociedade Industrial, o poder de decisão passou para os detentores do capital, na Sociedade do Conhecimento, os possuidores do conhecimento centralizam o poder, são os verdadeiros capitalistas, pois detêm o capital e dependem da aplicação dele. A seguir, temos o quadro que resume as etapas de evolução da sociedade. No Quadro 1, você encontrará diferentes informações sobre as Eras Primitiva, Agrícola, Industrial e do Conhecimento, tais como: os tipos de tecnologias predominantes em cada uma, como a economia funcionava e se operacionalizava, qual o sistema social e político utilizado e, por fim, os paradigmas mais latentes em cada uma das eras apresentadas. 86 Quadro 1 – Características das sociedades básicas SOCIEDADES PRIMITIVA AGRÍCOLA INDUSTRIAL CONHECIMENTO Tecnologia Energia: humana Materiais: peles animais, pedras Métodos de produção: nenhum Sistema de transporte: a pé Sistema de comunicação: a voz Energia: natural Materiais: recursos renováveis Ferramentas: força muscular ou materiais Método de produção: artesanal Sistema de transporte: cavalo, barco, carroça Sistema de comunicação: manuscrito Energia: óleo, carvão Materiais: recursos não renováveis Ferramentas: máquinas para substituir a força humana Método de produção: linha de montagem e partes intercambiáveis Sistema de transporte: barco a vapor, ferrovia, automóvel, avião Sistema de comunicação : imprensa e televisão Energia: sol, vento e nuclear Materiais: recursos renováveis (Biotecnologia), cerâmica, reciclagem Ferramentas: máquinas para ajudar a mente (computadores e eletrônica) Método de produção: robôs Sistema de transporte: espacial Sistema de comunicação: comunicação individual ilimitada por meio eletrônico Economia Colheita, caça e pesca. Local, descentralizada e autosuficiente. Produção para consumo. Divisão do trabalho em função da comunidade: nobreza, sacerdotes, guerreiros, escravos e servos. A terra é o recurso fundamental. Economia de mercado nacional, a unidade econômica é produção de bens padronizados, tangíveis, com divisão entre produção e consumo. Divisão da mão de obra baseada em habilidades, em modo d e trabalho. O capital físico é o recurso fundamental. Economia global integrada cuja atividade econômica central é a provisão de serviços baseada em conhecimento. Maior fusão entre produtos e consumidor. Organizações empreendedoras de pequeno porte. Capital humano é o recurso fundamental. Sistema Social Pequenos grupos ou tribos. Esquema familiar estratificado com definições claras das funções em virtude do sexo. Educação limitada à elite. Familia nuclear com divisão de papéis entre os sexos e instituições imortais que sustentam o sistema. Os valores sociais enfatizam conformidade, elitismo e divisão de classes. A educação é em massa. O indivíduo é o centro com diversos tipos de famílias e fusão dos papeis sexuais com ênfase na auto-ajuda e nas instituições mortais. Os valores sociais enfatizam a diversidade, a democracia e o individualismo. Sistema Político Tribo: unidade política básica na qual os anciãos e chefes governam. Feudalismo: leis, religião, classes sociais e políticas atreladas ao controle das terras, com autoridade transmitida hereditariamente. Capitalismo e marxismo: leis, religião, classes sociais e políticas são modeladas de acordo com os interesses da propriedade e do controle do capital. Nacionalismo: governos centralizados e fortes tanto como forma de governar quanto na forma ditatória. Cooperação global: instituições são modeladas com base na propriedade e no controle do conhecimento. Paradigma Mundo visto em termos naturais. Base do conhecimento: matemática e Astronomia. Ideias centrais: humanidade vista como controlada pelas forças superiores (deuses), religiosidade, visão mística da vida, sistema de valores com ênfase na harmonia com a natureza. Base do conhecimento: Física e Química. Ideias centrais: os homens se colocam como controladores do destino num mundo competitivo, com a crença de que uma estrutura racional pode produzir harmonia num sistema de castigos e recompensas. Base do conhecimento: Eletrônica, Quântica, Biologia, Molecular, Ecologia. Idéias centrais: os seres humanos são capazes de transformação contínua e de crescimento (pensamento com cérebro integrado). Sistema de valores enfatiza o indivíduo autônomo numa sociedade descentralizada com valores femininos dominantes. Fonte: adaptado de Antunes (2000) 87 Quadro 1 – Características das sociedades básicas SOCIEDADES PRIMITIVA AGRÍCOLA INDUSTRIAL CONHECIMENTO Tecnologia Energia: humana Materiais: peles animais, pedras Métodos de produção: nenhum Sistema de transporte: a pé Sistema de comunicação: a voz Energia: natural Materiais: recursos renováveis Ferramentas: força muscular ou materiais Método de produção: artesanal Sistema de transporte: cavalo, barco, carroça Sistema de comunicação: manuscrito Energia: óleo, carvão Materiais: recursos não renováveis Ferramentas: máquinas para substituir a força humana Método de produção: linha de montagem e partes intercambiáveis Sistema de transporte: barco a vapor, ferrovia, automóvel, avião Sistema de comunicação : imprensa e televisão Energia: sol, vento e nuclear Materiais: recursos renováveis (Biotecnologia), cerâmica, reciclagem Ferramentas: máquinas para ajudar a mente (computadores e eletrônica) Método de produção: robôs Sistema de transporte: espacial Sistema de comunicação: comunicação individual ilimitada por meio eletrônico Economia Colheita, caça e pesca. Local, descentralizada e autosuficiente. Produção para consumo. Divisão do trabalho em função da comunidade: nobreza, sacerdotes, guerreiros, escravos e servos. A terra é o recurso fundamental. Economia de mercado nacional, a unidade econômica é produção de bens padronizados, tangíveis, com divisão entre produção e consumo. Divisão da mão de obra baseada em habilidades, em modo d e trabalho. O capital físico é o recurso fundamental. Economia global integrada cuja atividade econômica central é a provisão de serviços baseada em conhecimento. Maior fusão entre produtos e consumidor. Organizações empreendedoras de pequeno porte. Capital humano é o recurso fundamental. Sistema Social Pequenos grupos ou tribos. Esquema familiar estratificado com definições claras das funções em virtude do sexo. Educação limitada à elite. Familia nuclear com divisão de papéis entre os sexos e instituições imortais que sustentam o sistema. Os valores sociais enfatizam conformidade, elitismo e divisão de classes. A educação é em massa. O indivíduo é o centro com diversos tipos de famílias e fusão dos papeis sexuais com ênfase na auto-ajuda e nas instituições mortais. Os valores sociais enfatizam a diversidade, a democracia e o individualismo. Sistema Político Tribo: unidade política básica na qual os anciãos e chefes governam. Feudalismo: leis, religião, classes sociais e políticas atreladas ao controle das terras, com autoridade transmitida hereditariamente. Capitalismo e marxismo: leis, religião, classes sociais e políticas são modeladas de acordo com os interesses da propriedade e do controle do capital. Nacionalismo: governos centralizados e fortes tanto como forma de governar quanto na forma ditatória. Cooperação global: instituições são modeladas com base na propriedadee no controle do conhecimento. Paradigma Mundo visto em termos naturais. Base do conhecimento: matemática e Astronomia. Ideias centrais: humanidade vista como controlada pelas forças superiores (deuses), religiosidade, visão mística da vida, sistema de valores com ênfase na harmonia com a natureza. Base do conhecimento: Física e Química. Ideias centrais: os homens se colocam como controladores do destino num mundo competitivo, com a crença de que uma estrutura racional pode produzir harmonia num sistema de castigos e recompensas. Base do conhecimento: Eletrônica, Quântica, Biologia, Molecular, Ecologia. Idéias centrais: os seres humanos são capazes de transformação contínua e de crescimento (pensamento com cérebro integrado). Sistema de valores enfatiza o indivíduo autônomo numa sociedade descentralizada com valores femininos dominantes. Fonte: adaptado de Antunes (2000) 88 2.2 COMPREENDENDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO A Gestão do Conhecimento possui diferentes e variadas defi nições, o que difi culta defi nir, com precisão, o entendimento sobre o conceito. Isso se deve ao fato de que muitos estudiosos generalizam as descrições, o que estimula maior abrangência do conceito. Para alinharmos o nosso entendimento sobre o que vem a ser a Gestão do Conhecimento, propomos a defi nição de Thurow (1997 apud ANGELONI, 2008) que menciona essa gestão como uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir, plenamente, os objetivos organizacionais. A Gestão do Conhecimento é o segmento da Administração que trata das questões críticas de adaptação, sobrevivência e competência organizacional face ao processo turbulento de mudanças. Tem como objetivo reunir processos organizacionais que produzam combinações sinérgicas entre dados, capacidade de processamento de informações e capacidade inovadora de recursos humanos. A sua missão é orientar a empresa inteira para produzir conhecimento – o bem mais valioso da nova economia – e descobrir formas de aproveitar, difundir, combinar e lucrar com o conhecimento (THUROW, 1997 apud ANGELONI, 2008). Gestão do conhecimento se refere às diretrizes, políticas e práticas que uma organização usa para criar e transferir informação (por exemplo: documentos, patentes, processos intangíveis, modelos, métodos de trabalho, etc.), que dá suporte ao desempenho das pessoas nessa organização. Gerenciar esse “conhecimento” engloba coisas como assegurar que o tipo apropriado de informação corporativa seja adquirido, organizado, armazenado, preservado, distribuído e reutilizado adequadamente em novas situações (THUROW, 1997 apud ANGELONI, 2008, p.13). Em suma, a Gestão do Conhecimento assegura que a informação correta esteja disponível e seja utilizada pelas pessoas corretas no momento correto. A informação e o conhecimento são as armas mais competitivas de nossa era, por isso, este último é mais valioso do que grandes indústrias ou invejáveis poderes econômicos. Em todos os setores, as empresas bem-sucedidas são as que têm as melhores informações ou as que controlam essas informações de forma mais efi caz, ou seja, as empresas de sucesso não são necessariamente as mais fortes, e sim as que possuem algo muito mais valioso do que o seu ativo físico ou fi nanceiro: possuem capital intelectual. “A Gestão do Conhecimento pode ser vista como uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização” (THUROW, 1997 apud ANGELONI, 2008, p. 26). ATENÇÃO 89 Estamos na era do conhecimento, em que o maior e mais precioso bem das organizações são seus colaboradores e, quanto melhores, mais capacitados e mais eficazes eles forem, mais preparada a empresa estará para os desafios do mercado. O atual ambiente de mercado exige agilidade bem como altos índices de eficiência e de eficácia, o que está levando as organizações a enxugar todos os processos que não agregam valor e a redesenhar os remanescentes, a fim de buscar um ponto de excelência. Nesse contexto, o fluxo de informações, assim como o conhecimento gerado em sua decorrência são as principais características das atuais sociedades industrializadas. O ambiente de inovações propiciado por esse fluxo é a tônica de nossa realidade, portanto, as organizações que pretendem se manter no mercado não devem se furtar de acompanhá-lo. O conhecimento gerado nesse cenário que tende à globalização, contudo, passou a ser alicerçado em novos padrões que alteraram as relações de produção e os processos de trabalho. Percebe-se que, nas empresas, a necessidade de compartilhar conhecimentos se torna cada vez mais um diferencial a ser almejado e cultivado. Tal situação deve-se ao fato de que, atualmente, tendem a sobreviver no mercado aquelas empresas as quais detêm certa vantagem competitiva em relação às outras, mas, para que isso aconteça, é necessário que elas passem por mudanças de comportamento empresarial. Estas, em sua maioria, estarão relacionadas à tecnologia da informação (ANGELONI, 2008). A Gestão do Conhecimento quer mostrar às organizações as quais desejam se manter no mercado globalizado e competitivo o seguinte: é necessário fazer uma reciclagem de conhecimentos de cada indivíduo que compõe a empresa, visando à interação e à troca de informações mais eficientes. Numa era de busca frenética pela competitividade, o conhecimento passou a ser uma ferramenta imprescindível como recurso competitivo tanto nas empresas quanto no universo econômico. Em uma organização, portanto, incorporar o conhecimento a produtos e serviços representa atuar, com mais condição de competitividade, no mercado (ANGELONI, 2008). Vale destacar que a Gestão do Conhecimento é muito mais um modo de ser (praticar) do que um recurso sujeito à compra. Dedicada a zelar dos ativos intangíveis corporativos de valor, essa gestão deve ser praticada amplamente por todos nas organizações, sendo relevante aprender, logo no início, que, longe de ser algo possível de comprar, a Gestão do Conhecimento é algo construído com trabalho, coerência e dedicação (FIGUEIREDO, 2005). De acordo com Figueiredo (2005), trata-se de um modelo de gestão dedicado a alavancar, multiplicar e gerar riquezas a partir do capital intelectual e do conhecimento da organização, sendo um conjunto de técnicas, posturas e condutas dedicadas ao zelo do saber organizacional, pois, atualmente, as verdadeiras promessas de geração de riquezas estão no conhecimento. O grande patrimônio deixou de ser terras, máquinas ou propriedades, a verdadeira capacidade de a empresa prosperar, perpetuar e gerar riquezas está, de fato, muito mais no capital intangível do que no capital tangível. 90 2.3 RELEVÂNCIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO Atualmente, as organizações necessitam lidar com uma dinâmica de mercado bem mais complexa se comparada à realidade há algumas décadas, uma vez que fatores como globalização, tecnologia e mudanças no comportamento dos consumidores têm exigido das empresas não só flexibilidade como capacidade de se adequarem permanentemente. Nesse contexto, a atuação das pessoas passa a ser o diferencial produtivo, pelo fato de ser o único recurso vivo inteligente capaz de realizar a interação sinérgica entre os demais, tornando-se relevante para o sucesso das organizações. Essa nova forma de entender a importância das pessoas no ambiente organizacional altera o conceito e a forma de estabelecimento das relações de trabalho bem como a natureza da atividade das pessoas e o seu modo de atuação, levando, assim, à criação de uma nova linguagem, fruto da comunicação que é fundamental à realização das atividades. Nessa nova configuração, a ação da palavra e das atitudes – no ato de comunicar o conhecimento encontrado no local de trabalho – ganha identidade própria, tornando-se imprescindível para a Gestão do Conhecimento.Complementando a ideia sobre a importância da comunicação como forma de transmissão de conhecimentos, temos como exemplo estudos que nos mostram o seguinte dado: menos de 20% do conhecimento corporativo é apreendido. Se não bastasse isso, menos de 20% do que é apreendido é reutilizado ou empregado em novas situações. Perceba como o principal desafio é ir além do simples mapeamento ou formalização dos conhecimentos existentes na organização. Com base nisso, podemos afirmar que as organizações necessitam projetar o sistema de Gestão de Conhecimento de forma a potencializar a informação, ou seja, transformar o conjunto de informações encontradas e mapeadas em conhecimento acessível e útil ao dia a dia das pessoas e das próprias organizações. O avanço da ciência e da tecnologia, especialmente nas últimas décadas do século XX, trouxe o aumento da importância do conhecimento para a elaboração de produtos. O conhecimento é um elemento fundamental ao sucesso de uma empresa, pois não está contido apenas em documentos, dados e sistemas de informação, mas também nos processos, práticas e na experiência acumulada pelas pessoas. Tangível e intangível são termos que dizem respeito a itens que podem ou não ser tocados. Exemplos de tangíveis: carros, peças de roupas, objetos materiais. Enquanto intangíveis não são perceptíveis ao tato, são impalpáveis. Exemplos: capital intelectual, direitos autorais, marcas e outros. NOTA 91 Essa tendência pode ser explicada pela crescente importância do conhecimento e da inovação no processo de produção. O conhecimento é a chave para a criação de um ambiente de trabalho mais eficaz e para a obtenção de resultados melhores. Os processos de gestão e a tomada de decisões são fundamentais ao êxito empresarial, e essas estratégias são influenciadas pelo conhecimento. Assim, é possível afirmar que o conhecimento tem se tornado, cada vez mais, o principal ativo de qualquer empresa. É necessário compreender como o conhecimento é gerado, compartilhado e aplicado, a fim de que a empresa possa obter vantagens competitivas duradouras. A Gestão do Conhecimento, muitas vezes, ajuda a aumentar a produtividade e a criar oportunidades de inovação, o que pode ser decisivo para o sucesso da empresa. Por isso, o conhecimento está em primeiro lugar para qualquer empresa que deseja ser bem-sucedida, ele garante a inovação, a competitividade e, consequentemente, a sobrevivência e o sucesso de qualquer organização. O gerenciamento do conhecimento deve ser a prioridade de qualquer empresa cujo objetivo seja o êxito. É importante identificar, organizar e gerir os conhecimentos necessários à empresa, a fim de que ela tire o máximo proveito dessas informações ao usá-las para o seu benefício. O capital intelectual deve ser entendido como um recurso tão importante quanto o capital material, porque o conhecimento é o que permite às empresas serem competitivas e rentáveis. Hoje em dia, as empresas estão começando a ver o conhecimento como um ativo intangível, portanto, estão se esforçando para desenvolver e gerenciar o seu capital intelectual. As empresas devem criar sistemas e processos para ajudar a aumentar os ganhos com o conhecimento, como: a criação de uma cultura de aprendizagem, a definição de políticas e procedimentos destinados a criação, armazenamento, manutenção e compartilhamento de conhecimento. Além disso, é necessário estimular a inovação bem como a criatividade, o que inclui o incentivo ao desenvolvimento de novos produtos, serviços e processos. Por fim, as empresas devem utilizar ferramentas de Gestão do Conhecimento para garantir que o conhecimento seja não só compartilhado, mas utilizado de forma eficaz. 2.4 CONHECIMENTO COMO RECURSO ECONÔMICO Antes de entrarmos no aspecto econômico do conhecimento, é importante entender o que significa conhecimento. Pois bem, durante toda a história da humanidade, filósofos, cientistas e estudiosos sempre tentaram definir o significado do termo “conhecimento”, porém vale ressaltar que existe muita dificuldade de definição do tema. Entretanto, Davenport e Prusak (1998, p. 11) sugerem uma definição funcional 92 para o termo: “Conhecimento é uma mistura fl uida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações”. Em outras palavras, conhecimento é a capacidade de utilização das experiências e informações de tal forma que resulte em uma ação efi caz. Após esse entendimento, daremos continuidade ao nosso conteúdo, por meio da abordagem do conhecimento como um recurso econômico. O conhecimento é um recurso inerente ao ser humano, portanto, diferencia-se, em alguns aspectos, dos demais recursos existentes. Vejamos algumas dessas diferenças, a seguir: • O conhecimento é um recurso ilimitado, pois a pessoa o aprimora à medida que o desenvolve, diferentemente de alguns recursos naturais que se esgotam com o tempo, os quais eram básicos na base da Sociedade Industrial. • Ele contribui para minimizar o consumo dos outros recursos à medida que é empregado no aperfeiçoamento das técnicas existentes. Está associado ao desenvolvimento de novas tecnologias. • Ele é propagável e utilizado para gerar progresso quando empregado em seu sentido científi co e materializado sob a forma de produto, serviço ou tecnologia. • O conhecimento está distribuído pelo mundo e descentralizando a riqueza, porque está nas mãos daqueles que souberam criar, mobilizar e organizar o conhecimento, diferentemente da época industrial, quando a riqueza pertencia a quem detivesse os recursos naturais e o capital. Tangível e intangível são termos que dizem respeito a itens que podem ou não ser tocados. Exemplos de tangíveis: carros, peças de roupas, objetos materiais. Enquanto intangíveis não são perceptíveis ao tato, são impalpáveis. Exemplos: capital intelectual, direitos autorais, marcas e outros. ATENÇÃO 2.5 GERAÇÃO DE RENDA POR MEIO DO CONHECIMENTO As características apontadas nos levam a um aspecto de difícil consenso: o valor do conhecimento. À terra, ao capital e ao trabalho pode-se atribuir um valor econômico, mas, em relação ao conhecimento, uma vez classifi cado como recurso econômico, a atribuição de um valor monetário torna-se um verdadeiro desafi o técnico e científi co, 93 dadas as suas características subjetivas. Assume-se que o conhecimento agrega valor, a grande questão é como mensurar esse valor. O conhecimento está aliado aos recursos básicos, até então indispensáveis para o desenvolvimento da economia. A situação econômica está em processo de mudança e, como sabemos, mudanças geram novas necessidades. O conhecimento – considerado na definição de seu conceito – é o novo recurso necessário, as organizações contemporâneas buscam constantemente aprimorar os seus conhecimentos, tecnologia e, principalmente, a qualificação de sua mão de obra, o que, como consequência, impacta diretamente na sua forma de atuar, nos seus métodos de operacionalização, na agilidade de resposta ao mercado, no atendimento de seus clientes e na sua capacidade de inovar. Portanto, o uso adequado do conhecimento passa a ser um dos maiores geradores de renda para as organizações. Em outras palavras: podemos considerar que o conhecimento técnico, por sua vez, é o principal meio para aumentar a produtividade dos trabalhadores, pois possibilita o aumento da produtividade tanto do capital físico quanto do humano. A educação é a forma mais eficaz de aumentar o capital humano e, consequentemente, o PIB per capita. Além disso, a educação possibilita a aquisição de habilidades e conhecimentos técnicos que aumentam a produtividade do trabalho e, consequentemente, a produção agregada. Assim, a educação é a chave do desenvolvimento econômico. Assim como projetos que envolvam a transferência de tecnologias para áreas menos desenvolvidas, a capacitação da população em relaçãoao uso da tecnologia deverá ser incentivada. É necessário, também, investir em infraestrutura de qualidade – energia, transporte, água, saneamento e telecomunicações – pelo fato de elas serem essenciais a qualquer desenvolvimento. Além disso, as políticas de inovação deverão ser alinhadas com as diretrizes de desenvolvimento sustentável, de modo a promover o crescimento da região sem comprometer o meio ambiente. 3 COMO IMPLEMENTAR A GESTÃO DO CONHECIMENTO O processo de gestão e criação do conhecimento inicia-se com o alargamento do conhecimento individual dentro da própria organização, todavia será a articulação social que garantirá a implementação da Gestão do Conhecimento. O primeiro passo é identificar quais são os conhecimentos existentes na organização, a partir de reuniões, entrevistas, questionários, análises de documentos, entre outras formas. Em seguida, é necessário promover a partilha desse conhecimento entre todos os envolvidos, promovendo o debate e a reflexão acerca do assunto. Uma forma de unificar as etapas e variáveis necessárias para a implementação da Gestão do Conhecimento é a adoção de uma abordagem holística, a qual considera 94 todos os fatores envolvidos no processo. Essa abordagem inclui a identificação das necessidades do conhecimento, a criação de mecanismos para o compartilhamento dele, a construção de uma cultura colaborativa e a monitorização das atividades. O comprometimento pessoal dos membros da organização é essencial ao sucesso do processo de Gestão do Conhecimento, assim como a criação de mecanismos que incentivem a troca de experiências, a valorização da colaboração, a responsabilização e a criação de um ambiente inovador. Além disso, é importante criar um sistema de monitoramento que permita às organizações acompanhar a evolução do conhecimento bem como identificar e corrigir eventuais desvios. Uma das principais abordagens para a Gestão do Conhecimento é a aplicação de uma metodologia chamada Knowledge Management Framework (KMF), uma estrutura a qual descreve as etapas necessárias para o sucesso dessa gestão, cujas principais são: a aquisição, o armazenamento, o compartilhamento e a utilização do conhecimento. Além disso, a KMF também descreve as variáveis que afetam essa gestão: a cultura organizacional, a tecnologia, as habilidades e competências, a motivação, os processos, as políticas e estruturas organizacionais. As etapas e variáveis descritas pela KMF são importantes para garantir a implementação bem-sucedida da Gestão do Conhecimento e para ajudar as organizações a obterem o máximo de benefícios em suas iniciativas de gestão. Essa abordagem pode ser alcançada por meio de frameworks de Gestão do Conhecimento que incluam variáveis, tais como: • Incentivos para compartilhamento de conhecimento: oferecer incentivos financeiros ou em outras formas, a fim de incentivar o compartilhamento de conhecimento entre os membros da organização. • Desenvolvimento de habilidades: desenvolver as habilidades adequadas para a Gestão do Conhecimento, incluindo treinamento, seminários e outras formas de capacitação. • Cultura de colaboração: criar, na organização, uma cultura a qual incentive a colaboração entre os colaboradores e estimule o compartilhamento de conhecimento. • Planejamento estratégico: definir estratégias de governança de conhecimento, para garantir que as estratégias da organização estejam alinhadas com os objetivos de gestão dele. • Tecnologia: uso de tecnologias de informação voltadas a armazenar, recuperar e disseminar informações. • Processos: estabelecer processos para monitorar e avaliar o desempenho do conhecimento e criar um ambiente voltado ao compartilhamento dele. • Métricas: definir e monitorar métricas que meçam o desempenho do conhecimento. • Avaliação dos resultados: avaliar e monitorar os resultados da Gestão do Conhecimento, a fim de garantir que os objetivos sejam alcançados. A partir desse momento, as empresas devem estabelecer mecanismos e ferramentas que permitam o gerenciamento, o compartilhamento e a disseminação 95 do conhecimento, como a criação de bancos de dados e sistemas de informação. O objetivo é permitir que as pessoas possam acessar e compartilhar informações de forma eficiente, consciente e colaborativa. As organizações precisam promover a criação de comunidades de aprendizagem, onde os profissionais possam se conectar, trocar experiências e informações. Por fim, a Gestão do Conhecimento também inclui a mensuração de seus resultados por meio de indicadores de desempenho. Assim, as empresas podem avaliar o impacto dessa gestão na organização e, se necessário, aprimorar a sua implementação. 4 MUDANÇA NO CONTEXTO EMPRESARIAL E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL PARA MUDANÇAS A mudança sempre esteve presente no contexto empresarial e, por vezes, representou e representa o próprio desenvolvimento econômico e social de determinada sociedade. Drucker (1970 apud ANGELONI, 2008) nos assegura essa ideia ao afirmar que “a única certeza que podemos ter é a certeza da mudança”. Entende-se por mudança, a fase de transição de uma situação para outra. A ação de alguma força maior acarreta a quebra do estado de equilíbrio existente. As organizações modernas estão enfrentando ambientes dinâmicos, o que provoca alterações radicais no modo de essas organizações serem gerenciadas. O sucesso ao impasse está na capacidade que os gestores têm de aprender a aprender o novo e de desaprender o passado, o obsoleto, ou seja, passa por uma reconceitualização dos modelos mentais de cada indivíduo, refletindo, por conseguinte, na própria mudança de atitude da organização como instituição constituída (ANGELONI, 2008). Como já vimos, durante séculos, a sociedade transitou por várias fases e, historicamente, estamos vivenciando a fase da Sociedade do Conhecimento. É de extrema importância termos a seguinte consciência: da mesma maneira que a sociedade econômica se desenvolve, as organizações e as pessoas precisam acompanhar o ritmo da mudança. O processo de mudança no contexto empresarial ocorre quando surgem novos conhecimentos que levam a novas tecnologias, as quais são empregadas em busca do desenvolvimento econômico/empresarial. Este, naturalmente, acarreta mudanças nos subsistemas social, político, econômico e organizacional. O que diferencia a atual fase das demais é a velocidade com a qual as mudanças têm acontecido, exigindo das organizações mais flexibilidade bem como capacidade de se adaptar ao novo cenário. É comum encontrarmos organizações que ainda atuam com modelos administrativos baseados em linhas de produção e mercado de massa, nos quais o principal objetivo é aumentar a capacidade produtiva e a distribuição. No entanto vivemos uma realidade em que esses objetivos não se aplicam mais, o foco tornou- se o atendimento das expectativas dos clientes, ocasionando profunda mudança na 96 concepção das estratégias empresariais, afetando diretamente os seus modelos de gestão e métodos de produção. Nesse sentido, podemos evidenciar o fato de que são muitas as alterações vivenciadas pelas organizações, nesses últimos anos. Estando em plena Era da Informação, na qual temos o conhecimento como um dos componentes desse novo cenário, os avanços tecnológicos, a comunicação, a globalização e as reestruturações. É possível afirmar que o conhecimento vem sendo utilizado como recurso estratégico, gerando vantagem competitiva duradoura. A partir da década de 1990, com a abertura comercial, surgiram metodologias – downsizing, reengenharia, terceirizações, entre outras – que prometiam a solução de grande parte dos problemas das empresas. Com o objetivo da transformação, muitas organizações investiram as suas apostas nessas novas concepções, entretanto o que evidenciamos é a constante necessidade de as empresas se “reinventarem”, principalmente em decorrência do avanço tecnológico, este possibilita que as empresas, para garantir a sustentabilidade no negócio,programem as mudanças necessárias e mantenham-se no mercado. É necessário que as organizações consigam gerar respostas rápidas, com base na eficiência operacional e na tomada de decisão eficaz, porém obter sucesso em ambientes complexos exige constantes mudanças, manter-se na vanguarda das tecnologias torna-se um desafio permanente. O mundo empresarial vivencia um momento no qual a tendência é o volume e a velocidade das mudanças aumentarem cada vez mais. Para as organizações, só resta acompanhar todo esse movimento e, ao mesmo tempo, buscar a própria transformação, seja em nível estratégico, seja em nível gerencial e de estrutura, seja nos modelos de gestão. Acadêmico, leia o artigo O grande desafio empresarial de hoje: a Gestão do Conhecimento, publicado por Raquel Rutina Korobinski. A autora aponta a Gestão do Conhecimento como uma estratégia central para desenvolver a competitividade de empresas e países, discute o investimento em pesquisa bem como o desenvolvimento e os avanços da tecnologia gerencial relacionada à Gestão do Conhecimento. Korobinski apresenta, além das tecnologias de informática e de telecomunicações, as conclusões acerca das teorias sobre criatividade, aprendizado individual e organizacional. Disponível em: https://brapci.inf.br/_repositorio/2010/11/pdf_ a538b90aab_0012738.pdf. DICA 97 4.1 TIPOS DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL A mudança no contexto organizacional é impulsionada por fatores do ambiente externo e interno que interferem na capacidade tanto de produzir quanto de atrair os recursos materiais e humanos. Os fatores envolvendo o ambiente externo são provocados por determinadas forças, como: concorrentes, clientes, fornecedores, economia, política, tecnologia, legislação, cultura. Os fatores que envolvem o ambiente interno são voltados para a reformulação de objetivos e a identificação de problemas e necessidades da própria empresa. Ao trabalhar com a mudança, o gestor tem a possibilidade de adotar dois métodos distintos, sendo eles: a mudança planejada e a mudança não planejada ou de reação (ZABOT; SILVA, 2002). O primeiro método – a mudança planejada – visa à criação de um programa que envolve investimento de tempo e recursos de forma racionalizada, com o objetivo de modificar um estado atual da organização. O segundo método – a mudança não planejada ou de reação – ocorre por meio de ações que não tiveram planejamento destinadas a estabelecer mudanças para adequar, de forma rápida, as necessidades conforme as alterações do ambiente (ZABOT; SILVA, 2002). 4.1.1 Mudança planejada Os programas de mudança planejada destinam-se a racionalizar os investimentos de tempo e recursos feitos pela organização, de forma a direcionar as ações, identificando o que e como fazer, além de esclarecer quais aspectos organizacionais devem ser mudados. Lewin (1951 apud ZABOT; SILVA, 2002) estabelece três momentos para o processo de mudança planejada: descongelamento, mudança e recongelamento. • Descongelamento: implica tornar a necessidade de mudança comum ao indivíduo, grupo ou organização, de modo que todos possam perceber e aceitá-la prontamente. • Mudança: diz respeito ao estabelecimento de novos padrões de comportamento, geralmente, impulsionado por um agente de mudança interno ou externo. Junto aos indivíduos, esse agente auxilia na criação de situações cujos novos valores, atitudes e comportamentos serão apropriados. • Recongelamento: trata da cristalização do novo modelo, ou seja, a consolidação do novo padrão de comportamento. Ao mudar, os indivíduos vivenciarão os resultados desse processo, podendo se beneficiar com o modelo assumido. 98 4.1.2 Processo de Mudanças de Lewin O Modelo de Gerenciamento de Mudanças de Lewin é um mecanismo útil para ajudar as pessoas a compreender e a lidar com a mudança. Quando usado corretamente, ele auxilia os indivíduos a navegar pelas etapas de mudança de maneira eficaz e com o mínimo de resistência. É um método que apoia o gerenciamento de mudanças na organização, pois ajuda os líderes a entender como as pessoas reagem a elas, como essas reações podem ser controladas e como mudanças podem ser implementadas de forma eficaz. O modelo também fornece um roteiro a ser usado como guia aos líderes enquanto implementam mudanças. Figura 1 – Processo de Mudanças de Lewin Fonte: adaptada de Zabot e Silva (2002) Para Zabot e Silva (2002), uma organização é mudada quando são alteradas a sua estrutura, a sua tecnologia ou o seu pessoal. A mudança da estrutura envolve a reformulação de seus sistemas internos, por exemplo, os processos, o fluxo de trabalho ou a hierarquia estabelecida. A mudança da tecnologia significa alterar os equipamentos e sistemas, adequando a tecnologia de informação à estrutura e às pessoas. A mudança do pessoal envolve alterações no treinamento, nas políticas de RH, no comportamento e na postura assumida pelos membros da organização. É importante destacar que essas mudanças não ocorrem isoladamente, ao contrário, ocorrem de forma sistemática, uma afetando a outra e provocando efeito multiplicador. Segundo Zabot e Silva (2002), as técnicas de intervenção e mudança organizacional planejada baseiam-se na ciência do comportamento. São estabelecidas, de maneira contínua e ininterrupta e, quase sempre, envolvem uma visão em médio e longo prazos bem como mudanças culturais e comportamentais, feitas com base em 99 um diagnóstico prévio, seguindo um enfoque interacional, pelo qual a estratégia surge como resultado da aprendizagem dos membros envolvidos. 4.1.3 Mudança não planejada Para o adequado entendimento do processo de mudança não planejada, é necessário considerar o ambiente sob o qual as organizações atuam. Segundo Zabot e Silva (2002), encontramos três tipos: ambiente estável, em transformação e turbulento. A maneira como a organização lida com esses ambientes, certamente, será equivalente aos resultados. Em ambientes altamente competitivos, complexos e turbulentos, as tarefas precisam ser redefinidas constantemente, a fim de acordarem com o movimento do mercado. Algumas empresas conseguem desenvolver a capacidade de se adaptar com mais facilidade, enquanto outras demonstram mais resistência, isso pode ocorrer em função do sistema organizacional que, por sua vez, é caracterizado como sistema mecanicista ou sistema orgânico. De acordo com Stoner (1985 apud ZABOT; SILVA, 2002), num sistema mecanicista, as atividades são divididas em tarefas separadas e especializadas, o poder segue a ordem hierárquica. Num sistema orgânico, os indivíduos atuam em grupos, há menos ênfase em dar ou receber ordens e a comunicação acontece em todos os níveis. O sistema orgânico, afirma o autor, é o mais apropriado a ambientes turbulentos e complexos, pois são nesses ambientes que ocorrem as mudanças não planejadas. Geralmente, as técnicas de mudança não planejada exercem forte impacto sobre a organização e, por esse motivo, são chamadas de mudanças radicais. São consideradas assim pelo fato de provocarem profundas alterações nos processos, na estrutura ou, até mesmo, no reposicionamento do negócio. Essas decisões são tomadas pela Alta Administração e, muitas vezes, tornam-se a única alternativa de sobrevivência no mercado. 4.2 CONSEQUÊNCIAS DAS MUDANÇAS Perceba que, apesar de todo esforço e investimento nos processos de mudança planejada e de melhoria contínua, muitas organizações não conseguem resolver o problema da competitividade. É nesse momento que a mudança radical ou, ainda, a terapia de choque costuma ser utilizada. Diante de uma oportunidade ou situação- problema, a organização, de forma súbita, altera os rumos do negócio, produtos, processos bem como sua forma de operar. Muitas vezes, a fim de se adaptar a um contexto, outras vezes, para surpreender o mercado. Zabot e Silva (2002) dizem que é preciso provocar choques profundos para programar mudanças efetivas e conseguir a cura da falta de produtividade, porém essa é 100 umasolução superfi cial para problemas complexos. Os efeitos colaterais do tratamento de choque podem ser desastrosos para a organização, muitos métodos de choque já foram utilizados sem muito sucesso, tais como o downsizing e a reengenharia. A aceitação de mudanças costuma ser um processo gradual e, muitas vezes, requer um trabalho de consciencialização e motivação tanto dos indivíduos quanto dos grupos envolvidos. É importante os intervenientes na mudança estarem conscientes de que elas são fundamentais à organização, que trazem benefícios e, se aceitas e compreendidas, contribuem com o desenvolvimento. É necessário que os responsáveis pelas mudanças comuniquem, de forma clara e transparente, os objetivos e metas, ofereçam formação adequada, desenvolvam estratégias para estimular a aceitação dos novos processos, identifi quem os principais promotores e atuem sobre os principais fatores de resistência possíveis de afetar a mudança. A comunicação também desempenha um papel importante na redução da resistência à mudança. A disseminação de informações adequadas para todos os níveis da organização é uma ferramenta essencial na redução da resistência e na garantia de que a mudança será compreendida e aceita. O envolvimento ativo, assim como o feedback de todos os envolvidos na mudança também são fundamentais no processo de comunicação. Por fi m, treinamentos específi cos e o desenvolvimento de novas competências são fundamentais para apoiar as pessoas na adaptação às novas circunstâncias. Acadêmico, sugerimos a leitura do livro Gestão de Conhecimentos e os Desafi os da Complexidade nas Organizações, de Luiz Felipe Quel. O objetivo principal desta obra é estimular discussões sobre a percepção da complexidade nas organizações empresariais, evidenciando-a por meio de seu maior representante que, por natureza, é o conhecimento. Este, como fenômeno complexo, deve ser entendido e aproveitado. DICA Acadêmico, assista a este vídeo que mostra, por meio de uma animação, uma popular experimentação científi ca do fi m dos anos 1960. Um grupo de cientistas colocou cinco macacos em gaiolas e, no meio, uma escada com bananas no topo. Todas as vezes que um macaco subia a escada, os cientistas jogavam água fria nos que não subiam, então, a mudança de comportamento ocorria. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_8zA18LkPR4&t=3s DICA 101 4.3 RESISTÊNCIA À MUDANÇA Toda organização, ao desenvolver um processo de mudança, planejada ou não, deve considerar a possibilidade de desencadeamento da resistência à mudança. Um dos principais desafios para os gestores é atuar de forma a promover as mudanças necessárias à sobrevivência da organização e encontrar meios de minimizar essa reação automática do ser humano, que é a resistência. A seguir, buscaremos entender, um pouco mais, a resistência e, também, quais métodos podem ser utilizados para minimizar o impacto da resistência humana frente ao processo de mudança organizacional. Como é possível perceber, a resistência à mudança sempre foi alvo de muitos estudos, ela é considerada um dos desafios mais fortes às organizações contemporâneas. É importante entender que o gestor exerce o papel de agente de mudanças e, certamente, terá de administrar situações de resistência. Stoner (1985 apud ZABOT; SILVA, 2002) discorre sobre a existência de três fontes de resistência à mudança: • Incerteza quanto às causas e aos efeitos da mudança: esta reação busca evitar a incerteza; as pessoas costumam estar inseguras quanto à capacidade de absorver novas informações, conhecimentos ou qualificações. • Falta de disposição para abrir mão de benefícios existentes: apesar de a mudança trazer benefícios para toda a organização, no pensamento de algumas pessoas, o custo dela em termos de perda de poder, prestígio, qualidade do trabalho ou outros benefícios particulares não será suficiente para compensá-la. • Consciência das fraquezas das mudanças propostas: os indivíduos resistem à mudança por perceberem problemas potenciais, aparentemente, desconsiderados pelos agentes de mudança. Esta forma de resistência pode ser considerada útil à organização, uma vez que, ao investigar as causas da resistência, o agente de mudança terá a oportunidade de obter informações e pontos de vista diferentes do seu. 102 Figura 2 – Tipos de resistência à mudança Fonte: adaptada de Zabot e Silva (2002) 4.4 TIPOS DE ACEITAÇÃO DA MUDANÇA Observe que, geralmente, as pessoas aceitam as mudanças de maneiras diferentes. Elas aceitam, por exemplo, positivamente, ou adotam uma postura de simples aceitação, elas também podem ser proativas e, além de aceitar, buscam participar ativamente do processo. Por outro lado, há chance de as pessoas se comportarem de forma negativa às mudanças na empresa. Para reforçar essa ideia, Chiavenato (1998, p. 249) nos diz: As pessoas podem mudar porque são simplesmente estimuladas ou coagidas para isso, como podem acomodar-se à mudança, habituando-se a um comportamento rotineiro e cotidiano, como também podem reagir negativamente à mudança através de um comportamento de defesa para manter o status quo ou ainda tentar obstruir de maneira velada ou aberta qualquer tentativa de mudança dentro da empresa. 103 Perceba que a resistência à mudança é algo quase instintivo do ser humano, muitas vezes, resistimos a situações e pessoas sem sequer percebermos. Segundo Zabot e Silva (2002), a resistência à mudança pode ser consequência de três aspectos: lógicos, psicológicos ou sociológicos. Veremos, com mais detalhes, cada uma dessas variáveis apresentadas pelo autor: • Aspectos lógicos: a resistência lógica decorre do tempo e do esforço requeridos para ajustar-se à mudança, incluindo novos deveres e tarefas a serem aprendidos. • Aspectos psicológicos: ocorrem em termos de atitudes e sentimentos das pessoas em relação à mudança. Elas podem sentir medo do desconhecido, desconfiar da liderança, sentirem-se ameaçadas ou pensar que perderão o emprego. • Aspectos sociológicos: decorrem dos interesses de grupos e dos valores sociais envolvidos. Ambos são forças poderosas do ambiente, por isso, devem ser cuidadosamente consideradas. A resistência às mudanças é sinal de algo errado com a proposta, por conta disso, o gestor deve-se atentar aos possíveis motivos que estejam gerando a resistência e, em seguida, tomar medidas com potencial de a minimizar. Para garantir o sucesso num processo de mudança, o gestor precisa identificar as verdadeiras causas da resistência e estabelecer uma postura flexível, a fim de não ser surpreendido. Kotter e Schlesinger (1979 apud ZABOT; SILVA, 2002) propõem seis maneiras de administrar a resistência à mudança: • Educação e comunicação: o agente de mudança deve estabelecer, junto à organização, uma política de relacionamento a qual disponibilize informações de forma correta e clara acerca de todo o processo. Adotar este procedimento ajuda a reduzir o nível de insegurança e, automaticamente, os possíveis bloqueios. • Participação e envolvimento: a organização representada pelo agente de mudança deve promover a participação dos indivíduos. O processo de mudança, provavelmente, será mais fácil de conduzir se houver a participação das pessoas, principalmente daquelas que, possivelmente, resistirão. • Facilitação e apoio: disponibilizar apoio aos participantes do processo é uma forma de proporcionar feedback e lidar com a resistência. • Negociação e acordo: o agente de mudança deve estar preparado para lidar com situações nas quais, em casos de resistência, prevalecerá a negociação. • Manipulação e cooptação: muitas vezes, para obter a adesão das pessoas, o agente de mudança utiliza a prática da política, porém deve tomar cuidado e evitar que as pessoas se sintam induzidas, manipuladas ou, até mesmo, enganadas, gerando reações negativas e mais resistência. • Coerção explícita e implícita: a coerção também é uma forma de lidar com a resistência. Essa medida, geralmente,é utilizada quando se espera rapidez no processo de mudança. A organização estabelece critérios por meio de ameaça explícita ou implícita, por exemplo, perda de cargo, remuneração ou promoção. 104 4.5 LIDERANÇA NO PROCESSO DE MUDANÇA Perceba que o gestor, ao liderar um processo de mudança, provavelmente, terá de gerenciar situações de resistência e, diante disso, é de extrema importância que esse profissional esteja preparado para tal situação, com pleno domínio das técnicas, aqui, sinalizadas como alternativas em casos de resistência. Porém, antes de optar por uma ou outra estratégia, o gestor deve levantar o máximo de informação possível sobre as pessoas, as equipes, a cultura da empresa e os métodos de trabalhos utilizados bem como tentar entender o porquê de cada questão. Como mencionado, quando existe a resistência à mudança, é sinal de que há algo de errado com a proposta, ou seja, a ideia a ser implementada não está conseguindo atingir as pessoas de forma adequada, ou ainda, as pessoas envolvidas não estão demonstrando interesse e empenho pelo simples fato de não entenderem a proposta ou não enxergar vantagens nela. Nesse caso, podemos afirmar que, em situações de mudanças, o gestor precisa tornar-se um verdadeiro “vendedor de ideias” e, ainda, um incentivador de pessoas, adotando não só uma conduta, mas também uma comunicação transparente, de apoio aos profissionais envolvidos. Somente assim ele conseguirá romper as barreiras promovidas no ambiente organizacional pela resistência humana à mudança. 4.6 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL PARA MUDANÇAS A melhor maneira de melhorar a adaptabilidade é reconhecer e compreender as emoções que acompanham as mudanças no trabalho. Isso significa dar-se a si mesmo o tempo e a consciência para se conectar com as emoções e aceitá-las. Também é importante lembrar que elas são mensageiros úteis, nos ajudam a entender o que está nos incomodando e nos motivam a agir. Uma vez que você se conecte com suas emoções, pode começar a trabalhar para superá-las, criando um caminho para a adaptabilidade. Outra estratégia útil para melhorar a adaptabilidade é a prática da aceitação. Aceitar que a mudança é inevitável e que, às vezes, isso é bom, ajuda a abrir o seu coração e a sua mente às novas possibilidades. É importante lembrar que as mudanças no trabalho não são necessariamente ruins, frequentemente, elas representam uma oportunidade de aprendizado e crescimento. Sempre que uma organização introduzir uma grande mudança, é importante considerar estratégias de inteligência emocional para abraçar e apoiar todo o grupo envolvido: • Crie um plano de transição. Desenvolva um plano detalhado que descreva as etapas necessárias para alcançar a mudança desejada. Isso ajudará a garantir que todos os envolvidos estejam cientes e comprometidos com as mudanças. 105 • Ofereça feedback. Pergunte aos membros da equipe como eles estão se sentindo sobre a mudança e o que eles precisam para ajudar a torná-la bem-sucedida. Ouvir o feedback dos membros da equipe os ajudará a se sentir parte da solução em vez de parte do problema. • Estabeleça metas realistas. A mudança não acontecerá de um dia para o outro, então, estabeleça metas realistas e acompanhe o progresso ao longo do tempo. Mantenha as pessoas informadas sobre as metas e mostre a elas que você está comprometido com o sucesso da mudança. • Estimule a comunicação. Crie um ambiente onde todos se sintam confortáveis para discutir abertamente as mudanças e compartilhar opiniões. Tal atitude ajudará a garantir que todos estejam trabalhando juntos para abraçar a mudança. • Envolva o público-alvo. A mudança será mais bem-sucedida se você incluir os destinatários finais da mudança na tomada de decisões. Ouvir as preocupações e desejos dos principais interessados ajudará a garantir que a implementação seja eficaz e aceita. • Apoie o aprendizado contínuo. A fim de manter a mudança ancorada, é importante criar um sistema de aprendizado contínuo que ajude as pessoas a compreender e aplicar as novas habilidades. Estabeleça sessões de treinamento, grupos de apoio e outras oportunidades de aprender, a fim de garantir que as pessoas tenham as habilidades necessárias para implementar, efetivamente, a mudança. Acadêmico, sugerimos a leitura do livro Gestão do Conhecimento e Inovação das Empresas, de Martius Vicente Rodriguez. A obra, ao abordar alguns temas, como cogeração do conhecimento; análise de valores pessoais e organizacionais; implantação de gestão; modelos e estratégias e estudos de casos, materializa o conhecimento criado por um grupo no qual participam mais de 30 empresas de grande, médio e pequeno porte. Iniciado com o objetivo de acelerar a transferência de conhecimento entre as organizações, o grupo permitiu agregar as mais diversas empresas cuja questão a ser resolvida é: como implantar a Gestão do Conhecimento e Inovação? E como estruturar e manter a função Gestão do Conhecimento e Inovação de modo a agregar valor ao negócio ou propósito da organização? DICA Chegamos ao final deste tema e, certamente, você pôde perceber, de uma forma bem abrangente, os principais efeitos do avanço do conhecimento ao longo do tempo e, principalmente, neste último século, quando tivemos a globalização e as evoluções tecnológicas como impulsionadoras das inúmeras mudanças ocorridas nas últimas décadas. 106 Você pôde perceber, também, que o conhecimento se tornou um fator de alto valor às empresas, pois outros recursos convencionais – terras, estrutura física e capital – perderam espaço para o novo gerador de riquezas, o conhecimento. Ao longo deste primeiro tema, estudamos, ainda, como todas essas revolução e mudanças estão impactando nas organizações, e a realidade é que as empresas estão sendo cada vez mais pressionadas em se manterem atualizadas, na vanguarda das tecnologias e métodos de trabalho de seus respectivos segmentos, porém é importante mencionar que todas essas mudanças também têm provocado fortes impactos na esfera social, alterando profundamente valores, hábitos e costumes há muito tempo estabelecidos, criando uma verdadeira revolução no que podemos chamar de “comportamento do consumidor”. Todas essas mudanças as quais têm afetado a sociedade afetam, inevitavelmente, o interior das empresas. Estas, de um lado, necessitam avançar e evoluir em seus processos, do outro lado, as pessoas, por sua vez, apresentam comportamentos de medo e insegurança, gerando a resistência humana à mudança. Diante disso, tanto empresas quanto gestores devem estar muito atentos quanto às possíveis causas dessa resistência. Sabemos que cada ser humano responde de forma particular a demandas e desafios diários, mas, de acordo com os nossos estudos, é possível analisar a resistência bem como agrupá-las em fatores comuns: fatores lógicos, psicológicos e sociológicos. Diante de situações de resistência, cabe ao gestor observar e identificar as causas e, mediante isso, adotar a melhor estratégia, conforme a situação analisada. Queremos encerrar este tema dizendo que é praticamente impossível implantar um modelo de Gestão do Conhecimento sem se deparar com os inúmeros desafios e, também, com a resistência humana às mudanças. Estamos convictos que essas situações acontecem com frequência e, como gestores, devemos estar preparados para lidar com elas, além de, na medida do possível, antecipá-las de forma estratégica, evitando transtornos, desperdício de tempo e energia. Bom estudo e até o próximo tema, na qual abordaremos as organizações do conhecimento e as suas dimensões. Até lá! 107 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • O que é a Gestão do Conhecimento e como as características da sociedade se apresentam diante dos negócios. • Como implementar a Gestão do Conhecimento: principais processos, métodos e metodologia Knowledge Management Framework (KMF). • Como a mudança interfere no contexto empresarial: os seus benefíciose resistências. • De que forma a inteligência emocional contribui para as mudanças organizacionais. 108 AUTOATIVIDADE 1 Antes de iniciar qualquer mudança, os gestores devem criar um clima que permita a realização da mudança de forma eficaz, sem resistência. Isso pode ser alcançado por meio da comunicação eficaz entre os gestores e os funcionários, promovendo discussões abertas sobre as mudanças propostas e incentivando a participação de todos os envolvidos. É importante lembrar que as mudanças são sempre vistas com desconfiança, por isso, os gerentes devem garantir que as propostas de alterações sejam bem-sucedidas antes de serem colocadas em prática. A seguir, estão alguns dos principais motivos capazes de levar os indivíduos a resistirem às mudanças. Sobre esses motivos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Medo de perder algo de valor. b) ( ) Resistência individual. c) ( ) Medo do desconhecido. d) ( ) Crença de que a mudança não é boa para a organização. 2 Um dos primeiros passos no tratamento da resistência nas organizações é a descoberta da causa dela. Para isso, é importante considerar a opinião das pessoas envolvidas e incentivar o diálogo. Outra maneira de evitar resistência é explicar os benefícios da mudança para a empresa e para o seu pessoal. Compreender as dúvidas e as preocupações dos funcionários, além de fornecer informações claras e completas sobre a mudança. Com base nessas informações, leia, a seguir, algumas das práticas de superação da resistência às mudanças organizacionais que podem ser usadas pela liderança e assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Fatores econômicos, informações desencontradas, hábitos e segurança. b) ( ) Inércia da estrutura e da equipe, foco limitado. c) ( ) Ameaças à especialização, coerção. d) ( ) Educação, participação, comunicação. 3 A transformação pode ser assim entendida: a modificação na forma como a organização opera, como ela se adapta a alterações externas e, ainda, como ela lida com as alterações internas. Para ser bem-sucedida, a transformação deve abranger ações que visam a melhoria da eficiência e da qualidade dos serviços, redução dos custos, a modernização da tecnologia e criação de novas formas de gestão. Além disso, é importante que a transformação seja conduzida de maneira transparente, de forma a incluir todos os envolvidos, a fim de garantir que as modificações sejam 109 bem-sucedidas. Nesse método, o gestor deve se portar como um facilitador tanto de recursos quanto de condições que permitem o desenvolvimento contínuo. O processo, aqui, descrito também pode ser denominado: a) ( ) Clima organizacional. b) ( ) Mudança organizacional. c) ( ) Empowerment. d) ( ) Downsizing. 4 Se hoje vivemos em uma realidade complexa e fazemos uso de tantas tecnologias, é importante sabermos que nem sempre foi dessa forma. O que temos disponível, atualmente, é reflexo de muitos anos de evolução. Partindo das mudanças ocorridas no cenário mundial, relacione e explique as sociedades básicas propostas por Crawford (1994 apud ANTUNES, 2000). 5 Drucker (1970 apud ANGELONI, 2008, p. 56) disse “[...] a única certeza que podemos ter é a certeza da mudança”. Entende-se por mudança a fase de transição de uma situação para outra, ou seja, a ação de alguma força maior acarreta a quebra do estado de equilíbrio existente. Durante séculos, a sociedade transitou por várias fases e, historicamente, vivenciamos a fase da Sociedade do Conhecimento. Considerando a afirmação, descreva o que diferencia a fase atual das anteriores. 110 111 ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO 1 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, as palavras “mudança”, “tecnologia” e “conhecimento” têm sido motivo de muita atenção. Como estudamos, a sociedade e as organizações já vivenciaram três grandes momentos, sendo eles: a Revolução Industrial, a revolução da produtividade e a revolução gerencial. A diferença entre essas e a revolução do conhecimento é a velocidade com que as mudanças, atualmente, acontecem, este fato impulsiona as organizações a aprender, desaprender e reaprender de forma tão rápida quanto ágil. Isso quer dizer que, hoje, vemos o conhecimento como recurso essencial. Terra, mão de obra e capital são importantes, mas onde existe uma gerência eficaz, isto é, a aplicação do conhecimento ao conhecimento, sempre podemos obter novos recursos. Aplicar conhecimento ao conhecimento requer uma forte mudança de postura quanto à forma com a qual as organizações lidam com as informações, a tecnologia e o capital humano (ANTUNES, 2002). As organizações reconhecem que, para a criação e geração de novos conhecimentos, é necessário voltar as atenções ao fator humano, ou seja, é necessário reconhecer os talentos e identificar limitações, é preciso estabelecer uma relação estreita com as questões tecnológicas, estar atento ao mercado e às mudanças tanto quanto aos concorrentes e, também, tanto quanto aos hábitos dos consumidores. A capacidade de aprender e se adequar aos diversos contextos e a admissão do ser humano como fonte geradora de conhecimento são características que marcam as organizações do conhecimento (ANTUNES, 2002). Contudo a força de trabalho também precisa estar em sintonia com a organização, apresentando características e comportamentos que respondam as necessidades da organização à altura. Sem dúvidas, são as pessoas que produzem o conhecimento e fazem isso com o intuito de atender a outras pessoas, portanto, os gestores devem estar atentos para canalizar toda a energia de trabalho em direção dos objetivos organizacionais. Desse modo, é necessário realizar o mapeamento da infraestrutura organizacional, definir as políticas de Gestão de Pessoas bem como implementar uma estrutura de tecnologia de informação capaz de subsidiar as ações das equipes. Atualmente, há convergência entre os estudiosos da ciência administrativa no que se refere à efetiva Gestão do Conhecimento. Consequentemente, o estímulo ao aprendizado, à criatividade e à inovação, no contexto organizacional, está fortemente associado a melhorias no modelo de gestão. UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 112 Nesse sentido, Angeloni (2008) propõe algumas práticas gerenciais comuns às organizações do conhecimento: • Clara definição e comunicação das áreas de conhecimento e competências estratégicas. • Liderança e cultura voltada para experimentação, inovação e busca de desafios. • Trabalho em equipes multidisciplinares. • Criação de diferentes oportunidades para o estabelecimento de contatos pessoais como forma de desenvolver, difundir e assimilar o conhecimento tácito dos funcionários. • Acesso personalizado à informação e ao conhecimento organizacional. • Facilidade e estímulos para qualquer funcionário contribuir com as bases de conhecimento da empresa. • Estímulo à diversidade e ao desenvolvimento pessoal e profissional. • Ampla inserção individual e organizacional ao ambiente externo à organização. Perceba que os itens apresentados caracterizam uma forma especial de conduzir as atividades organizacionais, uma vez que priorizam elementos os quais reconhecem e valorizam o fator humano, a aprendizagem, o uso de tecnologia e uma cultura que permite o amplo acesso das pessoas às informações. É importante destacar que, apesar de parecerem simples, a aplicação e efetivação dessas práticas exige uma mudança cultural baseada em planejamento, forte investimento de tempo e dedicação de todos os envolvidos, sobretudo da gestão (esta deve ser a referência aos demais). Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 2, abordaremos a importância do conhecimento como instrumento de crescimento organizacional, incluindo todas as dimensões nas quais os processos operacionais ocorrem para gerar conhecimento e como a tecnologia pode auxiliar nesse contexto. Vamos lá? 2 DIMENSÕES DAS ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO Você já deve ter percebido que o conhecimento se tornou um recurso de fundamental importância para as organizações, pessoase sociedade de forma geral. Contudo, para que o conhecimento possa existir e, principalmente, ser mapeado e estruturado de forma a ser reaproveitado e potencializado, é necessário compreender que esse processo ocorre por meio da gestão de três dimensões básicas, aqui denominadas dimensões das organizações do conhecimento, sendo elas: infraestrutura organizacional, humana e tecnologia. Essas três dimensões influenciam diretamente o modelo de gestão e impactam fortemente a operacionalização da Gestão do Conhecimento, portanto, devemos nos atentar como cada dimensão está sendo pensada e gerenciada em nossas organizações. 113 A seguir, estudaremos, com um pouco mais de detalhes, as dimensões das organizações do conhecimento, conforme mencionadas. 2.1 DIMENSÃO: INFRAESTRUTURA ORGANIZACIONAL Dentre as dimensões que compõem as organizações do conhecimento, a infraestrutura organizacional é a que contém os elementos responsáveis pela existência e manutenção da totalidade e da continuidade da organização, como: espaço de produção, organização e alocação das pessoas nas funções e setores, disponibilidade de recursos e tecnologia necessários a operacionalização das tarefas e realização dos objetivos. Esses elementos, por sua vez, geram e também são gerados por uma base composta de crenças, princípios, posturas, formas de agir, organizar, coordenar e controlar o trabalho, a qual se manifesta no desenho de grupos de ação, nos códigos de conduta e na construção e busca de objetivos, possibilitando, assim, a reprodução da organização como entidade. O conjunto desses elementos resulta na infraestrutura organizacional, que é de fundamental importância bem como fator condicionante das demais dimensões que compõem as organizações do conhecimento. Oliveira (2009) define estrutura organizacional como o conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades organizacionais de uma empresa, ou seja, é a ordenação e o agrupamento de atividades e recursos, visando ao alcance tanto de objetivos quanto de resultados estabelecidos. É a estrutura organizacional que define como serão estabelecidos os relacionamentos, o fluxo de informação, a troca de experiências e conhecimentos. De modo geral, a estrutura organizacional é facilmente percebida quando existe a sua representação gráfica por meio de organogramas. É importante o gestor saber que existem dois tipos básicos de estrutura: formal e informal. Estrutura informal é a rede de relações sociais e pessoais não estabelecida ou requerida pela estrutura formal. Surge da interação social das pessoas, o que significa que ela se desenvolve, espontaneamente, quando as pessoas se reúnem. Portanto, apresentam relações as quais, usualmente, não são representadas pelo organograma. Enquanto a estrutura formal é aquela deliberadamente planejada e formalmente representada, muitas vezes, por um organograma. Esse modelo de estrutura tem como principais objetivos definir os níveis de responsabilidades, autoridades, comunicações e poder de decisão de cada membro da organização (OLIVEIRA, 2009). O ambiente organizacional exerce considerável influência nas atitudes e ações dos indivíduos nele inseridos. As variáveis que compõem esse ambiente precisam ser consideradas e analisadas quando se pretende entender, efetivamente, o comportamento do indivíduo em face de suas atividades na organização. Assim, por exemplo, a forma como a aprendizagem ocorre, o grau de interação e compartilhamento do conhecimento entre os indivíduos, o desenvolvimento da criatividade e a inovação são processos que 114 refletem os valores da organização, isto é, a forma como tais processos ocorrem está diretamente relacionada aos valores inerentes ao ambiente organizacional que, por sua vez, resultam da infraestrutura ou arquitetura organizacional. Perceba que as organizações atuantes com base no conhecimento estabelecem uma estrutura organizacional possibilitadora de ambiente propício a criação, materialização e disseminação de informações e conhecimentos, de forma tão ágil quanto eficaz. 2.1.1 Modelo Estrutural Estático Este modelo caracteriza-se pela presença de hierarquia, controle e centralização das decisões na liderança. As funções e responsabilidades são decididas de forma rígida e bem definida, com foco na produtividade e no controle de resultados. Nesta estrutura, a inovação é vista como risco, não como oportunidade. 2.1.2 Modelo Estrutural Dinâmico Caracteriza-se por sua flexibilidade e descentralização das decisões. As funções e responsabilidades não estão tão bem definidas, permitindo a colaboração entre as áreas. Empresas que adotam este modelo valorizam a inovação, o trabalho em equipe e o desenvolvimento de habilidades técnicas. 2.1.3 Modelo Estrutural Colaborativo Este modelo tem como principal característica o trabalho em equipes, onde os membros desempenham tarefas de forma compartilhada e colaborativa. O foco é a construção e o compartilhamento do conhecimento para a realização de tarefas em grupo. 2.1.4 Modelo Estrutural Organístico Tem como foco o desenvolvimento de competências individuais, onde cada membro desempenha uma função específica e contribui para o funcionamento geral da organização. O objetivo é otimizar a produtividade individual para contribuir com o crescimento organizacional. 115 2.1.5 Modelo Estrutural de Hipertexto Baseado em Rede Este modelo envolve a criação de redes de relações entre as diversas partes da organização, onde cada pessoa ou equipe participa de forma independente ou em parceria com outras partes. O foco da estrutura é a colaboração, a mobilização de recursos e a criação de resultados de forma colaborativa. A melhor forma de explicar esta estrutura é lançando mão do modelo indicado pelos autores Nonaka e Takeuchi (1997) em seu livro Criação do Conhecimento na Empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Trata-se do modelo da “Estrutura em Hipertexto”. Tal como um texto apresentado em hipertexto, na tela de um microcomputador, a estrutura organizacional em hipertexto também pode ser vista não apenas em um só nível, mas também em outros níveis que apresentam uma conexão lógica. Nesta estrutura, a organização é formada por três diferentes níveis ou contextos. São eles: o nível de negócio, nível de projetos e a base de conhecimento, como mostra a fi gura, a seguir. Figura 3 – Organização em hipertexto Fo nte: adaptada de: http://www.sbgc.org.br/blog/a-inveja-na-gestao-do-conhecimento-parte-ii-ambito-or- ganizacional. Acesso em: 3 abr. 2023. 116 Uma característica marcante no modelo em hipertexto é a coexistência de três níveis ou contextos totalmente diferentes dentro da mesma organização. A empresa que deseja trabalhar com esta estrutura deve adotar mecanismos que garantam a) participação das pessoas; b) pensamento coletivo; c) livre acesso às informações; c) reuniões abertas; d) fluidez na mudança pessoal. A seguir, de acordo com Vargas (2022), veremos uma breve descrição dos três níveis presentes no modelo de estrutura organizacional em hipertexto: • Nível de equipe de projeto: composto por pessoas de diferentes unidades designadas, exclusivamente, para o desenvolvimento de um projeto, desde a fase de concepção até a conclusão. Após o término, a equipe se desfaz, e cada pessoa volta ao seu lugar de origem. As equipes de projeto se engajam em atividades criadoras do conhecimento para o desenvolvimento de novos produtos ou novos serviços. • Nível de negócio: aqui, são realizadas as operações normais de rotina, com intuito de dar continuidade ao negócio. Como a estrutura burocrática é adequada à realização eficaz do trabalho de rotina, neste nível, é moldada a pirâmide hierárquica. • Nível de conhecimento: no seu nível de base, o conhecimento organizacional gerado nos dois níveis superiores é recategorizado e recontextualizado. Neste nível, encontram-se as bases de dados data warehouse, a filosofiade trabalho e a cultura organizacional que orienta a ação de todos os funcionários. O nível de conhecimento fornece a direção na qual a empresa deve desenvolver a sua tecnologia ou os seus produtos, esclarece o foco no qual se quer atuar. 2.2 DIMENSÃO: PESSOAS Na complexidade das organizações, os seres humanos são os principais agentes de transformação. Por meio da própria atuação, eles tomam decisões e realizam mudanças que afetam a esfera individual e coletiva bem como as dimensões de tecnologia e infraestrutura das organizações. A autonomia da atuação humana nas organizações está inscrita em certos limites impostos pela racionalização e organização dos fatores de produção, assim como pelas contingências e demandas ambientais com as quais as organizações lidam. Ainda assim, a faculdade de fazer livres escolhas confere ao indivíduo um poder de transformação singular do espaço de produção. Inseridas nesta dimensão, estão agrupadas as principais capacidades e habilidades humanas a serem desenvolvidas e, efetivamente, adotadas em ambientes organizacionais voltados à Gestão do Conhecimento. Esses atributos são típicos da condição humana, portanto, não podem ser objeto de simulações ou modelagens 117 tecnológicas aplicadas. Trata-se, pois, de um conjunto de elementos qualitativamente diferenciadores da ação das pessoas em seu contexto social. A concepção de organização do conhecimento propõe a integração entre pessoas, infraestrutura e tecnologia, contudo destacaremos que infraestrutura e tecnologia são criadas e desenvolvidas em função das pessoas, para atender às necessidades de pessoas. Por meio dessa concepção, pressupõe-se a legitimidade de toda a diversidade de conhecimento que o ser humano é capaz de gerar, compartilhar, internalizar e exteriorizar. É exatamente no vasto repertório de conhecimentos humanos que reside o maior valor da presença das pessoas nas organizações, o qual pode ser multiplicado pela possibilidade de aprimoramento das capacidades e habilidades pessoais importantes à dinâmica organizacional. Vale ressaltar que, nas organizações cuja atuação é realizada com base no conhecimento, existe forte estímulo a práticas formais e informais de compartilhamento do conhecimento, o que gera vantagens competitivas para toda a organização. No entanto outros aspectos podem influenciar esse compartilhamento, dentre eles, podemos citar: os valores e a cultura da organização, o modelo de gestão e, principalmente, as práticas e políticas adotadas na Gestão de Pessoas. 2.3 DIMENSÃO: TECNOLOGIA Chegamos ao último aspecto que compõe as dimensões das organizações do conhecimento – o fator tecnologia – e toda complexidade na qual o tema está envolvido. Para as organizações imbuídas do sentido de sobrevivência e manutenção no ambiente, cujo foco é o conhecimento, são necessárias práticas organizacionais inovadoras referentes às formas de produção, comercialização e relacionamento com clientes, fornecedores, colaboradores e parceiros. A adoção de novas formas de atuação requer das organizações, em particular, e da sociedade, em geral, o desenvolvimento de tecnologias que permitam captar, acessar e distribuir informações e conhecimentos pertinentes a esse ambiente. A tecnologia, nesse contexto, é definida como os recursos de hardware e software que apoiam a tomada de decisão e o gerenciamento de tanto de informações quanto de conhecimentos, considerando os indivíduos participantes ativos desse processo. Nesse sentido, as tecnologias de informação e comunicação – bem como a sua aplicação às atividades relacionadas ao gerenciamento do conhecimento – constituem o cerne das questões de adequação da empresa a um ambiente dinâmico e interativo. 118 3 CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO É definida como a capacidade que a organização desenvolve em gerar novos conhecimentos, disseminá-los e incorporá-los aos produtos e serviços. A dinâmica desta criação está ancorada no pressuposto de que o conhecimento humano é criado e expandido mediante a interação social entre os conhecimentos tácito e explícito, interação chamada de conversão do conhecimento. Este processo de conversão ocorre mediante quatro processos básicos: socialização, externalização, combinação e internalização. A seguir, de acordo com Alvarenga Neto (2008), veremos a definição de cada um dos processos da criação do conhecimento: • Socialização: transmissão imediata (no senso próprio do termo, ou seja, “sem mídia”) do conhecimento tácito de um indivíduo para outro. Fala-se muito, neste processo, em interação pessoal (face-2-face) e não é muito recomendado o uso de tecnologias da informação, impessoais e pobres em transmissão de contexto. Tipicamente, a socialização é o modo de transmissão de conhecimento na convivência do aprendiz com o mestre. • Externalização: percebida como uma ação mais formal e consciente de transformação do tácito para o explícito, no sentido de “normalizar” o conhecimento dentro de um padrão comum de modelo mental entre o emissor e o receptor. Uma vez externalizado ou normalizado, o conhecimento pode ser, a partir de tecnologias de comunicação, objeto de distribuição em massa. Tipicamente, a escritura de um “caso” dentro de um padrão corporativo de distribuição é uma passagem de um conhecimento tácito (o fato de ter vivenciado o caso) para um conhecimento explícito (o caso normalizado dentro de um modelo mental particular, entendido e compartilhado por todos, simples de ser transmitido). • Combinação: é o processo de disseminação e sistematização do conhecimento explícito. Uma vez formalizado dentro de determinado padrão comum de entendimento, A tecnologia desempenha papel essencial na era do conhecimento, consistindo na adoção de ferramentas e métodos que objetivam facilitar a captação, estruturação e disseminação do conhecimento anteriormente desestruturado e disperso na organização ou restrito, por meio de manuais e normas complexas, a poucas pessoas, tendo em vista a sua utilização de forma estratégica e racional por todos os colaboradores (ANGELONI, 2008). IMPORTANTE 119 como uma teoria, o conhecimento explícito poderá ser combinado e comparado com outros também explícitos e, também, ser disseminado em grande escala. Tipicamente, a confrontação de dois relatórios e a sua disseminação são um ato de combinação. • Internalização: é a volta do explícito para o tácito, entendida como a apropriação do conhecimento explícito por um indivíduo e o seu enquadramento – a sua compreensão – dentro dos modelos mentais particulares desse indivíduo. Tipicamente, trata-se, por exemplo, de entender um relatório e formar uma opinião a respeito. Figura 4 – Criação do conhecimento Fonte: adaptada de Zabot e Silva (2002) O processo de conversão do conhecimento dá-se como uma constante transformação do tácito para o explícito e vice-versa, disseminando e enriquecendo o conhecimento organizacional: o tácito é compartilhado por socialização, de forma que possa ser sistematizado por externalização, para ser disseminado e aprimorado por combinação e, finalmente, reassimilado por internalização (ALVARENGA NETO, 2008). É de muita importância haver claro entendimento da diferença entre gerenciar conhecimento e gerenciar documentos: tratam-se de práticas muitas diferentes. Só o documento, de certa forma, é a ponta do iceberg. Toda riqueza do conhecimento está, efetivamente, no “tácito”, no entendido que poderá ser aplicado. O processo de conversão do conhecimento mostra, de forma muito apropriada, que a Gestão do Conhecimento aponta para algo bem mais complexo do que parece, envolvendo a pessoa, os seus modelos mentais e a forma de interagir com o mundo para gerar ações (AVARENGA NETO, 2008). 120 Figura 5 – Modelos de conversão do conhecimento Fonte: adaptada de Zabot e Silva (2002) Nonaka e Takeuchi (1997, p. 106) nos dizem: “[...] como o conhecimento é perecível, as organizações não podem se tornar complacentes com o conhecimento hoje,já que diferentes tipos de conhecimento serão necessários à medida que ocorrem mudanças no ambiente competitivo”. Os referidos autores estabelecem cinco fases do processo de criação do conhecimento organizacional: • Compartilhamento do conhecimento tácito: esta etapa é considerada crítica no processo de criação do conhecimento, visa a estabelecer o compartilhamento do conhecimento entre os indivíduos, por meio das experiências. • Criação de conceitos: ocorre mediante a interação entre o conhecimento tácito e explícito. O modelo mental tácito compartilhado é verbalizado e colocado em conceitos explícitos. • Justificação de conceitos: nesta etapa, os indivíduos ou grupos buscam validar os conceitos, determinando a sua importância à organização. • Construção do protótipo: nesta etapa, o conceito devidamente justificado é transformado em algo tangível ou concreto, como um modelo a ser implementado. Esta fase inclui reunir pessoas com habilidades diferentes, para que possam tomar decisões considerando os diversos pontos de vista. • Difusão interativa do conhecimento: é considerada a etapa mais importante do processo, consiste na difusão do conhecimento em todo o sistema organizacional, disponibilizando-o vertical e horizontalmente. 121 4 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO No final do século XIX e início deste século, a atividade tecnológica toma corpo como especialidade nos diversos ramos do conhecimento. Contudo não é fácil definir tecnologia com precisão, exatamente por existirem diferentes formas de entender como ela pode ser definida. No contexto de nosso estudo, cabe ressaltar que tecnologia não diz respeito, apenas, a equipamentos físicos, mas também ao conjunto de conhecimentos, técnicas e cultura dentro da organização (ANGELONI, 2008). A tecnologia é algo que se desenvolve, predominantemente, por meio de conhecimentos acumulados, desenvolvidos sobre tarefas (know-how) e pelas suas manifestações físicas decorrentes: máquinas, equipamentos, instalações. Portanto, a tecnologia é um bem intangível, composto de saber intelectual, habilidades, experiências profissionais. O cenário competitivo das empresas associado às mudanças tecnológicas tem gerado forte impacto sobre a concepção humana e social das organizações. A constante necessidade de as empresas se reinventarem gira em torno do nascimento de uma nova sociedade bem como de uma nova forma de fazer política e de novos indivíduos, que utilizam a tecnologia da informação como forma de transformar a economia em processos digitais e em inteligência em rede (ANGELONI, 2008). A tecnologia da informação para o nosso contexto pode ser definida como a convergência de diversas correntes de desenvolvimento tecnológico, incluindo microeletrônica, ciência da computação, telecomunicações, engenharia de software e análise de sistemas. Observe que a utilização adequada e inteligente dessas ferramentas tem impulsionado o resultado de muitas empresas. A tecnologia da informação deve ser utilizada, estrategicamente, servindo de base à tomada de decisão que, por sua vez, requer agilidade e precisão. Para operar de forma integrada, as empresas precisam investir em sistemas de informação – software e hardware – romper as limitações humanas envolvidas e estabelecer as seguintes mudanças: a primeira é a mudança da computação pessoal para a computação em grupo, a segunda é a passagem de sistemas ilhados para sistemas integrados e a terceira mudança, passagem da computação interna à computação interempresarial (ANGELONI, 2008). Perceba que, ao estabelecer essas três mudanças, as organizações impulsionarão o fluxo de informações rumo à sua realização de forma integrada e precisa, disponível em tempo hábil aos usuários do sistema organizacional. 122 4.1 DADO, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO De acordo com as defi nições de alguns dicionário da Língua Portuguesa, não há grande diferença entre dado, informação e conhecimento. Ainda que tragam explicações diversas, cada um dos termos é apontado como sinônimo para os outros. “Informação” é uma abstração informal que está na mente de alguém, representando algo signifi cativo para essa pessoa, enquanto “dado” é a representação da informação em um formato que permita esta última ser armazenada em um computador. Outra diferença fundamental está no fato de o dado ser puramente sintático, enquanto a informação é algo que contém, necessariamente, semântica. Finalmente, o “conhecimento” é uma abstração interior, pessoal, de algo que foi experimentado, vivenciado por alguém. O fi lósofo francês Pi erre Lévy (2000), um dos principais estudiosos da chamada era da informação, apresenta alguns conceitos interessantes sobre os termos citados. O autor salienta que a informação e o conhecimento são as principais matrizes de produção de capital intelectual, esclarecendo que o saber, antes, se detinha ao parâmetro e, hoje, se apresenta como fi gura móvel. Lévy (2000) diz que, hoje, o conhecimento está nas mãos das pessoas que aprendem, transmitem e produzem conhecimentos, de forma cooperadora, em sua atividade do dia a dia. Além disso, quando a informação é transmitida de uma pessoa para outra, não há perda, há contribuição. A informação é utilizada, não destruída. Para facilitar o entendimento, detalharemos o signifi cado de dados, informação e conhecimento (Quadro 2): • Dados: são simples observações sobre o estado do mundo, independente do contexto e da assimilação por parte das pessoas. • Informação: são dados dotados de relevância e propósito. Informação é a utilização de dados sob enfoque contextualizado e com atribuição de propósitos. Um atributo “Captar, gerenciar, armazenar e permitir uma retroalimentação constante do conhecimento é o desafi o das modernas teorias empresariais, as quais veem na tecnologia uma aliada para a administração dos volumes e formas diversas desse recurso organizacional” (MUIBERT; MUSSI; ANGELONI, 2008, p. 157). ATENÇÃO 123 da informação é a dificuldade de a transferir com absoluta fidelidade. Ex.: brincadeira “telefone sem fio”. • Conhecimento: é a informação trabalhada, interpretada, visto que exige análise, síntese, reflexão e contextualização, estas, consequentemente, levam à ação. O conhecimento são os elos significativos que as pessoas fazem, nas suas cabeças, entre a informação e a aplicação dela em ação, em determinado contexto. Quadro 2 – Dados, informação e conhecimento DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO DADOS INFORMAÇÃO CONHECIMENTO Simples observação sobre o estado do mundo: • Facilmente estruturados. • Facilmente obtidos por máquinas. • Frequentemente quali- ficados. • Facilmente transferíveis. Dados dotados de relevân- cia e propósito/significado: • Requerem unidade de análise. • Exigem consenso em relação ao significado. • Exigem, necessariamente, a medição humana. Informação valiosa da men- te humana. Inclui reflexão, síntese e contexto: • De difícil estruturação. • De difícil captura em máquinas. • Frequentemente tácito. • De difícil transferência. Fonte: adaptado de Alvarenga Neto (2008) Drucker (1994 apud ALVARENGA NETO, 2008) afirma que, na nova economia, o conhecimento não é apenas mais um recurso ao lado dos fatores de produção, mas sim o único recurso realmente significativo. Terão melhores oportunidades organizações e profissionais que desenvolverem a capacidade ou a tecnologia de transformar informação em conhecimento a ser utilizado pela sociedade. Perceba o impacto ocasionado pelo fator humano na geração de conhecimento para as organizações, uma vez que o poder econômico e de produção de uma empresa está mais em suas capacidades intelectuais do que em seus ativos imobilizados, como instalações e equipamentos (Figura 6). Aprimorar e gerar novos conhecimentos tornou- se algo permanente às organizações, contudo o conhecimento deve ser transferível, se autorreproduzir, ser renovável e compartilhado. 124 Figura 6 – Cadeia de valor: dado,informação e conhecimento Fonte: adaptada de Nonaka e Takeuchi (1997) Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento pode ser caracterizado como explícito e tácito. Veja uma definição mais aprofundada de cada um: • Conhecimento explícito: é aquele que pode ser articulado na linguagem formal, com uso dos recursos gramaticais, especificações, expressões matemáticas e manuais. É o tipo de conhecimento tangível, capaz de ser transmitido de forma simples, de maneira formal. Geralmente, qualificado de “objetivo” e mais simples de ser codificado, ou seja, formalizado com palavras, números e fórmulas, para ser transmitido rapidamente e em larga escala. Costuma ser percebido como teórico e a sua transmissão pode ser realizada formalmente. • Conhecimento tácito: é o conhecimento pessoal incorporado à experiência individual, que envolve fatores intangíveis como crenças pessoais, perspectivas, sistemas de valores. Por essência, é prático e, geralmente, fruto de uma longa experiência ou convivência. O conhecimento tácito pode ser segmentado em dimensão técnica, a qual abrange as capacidades e habilidades adquiridas pelo know- how, e a dimensão cognitiva, que consiste em modelos mentais, crenças, percepções 125 arraigadas, hábitos os quais tomamos como verdade e acreditamos serem corretos. Por estas características, este conhecimento torna-se mais difícil de ser articulado e transmitido em linguagem formal. Um exemplo clássico de conhecimento tácito é saber andar de bicicleta. Muito do que existe, hoje, em termos de tecnologia da informação, está vinculada à construção automatizada de registros do que definimos como conhecimento explícito. São grandes “armazéns de dados” para o registro da experiência da organização e, até mesmo, de terceiros, além de uma grande diversidade de dados o seu ambiente interno da empresa (processos, rotinas) e externo (clientes, fornecedores, governo, concorrentes). A partir desta base, softwares de última geração conseguem realizar, com rapidez, o que o ser humano levaria muito tempo para fazê-lo: processar essa grande massa de dados e tirar dela informações relevantes ao sucesso do negócio. A despeito dessa nítida vantagem da automação no trabalho com o conhecimento explícito, o mesmo não podemos afirmar com relação ao conhecimento tácito. Este é sutil e pessoal, fica armazenado no cérebro humano aguardando o contexto adequado para tornar-se explícito. Não depende de repetição da experiência, pode ressurgir num evento totalmente distinto da experiência que o originou, criando, assim, uma experiência totalmente nova. Sendo assim, o ambiente psicossocial da organização passa a ser um fator determinante para a bem-sucedida Gestão do Conhecimento. Outro fator está dentro da pessoa: a sua motivação. Os seres humanos adquirem conhecimentos por meio da criação e organização ativa de suas próprias experiências. Assim, o conhecimento capaz de ser expresso em palavras e números representa, apenas, a ponta do iceberg do conjunto de conhecimentos como um todo. Muitas vezes, sabemos mais do que conseguimos dizer. A essa altura, em sua busca por compreender o tema Gestão do Conhecimento, acreditamos que você seja capaz de entender, um pouco mais, como o conhecimento opera em uma empresa. Já sabemos ser necessário adequar a infraestrutura organizacional de forma a contribuir e facilitar o processo de Gestão do Conhecimento, além disso, também descobrimos que o fator humano e a Gestão de Pessoas são aspectos decisivos. Implementar uma Gestão de Pessoas saudável bem como políticas que estimulem a inovação e a criatividade, concedendo, ainda, autonomia à força de trabalho são passos importantes para o sucesso. Vimos, ainda, que a tecnologia da informação exerce importante papel à Gestão do Conhecimento, por meio de suporte, geração de informações e facilidade à tomada de decisão. Dessa forma, a Gestão do Conhecimento é o segmento da Administração que trata das questões críticas de adaptação, sobrevivência e competência organizacional face ao processo turbulento de mudanças. As organizações do conhecimento operam, sistematicamente, sobre três grandes fatores decisivos: infraestrutura organizacional, sendo ela fator o responsável 126 por estabelecer a dinâmica de trabalho entre as pessoas, por meio de um organograma mais enxuto e flexível; o segundo fator estudado nesta unidade é o fator humano. As organizações do conhecimento reconhecem que a qualidade do seu corpo funcional é o que proporcionará vantagem competitiva, dessa forma, as organizações do conhecimento, incentivam a constante capacitação e criam meios para a troca e disseminação de conhecimentos internos. O terceiro fator que implica a atuação das organizações do conhecimento é a Tecnologia da Informação. Nela, as empresas estabelecem estreita relação com os aspectos tecnológicos, facilitando tanto o processo de registro quanto o de tratamento da informação, possibilitando a disponibilização de informações mais ágeis e precisas à tomada de decisão. Encerrando, queremos dizer o seguinte: o profissional de Recursos Humanos desenvolve estreita relação com a Gestão de Conhecimento, portanto, cabe a esse profissional buscar compreender o funcionamento e a dinâmica que a informação e o conhecimento desenvolvem na empresa, por meio do mapeamento dos pontos críticos, a fim de evitar que a empresa se torne refém do conhecimento individual. Cabe ainda, implementar uma cultura organizacional cujas premissas sejam a criatividade, a inovação e a constante busca pela melhoria. Não é uma tarefa das mais fáceis! Porém é o principal desafio da área de Recursos Humanos. Acadêmico, sugerimos a leitura do livro Organizações do Conhecimento: Infraestrutura, Pessoas e Tecnologia, de Maria Terezinha Angeloni. Esta obra, indispensável para o profissional que deseja se atualizar e conhecer o novo modelo das organizações, é resultado de um amplo trabalho de pesquisa em conjunto. Assim, em vez de mais um livro com a perspectiva de um único autor, a obra sistematiza um grande número de variáveis e visões sobre conhecimento organizacional, consolidando-as num modelo em três dimensões: infraestrutura, pessoas e tecnologias. DICA RESUMO DO TÓPICO 2 127 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • Como reconhecer as dimensões das organizações do conhecimento, enquanto meio de estruturação da implantação do modelo. • A identificar a estrutura de conversão do conhecimento para a criação do conhecimento organizacional, por meio da interação social e de vários modelos. • Como utilizar a tecnologia da informação de forma estratégica, servindo de base para a tomada de decisões. • Como identificar as características dos conhecimentos explícito e tácito e como eles podem ser reconhecidos e aproveitados na Gestão do Conhecimento. 128 AUTOATIVIDADE 1 A concepção de organização do conhecimento propõe a integração entre pessoas, infraestrutura e tecnologia. Contudo podemos destacar que infraestrutura e tecnologia são criadas e desenvolvidas em função das pessoas, para atender às necessidades de pessoas. Vale ressaltar que, nas organizações as quais atuam com base no conhecimento, existe forte estímulo a práticas formais e informais de compartilhamento do conhecimento, o que gera vantagens competitivas para toda organização. No entanto outros aspectos são capazes de influenciar o compartilhamento do conhecimento. Leia as afirmações, a seguir, e assinale a alternativa que representa os aspectos complementares que influenciam o compartilhamento do conhecimento: I- Valores, cultura da organização e modelo de gestão. II- Relacionamentos e estilo de liderança. III- Práticas e políticas adotadas na Gestão de Pessoas. IV- Ambiente externo e interno da organização. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I. b) ( ) I – III. c) ( ) III – IV. d) ( ) I – III – IV. 2 A adoção de novas formas de atuação requer dasorganizações, em particular, e da sociedade, em geral, o desenvolvimento de tecnologias que permitam captar, acessar e distribuir não apenas informações, mas também conhecimentos pertinentes a esse ambiente. No final do século XIX e início deste século, a atividade tecnológica toma corpo como especialidade nos diversos ramos do conhecimento, contudo não é fácil definir tecnologia, com precisão, exatamente por existirem diferentes formas de entender o que ela é. Leia as afirmações, a seguir, e assinale a alternativa correta sobre a definição de tecnologia: I- Tecnologia pode ser definida como a convergência de diversas correntes de desenvolvimento tecnológico, incluindo microeletrônica, ciência da computação, telecomunicações, engenharia de software e análise de sistemas. II- Tecnologia não diz respeito apenas a equipamentos físicos, mas também ao conjunto de conhecimentos, técnicas e cultura dentro da organização. 129 III- Tecnologia é algo que se desenvolve, predominantemente, por meio de conhecimentos acumulados, desenvolvidos sobre tarefas (know-how) e pelas suas manifestações físicas decorrentes: máquinas, equipamentos e instalações. IV- Tecnologia é um bem intangível, composto de saber intelectual, habilidades e experiências profissionais. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) II – III. b) ( ) III – IV. c) ( ) I – III – IV. d) ( ) I – II – III – IV. 3 Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento pode ser caracterizado como explícito e tácito. Leia as afirmativas, a seguir, e assinale a alternativa que represente, adequadamente, ambos os conceitos: I- O conhecimento explícito é o que pode ser articulado na linguagem formal, com uso dos recursos gramaticais, especificações, expressões matemáticas, manuais. II- Por essência, o conhecimento tácito é prático e, geralmente, fruto de uma longa experiência ou convivência. Pode ser segmentado em dimensão técnica, a qual abrange as capacidades e habilidades adquiridas pelo know-how, e a dimensão cognitiva. III- O conhecimento tácito é o conhecimento pessoal incorporado à experiência individual, a qual envolve fatores intangíveis, como: crenças pessoais, perspectivas, sistemas de valores. IV- O conhecimento explícito é, geralmente, qualificado de “objetivo” e mais simples de ser codificado, ou seja, formalizado com palavras, números e fórmulas, para ser transmitido rapidamente e em larga escala. Costuma ser percebido como teórico e a sua transmissão pode ser realizada formalmente. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) II – III. b) ( ) III – IV. c) ( ) I – III – IV. d) ( ) I – II – III – IV. 4 A capacidade de aprender e se adequar aos diversos contextos, o reconhecimento do ser humano como fonte geradora de conhecimento são características que marcam as organizações do conhecimento (ANTUNES, 2000). Contudo é necessário que a força de trabalho também esteja em sintonia com a organização, apresentando características e comportamentos que possam responder à altura das necessidades da organização. Nesse sentido, Angeloni (2008) propõe algumas práticas gerenciais comuns às organizações do conhecimento. Descreva quais são essas práticas. 130 5 O filósofo francês Pierre Lévy (2000), um dos principais estudiosos da chamada era da informação, apresenta alguns conceitos interessantes sobre os termos citados. O autor salienta que a informação e o conhecimento são as principais matrizes de produção de capital intelectual, esclarecendo que o saber, antes, se detinha ao parâmetro e, hoje, se apresenta como figura móvel. Lévy (2000) diz que, hoje, o conhecimento está nas mãos das pessoas que aprendem, transmitem e produzem conhecimentos, de forma cooperadora, em sua atividade do dia a dia. Além disso, quando a informação é transmitida de uma pessoa para outra, não há perda, há contribuição. A informação é utilizada, não destruída. Considerando estas afirmações, descreva o significado de dados, informação e conhecimento no contexto organizacional. 131 TÓPICO 3 - GERENCIANDO ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO 1 INTRODUÇÃO Olá! Chegamos em nosso terceiro Tema de Aprendizagem da Unidade 2, e você, com certeza, está plenamente contextualizado frente aos vários assuntos que envolvem o tema de nossa unidade. Como você deve ter percebido, o desempenho organizacional é diretamente proporcional ao conhecimento das pessoas que a compõem, mas não basta somente ter conhecimento em quantidade e qualidade, o que, realmente, diferencia uma empresa de outra é a forma como essa matéria-prima é utilizada. Neste tema, discutiremos os métodos para realizar o mapeamento e, posteriormente, como mensurar o conhecimento na organização. Estudaremos, ainda, as ideias, os conceitos e significados de capital intelectual, incluindo as definições de ativos tangíveis e intangíveis, os indicadores e seus valores. Esperamos, acadêmico, que tenha mais compreensão da importância e extensão do assunto, uma vez que, por se tratar de um tema tão complexo quanto abstrato, é de suma importância que o gestor conheça os meios para mensurar e tornar o nosso objeto de estudo um pouco mais sólido. Boa leitura e bom aprendizado! 2 MAPEANDO O CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL Inicialmente, é importante entendermos que, para uma adequada Gestão do Conhecimento, é essencial a empresa desenvolver a codificação dos conhecimentos básicos para a sua operacionalização e sobrevivência. Isso implica relacionar os pontos fortes e fracos da organização bem como as necessidades de melhorias. O mapeamento do conhecimento envolve localizar conhecimentos importantes dentro da organização e, posteriormente, disponibilizá-lo, deixando claro onde encontrá-lo. Mapas do conhecimento, geralmente, envolvem pessoas e, também, banco de dados. A principal finalidade e benefício do mapeamento é mostrar às pessoas de dentro da empresa para onde ir quando necessitarem de conhecimento, portanto, é necessário identificar quais são os conhecimentos, habilidades, experiências e capacidades que cada colaborador detém sobre processos, produtos, concorrentes, clientes etc. Essa base de dados pode ser utilizada como ponto inicial a: planejamento e alocação de recursos, substituição de pessoal, avaliação de desempenho, elaboração de planos de treinamento (ALVARENGA NETO, 2008). UNIDADE 2 132 Como benefício, a empresa reduz custos com treinamentos, recrutamento e seleção, assim, ela passa a utilizar as pessoas certas para as posições adequadas, investindo em treinamentos realmente necessários. Existem duas formas de mapeamento do conhecimento: a codificação e a personificação. A codificação é um sistema de informação que permite a reutilização dos conhecimentos, enquanto a personificação foca os canais de comunicação que levam o conhecimento às áreas de interesse. O mapeamento do conhecimento organizacional depende, diretamente, do estágio no qual a organização se encontra frente aos quadrantes da janela do conhecimento. Para entendermos de uma forma mais simples, a seguir, Alvarenga Neto (2008) apresenta as janelas da Gestão do Conhecimento: Quadro 3 – Janelas do conhecimento SABEMOS O QUE SABEMOS SABEMOS O QUE NÃO SABEMOS • Provisão de acessos a informações • Facilitação do compartilhamento do conhecimento • Intranets, portais, taxonomias, benchmarking • Busca de informação direcionada • Promoção de criação do conhecimento • Inteligência competitiva, P&D, pesquisa de mercado NÃO SABEMOS O QUE SABEMOS NÃO SABEMOS O QUE NÃO SABEMOS • Auditoria de informações • Mapeamento do conhecimento • Comunidades de prática, redes de conhecimento. • Monitoração ambiental • Descoberta do conhecimento • Planejamento de cenários, prospecção no futuro, diálogo Fonte: adaptado de Alvarenga Neto (2008) • Sabemos o que sabemos: neste quadrante, a organização é consciente do conhecimento que possui. Tal condição decorre de organizações maduras, operantes já há algum tempoem ambientes estáveis. Grande parte dos dados, informações e conhecimentos utilizados são estruturáveis e categorizáveis. • Sabemos o que não sabemos: neste quadrante, a organização está ciente do conhecimento que necessita ter para perseguir as suas metas e objetivos. Um elemento importante da estratégia da organização é utilizar a pesquisa de mercado como fonte de informações para a tomada de decisão frente às necessidades de melhorias. • Não sabemos o que sabemos: aqui, a organização não está totalmente ciente do conhecimento que possui. As organizações acumulam conhecimentos e experiências ao longo do tempo, mas a provisão de acesso a eles é difícil por duas razões: grande parte do conhecimento está na cabeça dos colaboradores, o que torna difícil a explicitação ou codificação; e o conhecimento criado por um departamento pode não ser disponibilizado ou transferido para outros que poderiam se beneficiar. 133 • Não sabemos o que não sabemos: a organização não está ciente daquilo que ela não sabe, até mesmo quando o desconhecido significa forte impacto no desempenho organizacional. Neste caso, o gestor tem a possibilidade de utilizar de técnicas para se antecipar e visualizar necessidades. A técnica de construção de cenários pode ser de muita valia a organizações neste quadrante. Outra técnica administrativa utilizada para o mapeamento do conhecimento organizacional, de acordo com Alvarenga Neto (2008), faz-se sob o entendimento dos pontos que delineiam a prática da Gestão do Conhecimento nas organizações: • Criação do conhecimento: consiste, basicamente, em transformar o conhecimento tácito em conhecimento explícito. Transformar os conhecimentos individuais em conhecimento coletivo, organizacional. Esforços nesse sentido costumam incluir a criação de fóruns de discussão de temas de interesse e um trabalho de grupo voltado para solução de problemas, estudos dirigidos e de temas abertos. O objetivo principal pode provocar ou não uma postura de reflexão sobre questões cotidianas bem como o resultado final e a criação de novos modelos conceituais a serem usados imediatamente ou em oportunidades posteriores. • Utilização do conhecimento: neste aspecto, a tecnologia da informação faz, efetivamente, a diferença. Não adianta muito investirmos na criação do conhecimento se não houver, na organização, uma cultura de pesquisa voltada ao aproveitamento desse conhecimento. Imaginemos quantos recursos já foram despendidos na realização de seminários internos os quais, fora o aspecto motivacional louvável, não se transformam numa base de conhecimentos a ser utilizada em experiências posteriores. Por outro lado, ainda que haja vocação organizacional à pesquisa, ainda necessitaremos de facilidades para tal. Em suma, se toda vez que um projeto for iniciado, as equipes necessitarem mergulhar em montanhas de papéis e registros, ninguém o fará. As equipes, ainda, preferirão desconsiderar as experiências adquiridas em outras oportunidades. • Retenção do conhecimento: reter, neste caso, assume dois sentidos: o de assimilar ou o de preservar o conhecimento. No sentido de assimilar, a criação de modelos conceituais, como citada, é particularmente válida como metodologia, porque os modelos possibilitam melhor compartilhamento e armazenamento do conhecimento gerado, para posteriores aplicações. No sentido de preservar, a consideração mais importante na gestão moderna é a de que o conhecimento gerado constitui patrimônio, com a possibilidade, portanto, de transformar-se em dinheiro. Um exemplo destacado desta administração é transformar a carteira de patentes da organização em possibilidades de alavancagem da sua própria tecnologia, ou de possibilidades comerciais a partir da venda dessas patentes a interessados. • Medição do conhecimento: de forma simplista (e monetarista), diremos que a quantidade de conhecimento de uma organização é a diferença entre o seu valor de mercado e o seu valor patrimonial. O preço de venda da Lotus à IBM, por exemplo, nos dá uma ideia da dimensão que este conceito pode assumir: 15 vezes o valor patrimonial da primeira. Medir o conhecimento organizacional nos parece, a princípio, 134 viável no nível do explícito. O mercado, por sua vez, avalia o conhecimento explícito da organização e especula sobre o tácito. De qualquer forma, o nível tácito é a “possibilidade” que valoriza a organização do conhecimento. 2.1 VALORES E ATIVOS TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS Atualmente, vivemos um período de grandes transformações quanto à percepção do que realmente agrega valor para as organizações. Como estudamos, o fator humano tem sido percebido como o principal gerador de vantagem competitiva, superando os demais recursos, tais como: estrutura física, financeira, tecnológica, entre outras. O fato é que, nos últimos anos, diferentes elementos passaram a ser considerados no momento de estabelecer o valor de mercado de um produto ou organização. Esta nova abordagem implica considerar além das questões tradicionais de mensuração – na qual podemos incluir os ativos tangíveis – bem como outras mais sofisticadas, por exemplo, os ativos intangíveis. 2.1.1 Valores de uma organização Uma organização possui diferentes recursos a serem utilizados na geração de diferenciais competitivos, contudo observamos que o verdadeiro gerador de vantagem competitiva reside na atuação de sua equipe de trabalho, cujas contribuições são percebidas em diferentes níveis: • Ambiente: é onde a organização e seus membros agem e interagem, fazendo as coisas acontecerem, por isso, os fatores ambientais determinam o contexto e as contingências dentro das quais as organizações operam. O ambiente organizacional é formado por alguns elementos, como: a localização geográfica das operações, os prédios e as instalações que definem o “local de trabalho”. Além da influência que esses fatores ambientais exercem sobre as pessoas dentro da organização, é possível, também, examinar a influência e o impacto exercidos pelas pessoas sobre o ambiente bem como os produtos ou criações que elas trazem a ele. • Comportamentos: específicos às ações da organização ou dos indivíduos, é aquilo que se faz dentro do ambiente, ou seja, os padrões especiais de trabalho, interação ou comunicação em nível individual e organizacional. Os comportamentos são, muitas vezes, definidos em termos de procedimentos gerais. • Estratégias: habilidades e capacidades pelas quais a organização ou o indivíduo dirige as ações dentro de seu ambiente, como orientam os seus comportamentos dentro de um contexto particular. • Valores e crenças: fornecem a motivação e as linhas mestras por trás das estratégias e capacidades usadas para atingir os resultados do comportamento no ambiente. Os valores e crenças dão suporte ao senso de identidade dos indivíduos e da organização. 135 É importante compreender o fato de existirem diferentes tipos de valores que exercem funções e influências diferentes na organização. Os “valores essenciais” expressam e apoiam mais intimamente a identidade da organização, geralmente, são expressos por meio de “valores estratégicos” e “valores de processo.” Os valores estratégicos são expressos externamente, em relação a ambiente, clientes, organização etc. Eles têm a ver com a maneira como a organização se apresenta e age no mundo exterior. 2.2 ATIVOS TANGÍVEIS E ATIVOS INTANGÍVEIS A aplicação do conhecimento por meio de tecnologias sempre existiu, este foi e continua sendo o modelo de desenvolvimento das civilizações. Entretanto, é preciso estabelecer um estilo de gestão que consiga potencializar todo o capital intelectual existente na organização. O mercado cada vez mais competitivo em face da globalização e dos avanços tecnológicos levou as organizações a tornarem-se dependentes da qualidade do conhecimento produzido pelos indivíduos que nelas atuam. O conhecimento de uma empresa é capaz de ser mensurado ou percebido por seus ativos. A principal característicade um ativo é a sua capacidade de prestar serviços futuros a entidade que os tem, individual ou conjuntamente com outros ativos e fatores de produção, capazes de se transformar, direta ou indiretamente, em fluxos de entrada de caixa. Todo ativo representa, imediata ou imediatamente, direta ou indiretamente, uma promessa futura de caixa. Quando falamos indiretamente, nos referimos aos ativos que não são vendidos, mas os quais contribuem para o esforço na geração de produtos e serviços que venham a se tornar disponíveis (ANTUNES, 2000). Partindo dessa ideia, podemos visualizar os ativos de uma organização como ativos tangíveis – os quais correspondem aos bens tangíveis pertencentes à organização – por exemplo, prédio, equipamentos, veículos, instalações. São caracterizados por possuírem corpo físico e terem fácil visualização. Os ativos intangíveis correspondem à capacidade da organização em gerar know-how, técnicas, métodos e conhecimentos, este último está diretamente relacionado à qualidade de seu capital humano ou recursos humanos. Diferentemente dos tangíveis, os ativos intangíveis não têm corpo físico, portanto, as suas visualização e mensuração tornam-se complexas (ANTUNES, 2000). Para mensurar o valor de mercado de uma organização, além de considerar os seus ativos imobilizados (prédio, equipamentos etc.), é preciso mensurar o valor de seu conhecimento, portanto, deve-se considerar as informações que partem dos consumidores, fornecedores e membros da organização, como o feedback a respeito 136 de produtos e serviços, imagem e marca. Podemos analisar alguns exemplos: qual será o valor de mercado da Microsoft, Coca-Cola, Nike, IBM? 2.2.1 Espécies de ativos intangíveis O termo “intangível” vem do latim tangere, que significa “tocar”. Logo, os bens intangíveis são aqueles que não podem ser tocados, pois não possuem corpo físico, contudo muitos outros ativos não têm tangibilidade, mas são classificados como se tangíveis fossem, tais como: despesas antecipadas, duplicatas a receber, aplicações financeiras etc. Isso porque os contadores têm procurado limitar a definição de intangíveis, restringindo-a a ativos não circulantes. Existem muitas discordâncias entre autores da Teoria da Contabilidade sobre a definição de intangível. Diante disso, a definição mais adequada seria a que define intangível como “Ativos de capital que não têm existência física, cujo valor é limitado pelos direitos e benefícios que, antecipadamente, sua posse confere ao proprietário” (KOHLER, 1994 apud ANTUNES, 2000, p. 74). Podemos classificar como intangíveis os seguintes elementos: • Marcas e nomes de produtos. • Direitos de autoria, patentes, franquias. • Desenvolvimento de software, licenças. • Nomes de domínio na internet. • Contratos de relacionamento com clientes. • Ativos intangíveis relacionados a jogos, óperas e balé. • Intangíveis relacionados a livros, revistas, jornais e trabalhos literários. • Intangíveis relacionados a trabalhos musicais, por exemplo, composições. • Intangíveis relacionados a pinturas e fotografias, filmes, TV. • Direitos de operação e transmissão (rádio e televisão). • Segredos comerciais, tais como: fórmulas secretas, processos e receitas. • Tecnologia não patenteada. • Base de dados. Nunca antes o ativo intangível teve tanta importância como no cenário atual. Porém a sua definição torna-se complexa, principalmente, pelas incertezas no que diz respeito à sua mensuração de valores e à sua vida útil. No caso de o ativo intangível for adquirido de forma individualizada, ele deverá ser registrado por seu custo de aquisição e classificado no balanço patrimonial conforme a sua natureza no imobilizado (ANTUNES, 2000). Quando os ativos intangíveis, porém, forem adquiridos como partes de uma combinação de negócios, essas partes não serão registradas separadamente. Eles comporão o valor do ágio ou deságio na aquisição dos investimentos. Entretanto é nesta área que ocorre mais dificuldade no que diz respeito ao capital intelectual: qual o valor a ser dado para esse capital e qual a forma mais adequada de mensurá-lo (ANTUNES, 2000). 137 3 O QUE É CAPITAL INTELECTUAL Nome dado a toda informação transformada em conhecimento que se agrega àqueles que a possuem. Antunes (2000) define capital intelectual como uma combinação de ativos intangíveis – frutos das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação – que trazem benefícios intangíveis às empresas e capacitam o funcionamento delas. Utilizando uma metáfora para melhorar o entendimento sobre Capital Intelectual, comparemos uma empresa a um iceberg, considerando a parte visível do gelo os ativos tangíveis, ou seja, a parte visível da organização, e a parte abaixo da superfície da água consideraremos ativos intangíveis – os fatores dinâmicos ocultos que embasam a empresa em sua parte visível – formada por edifícios, equipamentos e produtos. Assim, por exemplo, uma pessoa que sabe dirigir um veículo, talvez, não entenda de mecânica, mas outro também poderá dirigir, se souber mecânica. Hoje, sabemos que princípios básicos dessa área são ensinados em escolas de testes, para a obtenção de carteiras de habilitação, desse modo, ela dá, apenas, alguns princípios capazes de nortear, sem sombra de dúvidas, a busca de um profissional com conhecimento mais profundo. 3.1 COMPOSIÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL Apesar da dificuldade de compreensão e percepção do capital intelectual em face de sua subjetividade, é evidente que ele é representativo, atualmente, portanto, repercute no valor de mercado das empresas. No entanto a mensuração do valor do capital intelectual não conta, ainda, com metodologia consolidada. O atual momento empresarial, entretanto, deixa clara a necessidade de apurar o valor dos recursos intelectuais mantidos pela empresa, pois eles têm um valor. Vale ressaltar que não cabe pensar ou dizer que a Contabilidade atual esteja totalmente errada em relação aos procedimentos contábeis hoje vigentes em relação ao capital intelectual. Fazer isso seria, além de desconhecer, desmerecer injustamente todo o desenvolvimento científico e normativo que a doutrina contábil teve até os dias atuais, o qual tem contribuído, de forma significativa, para o desenvolvimento empresarial (ANTUNES, 2000). Ativos intangíveis não têm existência física, o seu valor é definido pelos direitos e benefícios que, antecipadamente, a sua posse confere ao proprietário (KOHLER, 1994 apud ANTUNES, 2000). IMPORTANTE 138 A situação ideal seria: todos os recursos que infl uenciam a capacidade de geração de lucros de uma empresa deveriam ser registrados pela Contabilidade, de forma a tornar atribuível o resultado de uma entidade somente aos recursos contabilizados, ao contrário do que ocorre, atualmente. À medida que as empresas se sofi sticam, a adoção de procedimentos contábeis adequados à realidade conduzirá os demonstrativos contábeis a expressarem os ativos intangíveis em sua pertinente dimensão. Porém, em face das limitações jurídicas, a Contabilidade para fi ns fi nanceiros não tem a possibilidade de expressar o capital intelectual nos relatórios ou nas demonstrações contábeis exigidas legalmente (ANTUNES, 2000). Quadro 4 – Composição do capital intelectual Fonte: adaptado de Antunes (2000) A Contabilidade com fi nalidade gerencial, entretanto, pode e deve tentar evidenciar os ativos intangíveis da companhia. Para tal, é válido utilizar relatórios alternativos, medidas subjetivas, não seguimento dos princípios fundamentais de Contabilidade, dentre outras possibilidades, a fi m de informar os usuários acerca deste valioso componente patrimonial que constitui o capital intelectual. Existe o entendimento de que o capital intelectual se compõe de duas estruturas: a estrutura de capital humano, composto pelo conhecimento, expertise, poder de inovação e habilidade dos empregados mais os valores, a cultura e a fi losofi a da empresa; e a estrutura de capital estrutural,formado pelos equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas registradas, relacionamento com os clientes e tudo o mais da capacidade organizacional cuja função seja apoiar a produtividade dos empregados. 4 MENSURANDO O CONHECIMENTO E O CAPITAL INTELECTUAL A implantação coordenada da Gestão do Conhecimento cria uma vantagem competitiva sustentável e de difícil imitação, pois está enraizada nas pessoas que trabalham na empresa, e não em recursos físicos, os quais são facilmente imitáveis pelos concorrentes, além de menos fl exíveis para reagir às incertezas do ambiente. 139 Trabalhar com o conhecimento, de forma coesa e integrada aos processos de negócios da empresa, deve compreender um conjunto tanto de diretrizes quanto de recomendações básicas, fortemente inter-relacionadas e válidas a qualquer abordagem de Gestão do Conhecimento. Essas diretrizes e recomendações básicas influenciam, diretamente, a riqueza do mercado de conhecimentos de uma empresa, que pode ser avaliado por abordagens cuja intenção seja mensurar, de forma estratégica, a aprendizagem e o conhecimento. Duas dessas abordagens mais disseminadas, de acordo com Antunes (2000), são as seguintes: • Capital intelectual: é a principal tentativa de avaliar os recursos não tangíveis da empresa, envolvendo marcas e patentes, valores respeitados pela sociedade e, também, o conhecimento e a capacidade de aprendizado que as pessoas de uma empresa potencialmente possuem. • Balanced scorecard: é um sistema gerencial para Gestão do Conhecimento. Apresenta as vantagens de sua utilização nas perspectivas financeiras dos clientes, dos processos e na perspectiva de aprendizado e crescimento. Discute-se a aproximação do balanced scorecard com a Gestão do Conhecimento propondo que ativos intangíveis, conhecimento tácito e explícito, a capacidade de aprendizado coletivo e inovação são essenciais para a diferenciação e obtenção tanto de vantagem pessoal quanto de vantagem coletiva. Tais abordagens trabalham com os seguintes indicadores da capacidade da organização para realizar a Gestão do Conhecimento: • Parâmetros organizacionais: por exemplo, disseminação do trabalho em times, rotatividade entre diferentes postos de trabalho etc. • Parâmetros de Recursos Humanos: por exemplo, gerenciamento de competências, programas de treinamento e formação de pessoas etc. • Parâmetros de sistemas de informação: por exemplo, a existência de um sistema integrado de informação etc. A mensuração estratégica da aprendizagem e do conhecimento em uma organização está diretamente relacionada às disseminação e incorporação pela empresa das citadas diretrizes e recomendações básicas, particularmente, nas áreas e departamentos funcionais dessa empresa. Nota-se, cada vez mais, o alargamento ou a flexibilização – orientada pela visão coesa e integrada dos processos de negócios relacionados às atividades – das áreas e departamentos funcionais da organização para, assim, contribuir com a Gestão do Conhecimento e a aprendizagem organizacional nos processos de negócio. 140 Destacamos a importância de a empresa, pela ótica do conhecimento tácito ou explícito, desenvolver a capacidade de transformar dados e informações em conhecimento. A importância das redes de trabalho entre as pessoas em uma organização, sendo os resultados, na maioria dos casos, positivos, evidencia o papel dessas redes na troca de conhecimentos, principalmente, tácitos. Outro importante facilitador de conversões entre conhecimentos tácitos é a capacidade criativa da empresa – capacidade essa que, além de ser fornecida pelo ambiente organizacional, está ligada à presença de talentos individuais e de motivação – para a proposição de ideias e soluções originais, além do estímulo ao compartilhamento de experiências individuais no ambiente de trabalho (ANTUNES, 2000). Por fim, um significativo facilitador é a capacidade de aprendizagem individual e organizacional, destacando que uma organização de aprendizagem é aquela na qual as pessoas envolvidas estão capacitadas ou têm habilidades para criar (externalizar), adquirir (internalizar) e disseminar (socializar) conhecimentos, assim como modificar comportamentos a partir da reflexão sobre eles (ANTUNES, 2000). 5 INDICADORES DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL No cotidiano organizacional, acostumamo-nos a ouvir e a conviver com a ideia de que “os nossos colaboradores são o nosso ativo mais importante”. Objetivando caminhar nessa direção, para a criação de um ambiente onde a organização verdadeiramente valorize os seus colaboradores, e mais, desenvolva a capacidade de aprender a aprender e a considerar o conhecimento como um ativo imprescindível, novas medidas internas tornam-se necessárias uma vez que todas as organizações podem ser vistas como sistema de aprendizagem, ou seja, todas as organizações são capazes de ter processos formais, informais e estruturais para a aquisição, o compartilhamento e a utilização tanto de conhecimento quanto de habilidades. Com a perspectiva de mapear os indicadores que interferem, direta ou indiretamente, na instrumentalização do potencial humano, apresentaremos, de forma objetiva, os respectivos indicadores do conhecimento organizacional: 141 Quadro 5 – Indicadores do conhecimento organizacional Fonte: adaptado de Angeloni (2008) 142 A concepção desses indicadores dá-se a partir da interdependência entre eles e a cultura organizacional vigente, uma vez que o conjunto de artefatos, valores e crenças direcionará os indicadores mencionados. O grau em que se encontram as suas sistematização e dinamização determinará o nível de conhecimento institucional bem como o nível de abertura quanto à instrumentalização do potencial humano. 5.1 MENSURANDO O CAPITAL INTELECTUAL O capital intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma empresa, o que proporciona a ela vantagem competitiva. É, também, o conjunto de conhecimentos e informações de uma pessoa ou instituição e que é colocado, ativamente, a serviço da realização de objetivos econômicos. O conhecimento existente em uma organização que pode ser usado para criar uma vantagem diferencial conceitua assim o capital intelectual: uma combinação de ativos intangíveis oriundos das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação e capazes de trazer benefícios intangíveis para as empresas bem como capacitar o funcionamento delas. Esses ativos são divididos em quatro categorias: • Ativo de mercado: potencial da entidade cujos ativos intangíveis são relacionados com o mercado. Por exemplo, marca, lealdade dos clientes, negócios em andamento, canais de distribuição, franquias etc. • Ativos humanos: benefícios que o indivíduo proporciona à organização. Por exemplo, expertise, criatividade, conhecimento, habilidade para resolver problemas, de forma coletiva e dinâmica, etc. • Ativos de propriedade intelectual: são os que necessitam de proteção legal para proporcionar benefícios futuros à empresa. Por exemplo, know-how, segredos industriais, copyright, patentes, design etc. • Ativos de infraestrutura: incluem tecnologias, metodologias e processos empregados. Por exemplo, cultura, sistema de informação, métodos gerenciais, aceitação de riscos, banco de dados de clientes etc. O capital intelectual envolve, basicamente, três questões: • O seu valor excede, por muitas vezes, o valor dos ativos que constam no balanço. • É a matéria-prima da qual os resultados financeiros são feitos: resultados financeiros derivam da matéria-prima do capital intelectual. • Diretores e gerentes precisam distinguir os dois tipos de capital intelectual: humano e estrutural. Como vimos, o capital humano é fundamental, por ser a fonte de inovações e renovações, enquanto o capital estrutural coloca novas ideias para trabalhar e pode ser usado várias vezes, com a função de criar valor. 143 5.2 O DESAFIO DA MENSURAÇÃO Existe uma combinaçãode fatores e forças que levam a organização a dirigir- se para determinada direção. Essas forças, divididas em quatro categorias, são vistas como possíveis formadoras e direcionadoras tanto da evolução quanto das mudanças incorridas pelos sistemas de mensuração de desempenho organizacional. As quatro categorias são: • Infl uências internas, ou seja, relações de poder e coalizões de interesses dominantes. • Infl uências externas, ou seja, legislação e volatilidade dos mercados. • Aspectos do processo, ou seja, formas de implementação e de gestão dos processos políticos. • Aspectos da mudança, ou seja, graus de apoio dos níveis superiores e riscos de ganho ou de perda decorrentes da mudança. Mesmo que se entenda mensuração como processo de quantifi cação, os seus efeitos estimulam a ação, então, a estratégia só existirá e será praticada caso seja possível identifi car um padrão consistente de decisões e ações na organização. A literatura acadêmica destaca, exaustivamente, não só o papel, mas também a importância das medidas de desempenho, pois focam pessoas e recursos na direção desejada. Afi rma-se que o desenvolvimento e a aplicação de um conjunto equilibrado de medidas propiciam o melhor uso das medidas existentes e que, ao ampliarem os sistemas de mensuração, provocam a melhoria do desempenho da organização. 5.2.1 Gerenciando as organizações As organizações baseadas no conhecimento exigem de seus administradores uma postura bem diferente, se comparadas aos modelos de gestão conhecidos como tradicionais. É imprescindível os administradores terem a sensibilidade de perceber que, atualmente, estamos em um período de transferência da organização hierárquica (departamentos, divisões, chefi as) para a organização baseada na informação “Investimentos em tecnologias, na contratação de funcionários, em expertise, em treinamentos, em pesquisas, entre outros, reduzem o resultado fi nanceiro a curto prazo; por outro lado, o desenvolvimento de tais aspectos, otimizados e compartilhados pela estrutura organizacional, produz o efeito inverso” (ANTUNES, 2000, p. 93). ATENÇÃO 144 (profissionais especialistas, detentores de conhecimentos) e que gerenciar esse novo perfil de profissionais será o foco para o futuro. O desafio gerencial às empresas da era do conhecimento é conseguir acompanhar as mudanças considerando três perspectivas: estrutura, pessoas e tecnologia, uma vez que o resultado do gestor é fortemente afetado pela estratégia gerencial estabelecida (a qual é indicada para lidar com cada um desses aspectos). • Estrutura: deve-se acompanhar não só a adaptação da estrutura organizacional aos novos conceitos, como também as mudanças quanto ao estilo gerencial e ao respeito à cultura organizacional. • Pessoas: deve-se ter sempre em mente o respeito a diferenças individuais, criatividade e inovação, aprendizagem e compartilhamento de conhecimentos, trabalho em equipe com responsabilidades individuais e visão dos modelos mentais. • Tecnologia: estar sintonizado às novas tecnologias de armazenamento e recuperação de dados e informações, gerenciamento eletrônico de documentos, sistemas para o trabalho em grupo (groupware), para administração e controle de fluxo de documentos (workflow). Tal postura permitirá às organizações explorar, acumular, compartilhar e gerar novos conhecimentos de forma contínua, garantindo tanto efetividade quanto a competitividade. Todas essas mudanças levam as organizações a exigir um novo perfil de seus administradores. Os principais itens que compõem esse novo perfil são: formação humanística e visão global; formação técnica e científica; internalização de valores de responsabilidade social, senso de justiça e ética profissional; capacidade para empreender e fazer análise crítica; compreensão da necessidade do contínuo aperfeiçoamento; atuação de forma interdisciplinar. Destacam-se, ainda, algumas habilidades requeridas ao novo perfil dos administradores: compreensão do todo (visão sistêmica); utilização do raciocínio lógico, crítico e analítico; comunicação e relacionamento; capacidade de expressão; flexibilidade e adaptabilidade na solução de problemas; seleção de estratégias adequadas com foco em objetivos comuns; ordenação de atividades; formação de novos líderes; transferência de autonomia e poder; tomada de decisão em conjunto; capacidade de emitir e receber feedback. Definitivamente, o foco das organizações baseadas no conhecimento são os seus recursos humanos, isto é, pessoas. Podemos comparar o atual gestor com o maestro de orquestra. Provavelmente, existem poucos maestros de orquestras capazes de tirar uma nota sequer de um clarinete, quanto mais mostrar ao clarinetista como tocá-lo, mas o maestro pode focar na habilidade do clarinetista e no conhecimento do desempenho conjunto dos músicos. Este foco é o que os líderes de uma empresa baseada na informação devem ser capazes de alcançar. Chegamos ao final deste Tema de Aprendizagem e, certamente, você já possui condições de pensar a Gestão do Conhecimento de forma mais adequada. Ao 145 estudarmos este tema, observamos o quanto as empresas, cidades e países dependem de sua gente para a geração de conhecimentos. Iniciamos os nossos estudos falando sobre a importância do mapeamento do conhecimento, para isso, é possível utilizar da metodologia da “janela do conhecimento”. Perceba o quanto é importante identificar os conhecimentos críticos para o sucesso do negócio, tais informações jamais poderão ficar apenas com os colaboradores, é preciso mapear e formalizar esse conhecimento imprescindível à empresa. Podemos fazer isso criando um quadro com as perspectivas da janela do conhecimento: sabemos que sabemos; sabemos o que não sabemos; não sabemos que sabemos e não sabemos o que não sabemos. Em seguida, falamos acerca dos valores de uma organização, incluindo os ativos tangíveis e intangíveis. Os ativos tangíveis referem-se a tudo que é físico, capaz de ser manipulado pela empresa, já os ativos intangíveis referem-se diretamente à atuação das pessoas e à sua capacidade em gerar vantagem competitiva para o negócio. Por falarmos em ativos intangíveis, conversamos, também, sobre o capital intelectual: este é a combinação dos ativos intangíveis capazes de influenciar significativamente os rumos do negócio. O capital intelectual é o resultado da soma entre o capital humano e o capital estrutural. Fazer a Gestão do Conhecimento envolve, primeiramente, o mapeamento dos conhecimentos, ou seja, a identificação desses, mas envolve, também, a mensuração deles de tal forma que a empresa possa caracterizá-los como contribuições ao resultado da organização. Para isso, o gestor utiliza de inúmeras ferramentas ou indicadores, dentre eles, indicadores administrativos, tecnológicos e comportamentais. Considerando que o conhecimento é um bem intangível, reside aí a dificuldade em estabelecer os indicadores e as metodologias apropriadas, nos quais, de forma geral, são utilizadas medidas financeiras e não financeiras. Como um suporte ao entendimento desse assunto, foi apresentada a ferramenta do Balanced Score Card (BSC) como uma alternativa ao estabelecimento de indicadores para a Gestão do Conhecimento. Só lembrando que o BSC traz quatro perspectivas as quais, combinadas, geram inúmeras informações aos gestores, sendo elas: perspectiva financeira, de mercado, de processos e de pessoas. Para finalizarmos, cabe ressaltar a importância do uso de indicadores voltados a dar suporte ao processo de Gestão do Conhecimento. Atualmente, existem inúmeros programas e softwares que contribuem bastante, porém, acima de qualquer coisa, é importante a empresa estar verdadeiramente engajada nesse propósito, criando uma cultura da aprendizagem e da melhoria contínua. Sem essa mentalidade, de nada adiantarão as iniciativas da empresa, é preciso total comprometimento por parte de todos os níveis da organização. Forte abraço! Nos veremos na terceira eúltima unidade, onde falaremos a respeito de como a cultura de aprendizagem na Gestão por Competências e a visão do futuro por meio da formação humana e capacitação. 146 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO: INSTRUMENTOS PARA GESTÃO ESTRATÉGICA NAS ORGANIZAÇÕES Andreia de Bem Machado Francisco Antônio Pereira Fialho A transformação digital consiste em uma mudança estrutural da economia, das organizações e da sociedade em geral, causadas pela aplicação abrangente de tecnologias digitais e de modelos de negócios digitais disruptivos e está se tornando um termo de interesse acadêmico e empresarial em todo o mundo. Executivos de todos os setores estão usando avanços digitais, como análise, mobilidade, mídia social e dispositivos embarcados inteligentes, além de melhorar o uso de tecnologias tradicionais como o ERP (Enterprise Resource Planning – Planejamento de Recursos Empresariais) para mudar o relacionamento com os clientes, processos internos e proposições de valor. Da mesma forma, dirigentes de organizações públicas estão incorporando a transformação digital na administração pública, para melhorar o relacionamento e a prestação dos serviços públicos à população. Entretanto, há quase uma unanimidade, em todas as publicações, sejam elas científicas, de empresas de consultoria e de órgãos multilaterais, de que a transformação digital, que já era considerada uma tendência que vinha atingindo todos os setores da atividade humana no período pré-pandemia da Covid-19 – no formato de um furacão, teve uma aceleração significativa, no formato de um tsunami – obrigando todas as organizações a acelerarem os seus processos de digitalização e a implementarem os seus negócios no modelo em plataformas digitais, mesmo as empresas de pequeno e médio porte, pois esta será a única forma de sobreviver no mundo pós-pandemia. De fato, a pandemia da Covid-19 dividiu a humanidade entre a “era industrial” e a “era digital”. Se o ritmo do mundo pré-coronavírus já era rápido, o luxo do tempo agora parece ter desaparecido completamente. As empresas que mapearam a estratégia digital em fases de um a três anos precisaram escalar suas iniciativas em questão de dias ou semanas. Nesse sentido, uma pesquisa europeia, realizada pela empresa de consultoria McKinsey, em abril de 2020, mostrou que cerca de 70% dos executivos da Áustria, Alemanha e Suíça manifestaram que a pandemia provavelmente acelerou o ritmo de sua transformação digital. A aceleração já é evidente em vários setores e em várias regiões geográficas do mundo. Só para você ter uma ideia de como isso aconteceu, considere como os bancos LEITURA COMPLEMENTAR 147 asiáticos migraram rapidamente os seus canais físicos para o digital. Como o governo brasileiro conseguiu bancarizar digitalmente mais de 30 milhões de pessoas em questão de uma ou duas semanas (segundo a Caixa Econômica Federal, o seu aplicativo para o auxílio emergencial a informais registrou, em apenas seis horas, 10 milhões de cadastros finalizados)? Como os provedores de assistência médica passaram rapidamente para a tele saúde (teleconsulta, telemedicina)? Como as seguradoras fizeram para a avaliação de reclamações de autoatendimento e os varejistas fizeram para viabilizar as compras e entregas sem contato? A crise da Covid-19, aparentemente, ofereceu uma visão repentina de um mundo futuro, no qual o digital se tornará central em todas as interações, forçando organizações e indivíduos a avançarem na curva de adoção digital quase da noite para o dia. Um mundo onde os canais digitais se tornarão o principal (e, em alguns casos, o único) modelo de engajamento do cliente, e os processos automatizados se tornarão o principal fator de produtividade e a base de cadeias de suprimentos flexíveis, transparentes e estáveis. Um mundo em que formas de trabalho ágeis são um pré-requisito para atender as mudanças aparentemente diárias no comportamento do cliente. Na perspectiva de uma evidente aceleração, estamos testemunhando em 2020 uma verdadeira revolução que está acontecendo nas organizações. Para entender completamente o conceito de transformação digital, devemos primeiro definir e diferenciar os termos “digitalização”, “engajamento digital” e “transformação digital”: • Digitalização significa a conversão de produtos do formato analógico para o formato digital e as mudanças daí resultantes; • Engajamento digital é uma expressão usada, de forma muito vaga, que vai desde o uso de mídias sociais, até́ definições mais específicas como o uso de dados e tecnologias digitais, por parte das pessoas ou das organizações, para automatizar o manuseio de dados e otimizar processos; • Transformação digital é um novo conceito usado por pesquisadores, profissionais de empresas de consultoria e executivos, mas que, com frequência, muda de forma e de conteúdo, dependendo do contexto no qual ele é utilizado. A transformação digital é um processo de mudança disruptiva. Começa com a adoção e o uso de tecnologias digitais, evoluindo para uma conversão holística implícita de uma organização ou deliberada na busca pela criação de valor (HENRIETTE et al., 2016). Além disso, são necessárias transformações estruturais para implementar a transformação digital, relacionadas à estratégia, liderança e cultura organizacional. Os impactos da transformação digital, em qualquer organização, podem ser agrupados em três níveis diferentes: • A transformação das experiências do cliente no uso de produtos e serviços da organização é expressa no estudo aprofundado dos segmentos de mercado e seu comportamento no espaço de marketing, comportamento e lealdade do consumidor, 148 comunicação interativa com os clientes no processo de vendas e muitos produtos digitais, pontos de contato entre a organização e os clientes. • A transformação dos processos de negócios da organização abrange a automação dos processos de P&D, produção e distribuição. As tecnologias digitais também permitem que as pessoas trabalhem em diferentes níveis em diferentes áreas funcionais. Ao automatizar, padronizar e terceirizar processos globalmente, as organizações podem se tornar mais ágeis, mais receptivas às mudanças na demanda e mais capazes de aumentar e sustentar a lucratividade. Ao aumentar o trabalho home office dos seus funcionários, a tomada de decisões com base em dados reais de relacionamento com o cliente ajuda a acelerar a decisão sobre a disponibilidade de produtos em diferentes unidades de produção. • A transformação do modelo de negócios é baseada em plataformas digitais. De fato, o modelo de negócio será cada vez mais baseado em plataformas digitais, que acelerarão ainda mais o ritmo da transformação digital, pois, nesta terceira década do século XXI, elas estão entrando na sua quarta geração, que incorporarão bilhões de usuários, de aplicativos e de sensores, permitindo que as pessoas sejam omniconectadas, assim como as máquinas dotadas de inteligência artificial, por meio da Internet das Coisas e da computação ubíqua ambiente. Essas interações ocorrem adicionando conteúdo digital aos produtos e serviços existentes em determinada organização e introduzindo novas soluções digitais. As iniciativas de transformação digital que estão sendo implementadas nos diferentes setores da atividade humana, normalmente, incluem vários projetos de digitalização, mas os executivos que acreditam que não há nada mais na transformação digital do que a digitalização, estão cometendo um erro estratégico profundo. Na realidade, a transformação digital exige que a organização lide melhor com as mudanças em geral, tornando a “transformação digital” em uma “competência organizacional essencial”, à medida que a empresa se torna de ponta a ponta orientada para o cliente. Essa agilidade facilitará as iniciativas de digitalização em andamento, mas não deve ser confundida com elas. Portanto, salientamos como consideração final que, digitalizamos as informações, digitalizamos processose funções que compõem as operações de um negócio e transformamos digitalmente o negócio e sua estratégia. Cada um é necessário, mas não é suficiente para o próximo e, o mais importante, digitalização e engajamento digital são essencialmente sobre tecnologia, mas a transformação digital não é. A transformação digital é sobre pessoas. É como melhorar a vida das pessoas, nas organizações e na sociedade como um todo e, nesse sentido, a educação digital surge como um imperativo neste novo contexto de ecossistemas de geração de valor. Fonte: adaptada de: https://periodicoscientificos.ufmt.br/revistapanoramica/index.php/revistapanoramica/ article/view/1336. Acesso em: 4 abr. 2023. https://periodicoscientificos.ufmt.br/revistapanoramica/index.php/revistapanoramica/article/view/1336 https://periodicoscientificos.ufmt.br/revistapanoramica/index.php/revistapanoramica/article/view/1336 149 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tema de aprendizagem, você aprendeu: • A influência das janelas da Gestão de Conhecimento perante o processo de mapeamento do conhecimento organizacional. • O significado do capital intelectual e o seu processo de formação nas organizações. • Como o capital intelectual e o balanced scorecard contribuem para a mensuração do conhecimento nas organizações. • Como os indicadores do conhecimento interferem, direta ou indiretamente, na instrumentalização do potencial humano. 150 AUTOATIVIDADE 1 O capital intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma empresa, o que lhe proporciona vantagem competitiva. O conhecimento existente em uma organização que pode ser usado para criar uma vantagem diferencial conceitua assim o capital intelectual: uma combinação de ativos intangíveis oriundos das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação e capazes de trazer benefícios intangíveis para as empresas bem como capacitar o funcionamento delas. Esses ativos são divididos em quatro categorias. Em relação às quatro categorias mencionadas em nosso estudo, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Ativos de mercado, ativos de capital, ativo circulante e ativo de receitas. b) ( ) Ativo de mercado, ativos humanos, ativos de propriedade intelectual e ativos de infraestrutura. c) ( ) Ativos de infraestrutura, ativos de propriedade intelectual E ativos de negócios. d) ( ) Ativos de mercado, ativos de investimento, ativos de infraestrutura E ativos de capital. 2 A busca por formas de medida em Gestão do Conhecimento tem recebido cada vez mais atenção no mercado. As empresas buscam indicadores úteis nesta área, de forma a avaliar e controlar melhor as suas iniciativas em Gestão do Conhecimento. Uma questão inicial é em relação aos tipos de indicadores a serem utilizados, de esforço ou de resultados. Os indicadores que as empresas começam a usar nas suas iniciativas em Gestão do Conhecimento, em geral, recaem numa dessas categorias. Leia as afirmativas, a seguir, sobre os indicadores da Gestão do Conhecimento: I- Indicadores de esforço: evidenciam iniciativas da organização em Gestão do Conhecimento, mas sem, necessariamente, refletirem resultados estratégicos ou operacionais. São exemplos destes indicadores: quantidade de pessoas treinadas, de grupos de discussão existentes, de documentos disponíveis na memória organizacional etc. II- Indicadores quantitativos: são, em geral, expressos em quantidades e percentuais, como fruto de apurações, contabilizações e estatísticas. Dependendo da forma de captação primária, tendem a ser mais objetivos, parametrizáveis e comparáveis. III- Indicadores qualitativos: podem ser traduzidos em números, quantidades e/ou posições em uma escala de valor, mas são, essencialmente, fruto de algum tipo de avaliação qualitativa decorrente da observação. Podem, às vezes, ser mais subjetivos ou dependentes do observador, no entanto, em muitas situações, simplesmente não é possível usar outros tipos de indicadores. IV- Indicadores de resultado: refletem o alcance de objetivos operacionais ou metas estratégicas, sem dependerem, de forma exclusiva, das iniciativas de Gestão do Conhecimento. São exemplos: aumento de market share e de produtividade, redução de reclamações de clientes etc. 151 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I. b) ( ) II – III. c) ( ) III – IV. d) ( ) I – II – III – IV. 3 Com a perspectiva de mapear os indicadores que interferem, direta ou indiretamente, na instrumentalização do potencial humano, são apresentados, de forma objetiva, os respectivos indicadores do conhecimento organizacional. Em relação a este assunto, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) Indicadores administrativos contemplam: clima de abertura com foco no produto e no processo; modo de documentação do conhecimento (memória organizacional); modo de disseminação das informações (educação e treinamento); perspectiva sistêmica (estratégias de avaliação e acompanhamento da performance individual e coletiva). b) ( ) Indicadores tecnológicos contemplam: redes de informação (acúmulo e integração de banco de dados); intranet (rede para organizar e compartilhar informações e realizar transações digitais dentro da empresa, por meio de e-mail); extranet (extensão da internet de uma empresa, utiliza tecnologia world wide web para facilitar as comunicações com fornecedores e clientes, a fim de aumentar a velocidade e eficiência de seus relacionamentos); sistema nervoso digital (conjunto de processos digitais que permitem a uma empresa perceber e reagir a seu ambiente, sentir os desafios competitivos e as necessidades dos clientes bem como organizar respostas oportunas). c) ( ) Indicadores comportamentais contemplam: liderança existente (engajamento com a missão e a visão organizacional); integração das equipes multifuncionais e desenvolvimento de habilidades; foco em aprendizado e educação contínua; valorização das comunidades de aprendizagem organizacionais (grupos de colaboradores interagindo para criar, manter e desenvolver o conhecimento organizacional, com devido apoio e suporte da liderança); concentração criativa com consequente capacidade para lidar com as pressões, incertezas, ambiguidades e mudanças. d) ( ) Indicadores de resultado contemplam: índices de faturamento por período; percentual de crescimento por período; faturamento médio por cliente ou por produto; participação de mercado; rentabilidade por períodos; venda por metro quadrado. 4 Existe um conhecimento pertencente às organizações que pode ser usado para criar vantagens e diferenciais, é o que conceituamos de capital intelectual, considerado a combinação de ativos intangíveis originários das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação e que trazem benefícios intangíveis para as empresas as quais capacitam o seu funcionamento. Este conhecimento é dividido em quatro categorias, descreva-os. 152 5 A definição mais adequada de intangível: é “Ativos de capital que não têm existência física, cujo valor é limitado pelos direitos e benefícios que, antecipadamente, sua posse confere ao proprietário” (KOHLER, 1994 apud ANTUNES, 2000, p. 74). O termo “intangível” vem do latim tangere, que significa “tocar”. Logo, os bens intangíveis são aqueles que não podem ser tocados, pois não possuem corpo físico, contudo muitos outros ativos não têm tangibilidade, mas são classificados como se tangíveis fossem, tais como: despesas antecipadas, duplicatas a receber, aplicações financeiras etc. Considerando o seu saber a respeito, descreva elementos que podem ser classificados como intangíveis. 153 REFERÊNCIAS ALVARENGA NETO, A. R. C. D. de. Gestão do Conhecimento em Organizações: Proposta de mapeamento conceitual integrativo. São Paulo: Saraiva, 2008. ANGELONI, M. T. Organizações do Conhecimento: Infra-estrutura, pessoas e tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2008. ANTUNES, M. T. P. Capital Intelectual. São Paulo: Atlas, 2000. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas. Rio deJaneiro: Elsevier, 2008. CHIAVENATO, I. Os Novos Paradigmas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1998. DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento Empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998. FIGUEIREDO, S. P. Gestão do Conhecimento: estratégias competitivas para a criação e mobilização do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. LÉVY, P. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2000. MUlBERT, A. L.; MUSSI, C. C.; ANGELONI, M. T. Estrutura: o desenho e o espírito das organizações. In: ANGELONI, M. T. Organizações do Conhecimento: Infra-estrutura, pessoas e tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2008. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de Conhecimento na Empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas, Organização e Métodos: Uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2009. VARGAS, E. A inveja na Gestão do Conhecimento: Parte II - Âmbito Organizacional. Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC). [S. l.], 12 maio 2022. Disponível em: http://www.sbgc.org.br/blog/a-inveja-na-gestao-do-conhecimento- parte-ii-ambito-organizacional. Acesso em: 3 abr. 2023. ZABOT, J. M.; SILVA, L. C. M. Gestão do Conhecimento: aprendizagem e tecnologia construindo a inteligência coletiva. São Paulo: Atlas, 2002. 155 GERENCIANDO O CONHECIMENTO A PARTIR DA GESTÃO DO DESEMPENHO UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a relevância da gestão do conhecimento, por meio da gestão do desempenho; • reconhecer a atuação gerencial através dos resultados obtidos; • estabelecer a estrutura de manutenção da gestão por competências, com base na cultura de aprendizagem, no sistema de benchmarking e no aprendizado digital; • compreender a importância da formação humana e da capacitação de colaboradores na visão de futuro sustentável dos negócios. A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – ATUAÇÃO GERENCIAL SOBRE RESULTADOS TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – GESTÃO POR COMPETÊNCIAS TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – VISÃO DO FUTURO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 156 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 157 TÓPICO 1 — ATUAÇÃO GERENCIAL SOBRE RESULTADOS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Olá, caro acadêmico! Chegamos a nossa terceira e última unidade de estudo, que contempla a Gestão por Competência e Conhecimento. Agora que já conhecemos o que é e como funciona o processo de gestão do desempenho, vamos iniciar a última etapa dessa jornada: abordaremos alguns assuntos referentes à atuação gerencial sobre os resultados da avaliação. Todo o desenvolvimento do processo de gestão do desempenho objetiva gerar informações para auxiliar a atuação gerencial frente aos resultados apresentados. Nesta unidade, veremos como essa ferramenta pode ser utilizada para administrar o desempenho em suas várias dimensões, considerando, ainda, o feedback como ferramenta essencial para a consolidação dos resultados. Nesta terceira unidade, abordaremos a importância da atuação gerencial sobre os resultados da avaliação e apresentaremos as ideias que se referem à entrevista de avaliação, contendo uma série de cuidados a serem tomados para que esse momento possa gerar uma experiência positiva no avaliado. Em seguida, falaremos sobre a importância da cultura de aprendizagem, sistemas de benchmarking e o papel estratégico do e-learning. Desse modo, finalizaremos com algumas reflexões que nos permitem a visão do futuro na perspectiva da formação humana, desenvolvimento e capacitação, bem como falaremos sobre a visão do futuro na concepção da sustentabilidade. Bons estudos! 2 ATUAÇÃO GERENCIAL SOBRE RESULTADOS O processo de avaliação e, posteriormente, gestão do desempenho, constitui uma ferramenta gerencial para administrar o desempenho em todas as suas dimensões, desde a negociação dos resultados esperados, a análise da capacitação profissional, as reuniões para revisão do desempenho até o planejamento das ações para correção dos desvios de desempenho. O gerente é o responsável total pelo desempenho, portanto a atuação gerencial sobre a dinâmica do processo, em suas várias dimensões, é que assegurará o alcance dos objetivos. 158 Com base nesse entendimento, devemos destacar que as ações gerenciais sobre o desempenho não podem ter dia e hora preestabelecidos. Devem acontecer no dia a dia de trabalho, como decorrência do acompanhamento do desempenho. O gerente assume a responsabilidade pela condução do processo e do desempenho apresentados em forma de resultados, atribuição, antes, delegada à área de Recursos Humanos, que, nessa mudança na filosofia de trabalho, assume papel de prestadora de serviços a seus clientes internos, auxiliando e assessorando os gerentes e as equipes na busca por soluções e melhores desempenhos. Essa forte alteração na forma de atuação coloca o gerente à frente de sua equipe, passando a exercer, integralmente, seu papel de gestor de pessoas. Por outro lado, a atuação do Gestor de Pessoas se torna estratégica quanto as suas responsabilidades de integrar as expectativas e a visão estratégica às atividades da organização, por meio de capacitação, treinamentos, formulação de políticas, normas, procedimentos e assessoria aos gerentes na condução do processo de gestão do desempenho (LUCENA, 2004). Perceba o quanto é importante a atividade gerencial frente aos resultados da equipe, pois dessa forma podemos afirmar que o gestor exerce influência direta sobre os resultados alcançados. Essa influência decorre das iniciativas gerenciais em acompanhar a equipe durante o processo de construção dos resultados, disponibilizando orientações, auxílio, reconhecimento e correções quando necessário. Contudo, mais duas configurações, ainda, podem se desenvolver: a atuação ineficaz do gestor, que, por meio de orientações e correções não planejadas, acaba por influenciar, negativamente, na atuação das pessoas e, consequentemente, no desempenho; e, por fim, a ausência de intervenção. Isso ocorre quando o gestor não reconhece ou renuncia a sua responsabilidade frente à equipe e aos resultados a serem apresentados, deixando de monitorar e acompanhar o desempenho da equipe, o que pode, assim, comprometer o resultado geral da equipe e da empresa. No processo de gestão do desempenho, o resultado do gerente é diretamente proporcional ao resultado dos membros da equipe (PONTES, 2008). IMPORTANTE 3 ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO A entrevista de avaliação pode ser considerada a parte mais importante de todo o processo de avaliação do desempenho. Ela tem por objetivo dar feedback às pessoas sobre como elas se saíram em suas atividades e planejar o desenvolvimento futuro. Para evitar a sobrecarga e o excesso de envolvimento do entrevistador no processo, recomenda-se que as entrevistas sejam divididas em duas sessões ou etapas: uma para a revisão do 159 desempenho, e a outra para os planos de crescimento e desenvolvimento do avaliado. Esse procedimento alivia a pressão de tempo, e o entrevistador pode oferecer atenção adequada a cada uma das etapas da entrevista de avaliação (CHIAVENATO, 2004). O processo de devolutiva dos resultados, aqui denominado entrevista de avaliação, deve ser entendido como um momento único entre o avaliador e o avaliado, pois possibilita maior aproximação, compartilhamento de conhecimentos e criação de relacionamentos mais transparentes. Contudo, esse propósito somente será alcançado por meio de uma atuação assertiva por parte do avaliador no momento da entrevista, iniciando com o acompanhamento do desempenho ao longodo período, a revisão dos resultados e, principalmente, o seu planejamento, bem como a capacidade de comunicação e argumentação junto ao avaliado. Dessa forma, os gestores devem ser capazes de adequar o tipo de entrevista de acordo com o objetivo, o assunto, a personalidade do avaliado e o tempo disponível, pois a entrevista requer uma abordagem flexível. Levando em consideração a importância que a entrevista de avaliação assume frente ao processo de gestão de desempenho, recorremos à abordagem de Bohlander (2003) para elucidar um pouco mais sobre esse momento tão relevante. De acordo com o referido autor, existem três tipos de entrevistas, sendo: Falar e Convencer; Falar e Ouvir; e Solução de Problemas. Vamos entender um pouco mais sobre cada um: • Falar e Convencer: as habilidades exigidas nesse tipo de entrevista incluem a capacidade de persuadir um colaborador a mudar no sentido da maneira prescrita. Isso pode exigir novos comportamentos por parte do avaliado, e o uso hábil de incentivos pode ajudar para a motivação no processo de mudança (BOHLANDER, 2003). • Falar e Ouvir: nesse tipo de entrevista, as habilidades exigidas incluem a capacidade de comunicar, na primeira parte da entrevista, os pontos fortes e fracos do desempenho. Na segunda parte, exploram-se, amplamente, os sentimentos do avaliado sobre a situação. Esse método requer do avaliador a capacidade de ouvir opiniões discordantes e lidar com comportamento defensivo. O método Falar e Ouvir pressupõe que a oportunidade de liberar os sentimentos de frustração ajudará o colaborador a reduzi-los ou superá-los (BOHLANDER, 2003). • Solução de Problemas: as habilidades associadas a esse tipo de entrevista são similares ao processo de “Falar e Ouvir”, pois ouvir, aceitar e reagir aos sentimentos são elementos importantes para a resolução de problemas. Entretanto, o método vai além, busca estimular o crescimento e o desenvolvimento, discutindo, racionalmente, os problemas, as necessidades, os métodos, as inovações e as insatisfações. Ao conduzir uma entrevista dentro desses moldes, o avaliador incentivará o colaborador a pensar, fazendo com que ele desenvolva 160 sua criatividade, segurança, tomada de decisão, comprometimento e autovalorização (BOHLANDER, 2003). 3.1 CONDUZINDO A ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO Embora não haja regras de como conduzir uma entrevista de avaliação, há algumas orientações que podem levar o colaborador a aceitar melhor o feedback, a ficar mais satisfeito com a entrevista e a desejar melhorar no futuro. É importante que o gestor avaliador desenvolva sua própria estratégia, levando em consideração seu próprio estilo e personalidade, o perfil e a personalidade do avaliado, bem como o contexto e as circunstâncias em que se desenvolverá a entrevista. Diante desse desafio, Bohlander (2003) nos traz uma série de orientações que objetivam facilitar a condução da entrevista de avaliação: • Peça uma autoavaliação: peça para que o colaborador faça uma avaliação do próprio desempenho antes da entrevista, pois mesmo que essas informações não sejam usadas formalmente o objetivo é conduzi-lo a uma reflexão sobre seus próprios resultados, evitando que a pessoa seja pega de surpresa. • Estimule a participação: o objetivo inicial de uma entrevista de avaliação é estabelecer o diálogo para o aprimoramento do desempenho. Quanto mais ativa for a participação do avaliado, maior será a probabilidade de gerar ideias e encontrar soluções criativas para os problemas. Portanto, o avaliador deve, a todo o momento, estimular a participação e buscar o comprometimento do avaliado. Em geral, o avaliador deve falar, em média, de 30 a 35% do tempo, e no restante ele deve ouvir as respostas e as opiniões. • Expresse o reconhecimento: o elogio é um processo motivador, principalmente em uma entrevista de avaliação. Por isso, estabeleça o feedback positivo e reforce os pontos favoráveis do desempenho. Muitos autores recomendam iniciar a entrevista pelos pontos positivos, pois entende-se que, dessa forma, o avaliado se colocará em uma posição menos defensiva; porém esse método pode despertar no avaliado a preocupação de que as críticas ainda virão. • Minimize críticas: ninguém gosta de ser criticado. Geralmente, as pessoas são capazes de absorver um número limitado de críticas antes de adotar uma postura defensiva. Partindo da ideia de que a entrevista tem por finalidade o aprimoramento, o avaliador deve dosar o volume de críticas. Se houver um número grande de pontos negativos, é aconselhável que o avaliador eleja as questões mais problemáticas e importantes para serem trabalhadas primeiro, porém controlando bem as dosagens. Faça apenas as críticas que forem realmente necessárias, e tome cuidado para não exagerar: faça do aprimoramento sua meta. 161 • Mude o comportamento, e não a pessoa: ao lidar com situações problemáticas, o avaliador deve considerar que o problema não é a pessoa, mas suas ações e seus comportamentos adotados no trabalho. Trabalhe com base nos fatos evidenciados por meio do comportamento do avaliado, evitando emitir opiniões e recomendações a áreas que são, intrinsecamente, pessoais. • Foco na solução de problemas: ao tratar questões de desempenho é comum entrar no jogo da culpa, iniciando uma discussão que, geralmente, só abala o relacionamento. É importante considerar que, diante de uma situação-problema, o mais importante é descobrir como solucionar o problema e, em segundo plano, se houver necessidade, quem realmente é o responsável ou o culpado. O foco da entrevista deve estar em encontrar as causas dos problemas e estabelecer planos para solucioná-los. • Dê apoio: uma das melhores técnicas para o avaliador engajar um colaborador no processo de solução de problemas consiste em perguntar: - “o que posso fazer para ajudá-lo?”. Frequentemente, os colaboradores atribuem os problemas a obstáculos reais ou percebidos (como procedimentos burocráticos ou recursos inadequados). Ao estar disponível e dar apoio, o avaliador mostra ao colaborador que ele tentará eliminar os bloqueios externos e, junto a ele, atingirá padrões elevados. • Estabeleça metas: o objetivo da entrevista é estabelecer planos para o aprimoramento do desempenho. É importante estabelecer uma visão de futuro, ao invés de resgatar o desempenho passado. Isto é, é preciso enfatizar os pontos fortes que devem ser aproveitados; concentrar-se na oportunidade; estabelecer prioridades e datas para o cumprimento; e descrever qual é o objetivo e como será atingido. • Follow-up diário: o feedback é mais útil quando imediato e específico a uma situação particular. É importante que o avaliador estabeleça um feedback periódico, de preferência informal. Algumas empresas adotam pequenas sessões de feedback diárias. Observe quantas alternativas de atuação o gestor dispõe para a elaboração de sua estratégia para a entrevista de avaliação. É de suma importância que o gestor seja conhecedor de tais alternativas e recursos para que possa desenvolver, autonomamente, sua forma de atuação, porém levando em consideração o aspecto-chave: a busca da melhoria contínua. 3.2 ETAPAS A SEREM OBSERVADAS NA ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO Para que haja chances de sucesso no processo de execução da entrevista de avaliação de desempenho, é necessário que o avaliador seja estratégico e cuidadoso com o desenvolvimento do processo, para evitar, assim, uma experiência negativa ou traumática para o avaliado. Diante dessa necessidade, Bohlander (2003) nos propõe algumas ideias que denominamos, aqui, etapas para a entrevista de avaliação, sendo: 162 Quadro 1 – Etapas para a entrevista de avaliação Programação da Entrevista de Avaliação de Desempenho Preparando-se para a Entrevista de Avaliação de Desempenho Conduzindo a Entrevista de Avaliação de Desempenho • Marque a data da revisão e avise o colaborador com antecedência de 10 a 15 dias. • Revise a documentação coletada durante o período de avaliação.• Selecione um local que seja confortável para uma conversa franca e sincera. • Peça ao colaborador para que se prepare para a reunião, revisando seu desempenho, objetivos no cargo e metas de desenvolvimento. • Prepare-se para dar exemplos do desempenho acima ou abaixo da média. • Discuta cada período da avaliação, um por vez, considerando pontos fortes e fracos. • Deixe claro que se trata de um processo de avaliação. • Quando o desempenho fica aquém, discuta e planeje como reforçá-lo. • Seja específico e descritivo, evitando generalizações e julgamentos, bem como relate fatos ao invés de avaliá-los. • Depois que a avaliação for preenchida, deixe-a, de lado, por alguns dias e revise-a. • Discuta a diferença entre você e o funcionário e resolva-a. Confira se o • avaliado está de acordo com o resultado. • Siga e cumpra todas as etapas exigidas pelo sistema de avaliação de sua empresa. • Discuta e elabore planos com o avaliado para que sejam tomadas ações corretivas. • Mantenha uma conduta profissional e de apoio com relação à discussão de avaliação. Fonte: adaptado de: Bohlander (2003) 4 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E DO FEEDBACK NA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Para que uma entrevista ocorra, é necessária a troca de feedback. Partindo desse princípio, é importante considerar que o feedback se desenvolve com base no processo da comunicação humana. Diante disso, precisamos considerar alguns aspectos sobre a 163 comunicação. Segundo Pontes (2008), comumente pensa-se como serão proferidas as palavras, sempre objetiva-se utilizar a forma mais clara possível considerando se o tom deverá ser mais baixo ou mais alto, se a fala deverá ser lenta ou rápida e, até mesmo, se deverá apresentar aspecto cômico ou sóbrio. A boa comunicação é uma série de verificações que fazemos, primeiro, em nós mesmos e, em seguida, na outra pessoa. Ouvir é o grande segredo da alta qualidade na comunicação. Segundo o referido autor, para que uma comunicação seja considerada boa, faz-se necessária a presença de quatro elementos, sendo: falar, ouvir, ouvir-nos falar e ouvir-nos ouvir. Ao pensar o processo da avaliação de desempenho, é essencial garantir uma comunicação de qualidade, pois além de atender ao aspecto psicológico, é condição comum a todos o desejo de ter conhecimento acerca de seu próprio desempenho. O feedback é a ferramenta que orienta o desempenho das pessoas nessa direção, pois se for emitido de forma clara e franca, permite o estabelecimento de um bom relacionamento, ajudando a criar um clima positivo para o trabalho. 4.1 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO É importante percebermos que todo comportamento é comunicação! Toda interação, qualquer que seja, supõe, por definição, um modo de comunicação. O problema básico em uma comunicação é que a informação captada por uma pessoa pode não ser aquela que o emissor quis transmitir. Quem fala e quem ouve são duas pessoas distintas, vivendo em mundos diferentes, por isso muitas coisas podem acontecer e causar distorções nas mensagens entre elas. O aparelho sensorial humano não transmite uma duplicata exata da realidade do mundo externo para a mente do observador. Nossas necessidades e experiências tendem a colorir o que vemos e ouvimos. As mensagens que não desejamos aceitar são reprimidas; outras, ampliadas, e outras, ainda, tiradas do nada ou distorcidas da realidade. Na sequência, Pontes (2008) nos traz algumas ideias que procuram responder o motivo das comunicações se destruírem. Acompanhe a seguir: Quadro 2 – Motivo das comunicações se destruírem • Um dos motivos é que ouvimos só o que queremos ouvir. • A maioria das pessoas resiste à mudança. Ignora qualquer coisa que vá contra as suas crenças. • O receptor não só avalia o que ouve em termos de bases de experiências pessoais, mas também leva em conta o emissor. • Grande dificuldade de separar o que ouvimos do que sentimos com relação ao emissor. Fonte: adaptado de: Pontes (2008) 164 As percepções diferentes também intervêm na distorção da comunicação, em que as pessoas interpretam o mesmo estímulo de modos diferentes, dependendo de sua experiência prévia. Como exemplo, tomemos o caso de um supervisor que está observando um grupo de funcionários rindo: • Para o administrador que acredita que o trabalho deve ser duro para ser produtivo, o riso lhe comunica que o tempo está sendo desperdiçado. • Para o administrador que acredita que funcionários contentes trabalham mais arduamente, o riso lhe comunica que ele está funcionando bem como administrador. • Para o administrador que tem uma personalidade insegura, o riso lhe comunica que as pessoas estão rindo dele. As palavras podem significar diferentes coisas a diferentes pessoas, pois a linguagem é um método de usar símbolos para representar fatos e sentimentos, ou seja, não podemos transmitir “significados”, mas “palavras”. E as mesmas palavras podem sugerir coisas bem diferentes a diferentes pessoas. Os significados estão nas pessoas, e não nas palavras (PONTES, 2008). Grupos ocupacionais e grupos sociais tendem a desenvolver sua própria linguagem especial, chamada “gíria”. Algumas vezes, os membros do grupo esquecem disso quando estão falando com um estranho, que não entende estes significados internos. A comunicação não verbal, como, por exemplo, o olhar para os olhos, a forma da boca, os músculos da face e, até mesmo, a postura do corpo, pode dizer mais sobre o que a outra pessoa realmente pensa do que as palavras que ela está usando. O inverso é que nós mesmos também comunicamos coisas sem intenção. As emoções também produzem efeitos sobre a comunicação, pois quando nos sentimos inseguros, aborrecidos ou receosos, o que ouvimos e vemos parece ser mais ameaçador do que quando nos sentimos seguros e em paz com o mundo. A tristeza e o desespero dão cor a tudo o que fazemos e vemos. Do mesmo modo, quando alegres, podemos “não ouvir” problemas ou críticas (PONTES, 2008). Vivemos em um mundo de palavras e cercados de sons o tempo todo, e as pessoas aprendem a “desligar” muitas coisas. O que o administrador diz pode ser ignorado, nunca ouvido, porque soa como o que ele sempre diz: “trabalhe com eficiência, economize material”. Assim, antes que as pessoas possam ouvir uma mensagem, devem aprender a discriminar entre os ruídos de fundo (o que sempre se diz) e o que constitui uma nova informação significativa (PONTES, 2008). Pode-se melhorar a comunicação por meio de técnicas, mas nenhuma delas cura tudo, pois a perfeita compreensão entre as pessoas é impossível. O feedback talvez seja o mais importante método de melhorar as comunicações. Esse termo, adotado da 165 engenharia, refere-se à habilidade de certas máquinas complexas verificarem seu próprio desempenho e corrigi-lo. Em nossas comunicações, mesmo em conversas casuais, estamos alerta para saber se somos compreendidos. Limitar o receptor à resposta “sim” ou “não” é menos eficiente do que permitir que amplie os seus comentários. A maioria das comunicações é uma combinação de fatos e sentimentos. Somente quando o emissor é capaz de experimentar um feedback do receptor, pode ele realmente saber o que está ouvindo e o que não está. É difícil entender-se com um ouvinte quando você está tentando comunicar algo que contradiz suas expectativas. Portanto, é preciso ser sensível ao que se diz e ao impacto provocado nos sentimentos do receptor, adequando-se ao seu vocabulário, interesses e valores (PONTES, 2008). 4.2 O CONTEXTO E A APLICAÇÃO DO FEEDBACK Feedback é um termo oriundo da cibernética e, atualmente, é bastante difundido em Psicologia, Sociologia, Pedagogia, Medicina, Administração e outras áreas do conhecimento. É usual a utilização do termo em inglês, sua forma original. Feedback significa retroação, retroalimentação ou retro informação (MISSEL, 2016). Usa-se principalmente nos sistemas eletrônicos, e também nas viagens espaciais para anotar o mecanismo que regula as navesno voo espacial. A estação terrestre observa e obtém informações da nave, que, por sua vez, envia informações para a Terra, para prosseguir sua viagem ou para corrigir desvios da rota marcada (MISSEL, 2016). Nós igualmente desviamo-nos, às vezes, nas relações interpessoais, no nosso modo de proceder e de interagir, ocasionando falhas e queda em nosso desempenho. Por isso, é de toda convivência usar nosso próprio mecanismo de feedback para pôr-nos novamente em órbita. Aplicando-o nas relações interpessoais, torna-se uma forma de ajuda a outra pessoa ou ao grupo, considerando a possibilidade de mudança na conduta. Pontes (2008, p. 187), dentro da gestão do desempenho, define o feedback como: Feedback é a comunicação para fornecer informações sobre como é percebida a atuação de quem está ouvindo e se a forma dessa atuação pode estar afetando o trabalho de outras pessoas. É um processo de ajuda para a mudança de comportamentos inadequados, manutenção de comportamentos desejáveis e orientação para novos comportamentos, contudo o feedback deve fornecer a informação sobre o desempenho de forma clara e objetiva. Diante da fala do autor, podemos perceber que feedback é a informação que se dá a uma pessoa sobre como o seu comportamento está sendo percebido e como isto afeta a postura dos demais. É válido também para expressar como a atuação do grupo está afetando uma ou mais pessoas. Em suma, o feedback é um processo de ajuda mútua para a mudança de comportamento. É um mecanismo auxiliar para quem deseja perceber quanta afinidade existe entre suas intenções e sua conduta e, assim, melhorar o seu desempenho (PONTES, 2008). 166 O feedback utilizado em uma avaliação, tanto formal como informal, busca analisar o desempenho passado com vistas ao desempenho futuro, objetivando o maior aproveitamento do potencial do profissional. Assim, o feedback não é um “ajuste de contas”, mas uma análise construtiva do desempenho e do potencial do colaborador. Por isso, é importante desenvolver tanto a habilidade de receber como a de emitir feedback. Contudo, apenas o reconhecimento dessa importância não basta, é preciso muito exercício, pois não é fácil dar e, muito menos, receber feedback (PONTES, 2008). A arte de dar feedback Autor: Harvard Business Review Editora: Sextante Sinopse: para ajudar as pessoas a atingirem as metas e realizarem seu potencial, você precisa fornecer feedback regularmente. Entretanto, a tensão de falar sobre questões delicadas pode ser esmagadora. Como passar a mensagem adequada para que ela seja não, apenas, bem recebida, mas capaz de motivar e incentivar as mudanças necessárias? A arte de dar feedback fornece conselhos práticos para transformar qualquer conversa sobre desempenho – de atualizações semanais a avaliações anuais – em uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento. Não importa se você quer reconhecer um trabalho exemplar ou abordar problemas de comportamento, neste livro, você encontra dicas certeiras para promover o melhor da sua equipe. Fonte: adaptado de: https://www.leitoraviciada.com/2019/04/sextan- te.html#:~:text=Para%20ajudar%20as%20pessoas%20a,quest%- C3%B5es%20delicadas%20pode%20ser%20esmagadora. Acesso em: 31 mar. 2023. DICA 4.3 DIFICULDADE PARA RECEBER FEEDBACK Precisamos concordar que é difícil aceitar nossas limitações e carências e, ainda mais, admiti-las para outras pessoas publicamente. No processo de feedback, a questão da confiança no outro é o ponto crítico, e isto aumenta a dificuldade em aceitá-lo, principalmente em situações de trabalho que possam afetar nosso status ou imagem. Podemos também recear o que a outra pessoa pensa a nosso respeito, por sentir que nossa privacidade esteja sendo violada ou por imaginar que o apoio que esperamos nos esteja sendo negado. Às vezes, ao recebermos informações que indicam estarmos contribuindo para manter um problema, reagimos defensivamente; negando a validade do feedback, agredimos o comunicador, apontando-lhe também seus erros etc. Isso porque a 167 resolução de um problema pode significar descobrir e reconhecer alguma faceta de nossa personalidade que temos negado ou, até mesmo, evitado pensar. Diante disso, devemos trocar os dois dês, defender e debater, pelos dois pês, prestar atenção e procurar entender o que está sendo comunicado (KRAUSZ, 1999). 4.4 DIFICULDADE PARA EMITIR FEEDBACK Há alguns pontos de atenção ao se dar um feedback. O objetivo ao se dar um feedback não é demonstrar nossa inteligência e habilidade, mas pensar na utilidade da informação para o receptor. Também é preciso atenção no que tange a se reagir somente a um aspecto do que vemos no comportamento do outro, considerando nossas próprias limitações e, com isso, demonstrarmos parcialidade e ação exclusivamente avaliativas. Assim, o processo de feedback serve mais como desabafo (alívio de tensão), como agressão ao receptor, velada ou manifestada. Outra questão que se evidencia é que, muitas vezes, amedrontamo-nos frente às reações dos outros, a sua mágoa, a sua impressão sobre nós, a sua raiva etc. Isto é, amedrontamo-nos com a possibilidade de o feedback não ser, corretamente, interpretado, e isso ocorre porque em nossa cultura o feedback ainda é percebido como uma crítica negativa, com implicações emocionais (KRAUSZ, 1999). 4.5 SUPERANDO AS DIFICULDADES DE EMITIR E RECEBER FEEDBACK Para superar as dificuldades em emitir e receber feedback, primeiramente necessitamos entender, essencialmente, a sua finalidade, que é fornecer informações sobre o comportamento e o desempenho, com base em dados objetivos, de tal forma que a pessoa avaliada possa manter uma atitude positiva com relação a si própria e ao seu trabalho; ou, ainda, estimular aquele que recebe a avaliação a comprometer-se com o planejamento pessoal, a fim de buscar padrões estabelecidos de comportamento e desempenho. Krausz (1999) menciona que, para superar tais dificuldades, é necessário: • estabelecer uma relação de confiança recíproca para diminuir as barreiras entre comunicador e receptor; • demonstrar respeito, tratando da maneira que gostaria de ser tratado; • reconhecer que o feedback é um processo de exame conjunto; • aprender a ouvir, a receber feedback sem reações emocionais intensas; • aprender a dar feedback de forma habilidosa, sem conotações emocionais intensas. 168 4.6 PRINCÍPIOS PARA O FEEDBACK EFICAZ O feedback eficaz é aquele que consegue promover as alterações ou as mudanças objetivadas de forma a evidenciar as qualidades do avaliado, estimulando-o para a mudança e o aprimoramento do desempenho. Diante desse desafio, Krausz (1999) nos oferece algumas orientações sobre como tornar o feedback mais eficaz. Nesse sentido, a autora destaca que ele necessita apresentar algumas características específicas que o tornará mais poderoso. Observe o quadro a seguir. Quadro 3 – Tipos de feebacks eficazes • Aplicável: ser dirigido para comportamentos que o receptor possa modificar. Quando indicamos alguma limitação sobre a qual a pessoa não possui controle algum, só conseguimos aumentar a frustração. • Neutro: ser descritível ao invés de avaliativo. Quando se evita o julgamento e faz-se, apenas, o relato de um evento ou fato, reduz-se a necessidade do outro reagir de forma defensiva. Nesse caso, o objetivo é provocar na pessoa uma autoavaliação por meio da análise dos fatos, e não por meio das opiniões. • Específico: é o oposto da generalização. Quando o feedback é generalizado, a mensagem fica vaga, perde sua força e significado, e o receptor não dispõe de dados suficientes para compre- endê-lo e utilizá-lo. • Solicitado: o feedback será mais útil quando não imposto, isto é, quando a própria pessoa formulou a pergunta que permite ao emissor oferecer uma observação. • Oportuno: geralmente é mais efetivo se for oferecido imediatamente depois de ocorrer a conduta. Saber quando oferecer feedback é tão importante quanto saber como fazê-lo. • Direto: ser oferecido, pessoale diretamente, ao interessado, e não a colegas, superiores, subordina- dos ou outras pessoas. • Comprovado: solicitar que o receptor repita a mensagem para a comprovação da sua compreensão, conforme a expectativa do emissor. Fonte: adaptado de: Krausz (1999) 169 4.7 DESENVOLVENDO O PROCESSO DE FEEDBACK Como já mencionado, o feedback é uma ferramenta administrativa que possibilita a troca e a retroalimentação de informações a respeito de uma determinada pessoa. Cabe reforçar a necessidade de alto preparo, por parte dos avaliadores, para o estabelecimento do feedback, evitando, assim, a geração de experiências negativas ou traumáticas naquele que recebe. Ainda, vale a pena mencionar que o processo de feedback deve ser entendido como um momento muito importante entre o gestor e seu colaborador, e que ele deve sempre priorizar a melhoria contínua. Dessa forma, quanto mais o emissor do feedback estiver preparado e conhecer os seus processos e etapas, maior será seu poder sobre a situação e, naturalmente, a tendência em alcançar melhor o resultado. Como já estudamos, porém, é comum gerentes apresentarem dificuldades em lidar com pessoas e, ainda, terem sérias limitações com relação à prática do feedback. Partindo dessa realidade e de uma necessidade em instruir melhor os gestores sobre como é possível conduzir o feedback de maneira assertiva e processual, elaboramos o Quadro 4, que resume as etapas e as instruções do que fazer em cada momento do processo de feedback. Quadro 4 – Etapas do processo de feedback 1 - ABRE ABRA falando do motivo da reunião, reforçando os aspectos positivos da pessoa e do momento. Faça a proposta do contrato psicológico: 1º espontaneidade, 2º disponibilidade e 3º sigilo. 2 - ESCLARECE ESCLAREÇA a situação, fale da sua percepção sobre o ponto abordado e sempre demonstre casos práticos utilizando exemplos sobre o assunto. Estimule-o treinando a relatar seu ponto de vista sobre o assunto abordado (o que você tem a dizer sobre esse assunto?). 3 - ENVOLVE ENVOLVA a pessoa nos passos para a solução do problema, estimule-a treinando a relatar sua proposta de mudança (o que você está disposto a fazer para mudar essa situação?). 4 - CONCORDA Ganhe CONCORDÂNCIA sobre os próximos passos e responsabilidades. Estabele- ça objetivos e datas para uma nova avaliação. 5 - FECHA FECHE resumindo os pontos abordados, rea rme as expectativas, expresse sua con fiança, mantendo uma postura de respeito; valorize os aspectos positivos da pessoa, sinalize os ganhos positivos da mudança, agradeça e se despeça. Fonte: adaptado de: Pereira (2012) 170 O quadro anterior é o resultado de uma série de experiências com relação ao tema, que procuramos, de forma clara e objetiva, sistematizar em uma sequência de eventos que pudesse proporcionar ao gestor avaliador maior segurança sobre o assunto. Baseado nessa proposta, o gestor pode estabelecer um planejamento prévio sobre os assuntos a serem abordados e especifi car em que momento cada um deve ser tratado, podendo, ainda, identifi car a necessidade de reforçar alguma informação em um dado momento ou, ainda, acelerar o processo de explicações e tratar, com maior foco, os resultados a serem alcançados, buscando o reconhecimento da outra parte sobre aquilo que está sendo tratado. Enfi m, o quadro tem a fi nalidade de propor uma ideia geral sobre como conduzir adequadamente uma reunião de feedback. Procedimentos para o feedback Para reforçar a ideia sobre os cuidados a serem tomados na prática do feedback, Pontes (2008) nos propõe alguns procedimentos, os quais consistem em uma série de observações e cuidados a serem tomados antes, durante e depois da reunião de feedback: • analisar a situação: qual é o problema? Tenha bem claro o que, no comportamento e nos desempenhos atuais, precisa ser mudado e o porquê. Disponha de exemplos; • ajustar-se à receptividade: é muito importante ter em mente que as pessoas diferem em sua capacidade de absorver as críticas, e que a capacidade de uma determinada pessoa também pode variar a cada dia; • criar o ambiente propício: é importante estabelecer um clima de verdade, para que o respeito mútuo e a possibilidade de criticar e ser criticado prevaleçam; • comunicar-se assertivamente: faça uso de sua competência em comunicar. Lembre- se de que: o que você diz representa 7% da comunicação; a maneira como você diz representa 38%; e sua linguagem corporal representa 55% da comunicação; • descrever o comportamento que deseja mudar: é essencial que a pessoa, primeiro, compreenda qual é o ponto; depois, que aceite a existência do problema; e, fi nalmente, que ela aceite a necessidade de mudar; • descrever o comportamento desejado: é muito importante deixar claro o comportamento ou o desempenho que se deseja que a pessoa apresente no futuro; • concentrar-se naquilo que se acha bom: tenha certeza de que você está levando em conta o que está funcionando, o que está de acordo, tanto quanto o que não está de acordo, isto é, as áreas que precisam de melhorias; • chegar a um acordo: você não pode forçar uma pessoa a mudar seu comportamento ou desempenho, pode ajudá- la e encorajá-la, mas apenas a pessoa pode, efetivamente, executar a mudança. Assim, é essencial que a pessoa concorde. INTERESSANTE 171 5 MENSURANDO O CONHECIMENTO E O CAPITAL INTELECTUAL O capital intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma empresa, o que lhe proporciona vantagem competitiva. O capital intelectual é o conjunto de conhecimentos e informações que uma pessoa ou instituição possui, que é colocado ativamente a serviço da realização de objetivos econômicos. O conhecimento existente em uma organização e que pode ser usado para criar uma vantagem diferencial é o que conceitua capital intelectual como sendo uma combinação de ativos intangíveis, oriundos das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação, que trazem benefícios intangíveis para as empresas e que capacitam o seu funcionamento, sendo divididos em quatro categorias: 1) Ativo de mercado: potencial da entidade com seus ativos intangíveis relacionados com o mercado, como marca, lealdade dos clientes, negócios em andamento, canais de distribuição, franquias etc. 2) Ativos humanos: benefícios que o indivíduo proporciona para a organização, como expertise, criatividade, conhecimento e habilidade para resolver problemas de forma coletiva e dinâmica. 3) Ativos de propriedade intelectual: estes são os que necessitam de proteção legal para proporcionar benefícios futuros para a empresa, tais como know-how, segredos industriais, copyright, patentes, design etc. 4) Ativos de infraestrutura: incluem tecnologias, metodologias e processos empregados, tais como cultura, sistema de informação, métodos gerenciais, aceitação de riscos, banco de dados de clientes etc. O Capital Intelectual envolve basicamente três questões: a) o valor do capital intelectual excede, por muitas vezes, o valor dos ativos que constam no balanço; b) o capital intelectual é a matéria-prima da qual os resultados financeiros são feitos: resultados financeiros derivam da matéria-prima do capital intelectual; c) diretores e gerentes têm que distinguir os dois tipos de capital intelectual, sendo capital humano e capital estrutural. Como já vimos, o capital humano importa por ser a fonte de inovações e renovações, e o capital estrutural coloca novas ideias para trabalhar e pode ser usado várias vezes para criar valor. 172 5.1 O DESAFIO DA MENSURAÇÃO Existe uma combinação de fatores e forças que levam a organização a dirigir- se para determinada direção. Essas forças são divididas em quatro categorias como possíveis formadoras e direcionadoras da evolução e das mudanças incorridas pelos sistemas de mensuração de desempenho organizacional. São elas: • influências internas, ou seja, relações de poder e coalizões de interesses dominantes; • influências externas, ou seja, a legislação e a volatilidade dos