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A HISTÓRICA DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR E SUAS DIMENSÕES

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A HISTÓRICA DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR E SUAS DIMENSÕES 
SANTOS, Renata Araujo
De vez em quando aparece nas mídias algumas homenagens aos professores enaltecendo esses profissionais e essa profissão como sendo a maior das profissões, pois todos os demais profissionais dependem de professores em sua formação. Por outro lado, vemos também constantemente a desvalorização do professor no Brasil na desatenção da políticas públicas para a educação, nos baixos salários, nas críticas de familiares quanto à precária educação de seus filhos/as, nas matérias jornalísticas depreciando o trabalho de professores/as, enfim, pessoas que também foram formadas por professores/as por vários anos de escolarização. 
Sabemos da importância dos/as professores/as na formação de todas as outras profissões, porém conforme artigo da Revista Nova Escola (2010) a docência é uma profissão que não atrai mais os jovens durante a escolha de qual faculdade fazer, pois pesquisas da “Fundação Victor Civita (FVC) e da Fundação Carlos Chagas (FCC), apenas 2% dos estudantes do terceiro ano apontaram a Pedagogia ou algum tipo de Licenciatura como primeira opção de carreira” (p.7). Uma profissão que era tão bem-vista, cheia de vestígios e nomeações antigamente, hoje em dia, é desprestigiada e está entre as menos escolhidas como carreiras para os jovens.
Além do desinteresse pela carreira da docência, acredito que para quem já está no mercado de trabalho também sabemos que a desvalorização pelo professor/a e as precárias condições de trabalho atingem diretamente sua saúde mental (quadros de depressão, síndrome do pânico, ansiedade) levando a afastamentos e/ou aposentadorias ou desistências da profissão.
	Costa e Rodrigues (2020) citam que a desvalorização da docência vem de quatro dimensões tais como: econômica, social, política e consequências para o exercício da profissão. Já para Santos (2015) há cinco tipos de desvalorização do trabalho do professor que são: econômico, social, psicológico, obsolescência e desqualificação.
	Nas duas pesquisas acima, os autores compartilham do fator econômico como algo que desqualifica a profissão, evidenciando a baixa remuneração de professores/as para uma alta carga horária e excedente trabalho em suas ocupações laborais. Santos (2015) considera este o principal tipo de desvalorização histórica do Brasil em que aparece no último lugar no ranking de comparação das remunerações, como mostra o gráfico abaixo:
Gráfico 1: Na comparação salarial com outras profissões de formação superior
Fonte: Pesquisa Professores do Brasil: Impasses e Desafios, com base em dados da Pnad 2006[footnoteRef:1]	 [1: Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/9764] 
Em se tratando do âmbito social a percepção que a sociedade tem da importância do papel do professor ou da sua necessidade na sociedade gostaria de dizer que em meu texto anterior (o uso de psicofármacos como resposta a queixa escolar), coloquei uma charge que demostrava a diferença da valorização dos/as professores/as perante os pais, e que antes questionava-se os filhos pela notas obtidas e hoje questiona-se os professores, isso demonstra o quanto a identidade do/a professor/a está depreciada, desconfiando até mesmo da ética dos/as mesmos/as. Não podemos esquecer da violência que muitos professores sofrem quando tentam apenas dar a aula, cumprir seu papel em sala.
Sobre a Obsolescência, não acredito que a docência se tornará uma função obsoleta, mas podemos observar que quando se trata de nível superior EAD um professor ministra suas aulas para milhares de pessoas, diferente das aulas ministradas no particular que não possuem turmas pequenas, mas que possui uma quantidade máxima por metro quadrado dentro da sala e isso pode gerar uma ideia de que o professor seja desnecessário ou “menos necessário” do que já foi um dia. Outro fator é que se fala muito da falta de professores de algumas determinadas disciplinas, mas na falta, essas aulas são atribuídas para pessoas formadas em outras faculdades sem licenciatura. Oliveira (2009) lamenta que parece que qualquer um pode dar aula e podemos também chamar a atenção para os alunos que não se sentem motivados a prestar a atenção nas aulas, sendo que as mesmas podem ser encontradas a qualquer momento na internet e muitas vezes com uma dinâmica muito mais próxima e ilustrada para o aluno do que aquela usada na sala de aula.
Falando da desqualificação, ela surge, na verdade, quando o professor “abaixa a cabeça” e aceita tudo o que é imposto. Durante a pandemia, por exemplo, segundo Bengo (2020), professores da rede pública relatam dificuldades no ensino remoto, além de que muitos tiveram que comprar computadores para poder ministrar suas aulas, ir à escola para distribuir cestas básicas, chips de celular. Visitam os alunos com seu próprio meio de locomoção para cobrar as tarefas e o porquê de não estarem assistindo as aulas. Deixaram de ter uma vida privada, passando o número de celular para todos os alunos, para que tenham uma melhor comunicação, mas que ao mesmo tempo acabam sendo chamados durante a noite, sábado e domingo. Ou seja, se submeteram a condições precárias, exageradas para comprimirem o mínimo necessário aos seus alunos, com seus poucos recursos, quando seria o Estado que deveria prover tanto aos alunos, quanto aos professores as melhores condições para o ensino.
 Não sei se seria uma ilusão, que durante este tempo de isolamento os pais pudessem ver com outros olhos a importância do professor. Curry (2020) ressalta que o ensino doméstico é muito difícil para os pais, pois eles precisam lidar com suas tarefas diárias e na maioria dos casos, não possuem formação para tal. Com isso, víamos vídeos de pais enlouquecidos, tentando ensinar seus filhos ou apenas tentando fazer com que prestassem atenção no que o professor estava dando virtualmente.
Finalmente, e não menos importante, o fator psicológico, a saúde mental comprometida, como já disse, o stress, a insegurança, a baixa autoestima dos professores, que alimentam a própria autodesvalorização. 
Referencias 
BENGO, C. Depressão, esgotamento e desvalorização: professores da rede pública relatam dificuldades do ensino remoto. Humanista. Porto Alegre, 2020. Disponível em: https://www.ufrgs.br/humanista/2020/12/08/depressao-esgotamento-e-desvalorizacao-professores-da-rede-publica-relatam-dificuldades-no-ensino-remoto/. Acessado em: 04 mai. 2021 
COSTA, A. C., RODRIGUES, R. S. Imprescindíveis e silenciados: desvalorização dos professores e destituição da participação nas decisões políticas. Revista USP, v. 127, p. 41-52. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.i127p41-52. Acessado em: 04 mai. 2021.
OLIVEIRA, ML. (org). (Im)pertinências da educação: o trabalho educativo em pesquisa [online]. São Paulo: Editora Cultura Acadêmica/ Ed UNESP; 2009. 193p. Disponível em: http://books.scielo.org/id/vtzmp/pdf/oliveira-9788579830228-07.pdf Acessado em: 04 mai. 2021.
CURY, C. R. J. Educação escolar e pandemia. Pedagogia em Ação, v. 13, n. 1. Belo Horizonte, 2020.
NOVA ESCOLA Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/2790/por-que-a-docencia-nao-atrai. Acesso em: Acessado em: 04 mai. 2021.
RACHID, L. Brasil é o país que mais desvaloriza o professor. Ensino superior. São Paulo, 2018. Disponível em: https://revistaensinosuperior.com.br/brasil-desvaloriza-professor/. Acessado em: Acessado em: 04 mai. 2021.
SANTOS, W. A. Uma reflexão necessária sobre a profissão docente no Brasil, a partir dos cinco tipos de desvalorização do professor. Supere Aude, Belo Horizonte, v.6, n.11, p.349-358, 2015.
A HISTÓRICA DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR
 
E SUAS DIMENSÕES 
 
SANTOS, Renata Araujo
 
 
De vez em quando aparece nas mídias algumas homenagens aos professores 
enaltecendo esses profissionais e essa profissão 
como sendo a 
maior das 
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ões, pois 
todos os demais profissionais dependem de professores em 
sua formação. 
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desvalorização do professorno Brasil
 
na desatenção da 
políticas públicas para a educação, nos baixos salários, nas críticas de familiares quanto à 
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de 
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antigamente, hoje em dia, é desprestigiada e está entre as menos escolhidas como carreiras 
para os jovens
.
 
Além do desinte
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acredito que 
para quem já está no 
mercado de trabalho também sabemos que a desvalorização pelo professor/a e as precárias 
condições de trabalho atingem diretamente sua saúde mental (quadros de depressão, 
síndrome do pânico,
 
ansiedade) levando a afastamentos e/ou aposentadorias ou desistências 
da profissão
.
 
 
Costa e Rodrigues (2020) cita
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que a desvalorização 
da docência 
vem de quatro 
dimensões tais como: 
econômica, social, política e consequências para o exercício da 
profiss
ão. Já 
para 
Santos (2015)
 
há 
cinco tipos de desvalorização do trabalho do professor que 
são: econômico, social, psicológico, obsolescência e desqualificação.
 
A HISTÓRICA DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR E SUAS DIMENSÕES 
SANTOS, Renata Araujo 
 
De vez em quando aparece nas mídias algumas homenagens aos professores 
enaltecendo esses profissionais e essa profissão como sendo a maior das profissões, pois 
todos os demais profissionais dependem de professores em sua formação. Por outro lado, 
vemos também constantemente a desvalorização do professor no Brasil na desatenção da 
políticas públicas para a educação, nos baixos salários, nas críticas de familiares quanto à 
precária educação de seus filhos/as, nas matérias jornalísticas depreciando o trabalho de 
professores/as, enfim, pessoas que também foram formadas por professores/as por vários 
anos de escolarização. 
Sabemos da importância dos/as professores/as na formação de todas as outras 
profissões, porém conforme artigo da Revista Nova Escola (2010) a docência é uma profissão 
que não atrai mais os jovens durante a escolha de qual faculdade fazer, pois pesquisas da 
“Fundação Victor Civita (FVC) e da Fundação Carlos Chagas (FCC), apenas 2% dos estudantes 
do terceiro ano apontaram a Pedagogia ou algum tipo de Licenciatura como primeira opção 
de carreira” (p.7). Uma profissão que era tão bem-vista, cheia de vestígios e nomeações 
antigamente, hoje em dia, é desprestigiada e está entre as menos escolhidas como carreiras 
para os jovens. 
Além do desinteresse pela carreira da docência, acredito que para quem já está no 
mercado de trabalho também sabemos que a desvalorização pelo professor/a e as precárias 
condições de trabalho atingem diretamente sua saúde mental (quadros de depressão, 
síndrome do pânico, ansiedade) levando a afastamentos e/ou aposentadorias ou desistências 
da profissão. 
 Costa e Rodrigues (2020) citam que a desvalorização da docência vem de quatro 
dimensões tais como: econômica, social, política e consequências para o exercício da 
profissão. Já para Santos (2015) há cinco tipos de desvalorização do trabalho do professor que 
são: econômico, social, psicológico, obsolescência e desqualificação.

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