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FATORES QUE AFETAM A CAPACIDADE DE ENFRENTAR O ESTRESSE

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FATORES QUE AFETAM A CAPACIDADE DE ENFRENTAR O ESTRESSE 
 
Alguns fatores psicossociais podem afetar o quanto as pessoas conseguem enfrentar 
estressores potenciais. Entre eles, destacam-se a resiliência, o controle pessoal e o 
desamparo aprendido. 
 
Resiliência 
 
Resiliência é um termo "emprestado" da física, que significa a capacidade do indivíduo 
voltar ao seu estado normal, saudável, mesmo após fortes estressores. É a capacidade de 
desenvolver estratégias de enfrentamento apesar de condições adversas, de se recuperar 
quando coisas ruins ocorrem e de prosperar frente ao estresse. Por exemplo, pacientes que 
enfrentam de forma positiva uma doença terminal, ou que superam uma perda importante, 
podem ser consideradas resilientes. 
Controle pessoal 
 
 É a crença de que tomamos nossas próprias decisões e determinamos o que 
fazemos ou o que os outros fazem conosco. As pessoas que possuem forte sensação de 
controle têm mais probabilidade de utilizar formas adaptativas e focalizadas nos problemas para 
lidar com o estresse e de controle psicológico sobre comportamentos relacionados com a saúde. 
 
Desamparo aprendido 
 
Quando se enfrenta estresse de forma incontrolável e repetidamente, o indivíduo 
aprende que, independentemente do que ele faça, não pode controlar o que lhe causou 
estresse. As pessoas que não conseguem repetidamente alcançar um objetivo muitas 
vezes acabam desistindo de tentar. É importante notar ainda que elas também não costumam 
responder em outros ambientes nos quais o sucesso seja mais provável. Quando alguém 
passa a acreditar que os resultados de seu comportamento não dependem do 
comportamento em si, ocorrem significativas consequências motivacionais, emocionais e 
comportamentais. as pessoas que se sentem incapazes não têm comportamentos saudáveis 
ou abandonam esses comportamentos antes que eles consigam exercer um efeito positivo 
sobre sua saúde: um paciente que tentou diversas vezes perder peso, mas não obteve sucesso, 
pode acabar desistindo de tentar emagrecer, pela crença de que é incapaz. 
 
ESTRESSE RELACIONADO COM O TRABALHO 
 
Nos últimos anos, uma grande quantidade de pesquisas examinou as causas e as 
consequências do estresse relacionado com o trabalho. De fato, todas as pessoas já 
 
experimentaram algum tipo de estresse relacionado ao trabalho em algum momento de sua 
vida. No entanto, esse tipo de estresse poderia ser evitado, e existem inúmeras intervenções 
para isso. 
Para a maioria das pessoas, o estresse no trabalho é breve e não representa ameaça 
séria para a saúde. Entretanto, ele pode se tornar crônico, se as dificuldades enfrentadas 
persistirem ao longo dos anos. Uma fonte de estresse ocupacional é a sobrecarga de 
trabalho. As pessoas que trabalham muito e em várias tarefas ao mesmo tempo sentem-
se mais estressadas. Estas também apresentam piores hábitos, experimentam mais acidentes 
e sofrem de mais problemas de saúde do que os outros trabalhadores. 
É importante observar, contudo, que o número total de horas que uma pessoa 
trabalha não pode ser o único indicador de estresse. A sobrecarga de trabalho apresenta um 
componente subjetivo além do componente objetivo. Uma pessoa pode sentir-se muito cansada 
e estressada com seu horário e outra é capaz de lidar facilmente com isso. Como já dissemos, o 
estresse vivenciado depende dos recursos de enfrentamento disponíveis. 
O estresse no trabalho às vezes ocorre quando as pessoas tentam equilibrar vários 
trabalhos diferentes ao mesmo tempo e experimentam a sobrecarga de papéis. Os problemas 
associados a lidar com múltiplos papéis simultâneos são particularmente importantes para 
as mulheres. A sobrecarga de papéis, associada ao fato de lidar com uma carga pesada de 
responsabilidades no trabalho e no lar, reduz o aproveitamento de todas as tarefas e piora o 
humor. 
Algumas pesquisas demonstraram que o trabalho pode ser avaliado como desafiador e 
estimulante tanto para homens quanto para mulheres. No entanto, devido a carga maior de 
responsabilidade da mulher, com as atividades relacionadas ao lar e à família, elas 
experimentam níveis mais elevados de estresse. 
No entanto, as mulheres que mantém um emprego são geralmente mais saudáveis 
do que as desempregadas, uma vez que o trabalho é uma importante fonte de autoestima e 
de satisfação com a vida. 
O mais importante não é o número de papéis que uma mulher ocupa, mas a 
qualidade da sua experiência nesses papéis. Ter controle sobre o próprio trabalho e receber 
ajuda dos outros membros da família ajudam a reduzir a probabilidade de que as demandas de 
papéis múltiplos sejam estressantes. De fato, a diferença de gênero em estresse no trabalho 
já tem diminuído consideravelmente, uma vez que os valores culturais estão se modificando. 
no entanto, ainda há um longo caminho a percorrer, pois a mulher, muitas vezes, ainda é 
vista como a única responsável pelos cuidados da casa e dos filhos. 
 
SÍNDROME DE BURNOUT 
 
A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, foi definida como 
o estado de exaustão física e psicológica relacionada com o trabalho. Sua principal característica 
é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, 
emocionais e psicológicas desgastantes. 
O sintoma típico da síndrome de burnout é a sensação de esgotamento físico e 
emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, 
isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, falhas 
 
de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima. Dor de cabeça, enxaqueca, 
cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, 
distúrbios gastrintestinais são manifestações físicas que podem estar associadas à síndrome. 
De maneira mais específica, o esgotamento é uma síndrome multidimensional 
caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e redução em realizações pessoais. A 
exaustão emocional refere-se a sentimentos de ter seus recursos emocionais esgotados, com a 
correspondente perda de energia e sentimentos de fadiga. A despersonalização refere-se à 
perda de idealismo no local de trabalho, desencadeando atitudes negativas para com 
aqueles que recebem o serviço ou a atenção do empregado. A redução em realizações 
pessoais refere-se à perda de sentimentos de competência e realização no trabalho. 
 A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige 
envolvimento interpessoal direto e intenso. Os empregos que envolvem responsabilidade com 
outras pessoas, em vez de responsabilidade com produtos, parecem causar níveis elevados de 
esgotamento. 
Os trabalhadores da área da saúde parecem ser especialmente suscetíveis a esse 
tipo de estresse no trabalho. Pesquisas mostraram profissionais de saúde que relatam sintomas 
relacionados com o estresse suficientemente sérios, a ponto de serem considerados sinais 
de maior risco de problemas psiquiátricos. 
A síndrome de burnout normalmente se desenvolve durante o período de alguns 
anos, no entanto, alguns sinais de aviso podem aparecer mais cedo. Entre eles, inclui-se: 
sentimentos de exaustão física e mental; perda de significado no próprio trabalho e na vida em 
geral; dificuldade em se concentrar; aumento de doenças relacionadas com o estresse, como 
dores de cabeça, dores nas costas e depressão; e temperamento explosivo. 
É importante observar que essa síndrome não é a consequência inevitável de estar 
empregado em determinadas áreas profissionais. Como nos lembra o modelo biopsicossocial,a suscetibilidade à maioria das condições de saúde – favoráveis ou desfavoráveis – é o produto 
de fatores sobrepostos em todos os domínios da saúde. Por exemplo, os profissionais da área 
de saúde que se deparam com pacientes crônicos que mantêm uma visão esperançosa e 
otimista da vida apresenta menos probabilidade de experimentar esgotamento profissional 
do que os mais pessimistas, ressaltando, assim, a função protetora de certos padrões de 
comportamentos.

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