@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); 4. TRANSTORNOS DE ESCOLARIDADE.4.1 INTRODUÇÃOUma criança pode ter dificuldades para aprender por vários motivos: retardo mental, paralisia cerebral, epilepsia e prejuízos sensoriais podem interferir no processo de aprendizagem. Neste capítulo estaremos estudando a criança cuja dificuldade de aprendizagem não seja resultado direto dessas ou de outras condições incapacitantes ou privações. Ao contrário, estas crianças apresentam prejuízos em algum aspecto do desenvolvimento visuoperceptivo e da linguagem, que interferem na aprendizagem.4.2 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE TRANSTORNOS DA APRENDIZAGEM.A primeira definição de que se tem relato é a proposta por Kirk, apresentada em 1963, afirmando que:\u201c... uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um retardamento, transtorno, ou desenvolvimento lento em um ou mais processos da fala, linguagem, leitura, escrita, aritmética ou outras áreas escolares, resultantes de um \u2018handicap\u2019 causado por uma possível disfunção cerebral e/ou alteração emocional ou condutual. Não é o resultado de retardamento mental, de privação sensorial ou fatores culturais e instrucionais\u201d.Em 1977, o National Advisory Committee on Handicapped Children(NACHC), criado pelo Bureau of Education for the Handicapped dentro da U. S.Office of Education (USOE) publicou a seguinte definição:\u201c\u2026 as crianças com dificuldades de aprendizagem especiais (específicas) manifestam um transtorno em um ou mais processos psicológicos básicos na compreensão ou no uso da linguagem falada ou escrita. Estes podem manifestar-se em transtornos da audição, do pensamento, da fala, da leitura, da escrita, da silabação ou da aritmética. Incluem condições que foram referidas como \u2018handicaps\u2019 perceptivos, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia, afasia do desenvolvimento, etc. Não incluem problemas de aprendizagem devido primariamente a \u2018handicaps\u2019 visuais, auditivos ou motores, ao retardamento mental, alteração emocional ou à desvantagem ambiental.\u201dPorém atualmente essas definições possuem apenas valor histórico, pois nos EUA a definição de grande consenso foi apresentada pelo Nacional Joint Committee on Learning Disabilities no ano de 1988. Esta definição expressa a essência do que podemos entender como dificuldade de aprendizagem sob os vários aspectos, educativos, social e outros, sendo ele:\u201cDificuldade de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, da fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínseco são individuo, supondo-se que são devidos à disfunção do Sistema Nervoso Central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de autorregularão, percepção social e interação social, mas não constituem, por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes(por exemplo, deficiência sensorial, retardo mental, transtornos emocionais graves), ou com influencias extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente), não são o resultado dessas condições ou influências.\u201dA Organização Mundial de Saúde, na Classificação Internacional de Doenças \u2013 CID-10 (OMS, 1992), denomina-os de Transtornos Específicos do Desenvolvimento das Habilidades Escolares \u2013 F81, e os coloca no bloco dos Transtornos do Desenvolvimento Psicológico \u2013 F80.A Associação Psiquiátrica Americana, no seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APA, 1995), apresenta definições também descritivas, no sentido de que não propõem causas nem teorias na base destas definições. A definição destes transtornos - conforme o DSM-IV (1994) - é:\u201c... um funcionamento acadêmico substancialmente abaixo do esperado, tendo em vista a idade cronológica, medidas de inteligência e educação apropriadas para a idade. Essas inabilidades não se devem a transtornos físicos ou neurológicos demonstráveis ou a um transtorno global do desenvolvimento, ou a um retardo mental. Atualmente acredita-se que estes transtornos têm origem em anormalidades do processo cognitivo, derivadas, em grande parte, de algum tipo de disfunção biológica.\u201d4.3 TRANSTORNOS DA APRENDIZAGEM E SEUS SUBTIPOS.No DSM-IV encontramos que a estes transtornos se incluem transtorno de leitura, transtorno de matemática, transtorno da expressão escrita e transtornos da aprendizagem sem outra especificação (APA, 1995).Outras classificações, baseadas no desempenho acadêmico, como a do Ministério da Educação dos EUA (1977), especifica sete áreas nas quais a criança deve apresentar significativa dificuldade: expressão oral, expressão escrita, compreensão oral, habilidades básicas de leitura, compreensão de leitura, cálculo matemático, e raciocínio matemático.Com o avanço dos estudos, a subdivisão dos transtornos da aprendizagem deve ser implementada, considerando principalmente as bases biológicas destes transtornos.4.3.1 PREVALÊNCIAA prevalência atual deste, segundo a literatura americana, na população escolar, ou seja, de seis a dezessete anos, é de aproximadamente 4 a 5%, contando cerca de 2 milhões de crianças (RUTTER, 1994).Além de que a predominância conforme o sexo tem caído em desuso, pois cada vez mais se sabe que meninas respondem de forma diferente no contexto escolar, além de manifestarem características distintas quando portadoras desses.4.3.2 PROBLEMAS ESCOLARES QUE \u201cSIMULAM\u201d OS TRANSTORNOS DEAPRENDIZAGEMAlgumas crianças que não são portadoras desses podem apresentar dificuldades na aprendizagem escolar como consequência de outros problemas ao longo do desenvolvimento, tais como doenças crônicas, problemas psicossociais, carências globais, dentre outros. Alterações agudas do SNC, como meningite, encefalite e traumatismos crânio encefálicos podem prejudicar o desenvolvimento e acarretar dificuldades na aprendizagem.4.3.3 IDENTIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA E DIAGNÓSTICO DIFERENCIALNa fase escolar o diagnóstico é clínico, descritivo e podem ser realizados testes padronizados (WISC, Bender, testes visuo-perceptivos, etc.), aplicados individualmente, para leitura matemática ou expressão escrita, que devem se apresentar significativamente abaixo do esperado para a idade, escolarização e nível de inteligência (APA, 1995).Além de que considerando uma avaliação psiquiátrica, podemos dividir os transtornos que interferem na aprendizagem nos seguintes grupos:Prejuízos sensoriais: auditivos, visuais, perceptivos;Transtornos relacionados com o atraso do desenvolvimento neuropsicomotor: retardo mental e transtornos abrangentes do desenvolvimento;.Grupo dos comportamentos disruptivos: TDAH e suas variáveis, transtornos de linguagem;Grupo dos transtornos que aparecem num determinado tempo do desenvolvimento em diante: transtornos do humor, de ansiedade, fobia e pânico.4.3.4 ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃOAs estratégias de intervenção devem prever o tratamento (ou reabilitação)dos prejuízos associados, tais como prejuízos cognitivos, de atenção, de percepção e sensoriais, e considerar imaturidade, desmotivação e impulsividade, frequentemente associados aos transtornos de aprendizagem. A participação da família no processo de intervenção é fundamental, tanto dando suporte e apoio no treinamento acadêmico, quanto no estímulo, motivação e continência para as dificuldades emocionais da criança.\ufeff4.3.5 CONCLUSÃOOs transtornos específicos da aprendizagem aparecem em crianças com inteligência dentro dos padrões de normalidade, que falham no processo de aprendizagem, e isto não pode ser atribuído a nenhuma outra condição incapacitante.
Compartilhar