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eBook Completo - Planejamento Urbano e Regional V - O Dimensionamento_DIGITAL PAGES_SER (Versão Digital)


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PLANEJAMENTO 
URBANO E REGIONAL V - 
O DIMENSIONAMENTO
PLANEJAMENTO URBANO E 
REGIONAL V - 
O DIMENSIONAMENTO
Planejam
ento Urbano e Regional V - O Dim
ensionam
ento
Adriel Simões de Mendonça Adriel Simões de Mendonça 
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
A estruturação das cidades brasileiras percorreu um longo caminho permeado por mar-
cos históricos e conceitos que agregam valor aos espaços urbanos que conhecemos. 
Essas características se desdobraram em ferramentas de intervenção no espaço urba-
no, tanto na macro escala da rede urbana, passando pelo recorte da cidade e chegando 
ao bairro, quadra e lote. 
Para ordenar essa narrativa, é importante compreendermos as contribuições históricas 
de cada momento e como elas re� etem nas construções atuais. Entretanto, há marcos, 
como a Revolução Industrial e o modernismo, divisores de águas em diversos contex-
tos, em especial no urbanismo. Por isso, precisamos de um olhar mais atento a esse pe-
ríodo, pois além de suas contribuições, outras colaborações são de extremo valor. 
Além disso, são necessárias as implantações de políticas urbanas que regulamentam 
possíveis intervenções, garantindo a qualidade urbanística para que seus impactos se-
jam trabalhados de modo a contribuir com a vida do cidadão.
Veremos, nesta disciplina, essas e mais outras questões questões, objetivando o enten-
dimento da importância do planejamento urbano.
SER_ARQURB_PLUREV_CAPA.indd 1,3 10/05/2021 16:30:47
© Ser Educacional 2021
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo 
artigo 184 do Código Penal.
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Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Adriel Simões de Mendonça 
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SER_ARQURB_PLUREV_UNID1.indd 2 10/05/2021 14:27:50
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
SER_ARQURB_PLUREV_UNID1.indd 3 10/05/2021 14:27:50
Unidade 1 - A construção do espaço urbano: dimensionamento e intervenção 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12
Dimensionamento urbano: sua origem e articulação na construção da malha urbana ....13
A composição das áreas urbanas ............................................................................... 13
Classificação das cidades por escala ........................................................................ 16
Políticas urbanas e a regulamentação da expansão da cidade ............................ 18
Formas de intervenção no espaço urbano (macroescala) ........................................... 21
Intervenção organizacional do espaço ....................................................................... 22
O Desenho do urbanismo moderno .............................................................................. 25
Estudos dos bairros (microescala) ................................................................................... 27
Configuração espacial dos bairros .............................................................................. 28
Os espaços públicos e as formas sociais do bairro ................................................. 31
Estudo de caso ................................................................................................................. 33
Sintetizando ........................................................................................................................... 37
Referências bibliográficas ................................................................................................. 38
Sumário
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Sumário
Unidade 2 - Novos modelos de cidades
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 42
As novas cidades segundo o modelo português ............................................................................43
Antecedentes .................................................................................................................. 44
Processo de formação das cidades portuguesas ..................................................... 46
A cidade portuguesa ....................................................................................................... 49
As novas cidades segundo o modelo espanhol ..............................................................................50
Antecedentes ................................................................................................................... 51
A composição da rede urbana espanhola .................................................................. 52
Le Corbusier: a cidade ideal ..................................................................................................................54
A busca pelo plano urbano ideal .................................................................................. 56
Os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna .......................................... 58
Planificação urbana de Le Corbusier ........................................................................... 60
Sintetizando ........................................................................................................................... 65
Referências bibliográficas ................................................................................................. 66
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Sumário
Unidade 3 - As malhas urbanas: do movimento moderno à metrópole contemporânea
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 69
Movimento moderno e as metrópoles ................................................................................................70
As funções urbanas ........................................................................................................ 71
As habitações como centro das discussões .............................................................. 74
Brasília: a metrópole moderna ...................................................................................... 76
Origens das diversas malhas urbanas ...............................................................................................80
Antecedentes .................................................................................................................. 81
As cidades medievais e renascentistas ......................................................................82
As cidades industriais ................................................................................................... 87
Exemplos das malhas urbanas .............................................................................................................88
Malhas ortogonais - Barcelona .................................................................................... 89
Malhas modernas - Ville Radieuse e Brasília ............................................................. 91
Sintetizando ........................................................................................................................... 96
Referências bibliográficas ................................................................................................. 97
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Sumário
Unidade 4 - As contribuições do movimento moderno para as cidades contemporâneas
Objetivos da unidade ............................................................................................................ 100
A metrópole moderna corbusiana .....................................................................................................101
Antecedentes ................................................................................................................. 102
O urbanismo de Le Corbusier ...................................................................................... 103
As contribuições pelo mundo ...................................................................................... 107
Bairro planejado e minicidade ...........................................................................................................110
Os bairros planejados ................................................................................................... 111
Minicidade ...................................................................................................................... 112
Estudo de caso .........................................................................................................................................113
Goiânia, uma capital moderna? .................................................................................. 115
O desenho urbano planejado para Goiânia .............................................................. 118
O projeto executado em Goiânia ................................................................................ 121
Sintetizando .......................................................................................................................... 124
Referências bibliográficas................................................................................................... 125
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A estruturação das cidades brasileiras percorreu um longo caminho permea-
do por marcos históricos e conceitos que agregam valor aos espaços urbanos 
que conhecemos. 
Essas características se desdobraram em ferramentas de intervenção no es-
paço urbano, tanto na macro escala da rede urbana, passando pelo recorte da 
cidade e chegando ao bairro, quadra e lote. 
Para ordenar essa narrativa, é importante compreendermos as contribuições 
históricas de cada momento e como elas refl etem nas construções atuais. En-
tretanto, há marcos, como a Revolução Industrial e o modernismo, divisores de 
águas em diversos contextos, em especial no urbanismo. Por isso, precisamos 
de um olhar mais atento a esse período, pois além de suas contribuições, outras 
colaborações são de extremo valor. 
Além disso, são necessárias as implantações de políticas urbanas que regu-
lamentam possíveis intervenções, garantindo a qualidade urbanística para que 
seus impactos sejam trabalhados de modo a contribuir com a vida do cidadão.
Veremos, nesta disciplina, essas e mais outras questões questões, objetivan-
do o entendimento da importância do planejamento urbano.
PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL V - O DIMENSIONAMENTO 9
Apresentação
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Aos meus professores, que abriram as portas para o conhecimento, e aos 
meus alunos, que trilham o caminho da educação ao meu lado. À minha 
família, que é a base da construção do meu ser.
O professor Adriel Simões de Men-
donça é graduado em Arquitetura e 
Urbanismo pela Universidade Estadual 
de Goiás – UEG (2016); é mestre em Ar-
quitetura e Urbanismo pelo Programa 
de Pós-graduação em Arquitetura e 
Urbanismo pela Universidade Federal 
de Uberlândia – UFU (2020); é pós-gra-
duado em Gerenciamento e Qualidade 
da Construção pela DALMASS (2018); é 
pós-graduado em Docência do Ensi-
no Superior pela Faculdade Brasileira 
de Educação e Cultura - FABEC Brasil 
(2018). Atualmente, é professor-assis-
tente de Arquitetura e Urbanismo. 
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5952469363753418
PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL V - O DIMENSIONAMENTO 10
O autor
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A CONSTRUÇÃO DO 
ESPAÇO URBANO: 
DIMENSIONAMENTO E 
INTERVENÇÃO 
1
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Pontuar os preceitos que regem a construção da cidade;
 Compreender o dimensionamento das escalas urbanas nas suas versões 
macro e micro;
 Observar os componentes que formam a malha urbana.
 Dimensionamento urbano: 
sua origem e articulação na 
construção da malha urbana
 A composição das áreas urbanas 
 Classificação das cidades por 
escala 
 Políticas urbanas e a 
regulamentação da expansão da 
cidade
 
 Formas de intervenção no 
espaço urbano (macroescala)
 Intervenção organizacional do 
espaço
 O desenho do urbanismo 
moderno
 Estudos dos bairros 
(microescala)
 Configuração espacial dos 
bairros
 Os espaços públicos e as 
formas sociais do bairro 
 Estudo de caso
PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL V - O DIMENSIONAMENTO 12
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Dimensionamento urbano: sua origem e articulação na 
construção da malha urbana
O espaço urbano se apresenta como o articulador entre as diversas rela-
ções sociais e econômicas no território. Para Rolnik, no livro O que é a cidade, 
publicado em 2004, “A cidade, enquanto local permanente de moradia e tra-
balho, se implanta quando a produção gera um excedente, uma quantidade 
de produção para além das necessidades de consumo imediato” (p. 16).
Corrêa, em O espaço urbano, publicado em 2004, conceitua o espaço urba-
no como um conjunto de usos estabelecidos nas áreas da cidade, como seu 
centro, lugar de concentração das atividades comerciais, de serviços e de ges-
tão, zonas industriais, áreas residenciais diferentes em sua forma e conteúdo 
social, que constituem sua organização espacial.
Segundo Benevolo, em As origens da urbanística moderna, publicado em 
1981, a cidade não nasceu a partir de uma necessidade natural, mas sim de 
necessidades sociais. Assim, o espaço urbano possui diversas formas e di-
mensionamentos, se estruturando a partir desses processos sociais que se 
desdobraram ao longo do tempo. 
Já Corrêa, diz que o espaço urbano é um “produto social, resultado de 
ações acumulado ao longo do tempo e concebido por agentes que produ-
zem e consomem o espaço” (p. 11), sendo eles os proprietários dos meios de 
produção, sobretudo os grandes industriais, os proprietários fundiários, os 
promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos.
A composição das áreas urbanas 
A formação das cidades passou por diversos processos históri-
cos que resultaram na consolidação de um povo no local. Houve 
variações de formas, funções e características que fo-
ram desenvolvidas no meio ambiente. De maneira 
geral, podem ser defi nidas como as evoluções téc-
nicas que os humanos passaram a praticar. 
A fundação da cidade ocorreu em função do 
desenvolvimento de diversos elementos urbanos, 
PLANEJAMENTO URBANO E REGIONALV - O DIMENSIONAMENTO 13
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dentre eles a indústria, o meio cultural, o comércio e até mesmo sua adminis-
tração política. 
Santos, no artigo “Do surgimento da cidade ao processo de de conurba-
ção: elementos teóricos para análise”, publicado em 2014, reforça essa ideia 
e acrescenta:
Assim, as cidades ao longo do tempo se estabeleceram e se de-
senvolveram chegando a formar aglomerados com diferentes 
unidades político-administrativas por meio do processo de co-
nurbação. Este processo surge com a expansão da urbanização 
na Europa no final do século XIX, a partir da formação de gran-
des agrupamentos demográficos constituídos por diferentes 
núcleos urbanos. No Brasil, o fenômeno da conurbação passa 
a ocorrer por volta da década de 1920, em decorrência do cres-
cimento das áreas urbanas e do estabelecimento de um vínculo 
entre cidades unidas fisicamente. 
EXPLICANDO
A conurbação urbana pode ser explicada como um conjunto de cida-
des em regiões de urbanização acentuada, composto por uma ou mais 
grandes cidades, agregando pequenas cidades, vilas e subúrbios que se 
destacam em relação à rede político-administrativa tradicional, requeren-
do um novo método organizacional que melhor lhe atenda em relação aos 
seus problemas. 
Sabendo dessa realidade, focaremos no modelo de cidade da segunda 
década do século XIX. Para isso, no entanto, é preciso voltar no tempo, em 
especial na era da Revolução Industrial, pois foi nessa época que ocorreram 
marcos significativos nas cidades. É a partir da industrialização que surgiram 
novas premissas arquitetônicas, urbanas e de transformação de paisagem, 
principalmente na Europa da Revolução Industrial, tais como redes públicas 
de eletricidade, sistema viário, aumento populacional, dentre outros. 
Nesse período, a Europa se encontrava imersa em transformações e in-
tervenções urbanas para responder a uma vida moderna. Conforme pontua 
Gonsales, em “Cidade moderna sobre cidade tradicional: movimento e expan-
são – parte 2”, publicado em 2005 na Revista Vitruvius:
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O século XIX é conhecido por uma série de projetos de interferên-
cia na cidade que de alguma maneira tentavam lidar com os pro-
blemas da nova cidade industrial. Se os utopistas apresentaram 
propostas de negação da cidade, afastando-se da urbe doente, 
essas intervenções eram apresentadas sob a forma de propostas 
“curativas” que enfrentavam as enfermidades da própria cidade. 
Os Planos de Haussmann, para Paris, e de Cerdà, para Barcelona, 
são dois conhecidos exemplos com abordagens diferenciadas den-
tro do que pode ser chamado de planejamento urbano moderno. 
Haussmann projeta um esquema que abre passo dentro do tecido 
medieval de Paris. Cerdá propõe um traçado que envolve o casco 
antigo de Barcelona, mantendo-o praticamente intacto. Todas es-
sas propostas mencionadas constituem uma ampla gama de tipos 
de intervenções na cidade existente dentro da Modernidade. 
O Plano de Haussmann, de 1853 a 1882, buscou uma expansão mais or-
gânica, com sistema viário, grandes bulevares e articulação das vias, enquan-
to nas metrópoles latinas, via-se uma oposição da sua malha ortogonal ao 
traçado irregular das cidades, em sistemas hipodâmicos, traçados com ruas 
paralelas e perpendiculares a uma grande via, onde seu esquematismo e re-
gularidade eram uma busca à solução para o crescimento demográfico das 
cidades, muitas vezes emergidas quase do zero.
Essas intervenções avançaram pelo século subsequente, ocasionando 
mudanças na maneira de pensar as cidades e atingindo, de modo direto, as 
organizações espaciais, por meio da expansão e de projetos de novas cidades, 
planos e ideias utópicas. Desse modo, inúmeras formas e tipologias urbanas 
idealizadas vão responder às demandas e às novas indagações urbanas, pro-
venientes do intenso aumento populacional, que vão desde a malha orgânica, 
com vias radiais e anelares, até os traçados ortogonais e regulares.
Segundo Pereira, em O cérebro sustentável de um hipotético bairro, publica-
do em 2008, Le Corbusier se aproxima de um ideal de urbanismo moderno ao 
criar uma utopia urbana com a Ville Radieuse, em 1935, com o zoneamento 
de atividades e usos, com fatores determinantes que não são meramente 
sociais, econômicos ou técnicos, mas também de forma e expressão e que se 
traduzem em diferentes propostas idealistas. 
PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL V - O DIMENSIONAMENTO 15
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Castagna e outros autores, em “Métodos ágeis aplicados ao projeto de 
arquitetura”, publicado em 2019, corroboram com a afi rmação de Pereira ao 
explanarem que a cidade de Le Corbusier se confi gura como um plano urbano 
que contribui para uma sociedade melhor a partir da noção de zoneamento, 
na qual estabelecia a divisão da cidade em distintas áreas (residenciais, co-
merciais, negócios e lazer), se aproximando dos ideais da Carta de Atenas, 
que acreditava em quatro funções (habitar, trabalhar, recrear-se e circular) 
como a essência do urbanismo moderno.
Classificação das cidades por escala 
Os tamanhos das cidades são de 
suma importância para compreender 
a dinâmica de cada centro urbano. Há 
uma divergência, todavia, entre os ter-
mos geográfi cos e urbanísticos. Por isso, 
é interessante observar o que os profi s-
sionais das duas áreas acrescentam na 
refl exão de dimensionamento urbano. 
Segundo o IBGE, podemos classifi car as pequenas cidades brasileiras tanto 
quantitativamente como qualitativamente. O instituto defi niu o que são clas-
ses de tamanho:
Foram defi nidas três classes de tamanho, a saber: municípios com me-
nos de 70.000 habitantes; municípios de 70.000 a menos de 500.000 
habitantes e municípios com 500.000 habitantes ou mais. Os municí-
pios com 500.000 ou mais habitantes foram tratados individualmente, 
enquanto os demais foram considerados em seus respectivos estratos 
de tamanho (Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística, 2011, [n.p.]).
Vale ressaltar ainda que há as grandes metrópoles, “termo utilizado para 
descrever grandes cidades que são elementos chave para as atividades socioe-
conômicas regionais e nacionais” (DOBBINS, 2018, s/p)
Já as chamadas Regiões Metropolitanas, são agrupamentos político-admi-
nistrativos que se interligam pela execução de tarefas em comum, como o IBGE 
defi niu em sua sinopse do Censo Demográfi co de 2010, publicado em 2011:
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As regiões metropolitanas constituem um agrupamento de municí-
pios com a finalidade de executar funções públicas que, por sua na-
tureza, exigem a cooperação entre estes municípios para a solução 
de problemas comuns, como os serviços de saneamento básico e de 
transporte coletivo, o que legitima, em termos político-institucionais, 
sua existência, além de permitir uma atuação mais integrada do po-
der público no atendimento às necessidades da população ali residen-
te, identificada com o recorte territorial institucionalizado (p. 25).
De acordo com essa classificação, observa-se a escala de grandeza por meio 
do contingente populacional. Os urbanistas, no entanto, discordam dessa clas-
sificação. Segundo os profissionais, são critérios insuficientes para caracterizar 
as cidades não metropolitanas. 
Sposito (2009), citado por Maia no capítulo “Cidades médias e pequenas do 
Nordeste: conferência de abertura” do livro Cidades médias e pequenas: teorias, 
conceitos e estudos de caso, publicado em 2010, afirma que “a realidade das 
cidades pequenas e médias é extremamente plural para que se continue ado-
tando, no plano teórico-conceitual, esses dois adjetivos” (p. 18). 
Ainda em referência a Sposito, Maia propõe que pensemos expressões que 
abranjammelhor a realidade de cada cidade analisada por meio de denomina-
ções que traduzam as características de modo mais detalhado: “Será que essas 
duas expressões são boas para designar um tipo, um padrão, um conjunto de 
cidades que desempenham vários e diferentes papéis numa divisão de traba-
lho que se estabelece?” (p. 18). 
Por fim, a própria autora desdobra ainda mais esse pensamento e exemplifica:
Assim, não se pode deixar de considerar a contagem populacional 
quando se quer pensar sobre o que se denomina de pequenas e mé-
dias cidades, mas o que se afirma é que este dado não traduz a dinâ-
mica do conjunto de cidades estudadas ou mesmo não é sinônimo 
de uma dada realidade. Pois, mesmo que se considere um intervalo 
de número de habitantes, há ainda muita discrepância entre estes 
espaços, em outras palavras, considerando-se o território brasileiro, 
uma cidade com 100 mil habitantes no interior do estado da Bahia 
não é igual a uma cidade com o mesmo contingente populacional no 
estado de São Paulo, por exemplo (pp. 18-19).
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Essa discussão já fora levantada anteriormente por Milton Santos, em Espa-
ço e Sociedade: ensaios, publicado em 1982, que afi rma que “Aceitar um número 
mínimo, como o fi zeram diversos países e também as Nações Unidas, para ca-
racterizar diferentes tipos de cidade no mundo inteiro, é incorrer no perigo de 
uma generalização perigosa” (p. 70). 
Logo, as defi nições do dimensionamento das cidades em larga escala variam 
de acordo com os dados a serem analisados, suas características e contextos. 
Todos os dados são relevantes para análise, porém, não podemos restringir a 
apenas uma metodologia ou a um grupo de características. 
Políticas urbanas e a regulamentação da expansão 
da cidade 
Com o desenvolvimento das cidades, foi necessário estabelecer normas que 
regulamentassem o porte físico delas, já que ele foi infl uenciado por inovações 
sociais e por decisões políticas, refl etindo em suas possibilidades econômicas. 
A Constituição Federal de 1988 contém a apresentação de instrumentos de 
política urbana, bem como, princípios, diretrizes e normas de ordem pública e 
interesse social que regulam o espaço urbano de acordo com sua população. 
Importante ressaltar, no entanto, que a constituição em si não delimita seus 
tamanhos. 
É de suma importância compreendermos alguns conceitos sobre as cidades 
brasileiras, pois suas nomenclaturas podem se misturar e causar confusões. 
De acordo com o artigo 18º, título III e capítulo I da Constituição de 1988, 
“A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil com-
preende a União, o Distrito Federal, os estados e os municípios, todos autôno-
mos nos termos desta Constituição”. 
Um dos principais instrumentos que estabelecem o dimensionamento do 
espaço urbano é o Estatuto das Cidades, regulamentado pela Lei n. 10.257 de 
10 de Julho de 2001. O artigo primeiro afi rma que: 
Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 
da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Esta-
tuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse 
PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL V - O DIMENSIONAMENTO 18
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social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem 
coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como 
do equilíbrio ambiental.
O mesmo documento relata alguns dos instrumentos que desdobram a po-
lítica urbana, conforme demonstrado no Quadro 1. 
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
econômico e social;
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
econômico e social;
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
econômico e social;
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
econômico e social;
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
econômico e social;
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
econômico e social;
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
econômico e social;
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
Para os fi ns desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
V – institutos jurídicos e políticos:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e fi nanceiros:
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do territórioe de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento 
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
QUADRO 1. DESDOBRAMENTOS DA LEI N. 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001
Fonte: BRASIL, 2001, [n.p.]. 
Castagna e outros autores, em “Métodos ágeis aplicados ao projeto de arqui-
tetura”, publicado em 2019, enfatizam que o Estatuto das Cidades determina as 
diretrizes para direcionar o crescimento urbano e o uso e a ocupação do solo, 
abrangendo os diversos agentes da sociedade a favor do desenvolvimento. O 
papel do governo, desse modo, é designar as leis e normas que regularizem o 
uso e a ocupação do solo, e o papel da população é se envolver e participar das 
decisões por meio de audiências públicas que explanam os projetos e planos.
Como observamos, o estatuto reúne uma série de outras documentações 
necessárias para organizar os espaços urbanos. Para projetos arquitetônicos e 
urbanísticos, na esfera municipal, destacamos: Plano Diretor, Uso e Ocupação 
do Solo, Parcelamento do Solo Urbano, Zoneamento Ambiental, Estudo do Im-
pacto Ambiental (EIA) e Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).
O Plano Diretor é assegurado pelo artigo 182º da Constituição Federal de 
1988. Trata-se de um documento obrigatório para cidades com mais de 20 mil 
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habitantes e pode ser definido como um conjunto de normas que regulamenta 
a ocupação do solo, de modo que as atividades desenvolvidas sejam coaduná-
veis com as peculiaridades do espaço urbano.
No que diz respeito ao zoneamento, uso e ocupação do solo, cada município 
pode definir suas regras. Seu objetivo é delimitar as zonas da cidade, que po-
dem ser residenciais, comerciais, industriais ou mistas. Definem, ainda, a taxa 
de ocupação, o coeficiente de aproveitamento e o gabarito de altura máxima. 
O artigo segundo da Lei n. 6.766 de 1979 define que o “parcelamento do 
solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou desmembramento, ob-
servadas as disposições desta Lei e as das legislações estaduais e municipais 
pertinentes” (BRASIL, 1979). Essas subdivisões para fins urbanos podem ser 
feitas por meio de loteamento, desmembramento, remembramento, reparce-
lamento e desdobro. Para que um parcelamento habitacional seja aprovado, 
é necessário respeitar uma infraestrutura básica, conforme demonstrado no 
Quadro 2. 
Descrição Observação
I - vias de circulação; Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999.
II - escoamento das águas pluviais; Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999.
III - rede para o abastecimento de água potável; e Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999.
IV - soluções para o esgotamento sanitário e para a 
energia elétrica domiciliar.
QUADRO 2. INFRAESTRUTURA BÁSICA DAS ZONAS DE INTERESSE SOCIAL
Na Lei n. 6.938, de 1981, trata do regulamento do zoneamento ambiental. 
Seu objetivo é articular os instrumentos para contribuir com a preservação, re-
cuperação ou até mesmo na melhoria do meio ambiente, assim como o desen-
volvimento socioeconômico, na segurança nacional e na proteção à dignidade 
da vida humana. 
Outro documento de suma importância é o Estudo de Impacto de Vizinhan-
ça (EIV). Na apresentação do quarto volume do EIV, é possível verificar o se-
guinte objetivo:
O Estudo de Impacto de Vizinhança baseia-se no princıṕio da 
distribuição dos ônus e benefıćios da urbanização, funcionando 
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com um instrumento de gestã o complementar ao regramento 
ordiná rio de parcelamento, uso e ocupaçã o do solo, no processo 
de licenciamento urbanıśtico , o EIV possibilita a avaliaçã o pré via 
das consequê ncias da instalaçã o de empreendimentos de grande 
impacto em suas á reas vizinhas, garantindo a possibilidade de mi-
nimizar os impactos indesejados e favorecer impactos positivos 
para coletividade (p. 09).
Esses e outros documentos, leis e regulamentações são necessários 
para organizar o espaço urbano, buscando minimizar impactos 
negativos ao meio ambiente e à sociedade, bem como forne-
cer o desenvolvimento socioeconômico da cidade sem preju-
dicar o cidadão ou o meio em que ele vive. 
Formas de intervenção no espaço urbano (macroescala) 
Partindo do princípio que o espaço urbano se modificou ao longo dos 
anos, o urbanismo foi fundamental para isso, podendo ser considerado a 
principal ferramenta de intervenção do espaço em um momento de gran-
des mudanças sociais devido ao aumento da população e, consequente-
mente, em alterações quanto à forma de apropriação dos espaços. Se-
gundo Silva e Souza, em “Intervenções Urbanas: experiência no espaço/
tempo”, publicado em 2012, pode-se dizer que:
A intervenção urbana é um diálogo com o espaço urbano já que é 
uma intervenção no mesmo, mas normalmente provisória e/ou 
efêmera. Este espaço habitado temporariamente se constrói 
a partir de um mundo não físico que pode ser, em muitos casos, 
um espaço de sonhos, de construção da idealização do espaço 
urbano, do espaço habitado, vivenciado.
Um importante marco nas intervenções urbanísticas foi o movimento 
moderno. Esse movimento não somente buscou um espaço idealizado, como 
também um espaço que correspondesse às necessidades de uma sociedade 
massacrada pela guerra. As várias intervenções feitas nas cidades desse pe-
ríodo, no intuito de resolver os vários problemas urbanos e sociais advindos 
desse novo ideal, buscaram uma racionalização do traçado urbano. 
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Benevolo (1981) deixa tal fato evidente quando observa que era preciso 
a criação de uma nova metodologia urbana, desconsiderando o passado, 
com o objetivo de reverter os prejuízos da cidade industrial, criando diretri-
zes sanitárias, na qual o autor chama de “o precedente direito da moderna 
legislação urbanística” (p. 94).
Intervenção organizacional do espaço
O urbanismo moderno transformou a organização espacial das cidades, 
propondo novos sistemas viários e novos equipamentos para atender todas as 
novas necessidades da sociedade moderna. 
Essas novas confi gurações espaciais refl etem-se na articulação entre o 
novo e o já existente, por meio dos traçados urbanos. Segundo Ximenes, em 
Morfologia Urbana: teorias e suas inter-relações, publicado em 2016, trata-se da 
articulação, que segue um padrão ou não, e da implantação de ruas e avenidas 
que se cruzam, defi nindo os espaços e estabelecendo o arranjo das quadras e 
das construções, em que o trânsito, os espaços livres e verdes e o aproveita-
mento do solo são infl uenciados por tais delimitações, uma vez que os traça-
dos urbanos irão confi gurar caminhos mais extensos ou reduzidos, além de ter 
as ruas e avenidas como demarcação dos quarteirões. 
Minatto, em Morfologia urbana do balneário morro dos conventos (Araran-
guá-SC): elementos estruturadores e conformação urbana, publicado em 2015, 
reforça a contribuição de Ximenes ao dizer que:
Grelha, quadrícula, trama reticular, tabuleiro, plano ortogonal, 
plano em xadrez, e linearidade. Todos estes termos servem para 
designar as linhas retas, sinuosas e cruzadas que remetem a uma 
forma elementar de fazer ruas, largos, praças e edifícios no inte-
rior ou nas bordas desses limites, dando origem aos mais antigos 
traçados urbanos (p. 37).
Ximenes (2016) expõe as tipologias dos traçados urbanos, 
classifi cando-os como:
• Traçado ortogonal: é uma malha urbana caracteri-
zada por quarteirões de tamanhos e equivalência seme-
lhantes, no qual tem um melhor aproveitamento dos lotes 
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no interior deles, e tem majoritariamente os cruzamentos das vias em formato 
de X, sendo bastante empregado nas cidades brasileiras e é considerado como 
uma organização espacial racional. O momento de maior emprego dessa tipo-
logia de traçado foi nas cidades modernistas, onde buscava-se um ordenamen-
to para as cidades, sendo bastante criticado pela inatividade das paisagens e 
pelo fato de dar prioridade para os veículos no lugar dos pedestres, ainda que 
possua muitos cruzamentos, prejudicando o escoamento do tráfego. O traçado 
ortogonal ainda pode ser dividido em:
• Traçado tabuleiro de xadrez: nesse tipo de traçado ortogonal, as 
ruas paralelas se cruzam perpendicularmente, criando quarteirões de 
lados idênticos e gerando uma malha quadriculada, a qual se asseme-
lha ao tabuleiro de xadrez;
• Traçado grelha ou grade: as ruas paralelas se cruzam perpendicu-
larmente, originando quarteirões em formato de retângulo, estabele-
cendo uma malha análoga a uma grelha ou grade;
• Traçado linear: consiste em um traçado no qual há uma rua central 
para onde os lotes se voltam e que se caracteriza pela continuidade 
de vias retas e pelos quarteirões de tamanhos e proporções similares.
Traçado tipo tabuleiro de xadrez Traçado tipo grelha ou grade Traçado tipo linear
Figura 1. Tipos de traçados – Belo Horizonte.
Os traçados urbanos definem a planta da cidade, definem o sistema viário e 
delimitam os espaços estabelecidos. A Figura 2 mostra os tipos de traçados de 
diversas cidades do mundo, apresentando desenhos naturais, espontâneos ou 
planejados, às vezes seguindo um padrão ou algum tipo de ordem.
• Traçado irregular: é aquele que se acomoda ao terreno em que 
é implantado, possuindo quarteirões divergentes em tamanhos 
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e formatos, em que as vias se cruzam e se estabelecem, princi-
palmente, em formato de “T”, e as ruas podem ser sinuosas e es-
treitas. Nas cidades mais antigas da Europa e também nas favelas 
do Brasil, que são formações urbanas não planejadas, é possível 
encontrar esse tipo de traçado. Atualmente, em uma visão am-
biental urbana, é possível discutir algumas características que são 
vantajosas para esse tipo de traçado, como mínima intervenção 
na topografia local, maior facilidade de locomoção de pedestres e 
estímulo às relações de vizinhança. 
• Traçado radioconcêntrico: esse tipo de traçado é estabelecido 
partindo de um centro situado no interior de diversos círculos con-
cêntricos e para onde se direcionam as vias radiais. Esses circuitos 
podem ser constituídos por linhas curvas ou por um conjunto de li-
nhas retas cujos quarteirões e lotes apresentam formato irregular. 
Foi um traçado bastante utilizado nas cidades renascentistas euro-
peias, onde o adro da igreja e a importância política e comercial da 
praça eram reforçados por traçados radioconcêntricos.
Os traçados urbanos definem a planta da cidade, definem o sistema viário e 
delimitam os espaços estabelecidos. A Figura 2 mostra os tipos de traçados de 
diversas cidades do mundo, apresentando desenhos naturais, espontâneos ou 
planejados, às vezes seguindo um padrão ou algum tipo de ordem.
Mississauga
Londres
Roma
Barcelona
Nova Iorque
São Francisco
Copenhagen
Paris
Toronto
Figura 2. Traçados urbanos de diferentes cidades. Fonte: XIMENES, 2016. p. 28.
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O desenho do urbanismo moderno
O novo ideal de desenho urbano moderno buscou criar cidades mais 
racionais e setorizadas, seguindo a funcionalidade de seus edifícios e 
priorizando uma sociedade motorizada. O traçado ortogonal correspon-
de a essas características e foi amplamente difundido pelo mundo. Xime-
nes, em Morfologia Urbana: teorias e suas inter-relações, publicado em 2016, 
destaca que:
A setorização da cidade, a construção de grandes avenidas, 
a separação do pedestre e dos automóveis e a implantação 
de grandes áreas verdes entre as edificações, características 
importantes da Cidade Modernista, eram fortemente contes-
tados por Jane Jacobs, que afirmava que estas ocasionavam 
o esvaziamento urbano, promoviam o isolamento da popula-
ção, aumentavam a insegurança na cidade e terminavam por 
ocasionar a decadência da urbe (p. 90).
Assim, a cidade começou a representar a sua própria população, dei-
xando de lado o seu caráter habitacional, de proteção e abrigo, assumindo 
uma posição de um processo de evolução de seu ideal de progresso e 
modernidade. A cidade passou, então, a ser transformada e a destruir 
seus marcos com o intuito de negar o passado e sua tradicionalidade, mo-
dificando as relações trabalhistas, o cenário das vias urbanas e o cotidiano 
doméstico, conforme pontua Senra, em “A Cidade Moderna: História, Me-
mória e Literatura – Paris, Belo-Horizonte”, publicado em 2011. 
A capital francesa, Paris, é símbolo desse contexto. Serna (2011) de-
monstra isso quando diz que o Plano de Haussmann buscou uma tentati-
va de racionalização do espaço, respondendo preliminarmente 
às suas várias necessidades no início do século XIX, dentre as 
quais se destacam:
• crescimento demográfico;
• pressão econômica;
• especulação do mercado imobiliário;
• medo social;
• doenças.
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Figura 3. A intervenção de Haussmann em Paris: novas ruas (em preto), novos bairros (tracejado quadriculado) e dois 
grandes parques periféricos (tracejado horizontal). Fonte: GONSALES, 2005
É importante destacar que tal empreendimento serviu como modelo de 
cidade para a sociedade ocidental. Dessemodo, a reestruturação de Paris 
inspirou cidades como Buenos Aires, Nova Iorque e, inclusive, Rio de Janeiro, 
conforme pontua Brandão, em “Da cidade moderna às contemporâneas: no-
tas para uma crítica do urbanismo modernista”, publicado em 2014. 
Essa difusão da cidade moderna pelo mundo ganhou força com as ideias 
urbanísticas de Le Corbusier, que defendia extinguir quadras inteiras de 
edificações antigas para reconstruí-las nos moldes dos ideais modernos, 
privilegiando a verticalização drástica das edificações com a construção 
de torres e priorizando o automóvel, que deveria circular por um traçado 
ortogonal e sem obstáculos. No final da década de 1920, Le Corbusier já 
estava consagrado e se tornava um dos fundadores do CIAM (Congressos 
Internacionais da Arquitetura Moderna), idealizado em 1928 na Suíça. Jun-
to a outros arquitetos e urbanistas modernistas, principalmente alemães 
e soviéticos, fizeram uma série de eventos com o intuito de discutir os ru-
mos desse novo contexto dos vários domínios da arquitetura.
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O mais notável e com maior discussão dos encontros foi o IV CIAM, realizado 
em Atenas em 1933. Nele, discutiu-se sobre o urbanismo moderno, traçando 
diretrizes e fórmulas que poderiam ser aplicadas internacionalmente, gerando 
o documento-manifesto que fi cou conhecido como a Carta de Atenas. 
Os princípios desse documento prevaleceram durante todo o urbanismo 
do século XX, dominando as cidades do Ocidente, em especial nos EUA, 
sendo impulsionado pela indústria automobilística e pela difu-
são de rodovias. No Brasil, a construção de sua nova capital, 
Brasília, seguiu boa parte das recomendações da Carta de 
Atenas em seu plano-piloto.
Estudo dos bairros (microescala)
As discussões sobre bairros envolvem, cada vez mais, diversos profis-
sionais e autores, como geógrafos, arquitetos e urbanistas, filósofos e pes-
quisadores da área. 
Para grande parte da população, o bairro é o local onde se localizam 
as habitações, delimitadas por divisões físicas simplórias, denominadas 
como vilas, conjuntos, residenciais, jardins ou até mesmo bairro. 
O bairro é constituído por um espaço físico e social da cidade e possui 
características próprias que configuram o seu próprio espaço e possibili-
tam as funções sociais da população.
Bezerra, no artigo “Como definir o bairro? Uma breve revisão”, publi-
cado em 2011, destaca que muitos desses profissionais e autores mencio-
nam a dificuldade quanto à sua definição. O autor ainda diz que o ato de 
tentar defini-lo pode ser uma atitude petulante devido à complexidade de 
sua estrutura e funcionamento.
Segundo o dicionário on-line Michaelis (2020), um bairro é “Cada uma das 
partes em que se divide uma cidade; Porção de território de uma povoação; 
arraial, povoado; Área urbana onde moram indivíduos de uma mesma classe 
social”. É nesse sentido que Pereira, em O cérebro sustentável de um hipotéti-
co bairro, publicado em 2008, descreve que os habitantes percebem o bairro 
como um lugar expressivo e signifi cativo, muito embora a intensidade dessa 
percepção possa variar de acordo com cada indivíduo. 
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Configuração espacial dos bairros
Podemos entender o bairro como um espaço constituinte da cidade que se 
desenvolve em um determinado tamanho, seguindo uma coerência físico-so-
cial, tornando uma unidade morfológica social e espacial simultaneamente. 
Assim, o bairro é um espaço urbano da cidade constituído por diversos elementos 
espaciais e sociais. Nessa perspectiva, Rossi, citado por Bezerra em “Como defi nir 
o bairro? Uma breve revisão”, publicado em 2011, afi rma que:
[...] a cidade, na sua vastidão e na sua beleza, é uma criação nascida de 
numerosos e diversos momentos de formação; a unidade desses mo-
mentos é a unidade urbana em seu conjunto, a possibilidade de ler a 
cidade com continuidade reside em seu preeminente caráter formal e 
espacial [...] O bairro torna-se, pois, um momento, um setor da forma 
da cidade, intimamente ligado à sua evolução e à sua natureza, cons-
tituído por partes e à sua imagem. Para a morfologia social, o bairro é 
uma unidade morfológica e estrutural; é caracterizado por uma certa 
paisagem urbana, por um certo conteúdo social e por uma função; 
portanto, uma mudança num desses elementos é sufi ciente para al-
terar o limite do bairro (pp. 63-67).
Desse modo, o bairro é um intermediador entre as seguintes escalas básicas 
que constituem a cidade:
• Escala da rua: elemento primordial da paisagem urbana, relacionada às 
moradias;
• Escala de bairro: agrupamento de quarteirões com propriedades comuns, 
estrutura de ruas, quarteirões, praças, áreas verdes etc;
• Escala da cidade: constituída por um conjunto de bairros.
Lamas, também citado por Bezerra (2011), faz uma leitura similar da análise 
das subdivisões da cidade, utilizando-se das dimensões para classifi car as escalas. 
A dimensão setorial, menor escala, é compreendida como a rua, uma pequena 
parte do espaço urbano, com estrutura própria, sendo identifi cados elementos 
morfológicos como edifícios, traçado e vegetação. 
Posteriormente, encontra-se a dimensão urbana, que é o bairro. É nela que de 
fato acontece a área urbana da cidade, composta por um sistema de ruas, praças 
ou formas de escalas inferiores, cujos elementos morfológicos são identifi cados 
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por meio de suas formas, como traçados, praças, quarteirões, monumentos, jar-
dins e áreas verdes. 
Por último, na dimensão territorial, a forma da cidade se estrutura por meio 
da combinação de distintas formas à dimensão urbana, com diferentes bairros e 
elementos urbanos articulados entre si. O sistema de arruamento, os bairros, as 
regiões habitacionais, centrais ou produtivas, que se conjugam entre si e com o su-
porte geográfico, são os elementos primários ou estruturantes que se distribuem 
e definem a forma das cidades. 
A Figura 4 apresenta essas diferentes dimensões da cidade.
Cidade
Habitação
Bairro
Rua
Figura 4. Diferentes escalas urbanas de uma cidade. Fonte: SANTOS, 1988 apud BEZERRA, 2011, p. 26. (Adaptado). 
O bairro é definido pela quantidade de indivíduos e equipamentos em seu 
território, sendo que o número de habitantes, moradias, extensão numérica, 
número de quadras e lotes são critério fundamental para a classificação da 
parcela do espaço urbano. A caracterização do bairro, no entanto, ultrapassa 
os números, pois abarca também questões de ordem político-administrativa 
da sociedade, responsável pelos instrumentos urbanos de ordenamento do es-
paço urbano, como o Plano Diretor. Castagna e outros autores, em “Métodos 
ágeis aplicados ao projeto de arquitetura”, publicado em 2019, reforçam que 
é a partir da divisão administrativa que se estabelece a identificação oficial 
do bairro, tornando-se responsabilidade de um órgão-gestor, ao passo que os 
limites subjetivos abrigam as questões da coletividade e do pertencimento.
EXPLICANDO
O Plano Diretor é um dos instrumentos de política de 
desenvolvimento e expansão urbana, instituído pela 
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O Plano de Desenvolvimento do Bairro é um documento estabelecido em 
uma ação simultânea entre a subprefeitura, conselheiros participativos mu-
nicipais e comunidade, com o intuito de consolidar o planejamento e controle 
social local, além de possibilitar avanços urbanísticos, ambientais, paisagísticos 
e habitacionais por meio de ações, investimentos e intervenções idealizadas 
preliminarmente. Dentre as características apresentadas, pode-se destacar:
• Espaço urbano definido segundo asidentidades comuns quanto a ques-
tões socioeconômicas e culturais certificadas pelos seus habitantes e usuários;
• Infraestrutura de drenagem urbana e de iluminação pública urbana;
• Sistema viário e controle de tráfego local;
• Espaços livres urbanos e áreas verdes de convivência e lazer;
• Segurança pública do seu entorno, em especial nas proximidades dos 
equipamentos educacionais;
• Manejo dos resíduos sólidos, incluindo a coleta seletiva;
• Desenvolvimento de atividades comerciais, criando condições para o co-
mércio de rua;
• Áreas para a implantação das moradias dos indivíduos;
• Sistemas de circulação, como passeios públicos e mobiliário urbano, pro-
porcionando condições necessárias para a circulação de pedestres, ciclistas, 
pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida;
• Oferta e funcionamento de equipamento urbano e social de saúde, educa-
ção, cultura, esporte, lazer e assistência social.
As características apresentadas no plano de desenvolvimento do bairro 
permitem definir as melhorias no espaço e o desenvolvimento urbano, pensa-
do da macroescala para a microescala, 
onde o morador participa das deci-
sões, garantindo uma gestão urbana 
participativa e democrática, além da 
perspectiva local e global, social e téc-
nica. Assim, a configuração espacial do 
Constituição Federal e regulamentado pela Lei Federal n. 
10.257/01, denominada Estatuto das Cidades, que estabe-
lece algumas diretrizes para o plano. 
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bairro direciona a dois eixos no território urbano: o eixo espacial e o eixo so-
cial. É o que expressa Bezerra, em “Como defi nir o bairro? Uma breve revisão”, 
publicado em 2011, ao dizer que:
De um lado temos que à medida que o bairro se constitui na cir-
cunscrição espacial do habitar, da vivência e das múltiplas rela-
ções que o permeiam, ele se projeta como a unidade territorial 
privilegiada para a identifi cação e a avaliação dos processos da 
vida urbana, em que pese o fato da atual dinâmica de reestrutu-
ração urbana (pp. 29-30).
Assim, o bairro assume seu papel de função social a partir da apropriação 
dos moradores, em uma evolução dinâmica diversifi cada de práticas do coti-
diano, nas interações sociais dos habitantes que são caracterizadas no espaço, 
porém essa dinâmica não pode ser entendida de forma isolada, mas sim na 
articulação com os elementos da estrutura social. 
Os espaços públicos e as formas sociais do bairro
O conceito de espaço público tem ganhado força nas discussões sobre a ci-
dade. Matos, em “Espaços públicos e qualidade de vida nas cidades – o caso da 
cidade Porto”, publicado em 2010, afi rma que o problema dos espaços públicos 
é resultado de uma mudança das práticas urbanas e dos usos e estatutos dos 
mais variados espaços das cidades, em que a diferenciação de público/privado, 
exterior/interior e coletivo/individual é readaptada pela desagregação social 
e funcional dos bairros, pelo surgimento de novas centralidades, pelas novas 
práticas sociais, pela produção dos sistemas de transportes rápidos, de novos 
modelos de comunicação, pela licença de diversos tipos de obras e serviços 
público e pelo uso quase geral do carro. 
Esses fatores modifi cam o espaço público, que se adapta às necessidades 
de seus usuários. É importante pontuar, no entanto, que nem todos os espaços 
são majoritariamente públicos, pois há uma gestão privada ou um estatuto 
jurídico que delimita que seu direito de uso é condicionado a regras ou até 
mesmo algum pagamento.
O espaço se transforma, dessa forma, em uma relação de práticas da so-
ciedade e é apresentado como um produto das relações sociais, pois além do 
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homem habitá-lo, ele o produz. Cassab, em “A cidade como espaço público: 
uma interpretação pautada na fala dos jovens”, publicado em 2010, corrobora 
nesse sentido quando diz que:
Apresentado como produto de um processo de relações sociais, 
o espaço torna-se humano não apenas porque o homem o ha-
bita, mas porque o produz – daí seu caráter social, sendo, no 
entanto, um produto desigual e contraditório assim como a so-
ciedade que o produziu com seu trabalho. Produto histórico, o 
espaço é ativo e dinâmico condicionando e sendo condicionado 
pela sociedade (p. 85). 
Isso se deve pelo fato de que o espaço público é aberto e dinâmico, sendo do 
coletivo e não do individual. Isso é fator fundamental para distingui-lo do espaço 
privado. Assim, a função do espaço público se torna universal e as práticas sociais 
se tornam protagonistas do espaço:
O espaço público tem uma função e esta pressupõe um uso, a 
essência do espaço público está na forma como este é utilizado 
pelos atores sociais, ou seja, das práticas que possa acolher, que 
torna possível ou até favorece, podendo a sua forma, favorecer 
ou inibir essas práticas. Este uso já não se faz só em função das 
dimensões objetivas dos indivíduos, isto é, idade, género, habi-
litações, classe social, estilo de vida etc., mas cada vez mais in-
corporam outros aspectos mais subjetivos, como as motivações, 
as aspirações e os valores dos indivíduos. A dimensão simbólica 
ganha mais força, os espaços passam a ser utilizados também 
pela sua imagem, qualidade e conforto (MATOS, 2010, p. 20).
Tal afirmação reforça a função social que o bairro possui, visto que ele se 
torna espaço de encontro e de relações de vizinhança dentro da cidade. Essa 
relação depende da dimensão física do bairro, uma vez que seus habitantes pro-
curam os meios para além da moradia e se envolvem socialmente com o espaço. 
Esse pensamento se apresenta mais como um sinal de pertencimento social do 
que como uma qualidade de vivência espacial, gerando bairros pouco equipados 
de comércios e serviços e de relações sociais mais ou menos limitadas.
A vivência do indivíduo faz com que, para alguns, o bairro seja apenas o 
local de moradia, o lugar no qual as relações sociais se perdem por serem de 
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natureza controlante. Para outras, todavia, ocorre o oposto disso, ou seja, ele 
se torna um espaço que é vivido, de experiências e de trocas sociais. Tal fato se 
torna mais evidente, quando Gonçalves, em “Os bairros urbanos como lugares 
de práticas sociais”, publicado em 1988, afi rma que:
O bairro define-se através do vivido e do agir social, consoli-
dando-se a partir da sua história. O bairro é, pois, polissémico 
e não rigorosamente delimitável. Por outro lado, se a signifi-
cação atribuída ao bairro não é a mesma para todas as pes-
soas, o interesse pelo bairro pode concretizar-se, para uns, 
numa tomada de consciência dos problemas globais e numa 
responsabilidade acrescida, enquanto que para outros pode 
acentuar um comportamento de retraimento e de enquista-
mento, o que reforçará a política daqueles para quem o bairro 
não tem valor em si e não passa de um peão no xadrez que se 
joga a outra escala (p. 30). 
Portanto, a cidade ganha cada vez mais espaço dinâmico com diversas prá-
ticas espaciais e sociais, em que os bairros acomodam diversas tipologias ur-
banas e características próprias associadas à apropriação de empreendedores, 
gestores públicos e a própria população.
Estudo de caso
Para entendermos como o bairro se apresenta como um elemento subjetivo 
da cidade e que possui características específi cas, é importante considerar os se-
guintes critérios:
• Centralidade ou região da cidade;
• Características físicas;
• Classe social;
• Afi nidade, cultura e/ou aspectos religiosos;
• Atividades.
Os autores ainda classifi cam os bairros de acordo com sua localização, sendo 
eles periféricos ou centrais. Os bairros centrais são considerados mais antigos, 
pois marcam o inícioda cidade.
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Para exemplificar essa discussão, vejamos um exemplo com um bairro cha-
mado Campinas, localizado em Goiânia. Tal bairro surgiu em um primeiro mo-
mento como cidade, e teve um papel fundamental na construção da nova capital 
do estado de Goiás. 
Com o desenvolvimento da nova capital, a pequena cidade de Campinas tor-
nou-se um bairro de Goiânia, trazendo consigo a implantação de novos comércios 
varejistas e atacadistas articulados ao abastecimento da capital, o que fez com que 
o bairro fosse perdendo sua arquitetura e traçado originais, além de estimular a es-
peculação imobiliária. Assim, o bairro de Campinas pode ser classificado como um 
bairro central da cidade de Goiânia, conforme pontuam Oliveira, Prado e Godinho, 
em “O bairro de Campinas em Goiânia: reflexões sobre memória, história e identi-
dade”, publicado em 2019. 
O bairro se consolidou por meio de sua singularidade, memória própria e ativi-
dades que o caracterizam. A Avenida 24 de outubro é o local onde acontece toda a 
vida de bairro, fazendo parte do seu traçado tombado. Os autores ainda destacam 
que outros equipamentos urbanos, como a Igreja matriz, o Mercado Municipal e o 
estádio Antônio Accioly, podem não ser considerados patrimônio pelos órgãos que 
os amparam, mas se tornaram importantes pela memória de seus usuários e mora-
dores devido à ligação afetiva com esses agentes da história. Na Figura 5 é possível 
observar a configuração do bairro de Campinas com esses equipamentos urbanos.
Matriz de Campinas
Mercado Municipal Estádio Antônio Aciollv
Figura 5. Mapa da área de Campinas, Goiânia, em 2017 Fonte: OLIVEIRA; PRADO; GODINHO, 2019, p. 03.
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O bairro de Campinas não representa apenas a memória, como é também 
símbolo do progresso da capital moderna, uma vez que seus moradores viram 
a transformação de seu coreto antigo, de 1931, em um modelo mais moderno 
em 1945, que foi demolido posteriormente para dar lugar ao modelo antigo, 
que persiste até os dias atuais (Figura 6).
Figura 6. Coreto atualmente – Praça Joaquim Lúcio Fonte: OLIVEIRA; PRADO; GODINHO, 2019, p. 12.
Para Oliveira, Prado e Godinho (2019), o bairro de Campinas guarda em 
seus moradores, que viveram e conviveram com essa história, o significado de 
vizinhança, amizade, solidariedade e companheirismo, almejando que sejam 
ouvidos, lembrados e vistos pela sociedade. O bairro preserva suas tradições e 
cultura, conforme demonstrado a seguir pelos autores:
Trata-se daquele jeito interiorano de se pedir um “copinho de 
açúcar” para o amigo que mora logo ao lado. Há os que se sen-
tam na porta de suas casas para “ver o movimento”. Há os que 
ainda optam por caminhar pelas calçadas estreitas aos domin-
gos para ir à feira. Há quem não more mais no bairro, mas ainda 
se utiliza dos seus serviços e comércios. Há quem tenha a casa 
da avó para visitar ou os que já tiveram. A semelhança entre to-
dos esses é o sentimento constante de saudade, o desejo de que 
o bairro seja preservado para suas futuras gerações. Mas essa 
preservação não diz respeito ao engessamento das tradições, 
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mas sim ao respeito pela história e pela importância de Campi-
nas (p. 13).
ASSISTA
A série Nossa História daria um Filme é resultado de um 
projeto de extensão da Universidade Federal de Goiás que 
visa registrar a história de Goiânia a partir de seus bairros 
e habitantes. Para saber mais sobre Campinas, o vídeo 
Nossa história daria um filme - Campinas (Parte 1) traz 
relatos, fotos e histórias sobre um dos bairros pioneiros 
de Goiânia.
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Sintetizando
A construção das cidades brasileiras tem origens diferenciadas e suas ca-
racterísticas estão intimamente ligadas ao contexto sociopolítico do país e do 
mundo. A Revolução Industrial foi um desses marcos históricos que desen-
cadearam a sintetização dos preceitos construtivos da época. O movimento 
moderno foi o responsável por organizar uma nova forma de construir.
Os novos preceitos buscavam se desvincular do passado e traçar uma 
cidade mais organizada, retilínea, subdividida por setores com o intuito de 
atender às novas expectativas criadas pelos novos modos de viver que os 
avanços tecnológicos possibilitaram. Dentre esses avanços, podemos citar 
a popularização do automóvel, que foi um ponto definitivo no desenho das 
ruas e avenidas. A escala da cidade, do bairro e do edifício foi modificada para 
atender a um fluxo acelerado que antes não existia.
O traçado urbano passou a ignorar o crescimento orgânico da cidade, 
propondo-se a limpá-la em nome da criação de novos desenhos urbanos. 
Em linhas gerais, eram propostas de vias mais largas e ortogonais. Vimos, 
no entanto, que há formas diferentes de ortogonalidade, trabalhando fluxos 
diferentes, bem como o dimensionamento diferenciado das quadras.
Sob a luz dessas novas formas de construir, novas políticas urbanas se 
fizeram necessárias para organizar o espaço urbano. A legislação foi se atua-
lizando ao longo do tempo, se adaptando às vivências contemporâneas dos 
cidadãos da cidade, assim como o meio ambiente.
Em relação à esfera do bairro, os espaços públicos formam a microescala, 
ou seja, além das formas de ocupação e leis vigentes, devemos observar a 
história do local, seus usuários e as formas de ocupação do bairro. Além do 
espaço físico, a vivência subjetiva de cada usuário também é responsável pela 
formação do local.
Logo, o dimensionamento urbano é escalonável e pode ser analisado em 
diversas esferas e em escalas diferentes. Para compreender a articulação da 
construção, é de sua importância se atentar às legislações, pois elas são res-
ponsáveis por garantir a qualidade e a configuração espacial. Entretanto, é 
importante se atentar a quem consome esses espaços, pois a cidade é com-
posta por pessoas e elas não podem ser ignoradas. 
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