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1 NAÇÃO JEJE-IJEXÁ APOSTILA PARA INICIANTES SAUDAÇÕES – DIAS DA SEMANA – COR DOS ORIXÁS – FRENTES - CHAMADA – LIMPEZA – OCUPAÇÃO – OBRIGAÇOES 2 NÃO PODE USAR NENHUM PRODUTO QUE TENHA CÔCO/CAPIM LIMÃO NA CABEÇA E NO CORPO 3 SAUDAÇÕES AOS ORIXÁS Bara- Alupô Ogum- Ogunhê Oyá- Eparrey Xangô - Kaô Kabecilê Ode/Otim – Okebambo E Aymorô Obá - Exó Ossanha- Ewê ewê OU Ewasá Xapanã - Abawo Oxum - Ora Yê Yê o Yemanjá- Omiô OU Omiodô Oxalá – Epaô OU Epaô Baba 4 ORIXÁS E OS DIAS DA SEMANA Segunda-feira – Bara (Adague, Lodê e Lanã), Ossanha, Obá Terça-feira - Xangô e Oyá/Iansã Quarta-feira – Obá, Xapanã, Oxalá Novo Quinta-feira – Ogum Sexta-feira – Yemanjá, Bará Agelu, Odé/Otim Sábado – Oxum Domingo – Oxalá Velho 5 CORES USADA PARA OS ORIXÁS Bará – Vermelho Ogum (Onira, Avagan)- Vermelho e verde Ogum Adiolá – Verde e Azul claro Oyá/Iansã – Vermelho e Branco Xangô – Branco e Vermelho Odé/Otim – Azulão e Rosa ou laranja para Otim Obá – Todos os tons de Rosa Ossanha – Verde e Amarelo Xapanã Jubeteí – Lilás Xapanã Belujá – Roxo Xapanã Zapatá – Vermelho e Preto Oxum Ibeji – Amarelo claro Oxum Pandá – Amarelo Ovo Oxum Demum – Amarelo queimado Oxum Docô – Dourado Yemanjá (Boci/Bomi) – Azul Bebê Yemanjá Nanã – Lilás Oxalá Novo – Branco Oxalá Velho – Branco e Preto 6 CONTA ORIXÁS Bara- 7 Ogum- 7 Oyá- 7 Xangô – 6/12 Ode/Otim – 7 Obá - 7 Ossanha- 7 Xapanã - 7 Oxum - 8 Yemanjá- 8 Oxalá – 8 7 FRENTES Frentes são as comidas que ofertamos aos orixás, deve sempre ser feito com amor, paciência, calma e boa vontade. BARA AGELU Milho cozido na agua 7 Batatas cozidas Apete pequeno BARA ADAGUE/LANÃ Milho torrado 7 batatas assadas Apete médio BARÁ LODÊ Milho torrado (mais torrado que o do adague) 7 Batatas assadas Apete Grande OGUM Pedaço de costela 7 fios assada 8 Laranja de umbigo 1 pacote de Farinha de Mandioca (miân –Mian é a mistura de dendê com a farinha de mandioca) OGUM AVAGÃ Igual do Ogum, apenas a costela um pouco mais assada OYÁ 1 batata doce assada 7 rodelas de batata doce frita Batata doce quanto precise para fazer um coração 1 maça 1 pacote de Pipoca OYA TIMBOÁ Frente igual somente vai a mais a abobora caramelada ou morangos XANGÔ Carne de peito (ponta de peito, gado) Mostarda, em últimos casos couve chinesa Farinha de mandioca para fazer o pirão Molho de tomate Cebola 6/12 bananas 1 maçã 9 ODÉ/OTIM Duas Chuletas de porco 1 pacote de Canjica branca 1 pacote de Canjica Amarela 2 Pirulitos OBÁ 1 pacote de Lentilha 1 Abacaxi cortado em 7 rodelas, não descartar a coroa 7 Cerejas (opcional) OSSANHA 7 Figos Apete de batata em forma de pé, joelho, triângulo Farinha de mandioca torrada misturada com dendê XAPANÃ Feijão preto Amendoim torrado Pipoca 1 pão cacetinho OXUM 1 pacote de canjica amarela 8 quindins Flores, leque para enfeitar (opcional) 10 Mel Obs: Para Oxum Ademum pode ser feito assim ou com farinha de milho, figo e o apete de batata por causa do pai Ossanha (eles não se separam) YEMANJÁ 1 pacote de canjica branca 8 Cocada branca cozida Leque, pente, espelho para enfeitar (opcional) Mel OXALÁ 1 Pacote de canjica branca 8 Merengues 1 Pêra Mel OXALÁ ORUMILÁIA 1 pacote de canjica branca 1 ovo 8 ameixas seca (opcional) 1 uva (opcional) Mel 11 CHAMADA QUARTO DE SANTO BARÁ – ALUPO BARÁ LODE DARE BARA EXU FUNIQUE BARÁ ADAGUE BARÁ AGELU BARÁ LANÃ OGUM – OGUNHÊ OGUM AVAGÃN OGUM ONIRA OGUM ADIOLÁ OGUM OLOBEDE OGUM MILAIÓ OYÁ/IANSÃ – EPARREY OYÁ FUNIQUE OYÁ NIQUE OYÁ BOMI OYÁ BOMIQUE OYÁ TIMBOÁ XANGÔ – KAÔ KABECILÊ XANGÔ DI BEJI 12 XANGÔ AGANJU XANGÔ AGANJU DEÍ XANGÔ TOQUI XANGÔ AGODÔ XANGÔ AGODÔ LUÁ ODÉ/OTIM – OKEBAMBO O SONO DA NOITE E A TRANQUILIDADE DO DIA, A PAZ E ESPÍRITO NUNCA HÁ DE FALTAR OBÁ – EXÓ OBÁ COEMI OBÁ NIQUE OBÁ FALADÊ OBÁ XIRÊ OBÁ OKERE OSSANHA – EU EU/EWASSÁ OSSANHA ARÁ OSSANHA SEREBUÁ OSSANHA INDUÍ OSSANHA MALA DU PÉ OSSANHA EU EU DU PÉ OSSANHA BEREMI XAPANÃ – ABAU 13 XAPANÃ JUBETEI XAPANÃ CAMACHUTRE XAPANÃ ONIORO XAPANÃ OBIBOSU XAPANÃ OBITOLÁ XAPANÃ TAIÓ XAPANÃ SAPATA XAPANÃ BELUJÁ OXUM – ORA YÊYÊO OXUM PANDÁ OXUM PANDÁ MIRÊ OXUM PANDÁ MIEMI OXUM DUDU OXUM ICARÉ OXUM DI BEJIS OXUM DEMUM OXUM DOCÔ YEMANJÁ – OMIÔ YEMANJÁ BOCI YEMANJÁ BOMI YEMANJÁ OMIOSI YEMANJÁ NANÃ BURUQUÊ YEMANJÁ OMITALA 14 OXALÁ – EPAÔ BABÁ OXALÁ ORUMILÁ OXALÁ ORUMILAIA OXALÁ GRINÃ OXALÁ ONIJÃN OXALÁ BOCUM OXALÁ OLOCUM OXALÁ JOBOCUM OXALÁ BI OXALÁ TALABI OXALÁ DACUN OXALÁ BELERUM 15 LIMPEZA 2 PACOTES DE CANJICA BRANCA 1 PACOTE DE CANJICA AMARELA 9 VELAS BRANCAS 7 VARAS DE MARMELO 1 PACOTE DE PIPOCA 1 PACOTE DE AMENDOIM 1 PACOTE DE FEIJÃO VASSOURA XAPANÃ (ENCONTRA EM ERVANÁRIA) 1 PACOTE DE MILHO 1 GALO VERMELHO 16 OBRIGAÇÕES NA NAÇÃO JEJE-IJEXÁ Obrigações são rituais de ligação com o seu orixá. Todas são consultadas nos búzios e somente é feito quando o orixá da pessoa e o orixá do Babalorixá/Yalorixá aceitam. LAVAÇÃO DA CABEÇA É a primeira obrigação da iniciação. O Babalorixá ou Yalorixá utiliza o Mieró(ervas sagradas maceradas com água pura), enquanto tira-se o Erín, ou seja, a reza do Babalorixá ou Yalorixá. Debruçado sobre uma bacia de ágata, contendo o Mieró, o iniciando tem sua cabeça lavada. Depois seca com uma toalha. A partir de então o iniciado passa a ser "filho-de-santo", devendo respeitar e participar de todas as atividades que ocorrerem no Ylê. OBS: O Mieró deverá ser feito para a lavação de cabeças, de obrigações (Boris,Ocutás, Vasilhas, etc) ou mesmo um banho de descarga. 17 ARIBIBO O Aribibó é a obrigação realizada com um casal de pombos pertencentes ao Orixá. Nesta obrigação não feita nenhum tipo de assentamento, visto que se trata de um reforço ou até mesmo um Axé de saúde. Após seis meses do período de lavagem de cabeça é tempo suficiente para a matéria receber a energia e o procedimento do segundo ritual que é justamente aplicar a primeira parte de energia onde se pode avaliar a confirmação dos Santos do iniciado. BORI O Bori de aves é a obrigação em que o filho-de-santo reafirma sua convicção dentro da religião. É feito como uma preparação para o aprontamento, ou como um "reforço de cabeça", que tem como objetivo melhorar as condições gerais do filho-de- santo. Na obrigação do Bori são consagrados alguns objetos que juntos também se chamam Bori: uma manteigueira de vidro ou porcelana, 01 moeda antiga, alguns Búzios (de acordo com 18 o número de Axé do Orixá) e 01 quartinha(espécie de vaso de barro com tampa). Estes objetos são colocados dentro de uma vasilha, juntamente com as guias e recebem o sangue (Axorô) dos animais sacrificados, vasilha esta que fica no colo do filho que está sendo Borido, enquanto este fica sentado no chão. O Babalorixá ou Yalorixá faz as marcações no corpo do filho da mesma forma que foi feita no Aribibó, com a diferença de serem sacrificados além de pombos, galos ou galinhas, de acordo com o Orixá dono da cabeça do filho-de-santo. Na continuação da obrigação de Bori conservam-se as mesmas etapas do Aribibó, porém no Bori há uma testemunha a quem chamamos de Padrinho ou Madrinha de cabeça,devendo-se total respeito ao Padrinho, que deverá ser alguém com feitura, filho-de-santo pronto, pois é o Padrinho ou Madrinha que deverá ser procurado caso o afilhado necessite de orientação e o Babalorixá ou Yalorixá estiver impossibilitado de auxiliar o filho-de-santo. Terminada as etapas da matança o Borido é auxiliado a trocar de roupa e deita-se no chão mantendo-se o mais próximo de sua obrigação. Os animais sacrificados vão para a cozinha, onde são preparadas as inhélas (partes extremas e vitais das 19 aves, fritas em óleo) que serão servidas aos Orixás e com o restante do corpo das aves serão preparadas às refeições para alimentar o povo que permanecerá no Ylê durante o período de obrigação, ou então serem servidas durante a noite de Batuque. A reclusão do filho de santo que está sendo Borido varia de 03 a 04 dias em média. Durante este período o Borido reduz ao máximo suas atividades e movimentos, permanecendo a maior parte do tempo deitado ao chão. O Bori é considerado a "cérebro" do indivíduo, portanto exige certos cuidados, não deve ser mexida, a quartinha deve estar sempre com água e deve ser reforçado de tempos em tempos com nova obrigação. Cuide do seu Ori, com mesmo carinho e respeito que você cuida do seu orixá ! Respeite quem zela por ele, guarneça e zele por sua obrigação... 20 4 PÉS/PATAS Considerado como apronte de cabeça, principalmente quando junto ao Bori ocorre o assentamento do Orixá de cabeça do filho-de-santo. Ocasião onde se consagra não somente o Bori, mas também os objetos místicos: as ferramentas e o ocutás onde será fixado o Orixá e a guia Delegum, guia com vários fios de contas que variam em número e cor de acordo com o Axé do Orixá. É sacrificado um animal de quatro patas de acordo com o Orixá do indivíduo. A partir desta obrigação, aumentam as responsabilidades do filho-de-santo, assim como seu prestígio junto à sociedade batuqueira. O período de obrigação, em que o filho fica "preso" no Ylê é maior do que no Bori de Aves, variando de 04 até 7 dias ou mais, isto vai depender da situação e das regras dadas pelo Babalorixá ou Yalorixá. AXÉS DE OBÉ E IFÁ (FACA E BÚZIOS) O filho-de-santo é agraciado com os Axés de Obé e Ifá, quando o Babalorixá ou Yalorixá perceber o desenvolvimento, o empenho e o merecimento do filho para com suas 21 Obrigações e o comprometimento com seus Orixás e com os fundamentos da Religião. Significa que o Babalorixá ou Yalorixá tem extrema confiança no filho que irá receber os Axés, tanto em relação aos seus conhecimentos, quanto ao seu caráter e honestidade, pois é através do Ifá que se auxilia quem precisa de orientação e com o Obé realizamos os fetiches para os Orixás. A entrega destes Axés ocorre no Batuque de terminação, geralmente no sábado posterior ao Batuque Grande. Quando for entregue os Axés, os objetos que compõe o jogo de Ifá e as facas deverão ser colocados em uma bandeja enfeitada com flores e folhas e se fará o ritual de entrega. O padrinho ou madrinha segurará uma vela acesa testemunhando a Obrigação. Antes de dar início à entrega dos Axés o Babalorixá ou Yalorixá dirá um pequeno discurso sobre a importância e a utilidade dos Axés que estão sendo entregues perante todos os presentes. A partir de então o filho-de-santo é considerado pronto, isto é tem sua obrigação completa com o assentamento de todos os Orixás e os Axés de Obé e Ifá. Depende agora de seu desenvolvimento e aptidão e, com o consentimento de seu Orixá-de-cabeça e de seu Babalorixá ou Yalorixá poderá ter seu próprio Ylê. 22 SERÃO OU CORTE AOS ORIXÁS A Religião Africanista é em seus fundamentos voltada para o passado, mantém até hoje ensinamentos e preceitos, desde o tempo mais remoto, do negro na África e chegou até nós através dos escravos. Sobreviveu a todos os períodos de opressão e perseguição. Daí a enorme importância da obrigação de corte aos Orixás, pois é a preservação da cultura que ao mesmo tempo em que ofertava certos sacrifícios aos Orixás alimentava seu povo com a carne do sagrado. Depois adiantando na linha do tempo, entramos nas casas comuns e nos terreiros em que os animais andavam soltos no pátio e serviam para a subsistência familiar, ainda não existia as facilidades que hoje são disponíveis nos supermercados. No Serão são imolados animais quadrúpedes (aos quais chamamos vulgarmente de quatro - pés) e de aves. As oferendas feitas aos Orixás são de origem animal assim como vegetal (folhas, plantas, grãos) e mineral: os ocutás, a água, etc. Os animais são ofertados os Orixás com o intuito de fortalecer o axé do Orixá assim como a mente e espírito do filho-de- santo 23 através do axorô (sangue do animal) e das inhélas, certas partes dos animais que serão fritas e arriadas no Quarto-de- santo (cabeça, pés, testículo no caso dos quatro-pés e cabeça, pés, pontas das asas, do pescoço e da sambiqueira, pulmões e testículos das aves). A carne dos animais imolados serão preparados em forma de canja, de amalá, assados, enfarinhados e consumido pelo povo durante o período de obrigação e pelas pessoas que comparecerem ao toque, Batuque. Os couros retirados dos animais, depois de preparados são utilizados na confecção dos tambores, instrumentos tocados durante o Batuque. Nada é desperdiçado, por exemplo, no Ylê, é grande o número de animais imolados, devido ao grande número de filhos que o Ylê tem, quando não é consumida a totalidade de carne e de comida preparada, o restante é doada a entidades carentes nas proximidades do Ylê. 24 A LEVANTAÇÃO DA OBRIGAÇÃO Terminada o período em que a obrigação deve ficar arriada, há a levantação, termo que se refere ao ato de levantar as vasilhas contendo as obrigações de corte que estavam arriadas, limpá- las e guarda-las nas prateleiras dentro do Quarto-de-santo. Mantendo um costume desde o tempo dos escravos, as obrigações são guardadas no Quarto-de-santo e ocultas por cortinas que geralmente tem à sua frente imagens católicas que se referem ao sincretismo religioso, assim como velas, castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos sagrados aos orixás. O BATUQUE O Mercado Faz parte da preparação para o toque a confecção dos mercados que serão distribuídos no final do Batuque. O significado e a explicação desta denominação perdeu-se nos tempos, porém seu significado religioso continua forte. Os mercados são pacotes onde se colocam as comidas-de-santo para serem ofertados ás visitas simbolizando a distribuição e 25 a extensão do axé de prosperidade, fartura e fraternidade a todos os lares e Ylês. O axé obrigatoriamente deve ser dividido entre os que compareceram ao toque, principalmente quando o Ebó é de quatro-pés. Cada Ylê acondiciona o mercado da maneira que lhe convém: em bandejas, em pacotes, em caixas de papelão, etc, porém o que não muda muito é o conteúdo do mercado. O mercado deve conter um pouco de cada comida servida no batuque. No final do toque também são distribuídos, bolos, carnes, frutas. O Babalorixá, muitas vezes presenteia os Babalorixás e Yalorixás que estão de visita com flores do Quarto-de-Santo, para que sejam colocadas em seus Quarto-de-santo, como sinal de agradecimento pelo comparecimento no batuque. Caso ainda sobre alguma comida ou fruta, deve ser doado a pessoas carentes ou instituições de caridade. A MESA DE IBEJI A obrigação da Mesa de Ibedji é feita no Batuque e nas ocasiões em que o Babalorixá ou Yalorixá acharem necessárias. É realizada no início da noite e antecede o Batuque ou no dia anterior. Dela participam crianças de zero a doze anos, além de mulheres grávidas, ou que queiram 26 engravidar. São"tirados" Eríns de Bará, de Xangô e Oxum (que representamos Ibedji) e dos Orixás velhos. A Mesa de Ibedji é riquíssima de detalhes e constitui uma obrigação religiosa com muito axé e beleza. Significa agradar e reverenciar aos orixás das crianças que simbolizam pureza, paz e prosperidade. Uma grande toalha branca é colocada ao chão e nela colocam-se 01 gamela de frutas, 01 gamela contendo Amalá, bolo,doces e refrigerantes. As crianças participam em grupos de 06, 12...(números múltiplos de 06, a "conta" de Xangô), sentam-se ao redor da toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para as crianças: primeiramente canja de galinha, depois o amalá e depois os doces e refrigerante. Após terem comido o que foi servido, são dados ás crianças uma colher de mel e um gole de água. Depois são lavadas e enxugadas as mãos das crianças. Terminadas estas etapas as crianças são levantadas da mesa por pessoas adultas ou por orixás que tenham "chegado" na mesa e conduzidos a formarem uma roda ao som de Eríns de Xangô. São feitas quantas mesas forem necessárias para que todas as crianças presentes participem da Obrigação. Encerrada a Mesa de Ibedji, os Orixás que chegaram durante e a Mesa de Ibedji, recolhem os itens que ainda restam na mesa e levam até o Quarto-de-santo. 27 BALANÇA OU RODA-DE-PRONTOS Chama-se balança ou Cassum em homenagem a Xangô e também por conter o Axé de todos os Orixás em equilíbrio. Há um intervalo na movimentação da roda e os presentes, inclusive os Orixás afastam-se do centro do salão, deixando espaço para a roda da balança. Só há balança quando há ebó de quatro-pés, que é constituída exclusivamente por pessoas prontas na religião, que já tenham feito ao menos Bori de quatro-pés, no mínimo 06 pessoas (conta de Xangô) podendo ser em número múltiplo de 06:12, 18, 24, 32. Caso o número de prontos seja excedente, por ser feito mais de uma balança, aí então se costuma fazer uma balança com pessoas de Orixá de frente e uma balança com o povo de praia. Os participantes colocados lado alado, formando uma roda de mãos dadas, dançam ao ritmo do tambor que vai gradualmente aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número de ocupações ao mesmo tempo, sendo somente de Orixás jovens (Oxum, Iemanjá e Oxalá velhos só podem chegar depois do início dos Eríns de Oxum). Ao terminar a balança os Orixás 28 cumprem o fundamento: Vão ao Quarto-de-santo, depois até aporta da rua para cumprimentar os orixás da rua e depois dançam ao som do Alujá de Xangô e do Alujá de Iansã, Eríns destinados unicamente pelos orixás de frente. Há a crença de que a balança não pode ser aberta, isto é, as pessoas devem permanecer de mãos dadas até que se inicie o alujá, caso a balança arrebente algo de grave pode acontecer com algum dos participantes da balança, podendo até ser a morte. Mas caso haja alguma ameaça de arrebentar a Balança, cabe ao alabê, mudar imediatamente o axé indo direto para a execução do Alujá de Xangô. Por causa desta crença, muitas pessoas esquivam-se de participar da Balança, porém é uma obrigação muito forte onde se confirma que o ebó que está sendo realizado é de quatro-pés, o axé que emana no salão durante a balança é algo muito forte, sentido por todos os presentes. ALUJÁ DE XANGÔ E DE IANSÃ Logo após a Balança, os Orixás que estão no "mundo" dançam o Alujá do Xangô e o Alujá de Iansã, respectivamente, ritmos do tambor, característicos destes Orixás. Os Orixás jovens 29 dançam em frente ao "pagodô" local mais elevado (espécie de palco) onde ficam os alabês. Durante o alujá são contagiantes o Axé e a empolgação com que os Orixás dançam, proporcionando um momento de rara beleza. O AFORIBA OU A DANÇA DO ATÃ O Aforiba é o momento em que Ogum e Iansã demonstram a passagem em que Iansã embebeda Ogum para fugir com Xangô. O Babalorixá ou Yalorixá convida um Ogum e uma Iansã para fazerem o Aforiba, então ela coloca no centro do salão duas garrafas contendo atã (Aforiba) e as armas pertencentes a estes Orixás (espadas). Iansã toma as garrafas e oferece á Ogum que logo se embebeda, mas em seguida Ogum volta a si e vai atrás de Iansã empunhando sua espada. Os dois lutam, mas Iansã consegue acalmar Ogum e os dois reconciliam-se e voltam a dançarem juntos. Tendo um Xangô no mundo poderá vir ele fazer parte do Aforiba. Xangô vem em defesa de Iansã e com seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então, Iansã acalma os dois Orixás. 30 AXÉ DOS PERFUMES Sendo Oxum a deusa da beleza adora perfumes, espelhos, em seus Eríns há um momento especial em que as Oxuns que estão no mundo recebem vidros de perfumes, leques e espelhos. Dançam felizes, empunhando seus leques e espelhos enquanto outras se banham com perfume e distribuem um axé perfumado as pessoas que estão na roda e na assistência. Este axé faz uma referência sobre a "passagem" em que Oxum está no rio banhando-se, num ritual de beleza e encantamento. AXÉ DO ALÁ DE OXALÁ Pertence aos Eríns do Oxalá o Axé do Alá. Em determinado momento, os filhos-de-santo com estatura mais elevada suspendem ao alto um grande Alá branco. Enquanto a roda e os Eríns continuam, todos passam por baixo do Alá pedindo ao Orixá do branco a paz e a proteção. 31 A OCUPAÇÃO DO ORIXÁ No Batuque, assim como em outras religiões afro-brasileiras, aquele filho que é Cavalo-de-Santo, será possuído somente por seu Orixá de cabeça pelo resto de sua vida, quando o filho está possuído, apresenta as características de seu Orixá, perdendo a consciência de seus atos, não sabe o que diz, nem o que o que faz, pois tudo passa a ser obra de seu Orixá. O Orixá novo, não possui o direito de falar, só terá o mesmo quando por decisão do Pai-de-Santo ou solicitação do próprio Orixá, a passar por um ritual fechado, que lhe dará o direito da fala. Em hipótese alguma poderá ser comentada a possessão com o Cavalo-de-Santo, este é um dogma do Batuque, o filho jamais poderá saber que se "ocupa" (termo usado quando o Orixá se manifesta). O Axé de Fala para o Orixá As primeiras manifestações do Orixá são muito rudes, diz-se que o Orixá nasceu ao chegar pela primeira vez ao mundo. 32 O Babalorixá ou Yalorixá começa então a ensinar ao Orixá certos comportamentos e fundamentos necessários para o bom desempenho do Ebó. O Orixá não necessita falar para dar o seu Axé, porém após atingir um certo nível de desenvolvimento o Babalorixá ou Yalorixá concede a permissão da fala para que o Orixá possa auxiliá-lo durante o Batuque nos afazeres que acontecem durante o Ebó, além de auxiliar com os Orixás que são mais novos e que estão em pleno desenvolvimento. É um Axé de muito segredo e fundamento. O Babalorixá ou Yalorixá deve jogar para ver se pode dar a fala e se o Orixá aceita. Deve apresentar o Axé para as testemunhas e dar início à Obrigação, que consiste numa prova para verificar a veracidade da possessão ou não. OS AXÊRES Quando o Orixá deseja subir, é feito um ritual rápido para que ele seja despachado, devendo o Orixá ficar em "axero". O "axero" e o meio termo entre o estado Orixá e o estado 33 consciência humana, neste momento o Orixá começa a fazer com que o filho volte ao seu estado normal, sem comprometer sua consciência, neste período o Cavalo-de-Santo age sob manifestação ainda do Orixá, como criança, falando na linguagem "tatibitate", (neste momento todos os Orixás, inclusive os novos possuem o direito de falar), comendo doces, tomando refrigerantes, fazendo brincadeiras e dando pequenas consultas à fiéis. Não se pode esquecer jamais que nesta fase, ainda existe a presença do Orixá, que está apenas realizando um ritual para que possa subir sem deixar energias com seu filho, portando o respeito deverá ser o mesmo. Passado o período necessárioo axero deita no ombro de algum filho próximo e entra em um sono profundo, ao relaxar o corpo do filho possuído, aquele filho que está fazendo o axero "dormir" deverá bater palmas ou simplesmente, estalar os dedos para que o Cavalo-de-Santo acorde como em um susto, todos disfarçando saem um para cada lado, deixando o Cavalo-de-Santo sozinho. OS ORIXÁS VÃO PARA A GUERRA (QUARESMA) 34 Após a Quarta-Feira de cinzas os orixás entram em um período de recolhimento e guerra no astral. A batalha entre o bem e o mal que dura até o sábado de aleluia, não ligada ao catolicismo, um período em que o mundo entra em luto pela crença católica. Por estar em luto a humanidade fica fragilizada e desprotegida, então se faz nos terreiros à obrigação de mandar os santos para guerra, tapa-se todo quarto de santo com panos, todos os quadros de santo, este permanecendo vazio até o sábado de aleluia em sinal de luto. No sábado de aleluia, entorno dás 10:00 horas da manhã, abre-se o Quarto-de-Santo, o tamboreiro toca os Eríns e os Orixás que foram para a guerra manifestam-se novamente, simbolizando a chegada da guerra. São recepcionados com muita alegria, pois o período de guerra e de luto foi superado. Arriam-se novas oferendas, além de doces e flores em sinal de agradecimento e alegria pela volta dos Orixás, e pelo término do período de luto, cada orixá que chega, volta da guerra, lava- se os pés e suas mãos, para limpar a “sujeira” da guerra. Durante esse período o mundo fica supervisionado pelos Exus coroados e de lei da qual acontece em várias casas de culto "giras" para o povo de rua. Durante o período de Quaresma os 35 filhos prontos e o/a dirigente da casa podem realizar seus axés normalmente, desde que fora do quarto de santo.
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