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1 
 
 
NAÇÃO JEJE-IJEXÁ 
 
 
APOSTILA PARA 
INICIANTES 
 
 
SAUDAÇÕES – DIAS DA SEMANA – COR DOS 
ORIXÁS – FRENTES - CHAMADA – LIMPEZA – 
OCUPAÇÃO – OBRIGAÇOES 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
NÃO PODE USAR NENHUM 
PRODUTO QUE TENHA 
CÔCO/CAPIM LIMÃO NA CABEÇA 
E NO CORPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
SAUDAÇÕES AOS ORIXÁS 
 
 
Bara- Alupô 
Ogum- Ogunhê 
Oyá- Eparrey 
Xangô - Kaô Kabecilê 
Ode/Otim – Okebambo E Aymorô 
Obá - Exó 
Ossanha- Ewê ewê OU Ewasá 
Xapanã - Abawo 
Oxum - Ora Yê Yê o 
Yemanjá- Omiô OU Omiodô 
Oxalá – Epaô OU Epaô Baba 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
ORIXÁS E OS DIAS DA SEMANA 
 
Segunda-feira – Bara (Adague, Lodê e Lanã), Ossanha, Obá 
Terça-feira - Xangô e Oyá/Iansã 
Quarta-feira – Obá, Xapanã, Oxalá Novo 
Quinta-feira – Ogum 
Sexta-feira – Yemanjá, Bará Agelu, Odé/Otim 
Sábado – Oxum 
Domingo – Oxalá Velho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
CORES USADA PARA OS ORIXÁS 
 
Bará – Vermelho 
Ogum (Onira, Avagan)- Vermelho e verde 
Ogum Adiolá – Verde e Azul claro 
Oyá/Iansã – Vermelho e Branco 
Xangô – Branco e Vermelho 
Odé/Otim – Azulão e Rosa ou laranja para Otim 
Obá – Todos os tons de Rosa 
Ossanha – Verde e Amarelo 
Xapanã Jubeteí – Lilás 
Xapanã Belujá – Roxo 
Xapanã Zapatá – Vermelho e Preto 
Oxum Ibeji – Amarelo claro 
Oxum Pandá – Amarelo Ovo 
Oxum Demum – Amarelo queimado 
Oxum Docô – Dourado 
Yemanjá (Boci/Bomi) – Azul Bebê 
Yemanjá Nanã – Lilás 
Oxalá Novo – Branco 
Oxalá Velho – Branco e Preto 
 
 
 
 
6 
 
CONTA ORIXÁS 
 
Bara- 7 
Ogum- 7 
Oyá- 7 
Xangô – 6/12 
Ode/Otim – 7 
Obá - 7 
Ossanha- 7 
Xapanã - 7 
Oxum - 8 
Yemanjá- 8 
Oxalá – 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
FRENTES 
 
Frentes são as comidas que ofertamos aos 
orixás, deve sempre ser feito com amor, 
paciência, calma e boa vontade. 
 
BARA AGELU 
Milho cozido na agua 
7 Batatas cozidas 
Apete pequeno 
BARA ADAGUE/LANÃ 
Milho torrado 
7 batatas assadas 
Apete médio 
BARÁ LODÊ 
Milho torrado (mais torrado que o do adague) 
 7 Batatas assadas 
Apete Grande 
OGUM 
Pedaço de costela 7 fios assada 
 
8 
 
Laranja de umbigo 
1 pacote de Farinha de Mandioca (miân –Mian é a mistura de dendê 
com a farinha de mandioca) 
OGUM AVAGÃ 
Igual do Ogum, apenas a costela um pouco mais assada 
OYÁ 
1 batata doce assada 
7 rodelas de batata doce frita 
Batata doce quanto precise para fazer um coração 
1 maça 
1 pacote de Pipoca 
OYA TIMBOÁ 
Frente igual somente vai a mais a abobora caramelada ou morangos 
 
XANGÔ 
Carne de peito (ponta de peito, gado) 
Mostarda, em últimos casos couve chinesa 
Farinha de mandioca para fazer o pirão 
Molho de tomate 
Cebola 
6/12 bananas 
1 maçã 
 
9 
 
ODÉ/OTIM 
Duas Chuletas de porco 
1 pacote de Canjica branca 
1 pacote de Canjica Amarela 
2 Pirulitos 
OBÁ 
1 pacote de Lentilha 
1 Abacaxi cortado em 7 rodelas, não descartar a coroa 
7 Cerejas (opcional) 
OSSANHA 
7 Figos 
Apete de batata em forma de pé, joelho, triângulo 
Farinha de mandioca torrada misturada com dendê 
XAPANÃ 
Feijão preto 
Amendoim torrado 
Pipoca 
1 pão cacetinho 
OXUM 
1 pacote de canjica amarela 
8 quindins 
Flores, leque para enfeitar (opcional) 
 
10 
 
Mel 
 
Obs: Para Oxum Ademum pode ser feito assim ou com farinha de milho, 
figo e o apete de batata por causa do pai Ossanha (eles não se separam) 
 YEMANJÁ 
1 pacote de canjica branca 
8 Cocada branca cozida 
Leque, pente, espelho para enfeitar (opcional) 
Mel 
OXALÁ 
1 Pacote de canjica branca 
8 Merengues 
1 Pêra 
Mel 
OXALÁ ORUMILÁIA 
1 pacote de canjica branca 
1 ovo 
8 ameixas seca (opcional) 
1 uva (opcional) 
Mel 
 
 
 
11 
 
 
CHAMADA QUARTO DE SANTO 
 
BARÁ – ALUPO 
BARÁ LODE DARE 
BARA EXU FUNIQUE 
BARÁ ADAGUE 
BARÁ AGELU 
BARÁ LANÃ 
 
OGUM – OGUNHÊ 
OGUM AVAGÃN 
OGUM ONIRA 
OGUM ADIOLÁ 
OGUM OLOBEDE 
OGUM MILAIÓ 
 
OYÁ/IANSÃ – EPARREY 
OYÁ FUNIQUE 
OYÁ NIQUE 
OYÁ BOMI 
OYÁ BOMIQUE 
OYÁ TIMBOÁ 
 
XANGÔ – KAÔ KABECILÊ 
XANGÔ DI BEJI 
 
12 
 
XANGÔ AGANJU 
XANGÔ AGANJU DEÍ 
XANGÔ TOQUI 
XANGÔ AGODÔ 
XANGÔ AGODÔ LUÁ 
 
 
ODÉ/OTIM – OKEBAMBO 
O SONO DA NOITE E A TRANQUILIDADE DO DIA, A PAZ E ESPÍRITO NUNCA 
HÁ DE FALTAR 
 
OBÁ – EXÓ 
OBÁ COEMI 
OBÁ NIQUE 
OBÁ FALADÊ 
OBÁ XIRÊ 
OBÁ OKERE 
 
OSSANHA – EU EU/EWASSÁ 
OSSANHA ARÁ 
OSSANHA SEREBUÁ 
OSSANHA INDUÍ 
OSSANHA MALA DU PÉ 
OSSANHA EU EU DU PÉ 
OSSANHA BEREMI 
 
XAPANÃ – ABAU 
 
13 
 
XAPANÃ JUBETEI 
XAPANÃ CAMACHUTRE 
XAPANÃ ONIORO 
XAPANÃ OBIBOSU 
XAPANÃ OBITOLÁ 
XAPANÃ TAIÓ 
XAPANÃ SAPATA 
XAPANÃ BELUJÁ 
 
OXUM – ORA YÊYÊO 
OXUM PANDÁ 
OXUM PANDÁ MIRÊ 
OXUM PANDÁ MIEMI 
OXUM DUDU 
OXUM ICARÉ 
OXUM DI BEJIS 
OXUM DEMUM 
OXUM DOCÔ 
 
YEMANJÁ – OMIÔ 
YEMANJÁ BOCI 
YEMANJÁ BOMI 
YEMANJÁ OMIOSI 
YEMANJÁ NANÃ BURUQUÊ 
YEMANJÁ OMITALA 
 
 
14 
 
OXALÁ – EPAÔ BABÁ 
OXALÁ ORUMILÁ 
OXALÁ ORUMILAIA 
OXALÁ GRINÃ 
OXALÁ ONIJÃN 
OXALÁ BOCUM 
OXALÁ OLOCUM 
OXALÁ JOBOCUM 
OXALÁ BI 
OXALÁ TALABI 
OXALÁ DACUN 
OXALÁ BELERUM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
LIMPEZA 
 
2 PACOTES DE CANJICA BRANCA 
1 PACOTE DE CANJICA AMARELA 
9 VELAS BRANCAS 
7 VARAS DE MARMELO 
1 PACOTE DE PIPOCA 
1 PACOTE DE AMENDOIM 
1 PACOTE DE FEIJÃO 
VASSOURA XAPANÃ (ENCONTRA EM ERVANÁRIA) 
1 PACOTE DE MILHO 
1 GALO VERMELHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
OBRIGAÇÕES NA NAÇÃO JEJE-IJEXÁ 
 
Obrigações são rituais de ligação com o seu orixá. Todas são 
consultadas nos búzios e somente é feito quando o orixá da 
pessoa e o orixá do Babalorixá/Yalorixá aceitam. 
 
LAVAÇÃO DA CABEÇA 
É a primeira obrigação da iniciação. O Babalorixá ou Yalorixá 
utiliza o Mieró(ervas sagradas maceradas com água pura), 
enquanto tira-se o Erín, ou seja, a reza do Babalorixá ou 
Yalorixá. Debruçado sobre uma bacia de ágata, contendo o 
Mieró, o iniciando tem sua cabeça lavada. 
 Depois seca com uma toalha. A partir de então o iniciado 
passa a ser "filho-de-santo", devendo respeitar e participar de 
todas as atividades que ocorrerem no Ylê. 
OBS: O Mieró deverá ser feito para a lavação 
de cabeças, de obrigações (Boris,Ocutás, 
Vasilhas, etc) ou mesmo um banho de 
descarga. 
 
17 
 
 
ARIBIBO 
O Aribibó é a obrigação realizada com um casal de pombos 
pertencentes ao Orixá. 
 Nesta obrigação não feita nenhum tipo de assentamento, visto 
que se trata de um reforço ou até mesmo um Axé de saúde. 
 Após seis meses do período de lavagem de cabeça é tempo 
suficiente para a matéria receber a energia e o procedimento 
do segundo ritual que é justamente aplicar a primeira parte de 
energia onde se pode avaliar a confirmação dos Santos do 
iniciado. 
 
BORI 
O Bori de aves é a obrigação em que o filho-de-santo reafirma 
sua convicção dentro da religião. É feito como uma preparação 
para o aprontamento, ou como um "reforço de cabeça", que 
tem como objetivo melhorar as condições gerais do filho-de-
santo. 
 Na obrigação do Bori são consagrados alguns objetos que 
juntos também se chamam Bori: uma manteigueira de vidro 
ou porcelana, 01 moeda antiga, alguns Búzios (de acordo com 
 
18 
 
o número de Axé do Orixá) e 01 quartinha(espécie de vaso de 
barro com tampa). 
 Estes objetos são colocados dentro de uma vasilha, 
juntamente com as guias e recebem o sangue (Axorô) dos 
animais sacrificados, vasilha esta que fica no colo do filho que 
está sendo Borido, enquanto este fica sentado no chão. O 
Babalorixá ou Yalorixá faz as marcações no corpo do filho da 
mesma forma que foi feita no Aribibó, com a diferença de serem 
sacrificados além de pombos, galos ou galinhas, de acordo com 
o Orixá dono da cabeça do filho-de-santo. 
 Na continuação da obrigação de Bori conservam-se as 
mesmas etapas do Aribibó, porém no Bori há uma testemunha 
a quem chamamos de Padrinho ou Madrinha de cabeça,devendo-se total respeito ao Padrinho, que deverá ser alguém 
com feitura, filho-de-santo pronto, pois é o Padrinho ou 
Madrinha que deverá ser procurado caso o afilhado necessite 
de orientação e o Babalorixá ou Yalorixá estiver impossibilitado 
de auxiliar o filho-de-santo. 
 Terminada as etapas da matança o Borido é auxiliado a trocar 
de roupa e deita-se no chão mantendo-se o mais próximo de 
sua obrigação. Os animais sacrificados vão para a cozinha, 
onde são preparadas as inhélas (partes extremas e vitais das 
 
19 
 
aves, fritas em óleo) que serão servidas aos Orixás e com o 
restante do corpo das aves serão preparadas às refeições para 
alimentar o povo que permanecerá no Ylê durante o período de 
obrigação, ou então serem servidas durante a noite de 
Batuque. A reclusão do filho de santo que está sendo Borido 
varia de 03 a 04 dias em média. Durante este período o Borido 
reduz ao máximo suas atividades e movimentos, 
permanecendo a maior parte do tempo deitado ao chão. 
O Bori é considerado a "cérebro" do indivíduo, portanto exige 
certos cuidados, não deve ser mexida, a quartinha deve estar 
sempre com água e deve ser reforçado de tempos em tempos 
com nova obrigação. 
Cuide do seu Ori, com mesmo carinho e respeito que você 
cuida do seu orixá ! Respeite quem zela por ele, guarneça e zele 
por sua obrigação... 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
4 PÉS/PATAS 
Considerado como apronte de cabeça, principalmente quando 
junto ao Bori ocorre o assentamento do Orixá de cabeça do 
filho-de-santo. 
 Ocasião onde se consagra não somente o Bori, mas também 
os objetos místicos: as ferramentas e o ocutás onde será fixado 
o Orixá e a guia Delegum, guia com vários fios de contas que 
variam em número e cor de acordo com o Axé do Orixá. 
 É sacrificado um animal de quatro patas de acordo com o 
Orixá do indivíduo. A partir desta obrigação, aumentam as 
responsabilidades do filho-de-santo, assim como seu prestígio 
junto à sociedade batuqueira. 
 O período de obrigação, em que o filho fica "preso" no Ylê é 
maior do que no Bori de Aves, variando de 04 até 7 dias ou 
mais, isto vai depender da situação e das regras dadas pelo 
Babalorixá ou Yalorixá. 
 
 
AXÉS DE OBÉ E IFÁ (FACA E BÚZIOS) 
O filho-de-santo é agraciado com os Axés de Obé e Ifá, 
quando o Babalorixá ou Yalorixá perceber o desenvolvimento, 
o empenho e o merecimento do filho para com suas 
 
21 
 
Obrigações e o comprometimento com seus Orixás e com os 
fundamentos da Religião. 
 Significa que o Babalorixá ou Yalorixá tem extrema confiança 
no filho que irá receber os Axés, tanto em relação aos seus 
conhecimentos, quanto ao seu caráter e honestidade, pois é 
através do Ifá que se auxilia quem precisa de orientação e 
com o Obé realizamos os fetiches para os Orixás. 
 A entrega destes Axés ocorre no Batuque de terminação, 
geralmente no sábado posterior ao Batuque Grande. Quando 
for entregue os Axés, os objetos que compõe o jogo de Ifá e as 
facas deverão ser colocados em uma bandeja enfeitada com 
flores e folhas e se fará o ritual de entrega. O padrinho ou 
madrinha segurará uma vela acesa testemunhando a 
Obrigação. Antes de dar início à entrega dos Axés o 
Babalorixá ou Yalorixá dirá um pequeno discurso sobre a 
importância e a utilidade dos Axés que estão sendo entregues 
perante todos os presentes. 
 A partir de então o filho-de-santo é considerado pronto, isto 
é tem sua obrigação completa com o assentamento de todos 
os Orixás e os Axés de Obé e Ifá. Depende agora de seu 
desenvolvimento e aptidão e, com o consentimento de seu 
Orixá-de-cabeça e de seu Babalorixá ou Yalorixá poderá ter 
seu próprio Ylê. 
 
22 
 
 
SERÃO OU CORTE AOS ORIXÁS 
 A Religião Africanista é em seus fundamentos voltada para o 
passado, mantém até hoje ensinamentos e preceitos, desde o 
tempo mais remoto, do negro na África e chegou até nós 
através dos escravos. Sobreviveu a todos os períodos de 
opressão e perseguição. Daí a enorme importância da 
obrigação de corte aos Orixás, pois é a preservação da cultura 
que ao mesmo tempo em que ofertava certos sacrifícios aos 
Orixás alimentava seu povo com a carne do sagrado. Depois 
adiantando na linha do tempo, entramos nas casas comuns e 
nos terreiros em que os animais andavam soltos no pátio e 
serviam para a subsistência familiar, ainda não existia as 
facilidades que hoje são disponíveis nos supermercados. 
 No Serão são imolados animais quadrúpedes (aos quais 
chamamos vulgarmente de quatro - pés) e de aves. As 
oferendas feitas aos Orixás são de origem animal assim como 
vegetal (folhas, plantas, grãos) e mineral: os ocutás, a água, 
etc. 
Os animais são ofertados os Orixás com o intuito de fortalecer 
o axé do Orixá assim como a mente e espírito do filho-de- santo 
 
23 
 
através do axorô (sangue do animal) e das inhélas, certas 
partes dos animais que serão fritas e arriadas no Quarto-de-
santo (cabeça, pés, testículo no caso dos quatro-pés e cabeça, 
pés, pontas das asas, do pescoço e da sambiqueira, pulmões e 
testículos das aves). 
 A carne dos animais imolados serão preparados em forma de 
canja, de amalá, assados, enfarinhados e consumido pelo povo 
durante o período de obrigação e pelas pessoas que 
comparecerem ao toque, Batuque. 
 Os couros retirados dos animais, depois de preparados são 
utilizados na confecção dos tambores, instrumentos tocados 
durante o Batuque. 
 Nada é desperdiçado, por exemplo, no Ylê, é grande o número 
de animais imolados, devido ao grande número de filhos que o 
Ylê tem, quando não é consumida a totalidade de carne e de 
comida preparada, o restante é doada a entidades carentes nas 
proximidades do Ylê. 
 
 
 
 
 
 
24 
 
A LEVANTAÇÃO DA OBRIGAÇÃO 
 
Terminada o período em que a obrigação deve ficar arriada, há 
a levantação, termo que se refere ao ato de levantar as vasilhas 
contendo as obrigações de corte que estavam arriadas, limpá-
las e guarda-las nas prateleiras dentro do Quarto-de-santo. 
Mantendo um costume desde o tempo dos escravos, as 
obrigações são guardadas no Quarto-de-santo e ocultas por 
cortinas que geralmente tem à sua frente imagens católicas 
que se referem ao sincretismo religioso, assim como velas, 
castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos sagrados 
aos orixás. 
 
O BATUQUE 
 
O Mercado 
Faz parte da preparação para o toque a confecção dos 
mercados que serão distribuídos no final do Batuque. O 
significado e a explicação desta denominação perdeu-se nos 
tempos, porém seu significado religioso continua forte. Os 
mercados são pacotes onde se colocam as comidas-de-santo 
para serem ofertados ás visitas simbolizando a distribuição e 
 
25 
 
a extensão do axé de prosperidade, fartura e fraternidade a 
todos os lares e Ylês. O axé obrigatoriamente deve ser dividido 
entre os que compareceram ao toque, principalmente quando 
o Ebó é de quatro-pés. Cada Ylê acondiciona o mercado da 
maneira que lhe convém: em bandejas, em pacotes, em caixas 
de papelão, etc, porém o que não muda muito é o conteúdo do 
mercado. O mercado deve conter um pouco de cada comida 
servida no batuque. No final do toque também são 
distribuídos, bolos, carnes, frutas. O Babalorixá, muitas vezes 
presenteia os Babalorixás e Yalorixás que estão de visita com 
flores do Quarto-de-Santo, para que sejam colocadas em seus 
Quarto-de-santo, como sinal de agradecimento pelo 
comparecimento no batuque. Caso ainda sobre alguma comida 
ou fruta, deve ser doado a pessoas carentes ou instituições de 
caridade. 
 
A MESA DE IBEJI 
 
 A obrigação da Mesa de Ibedji é feita no Batuque e nas 
ocasiões em que o Babalorixá ou Yalorixá acharem 
necessárias. É realizada no início da noite e antecede o 
Batuque ou no dia anterior. Dela participam crianças de zero 
a doze anos, além de mulheres grávidas, ou que queiram 
 
26 
 
engravidar. São"tirados" Eríns de Bará, de Xangô e Oxum (que 
representamos Ibedji) e dos Orixás velhos. A Mesa de Ibedji é 
riquíssima de detalhes e constitui uma obrigação religiosa com 
muito axé e beleza. 
 Significa agradar e reverenciar aos orixás das crianças que 
simbolizam pureza, paz e prosperidade. Uma grande toalha 
branca é colocada ao chão e nela colocam-se 01 gamela de 
frutas, 01 gamela contendo Amalá, bolo,doces e refrigerantes. 
As crianças participam em grupos de 06, 12...(números 
múltiplos de 06, a "conta" de Xangô), sentam-se ao redor da 
toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se 
para as crianças: primeiramente canja de galinha, depois o 
amalá e depois os doces e refrigerante. Após terem comido o 
que foi servido, são dados ás crianças uma colher de mel e um 
gole de água. Depois são lavadas e enxugadas as mãos das 
crianças. Terminadas estas etapas as crianças são levantadas 
da mesa por pessoas adultas ou por orixás que tenham 
"chegado" na mesa e conduzidos a formarem uma roda ao som 
de Eríns de Xangô. São feitas quantas mesas forem 
necessárias para que todas as crianças presentes participem 
da Obrigação. Encerrada a Mesa de Ibedji, os Orixás que 
chegaram durante e a Mesa de Ibedji, recolhem os itens que 
ainda restam na mesa e levam até o Quarto-de-santo. 
 
27 
 
 
 
BALANÇA OU RODA-DE-PRONTOS 
 
 Chama-se balança ou Cassum em homenagem a Xangô e 
também por conter o Axé de todos os Orixás em equilíbrio. Há 
um intervalo na movimentação da roda e os presentes, 
inclusive os Orixás afastam-se do centro do salão, deixando 
espaço para a roda da balança. Só há balança quando há ebó 
de quatro-pés, que é constituída exclusivamente por pessoas 
prontas na religião, que já tenham feito ao menos Bori de 
quatro-pés, no mínimo 06 pessoas (conta de Xangô) podendo 
ser em número múltiplo de 06:12, 18, 24, 32. 
 Caso o número de prontos seja excedente, por ser feito mais 
de uma balança, aí então se costuma fazer uma balança com 
pessoas de Orixá de frente e uma balança com o povo de praia. 
 Os participantes colocados lado alado, formando uma roda de 
mãos dadas, dançam ao ritmo do tambor que vai gradualmente 
aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número 
de ocupações ao mesmo tempo, sendo somente de Orixás 
jovens (Oxum, Iemanjá e Oxalá velhos só podem chegar depois 
do início dos Eríns de Oxum). Ao terminar a balança os Orixás 
 
28 
 
cumprem o fundamento: Vão ao Quarto-de-santo, depois até 
aporta da rua para cumprimentar os orixás da rua e depois 
dançam ao som do Alujá de Xangô e do Alujá de Iansã, Eríns 
destinados unicamente pelos orixás de frente. Há a crença de 
que a balança não pode ser aberta, isto é, as pessoas devem 
permanecer de mãos dadas até que se inicie o alujá, caso a 
balança arrebente algo de grave pode acontecer com algum dos 
participantes da balança, podendo até ser a morte. 
 Mas caso haja alguma ameaça de arrebentar a Balança, cabe 
ao alabê, mudar imediatamente o axé indo direto para a 
execução do Alujá de Xangô. Por causa desta crença, muitas 
pessoas esquivam-se de participar da Balança, porém é uma 
obrigação muito forte onde se confirma que o ebó que está 
sendo realizado é de quatro-pés, o axé que emana no salão 
durante a balança é algo muito forte, sentido por todos os 
presentes. 
 
ALUJÁ DE XANGÔ E DE IANSÃ 
 
 Logo após a Balança, os Orixás que estão no "mundo" dançam 
o Alujá do Xangô e o Alujá de Iansã, respectivamente, ritmos 
do tambor, característicos destes Orixás. Os Orixás jovens 
 
29 
 
dançam em frente ao "pagodô" local mais elevado (espécie de 
palco) onde ficam os alabês. 
 Durante o alujá são contagiantes o Axé e a empolgação com 
que os Orixás dançam, proporcionando um momento de rara 
beleza. 
O AFORIBA OU A DANÇA DO ATÃ 
O Aforiba é o momento em que Ogum e Iansã demonstram a 
passagem em que Iansã embebeda Ogum para fugir com 
Xangô. 
 O Babalorixá ou Yalorixá convida um Ogum e uma Iansã para 
fazerem o Aforiba, então ela coloca no centro do salão duas 
garrafas contendo atã (Aforiba) e as armas pertencentes a estes 
Orixás (espadas). Iansã toma as garrafas e oferece á Ogum que 
logo se embebeda, mas em seguida Ogum volta a si e vai atrás 
de Iansã empunhando sua espada. Os dois lutam, mas Iansã 
consegue acalmar Ogum e os dois reconciliam-se e voltam a 
dançarem juntos. Tendo um Xangô no mundo poderá vir ele 
fazer parte do Aforiba. Xangô vem em defesa de Iansã e com 
seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então, 
Iansã acalma os dois Orixás. 
 
 
30 
 
AXÉ DOS PERFUMES 
 Sendo Oxum a deusa da beleza adora perfumes, espelhos, em 
seus Eríns há um momento especial em que as Oxuns que 
estão no mundo recebem vidros de perfumes, leques e 
espelhos. 
 Dançam felizes, empunhando seus leques e espelhos 
enquanto outras se banham com perfume e distribuem um axé 
perfumado as pessoas que estão na roda e na assistência. Este 
axé faz uma referência sobre a "passagem" em que Oxum está 
no rio banhando-se, num ritual de beleza e encantamento. 
 
AXÉ DO ALÁ DE OXALÁ 
 
 Pertence aos Eríns do Oxalá o Axé do Alá. Em determinado 
momento, os filhos-de-santo com estatura mais elevada 
suspendem ao alto um grande Alá branco. Enquanto a roda e 
os Eríns continuam, todos passam por baixo do Alá pedindo 
ao Orixá do branco a paz e a proteção. 
 
 
 
 
31 
 
 
 A OCUPAÇÃO DO ORIXÁ 
 
No Batuque, assim como em outras religiões afro-brasileiras, 
aquele filho que é Cavalo-de-Santo, será possuído somente por 
seu Orixá de cabeça pelo resto de sua vida, quando o filho está 
possuído, apresenta as características de seu Orixá, perdendo 
a consciência de seus atos, não sabe o que diz, nem o que o 
que faz, pois tudo passa a ser obra de seu Orixá. 
O Orixá novo, não possui o direito de falar, só terá o mesmo 
quando por decisão do Pai-de-Santo ou solicitação do próprio 
Orixá, a passar por um ritual fechado, que lhe dará o direito 
da fala. 
Em hipótese alguma poderá ser comentada a possessão com o 
Cavalo-de-Santo, este é um dogma do Batuque, o filho jamais 
poderá saber que se "ocupa" (termo usado quando o Orixá se 
manifesta). 
O Axé de Fala para o Orixá 
 As primeiras manifestações do Orixá são muito rudes, diz-se 
que o Orixá nasceu ao chegar pela primeira vez ao mundo. 
 
32 
 
 O Babalorixá ou Yalorixá começa então a ensinar ao Orixá 
certos comportamentos e fundamentos necessários para o bom 
desempenho do Ebó. 
 O Orixá não necessita falar para dar o seu Axé, porém após 
atingir um certo nível de desenvolvimento o Babalorixá ou 
Yalorixá concede a permissão da fala para que o Orixá possa 
auxiliá-lo durante o Batuque nos afazeres que acontecem 
durante o Ebó, além de auxiliar com os Orixás que são mais 
novos e que estão em pleno desenvolvimento. É um Axé de 
muito segredo e fundamento. 
 O Babalorixá ou Yalorixá deve jogar para ver se pode dar a fala 
e se o Orixá aceita. 
 Deve apresentar o Axé para as testemunhas e dar início à 
Obrigação, que consiste numa prova para verificar a 
veracidade da possessão ou não. 
 
OS AXÊRES 
 
Quando o Orixá deseja subir, é feito um ritual rápido para que 
ele seja despachado, devendo o Orixá ficar em "axero". O 
"axero" e o meio termo entre o estado Orixá e o estado 
 
33 
 
consciência humana, neste momento o Orixá começa a fazer 
com que o filho volte ao seu estado normal, sem comprometer 
sua consciência, neste período o Cavalo-de-Santo age sob 
manifestação ainda do Orixá, como criança, falando na 
linguagem "tatibitate", (neste momento todos os Orixás, 
inclusive os novos possuem o direito de falar), comendo doces, 
tomando refrigerantes, fazendo brincadeiras e dando pequenas 
consultas à fiéis. 
Não se pode esquecer jamais que nesta fase, ainda existe a 
presença do Orixá, que está apenas realizando um ritual para 
que possa subir sem deixar energias com seu filho, portando o 
respeito deverá ser o mesmo. Passado o período necessárioo 
axero deita no ombro de algum filho próximo e entra em um 
sono profundo, ao relaxar o corpo do filho possuído, aquele 
filho que está fazendo o axero "dormir" deverá bater palmas ou 
simplesmente, estalar os dedos para que o Cavalo-de-Santo 
acorde como em um susto, todos disfarçando saem um para 
cada lado, deixando o Cavalo-de-Santo sozinho. 
 
 
OS ORIXÁS VÃO PARA A GUERRA 
(QUARESMA) 
 
34 
 
 Após a Quarta-Feira de cinzas os orixás entram em um 
período de recolhimento e guerra no astral. A batalha entre o 
bem e o mal que dura até o sábado de aleluia, não ligada ao 
catolicismo, um período em que o mundo entra em luto pela 
crença católica. 
 Por estar em luto a humanidade fica fragilizada e 
desprotegida, então se faz nos terreiros à obrigação de mandar 
os santos para guerra, tapa-se todo quarto de santo com 
panos, todos os quadros de santo, este permanecendo vazio 
até o sábado de aleluia em sinal de luto. 
No sábado de aleluia, entorno dás 10:00 horas da manhã, 
abre-se o Quarto-de-Santo, o tamboreiro toca os Eríns e os 
Orixás que foram para a guerra manifestam-se novamente, 
simbolizando a chegada da guerra. São recepcionados com 
muita alegria, pois o período de guerra e de luto foi superado. 
Arriam-se novas oferendas, além de doces e flores em sinal de 
agradecimento e alegria pela volta dos Orixás, e pelo término 
do período de luto, cada orixá que chega, volta da guerra, lava-
se os pés e suas mãos, para limpar a “sujeira” da guerra. 
Durante esse período o mundo fica supervisionado pelos Exus 
coroados e de lei da qual acontece em várias casas de culto 
"giras" para o povo de rua. Durante o período de Quaresma os 
 
35 
 
filhos prontos e o/a dirigente da casa podem realizar seus axés 
normalmente, desde que fora do quarto de santo.

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